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Uberaba
2023
MAPEAMENTO E DIAGNÓSTICO SITUACIONAL DA COMUNIDADE LGBTQIAP+
DE UBERABA: DESENVOLVENDO AS BASES PARA A IMPLANTAÇÃO,
EFETIVAÇÃO IGUALITÁRIA E FORTALECIMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS
Uberaba
2023
RESUMO
A partir do século XX, iniciaram movimentos no intuito de promover a garantia aos direitos humanos,
incluindo-se das pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, transgêneros, queers, intersexuais,
assexuais, pansexuais e de outras diversidades sexuais e de gênero (LGBTQIAP+). Mesmo com os
avanços no que tangem a visibilidade, direitos e respeito a população LGBTQIAP+, essas conquistas
caminham a passos lentos e dificultosos, vigorando ainda hoje um ranço histórico conservador
motivado pelo preconceito e discriminação, embasados por uma construção histórica profunda e de
difícil desconstrução de (des) valores, o que obstaculiza o acesso desse segmento às políticas sociais
e, consequentemente, ao usufruto dos direitos sociais. Destaca-se a importância da constituição de
dados que subsidiem a proposição de políticas públicas que garantam os direitos e que diminuam
processos de exclusão, violência e de discriminação. Com base nisso, o presente projeto tem como
objetivo o desenvolvimento de um mapeamento e diagnóstico situacional da população LGBTQIAP+
de Uberaba. O estudo, de caráter transversal do tipo survey censitário, descritivo e explicativo, cujos
participantes são pessoas que se autodeclaram pertencentes à comunidade LGBTQIAP+ nascidos
e/ou residentes em Uberaba. O questionário possui 57 questões divididas em seis eixos cujos
principais resultados destacaram: no eixo 1 (perfil sociodemográfico) se trata de uma amostra
composta predominantemente por mulheres e homens jovens, brancos e pardo, em sua maioria
homossexuais ou bissexuais, sem deficiências de quaisquer tipos, no geral solteiros que possuem
relacionamentos afeitos e sexuais estáveis sem coabitação e sem filhos com os parceiros, com
elevados níveis de escolaridade, que apesar de não praticantes possuem uma religião; no eixo 2
(perfil socioeconômico) a amostra está composta no geral por pessoas que exercem algum tipo de
atividade remunerada, com renda e número de itens de domicílio típicos das classes médias-altas,
residentes em casas cujos bairros possuem infraestruturas mínima (abastecimento de água regular e
ruas pavimentadas); no eixo 3 (acesso à saúde) parte significativa dos respondentes indicou que
depende total ou parcialmente dos serviços públicos de saúde, especialmente os relacionados à
saúde mental e sexual os quais são avaliados como satisfatórios e adequados (apesar de que
também indicaram a necessidade de mais atendimentos e de serviços trans específicos) e, além
disso, destacaram os sintomas depressivos, de ansiedade, nervosismo, estresse, pânico, lesões
autoprovocadas, ideações e tentativas de suícidio como os principais motivadores para procurarem
pelos atendimentos; no eixo 4 (acesso á educação) destaca-se na amostra a relevância atribuída ao
sistema público de ensino fundamental e médio apesar de terem sofrido preconceitos e diversificadas
formas de violências nas instituições escolares, e que nelas as discussões sobre gênero e
sexualidade foram de caráter tradicionalista (heteronormativo e biomédico) pouco abordando
diversidade, multiplicidade e direitos sexuais e de gênero; no eixo 5 (trabalho, segurança e
assistência social) parte relevante da amostra relatou ter sofrido assédio moral no trabalho e que nem
sempre são valorizados devido ao fato de serem lgbtqiap+; no eixo 6 (preconceito e violência) parte
relevante da amostra indicou as dificuldade de coming out por não se sentir respeitada quanto à sua
identidade de gênero e/ou orientação sexual, tendo sofrido diversas violências (físicas, verbais,
psicológicas) originárias de familiares e colegas de trabalho e de instituições de ensino mas que
apesar disso não sabem o que fazer ou quem procurar para formular denúncias de violências
motivadas pelo gênero ou orientação sexual.
