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Nome: David Souza Arruda

Matrícula: 201904006
Disciplina: DIREITO, VELOCIDADE E TECNOLOGIA

Resenha Crítica: “White Christmas” – Black Mirror

White Christmas, episódio da Black Mirror, original da Netflix, tem seu enredo ao
redor do conflito entre a comodidade proporcionada pela tecnologia e suas consequências
panópticas. Matt e Joe, personagens principais, são as responsáveis pela imersão do
telespectador à história ao conversarem através de suas lembranças. Em apertado resumo, o
episódio se separa em contos de natal misturados ao “misticismo tecnológico”. As narrativas
variam indo da perseguição virtual (stalker) para queima de arquivo, a fixação do consciente
humano a objetos, anteriormente inanimado, mas que dessa forma se automatização em um
processo de escravização neural do proprietário, um ótimo exemplo para se refletir sobre
onde começa a consciência humana e o que seria tortura. Não obstante a temática das redes
sociais, já muito abordado na série, o fenômeno do “Block” se transpassou à realidade.
Pessoas agora seriam capazes de bloquear de sua visão e sentidos aqueles os quais não se
sentissem confortáveis em dividir espaço. O que de certa forma é curioso sobre a perspectiva
do imediatismo sentimental, afinal seria mais fácil bloquear memorias, imagens e sons do que
lidar com a dor e o processo de estabilização emocional após sentimentos ruins.
É notório que que a tecnologia pode vir a ser utilizada para inquéritos policiais ou
auxiliar em uma conexão entre dados distintos onde, talvez, a mente humana demoraria ou
nem chegaria à conclusão mais correta. Todavia, uma ideia de julgamento automático e
constante (no sentido da expressa fiscalização de corpus) deve ser descartado de plano pela
sociedade e pelas autoridades eleitas. Para ilustrar, Psycho-Pass, uma animação japonesa
lançada em 2012, foi um dos primeiros enredos a explorar essa teoria de panóptico futurista.
Semelhantemente a alguns flashbacks da serie aqui tratada, o anime retrata uma sociedade
extremamente avançada tecnologicamente, onde o mundo virtual é tão material quanto a
realidade não virtual. Por advento dessa tecnologia, uma arma capaz de julgar as pessoas em
poucos segundos foi criada. Parece loucura, mas em menos de 5 segundos um dispositivo
letal pode ser ativado para eliminar qualquer ameaça a sociedade com base em um coeficiente
de tendencia futura criminal. Isso me assombra a beira da loucura, o trabalho físico e mental
de diversas pessoas, defesa, acusação, juiz e jurados é eliminado por uma ferramenta de
julgamento instantâneo. Não haveria recurso, nem ampla defesa nem contraditório e tal qual
o episódio White Christmas, uma estrutura de vigilância dos corpos, individualmente e do
coletiva, pelo Estado seria instaurada em massa.
Destarte, a crítica aqui construída se dá na importância do direito à privacidade, à
individualidade, à humanização dos processos de julgamento e um apelo ao uso inteligente
das máquinas tal qual ferramentas e não responsáveis pela atividade fim. Zelar pela não
terceirização da atividade intelectual e pelo não emburrecimento e submissão coletiva a um
padrão singular de pensamento e aprisionamento assim como o demonstrado nos exemplos
acima.

Referência Bibliográfica:

BROOKER, Charlie. Black Mirror: White Christmas.2014. Episódio de televisão. Produzido


por Annabel Jones, Barney Reisz, Charlie Brooker e Nick Pitt. Zeppotron. NETFLIX.

Hodgkins, Crystalyn (8 de março de 2019). «Psycho-Pass Anime Gets 3rd Season». Anime


News Network.

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