Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Religiosa, p u b l i c a d a e m 1 9 1 2 ,
p e rte n c e ao c o n ju n to dos g ra n -
orm.as E l e m e n t a r ê
, " o ;l-
des te x to s
p o lo g ia
fu n d a d o re s
re lig io s a . N essa
da a n tro -
o b ra
da Vida Religiosa D u rk h e im
rig o ro s o das
se re v e la
fo rm a s
um
de
a n a lis ta
re lig io s i-
dos ritu a is e s is te m a s de c re n ç a s
a rc a rc a s, m as s o b re tu d o um filó -
so fo in s p ira d o c u ja s a firm a ç õ e s
d e m o n s tra m um a g ra n d e a c u i-
dade in te le c tu a l e m a n tê m um a
im p re s s io n a n te a tu a lid a d e .
época que c o n s id e ra v a os fe n ô -
hom ei ib e rta v a m d e s e n v o l-
vend~ • .. éus c o n h e c im e n to s ,
bases e s s e n c ia is d a s o c ia lid a d e .
Michel Maffesoli
91D863f.Pn
Autor: DUl'kholm, 8mll ..., -
I BIBLIOTECAS DA PUCMINAS
BELO HORIZONTE
IN T R O D U Ç Ã O
'/'I/II/ti XWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
til'//iIIlCl/:W S F O R M E S É L É M E N T A IR E S D E L A V /E R E L IG /E U S E 2
'opyrlghl ~ L iv r a r ia M a r tin s F o n te s E d ito r a L td a ., O B JE T O D if\PESQ O IS~(' "':0 I
qponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
S O a P a u lo , 1996, p a r a a p r e s e n te e d iç ã o
S o c io lo g ia r e lig io s a e te o r ia d o c o n h e c im e n to
l ' ed ição
j u l h o d e /9 9 6
T rad u ção
P a u lo N e v e s
R ev isão d a trad u ção
E duardo B randão
R ev isão g ráfica
S a n d r a R o d r ig u e s G a r c ia
E lv ir a d a R o c h a K u r a ta
P ro d u ção g ráfica
G e r a ld o A lv e s
P ag in ação
S tu d io 3 D e s e n v o lv im e n to E d ito r ia l
d e te rm in a ç ã o
p a ra essa
do
O ra , c o n c e b e -se
s é rie
p o n to
de
de
e x p lic a ç õ e s
p a rtid a
sem
do
d ifi-
p ro -
qual
'r la re lig iã o
é a re lig iã o
to d a s as épocas,
p a rtic u la r,
de um a
te n to u
im p o rta
m a n e ira
a in d a
g e ra l.
a c u rio s id a d e
m a is
dos
e x a m in a r
É o p ro b le m a
filó s o fo s ,
que,
o que
em
e não
., ,
e la s d e p e n d e m . E ra u m p rin c íp io c a rte s ia n o que, no enca- sem ra z ã o , p o is e le in te re s s a à h u m a n id a d e in te ira . In fe -
d e a m e n to d a s v e rd a d e s c ie n tífic a s , o p rim e iro e lo desem - liz m e n te , o m é to d o que e le s c o s tu m a m e m p re g a r p a ra re -
- penha um papel p re p o n d e ra n te . C la ro que não s e tra ta de o lv ê -lo é p u ra m e n te d ia lé tic o : lim ita m -s e a a n a lis a r a
c o lo c a r na base d a c iê n c ia d a s re lig iõ e s um a noção e la b o - id é ia que fa z e m da re lig iã o , quando m u ito ilu s tra n d o os
x AS FORMAS ELEMENTARES DA VIDA RELIGIOSAZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
OBJETO DA PESQUISA Xl
re s u lta d o s dessa a n á lis e com e x e m p lo s to m a d o s das re li- d o s fié is ; c o n fo rm e os hom ens, o s m e io s , a s c irc u n s tâ n c ia s ,
g iõ e s q u e re a liz a m m e lh o r seu id e a l. M as, se esse m é to d o ta n to a s c re n ç a s com o o s rito s s ã o e x p e rim e n ta d o s d e fo r-
deve ser abandonado, o p ro b le m a p e rm a n e c e de pé e o m as d ife re n te s . A q u i, s ã o s a c e rd o te s , a li, m o n g e s , a lh u re s ,
g ra n d e s e rv iç o que a filo s o fia p re s to u fo i im p e d ir que e le le ig o s ; há m ís tic o s e ra c ío n a lís ta s , te ó lo g o s e p ro fe ta s , e te .
fo sse p re s c rito p e lo desdém dos e ru d ito s . O ra , ta l p ro b le - Em ta is c o n d iç õ e s , é d ifíc il p e rc e b e r o que é com um a to -
'1 ;
,m a pode s e r re to m a d o por o u tra s v ia s . C om o to d a s a s re - dos. C la ro que se pode e n c o n tra r o m e io de e s tu d a r p ro -
lig iõ e s são c o m p a rá v e is , e com o to d a s são e s p é c ie s de v e ito s a m e n te , a tra v é s de um ou o u tro desses s is te m a s , es-
um m esm o g ê n e ro , há n e c e s s a ria m e n te e le m e n to s essen- te ou a q u e le fa to p a rtic u la r que n e le s se acha e s p e c ia l-
c ia is que lh e s são com uns. C om is s o , não nos re fe rim o s m e n te d e s e n v o lv id o , com o o s a c rifíc io ou o p ro fe tis m o , a
s im p le s m e n te aos c a ra c te re s e x te rio re s e v is ív e is que to - . v id a m o n á s tic a ou os m is té rio s ; m as com o d e s c o b rir O
p e n s á v e l, à q u ilo sem o que não p o d e ria haver re lig iã o . fa z ia c o rre n te m e n te da v id a . C om o nos se re s m u ito s im -
a c im a d e tu d o n o s im p o rta c o n h e c e r. m e n te podem s e r ig n o ra d o s .
A s c iv iliz a ç õ e s p rim itiv a s c o n s titu e m , p o rta n to , casos ..M a s a s r e lig iõ e s p rim itiv a s não p e rm ite m apenas des-
sabem os, ao c o n trá rio , que o p a re n te s c o não p o d e ria ser o rig in a l e a s u b s titu í-lo por o u tro s , a tra v é s dos q u a is é d i-
g iõ e s m o d e rn a s; não o b s ta n te , e la s n o s a ju d a rã o a m e lh o r te O J .~ f iz e r a m su a o b ra : so b re p u se ra m a o s s e n tim e n to s
o desdém que m u ito s h is to ria d o re s c o n se rv a m a in d a pe- dos aos p rim e iro s , dos q u a is são a fo rm a e la b o ra d a , só
lo s tra b a lh o s dos e tn ó g ra fo s . É c e rto , ao c o n trá rio , que a im p e rfe ita m e n te d e ix a m tra n s p a re c e r sua n a tu re z a v e rd a -
U
te ria s id o in fe ri-Ia s c o m b a s e n a s im p le s c o n s id e ra ç ã o
re lig iõ e s m a is d e s e n v o lv id a s .
O e s tu d o q u e e m p re e n d e m o s é , p o rta n to , um a m a-
das e x p lic a d a s a s n o v id a d e s d e to d o tip o q u e s e p ro d u z ira m
n a s e q ü ê n c ia d a e v o lu ç ã o . M a s , s e n ã o p e n s a m o s e m n e -
g a r a im p o rtâ n c ia d o s p ro b le m a s q u e e la s c o lo c a m , ju lg a -
n e ira e re to m a r, m a s e m c o n i - ~ ltrc > fõ - m o s q u e ta is p ro b le m a s g a n h a m e m s e r tra ta d o s n a s u a
b le ~ d a s re rrg i~ - e , p o r o rig e m , e n te n d e -s e d e v id a h o ra , e q u e h á in te re s s e e m a b o rd á -I o s s o m e n te
m p rim e írõ co a , p o r c e rto a q u e s tã o n a d a d e p o is d a q u e le s c u jo e s tu d o ire m o s e m p re e n d e r.
e ie n tífic a e deve s e r re s o lu ta m e n te d e s c a rta d a /
N ã o h á u m m s a n te ra d ic a l e m q u e a re 1 íã :t)re rr~ e -
~
ç a d o a e x is tir, e n ã o s e tra ta d e e n c o n tra r u m e x p e d ie n te II
q u e n o s p e rm ita tra n s p o rta r-n o s a e le e m p e n s a m e n to .