INTRODUÇÃO 1
JUSTIFICATIVA 6
OBJETIVO GERAL 8
OBJETIVOS ESPECÍFICOS 8
ASPECTOS METODOLÓGICOS 9
RISCOS 12
BENEFÍCIOS 13
CRONOGRAMA DE ATIVIDADES 14
RESULTADOS 15
EIXO 1 - PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO 16
Ano de nascimento 16
Como você se declara em relação a sua cor ou raça/etnia? 17
Com qual gênero você se identifica (identidade de gênero)? 18
Conforme seu nascimento, qual seria seu sexo biológico? 19
Em relação à sua orientação sexual, você se considera: 20
Você possui alguma deficiência? 22
Qual seu estado civil? 23
Moram juntos/as/es? 24
Qual a natureza de sua união? 25
Nível de escolaridade mais alto (marque uma resposta por linha): 26
Qual a quantidade de filhos/as/es? (marque uma resposta por linha) 28
Qual sua religião ou doutrina? 29
Com qual assiduidade você frequenta sua religião ou doutrina? 30
Nasceu no município de Uberaba? 31
Atualmente você está morando em Uberaba? 32
EIXO 2 - PERFIL SOCIOECONÔMICO 33
Você exerce alguma atividade remunerada? 33
Qual é sua renda familiar (soma do salário de todes os membros da família ou
república que contribuem para o sustento da casa). 35
Quantas pessoas contribuem para o sustento da casa? 36
Qual a condição de seu domicílio? 37
Agora vamos fazer algumas perguntas sobre itens do domicílio para efeito de
classificação econômica. Todos os itens eletroeletrônicos que você citar devem estar
funcionando, incluindo os que estão guardados. Caso não esteja funcionando,
considere apenas se tiver intenção de consertar ou repor nos próximos seis meses.
39
A água utilizada neste domicílio é proveniente de: 42
Considerando o trecho da rua do seu domicílio, você diria que a rua é: 43
Qual é o grau de instrução da pessoa que contribui com a maior parte da renda do
domicílio? 44
EIXO 3 - ACESSO À SAÚDE 46
É usuário/a/e da rede pública de saúde municipal? 46
Frequência de uso dos serviços de saúde. Por favor, avalie as afirmações abaixo e
assinale a frequência que melhor descreve sua utilização dos serviços públicos com
base nos últimos cinco anos (marque ao menos uma opção por afirmação) 47
Tratamentos contínuos e específicos - assinale todos os tratamentos contínuos e
específicos que você realiza: 50
Sobre os cuidados específicos à saúde da população LGBTQIAP+, por favor
assinale para cada afirmação abaixo se você concorda plenamente, concorda
parcialmente, não tem opinião, discorda parcialmente ou discorda totalmente. Caso a
questão não se enquadre na sua identidade de gênero e/ou orientação sexual, favor
marcar a opção “não se aplica”: 51
Sendo uma mulher trans/travesti sinto-me bem atendida pela urologia 52
Sendo um homem trans sinto-me bem atendida pela urologia 52
Sendo gay, lésbica, bi, pansexual, assexual, consigo fazer os exames que
preciso 52
Sendo uma pessoa trans/travesti sou tratado/a pelo meu nome social 52
Enquanto pessoa lgbtqiap+ sinto que sou respeitado/a em minha identidade de
gênero e orientação sexual 53
Sinto falta de atendimentos em saúde específicos para a população lgbtqiap+ 53
Já realizou os seguintes procedimentos? Se sim, quem realizou? 54
Uso de hormônios 54
Aplicação de silicone industrial 54
Cirurgia plástica 54
Mastectomia (retirada das mamas) 55
Histerectomia (retirada do útero) 55
Redesignação sexual (alteração dos órgãos sexuais) 55
Procedimento estético 55
Outra intervenção 56
Você sente falta de algum atendimento especializado? marque quantas opções achar
necessárias. 56
Indique na tabela abaixo se você já sentiu ou realizou as seguintes ações. Marque
uma opção por linha: 57
Sintomas depressivos (tristeza persistente, falta de energia e vontade para fazer
as coisas cotidianas) 57
Ansiedade, nervosismo, estresse 57
Ataque de pânico (sensação ruim no peito, medo de morrer sem justificativa,
tremores, sudorese) 57
Disforia de gênero (sofrimento relacionado a não correspondência entre a
identidade de gênero e o corpo biológico) 58
Automutilação (cortes no corpo para aliviar a angústia) 58
Ideação suicida (desejo de morrer, pensamento de que seria melhor se não
existisse) 58
Tentativa de suicídio 58
Uso e/ou abuso de álcool e outras substâncias 58
