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Ficha Catalográfica
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO
Dados Internacionais de Catalogação NA PUBLICAÇÃO
na Publicação (CIP) (CIP)
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
I59p Instituto Aliança com o Adolescente
I59p Instituto Aliança com o Adolescente
Percepções e sentidos: racismo, sexismo e intolerância religiosa na
Percepções e sentidos: racismo, sexismo e intolerância religiosa na
infância e juventude em Salvador e no Recôncavo Baiano / Jalusa Silva
infância e juventude em Salvador e no Recôncavo Baiano / Jalusa Silva
de Arruda; Natasha Maria Wangen Krahn; Otto Vinicius Agra
de Arruda; Natasha Maria Wangen Krahn; Otto Vinicius Agra
Figueiredo. – 2022.
Figueiredo. – 2022.
96 f. Recurso digital : il.
96 f. Recurso digital : il.
Requisitos do sistema: Adobe Digital Editions
Requisitos do sistema: Adobe Digital Editions
Modo de acesso: World Wide Web
Modo de acesso: World Wide Web
ISBN: 978-65-00-38583-0
ISBN: 978-65-00-38583-0
Relatório - Projeto Àwúre, Organização Internacional do Trabalho,
Relatório - Projeto Àwúre, Organização Internacional do Trabalho,
Ministério Público do Trabalho, UNICEF, Instituto Aliança com o
Ministério Público do Trabalho, UNICEF, Instituto Aliança com o
Adolescente, Bahia, 2022.
Adolescente, Bahia, 2022.
1. Crianças. 2. Adolescentes. 3. Jovens. 4. Racismo. 5. Sexismo.
1. Crianças. 2. Adolescentes. 3. Jovens. 4. Racismo. 5. Sexismo.
6. Liberdade de consciência. 7. Educação sexual. 8. Assédio nas
6. Liberdade de consciência. 7. Educação sexual. 8. Assédio nas
escolas. 9. Violência contra as adolescentes. I. Arruda, Jalusa da Silva.
escolas. 9. Violência contra as adolescentes. I. Arruda, Jalusa da Silva.
II. Krahn, Natasha Maria Wangen. III. Figueiredo, Otto Vinicius Agra. III.
II. Krahn, Natasha Maria Wangen. III. Figueiredo, Otto Vinicius Agra. III.
Título.
Título.
CDD 362.76
CDD 362.76
4
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
BNCC ----------------------------------------- Base Nacional Comum Curricular
CMDCA ------------------------------------- Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente
CNE -------------------------------------------- Conselho Nacional de Educação
CONANDA ------------------------------- Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente
CONEP -------------------------------------- Comissão Nacional de Ética em Pesquisa
CRAS ------------------------------------------ Centro de Referência de Assistência Social
CREAS -------------------------------------- Centro de Referência Especializado de Assistência Social
DEAM ---------------------------------------- Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher
ECA --------------------------------------------- Estatuto da Criança e do Adolescente
FBSP ------------------------------------------ Fórum Brasileiro de Segurança Pública
IBGE ------------------------------------------- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IPEA -------------------------------------------- Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
LDB --------------------------------------------- Lei de Diretrizes e Bases
LGBTQIA+ -------------------------------- Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Travestis,
Queer, Intersexos, Assexuais, demais orientações e identidades de gênero
22 1.4 ENTREVISTADAS
FORMAÇÃO
PROFISSIONAL
68 3.8 COMUNIDADES
QUILOMBOLAS
72 3.9 ÓRGÃOS E
SERVIÇOS DO SISTEMA
DE GARANTIA DE
DIREITOS
83
78
REFERÊNCIAS
4. PALAVRAS FINAIS
95 APÊNDICE B – Comunidades Quilombolas
Certificadas nos Municípios da Pesquisa E RECOMENDAÇÕES
6
APRESENTAÇÃO INSTITUCIONAL
O Projeto Àwúre tem a satisfação de Esperamos que a pesquisa, ora apresenta-
lançar a pesquisa Percepções e sentidos: da, possa contribuir com políticas públi-
racismo, sexismo e intolerância religiosa cas municipais e estaduais que tenham em
na infância e juventude em Salvador e no foco a inclusão, a garantia da dignidade, da
Recôncavo Baiano, fruto de uma imersão proteção integral de crianças e adolescen-
nos nove territórios atendidos, com tes, a participação e o empoderamento. As
ampla escuta de profissionais, lideranças recomendações apresentadas são fruto
comunitárias e de povos originários, de uma escuta ativa e atenta dos diversos
conselheiros tutelares e de direitos e públicos, aliada ao aprofundamento
jovens dos 10 municípios envolvidos. teórico-metodológico e normativo para
uma intervenção que possa criar ciclos de
O trabalho se caracteriza por dirigir um reprodução da vida e equidade.