C o m o to d a in s titu iç ã o h u m a n a , a re lig iã o n ã o c o m e ç a e m . M a s n o s s a p e s q u is a n ã o in te re s s a a p e n a s à c iê n c ia 1, ).!...E
p a rte a lg 1 u n a -:A s s im , to d a s a s " 'ê S p 'e ê iila ç õ e s d e s s e g ê n e ro d a s re lig iõ e s . T o d a re lig iã o , c o m e fe ito , te m u m la d o p e lo j f'f.L
s ã o ju s ta m e n te d e s a c re d ita d a s ; 's ó p o d e m c o n s is tir em q u a l v a i a lé m d o c írc u lo d a s id é ia s p ro p ria m e n te re lig io - 1::'"
c o n s tru ç õ e s s u b je tiv a s e a rb itrá ria s q u e n ã o c o m p o rta m s a s e , s e n d o a s s im , o e s tu d o d o s fe n ô m e n o s re lig io s O s 'l V'
c o n tro le d e e s p é c ie a lg u m a . B e m d ife re n te é o p ro b le m a fo rn e c e u m m e io d e re n o v a r p ro b le m a s g u e a té a g o ra s ó
que c o lo c a m o s . G o s ta ría m o s d e e n c o n tra r um m e io de ." fo ra m d e b a tid o s e n tre filó s o fo s . .
d is c e rn ir a s c a u s a s , s e m p re p re s e n te s , de que dependem H á m u ito s e s a b e q u e ~ t? rim e i!:p s s is te m a ~ ~ e re p re -
a s fo rm a s m a is e s s e n c ia is d o p e n s a m e n to e d a p rá tic a re li- s e n ta ç õ e s q u e o h o m e m p ro d u z iu d o m u n d o e desí p ró -
g io s a . O ra , p e la s ra z õ e s q u e a c a b a m d e s e r e x p o s ta s , e s - 1 2 rio s ã o d e o n g e rriT e T íg io s a :'" 'N [o h i re IT g iã o q u e n ã o s e ja -
s a s c a u s a s s ã o m a is fa c ilm e n te o b s e rv á v e is q u a n d o a s s o - j.'u m a c o s m o lo g ia a o m e S riiõ re m p o q u e u m a e s p e c u la ç ã o ,
c ie d a d e s e m q u e a s o b s e rv a m o s são m enos c o m p lic a d a s . , -fN.·vI s o b re o d iv in o ) S e a filo s o h a e a s c ie n c ia s n a s c e ra m d a re -
E is p o r q u e buscam os nos a p ro x im a r d a s o rig e n s> . ~ ~ ~ o "~ t ,Ilig iã o , é .~ u ~ a p ró p r~ a re l~ g iã o c o m e ç < ,:lUp o r fa z e r a s v e ~
g u e p re te n d a m o s a trib u ir à s re lig iÔ .e s in fe rio re s v irtu d 9 ~\''', ~ ....vLzes d e c ie n c ia s e d e filo s o fia s M a s o q u e fo im e n o s n o ta d o
p a rtic u la r~ s . P e lo c o n trá rio , e la s s ã o ru d im e n ta re s e g ro s - ,/\ O U é q u e e la n ã o s e lim ito u a e n riq u e c e r com um c e rto n ú :-
s e ira s ; ~ o é à cáSo, p o rta n to , d e fa z e r d e la s m o d e lo s que ~\\J]'\\)~ o ,~ e s p -írito h u m ~ o p ~ e v ia m e n te fo r~ -
a s re lig iõ e s p o s te rio re s a p e n a s te ria m re p ro d u z id o . M as. . \' \ ~ ; t;ttm b é m ~ n trib u iu ~~s ho-
s e u p ró p rio a s p e c to g ro s s e iro a s to rn a in s tru tiv a s , p o is , m e n s n ã o lh e d e v e m a p e n a s ;e p :iIte n o tá v e l, a m a fé ria
d e s te
q~s
m odo, e la s c o n s titu e m .e x p e riê n c ia s
fª-!Q s -W t!is re la ç Q .e ~ s _ :1 offiã i§ fá c e is d e ~
côm odas em
C " .5 le s e u s c o .,g h e c im e n to s , Illi!S -Í.g )J a lm e n te~ fo rm a S e g U n d o
v ~ e s s g s ...c .o n lli:.d m ~
O fís ic o , p a ra d e s c o b rir a s le is d o s fe n ô m e n o s q u e e s tu d a , . N a ra iz d e n o s s o s ju lg a m e n to s , h á u m c e rto n ú m e ro
p ro c u ra s im p lific a r esses ú ltim o s , d e s e m b a ra ç á -lo s de d e n o ç S '> e se s s e n c ia is q u e d o m in a m to d a a n o s s a v id a in -
s e u s c a ra c te re s s e c u n d á rio s . N o q u e c o n c e rn e à s in s titu i- te le c tu a l; s ã o a q u e la s que o s filó s o fo s , d e s d e A ristó te le s,
XVI AS FORMAS ELEMENTARES DA VIDA RELIGIOSA OBJETO DA PESQUISA X V II
>
g iã o é u m a c O is a e m in e n te m e n te s o c ia l. A s re p re s e n ta ç õ .e s \ro r to d o s o s h o m e n s d e u m a m e s m a c iv iliz a ç ã o . A p e n a s
onmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
re lig io s a s s ã o re p re s e n ta ç õ e s . c ,? le tiv a s Q u e e x p rim e m re a - IS S Ojá é s u fic ie n te p a ra fa z e r e n tre v e r q u e u m a ta l ))fg a n i-
Jtt\I(E :1
lid a d e s c ô lê tiv a s j o s rito s s ã o m a n e ira s d ~ g !.u ;IJ le s ó s u r- zação d e v e s e r ç Q le tiv 3 fE , d e fa to , ~ o b s e rv a ç ã o e s tà b ~ -
g e m n o in te rio r d e g ru p o s c o o rd e n a d o s e s e d e s tin a m a ~ S :,.e~ le e s s e s p o n to s d e re fe rê n c ia J n d J _ s ~ s á v ~ , e m re la -
i!s c ita r. m a n te r o u re fa z e r a lg u n s eÚ âdQ s ;;;;;;:n :ta iS 2 ê s s e s 'Í ~~~ { ção a o s q u a ls .t'º-,-Ias. a s Ç ,q J s ~ ,s
\s e la ~ s ~ f,i~ e m B o ra lm e r.t
g O m o s . M a § , e n tã Q , s e a s c a te g ~ rja s s ã o d ~ o ...tig ~ m r~ lig io - Y ,/ r te ,-m ro -to m a d o s da vJela s o c ia l. :A s d iv isõ e s e m d ia s , s e m a -
a , e la s d e v e m a rtic ip a r d a n a tu re z a com um a to d o os' ~ a s , m e s e s , a n o s , c tc ., e o rre s p o n d e m à p e rio d ic id a d e d o s
fa to s re l.i~ ta m e m e a s d e v e m s e r c o is a s s o c ia is , rito s , d a s fe s ta s , d a s c e rim ô n ia s p ó b lícas> . U m c a le n d á rio
p .r.o d u to s d o p e n s a m e n to c o le .tiy o . C o m o , " n o e s ta d o a tu a l
d e n o s s o s c o n h e c im e n to s d e s s e s a s s u n to s , d e v e m o s e v ita r
)~r\ e x p rim e o ritm o d a : a tiv id a d e c o le tiv ;a , a .? m e s m s te p 2 .Q
q u e te m p o r fu n ç ã o a s s e g u ra r s u a re g u la rid a d e 6 J
to d ã te s e ra d ic a l e e x c lu s iv a , p e lo m e n o s é le g ítim o s u p o r I O m e s m o a c o n te c e -c o m o ~ ç o . C o m o d e m o n s tro u
q u e s e ja m ric a s e m e le m e n to s s o c ia is .. H a m e lin " , o e s p a ç o n ã o é e s s e m e io v a g o e in d e te rm in a -
A liá s , é o q u e s e p o d e , desde já , e n tre v e r p a ra a lg u - d o q u e K a n t h a v ia im a g in a d o : p u ra m e n te e a b s o lu ta m e n -