EIXO 4 - ACESSO À EDUCAÇÃO 60
Onde você cursou o ensino fundamental? 60
Onde você cursou o ensino médio? 61
Você já vivenciou alguma forma de preconceito e violência no ambiente
escolar/universitário? Assinale quantas alternativas forem necessárias: 62
Durante o ensino fundamental ou médio você escondeu ou disfarçou que era
LGBTQIAP+? 63
Você recebeu alguma aula ou palestra sobre orientação sexual em algum momento
da vida escolar? Se sim, elas incluíam informações sobre pessoas LGBTQIAP+? 63
Você cursa ou cursou ensino superior? 64
EIXO 5 - TRABALHO, SEGURANÇA E ASSISTÊNCIA SOCIAL 65
Sobre o trabalho, a segurança e a assistência social, assinale para cada afirmação
abaixo se você concorda completamente, concorda parcialmente, não tem opinião,
discorda parcialmente ou discorda totalmente. Caso a afirmação não se enquadre na
sua identidade de gênero e/ou orientação sexual, favor marcar a opção “não se
aplica”: 65
Já sofri assédio moral no trabalho por ser LGBTQIAP+ 65
Percebi que meu salário é menor que os das outras pessoas no mesmo
cargo/função que eu 65
Não me sinto respeitado acolhido pelos colegas de trabalho por ser LGBTQIAP+
66
Perdi uma promoção no trabalho por ser LGBTQIAP+ 66
Não tive meu nome social e/ou identidade de gênero respeitados no trabalho 66
Já sofri preconceito em uma abordagem policial por ser LGBTQIAP+ 66
Eu não sei o que fazer para denunciar uma vivência de preconceito/violência por
ser uma pessoa LGBTQIAP+ 67
Já sofri preconceito em uma unidade de assistência social (CRAS) 67
Tenho dificuldade de acesso à programas socioassistenciais por ser LGBTQIAP+
67
Você realizou a retificação (mudança de nome e gênero) em seus documentos? 68
EIXO 6 - PRECONCEITO E VIOLÊNCIA 69
Quem sabe que você é LGBTQIAP+? 69
Em geral, você se sente respeitado/a/e por ser LGBTQIAP+? 70
Já sofreu preconceito? Onde? Marque quantas opções forem necessárias: 70
Já fui expulso de casa pela identidade de gênero e/ou orientação sexual? 71
Quais tipos de violência já sofreu por ser LGBTQIAP+? Marque quantas opções
forem necessárias: 72
Se sofreu violência física por ser LGBTQIAP+, onde e quantas vezes você sofreu? 72
Rua 72
Escola 73
Casa dos pais ou familiares 73
Trabalho 73
Banheiros públicos 73
Transportes coletivos 73
Delegacia de polícia 73
Instituições públicas 74
Templos religiosos 74
Shopping center, lojas etc. 74
Hospitais/unidades de saúde 74
CTA e CAISM 74
Restaurantes, lanchonetes, etc. 74
Bancos 74
Serviços de assistência social 75
Se sofreu violência verbal e/ou psicológica, onde e quantas vezes você sofreu? 75
Rua 75
Escola 75
Casa dos pais ou familiares 75
Trabalho 76
Banheiros públicos 76
Transportes coletivos 76
Delegacia de polícia 76
Instituições públicas 76
Templos religiosos 76
Shopping center, lojas etc. 77
Hospitais/unidades de saúde 77
CTA e CAISM 77
Restaurantes, lanchonetes, etc. 77
Bancos 77
Serviços de assistência social 77
Já deixou de frequentar um desses lugares por não se sentir aceito/a/e ou
respeitado/a/e? 78
Rua 78
Escola 78
Casa dos pais ou familiares 78
Trabalho 78
Banheiros públicos 79
Transportes coletivos 79
Delegacia de polícia 79
Instituições públicas 79
Templos religiosos 79
Shopping center, lojas etc. 79
Hospitais/unidades de saúde 79
CTA e CAISM 80
Restaurantes, lanchonetes, etc. 80
Bancos 80
Serviços de assistência social 80
Já sentiu constrangimento ou enfrentou algum preconceito/violência ao frequentar
banheiros públicos? 81
Caso tenha sofrido algum tipo de violência, você chegou a denunciar o ocorrido? 81
CONSIDERAÇÕES FINAIS 83
REFERÊNCIAS 85
Agradecimentos 87
ANEXOS 88
Anexo A - Protocolo de pesquisa 88
Página | 1
INTRODUÇÃO
No século XX após as atrocidades cometidas envolvendo seres
humanos durante o holocausto nazista na Segunda Guerra Mundial, o qual foi
responsável pelo assassinato de milhares de homossexuais, judeus, ciganos e
pessoas com deficiência, os Estados criaram a Organização das Nações
Unidas (ONU), em 1945, objetivando trabalhar igualitariamente visando a paz
mundial. Em 1948 a Declaração Universal dos Direitos do Homem estabeleceu
uma perspectiva de universalidade e indivisibilidade dos direitos humanos.
