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UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO

CURSO DE PSICOLOGIA

WAGNER DOS SANTOS MARQUES - RA 3020201246

A relação da população Trans com o Sistema Único de Saúde

SÃO PAULO
2022
WAGNER DOS SANTOS MARQUES - RA 3020201246

A relação da população Trans com o Sistema Único de Saúde

Relatório final do Estágio Básico em Psicologia


Social, sob a supervisão da Profa. Beatriz Cicala
Puccini

SÃO PAULO
2022
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .............................................................................................................4

OBJETIVOS 8

METODOLOGIA 8

DISCUSSÃO 9

CONSIDERAÇÕES FINAIS 12

REFERÊNCIAS 13

ANEXO A 14

ANEXO B 15

ANEXO C 16
INTRODUÇÃO

Diversas são as dificuldades enfrentadas por pessoas transgêneros  e transexuais.


Desde a infância convivem com humilhações, ridicularizações e violência dentro do âmbito
familiar e na sociedade como um todo. Por não se identificarem com o gênero biológico são
discriminadas e marginalizadas. Fatores como preconceito, exclusão social e violência
causam sofrimento, adoecimento físico e mental, abusos de álcool e drogas ilícitas, suicídios e
os tornam vítimas de homicídios. 
 Segundo Costa-Val et al. (2021, p.2) além do preconceito e estigmatização, essa
população lida com “outras formas de violência como, por exemplo, expulsões de casa e
acesso precário aos serviços de saúde e de educação”.  Os autores também salientam o fato
da expectativa de vida ser de 35 anos, menos do que a  metade da média de vida da população
nacional e  que  apesar do Estado não possui dados concretos, pesquisas realizadas por
organizações não governamentais, lamentavelmente, apontam que o Brasil é o país que mais
se matam transexuais e travestis.
Benevides e Nogueira (2021), no Dossiê dos assassinatos e violência contra travesti e
transexuais brasileiras/2020 apontam em sua pesquisa que o Brasil ficou em primeiro lugar no
ranking de assassinatos de pessoas trans no mundo com 175 assassinatos em 2020, sendo
todas travestis e mulheres trans. As autoras reforçam ainda que esses dados não refletem a
realidade, pois devido as subnotificações faltam dados estatísticos governamentais concretos
sobre a violência sofrida pela população LGBTQI+. A falta de acolhimento impede que sejam
efetivadas as denúncias de violência e nos casos de assassinatos, a identificação é feita através
da identificação do registro civil, “muitas vezes divergente da sua identidade de gênero”.
(BENEVIDES & NOGUEIRA, 2021 p. 26)
O dossiê apresenta que em média aos 13 anos, as mulheres trans e travesti são
expulsas de casa pelos pais, abandonando a escola. Segundo os dados do projeto
Arco-Íris/Afro Reggae apenas cerca de 0,02% estão na universidade, 72% não possuem o
ensino médio e 56% o ensino fundamental.  Quanto aos homens trans não há dados quanto à
escolaridade, mas estima-se que pelo menos 80% dessa população tenha concluído o ensino
médio e 70% tenha empregos formais. Também não há dados sobre os que atuam na
prostituição. Em geral, eles optam “ pelo atendimento em privês e locais que promovem uma
maior sensação de segurança”. Já entre as mulheres transexuais e travestis, a  estimativa é
que apenas 4% se encontram em empregos formais,  6% em empregos informais e
subempregos e que 90% encontram na prostituição a principal fonte de renda, tornando essa
população vulnerável à violência física, psicológica e as DSTs.  (BENEVIDES &
NOGUEIRA, 2021 p.44- 45)
Nesse contexto, essa pesquisa tem por objetivo avaliar a relação da comunidade
transexual e travesti com o Sistema único de Saúde. Serão abordados tópicos como
atendimento humanizado, respeito ao uso do nome social, acesso ao processo
transexualizador, discriminação e preconceito. A pesquisa será qualitativa e analisará  a
versão dos usuários e dos profissionais de saúde referente ao tema com o propósito de realizar
