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RELATÓRIO
vínculo com sua filha, era trazida por diversas vezes para passar o dia em sua
companhia, muito antes da fixação do direito de visitas, nem deu causa à sua
destituição do poder familiar, pois não descumpriu nenhuma das condutas
dispostas no art. 22 da Lei 8.069/90, bem assim não incorreu nas condutas
descritas no art. 1.638 do Código Civil. Ao contrário, do cotejo das provas
constantes nos autos verifica-se que a apelante nunca abandonou sua filha, com
quem sempre procurava manter contato mesmo quando impedida por apelados;
qualquer falta de amparo material decorreu de sua condição financeira, eis que
ainda era adolescente e não trabalhava à época em que sua filha foi entregue
aos apelados, estando agora em condições para assumir e cuidar de sua filha.
ALESSANDRA COSTA DE JESUS e NILSON TEIXEIRA DE
CARVALHO JUNIOR respondem pugnando por improvimento do recurso.
FLS. 333/354.
Parecer ministerial pugna por conhecimento e improvimento do
recurso. FLS. 08/11 (não digitalizadas).
Recurso distribuído para a Primeira Câmara Cível, cabendo-me a
função de relatora.
É o relatório.
ACÓRDÃO
Presidente
Procurador de Justiça
VOTO
aniversário porque não pode ficar com a filha; que Rebeca está com
raiva da declarante, trabalha e tem condições de ficar com a filha;
que a declarante também tem condições de ajudar com a criança; que
está trabalhando com doces e salgados e com cabelo também; que ao
contato com a criança quando ela era bebê, ela não estranhava nem a
declarante nem Rebeca; que Rebeca nunca abandonou a filha, está
tendo acesso às visitas, mas não como o juiz determinou; que depois
disto não tem mais paz porque Rebeca e Alessandra brigam;a
requerente não quer mais a requerida em sua casa; que na primeira
semana depois da audiência, a criança parecia não ter outra família;
parecendo que já conhecia todos há tempo; que a criança não queria
nem voltar para casa; que comentou com a requerente e depois a
criança já não veio do mesmo jeito, já veio emburrada; que a criança
disse para Rebeca que Alessandra disse que não era para ela gostar
de Rebeca; que a criança somente mudou com Rebeca, mas com a
declarante continuou a mesma coisa; que a criança é muito apegada
à declarante; que interage com todos da casa da declarante
normalmente; que a requerente colocava a declarante contra Rebeca;
que hoje mora a declarante, sua mãe, o esposo as duas filhas e a
Rebeca; que a mãe recebe R$1.500,00 ( hum mil e quinhentos
reais);que cuida da mãe; que Rebeca somente amamentou a criança
no hospital; que o relacionamento de Rebeca com o padrasto era
normal, cada um na sua; que ele não aceitou a gravidez de Rebeca;
que o pai da criança que tinha que assumir; que Rebeca ficou sem ver
a criança no período em que a requerente a proibiu de vê-la; que não
buscou o direito de ver a criança porque na época não tinha
condições e achou que poderia ficar como estava; que hoje Rebeca
pode assumir as despesas da criança; que não pode pagar escola
particular nem plano de saúde da criança; que Rebeca não convive
com ninguém; que Rebeca sempre quis fazer algo pensando na
criança; que nunca contribuiu com as despesas da criança, devido a
situação financeira; que foi com Rebeca uma vez na escola para
conhecer; que num dia de visita teve muita baixaria; que o Conselho
Tutelar esteve presente; que a Conselheira queria pegar a criança e
polícia foi até a casa dela; que a criança apareceu com hematomas
após as visitas e se queixando de que a mãe havia batido nela; que
observou a mudança de comportamento da criança que agora se
apresenta muito irritada, agressiva, com comportamentos que antes
ela não apresentava." Logo, a conduta da requerida, mesmo após
incapacidade relativa, amoldasse ao quanto disposto no art. 1.638, II
e V, do CC, restando evidenciado o reiterado abandono em relação à
infante e a entrega da criança aos requerentes para fins de adoção,
razão pela qual a destituição do poder familiar é medida que se
impõe. Passo, pois, a análise do pedido de adoção. A adoção é uma
das modalidades de colocação em família substituta previstas no
ordenamento que possibilita a constituição entre os adotantes e o
adotado de um laço de parentesco de 1º grau na linha reta.
Inegáveis os efeitos jurídicos e a finalidade assistencial do instituto,
possibilitando ao adotando o status de filho, na medida em que
institui vínculo legal de paternidade e filiação civil, bem como
auxilia o amparo material e moral do indivíduo. O art. 50 do ECA
estabelece a criação de cadastros de crianças e adolescentes em
condições de serem adotados e outro de pessoas interessadas na
adoção, devendo ser observada a ordem cronológica das habilitações
dos pretensos adotantes inseridos previamente, salvo nas hipóteses
previstas no §13 do referido artigo. No entanto, a exegese mais
correta do preceito legal em comento, segundo corrente dominante
da doutrina e jurisprudência, demonstra que não devem ser
consideradas exaustivas as hipóteses de desconsideração dos
cadastros de adotantes habilitados, frente à complexa gama de
relações psicossociais que permeiam a colocação de crianças e
adolescentes em família substituta, sempre marcada por nuances a
serem detidamente analisados pelo Juízo Especializado, com auxílio
da equipe técnica interdisciplinar, em cada caso concreto. Destarte,
poderá o julgador flexibilizar a observância dos cadastros de
adotantes, através de fundamentação idônea, sempre que tal solução
se mostrar mais adequada ao caso concreto, em atenção ao princípio
do melhor interesse da criança e do adolescente, norteador do