Assim, o requisito para ser titular desses direitos é a condição de ser humano,
sendo estes garantidos para todos os indivíduos, sem distinção de raça, cor,
orientação sexual, religião, língua, nacionalidade ou qualquer outra forma. Os
direitos humanos visam à proteção das pessoas contra ações que interferem
em suas liberdades ou violem sua dignidade humana (SIQUEIRA; MACHADO,
2018).
JUSTIFICATIVA
As políticas públicas no Brasil necessitam e buscam, para tanto, atender
indivíduos e famílias em situação de vulnerabilidade e risco psicossocial,
categorias que abarcam notoriamente a comunidade LGBTQIAP+. Ser
identificado como pertencente ao grupo pode estabelecer e/ou representar um
altíssimo grau de vulnerabilidade por si só. Essa população carrega nas suas
histórias de vida e nos seus corpos duras experiências de violência psicológica,
simbólica e, por vezes, física. Por exemplo, as travestis são portadores do olhar
preconceituoso e misógino da vinculação de sua imagem à pobreza, à
prostituição, à criminalidade, à condição de não humanidade. Incidem sobre
gays, por sua vez, vinculações com a promiscuidade, transmissão de HIV,
conduta “amoral” (QUADRADO; FERREIRA, 2019). Enfim, cada letra da sigla é
alvo de uma série de construções históricas reiteradas atualmente sobre sua
existência.
Os desconhecimentos sobre as características dessas populações
tornam dificultosas a implantação, efetivação e fortalecimento das ações
públicas. Para que se atinja verdadeiramente os direitos garantidos na
Constituição Federal e todo o regimento relativo aos Direitos Humanos, é
necessário conhecer as mazelas sociais das quais a população LGBTQIAP+
sofre.
Há de se convir ainda que o debate sobre as opressões de gênero e
sexualidade é recente nas políticas públicas, demandando aprofundamento
teórico-político-crítico, uma vez que, no contexto social do sistema capitalista
as relações sociais vigentes se encontram enraizadas no conservadorismo, no
qual se reproduzem diversas formas de machismo, homolesbotransfobia e
tantas outras formas de preconceito e discriminação na vida social
(QUADRADO; FERREIRA, 2019).
Um elemento imprescindível para que os indivíduos e os povos tenham
seus direitos humanos efetivados é a consciência de sua existência. Mediante
o exposto, esse estudo teve como objetivo o desenvolvimento de um
mapeamento e diagnóstico situacional da população LGBTQIAP+ de Uberaba.
Isso permite, dentre outras consequências, investigar os diversificados graus
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OBJETIVO GERAL
Realizar o mapeamento e o diagnóstico situacional da população
LGBTQIAP+ da cidade de Uberaba.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
● Caracterizar a população LGBTQIAP+ quanto às informações
sociodemográficas e socioeconômicas;
● Verificar informações sobre o acesso e vivências de discriminação nos
setores da saúde, educação, trabalho, segurança e assistência social;
● Verificar indicadores de preconceito e de violência em relação à essa
população;
● Analisar associações estatísticas possíveis entre as informações
coletadas.
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ASPECTOS METODOLÓGICOS
Trata-se de uma pesquisa desenvolvida em parceria entre a
Coordenadoria de Políticas Públicas LGBT+ da Prefeitura Municipal de
Uberaba e com o Coletivo pela Diversidade Beth Pantera (movimento social
sem fins lucrativos) com apoio científico do Laboratório de Estudos e Pesquisa
Sobre Sexualidades e Gêneros (LEPESEGE) da Universidade Federal do
Triângulo (UFTM).
RISCOS
Toda a pesquisa seguiu os parâmetros éticos da Resolução 466 de 12
de dezembro de 2012 (que prevê que toda pesquisa apresenta riscos ao
participante) e a Resolução 510 de 07 de abril de 2016 (dispensa de pesquisas
censitárias de serem submetidas ao sistema CEP/CONEP), ambas do
Conselho Nacional de Saúde. Neste sentido, por se tratar de uma pesquisa do
tipo survey censitária ela dispensa submissão e avaliação de comitês de éticas
em pesquisa envolvendo seres humanos. Mesmo assim, foram observados
cuidados adicionais para impedir a identificação e assegura o sigilo de
identidade dos participantes respondentes, tais como a não coleta e não
retenção de dados sensíveis.
Todavia, parte dos tópicos abordados pelo questionário poderiam
mobilizar afetos e lembranças dos respondentes e podem gerar desconforto
aos participantes, ao mobilizar lembranças de vivências de sofrimento. A fim de
reduzir a possibilidade desse desconforto, nos casos cabíveis, o participante
era instruído acerca dos temas antes de iniciar o preenchimento do
questionário sobre o teor do mesmo, tendo a liberdade de desistir do seu
preenchimento a qualquer momento, sem quaisquer prejuízos. Além disso, foi
disponibilizado um canal de contato com os responsáveis pela pesquisa de
modo que, caso o respondente sentisse necessidade, poderia ser
encaminhado para serviços públicos de atendimento de saúde mental,
respeitando suas filas de espera.