um projeto de intervenção para melhorar e incentivar o acesso à assistência à saúde desse
grupo minoritário.
Em 2004, em parceria com os movimentos sociais e a sociedade civil, o Governo
Federal implementou o  “Brasil sem Homofobia – Programa de Combate à Violência e à
Discriminação contra GLTB e de Promoção da Cidadania Homossexual” (BRASIL, 2004),
esse projeto foi elaborado pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da
República, a fim ”assegurar políticas, programas e ações contra a discriminação”, inclusão
social e a equidade no acesso aos serviços públicos. “Questões como a união civil, o
reconhecimento das famílias homoparentais, a redução da violência, a garantia dos direitos
sexuais e reprodutivos, entre outras situações de desigualdades de direitos”, foram incluídas
na pauta das agendas políticas governamentais. No mesmo ano, o Ministério da Saúde
instituiu o Comitê Técnico de Saúde da População GLTB e o incumbiu de uma política
específica para o SUS. (BRASIL , 2013, p.11)
 A Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e
Transexuais (LGBT), instituída pela Portaria nº 2.836, de 1° de dezembro de 2011, e pactuada
pela Comissão Inter gestores Tripartite (CIT), conforme Resolução n° 2 do dia 6 de dezembro
de 2011, orienta o Plano Operativo de Saúde Integral LGBT, seguiu as diretrizes do Programa
“Brasil sem homofobia” implementando ações para evitar a  exclusão e discriminação contra 
os grupos de orientação sexual divergente da hetero normatividade, reconhecendo os impactos
para o processo saúde - doença  desse grupo social.  (BRASIL, 2013, p.8).
 A forma que um corpo se constitui representa como alguém se posiciona perante a
sociedade, mas no caso de pessoas trans, a magnitude da representação eleva a uma esfera
bem mais intensa. Sendo muito variadas as mudanças corporais compreendidas por pessoas
trans, que podem passar por tratamentos hormonais, cirurgias plásticas, estéticas,
transgenitalização, dentre outros, variando também as possibilidades financeiras e de trabalho
dos mesmos. Existe uma variação de possibilidades nos procedimentos para a adequação de
gênero que a pessoa se identifica. Sem  que se faça necessário alocar qualquer tipo de padrão
ou limitação de identidades de gênero e sexualidade disponíveis. (ROCON et al. 2016)
  Contudo, de acordo com Rocon et al. (2016) a literatura expõe inúmeras dificuldades
no acesso e permanência das pessoas trans nos serviços oferecidos no Sistema Único de
Saúde, evidenciando o desrespeito ao nome social, a trans/travestifobia como obstáculo à
busca de serviços de saúde e causas dos abandonos de tratamentos em andamento. A
discriminação é considerada um desafio ao acesso á saúde pela população trans. Apesar de
todo cidadão ter direito ao atendimento humanizado, livre de qualquer tipo de discriminação,
esse ideal ainda se encontra longe de ser alcançado. 
   As pessoas travestis e transexuais são as que mais enfrentam dificuldades nos
atendimentos em serviços públicos de saúde  que em diversas ocasiões são agravadas por
marcadores sociais, como raça/cor, aparência física não normatizada de acordo com seu
gênero de identificação.  Destacam-se situações de violência por meio de situação de
degradação, como comentários inadequados de outros pacientes, desrespeito com nome social
e a falta de serviços específicos como a terapia hormonal, entre outras situações – o que leva a
população trans a evitar serviços de saúde, o que reflete na piora de suas condições de saúde.
(MELLO et al. 2011)
 Uma das questões recentemente exploradas seria “O que as pessoas trans esperam
sobre o acesso à saúde?”. É importante ressaltar, que devido a uma normatividade
compulsória pressuposta ao nascimento, o trânsito entre os gêneros acontece também no
campo da linguagem, onde o pronome adequado ao gênero auto identificado é constantemente
associado às transformações físicas do corpo. Não distanciando a relação da
linguagem/cultura com o físico/biológico, evidenciando que a falta de importância no