olhar, desde o seu nascedouro, para a
interseccionalidade estrutural de violações Sobre o Projeto Àwúre: fruto de uma ini-
como o racismo, o sexismo e a intolerância ciativa inovadora do Ministério Público do
religiosa que atingem crianças, adolescentes Trabalho (MPT), do Fundo das Nações
e jovens no território do Recôncavo Unidas para a Infância (Unicef) e da Orga-
Baiano e em Salvador. A pesquisa parte nização Internacional do Trabalho (OIT),
de uma compreensão e contextualização o Àwúre é realizado em seis estados,
histórica do território, focalizando nas incluindo a Bahia, tendo como objetivo pro-
potencialidades locais, realçando os efeitos mover direitos daquelas comunidades em
e impactos negativos provocados por essas situação de maior vulnerabilidade social,
violações de direitos. Infelizmente base por meio de ações que busquem a inclusão
para tantas outras, a exemplo do abandono social e produtiva, e a prevenção da explo-
e evasão escolar (porque não expulsão!), ração das piores formas de trabalho, em
gerando, ou aprofundando, a reprodução especial o trabalho infantil, a exploração
das desigualdades sociais abissais sexual e o trabalho escravo contemporâ-
existentes no nosso país. neo. No recôncavo, o projeto se dedicou a
fortalecer as redes locais e comunitárias de
O rigor metodológico, que alia aspectos proteção e garantia dos direitos de crianças,
quantitativos e qualitativos, é entremeado adolescentes, jovens e mulheres quilom-
por uma narrativa que privilegia atores bolas, tradicionais de terreiros, ribeirinhas
locais e as falas das pessoas participantes, e LGBTQIA+, visando o desenvolvimento de
guardando o sigilo necessário. Mais que estratégias locais de superação do racis-
respostas, a pesquisa levanta uma série de mo, sexismo e intolerância religiosa. Para a
perguntas, começando pela possibilidade pesquisa em questão, foram considerados
de amplificação destas situações em outros 10 municípios do Recôncavo baiano: Ca-
territórios, considerando que estamos choeira, São Félix, Santo Antônio de Jesus,
falando de Salvador, cidade com presença de Nazaré, Muritiba, Salinas da Margarida,
mais negros fora do continente africano, e do Santo Amaro, Maragogipe e Salvador.
Recôncavo Baiano, lugar de grande riqueza
cultural e também com alta concentração
da população preta. Por outro lado, o estudo Uma boa leitura e reflexões que importem
abre inúmeras janelas para outras análises práticas de proteção e cuidado!
e aprofundamentos, que certamente
contribuirão para a geração de novos
conhecimentos revertidos em mudanças
concretas e de práticas que venham a cessar Helena Oliveira
violações de direitos. Chefe do Escritório em Salvador - Unicef
Ilma Oliveira
Diretora técnica do Instituto Aliança
com o Adolescente e Coordenadora Geral
da área de Direitos Humanos
7
Introdução
[…] o meu sonho é ver todo jovem
na faculdade e ocupar o nosso lugar.
Mostrar aos nossos jovens que ele pode
ser um professor, pode ser um doutor,
pode ser um advogado, um juiz,
mas que ele saiba de onde veio
e lute pela nossa causa.
Entrevista, Liderança quilombola
Cachoeira
Foi de Luanda que entendi sua realidade
Olhem pra mim! Sou de Cachoeira
Penso, falo, canto e sou sua liberdade.