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BENEFÍCIOS
Compreende-se que a participação na pesquisa apresenta como
benefício a autorreflexão acerca das vivências de falta de acesso e
discriminação sofridas nas diversas instituições públicas e privadas, além da
participação ativa na construção de índices necessários à melhoria de políticas
públicas destinadas à população LGBTQIAP+. Além disso, o participante
também contribui com a formação de profissionais com base no acesso a tais
análises e reflexões, aumentando a visibilidade das demandas da população
LGBTQIAP+ de Uberaba.
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CRONOGRAMA DE ATIVIDADES
Etapas Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr. Mai Jun
. 22 . 22 . 22 . 22 . 22 . 23 . 23 . 23 23 . 23 . 23
Coleta de dados X X X X
Análise dos
resultados e X X X X X
discussão
Apresentação dos
resultados à X X
comunidade
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RESULTADOS
Nas tabelas todos os dados populacionais municipais foram coletados
do Censo de 2010 (https://www.ibge.gov.br/censo2010) e do Atlas Brasil 2010
(http://www.atlasbrasil.org.br/perfil/municipio/317010), salvo expressa indicação
contrária, pois os resultados do Censo 2022 ainda não estão disponíveis.
Todos os valores percentuais apresentados são aproximados e os números
indicados entre parênteses representam os números de respostas totais em
cada categoria.
Os dados foram organizados com auxílio das funcionalidades do Google
Formulários (geração de tabelas e gráficos) e foi elaborada uma primeira
análise estatística descritiva a fim de criar um perfil situacional da população
estudada. Tais informações (divididas por eixos) serão posteriormente
submetidas, possivelmente em publicações científicas, a testes de associações
de Pearson verificando possíveis associações entre os dados colhidos em cada
bloco do instrumento.
Página | 16
Ano de nascimento
60-64 anos 0 4%
1
Nesta categoria houve respostas como queer e transexual que, apesar de não serem
orientações sexuais, mas sim identidades de gênero, foram mantidas para respeitar a
autodeclaração dos respondentes.
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Divorciado 1% (4) 5%
Moram juntos/as/es?
Fundamental 4.3% (17) 17% 1.5% (6) 13.1% (52) 12.6% (50)
completo
Superior 19.4% (77) 15% 10.8% (43) 12.1% (48) 15.1% (60)
completo
concluiu o ensino médio, 29.8% (média) dos genitores tem esse como maior
grau de escolaridade; enquanto 33.8% dos respondentes possuem ensino
superior incompleto (muitos deles cursando), somente 5.3% (média entre) dos
genitores possui esse nível de escolaridade; há uma aproximação quanto à
conclusão do ensino superior, sendo que 19.4% dos respondentes possui
ensino superior completo 13.6% (média) dos seus genitores o possuem; a
distância aumenta novamente quanto à conclusão de alguma pós-graduação,
sendo esse percentual de 22.9% dos respondentes e 7% (média) dos seus
genitores.
Filhos Amostra3
2 0.8% (3)
Não 1% (2) 0%
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4
Por falta de dados estratificados esses dados não foram comparados com os parâmetros populacionais.
Página | 38
3 2% (8)
5
Por falta de dados estratificados esses dados não foram comparados com os parâmetros populacionais.
Página | 40
2 4.5% (18)
3 0%
4 ou mais 0%
2 35.6% (141)
3 10.3% (41)
3 0%
4 ou mais 0%
1 88.4% (350)
2 10.1% (40)
3 0%
4 ou mais 0%
4 ou mais 0%
1 6% (23)
2 0%
3 0%
4 ou mais 0%
1 75% (297)
2 2.2% (9)
3 0%
4 ou mais 0%
Terra/cascalho 0% (0)
6
Por falta de dados estratificados esses dados não foram comparados com os parâmetros populacionais.
Página | 45
(81.1) daqueles que mais contribuem com a renda familiar dos respondentes
possui níveis elevados de escolarização (ensino médio ou superior completo).
