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O fluxo da

Proust e a Estética Simbolista


memória e
do tempo
Proust e o seu tempo (o cronológico)
Valentin Louis Georges Eugène Marcel Proust nasceu em 1871 e morreu em 1922. Era
filho de Jeanne Weil e Adrien Proust.
Família rica e abastada.
Chegou a fazer serviço militar, mas devido aos problemas de saúde não conseguiu fazer
carreira.
Passou a dedicar-se à escrita após os quarenta anos.
A la Recherche du Temps Perdu é sua principal obra.
Proust, sua mãe Jeanne e seu
irmão Robert

Devido aos problemas com a asma, a mãe o cercou


de cuidados excessivos na infância.

Estudou no Liceu Condorcet, entre 1882 e 1889, e


depois estudou direito e ciências políticas.

Colaborou no jornal do liceu, La Revue Lilas.

Frequentou os salões da sra. Émile Straus e da sra.


Madeleine Lemaire.
Proust publicou seus primeiros trabalhos literários nas revistas Le Banquet,
de que foi um dos fundadores, e Literatura et Critique, em 1892.

Estreou em livro em 1896 com Les Plaisirs et les jours. O livro foi prefaciado
pelo escritor Anatole France, com ilustrações de Madeleine Lemaire. Era
uma mistura de crônicas, contos, poemas em verso e prosa. É uma obra que
já mostrava algo do que seria a marca de Proust.

Para Fernando Py “Proust ainda não é o analista profundo que se revelará


depois. Está apenas tateando o assunto e a linguagem.” (PY, 2016).
A descoberta do ensaísta e esteta inglês John Ruskin foi
fundamental, pois Proust vai adquirir o gosto pelas
catedrais góticas e sua arquitetura simétrica será a base
de sua obra.
Entre 1905 e 1907, escreveu outro livro que também
ficou inacabado: Contre Sainte-Beuve.

Nesta obra, a análise se aprofunda, Proust já adquiriu o


sentido maior de sua obra, mas ainda falta-lhe um todo
coeso.

É em 1907 que inicia a sua obra máxima.

Ao que tudo indica, segundo Fernando Py:

“Deve ter trabalhado no romance de forma bem


exaustiva até 1911, quando possivelmente deu por
definitivo o primeiro volume da série, No caminho de
Swann.” (PY, 2016)
Proust e seu tempo (o literário)
Em Busca do Tempo Perdido é composto de sete volumes, sendo
realmente um monumento literário:

No caminho de Swann

À sombra das moças em flor

O caminho de Guermantes

Sodoma e Gomorra

A Prisioneira

A Fugitiva

O tempo recuperado
O fluxo da memória e o tempo

Para Fernando Py, tradutor da obra Em busca do tempo perdido, publicada


pela Nova Fronteira, os principais temas são o Tempo e a Memória. “(…)
Proust era um obcecado pelas questões relativas ao tempo. Preocupava-o o
passar dos anos que leva tudo de arrasto, modificando, transformando,
vencendo e extinguindo todos os sentimentos, as paixões, os amores, as ideias,
as opiniões e até os corpos.” (PY, 2016. p. 12)
Memória
A memória trabalhada em Proust não é, em absoluto, a memória produto da nossa
inteligência. Essa memória é “arquivo”.

A memória em Proust é aquela trabalhada nas sensações que experimentamos


outrora e não mais estão em nossa consciência.

São despertadas apenas de maneira involuntária, não dependem de nosso esforço


consciente de recordar.

Essa memória é afetiva.

Proust trabalha o inconsciente de maneira autoral, sem necessariamente ser


freudiano.
A persistência da memória…

A memória involuntária é a grande chave para recuperar o tempo


perdido.

O tempo não existe mais em nós, mas continua a viver oculto num sabor,
numa flor, numa árvore, num calçamento.

São os reencontros com essa maneira abstrata (e simbólica, ou até


afetiva) que dão a Proust a sensação de encontrar a eternidade.
Rosácea de Proust
Há uma constância de “idas e vindas” na obra Em busca do tempo
perdido”.

E esse estilo é uma “conquista árdua” do autor (PY, 2016. p. 15).

Os avanços e recuos alternados e simétricos é visto por estudiosos


como uma “rosácea de Proust”.

Em termos de estrutura narrativa, “o período proustiniano é


enorme e compacto (…) as frases de Proust têm uma construção
grandemente musical, num fluir redondo e harmonioso de vogais e
consoantes, trabalho de um ouvisse que conhecia como poucos o
material de que se utilizava, a língua francesa.” (PY, 2016. P. 15)
Proust, historiador dos amores?

Proust, que gostava de Baudelaire e Balzac e


fora tão influenciado por Flaubert, conseguiu ir
além de muitos outros grandes autores.

Edmund Wilson nos coloca um ponto muito


interessante da obra de Proust:
“Os romancistas franceses, da linha de Stendhal,
Flaubert e Anatole France, (…) diferem dele no
seguinte: aquela visão melancólica ou cínica da
humanidade, que adotam à primeira página, Proust
a ela chegou somente à custa de muito esforço e
protesto, e tal provação constituiu um dos temas de
seu livro; Proust jamais se reconciliou, como outros,
com a desilusão.” (WILSON, 1959)
“Proust talvez seja o último grande historiador
dos amores, da sociedade, da inteligência, da
diplomacia, da literatura e da arte da
“Heartbreak House” da cultura capitalista; e o
homenzinho de triste voz súplice, mente de
metafísico, nariz adunco de sarraceno, camisa de
gala mal trabalhada, e grandes olhos que parecem
ver tudo à volta, como os olhos multifacetados de
uma mosca, domina a cena e faz de anfitrião na
mansão onde não são mais será senhor.”
(WILSON, 1959. p. 136
Bibliografia
PROUST, Marcel. Em busca do tempo perdido, [recurso
eletrônico]: volumes 1,2 e 3; tradução Fernando Py - Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 2016.

CARPEAUX, Otto Maria. História da literatura ocidental,


volume I, volume II, volume III e volume IV /
Otto Maria Carpeaux. -- São Paulo : Leya, 2011.
WILSON, Edmund. O Castelo de Axel (estudo sobre a literatura
imaginativa de 1870 a 1930). São Paulo: Editora Cultrix, 1959.

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