Você está na página 1de 14

A participação dos políticos pernambucanos

no processo de emancipação/abolição da
escravatura
Brasil = último país a abolir a escravidão

Luta contra o tráfico de escravos

1845 – Bill Aberdeen (Lei Inglesa)


1850 – Lei de Terras (maior poder aos proprietários)
1850 – Lei Eusébio de Queirós ( Fim do tráfico de escravos para o Brasil)*
1871 – Lei do Ventre Livre
1885- Lei dos Sexagenários
1888- Lei Áurea
*Os últimos 200 escravos trazidos para o país desembarcaram em
Pernambuco, em 1855
O movimento em defesa da liberdade dos negros escravos pode ser
dividido em três fases distintas, cada uma com sua importância. A
primeira delas, eminentemente literária, constou de um engajamento
intelectual principalmente no Nordeste brasileiro, com ênfase para
Pernambuco, tendo como maior expoente o poeta baiano Castro
Alves (1847-1871)

A partir de 1879, Joaquim Nabuco detonou uma movimentação


enorme de imediata repercussão social, em defesa da liberdade dos
cativos. A imprensa passava a ter, muito mais que antes, o papel de
tribuna permanente da discussão em torno da questão servil e da
abolição da escravatura
A terceira e última fase, voltada para a libertação dos escravos e para a
organização da sociedade pela via econômica do trabalho livre, tem
em Tobias Barreto a sua maior liderança. É nesta fase, como se verá
adiante, que a campanha abolicionista dilata seu alcance para uma
ampla crítica social na tentativa de levar o povo à consciência da
cidadania.
Em Recife, Tobias Barreto entra na última fase criadora de sua vida de
intelectual, como professor da Faculdade de Direito e como líder de
um movimento fecundo, de grande repercussão nacional, conhecido
sob a denominação de Escola do Recife.
Pernambuco estabelecia, no Nordeste, o compromisso engajado da sua
Faculdade de Direito, em contraponto ao descompromisso da
Faculdade de Direito de São Paulo, onde uma geração de poetas
abstraía a realidade de uma sociedade em formação para intimizar seus
sentimentos e suas perplexidades. Mais uma vez Pernambuco evoca
para si os vínculos com a nacionalidade, com as causas sociais, com o
futuro, desta feita tendo à frente a figura de Tobias Barreto.
Uma das figuras mais representativas foi a do pernambucano Joaquim
Nabuco. Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo (Recife, 19 de
agosto de 1849 — Washington, 17 de janeiro de 1910) foi um político,
diplomata, historiador, jurista, orador e jornalista formado pela
Faculdade de Direito. Foi um dos grandes diplomatas do Império do
Brasil (1822-1889), além de orador, poeta e memorialista. Além de “O
Abolicionismo”, “Minha Formação” figura como uma importante obra
de memórias, onde se percebe o paradoxo de quem foi educado por
uma família escravocrata, mas optou pela luta em favor dos escravos.
Nabuco diz sentir “saudade do escravo” pela generosidade deles, num
contraponto ao egoísmo do senhor. “A escravidão permanecerá por
muito tempo como a característica nacional do Brasil”, sentenciou.
Joaquim Nabuco se opôs de maneira veemente à escravidão, contra a
qual lutou tanto por meio de suas atividades políticas e quanto de
seus escritos. Fez campanha contra a escravidão na Câmara dos
Deputados em 1878 (não foi reeleito em 1882), e em legislaturas
posteriores, quando liderou a bancada abolicionista naquela Casa, e
fundou a Sociedade Antiescravidão Brasileira, sendo responsável,
em grande parte, pela abolição da escravidão no Brasil, em 1888.
Tobias Barreto, que apesar de não ser pernambucano, (era sergipano de
Campos do Rio Real), estudou Direito na Faculdade do Recife e se
transformou no principal teórico brasileiro à testa do movimento
renovador das idéias denominado de Escola do Recife, que ainda hoje
repercute no Brasil e em algumas partes do mundo civilizado. Tobias
Barreto de Menezes chegou ao Recife em 1862.

Como muitos poetas do seu tempo, Tobias Barreto também engajou a


sua poesia na defesa da liberdade dos negros. E o fez de três formas:
exaltando a morena, mestiça brasileira, deplorando a escravidão, de
forma explicita, e inflamando as massas em torno das idéias de
liberdade.
“Se Deus é quem deixa o mundo Sob o peso que o oprime,
Se ele consente o crime, Que se chama escravidão,
Para fazer homens livres, Para arrancá-los do abismo,
Existe um patriotismo Maior que a religião.

Se não lhe importa o escravo Que a seus pés queixas deponha,


Cobrindo assim de vergonha A face dos anjos seus,
Que em delírio inefável, Praticando a caridade
Nesta hora a mocidade Corrige o erro de Deus.”
(Tobias Barreto, A Escravidão, de 1868)
Outras personalidades, não pernambucanos, mas que estudaram na
Escola de Direito de Recife, também participaram ativamente na
campanha e no processo abolicionista: Plínio de Lima, Castro Alves, Rui
Barbosa, Aristides Spínola, Regueira Costa, entre outros. Juntos
fundaram uma associação abolicionista formada por alunos daquela
escola.
Na mesma turma de Joaquim Nabuco, forma-se outro abolicionista
pernambucano: José Mariano Carneiro, fundador do jornal
abolicionista A Província. Assim como Joaquim Nabuco, Barros
Sobrinho, João Ramos, Alfredo Pinto, Phaelante da Câmara, Vicente do
Café e Leonor Porto, José Mariano era membro da associação
emancipatória Clube do Cupim, fundado em 1884 (logo após a
abolição da escravidão no Ceará), que alforriava, defendia e protegia os
escravos.

Você também pode gostar