Página | 46
Sendo gay, lésbica, bi, pansexual, assexual, consigo fazer os exames que
preciso
38.1% (151) concordo plenamente
28% (111) concordo parcialmente
10.3% (41) nem concordo, nem discordo
8.8% (35) discordo parcialmente
5.8% (23) discordo completamente
8.8% (35) não se aplica
Sendo uma pessoa trans/travesti sou tratado/a pelo meu nome social
4.8% (19) concordo plenamente
5.3% (21) concordo parcialmente
4.5% (18) nem concordo, nem discordo
3.3% (13) discordo parcialmente
3.5% (14) discordo completamente
78.5% (311) não se aplica
Uso de hormônios
88.1% (349) não realizei
3.2% (13) não realizei mas gostaria
0% (0) fiz com amigos
0% (0) fiz com bombadeira
2.5% (10) fiz por conta própria
5.3% (21) fiz com profissionais da saúde
Cirurgia plástica
89.1% (353) não realizei
5.3% (21) não realizei mas gostaria
0% (0) fiz com amigos
0% (0) fiz com bombadeira
0% (0) fiz por conta própria
5.3% (21) fiz com profissionais da saúde
Página | 55
Além dos 5.3% que responderam que fizeram algum tipo de cirurgia
plástica, destaca-se que outros 5.3% não fizeram mas gostariam de fazer.
Procedimento estético
83% (329) não realizei
6.5% (26) não realizei mas gostaria
0% (0) fiz com amigos
0% (0) fiz com bombadeira
0% (0) fiz por conta própria
9.6% (38) fiz com profissionais da saúde
Página | 56
Outra intervenção
92% (364) não realizei
3.5% (14) não realizei mas gostaria
0% (0) fiz com amigos
0% (0) fiz com bombadeira
0% (0) fiz por conta própria
4.3% (17) fiz com profissionais da saúde
Tentativa de suicídio
75,2% (298) nunca fiz, nunca senti
18% (71) raramente (1 a 2 vezes ao ano)
4,5% (18) ocasionalmente (3 a 4 vezes ao ano)
2,3% (9) frequentemente (5 ou mais vezes)
Neste item apenas 1% dos respondentes disse não ter cursado o ensino
médio, ao passo que esse percentual é de 40% na população municipal.
Dentre os que cursaram o ensino médio 71.5% o fizeram somente em escola
pública, 16.9% o fizeram somente em escola particular, 5.8% fizeram a maior
parte em escola pública, e 4.8% fizeram a maior parte em escola particular.
Destaca-se a utilização do sistema público de ensino por parte significativa dos
respondentes.
Página | 62
48.2% (192) das respostas indicaram que “Tive aulas e palestras que
falaram basicamente sobre corpos cis e heterossexuais”; 40.4% (160) das
respostas indicaram “Nunca tive aula/palestra sobre educação sexual”; 9.1%
Página | 64
(36) das respostas indicaram que “Tive aulas e palestras e elas falaram que as
pessoas LGBTQIAP+ são normais com sua identidade e orientação sexual”; e
2.3% (9) respostas indicaram que “Tive aulas e palestras e elas falaram que as
pessoas LGBTQIAP+ estão assim por alguma disfunção ou doença ou que são
de alguma maneira moralmente erradas”. Destaca-se o elevado número de
respostas que destacaram uma educação sexual de caráter heteronormativo e
biomédico que pouco contemplava a diversidade e multiplicidade de
identidades sexuais, de identidades de gênero e de orientações sexuais.
Percebi que meu salário é menor que os das outras pessoas no mesmo
cargo/função que eu
10,3% (41) concordo plenamente
6,3% (25) concordo parcialmente
7% (28) nem concordo, nem discordo
4,5% (18) discordo parcialmente
33% (131) discordo completamente
38,6% (153) não se aplica
Página | 66
Não tive meu nome social e/ou identidade de gênero respeitados no trabalho
4,5% (18) concordo plenamente
3,8% (15) concordo parcialmente
3,8% (15) nem concordo, nem discordo
1% (4) discordo parcialmente
12,6% (50) discordo completamente
74,2% (294) não se aplica
92.7% (367 respondentes) disseram que não e 7.3% (29) disseram que sim.
