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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

PSICOLOGIA E PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADE

DISCENTE: JHÉSSICA RODRIGUES BARROZO

ATIVIDADE ASSÍNCRONA 1:

Em entrevista, no vídeo intitulado “Subjetividade Contemporânea: Crise da


Identidade Moderna”, Suely Rolnik pontua uma crise da noção de identidade na
Modernidade e não uma crise de uma identidade específica. Segundo ela, o sujeito é
apenas uma parte da identidade subjetiva e não a própria identidade, como muitas
vezes confundem. Assim, a subjetividade possui múltiplas experiencias, dentre elas,
uma específica que faz parte desse problema intitulado de Crise da Identidade
Moderna.

Nós, enquanto seres culturais, estamos imersos em valores e crenças, de forma


que vamos lidando com nossa percepção através do enquadramento em nosso
repertório de mundo, conhecido e passado por gerações. Rolnik, a fim de trazer sobre
as experiencias da subjetividade diferente da percepção, nos diz sobre o mundo
enquanto um corpo vivo, forças que estão em movimento e que nos atingem e nos
afetam causando um estado real, estado esse que não tem palavra, gesto ou imagem
capaz de enquadrar em nosso repertório, porém estão ali.

Essa experiencia estaria obstruída no modo de subjetividade moderna e Rolnik


nomeia de AFECTO. Ela cria um germe de mundo e causa um estranhamento, a
subjetividade fica tomada por um mal-estar diferente da angústia, se vê
desestabilizada e gera um desconforto. Tomado por esse processo, ela convoca ao
desejo como um alarme para agir, para recobrar um equilíbrio. Nesse ponto, podemos
diferenciar as políticas de subjetividade e desejo.

Quando o sujeito está habitado pela experiencia de percepção e do afecto, o


desejo se conecta com coisas, ideias, imagens e vai criando algo que não existia para
que essa germinação faça parte de sua realidade, o que tem por efeito um
deslocamento. A bússola que orienta o desejo, nesse caso, é uma bússola ética, na
qual a agulha aponta para vida que não tem imagem e conteúdo. A vida é processo de
diferenciação e criação contínua.
Na cultura moderna ocidental, estando obstruída o acesso aos afectos e
tomado por esse estranho familiar, como o desejo vai se orientar? O sujeito vai ter
que dar conta disso. O que, segundo Rolnik, gera um lugar de desagregação de
mundo, pois para o sujeito existe apenas seu mundo e se esse é abalado, vem essa
experiencia. Ele encontra várias formas de lidar com isso, mas pode ser por via da
culpa ou crendo ter uma causa orgânica e por isso o consumo dos remédios tarja
preta, na tentativa de repor o que falta. O efeito disso é a manutenção do status quo, o
que está orientando esse desejo é moral e não ética.

ATIVIDADE ASSÍNCRONA 2

O vídeo, “A Revolução Molecular e a Esquizoanálise”, traz a ideia central


sobre a Revolução Molecular ser uma micropolítica e uma práxis, enquanto a
Esquizoanálise seria a cartografia desse processo, um mapa vivo daquilo que se
entende como agenciamento dos desejos e relações. Os entrevistados dão um
panorama sobre suas experiências e como essa práxis pode ser desenvolvida,
principalmente pensando no contexto brasileiro que vivemos, onde acompanhamos
uma expansão de ideias fascistas, responsáveis por produzir subjetividades e ações de
violência e opressão contra grupos minoritários.

Essa práxis seria sobretudo social, a partir do desejo molecular, das potencias
moleculares que criam coletivos, entendendo como esse desejo e o corpo produzem
conexão. E trazer isso para a realidade, falar do contexto social que vivemos seria
entender que mecanismos, instituições e de que forma os desejos estão sendo
capturados para se produzir subjetividades. Pedro Paulo Rocha fala sobre esse
momento de crescimento do fascismo e que vivemos uma Revolução Molecular, na
qual as novas forças coletivas terão que entrar em ressonância. Utiliza a ideia de
Guattari sobre “devir minoritário”: os “devires” negros, povos originários, das
mulheres, crianças e todas essas forças que são massacradas desde o colonialismo.

Segundo Mônica Silva, a Esquizoanálise surgiu como militância e a


Revolução Molecular pode se dar de forma arcaica ou progressista, estamos nesse
momento arcaico, do apelo ao conservadorismo. Essa militância está voltada para os
analisadores dos processos de produção de subjetividade, padronização e
agenciamento de comportamentos, feitos sobretudo pela grande mídia, ferramenta de
manipulação. Por isso, se faz de extrema importância pensar os agenciamentos
coletivos: como as mentes e os desejos estão sendo manipulados?

A partir do vídeo, podemos pensar sobre como a Esquizoanálise pode fazer


frente a esse momento retrogrado que vivemos no Brasil. Servir de base para pensar
projetos políticos de pesquisa, de levante dos “devires” minoritários e de apropriação
dos meios de agenciamento dos corpos, no sentido de mobilizar os desejos,
potencializar a vida e não o inverso, como temos caminhado. Caminhar para uma
Revolução Molecular que seja progressista.

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