tratamento humanizado, não discriminatório impacta diretamente no processo de exclusão dos
acessos aos serviços de saúde a essa população. Então sendo o nome social, o principal
desrespeito associado ao cotidiano dos serviços de saúde, espera-se que hajam pessoas
capacitadas a respeitar pessoas trans da mesma forma que os demais pacientes, eliminando às
barreiras produzidas pelo preconceito e a pela discriminação. Além de destacarem a
necessidade de existirem pessoas trans trabalhando como Agentes Comunitários de Saúde.
(ROCON et al. 2018)
Em 2006 foi lançada a carta dos direitos dos usuários do SUS no Brasil e foi
abordando tópicos como um “atendimento acolhedor e livre de discriminação”, garantindo às
pessoas trans o direito de serem tratadas pelo nome social condizente com sua identidade de
gênero independente do registro civil, de maneira que elas fossem acolhidas e evitando o
constrangimento, porém houve dificuldade para a efetivação desse princípio nos serviços de
saúde, assim, o Ministério da saúde publicou a portaria nº1820 assegurando o direito ao uso
do nome social no SUS e incentivou os estados e municípios a lançarem suas próprias
resoluções e portarias. (BRASIL, 2015)
Em 2009, o Ministério da Saúde publicou a Política Nacional de Saúde Integral de
Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais aprovadas pelo CNS, com o propósito de
aumentar a equidade no atendimento no SUS, contemplando “ações voltadas para a
promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde, além do incentivo da produção
de conhecimento e o fortalecimento da representação do segmento nas instâncias de
participação popular”.  (BRASIL, 2010, p. 5 apud  BRASIL, 2015 p.68)
No dia a dia das pessoas trans, percebe-se que o despreparo dos profissionais começa
desde a chegada ao serviço de saúde, quando é necessário que elas peçam que seja colocado o
seu nome social- sendo que pela legislação não precisaria nem solicitar- muitas vezes os
profissionais nem tem conhecimento sobre os documentos que tratam do assunto e se recusam
em atender à solicitação.
Não basta criar um documento e enviar para os serviços de saúde, é necessária uma
maior capacitação dos profissionais sobre as resoluções e as políticas que se refere ao tema,
no entanto a garantia do nome social não basta para efetivação de um direito, é preciso que os
profissionais estejam mais bem preparados para um atendimento de maneira não
estigmatizante e discriminatória e não restringe a saúde da pessoa trans somente a questões
psicológicas e a questões relacionadas à HIV/ AIDS , como se todas as pessoas trans estivesse
necessariamente com alguma doença transmissível. 
O sistema de saúde passou a enxergar os transexuais e travestis a partir dos primeiros
surtos de aids no Brasil, porém apenas em 2008 o Ministério da Saúde passou a enviar
propostas acerca do atendimento à população LGBTQA+. (Brasil, Ministério da Saúde,
2015). Entretanto, apesar destes "esforços”, os transexuais ainda são o grupo que tem menor
proximidade com o sistema público de saúde, estas condições podem gerar consequências
negativas, como por exemplo, o tratamento hormonal impróprio e cirurgias plásticas de alto
risco. Acredita- se que os profissionais da saúde muitas das vezes não estão preparados para
este tipo de atendimento, o que é mais um fator responsável pelo afastamento das pessoas
trans pelo atendimento público. 
Quando se trata de saúde transexual, não se limita apenas ao processo
transexualizador, mas um todo: a prevenção, o acompanhamento, os tratamentos hormonais,
saúde mental, exercícios físicos, autoestima, entre outros. Além disso, a escolaridade e
desemprego também deixam a desejar quando se trata deste grupo social, e tudo isto contribui
para a exclusão social deste. 
Diante deste contexto, buscamos através desta pesquisa, acolher esta comunidade, a
fim de entender quais melhorias precisam ser implementadas para que haja bem estar desta
população que é tão prejudicada.