Página | 72
Rua
41,6% (165) não se aplica
40,6% (161) nunca sofri
7,3% (29) 1 vez
6,3% (25) 2 ou 3 vezes
Página | 73
4% (16) 4 ou mais
Escola
40,1% (159) não se aplica
35,8% (142) nunca sofri
7% (28) 1 vez
7,8% (31) 2 ou 3 vezes
9% (36) 4 ou mais
Trabalho
47% (186) não se aplica
43,6% (173) nunca sofri
5,3% (21) 1 vez
2,2% (9) 2 ou 3 vezes
1,7% (7) 4 ou mais
Banheiros públicos
48,7% (193) não se aplica
46,7% (185) nunca sofri
2,5% (10) 1 vez
0,7% (3) 2 ou 3 vezes
1,2% (5) 4 ou mais
Transportes coletivos
46,6% (184) não se aplica
48% (190) nunca sofri
3,3% (13) 1 vez
1,2% (5) 2 ou 3 vezes
1% (4) 4 ou mais
Delegacia de polícia
49,5% (196) não se aplica
46,7% (186) nunca sofri
3% (12) 1 vez
0% (0) 2 ou 3 vezes
0% (0) 4 ou mais
Página | 74
Instituições públicas
46,7% (185) não se aplica
46,7% (185) nunca sofri
3,5% (14) 1 vez
1,5% (6) 2 ou 3 vezes
1,5% (6) 4 ou mais
Templos religiosos
45% (179) não se aplica
45% (178) nunca sofri
3,5% (14) 1 vez
3,4% (13) 2 ou 3 vezes
3,3% (12) 4 ou mais
Hospitais/unidades de saúde
47,7% (189) não se aplica
47,6% (188) nunca sofri
3,5% (14) 1 vez
0,7% (3) 2 ou 3 vezes
0,5% (2) 4 ou mais
CTA e CAISM
50,7% (201) não se aplica
47,7% (189) nunca sofri
1% (4) 1 vez
0% (0) 2 ou 3 vezes
0,5% (2) 4 ou mais
Bancos
48,9% (194) não se aplica
47,9% (190) nunca sofri
1,5% (6) 1 vez
0,7% (3) 2 ou 3 vezes
0,7% (3) 4 ou mais
Página | 75
Rua
16,1% (64) não se aplica
23% (91) nunca sofri
17,6% (70) 1 vez
21,9% (87) 2 ou 3 vezes
21,2% (84) 4 ou mais
Escola
15,6% (62) não se aplica
22,4% (89) nunca sofri
11,8% (47) 1 vez
20,4% (81) 2 ou 3 vezes
29,5% (117) 4 ou mais
Trabalho
24% (95) não se aplica
34,8% (138) nunca sofri
18,9% (75) 1 vez
14,3% (57) 2 ou 3 vezes
7,8% (31) 4 ou mais
Banheiros públicos
28,2% (112) não se aplica
54,7% (217) nunca sofri
8,5% (34) 1 vez
5,8% (23) 2 ou 3 vezes
2,5% (10) 4 ou mais
Transportes coletivos
26,7% (106) não se aplica
53,5% (212) nunca sofri
9,6% (38) 1 vez
6% (24) 2 ou 3 vezes
4% (16) 4 ou mais
Delegacia de polícia
35% (139) não se aplica
56,3% (223) nunca sofri
6,5% (26) 1 vez
1,2% (5) 2 ou 3 vezes
0,7% (3) 4 ou mais
Instituições públicas
28,3% (112) não se aplica
52,3% (207) nunca sofri
7,3% (29) 1 vez
8,3% (33) 2 ou 3 vezes
3,8% (15) 4 ou mais
Templos religiosos
25% (101) não se aplica
41,4% (164) nunca sofri
10,3% (41) 1 vez
10,1%(40) 2 ou 3 vezes
12,6% (50) 4 ou mais
Página | 77
Hospitais/unidades de saúde
30% (122) não se aplica
58,5% (232) nunca sofri
8% (32) 1 vez
1,2%(5) 2 ou 3 vezes
1,2% (5) 4 ou mais
CTA e CAISM
37,6% (149) não se aplica
58,3% (231) nunca sofri
2,5% (10) 1 vez
1% (4) 2 ou 3 vezes
0% (0) 4 ou mais
Bancos
31,5% (125) não se aplica
61,3% (243) nunca sofri
4,8% (19) 1 vez
1% (4) 2 ou 3 vezes
1,2% (5) 4 ou mais
58.2% ao menos uma vez na casa dos pais ou de familiares; 41% ao menos
uma vez no trabalho; 19.6% ao menos uma vez nos transportes coletivos;
19.4% ao menos uma vez em instituições públicas; 33% ao menos uma vez em
templos religiosos; 10.4% ao menos uma vez em hospitais e unidades de
saúde; 22.7% ao menos uma vez em restaurantes ou lanchonetes.
