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Palestra Dia da Mulher: Modéstia Cristã – Virtude de Princesa

Textos iniciais: “Sucedeu, pois, que ao terceiro dia Ester se vestiu com
trajes reais, e se pôs no pátio interior da casa do rei, defronte do aposento do
rei; e o rei estava assentado sobre o seu trono real, na casa real, defronte da
porta do aposento. E sucedeu que, vendo o rei a rainha Ester, que estava no
pátio, ela alcançou graça aos seus olhos; e o rei estendeu para Ester o cetro de
ouro, que tinha na sua mão, e Ester chegou, e tocou a ponta do cetro. Então o
rei lhe disse: Que é que queres, rainha Ester, ou qual é a tua petição? Até
metade do reino se te dará.” Ester 5:1-3

Abertura (resumo da história de Ester): Uma das minhas histórias


favoritas da Bíblia é a da rainha Ester, narrada no livro que tem o seu nome.
Filha de Abigail, da tribo de Benjamim, Ester morava com Mardoqueu ou
Mordecai, seu primo, funcionário do palácio de Xerxes I, o imperador persa que
na Bíblia leva o nome de Assuero. Quando Assuero rompe o seu casamento
com Vasti, a rainha, e a remove de seu título por desobediência um decreto
seu, os servidores do palácio foram encarregados de lhe apresentar
sucessoras. O imperador se casaria com aquela que lhe agradasse e a tornaria
rainha.
Naquele tempo, os hebreus eram seriamente perseguidos na Pérsia, a
mando de Hamã, ministro de Assuero. Com efeito, Assuero emitira um decreto
para que todos se curvassem, ajoelhassem e prestassem culto de adoração a
Hamã em sinal de respeito a seu ministro. Mardoqueu, primo de Ester, e um
dos funcionários de Assuero, recusou-se a cumprir o decreto pois, como
hebreu, só a Deus adoraria. Isso enfureceu Hamã, que conseguiu de Assuero a
ordem para exterminar os judeus por conta do crime de Mardoqueu.
É nesse contexto que Ester é escolhida como a mais bela de todas as
mulheres e Assuero a faz sua rainha. Ester, a nova imperatriz, pede ao seu
novo marido que salvasse seu povo. Assuero, com isso, descobre que o povo a
que Ester pertence é aquele a quem ele manda exterminar a instâncias de
Hamã, suspende a ordem e poupa os hebreus. Mais do que isso, Assuero
manda enforcar Hamã usando o mesmo instrumento que estava destinado a
Mardoqueu. Ademais, o imperador confere aos judeus o direito de se
defenderem caso sejam atacados pelos persas.
E isso ocorre exatamente na data planejada por Hamã para o extermínio
dos hebreus na Pérsia. Os judeus se revoltam e contra-atacam, sendo
vitoriosos. Desde então e até os dias de hoje, celebram o Purim, uma festa
anualmente em honra à sua salvação, feita pela Providência Divina, que se
usou de Ester e a colocou em uma posição privilegiada. Deus usou da beleza,
da feminilidade e da elegância de Ester para que conquistasse a simpatia de
Assuero e salvasse o Seu Povo Eleito.

