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A Aia, de Eça de Queirós

1. A ação

 Introdução: os dois primeiros parágrafos (apresentação do rei, da rainha e do


filho; o rei parte para uma batalha e morre).

 Desenvolvimento: a partir do terceiro parágrafo até “[…] que valia uma


província.” (após a morte do rei, um tio entra no palácio para matar o príncipe
e apoderar-se do reino. Quando se apercebe da sua chegada, a aia troca de
berços o príncipe e o seu próprio filho. Desta forma, o tio leva o escravozinho.
Entretanto, guardas leais à rainha enfrentam o tio assassino e matam-no.
Quando a rainha percebe que a aia salvou o príncipe, deixou-a escolher o que
ela desejasse do tesouro real. A aia escolhe, então, um punhal).

 Conclusão: os três últimos parágrafos (a aia anuncia que vai dar de mamar ao
filho e suicida-se com o punhal).

Notas:
- As sequências narrativas organizam-se por encadeamento.

- A Aia é uma narrativa fechada, pois apresenta um desenlace claro.

2. As personagens

Neste conto, o importante é realçar comportamentos humanos, designadamente as


atitudes da aia, não sendo, pois, importante a individualização das personagens. A
ausência de nomes próprios reforça a intemporalidade da história.

 Personagem principal: a aia.


 Características físicas da aia: bela e robusta.
 Características psicológicas da aia: leal, carinhosa, “feliz na sua servidão”,
dedicada, segura, perspicaz, decidida, corajosa.

Notas:
- O retrato físico da aia é feito por um processo de caracterização direta,
através das palavras do narrador; já no retrato psicológico são usados os
processos de caracterização direta e indireta, pois algumas das informações
são deduzidas a partir do comportamento da personagem.

- A veneração da aia “aos seus senhores” é equiparada à devoção de um crente


a um deus (“[...] ela tinha a paixão, a religião dos seus senhores.”).

- Modo como a aia encarava a vida e a morte: “Pertencia, porém, a uma raça
que acredita que a vida da Terra se continua no Céu.”.

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- A aia mata-se porque acredita que o seu filho está no Céu; e, agora que
cumpriu o seu dever para com o príncipe e com o reino, vai tratar do seu filho.

 O tio era o pior dos adversários do principezinho: Ele desejava a morte do


principezinho (futuro rei) para poder ficar com o reino e tomar posse das suas
riquezas (“desejando só a realeza por causa dos seus tesouros”).

 Aspetos que aproximavam e distinguiam o principezinho e o escravozinho:


Aproximava-os o facto de terem nascido na mesma noite e serem
amamentados pela aia, dormindo lado a lado; separava-os o aspeto físico e a
condição social.

3. O tempo

- As referências temporais são imprecisas: “Era uma vez”, “A Lua cheia [...] começava a
minguar”, “havia anos”, “noite de verão”, “agora”, “uma noite”, “de madrugada”, “já
o Sol se erguia”, “subiam os primeiros raios do Sol”.

- As ações principais ocorrem durante a noite: A partida do rei para a guerra e o


anúncio da sua morte, o nascimento do príncipe e do escravo, o ataque ao palácio, a
troca das crianças, as mortes do filho da aia, do tio e da sua horda.

- A morte da aia, porém, ocorre quando “subiam os primeiros raios do Sol”. Assim, a
madrugada, neste contexto, poderá simbolizar o renascer, o recomeço, a esperança.

4. O espaço

- Espaços físicos: o palácio, o quarto das crianças e a sala do tesouro.

- Espaço social: corresponde ao ambiente da corte, onde vive a aia.

5. O narrador

- Narrador não participante (não participa na história como personagem; narração


feita na 3.ª pessoa).

- Narrador subjetivo (deixa transparecer alguma parcialidade em relação às


personagens): O emprego de adjetivos valorativos – “cobiças grosseiras” –, o uso de
diminutivos – “criancinha” – e de algumas figuras retóricas – “à maneira de um lobo
que, de atalaia, espera a presa”.

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6. Recursos expressivos

- “Era uma vez um rei, moço e valente […]” (Dupla adjetivação)

- “A rainha chorou magnificamente o rei. Chorou ainda desoladamente o esposo […].


Mas, sobretudo, chorou ansiosamente o pai […]” (Uso expressivo do advérbio com
valor de modo)

- “[…] vivia num castelo sobre os montes, com uma horda de rebeldes, à maneira de
um lobo que, de atalaia, espera a presa.” (Comparação)

- “Somente o berço de um era magnífico e de marfim entre brocados – e o berço do


outro pobre e de verga.” (Antítese)

- “Os olhos de ambos reluziam como pedras preciosas.” (Comparação e hipérbole)

- “[…] de face mais escura que a noite […]” (Comparação)

- “Mas ai! dor sem nome! […] Quem o salvara? Quem?...” (Interjeições e frases
exclamativas e interrogativas)

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