m a s d e la s . Q u e s e te n te , p o r e x e m p lo , im a g in a r o q u e s e - t te h o m o g ê n e o , e le n ã o s e rv iria p a ra n a d a e s e q u e r d a ria
ria a n o ç ã o d e te m p o , se puséssem os d e la d o o s p ro c e d i- n s e jo a o p e n s a m e n to . A re p re s e n ta ç ã o e s p a c ia l c o n s is te
m e n to s 'p e lo s q u a is o d iv id im o s , o m e d im o s , o e x p rim i- sse n c ía lm e n te n u rn a p rim e ira c o o rd e n a ç ã o in tro d u z id a
X V III AS FORMAS ELEMENTARES DA VIDA RELIGIOSA OBJETO DA PESQUISA X IX
"
xx A S F O R M A S E L E M E N T A R E S D A V ID A R E L IG IO S A
O B J E T O D A P E S Q U IS A XXI
:) ,,/( l
a ~ . é re d u z ir a u n iv e rs a lid a d e e a n e c e s s id a d e q u e a c a ra c te ri-
§as s ã o FEDCBA
ª - 1 2 r i o 1 ; i . p a ra o u tro s , a o c o n trá rio , e la s s e ria m
rt
'/. " .~ z a m a s e re m a p e n a s ~ a s a p a r~ ~ ilu s õ e s q u e , n a P li- .
c o n s tru íd a s , fe ita s de peças e pedaços, e o in d iv íd u o '
PC) or«<0fJ tic a , p o d e m s e r c õ m o a s , m a s q u e a n a a a c o rre s p o n d e m \
q u e s e ria o o p e rá rio d e s s a c o n s tru ç ã o » . } '\ r JU ,Ü fo ~ a s c o is a s ;)c o n s e q ü e n te m e n te ,\é re c u s a r to d a re a lid a d e '
..
M a s a m b a s a s s o lu ç õ e s le v a n ta m g ra v e s d ific u ld a d e s . ,o '
6 1 íl~ p b je tiv a ~ id a ló g ic a u e a s c a te g o riã s fê m p o r fu n ç ã o re - }
'1
A d o ta re m o s a te s e e m p iris ta ? E n tã o , c u m p re re tira r 1 .;:0 / v \ .g..ul e r e =0 rg 9 J llz a r. 9 e m p iris m c aSS1 o n d u z a o irra c io -
d a s c a te g o ria s to d a s a s s u a s p ro p rie d a d e s c a ra c te rís tic a s . '~.
(,./V t'ía lis m o ; ta lv e z a té s e ja p o r e s s e ú ltim o n o m e q u e c o n v e -
C o m e fe ito , e la s s e d is tin g u e m d e to d o s o s o u tro s c o n h e - J \ n h a d e s ig n á -lo .
c im e n to s p o r s u a u n iv e rs a lid a d e e s u a n e c e s s id a d e . E la s O s a p rio ris ta s , apesar d o s e n tid o o rd in a ria m e n te as-
s ã o o s c o n c e ito s m a is g e ra is q u e e x is te m , já q u e s e a p li- s o c ia d o à s d e n o m in a ç õ e s , s ã o m a is re s p e ito s o s c o m o s fa -
c a m a to d o o re a l e , m e s m o n ã o e s ta n d o lig a d a s a a lg u m to s . J á q u e n ã o a d m ite m c o m o v e rd a d e e v id e n te que as
o b je to p a rtic u la r, s ã o in d e p e n d e n te s d e to d o s u je ito in d i- c a te g o ria s s ã o fe ita s d o s m e s m o s e le m e n to s que nossas
v id u a l: s ã o o lu g a r-c o m u m e m q u e s e e n c o n tra m to d o s o s re p re s e n ta ç õ e s s e n s ív e is , e le s n ã o s ã o o b rig a d o s a em po-
e S I? írito s . !'1 a is : e s t~ s ~ e e n c o n t~ a m n e ~ e s s a ria ~ e n te a í~ 'li:. b re c ê -Ia s s is te m a tic a m e n te , a e s v a z iá -Ia s d e to d o c o n te ú -
p O IS a ra z a o , q u e n a o e o u tra c o is a s e n a o o c o n ju n to das '<.: ,") d o re a l, a re d u z i-Ia s a ser apenas a rtifíc io s v e rb a is . Ao
c a te g o ria s fu n d a m e n ta is , é in v e s tid a d e u m a a u to rid a d e ã .~ c o n trá rio , c o n s e rv a m to d a s a s c a ra c te rís tic a s e s p e c ífic a s
qual não podem os n o s fu rta r à v o n ta d e . Q uando te n ta - I d e la s . O s a p rio n s a s s a o ra C lO n a 1 Sa s ; rê e m ue o m un-
m o s in s u rg ir-n o s c o n tra e la , lib e rta r-n o s d e a lg u m a s des- I d o te m .J !D 1 ~ p e c to ló g L c n ....q u ea ra z a o e x p n m e e m in e n te -
sas noções e s s e n c ia is , d e p a ra m o -n o s c o m fo rte s re s is tê n -
I:,
, m e n te . M a s , p a ra is s o , p ~ s a m a trib u ir a o e s p írito um
\ c ia s . P o rta n to , e la s n ã o a p e n a s não dependem d e n ó s, c o -\ , c e rto poder d e u ltra p a s s a r a e x p e riê n c ia ).. d e a c re s c e n ta r
\m o t~ ~ b é m se 1IDpõém a -riQ i ofã;' o s d a d o s e m p íriC õ s ~ g u e lh e é 2 m e d ia ta m e n te d a d o ; o ra , d e s s e p o d e r
a p re s e n ta m c a ra c te rís tic a s d ia m e tra lm e n te o p o s ta s . Uma s in g u la r, e le s n ã o d ã o e x p lic a ç ã o n e m ju s tific a ç ã o . P o is
sensação, u m a im a g e m s e re la c io n a m s e m p re a u m o b je to n ã o é e x p lic a r d iz e r a p e n a s que esse poder é in e re n te à
d e te rm in a d o o u a u m a c o le ç ã o d e o b je to s d e s s e g ê n e ro e n a tu re z a d a in te lig ê n c ia hum ana. S e ria p re c is o fa z e r e n -
e x p rim e m o e s ta d o m o m e n tâ n e o d e u m a c o n s c iê n c ia p a r- te n d e r d e o n d e tira m o s e s s a s u rp re e n d e n te p re rro g a tiv a e
tic u la r: e la s s ã o e s s e n c ia lm e n te in d iv id u a is e s u b je tiv a s . d e q u e m a n e ira podem os v e r, n a s c o is a s , re la ç õ e s que o
A s s im , p o d e m o s d is p o r, c o m re la tiv a lib e rd a d e , d a s re p re - e s p e tá c u lo d a s c o is a s n ã o p o d e ria n o s re v e la r. D iz e r q u e
s e n ta ç õ e s q u e tê m e s s a o rig e m . É c la ro que, quando nos- a p ró p ria e x p e riê n c ia s ó é p o s s ív e l c o m e s s a c o n d iç ã o , é
sas sensações s ã o a tu a is , e la s s e im p õ e m a nós V ie fa to . ta lv e z d e s lo c a r o p ro b le m a , n ã o é re s o lv ê -lo . P o is s e tra ta
M as, d e d ir e ito , te m o s o p o d e r d e c o n c e b ê -Ia s d e m a n e ira p re c is a m e n te d e s a b e r p o r q u e a e x p e riê n c ia não se bas-
X X II AS FORMAS ELEMENTARES DA VIDA REllGIOSA OBJETO DA PESQUISA
trá rio é im u tá v e l. D e q u e m o d o S s a lm u tâ lh d a d e o a d e ::
~ p lic a r e s s a ín c e s s a n te v a ria b ilid a d e ?