Homem! o Animal Que Fala, Mateus Aleluia
8
Introdução
9
Introdução
10
Introdução
11
Introdução
12
1 Considerações
metodológicas
13
1. Considerações metodológicas
14
1. Considerações metodológicas
15
1. Considerações metodológicas
16
1. Considerações metodológicas
17
1. Considerações metodológicas
18
1. Considerações metodológicas
Prefiro não
responder
Fonte: Equipe de pesquisa – Projeto Àwúre.
1.3 RESPONDENTES
Em relação à faixa etária, há equilíbrio
DO QUESTIONÁRIO entre os grupos de 31 a 40 anos e 41 e 50
anos, que somados correspondem a 285
O questionário foi respondido por 416 pessoas ou 68,5% das respondentes.
pessoas, sendo o público participante
composto majoritariamente por GRÁFICO 3: Percentual de respondentes por faixa etária
mulheres. Precisamente 358 pessoas
(86%) se autodeclararam negras, que 3,8% 0,5%
pela classificação do Instituto Brasileiro 11,1%
16,1%
de Geografia e Estatística (IBGE) agrega Menos de 20 anos
pretas e pardas. O segundo grupo de 21 a 30 anos
maior expressão foi o de brancas, que 31 a 40 anos
totalizou 48 participantes. Apenas três
41 a 50 anos
pessoas se declararam indígenas, uma
51 a 60 anos
amarela e seis preferiram não responder
à classificação racial. Mais de 60 anos
34,6% 33,9%
GRÁFICO 1: Percentual de respondentes por sexo
Fonte: Equipe de pesquisa – Projeto Àwúre.
0,2%
79,8%
Em relação à vinculação religiosa, 36,3%
20% se declarou católica; 17,8% evangélicas;
e 16,3% declarou pertencer às religiões
de matriz africana (candomblé ou
umbanda). Interessante destacar que
15,1% das respondentes declararam
não ter religião.
19
1. Considerações metodológicas
De acordo com o último censo demo- dado é coerente com o grupo ao qual foi
gráfico (IBGE, 2010), menos de 0,5% da dirigida a aplicação do questionário, cujas
população brasileira se declara candom- atuações tendem a ter como pré-requisito
blecista ou umbandista. Em relação às formação de nível superior. Respondentes
religiões de matriz africana, a amostra com ensino fundamental e médio somam
da pesquisa tem dados superiores aos apenas 8,9% das respondentes.
referenciais nacionais, o que é significa-
tivo sobre o perfil das respondentes.
GRÁFICO 5: Número de respondentes por escolaridade
Pós-graduação
GRÁFICO 4: Número de respondentes por religião completa 207
Pós-graduação incompleta 37
40 34
Outras
Pós-graduação completa Candomblé
Ens. médio completo
0 50 100 150 200 Umbanda
Pós-graduação incompleta Não
Ens.tem religião
médio incompleto
Outras Candomblé
Prefiro não responder
Ens. superior completo Evangélica
Ens. fundamental
Umbanda Não tem religião incompleto
Espírita
Ens. superior incompleto
Prefiro não responder Evangélica
Fonte: Equipe de pesquisa – Projeto Àwúre.
Espírita Católica
20
1. Considerações metodológicas
Cachoeira
Maragogipe
Muritiba
Nazaré
Salinas da Margarida
Salvador
Santo Amaro
São Félix
0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0% 40,0% 45,0%
Fonte: Equipe de pesquisa – Projeto Àwúre.
Educação 39,4%
Saúde 7,2%
Outras 2,4%
0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0% 40,0% 45,0%
Fonte: Equipe de pesquisa – Projeto Àwúre.
21
1. Considerações metodológicas
Menos de 1 ano
De 1 a 3 anos
6,7% 17,1% De 3 a 5 anos
De 5 a 10 anos
De 10 a 15 anos GRÁFICO 10: Percentual de entrevistadas por raça/cor
15,4%
de 15 a 20 anos
Mais de 20 anos
3,5%
13,9%
15,6%
22,8%
Branca
Fonte: Equipe de pesquisa – Projeto Àwúre.
