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Resumo: Os resumos devem conter de 150 a 200 palavras, espaço entre linhas simples e com
alinhamento justificado. Não devem conter citações e nem abreviações.
Palavras-chave: - Fornecer, após o resumo, de três a cinco palavras-chave (em português, inglês e
espanhol), com iniciais minúsculas e separadas com vírgula. Para utilizar descritores mais adequados,
consulte a lista de terminologias BVS-Psi que pode ser acessada pelo link:
www.bvs-psi.org.br/php/index.php. Obs.: Os termos “Palavras-chave”, “Keywords” e
“Palabras-clave” devem estar em Itálico.
Abstract:
Keywords:
Resumen:
Palabras-clave:
1 Introdução
Nesse sentido, a temática não é nova, contudo, segue atual: o luto e suas implicações
na vida social e psíquica do sujeito. Para além do senso comum, a discussão acerca do
assunto acontece nas mais diversas áreas do saber. Não sendo apenas do interesse da
Psicologia ou da Filosofia, o processo de luto interessa também às áreas da Sociologia,
Antropologia, Saúde, Política, e torna-se também um assunto importante para ser considerado
pela Psicanálise, sendo atrelada a uma forma de sofrimento contemporâneo.
Tendo em vista essa perspectiva apresentada por Freud, quando nos propomos a
discutir a respeito do luto dos familiares que lidam com o desaparecimento de um ente,
podemos pensar que podem existir as duas possibilidades de lidar com a perda: o luto ou a
melancolia. Em um ponto, os que sentem a perda de maneira paralisante, em outro ponto, os
que tentam de algum modo, fazer o trabalho de luto buscando o reconhecimento do seu lugar
de sofrimento, em alguns casos reivindicando-o socialmente por meio de movimentos sociais.
O contexto envolve um caso que tomou repercussão nacional: Entre 1989 e 1993
vários garotos foram mortos e/ou desapareceram no município de Altamira. Em comum, a
faixa etária e a situação de vulnerabilidade social. Os corpos que foram encontrados estavam
emasculados. Oficialmente seis corpos foram encontrados, três garotos sobreviveram e sete
desapareceram, porém essa contagem é incerta uma vez que há informações de garotos que
apesar de terem desaparecido, as queixas não foram registradas na delegacia por motivos
diversos (seja por descaso policial ou iniciativa da família). Essa pesquisa é então
direcionada no esforço para compreender o luto dos familiares dos garotos que
desapareceram, tendo em vista que foi negado a esses familiares os meios comuns para a
objetivação da morte que poderiam promover a convicção do fim da vida, seja a comunicação
da morte, o acesso ao corpo, e o ritual funerário.
Esses rituais de despedida frente a morte são determinados por aspectos culturais que
mudaram no decorrer da passagem dos séculos (Costa, 2019). Desde o período “a idade da
pedra” havia uma preocupação dos sobreviventes a respeito da responsabilidade de cuidar do
morto para que este pudesse fazer sua viagem ao outro mundo (Kellehear, 2016). Foi só a
partir do século XIX que os corpos dos mortos passaram a receber um tratamento diferente –
deixando de ser responsabilidade da Igreja para ser responsabilidade da família (Costa, 2019).
Passa-se a perceber a morte como uma ruptura que envolve diferentes encadeamentos desde
sociais, financeiros à emocionais (Kellehear, 2016).
A notícia da morte e a vivência dos rituais fúnebres são evidências concretas da perda
(Fustinoni & Caniato, 2019). Sendo a morte um destino certo, há também a necessidade
de dar destino ao corpo. Há variações desses rituais, significados e processo de enlutamento
que se adequam conforme a cultura de cada grupo social e a conjuntura da morte (Costa,
2019). O contexto cultural promove certos códigos culturais possíveis para a organização de
rituais fúnebres, que envolvem o modo como o corpo da pessoa falecida será tratado, as
homenagens e cerimônias de despedida e, ainda, a cremação ou enterro (Souza & Pontes,
2016). Essa ritualística social é fundamental no processo de elaboração do luto, colaborando
para a percepção simbólica da morte e a elaboração do luto. O luto significa um status de
memória para os mortos.
2 O contexto
3 Luto
O luto é um processo individual e cotidiano, um período de criar sentido para a
experiência da perda. O luto surge requerendo tempo e energia a partir da perda de uma
pessoa amada ou de uma abstração que ocupe esse lugar, como uma reação de grande
exigência psíquica (Freud, 1917/2010). É importante que esse processo ocorra de maneira
livre para ser vivido sem pressa.
Nos arquivos do Comitê, há pelo menos cinco garotos que constam como
desaparecidos (Lacerda, 2014). Para os familiares, eles não são apenas desaparecidos, uma
vez que o fato em si acontece em um período de violência e assassinato contra crianças, mas
também por estarem introduzidos em uma realidade de descompromisso dos órgãos que
seriam incumbidos de realizar as buscas (Lacerda, 2014).
5 Considerações Finais
Referências
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Fustinoni, C. F., & Caniato, A.. (2019). O luto dos familiares de desaparecidos na Ditadura
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