T a is s ã o as duas concepções que h á s é c u lo s se cho-
cam um a c o n tra a o u tra ; e , s e o d e b a te s e e te rn iz a , é que
n a v e rd a d e o s a rg u m e n to s tro c a d o s s e e q u iv a le m s e n s i-
v e lm e n te . S e a ra z ã o é apenas um a fo rm a d a e x p e riê n c ia
in d iv id u a l, n ã o e x is te m a is ra z ã o . P o r o u tro la d o , s e re c o -
nhecem os o s p o d e re s que e la s e a trib u i, m as sem ju s tifi-
c á -Ia s, p a re c e q u e a c o lo c a m o s fo ra d a n a tu re z a e d a c iê n -
c ia . E m p re s e n ç a dessas o b je ç õ e s o p o s ta s , o e s p írito p e r)
;m a n e c e in c e rto . M a s , s e a d m itirm o s a o rig e m s o c ia l das
c a te g o ria s , um a nova a titu d e to rn a -s e p o s s ív e l, a titu d e
,( q u e p e rm !t~ ria , a c re d ita m o s nós, escapar a e s s a s d ific u ld a - Á .
'l d e s c o n tra n a s . I· b lo
A y r .o p o ~ S ã o f Y .n 9 ~ m e n ta l ~ ~ ~ o é ue o co . ~J\f'J\
n h e c ím e n to é fo rm a d o d ~ _ d ~ p é c ie s d ~ ~ le m e n to s i~ ~ \~
re d u tív e is um a o o u ! r ~ e .- S 0 m o g ~ d~ duas cam adas d iS -~ ~ ,
t i n t a s _ e_ _suy < : : : p o st a s 1 ,6 . N ossa h ip ó te s e rr:a n té r:: ~W~ 1 ~,
~ n te e s s e p rin c íp io . D e fa to , o s c o n h e c im e n to s q u e d ia - \\\ ~
m a m os e m p íric o S ;õ s ú n ic o s que o s te ó ric o s do e m p iris - \
m o u tiliz a ra m p a ra c o n s tru ir a ra z ã o , são a q u e le s que a
ação d ire ta d o s o b je to s s u s c ita em nossos e s p írito s . São,
p o rta n to , e~dós in d iv id u a is , q u e s e e x p lic a m in te ira m e n -
">
(1)
X X IV AS FORMAS ELEMENTARES DA VIDA RELIGIOSA 08JETO DA PESQUISA :x x v
;/,1\ ,'j 'A 'Ó G'I' 1 ,- ; " ,,; ' ,," - - v"AJ" ~O c c -
'7 f\/"?J>()Yl f I ·v Y .tf
XXVI AS FO RM AS ELEM EN TARES D A V ID A R E L IG IO S A O B JE TO D A P E S Q U IS A X X V II
~It' A s s im re n o v a â a , a te o ria do c o n h e c im e n to p a re c e
I ~rt",\ ~ 'd e s t i n a d a a re u n ir a s v a n ta g e n s c o n trá ria s das duas te o ria s
G~ riv a is , sem seus in c o n v e n ie n te s , E la c o n s e rv a to d o s os
\Iil~\~ p rin c íp io s e s s e n c ia is do a p rio ris m o ; m as, ao m esm o te m -
'~ '\ ~ po, in s p ira -s e nesse e s p írito de p o s itiv id a d e que o e m p i-
ris m o p ro c u ra v a s a tis fa z e r. C o n se rv a o poder e s p e c ífic o
d a ra z ã o , m a s ju s tific a -o , e sem s a ir d o m u n d o o b s e rv á v e l.
A firm a com o re a l a d u a lid a d e de nossa v id a in te le c tu a l,
m as e x p lic a -a , e m e d ia n te causas n a tu ra is . A s c a te g o ria s
d c iX ã m ç ie s e r C O O s rd e ra d a s fa to s p rim e iro s ' e não a n a lis á -
v e is , n o e n ta n to , p e rm a n e c e m d e u m a ' c o m p le x id a d e que
a n á lis e s s im p lís ta s c o m o a q u e la s com que s e c o n te n ta v a o
(:/\ P 1 T U L O I .
çnl i v a s d a r e l i g i ã o : e l a s s ó p o d e m s e r d e te rm in a d a s ao tér-
m ln o da p e s q u is a . M as o que é n e c e s s á rio e p o s s ív e l é in -
,1 1 ( " ;1 r u m c e rto n ú m e ro de s in a is e x te rio re s , fa c ilm e n te
4 AS FORMAS ELEMENTARES DA WDA REliGIOSA )UESTÕES PRELIMINARES
5
H flculdade com a ciência e a filosofia, e pensadores co- Ios m esm os procedim entos; m as, para aquele que crê ne-
1110 Pascal, que sentiam com intensidade o que há de pro- las, não são m ais ininteligíveis do que o são a gravidade
fundam ente obscuro nas coisas, estavam em tão pouca u a eletricidade para o físico de hoje. V erem os aliás, ao
harm onia com sua época que perm aneceram incom preen- longo <!ç:.sK l-Q hl:a,_q~ª-o de forç-ª5~nat1J.fais...derivou
dídos por seus contem porâneos>. Portanto, poderia ser uito provavel~nte da ..noçãc.de-forças •.r eligiosas.zassím ,
precipitado fazer, de um a idéia sujeita a tais eclipses, o não poderia haver entre estas e aquelas o abism o que se-
lem ento essencial ainda que apenas da religião cristã. para o racional do irracional. M esm o o fato de as forças
Em todo caso, o que é certo é que essa noção só religiosas serem geralm ente pensadas sob a form a de en-
aparece m uito tarde na história das religiões; ela é total- tidades espirituais, de vontades conscientes, de m aneira
m ente estranha não som ente aos povos cham ados prim iti- nenhum a é um a prova de sua irracionalidade. À razão
vos, m as tam bém a todos os que não atingiram um certo não repugna a priori adm itir que os corpos ditos inanim a-
grau de cultura intelectual. É verdade que, quando os ve- dos sejam , com o os corpos hum anos, m ovidos por inteli-
m os atribuir a objetos-insigm ficantes .virtu?es extraordi.ná- gências, ainda que a ciência contem porânea dificilm ente
rias, povoar o universo com pnncipros singulares, feitos se acom ode a essa hipótese. Q uando Leibniz propôs con-
dos elem entos m ais díspares, reconhecem os de bom gra- ceber o m undo exterior com o um a im ensa sociedade de
do nessas concepções um ar de m istério. A creditam o~ESiIC espíri~s entre os quais não havia e não podia haver se-
que os hom ens só puderam se resignar a idéias tão per- ' não relações espirituais, ele entendia agir com o racionalis-
turbadoras para nossa razão m oderna por incapacidade ta e não via nesse anim ism o universal nada capaz de
te encontrar outras que fossem m ais racionais. Em reali ofender o entendim ent _.~_- _
dade, porém , essas explicações que nos surpreendem afi- A liás, a idéia de sobrenaturaD tal com o a entende-
uram -se ao prim itivo as m ais sim ples do m undo. Ele não m os, data de O nteTIl:~sue2.e, com efeito, a idéia contrá- ~c.-i()l\lP\\" _
vê nelas um a espécie de ultima ratio a que a ínteíígêncía ria, da qual é a negaçao e gue nada tem de prim itiva,! Para ""I" cP · {f~ ,I
s6 se resigna em desespero de causa, m as sim a m aneira que s~.pud~Q ize'i=C ie cer'tãSfatoL,que J,ão sobreiíãtll- 1> 1-~\::~Ó qil
m ais im ediata de representar e com preender o que obser- rais, era precisof~ ~r Q sentim ento de 9~e .~xiste_1!!D .fl or- SOOIl
va a seu redor. Para ele, não há nada de estranho em po- dem natural das coisas, ou .s~ja, gue os fenôm en
ler-se, com a voz. ou o gesto, com andar os elem entos, ~o estã~ ITgãdos 'entre si,seg!!.!l<:E relações ne~s~-
deter ou precipitar o curso dos astros, provocar a chuva !~l1ai'i'iãctas leis U & v:eudguirido esse p!incíp!o,Jp.-
li pará-Ia, etc. O s ritos que em prega para assegurar a fer- fÕ Õ C iüêTri~essas leis devia necessariarneflte apare-
tJlldade do solo ou a fecundidade das espécies anim ais de cer com o extenor a natureza e, por consegüência, à ra7
iãà: pois 2,.9ue é ,?atural ness~_s_elltLd.Q :iD a~
llíf
ue se alim enta não são, a seus olhos, m ais irracionais do
são, aos nossos, os procedim entos técnicos que os ta.i.§relações necessi!rias não fazendQ ..S..e Flãe-€.x'j!)J.im .1r.