Parda
Preta
73,7%
1.4 ENTREVISTADAS
22
1. Considerações metodológicas
Cachoeira
Maragogipe
Muritiba
Nazaré
Salinas da Margarida
Salvador
Santo Amaro
São Félix
6
Outras
Religião
11 Evangélica ou protestante
Candomblé
14
Não tem religião
24 Católica
0 10 20 30
Número de entrevistadas
Fonte: Equipe de pesquisa – Projeto Àwúre.
23
1. Considerações metodológicas
24
1. Considerações metodológicas
25
2 Dados
quantitativos
PERCEPÇÃO SOBRE
RACISMO, SEXISMO
E INTOLERÂNCIA
RELIGIOSA
26
2. Dados quantitativos
27
2. Dados quantitativos
28
2. Dados quantitativos
29
2. Dados quantitativos
30
2. Dados quantitativos
31
2. Dados quantitativos
32
2. Dados quantitativos
33
2. Dados quantitativos
34
2. Dados quantitativos
GRÁFICO 15: Percentual de respondentes por alternativa assinalada na questão do questionário: Assinale as
opções que você concorda ou que melhor representam o que você entende sobre INTOLERÂNCIA RELIGIOSA
35
2. Dados quantitativos
36
2. Dados quantitativos
GRÁFICO 16: Número de respondentes que marcaram as assertivas que negam a existência do racismo,
do sexismo e da intolerância religiosa
Racismo
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Fonte: Equipe de pesquisa – Projeto Àwúre.
37
2. Dados quantitativos
38
2. Dados quantitativos
39
2. Dados quantitativos
40
2. Dados quantitativos
41
2. Dados quantitativos
GRÁFICO 17: No desempenho de suas funções você já identificou ou foi informado(a) ou notificado(a) sobre
a ocorrência de RACISMO, SEXISMO ou INTOLERÂNCIA RELIGIOSA contra crianças, adolescentes ou jovens?
42
2. Dados quantitativos
GRÁFICO 18: Você se sente preparado(a) para identificar e atuar (atender ou encaminhar, dependendo de sua função)
nas questões relacionadas ao racismo, sexismo e a intolerância religiosa contra crianças, adolescentes e jovens?
0,7%
39,4%
Sim
Não
Parcialmente
Não sei responder
51,9%
7,9%
43
2. Dados quantitativos
GRÁFICO 19: Você avalia que é necessário ter formação/capacitação sobre os temas racismo,
intolerância religiosa e sexismo para a sua atuação profissional e no desempenho de suas funções?
ATUAÇÃO PROFISSIONAL E NO DESEMPENHO DE SUAS FUNÇÕES?
0,7%
4,1%
Sim
Não
Não sei responder
95,2%
44
3 Dados
Qualitativos
RACISMO, SEXISMO E
INTOLERÂNCIA RELIGIOSA
NOS ESPAÇOS DE
SOCIALIZAÇÃO E PROTEÇÃO
45
3. Dados qualitativos
46
3. Dados qualitativos
47
3. Dados qualitativos
48
3. Dados qualitativos
49
3. Dados qualitativos
50
3. Dados qualitativos
51
3. Dados qualitativos
52
3. Dados qualitativos
53
3. Dados qualitativos
54
3. Dados qualitativos
55
3. Dados qualitativos
56
3. Dados qualitativos
57
3. Dados qualitativos
58
3. Dados qualitativos
Eu, no colégio, uma vez que eu fui Teve uma professora que falou,
de branco, de conta, a professora que me deu o piloto para eu ir
não corrigiu o meu caderno. ao quadro e para eu suspender
Então, eu fiquei com aquilo ali minha cabeça. Eu neguei e ela
na cabeça. Poxa… e no outro tirou um ponto da caderneta,
dia, que eu estava com roupa mas ela falou que não tinha nada
normal, ela corrigiu. Por que no a ver com a minha religião, que
dia anterior ela não corrigiu? Por foi só porque toda vez que um
que eu estava assim? Será que foi aluno rejeitasse a ir à louça ela ou
um ato de racismo? Intolerância adicionava ou tirava um ponto.
religiosa? Ela não gosta? Ah, eu Ela justificou assim.
