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Grupo II
Análise textual
No entanto, um grande temor enchia o palácio, onde agora reinava uma mulher entre
mulheres. O bastardo, o homem de rapina, que errava no cimo das serras, descera à planície com a sua
horda, e já através de casais e aldeias felizes ia deixando um sulco de matança e ruínas. As portas da
cidade tinham sido seguras com cadeias mais fortes. Nas atalaias ardiam lumes mais altos. Mas à
defesa faltava disciplina viril. Uma roca não governa como uma espada. Toda a nobreza fiel perecera
na grande batalha. E a rainha desventurosa apenas sabia correr a cada instante ao berço do seu
filhinho e chorar sobre ele a sua fraqueza de viúva. Só a ama leal parecia segura, como se os braços em
que estreitava o seu príncipe fossem muralhas de uma cidadela que nenhuma audácia pode transpor.
Ora uma noite, noite de silêncio e de escuridão, indo ela a adormecer, já despida, no seu catre,
entre os seus dois meninos, adivinhou, mais que sentiu, um curto rumor de ferro e de briga, longe, à
entrada dos vergéis reais. Embrulhada à pressa num pano, atirando os cabelos para trás, escutou
ansiosamente. Na terra areada, entre os jasmineiros, corriam passos pesados e rudes. Depois houve
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um gemido, um corpo tombando molemente, sobre lajes, como um fardo. Descerrou violentamente a
cortina. E além, ao fundo da galeria, avistou homens, um clarão de lanternas, brilhos de armas...
3. Classifica o narrador quanto à presença, justificando a tua resposta com duas expressões do texto.
(4%)
4. Faz a caracterização física e psicológica da personagem principal do conto. (Podes recorrer ao teu
conhecimento global do texto). (4%)
7. Identifica todas as personagens do excerto e classifica-as quanto ao relevo. Justifica a tua resposta.
(5%)
8. Explica, por palavras tuas, o sentido da frase: «Uma roca não governa como uma espada.» (6%)
Grupo III
Gramática
1. Nas atalaias ardiam lumes (…).
1.1. Analisa sintaticamente a frase. (5%)
1.2. Identifica o tempo e o modo do verbo. (3%)
4. As portas da cidade tinham sido seguras com cadeias mais fortes. Diz em que grau se encontra o adjetivo
“fortes”. (3%)
4.1. Reescreve a frase com o adjetivo “fortes” no grau superlativo absoluto analítico. (3%)
Grupo IV
Expressão escrita / escrita criativa
Relembrando o estudo que fizeste do conto “A Aia “ de Eça de Queirós, tece um comentário à
atitude final da Aia, tendo em conta os princípios que orientavam a sua vida, e os sentimentos que a
ligavam ao rei e ao pequeno príncipe.
Não te esqueças de estruturar bem o teu texto (introdução/desenvolvimento/conclusão), de
deixar clara a tua opinião e de RELER com atenção o que escreveste.
Escreve entre 120 e 180 palavras. (25%)
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SOLUÇÕES
I
1a 3b 5c 7a 9a 11a
2b 4a 6c 8a 10b 12a
II
1. No primeiro parágrafo, o narrador realça o medo que reinava no palácio, não só por ser
governado por uma mulher, mas também pela ameaça do tio bastardo; no segundo, destaca o
pressentimento de que algo de grave ia acontecer.
2. Temendo pela vida do pequeno príncipe, a aia trocou as crianças, colocando o príncipe no
berço de verga e o seu filho no berço de marfim.
2.1. Ao expor o seu filho à morte, a ama salva o pequeno príncipe e, consequentemente, o seu
reino do maléfico tio do príncipe.
2.2. Esta situação foi desencadeada pelo tio bastardo que, levado pela ganância e crueldade,
atacou o palácio com a intenção de matar o príncipe.
4. A aia, fisicamente, é uma mulher bela, robusta, de olhos brilhantes, que neste excerto está
“despida” e a seguir se embrulha num pano; psicologicamente, a aia é “leal” e ”segura”,
altruísta, corajosa e carinhosa para o seu filho e para o príncipe.
8. A roca está associada ao trabalho feminino, simbolizando, neste contexto, a mulher que
agora governava o reino, isto é, a rainha. Também pode ser associada ao brinquedo do
príncipe, simbolizando a sua fragilidade e impotência face aos seus inimigos.A espada, por seu
turno, é um símbolo da bravura e da virilidade, representando o rei que morrera. Através desta
comparação, o narrador pretende dizer-nos que a rainha não possuía as mesmas capacidades
governativas que o seu esposo, nomeadamente num momento crítico como aquele que então
se vivia no palácio, uma vez que o irmão bastardo do rei se preparava para o atacar, ou que o
príncipe, ainda bebé, seria incapaz de governar e defender o reino.
III
1.1. “Nas atalaias”- complemento oblíquo; “Nas atalaias ardiam”- predicado; “lumes”-
sujeito simples.
1.2. “ardiam” está no pretérito imperfeito do modo indicativo.
2.1. Um recurso expressivo é a comparação/a personificação.
3.1. Oração subordinada adverbial temporal.
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4. O adjetivo está no grau comparativo de superioridade.
4.1. As portas da cidade tinham sido seguras com cadeias muito fortes.
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