a~l'é'l)om O S utilizam para' a m esm a finalidade. A s potências a m ane.ira J;l.f1L qual as coisas se encadeiam IQ gicam en~.
I~I(,)e le põe em jogo por esses diversos m eios nada lhe M as essa noção ao aeterm inism o universal é de origem
1)[\ rocem ter de especialm ente m isterioso. São forças que recente; m esm o os m aiores pensadores da A ntiguidade
IIFcl'I..!lIl,
certam ente, daquelas que o conhecedor m oder- clássica não chegaram a tom ar plenam ente consciência
110 ('O I1C '(.'bee cujo uso nos ensina; elas têm um a outra dela. É um a conquista das ciências positivas; é o postula-
de com portar-se e não se deixam disciplinar pe-
11lll'IW ll':l do sobre o qual repousam e que elas dem onstraram por
AS FORMAS ELEMENTARES DA VTDA RELIGIOSA )IJIJ~S'7'é)ESPRELIMINARES 9
8
se u s p ro g re sso s. O ra , e n q u a n to e le in e x is tia o u a in d a n ã o
-e m a c o is a m a is c la ra do m undo; é que não p e rc e b e m
lia o b s c u rid a d e re a l; é que. não re c o n h e c e ra m a in d a a
s e e s ta b e le c e ra s o lid a m e n te , o s a c o n te c im e n to s m a is m a ra -
n c c e s s íd a d e d e re c o rre r a o s p ro c e d im e n to s la b o rio s o s das
v ilh o s o s nada p o s s u ía m que não p a re c e sse p e rfe ita m e n te
:lG n c ia s n a tu ra is p a ra d is s ip a r p ro g re s s iv a m e n te e s s a s tre -
c o n c e b ív e l. E n q u a n to n ã o s e s a b ia o q u e a o rd e m d a s c o i-
vas, O m esm o e s ta d o d e e s p írito e n c o n tra -s e n a ra iz d e
s a s te m d e im u tá v e l e d e in fle x ív e l, e n q u a n to n e la s e v ia a -
, ~ m u ita s ê re n ç a s re lig io s a s que nos su rp re e n d e m por seu
o b ra d e v o n ta d e s c o n t i n _e n t e s , d e v i a - s e a c h a r n a tu ra l q u e
s tr n p lís m o . F o i a c iê n c ia , e não a re lig iã o , qge e n s in o u
e s s a s v o n ta e s o u o u tra s udessem m o d ific á -Ia a rb itra ria -
~ te . É .s p o r ..9 .u e a s i n t e r v e n ç õ e s r n ír a c u osas que os an-
nos hom ens que a s c o is a s são c o m p l e x a s _ e _ d i f í .c e i s _ Q ê -
m p re e n a w '
tig o s a trib U la m a s e U s ã e u s e s não e fã ~ se u e n te n d e r,
~ d ê ffiã C 1 a p a la v ra . P a ra e le s , e ra m M a s, re sp o n d e je v o n s s , o e s p írito hum ano não te m
n e c e s s id a d e de um a c u ltu ra p ro p ria m e n te c ie n tífic a p a ra
~ J lo s b e lo ;: s a r o ~ r ~ e i s ,! 3 5 j e r c 5 s d e su rp rê sã e
n o ta r q u e e x is te m e n tre o s fa to s s e q ü ê n c ia s d e te rm in a d a s ,
d e m a r a v i l h a m e n t o / (8aú/+a'ta, mirabilia, miracula); m as
~m n is s o u ~ ~ c ie dêã~o a u rn u n a o rd e m c o n s ta n te de sucessão, e p a ra o b se rv a r, por
u tro la d o , q u e e s s a o rd e m é fre q ü e n te m e n te p e rtu rb a d a ,
m u n d o m is te rio s o g u e a ra z ã o n ã o p o d e p e n e tra r. I .
O dem os c ~ p re e n d e r ta m o m e Ifio r e s s a m e n ta lid a - A c o n te c e que o s o l s e e c lip s e b ru s c a m e n te , que a chuva
fa lte n a é p o c a e m q u e é e sp e ra d a , q u e a lu a d e m o re a re s-
d e n a m e d id a em q u e e la n ã o d e s a p a re c e u c o m p le ta m e n -
s u rg ir a p ó s s e u d e s a p a re c im e n to p e rió d ic o , e t c .C o m o es-
te d o m e io de nós. S e o p rin c íp io d o d e te rm in is m o e s tá
tã o fo ra d o c u rs o o rd in á rio d a s c o is a s , e s s e s a c o n te c im e n -
h o je s o lid a m e n te e s ta b e le c id o n a s c iê n c ia s fís ic a s e n a tu -
to s s ã o a trib u íd o s a causas e x tra o rd in á ria s , e x c e p c io n a is ,
ra is , fa z s o m e n te um s é c u lo que e le c o m e ç o u a in tro d u -
z ir-s e n a s c iê n c ia s s o c ia is , e s u a a u to rid a d e é a in d a con-
o u s e ja , e m sum a, e x tra ria tu ra is . É sob e ssa fo rm a que a
id é ia d e s o b re n a tu ra l te ria n a s c id o desde o in íc io d a h is tó -
te s ta d a . A penas um pequeno n ú m e ro de e s p írito s e s tá
ria , e fo i a s s im q u e , a p a rtir d e s s e m o m e n to , o pensam en-
c o n v e n c id o d a id é ia d e q u e a s s o c ie d a d e s e s tã o s u b m e ti-
to re lig io s o s e v iu m u n id o d e s e u o b je to p ró p rio .
d a s a le is n e c e s s á ria s e c o n s titu e m u m re in o n a tu ra l. D a í a
M as, em p rim e iro lu g a r, o s o b re n a tu ra l não se re d u z
c re n ç a d e q u e n e la s s e ja m p o s s ív e is v e rd a d e iro s .m íla g r e s .