fiquei muito cabisbaixa, mas
daí em diante eu também não Entrevista, Jovem
liguei mais, porque eu não vou
deixar de ser o que eu sou pelos
outros. Então, eu acho isso muito
desconfortável mesmo. Diversas vezes presenciei e
chegou a mim informações
Entrevista, Jovem sobre casos de racismo, racismo
religioso ou discriminação. Um
dos fatos ocorreu com uma
criança de quatro anos, em uma
Uma aluna compareceu escola de Educação Infantil. A
à escola com a cabeça professora levou a criança ao
raspada e os colegas banheiro e ao perceber que a
“discretamente” se criança tinha uma “umbigueira”,
afastaram dela. elemento do Candomblé, não
mais tocou na criança dizendo
Questionário, Diretor de escola que aquilo era “coisa do diabo”.
Questionário, Professor
59
3. Dados qualitativos
60
3. Dados qualitativos
61
3. Dados qualitativos
62
3. Dados qualitativos
63
3. Dados qualitativos
64
3. Dados qualitativos
Os dados de violência contra a mulher violência sexual são meninas, sendo que
precisam ser refletidos também a mais de 50% têm menos de 14 anos de
partir da proteção integral, pois há idade que, portanto, configura estupro
consenso na literatura especializada de vulnerável (art. 217-A, Código Penal).
que o feminicídio é o resultado final de
um processo de violências praticadas Ainda sobre a modalidade de violência,
contra as mulheres ao longo da vida uma entrevistada mencionou a
(IPEA, 2020). Nesse sentido, prevenir necessidade de capacitar mães de
violências de quaisquer modalidades crianças para que adquiram habilidades
contra as meninas é incidir sobre o para detectar sinais de violência sexual:
contexto mais amplo do fenômeno da
violência contra a mulher.
A gente vai trabalhar por essa
Outro ponto importante diz respeito questão, porque a gente está
à violência sexual, no geral bastante vendo muito abuso sexual. Então,
assim, a gente quer fazer um
citada pelas pessoas entrevistadas
trabalho em cima disso, para
e respondentes como uma das
que a criança e a família - a mãe
modalidades mais graves e de principalmente, já que a maioria
maior incidência contra crianças é filho de mães solteiras -, para
e adolescentes, especialmente que elas entendam e percebam
meninas. Violência sexual foi tema que a mensagem que as crianças
apareceu em todas as entrevistas de passam. Então, mesmo elas [as
conselheiras tutelares: crianças] sendo ameaçadas,
elas conseguem passar uma
mensagem, só que elas não têm
essa percepção.
[Em relação aos casos de violência
sexual] A cada vinte casos de Entrevista,
meninas, chega um de menino. A Coordenadora de CRAS
grande maioria é de meninas.
65
3. Dados qualitativos
66
3. Dados qualitativos
67
3. Dados qualitativos
68
3. Dados qualitativos
69
3. Dados qualitativos
70
3. Dados qualitativos
71
3. Dados qualitativos
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3. Dados qualitativos
Questionário, Professor
Essa questão do conservadorismo
é muito séria das religiões
evangélicas. Eles acham que [...] O que eu vivencio na prática
teria uma cura para pessoa que é é que eles estão o tempo todo
gay, que fala que deus vai curar, criticando até expressões que
que deus vai transformar. Então, a gente usa no nosso cotidiano.
é assim: negam que aquilo é Geralmente, quando tem um
possibilidade porque não aceitam. evangélico, ele sempre reage a
[…] Mas não é só evangélico não, o outras pessoas que são dessas
católico também tem muito forte. religiões de matriz africana.
Entrevista,
Subsecretária de Assistência Social
73
3. Dados qualitativos
74
3. Dados qualitativos
75
3. Dados qualitativos
76
3. Dados qualitativos
77
4 Palavras
finais e
recomendações
Como eu falei, muitas
vezes a criança que está
no ambiente que sofre
esses tipos de práticas
não tem consciência do
que está sendo praticado,
não tem consciência
nem para se defender,
nem para reagir àquela
prática, muitas vezes vem
se submetendo àquilo
de forma silenciosa e vai,
com certeza, provocando
traumas, transtornos
que vão acompanhando o
desenvolvimento
daquela criança.