OBJETIVOS
Geral

Compreender a relação da população Trans com o Sistema Único de Saúde (SUS).

Específicos

● Realizar revisão bibliográfica sobre o tema;


● Acessar, a partir das redes sociais e contatos do grupo, pessoas trans dispostas a
participar da pesquisa;
● Aplicar questionário sobre qualidade e satisfação em relação aos atendimentos obtidos
pela população trans no SUS;
● Aplicar questionário aos profissionais de saúde sobre condições de trabalho em
relação aos atendimentos realizados à população trans;
● Promover o debate sobre a importância do acesso e acolhimento desta população no
SUS dentro do  ambiente acadêmico.

METODOLOGIA
Para o desenvolvimento deste projeto inicialmente foi realizada uma pesquisa teórica
nas bases de dados Scielo, Pepsic e google acadêmico com as palavras chaves:
transexualidade, Sus, transgênero e travesti. A seleção dos artigos foi  feita de acordo com a
proposta do tema de pesquisa e a partir disso foram  elaborados dois questionários para a
coleta de dados. O primeiro direcionado aos usuários da população trans e travesti  e o
segundo para profissionais da saúde. Ambos os questionários foram encaminhados por meio
das redes sociais através de link com o convite para participação na pesquisa e ficaram
disponíveis por 3 semanas (21 dias).
O termo de consentimento de Participação Voluntária foi apresentado aos
participantes  e assinado digitalmente quando o mesmo aceitou participar da pesquisa no
forms: “DECLARO ter lido e tomado conhecimento das instruções, aqui mencionadas, e que
estou ciente dos objetivos do trabalho. Assim, autorizo a utilização das informações por mim
prestadas, visando à produção de trabalhos científicos e atividades de ensino”.
Tivemos dificuldade para coleta de dados devido à resistência da população trans para
participar da pesquisa. Foram feitas várias tentativas de contato com grupos trans nas redes
sociais facebook e instagram, porém sem sucesso, não houve retorno nem interesse em
participar da pesquisa. As respostas obtidas foram por contato direto,via twitter, de uma
integrante do grupo que é trans feminina e se identificou nos contatos, sendo possível desta
forma obter os dados coletados.
Quanto aos profissionais de saúde, aqueles que se dispuseram a participar da pesquisa,
só consentiram por meio de contato pessoal, o que denota resistência também desse público
para tratar sobre esse tema.

DISCUSSÃO
De acordo com os dados coletados foram obtidas 11 respostas ao questionário com
usuários trans e travestis. Destas, 72,7% (8) são Trans feminino, 27,3% (3) Trans masculino e
não houve resposta de travestis conforme o gráfico 1.

Gráfico 1 
  A idade dos participantes foram entre 18 e 31 anos, todos usuários do SUS: para
acompanhamento 45,5%  (5); para emergência 45,5%  (5) e  para prevenção 9,1% (Vide
gráfico 2). Destes, 72,7% (8) consideraram o atendimento bom e 27,3% (3) ruim de acordo
com o gráfico 3. Quanto ao uso do nome social 72,7% (8) tiveram esse direito respeitado,
18,2% (2) não  e 9,1% (1) relataram não fazer uso do nome social.
Gráfico 2

Gráfico 3

  Em relação ao atendimento, embora haja relato de desrespeito ao uso do nome social,