de m odo a lg u m a o i m p r e v i s t Q .. O n o v õ f u ,? p a rte ~
A d m ite -s e , p o r e x e m p lo , 'q u e o l e g i s l a d o r pode c ria r u m a
T e ~ a .,~ ~ m _ c o m G - s e t l - G o n t r á g g ; S e c o n s ta ta m o s que, em
in s titu iç ã o d o n a d a p o r u m a s im p le s in ju n ç ã o de sua von-
g e ra l, o s fe n ô m e n o s se sucedem num a o rd e m d e te rm in a -
ta d e , tra n s fo rm a r u m s is te m a s o c ia l e m o u tro , a s s im com o
lgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
o s c re n te s d e ta n ta s re lig iõ e s a d m ite m q u e a v o n ta d e d iv i-
d a , o b se rv a m o s ig u a lm e n te que essa o rd e m é se m p re
a p ro x im a d a , que não é id ê n tic a duas vezes s e g u id a s , que
n a c rio u o m u n d o do nada ou pode a rb itra ria m e n te tra n s -
c o m p o rta to d o tip o d e e x c e ç õ e s , Por m enor q u e s e ja n o s -
\1 m u ta r o s s e re s u n s n o s o u tro s , N o q u e c o n c e rn e a o s fa to s
I s a e x p e riê n c ia , e s ta m o s h a b itu a d o s à fru s tra ç ã o fre q ü e n te
s o c ia is , te m o s a in d a um a m e n ta lid a d e d e p rim itiv o s , No
de nossas e x p e c ta tiv a s e essas decepções re to m a m m u ito
e n ta n to , s e , e m m a té ria d e s o c io lo g ia , ta n to s c o n te m p o râ -
s e g u id a m e n te p a ra que a s v e ja m o s com o e x tra o rd in á ria s ,
neos a p e g a m -se a in d a a e s s a c o n c e p ç ã o a n tiq u a d a , não é
U m a c e rta c o n tin g ê n c ia é um dado d a e x p e riê n c ia , a s s im
q u e a v id a d a s s o c ie d a d e s lh e s p a re ç a o b sc u ra e m is te rio -
c o m o u m a c e rta u n ifo rm id a d e ; p o rta n to , n ã o h á ra z ã o p a -
s a ; p e lo c o n trá rio , s e s e c o n te n ta m tã o fa c ilm e n te c o m ta is
ra re la c io n a r um a a causas e fo rç a s in te ira m e n te d ife re n -
e x p lic a ç õ e s , s e s e o b s tin a m n e s s a s ilu s õ e s q u e a e x p e riê n -
te s d a q u e la s de que depende a o u tra , A s s im , p a ra q u e te -
c ia d e s m e n te sem c e s s a r, é q u e o s fa to s s o c ia is lh e s p a re -
1 0 JIHGFEDCBA AS FORM AS ELEM ENTARES DA V ID A R E liG IO S A Q U ESTÕ ES P R E L IM IN A R E S 11
0 V;'fi' c e s s á r ia ,
c ~ u ír ã m ,
fo ra m a s c iê n c ia s
p o r ta n to a noção
p o s itiv a s ~ p o u c o
c o n tr á r ia n ã o p o d e r~ s
aPO uco
~\ Jad t II .
i s e r a n te a o r , , , ,j y1 U m a o u tr a id é ia p e la q u a l s e te n to u com f r e q ü ê n c ia
r=------- A lé m d is s o , s e ja c o m o f o r q u e o s h o m e n s te n h a m se d e f in ir a r e lig iã o é a d a d iv in d a d e . " A r e li~ é -
r e p r e s e n ta d o a s n o v id a d e s e a s c o n tin g ê n c ia s que a expe- v ílle , é a _ Q e .te r m in a ç ã o d a v id a h u m a n a R e ~ U m e n to
\ \ ( ) " r iê n c ia r e v e la , não há nada nessas r e p r e s e n ta ç õ e s que c l.e ..u mv ín c u lÇ l q u e u n e o e s p ír ito h u m a n O a o ~ s p 1 r ito m is -
" Y ;' I, p o s s a s e r v ir p a r a c a r a c te r iz a r a r e lig iã o . P o is a s c o n c e p ç õ e s r § r io s o n o q u a l r e c o n h e c e a d o m in a ç ã o so b re o m u n d o e
_ .) .111 r e lig io s a s tê m p o r o b je to , a c im a d e tu d o , e x p n m ir e expU - so ~ r~ o , é a o q iía l ê le quer s e n tir - s e u n id o :" 9 É
U'\ , (~r c 1 f f , n ã o -o -q u e ir á d e e x c e p c io n a l e a n o r iiI ã Í n a s c o is a s , v e rd a d e que, s e e n te n d e m o s a p a la v r a d iv in d a d e num .
rr' ;(
,n 'Â {
,\A ~
m a s , a o c o n tr á r i~
@ ase
q u e e la s tê m d e c o n s ta n te
s e m I lL e _ , O L d e .u s e s _ s e r - y _ e m m e n o s
m o n s tr u o s id a d e s , e x tr a v a g â n c ia s ,
p a ra
a n o m a lia s ,
e r e g u la r :
e x p lic a r
do que a I
,i (
In')
s e n tid o
q u a n tid a d e
p r e c is o e e s tr ito , a d e f in iç ã o
d e f a to s m a n if e s ta m e n te
d o s m o r to s , o s e s p ír ito s d e to d a e s p é c ie
d e ix a d e f o r a g r a n d e
r e lig io s o s , A s ~~
e d e to d a o r d e m ,
Q j\I '\ 1 m a rc h a h a b itu a l d o u n iv e r s o , d o m o v im e n to d o s a s tr o s , c Õ llL q lle _ a ~ ~ ~ e lig io § a d _ e ta n to s povos d iv e r s o s .