Rua
41,2% (163) não se aplica
33,3% (132) nunca sofri
8,3% (33) 1 vez
7% (28) 2 ou 3 vezes
10% (40) 4 ou mais
Escola
42,4% (168) não se aplica
32,5% (129) nunca sofri
9,3$ (37) 1 vez
7,8% (31) 2 ou 3 vezes
7,8% (31) 4 ou mais
Trabalho
46,2% (183) não se aplica
34,8% (138) nunca sofri
9% (36) 1 vez
5% (19) 2 ou 3 vezes
5% (20) 4 ou mais
Página | 79
Banheiros públicos
45,4% (180) não se aplica
38,1% (151) nunca sofri
5,% (22) 1 vez
4,3% (17) 2 ou 3 vezes
6,5% (26) 4 ou mais
Transportes coletivos
47% (186) não se aplica
42,4% (168) nunca sofri
3,3% (15) 1 vez
3,2%(14) 2 ou 3 vezes
3,2% (13) 4 ou mais
Delegacia de polícia
50,2% (199) não se aplica
42% (166) nunca sofri
3% (11) 1 vez
3% (12) 2 ou 3 vezes
2% (8) 4 ou mais
Instituições públicas
46,4% (184) não se aplica
40,6% (161) nunca sofri
6,3% (25) 1 vez
3,3% (13) 2 ou 3 vezes
3,3% (13) 4 ou mais
Templos religiosos
35,8% (142) não se aplica
28% (111) nunca sofri
7,5% (30) 1 vez
7% (28) 2 ou 3 vezes
21,4% (85) 4 ou mais
Hospitais/unidades de saúde
48,2% (191) não se aplica
44,4% (176) nunca sofri
4% (16) 1 vez
2% (8) 2 ou 3 vezes
1,2% (5) 4 ou mais
Página | 80
CTA e CAISM
51% (202) não se aplica
44,2% (175) nunca sofri
2,5% (10) 1 vez
1,2% (5) 2 ou 3 vezes
1% (4) 4 ou mais
Bancos
48,7% (193) não se aplica
46.4% (184) nunca sofri
2,2% (9) 1 vez
1,7% (7) 2 ou 3 vezes
0,7% (3) 4 ou mais
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os principais resultados indicaram no eixo 1 (perfil sociodemográfico) se
trata de uma amostra composta predominantemente por mulheres e homens
jovens, brancos e pardos, em sua maioria homossexuais ou bissexuais, sem
deficiências de quaisquer tipos, no geral solteiros que possuem
relacionamentos afeitos e sexuais estáveis sem coabitação e sem filhos com os
parceiros, com elevados níveis de escolaridade e que apesar de não
praticantes possuem uma religião; no eixo 2 (perfil socioeconômico) a amostra
está composta no geral por pessoas que exercem algum tipo de atividade
remunerada, com renda e número de itens de domicílio típicos das classes
médias-altas, residentes em casas cujos bairros possuem infraestruturas
adequada (abastecimento de água regular e ruas pavimentadas); no eixo 3
(acesso à saúde) parte significativa dos respondentes indicou que depende
total ou parcialmente dos serviços públicos de saúde, especialmente os
relacionados à saúde mental e sexual que são avaliados como satisfatórios e
adequados (apesar de que também indicaram a necessidade de mais
atendimentos e de serviços trans específicos) e, além disso, destacaram os
sintomas depressivos, de ansiedade, nervosismo, estresse, pânico, lesões
autoprovocadas, ideações e tentativas de suícidio como os principais
motivadores para procurarem pelos atendimentos; no eixo 4 (acesso á
educação) destaca-se na amostra a utilização do sistema público de ensino
fundamental e médio, apesar de terem sofrido preconceitos e diversificadas
formas de violências nas instituições escolares e que nelas as discussões
sobre gênero e sexualidade foram de caráter tradicionalista (heteronormativo e
biomédico) pouco abordando diversidade, multiplicidade e direitos sexuais e de
gênero; no eixo 5 (trabalho, segurança e assistência social) parte relevante da
amostra relatou ter sofrido assédio moral no trabalho e que nem sempre se
sentem valorizados (financeira e psicologicamente) devido ao fato de serem
lgbtqiap+, e que apesar de sofrerem não sabem o que fazer ou quem procurar
para formular denúncias de violências motivadas pelo gênero ou orientação
sexual; no eixo 6 (preconceito e violência) parte relevante da amostra indicou
as dificuldade de coming out (revelação pública da orientação sexual
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REFERÊNCIAS
ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa. Critério de
classificação econômica Brasil. 2022. Disponível em <
https://www.abep.org/criterio-brasil>. Acesso em: 25 jul. 2022.
Agradecimentos
ANEXOS
Pela sua participação você não receberá nenhum benefício (financeiro ou não),
mas vai auxiliar na compreensão do perfil, das necessidades, dos desejos e
das dificuldades da comunidade LGBTQIAP+ de Uberaba/MG.
Caso deseje mais informações sobre essa pesquisa entre em contato com um
dos nossos colaboradores pelo telefone (34) 3700-6979, ou e-mail:
coletivopeladiversidade@gmail.com, ou presencialmente na Coordenadoria da