a principal queixa é referente a demora no atendimento. Houve críticas e elogios à Unidade e
aos profissionais de saúde. Torna-se necessário destacar o depoimento dos próprios
participantes.
H: “Foi um atendimento bem tranquilo, a única parte que eu reclamaria foi a demora por
causa de filas”.
T: "Já fiz teste rápido para IST's [ Infecções Sexualmente Transmissíveis]  enfermeira furou
meu dedo para coleta de sangue e não encostou mais em mim, tive que pressionar por conta
para sair sangue, depois ela olhou com cara de nojo para meu sangue”.
E: “As minhas experiências foram mistas, encontrei vários funcionários e servidores
prestativos, respeitosos e empáticos. Mas também passei por algumas situações
constrangedoras e ainda sinto que o SUS não está preparado para o atendimento às pessoas
trans(...)  Ainda, é nítido que o pensamento da cisgeneridade reproduz que pessoas trans
somente acessam o SUS para hormonização e cirurgias, sendo que muitas vezes percebo que
os profissionais esquecem que as demandas podem ser diversas”.
 O: “sempre sou bem atendido, porque vou em ambulatório trans, mas quando tenho que ir
em outros alguns direitos são me negados, como por exemplo direito ao meu nome”. 
Quanto a proposta para melhorar a relação do público trans com o SUS as sugestões
foram: melhor capacitação profissional de todas as categorias, inclusive dos médicos; 
protocolo unificado para todas unidades de saúde em relação ao uso do nome social;
desvinculação de exames com base no gênero;  inclusão da população trans na área da saúde e
ambulatórios trans em todas as cidades. 
A: “Ter um mecanismo e protocolo unificado para uso do nome social, às vezes algum posto
diz que consegue mudar outro diz que não. Desvincular os exames de genitais e seios a um
determinado gênero, pois por exemplo um homem trans com documentos retificados não
consegue realizar exames nem consultas com ginecologistas pelo SUS”.
E: “Inclusão de profissionais também transexuais, sejam farmacêuticos, endócrinos,
ginecologistas, psiquiatras, psicólogos, nutricionistas, assistentes sociais... Enfim, isso já
seria um enorme avanço. Sentir o cuidado de alguém da própria comunidade é mais do que
diferente ou especial: é essencial. E isso falta (...)”.
    Em relação aos profissionais de saúde participaram da pesquisa 3 técnicos de
enfermagem, 1 agente comunitária, 1 enfermeira e 1 cirurgiã dentista, com idade entre 34 e 
57 anos, todas declararam ter recebido treinamento e sentir-se à vontade para atender o
público Trans. Apenas uma relatou dificuldades em usar o nome social e  os termos
relacionados ao gênero da pessoa Trans. 
Para favorecer a relação do SUS com a população foram sugeridos:  mais informações
e treinamento para os profissionais, busca ativa e palestras para os usuários, padronização e
dupla checagem do nome  no momento de fazer a ficha de atendimento e o mais citado foi
que deve existir respeito de ambas as partes.
Referente às atividades e experiências dos profissionais de saúde com os usuários,
duas situações se destacam, pois revelam as dificuldades de ambas as partes, tanto de
aceitação e resistência  por parte da população como a estranheza do profissional de saúde ao
lidar com a transformação corporal do travesti.
E: “Sim. Foi difícil. Tem uma concentração bem grande de travestis, então dentro do recinto
deles teve um caso de TB [ Tuberculose] então essa notificação chegou na UBS por meio dos
primeiros atendimentos já que a pessoa ficou muito mal. Então a UBS foi fazer o acolhimento
devido a notificação da vigilância, e os travestis que lá viviam não aceitavam nossa presença,
e tivemos que fazer um papel de psicólogo, amigo acolhedor até que adquirimos confiança.
Mas não é fácil”. 
V: “Sim. Passagem de Sonda vesical de demora, paciência travesti, o procedimento ocorreu
de forma natural, porém fica uma sensação estranha por olhar para uma mulher e se deparar
com o órgão genital masculino”.     De
acordo com os resultados da pesquisa torna-se evidente que embora haja muitas melhorias a 
serem implementadas para que a população Trans e travesti sintam-se acolhidas e busquem
atendimento no SUS, não apenas em casos de emergência, mas também para prevenção,
vislumbra-se os primeiros passos rumo à aceitação e respeito à dignidade humana  pela
maioria dos profissionais de saúde.  O que a população Trans mais almeja é ter seus direitos
de acesso à saúde respeitados, assim como a liberdade de manifestar suas escolhas sem
discriminaçao ou estigmatização.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a análise dos questionários foi possível compreender como se estabelece a
relação entre a população Trans e o SUS. É possível perceber que ainda há dificuldades para
alguns profissionais de saúde  no contato e acolhimento de pessoas transgêneros e que há
necessidade de melhor treinamento e formação para todas as categorias.  Em virtude disso,
algumas pessoas  Trans se privam  de procurar  atendimento em unidades de saúde para
prevenção com receio de passar por situações constrangedoras.
O fato de só ter conseguido obter respostas ao questionário por meio de uma
integrante do grupo que é trans feminina, demonstra que  há melhor aceitação pelo grupo
daqueles que são semelhantes e que o acesso desta população poderá ser facilitado quando
houver mais profissionais de saúde desse grupo em atendimento no SUS.  No entanto, devido
ao alto índice de evasão escolar (BENEVIDES e NOGUEIRA, 2021), é fundamental que essa
população se mantenha na escola, construa projetos de vida futuros, para que possam assumir
funções profissionais que exijam maior escolarização.
Para que ocorra melhor aproximação entre a população Trans e os profissionais de
saúde torna-se imprescindível a promoção de atividades em grupos educativos com foco,
principalmente na interação social, possibilitando dessa maneira à eliminação de barreiras e
desconstrução de preconceitos de ambas as partes.
REFERÊNCIAS

BRASIL, Ministério da Saúde. Transexualidade e Travestilidade na Saúde, Brasília - DF,


2015.

COSTA-VAL, Alexandre et al. O cuidado da população LGBT na perspectiva de


profissionais da Atenção Primária à Saúde.  Physis: Revista de Saúde Coletiva, Rio de
Janeiro, v. 32(2), e320207, 2022. 

BRASIL, Ministério  da  Saúde.  Política nacional de saúde integral de lésbicas, gays,
bissexuais, travesti e transexuais. 2013.

BENEVIDES, Bruna G.  & NOGUEIRA, Syonara Naider Bonfim (Orgs). Dossiê dos
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Expressão Popular, ANTRA, IBTE, 2021 136p. ISBN: 9786558910138E
SOUZA, Martha Helena Teixeira de et al. Violência e sofrimento social no itinerário de
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ANEXO A
ANEXO B - Assinatura Digital Usuário SUS
ANEXO C - Assinatura Digital Profissionais Da Saúde

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