l f,}" A. d o r itm o d a s e s ta ç õ e s , d o c r e s c im e n to anual d a v e g e ta - povoou a n a tu r e z a , sã o se m p re o b je to d e ~ , às vezes,
i (<J ç ã o , d a p e r p e tu id a d e d a s e s p é c ie s , e te . P o r ~ to , a n < ? Ç - ª- º. a té d e u m ru k o r e g u la r ; n o e n ta n to n a o s e tr a ta d e d e u s e s
~ (l d o r e lig io s o e s tá lo n g e d e c o in c id ir c o m a ã o e x tr a o r d in â - n o s e n tid o p r ó p r io d a p a la v r a .' M a s , p a r a q u e a d e f in iç ã o
r io e d o im p r e v is to . ] e v o n s re sp o n d e que essa concepção o s c o m p re e n d a , b a s ta s u b s titu ir a , p a la v r a d e u s p e la d e s e r
. d a s f o r ç a s r e lig io s a s n ã o é p r im itiv a . N o c o m e ç o , e s ta s te - e s p ir itu a l, m a is a b r a n g e n te . F o i "0 q u e f e z T y lo r : " O p r i-
r ia m s id o im a g in a d a s p a r a ju s tif ic a r d e s o r d e n s 'e a c id e n - /( J f m e ir o p o n to e s s e n c ia l q u a n d o s e tr a ta d e e s tu a a r s is te m a -
te s , e s ó d e p o is u tiliz a d a s p a r a e x p lic a r a s u n if o r m id a d e s I I. -li tic a m e n te a s r e lig iõ e s d a s r a ç a s in f e r io r e s , é, ~e, ~
d a n a tu r e z a " , M a s n ã o se p e rc e b e o que te r ia le v a d o os n ir e p r e c is a r o que s e e n te n d e p o r r e lig iã o . S e s e c o n ti-
hom ens a a tr ib u ir s u c e s s iv a m e n te a e la s f u n ç õ e s tã o m a n i- - ir u à r T a z e n a o e n te n d e r e s s - a - p ã la v r a com o a c re n ç a num a
f e s ta m e n te c o n tr á r ia s . A lé m d is s o , a h ip ó te s e segundo a d iv in d a d e s u p r e m a ... u m c e r to n ú m e ro d e tr ib o s e s ta r á
q u a l o s se re s sa g ra d o s te r ia m s id o c o n f in a d o s d e in íc io e x c lu íd o do m undo r e lig io s o . M a s e s s a d e f in iç ã o d e m a s ia -
n u m p a p e l n e g a tiv o d e p e r tu r b a d o r e s , é in te ir a m e n te a r b i- d o e s tr e ita te m o d e f e ito d e id e n tif ic a r a r e lig iã o com a l-
tr á r ia . V e r e m o s , c o m e f e ito , q u e ; d e s d e a s r e lig iõ e s m a is g u n s d e s e u s d e s e n v o lv im e n to s p a r tic u la r e s ... P a r e c e p~e~
s im p le s q u e c o n h e c e m o s , e le s tiv e r a m p o r ta r e f a e s s e n c ia l f e r ív e l c o lo c a r s im p le s m e n te com o d e f in iç ã o m ín im a da
m a n te r , d e u m a m a n e ir a p o s itiv a , o c u r s o n o r m a l d a v id a " , r e lig iã o a c re n ç a e m s e r e s e s p ir itu a is ." 1 O P o s - s e r e s ~ ~ J 2 ir i-
A s s im , a id é ia d o m is té r io nada te m d e o r ig in a l. E la tu a is , d e v e m o s e n te n d e r s u je ito s c o n s c ie n te s , d o ta d o s d c ;
n ã o fo i d a d a ao hom em : fo i o h o m e m que a f o r jo u com p o d e re s s u p e r io r e s aos que possui o com um dos hom ens;
suas p r ó p r ia s m ão s, ao m esm o te m p o que c o n c e b ia a e s s a q u a lif ic a ç ã o convém , p o r ta n to , à s a lm a s d o s m o r to s ,
dI'
/1 1
\DCBA
12 AS FORM AS ELEM ENTARES DA V lD A R E L IG IO S A Q U ESTÕ ES P R E L IM IN A R E S 13
b u d is ta s
h o je
mo se fo sse
do N o rte ,
c o n h e c id o s ,
um
podem os
fa la m
h o m e m ." 2 1
do
a firm a r
fu n d a d o r
C e rta m e n te ,
com
de
base
sua
e le s
nos
d o u trin a
a trib u e m
dados
co-
ao
t
~\
nheça
ria te r s id o
e p ra tiq u e
Ia ; m a s, u m a
c o n h e c id a
a boa d o u trin a .
se o B uda
v e z fe ita e s s a
C la ro q u e
não
re v e la ç ã o ,
tiv e s s e
a o b ra
e la n ã o
v in d o
do
pode-
re v e lá -
B uda es-
B uda p o d e re s e x tra o rd in á rio s , s u p e rio re s aos que possui ,~ ta v a c u m p rid a . A p a rtir d e s s e m o m e n to , e le d e ix o u de ser
o com um dos m o rta is ; m as e ra um a c re n ç a m u ito a n tig a .,~ um fa to r n e c e s s á rio d a v i.d a r e lig io s a . A p r á .t i c a d a s q u a t r o
n a Ín d ia , e a liá s m u ito com um num a s é rie d e re lig iõ e s d i- ~" v e rd a d e s sa g ra d a s s e ria p o s s ív e l a in d a que a le m b ra n ç a
v e rsa s, que um g ra n d e s a n to é d o ta d o d e v irtu d e s excep- ~ " ,- .d a q u e le que a s f e z 'c o n h e c e r se apagasse d a s m e m ó ría s w ,
c ío n a ís -e , não o b s ta n te , um s a n to não é um deus, com o A lg o b e m . d ife re n te O c o rre c o m o c ris tia n is m o , que, sem a _~_
ta m p o u c o um s a c e rd o te ou um m á g ic o , a d e s p e ito d a s fa - id é ia se m p re p re s e n te e o c u lto se m p re p ra tic a d o d e tris -
c u ld a d e s so b re -h u m a n a s que g e ra lm e n te lh e s são a trib u í- to , é in c o n c e b ív e l; p o is é p o r C ris to s e m p re v iv o e a c a d a
d a s . P o r o u tro la d o , segundo o s e s tu d io s o s m a is a u to riz a - d ia im o la d o que a c o m u n id a d e d o s fié is c o n tin u a a com u-
dos, essa e s p é c ie de te ís m o e a m ito lo g ia c o m p le x a que n ic a r-s e com a -fo n te su p re m a d a v id a e s p írítu a lo .
c o s tu m a a c o m p a n h á -l o não s e ria m senão um a fo rm a d e ri- Tudo o que p re c e d e a p lic a -s e ig u a lm e n te a um a ou-
vada e d e s v ia d a d o b u d is m o . A p rin c íp io , B uda te ria s id o tra g ra n d e re lig iã o da Ín d ia , o ja in is m o . A liá s , as duas
c o n s id e ra d o apenas com o " o m a is s á b io dos hom ens"> . d o u trin a s .tê m s e n s iv e lm e n te a m esm a concepção do
"A concepção de um B uda que não s e ria u m hom em que m undo e d a v id a . "C om o o s b u d is ta s , d iz B a rth , o s ja in is -
a lc a n ç o u o .r n a is a lto g ra u de s a n tid a d e , d iz B u rn o u f, não ta s s ã o a te u s . N ão a d m ite m c ria d o r; p a ra e le s , o m u n d o é
p e rte n c e ao c írc u lo das id é ia s que c o n s titu e m o fu n d o e te rn o , e negam e x p lic ita m e n te que possa haver um ser
m esm o dos S u tra s s í m p l e s '< s , e ,' a c r e s c e n ta o m esm o au- p e rfe ito p a ra to d a a e te rn id a d e . ]a in a to rn o u -s e p e rfe ito ,
to r, " s u a h u m a n id a d e p e rm a n e c e u um fa to tã o in c o n te s ta - m as não o e ra o te m p o to d o + A s s im com o o s b u d is ta s do
v e lm e n te re c o n h e c id o d e to d o s que o s a u to re s d e le n d a s , N o rte , o s ja in is ta s , ou p e lo m enos a lg u n s d e le s , s e v o lta -
aos q u a is c u s ta v a m tã o pouco o s m ila g re s , não tiv e ra m ra m p o ré m a um a e s p é c ie de d e ís m o ; nas in s c riç õ e s do
sequer a id é ia de fa z e r d e le um deus após sua morte'<>. D ecão, fa la -s e d e u m ]in a p a ti, e s p é c ie d e ]a in a su p re m o ,
A s s im , c a b e p e rg u n ta r s e a lg u m a v e z e le c h e g o u a despo- que é cham ado o p rim e iro c ria d o r; m a s ta l lin g u a g e m , d iz
ja r-s e c o m p le ta m e n te desse c a rá te r hum ano, e s e te r n o s .o o m esm o a u to r, " e s ta e m c o n tra d iç ã o com a s d e c la ra ç õ e s
d ire ito de a s s im ilâ -Io c o m p le ta m e n te a' um deus> . Em to - m a is e x p líc ita s d e s e u s e s c rito re s m a i s a u t o r i z a d o s 'w .