Desenvolvimento: Embora não seja o assunto principal do livro - que é


a Providência -, sua leitura faz com que aprendamos com Ester a ser feminina
e elegante. Foi a elegância de Ester que propiciou a salvação do povo hebreu.
Deus quis se usar da elegância de Ester para manifestar o poder de Seu braço.
Vestir uma bela roupa, maquiar-se, estar alinhada, ter hábitos gentis e
uma aparente distinção nas formas e nas maneiras. Tudo isso é importante,
claro, mas nem sempre é realmente elegância. A verdadeira elegância externa
deve vir de dentro. O frasco bonito que não revela um conteúdo igualmente
bonito perde todo o seu sentido. É uma mentira, uma enganação, um produto
estragado e com uma mensagem falsificada. É preciso que todas as nossas
ações elegantes reflitam algo mais profundo. Apenas cuidar do exterior é
adornar uma personalidade vazia. O enfeite pode dar uma aparência de beleza
e elegância, mas logo isso se desfaz com a dura realidade.
Para alcançar essa elegância interior precisamos de tanto (ou até mais)
esforço quanto aquele desprendido para chegar à elegância exterior. Se nos
esmeramos para vestir algo bonito e agradável aos olhos, se há genuíno
empenho em observar as regras de etiqueta, se mesmo no dia mais triste
damos aquele gás para nos maquiar, também para sermos interiormente
elegantes é preciso um certo afinco.
De modo igual, é preciso que tenhamos vida interior. Ela começa no
relacionamento com Deus, mas passa pelo cultivo da imaginação, sobretudo a
imaginação moral, e a certeza de que temos uma missão a cumprir nessa vida
para ganharmos a próxima. E isso nos dá entusiasmo e alegria de viver.
“Não há beleza que seja atraente sem entusiasmo.” (Christian Dior) Se o
conhecido estilista disse isso para todas, mais vale o recado para mulheres
cristãs: até porque nosso entusiasmo tem uma inspiração maior que nos chega
pela graça de Deus. Estejamos abertas a ela, e a nossa beleza será atraente,
não para seduzir os homens pelo caminho do pecado, e sim para refletirmos o
quão bela é a criação do Senhor. Todos podem ser entusiasmados, mostrando
com a sua elegância externa a interna. Já os cristãos não apenas podem,
como têm uma obrigação.
O homem é alma unida a um corpo. Claro que a alma é mais importante,
claro que esta é a forma, claro que ela é que nos garante a semelhança com
Deus, e dela procedem os afetos e as intelecções. Não olvidemos, todavia, que
embora menos importante, o corpo é também criação de Deus. Negar isso é
cair na gnose, é achar que o corpo é maldito, é ruim. O corpo precisa
submeter-se à alma, mas não ser negado ou extinto. Até mesmo o Credo que
rezamos em todas as Missas diz que no fim do mundo haverá a ressurreição
da carne: não é só a alma que será salva, o corpo também. O homem
ressuscitado unirá sua alma salva ao corpo tornado glorioso. A busca da
santidade, questão profundamente interior, deve se manifestar no exterior,
também em nossas vestes, que passam sempre uma mensagem aos outros.
Salomão elogia, no Cântico dos Cânticos, a sua esposa. Ela é bela. Ela
é formosa. E isso o atrai. Não há nada de mal nisso. Se os homens não se
sentissem fisicamente atraídos pelas mulheres que consideram belas, não
haveria amor romântico nem casamentos. O erro é exaltar a beleza física
acima de outros atributos, notadamente os espirituais, não considerar que a
beleza ou a elegância é feia. A Bíblia nos conta que Sara, esposa de Abraão,
era bonita (cf. Gn 12,11). Ester e Vasti também eram. A Sulamita, amor de
Salomão, igualmente. Salomão chega a descrever suas minúcias no Cântico
dos Cânticos, como a beleza de suas faces, de suas pernas e até de seus
seios, tão inebriado estava com o amor daquela mulher.
Essa beleza física, esse arranjo das vestimentas, esse bom gosto na
escolha dos vestidos, esse cuidado ao se arrumar e se maquiar, esse porte,
essa elegância, essa formosura, devem estar a serviço da beleza interior, que
toda mulher preocupada em crescer moralmente deve ter. Mesmo quem não
teve um encontro pessoal com Cristo é, humanamente, chamada a viver essas
virtudes relacionadas à elegância da alma, à beleza interior. Os valores
perenes, aqueles eternos, que não passam, existem na natureza, não na
esfera da graça, e, pois, todas podem cultivá-los. As cristãs, todavia, por
reconhecerem a sua dignidade em face da criação por Deus e por terem sido
transformadas interiormente pela graça (cf. 2 Co 5,17), que nos dá uma
dignidade ainda mais excelsa, são vocacionadas, sobremaneira, a manifestar a
glória do Senhor por uma vida que seja interiormente bonita e que se expresse
igualmente no exterior.

Vídeo –

Portanto, sem exageros laxistas de “perua”, mas também sem aquele


falso moralismo e até escrúpulo de certas tendências rigoristas, se arrume.
Maquie-se, use um bom batom, faça suas unhas, coloque um perfume
agradável, e se ame bastante. Cuide de seu peso e de sua pele. Tenha um
brilho nos olhos. Desfaça a sua cara amarrada, trate seus cabelos, e vista uma
roupa bonita. Mostre que ser quem você é não é desculpa para andar
desleixada, e nem ter como prioridade o interior é motivo para não ligar para o
exterior.
Até porque o descuido a pretexto de piedade pode ser também vaidade.
Algumas podem se orgulhar de não dar bola para roupas, para maquiagem,
para elegância, e isso é vaidade. Achar-se superior às demais, como se fosse
a super espiritual, a tão angelical que nem mesmo se preocupa com o externo,
é uma forma de soberba.

Encerramento: Aprendamos de Ester que a elegância pode ser, sim,


um instrumento nas mãos de Deus. Talvez não para eventos grandiosos como
a salvação de um povo no primeiro Purim, mas ao menos para mais manifestar
a nossa condição feminina, ainda mais nesses dias de extremismos em que
vemos ao mesmo tempo exposição demasiada do corpo e negação da própria
beleza como se fosse futilidade.
Conhecer a história de Ester é tão importante para percebermos que a
beleza e a elegância também devem servir a Deus, também são "talentos",
como na parábola contada por Cristo, e que devem ser multiplicados.
Que a partir de hoje, nos assumamos como “princesas” de nosso lar.
Convido vocês a aplicarem a virtude cristã na forma de ser e falar como
verdadeiras “filhas do Rei” que somos!
Quem aceita o chamado para mudança de atitude a partir de hoje?

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