Entrevista,
Secretária de Assistência Social
78
4. Palavras finais e recomendações
79
4. Palavras finais e recomendações
80
4. Palavras finais e recomendações
81
4. Palavras finais e recomendações
82
REFERÊNCIAS
ABRAMOVAY, Miriam; CASTRO, Mary Garcia; leisestaduais.com.br/ba/lei-ordinaria-n-
SILVA, Lorena Bernadete. Juventude e 13182-2014-bahia-institui-o-estatuto-
sexualidade. Brasília: UNESCO Brasil, 2004. da-igualdade-racial-e-de-combate-a-
intolerancia-religiosa-do-estado-da-
ALMEIDA, Sílvio Luiz de. Racismo bahia-e-da-outras-providencias. Acesso
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Sueli Carneiro; Pólen, 2019. (Coleção
Feminismos Plurais). BAHIA. Decreto nº 20.260, de 02 de março
de 2021. Institui, nos Municípios do Estado
ARRUDA, Jalusa Silva de; KRAHN, Natasha da Bahia, as restrições indicadas, como
Maria W. Juvenile justice and punishment medidas de enfrentamento ao novo
of girls in Brazil: knowledge production coronavírus, causador da COVID-19, e dá
and research perspectives. Oñati Socio- outras providências. Disponível em: http://
Legal Series, v. 10, n. 2, Gipuzkoa, 2020, www.casacivil.ba.gov.br/arquivos/File/
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opo.iisj.net/index.php/osls/article/ em: 02 jun. 2021.
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BECKER, Howard. Métodos de pesquisa em
ARRUDA, Jalusa Silva de. Breve panorama ciências sociais. São Paulo: Hucitec, 1993.
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em Questão. Ano XXIV, n. 49, jan./abr., 2021, Branqueamento e branquitude no Brasil.
p. 355-382. Disponível em: https://www. Psicologia social do racismo: estudos
maxwell.vrac.puc-rio.br/51140/51140.PDF. sobre branquitude e branqueamento.
Acesso em: 02 jun. 2021. In: CARONE, Iray; BENTO, Maria
Aparecida Silva (org.). Psicologia social
ARRUDA, Jalusa Silva de. “Nos versos me do racismo: estudos sobre branquitude
seguro”: uma etnografia documental e branqueamento. 2. ed. Petrópolis, RJ:
da trajetória de meninas na medida Vozes, 2002. p. 25-57.
socioeducativa de internação.
Tese (Doutorado em Ciências Sociais), BRAGA, Júlio. Na gamela do feitiço:
Universidade Federal da Bahia, repressão e resistência nos Candomblés da
Salvador, 2020. Bahia. Salvador: CEAO/EDUFBA, 1995.
BAHIA. Lei nº 13.182, de 6 de junho de 2014. BRASIL. Conselho Nacional dos Direitos
Institui o Estatuto da Igualdade Racial e da Criança e do Adolescente. Resolução
de Combate à Intolerância Religiosa do nº 113, de 19 de abril de 2006. Disponível
Estado da Bahia. Disponível em: https:// em: https://www.legisweb.com.br/
83
REFERÊNCIAS
84
REFERÊNCIAS
85
REFERÊNCIAS
86
REFERÊNCIAS
87
REFERÊNCIAS
88
REFERÊNCIAS
89
REFERÊNCIAS
90
REFERÊNCIAS
91
APÊNDICE A
Entrevistas Realizadas
CATEGORIA OU
ORDEM SEXO COR/RAÇA IDADE RELIGIÃO ESCOLARIDADE
ÁREA
92
APÊNDICE A
CATEGORIA OU
ORDEM SEXO COR/RAÇA IDADE RELIGIÃO ESCOLARIDADE
ÁREA
93
APÊNDICE A
CATEGORIA OU
ORDEM SEXO COR/RAÇA IDADE RELIGIÃO ESCOLARIDADE
ÁREA
94
APÊNDICE B
COMUNIDADES QUILOMBOLAS
CERTIFICADAS NOS MUNICÍPIOS DA PESQUISA
95
APÊNDICE B
96