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 Luto silenciado e dificuldade do processo de elaboração

- o trabalho do luto moderno é uma tentativa de reconstrução de um mundo após a


experiencia de perda

- luto não autorizado

- o luto não está dado, ele pode acontecer

- A partir do século XIX, o luto passa a ser um canal de elaboração da perda. Essa noção
de luto como trabalho psicológico é correlato do surgimento da categoria de sujeito.

- ARIÉS ( O HOMEM DIANTE DA MORTE): Nossa forma de lidar com a molde é moldada
numa visão eurocêntrica e colonizada e a despeito da nossa religiosidade cristã.

SÉC 13: A MORTE SE FAZIA ANUNCIAR (EXPERIENCIA ANTECIPADA) – ARIES CHAMA DE


MORTE DOMADA – ERA DRAMÁTICA, MAS VIVIDA. UM EVENTO CONDENSADO NO TEMPO E
PODIA SENTIR E NÃO DURAVA MUITO – LUTO SELVAGEM. O HOMEM AQUI NÃO TINHA A
MEDICINA AVANÇADA, CLÍNICA, ALGO QUE DÊ CONTA DA MORTE EM SI. A MORTE ERA VIVIDA
COMO EXTERIORIDADE. EX: FIGURA DO CEIFEIRO

Até o século XVIII – Morte era pública

COM OS AVANÇOS, HÁ UMA ULTRAIQUIETAÇÃO DO HOMEM COM MEDO DE PERDER


O QUE TEM. Marcado pelo surgimento da arte macabra, associada com a temática da morte
numa tentativa de capturar a vida que escapa. Ocorre uma cisão CORPO e ALMA: o homem se
da conta que entre consciência e corpo há uma diferenciação. Na modernidade, quanto mais
se produz o conhecimento científico, mais o homem fica desamparado e perde o senso de
pertencimento. FERIDA NARCÍSICA.

SÉC. XIX: A MORTE SE TORNA SELVAGEM (no hospital, sozinho) E LUTO DOMADO (se
prolonga, é discreto e silencioso). Surgimento do Romantismo, a clínica que inscreve no
homem a potencialidade da morte, os avanços da medicina e do saneamento básico, noções
de epidemiologia – a morte vai se tornando distante. O homem sente a perda a espreita. A
melancolia começa aparecer e a percepção de si mesmo muda. O luto na Idade Média era
social e não expressão individual pois não existia a noção de indivíduo, era a expressão de uma
comunidade voltada para a morte, ele não tinha função de código ou de rito como atualmente,
ele era um movimento de catarse, só vira luto quando a morte se torna selvagem.

Assim como pontua Áries (referência), nossa forma de lidar com a morte e o luto é
moldada a partir de uma visão eurocêntrica e colonizada, baseada na tradição
cristã. A partir disso, Aries elabora toda uma historicização de como a morte e o
luto se expressam nas diferentes épocas até a concepção moderna. A partir do
surgimento da categoria de sujeito, o luto passa a assumir uma dimensão de
trabalho psíquico, um canal de elaboração da perda e passa a ser cada vez mais
individualizado, silenciado e domado. O individuo (falar como o luto é silenciado e
individualizado).

Àries elabora todo um trabalho voltado para a historicização da morte e do luto


desde a Idade Média até a concepção moderna. É justamente a partir do
surgimento da categoria de sujeito, que o luto passa a ser um canal de elaboração
da perda e como pontua Freud (REFERENCIA), um trabalho psíquico. O que se
propõe nesse trabalho é realizar apontamentos acerca da existência de uma
“hierarquização do luto” a partir

Butler coloca a existência de uma hierarquização do luto, na qual apenas algumas


vidas são passiveis do enlutamento a partir de uma ideia de quem pode ser
considerado humano ou não. Dessa forma, como pensar a população preta
marcada pelo racismo, hiper

- LUTO PUBLICO: QUEM TEM DIREITO?

- NÃO RECONHECIMENTO DESSAS MORTES COMO UMA PERDA A SER


CONSIDERADA. “FALHA DO RECONHECIMENTO” IMPOSTA ATRAVÉS DE UMA
IDENTIFICAÇÃO COM AQUELES QUE SE IDENTIFICAM COM OS AUTORES DESSA
VIOLÊNCIA (P. 57).
- BUTLER (P 54) FALA QUE A NÍVEL DO DISCURSO, CERTAS VIDAS NÃO SÃO
CONSIDERADAS VIDAS E NÃO PODEM SER HUMANIZADAS ASSIM COMO NÃO SÃO
DIGNAS DE UM TRABALHO DE LUTO E ASSIM NÃO SE CONFIGURA ENQUANTO
VIDA.

Apesar de tratar algo que constituído no social e, em muitos aspectos, o luto ser
considerado algo pessoal, como pensar o luto a partir de um recorte de gênero e
em um aspecto social? Como pensar na experiencia de pessoas pretas que
constantemente veem pessoas sendo mortas tendo como incisivo o fator racial?
Ou então todo o apagamento de suas raízes e culturas?

- Arias analisa atitudes diante da morte desde a Idade Média

- A hiperexposição continuada às mortes

- Risco da própria morte

- Perca das referências históricas e culturais

- A negação do racismo através do mito da democracia racial que invalida o sofrer

- O que é o luto?

- DISCUSSÃO DO LUTO NA POPULAÇÃO NEGRA

- invalidação na teoria

Não se põe em discussão, por exemplo, o necessário manejo clínico das


repercussões das perdas provocadas pelas violências cotidianas e previsíveis para a
população negra nas zonas urbanas, como: a impossibilidade ou risco de transitar
em diferentes territórios, a infância em trabalhos domésticos, a adultização e
sexualização precoce, os elevados números de casos de suicídio entre
adolescentes e jovens negros (BRASIL, 2018), as humilhações continuadas em
ambiente escolar, o terror das chacinas e mortes diárias provocadas por operações
policiais. Não se consideram como desastres, por exemplo, o desabamento de
casas e soterramentos em áreas periféricas ou incêndios intencionalmente
produzidos para consumir comunidades localizadas em áreas de alto valor
imobiliário.
experimentar múltiplas perdas significativas que geram sofrimento intenso, mas
que não são reconhecidas ou validadas socialmente, é parte fundamental da
construção de uma identidade racial subalterna historicamente associada aos
negros.

Ao entendermos “negro” como uma categoria sociológica referente àqueles cujo


fenótipo é um marcador da possibilidade de ser violentado numa sociedade
racista, entendemos que a manutenção desta organização social está diretamente
relacionada à exposição contínua a perdas significativas e desamparo, para que
este lugar social seja ratificado.

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