do caso, s e ria um deus de um a n a tu re z a m u ito p a rtic u la r A liá s , s e e s s a in d ife re n ç a p e lo d iv in o d e s e n v o lv e u -s e
e c u jo papel de m odo nenhum s e a s s e m e lh a ab das ou- ~ a t a l 'p o n t o n o b u d is m o e no ja in is m o , é que e la já e s ta v a
tra s p e rs o n a lid a d e s d iv in a s . P o is u m deus é , a n te s de tu - e m g e rm e n o b ra m a n is m o , d o q u a l d e riv a ra m am bas a s re -
do, um s e r v iv o com o qual o hom em deve e pode con- lig iõ e s . A o m e n o s em a lg u m a s d e s u a s fo rm a s , a e s p e c u la -
ta r; o ra , o B uda m o rre u , e n tro u no N irv a n a , nada m a is ç ã o b ra m â n ic a c u lm in a v a em " u m a e x p lic a ç ã o fra n c a m e n - .
pode so b re a m a rc h a d o s a c o n te c im e n to s h u m a n o s-". te m a te ria lis ta e a té ia do u n ív e rs o ? » . C om o te m p o , as
x iT 1 C lN tl. E n fim , e não im p o rta o que se pense da d iV in d a d e \ m ú ltip la s d iv in d a d e s que os povos d a Ín d ia h a v ia m d e in í-
u.Di'STA d o B u d a , o fa to é q u e essa é um a concepção in te ira m e n te c io a p re n d id o a a d o ra r a c a b a ra m com o que s e fu n d in d o
" ''< - l s T A e x te rio r ao que há de re a lm e n te e s s e n c ia l. no b u d is m o .. num a e s p é c ie d e p rin c íp io uno, im p e s s o a l e a b s tra to , es-
C om e fe ito , o b u d is m o c o n s is te , a n te s de tu d o , na noção s ê n c ia d e tu d o o que e x is te . E s s a re a lid a d e su p re m a , que
de s a lv a ç ã o , e a s a lv a ç ã o supõe u n ic a m e n te que se co- nada m a is p o s s u i de um a p e rs o n a lid a d e d iv in a , o h o m e m
16 AS FORMAS ELEMENTARES DA VIDA RELIGIOSA L QUESTÕES PRELIMINARES 17
A liá s , é is s o o q u e e x p lic a a im p o rtâ n c ia p rim o rd ia l dada e sfo rç o u -se por a b s o rv ê -l o s e a s s im ilá -lo s ; im p rim iu -lh e s
por quase to d o s o s c u lto s à p a rte m a te ria l d a s c e rim ô n ia s . um a c o r c ris tã . T o d a v ia , m u ito s d e le s p e rs is tira m a té u m a
E s s e fo rm a lis m o re lig io s o , m u ito p ro v a v e lm e n te a fo rm a d a ta re c e n te o u p e rs is te m a in d a com u m a re la tiv a a u to n o -
p rim á ria d o fo rm a lis m o ju ríd ic o , advém de que a fó rm u la m ia : fe s ta s d a á rv o re d e m a io , d o s o ls tíc io d e v e rã o , d o c a r-
a p ro n u n c ia r, o s m o v im e n to s a e x e c u ta r, te n d o em si m es- n a v a l, c re n ç a s d iv e rs a s re la tiv a s a g ê n io s , a d e m ô n io s lo -
m o s a fo n te d e s u a e fic á c ia , a p e rd e ria m , se n ã o se c o n fo r- c a is , e te . E m b o ra o c a rá te r re lig io s o d e s s e s fa to s v á s e a p a -
m assem e x a ta m e n te a o tip o c o n s a g ra d o p e lo s u c e s s o . gando, sua im p o rtâ n c ia re lig io s a , não o b s ta n te , é ta l q u e
A s s im há rito s sem deuses e , in c lu s iv e , h á rito s dos p e rm itiu a M a n n h a rd t e s u a e s c o la re n o v a re m a c iê n c ia d a s
q u a is d e ri;a m os- deuses. N em to d a s a s v irtu d e s re lig io s a s re lig iõ e s . U m a d e fin iç ã o q u e n ã o le v a s s e is s o e m c o n ta n ã o
e m á iia m d e p e rs o n a lid a d e s d iv in a s , e há re la ç õ e s c u ltu - c o m p re e n d e ria , p o rta n to , tu d o o q u e é re lig io s o .
ra is q u e v is a m o u tra c o is a que não u n ir, o h o m e m a um a , O s fe n ô m e n o s re lig io s o s c la s s ific a m -s e n a tu ra lm e n te
d 1 v in a a d e . P o rta n to , a re lig iã o v a i a lé m d a id é ia d e d e u s e s em d u a s c a te g õ ri-ª~ fU rld a m e rita i~ : a s c re n ç a s e o s rito s , A s -*
ou d e e s p írito s , lo g o não pode s e d e fin ir e x c lu s iv a m e n te p rim e ira s s ã o e s ta d o s d a o p in iã o , c o n s is te m em re p re se n -
em ~nção d e s ta ú ltim a . ~, ta ç õ e s ; os segundos são m odos de ação d e te rm in a d o s .
E n tre -e s s e s d o is tip o s d e fa to s h á e x a ta m e n te a d ife re n ç a
q u e se p a ra o p e n s a m e n to d o m o v im e n to .
III O s rito s só podem s e r d e fin id o s e d is tin g u id o s das
o u tra s p rá tic a s hum anas, n o ta d a m e n te das p rá tic a s m o-
D e s c a rta d a s essas d e fin iç õ e s , é nossa vez de nos co- ra is , p e la n a tu re z a e s p e c ia l de seu o b je to . C om e fe ito ,
lo c a rm o s d ia n te d o p ro b le m a . um a re g ra m o ra l, a s s im com o um rito , n o s p re s c re v e m a-
Em p rim e iro lu g a r o b se rv e m o s que, em to d a s essas n e ira s d e a g ir, m a s q u e s e d irig e m a o b je to s de um gêne-
fó rm u la s , é a n a tu re z a d a re lig iã o e m s e u c o n ju n to que se ro d ife re n te . P o rta n to , t-o o b je to do rito q u e p re c is a ría -
te n ta e x p rim ir d ire ta m e n te . P ro c e d e -se com o s e a re lig iã o m o s c a ra c te riz a r p a ra o d e rm o s c a ra c te riz ~ -
fo rm a sse um a e s p é c ie d e e n tid a d e in d iv is ív e l, quando e la to . O ra , é n a c re n ç a ~e a n a tu re z a e s p e c ia aesse o b je to -
~ um to d o fo rm a d o d e - .p a r t e s ; tt um s is te m a m a is o u m e - rse e x p rim ~ s s im , só se E ode d e fin ir ~ o após s e te r-
n o s ç o m p le x o .d e m itQ s ,_ d e d o g m a s ,- º~ r it0 s ., de e .e .tim Q - d e fin id o a c re n ç a s/ ~
~ s-O ra , u~ não pode ~ e r d e fin id o senão em re la - - T odas a s c r e f ! . Ç ! ; l sr e l i g i o s a s c o n h e c id a s , s e ja m s im -
ção às a rte s que o fo rm a m . m a is m e tó d ic o , p o rta n to , p le s ó il c o m p le x a s , a~m um ~o c a rá te r C G .: : ..
te rito
casa
~ a g ra d a .
qu
V! em
nã
rito p o d e
o
a p a la v ra ,
te n h a
te r e s s e
em
um a
a lg u m
c o is a
c a rá te r;
g ra u .
q u a lq u e r
in c lu s iv e ,
H á
pode
não
p a la v ra s ,
ser
e x is -
fra -
lig iã o
v a lo r
ção
dos se re s
e m in e n te
a s i p ró p rio ,
ou
e um a
é c la ro
das c o is a s
e s p é c ie
que,
aos
em
de
q u a is a trib u i,
s u p e rio rid a d e
to d o s esses
a s s im , u m
casos,
em re la -
a pa-
s e s , fó rm u la s que só podem ser I? ro n u n c ia d a s p ~ la boca la v ra é to m a d a num s e n tid o m e ta fó ric o e que não há na-
de p e rso n a g e n s c o n sa g ra d o s; ha g e s to s e m o v im e n to s da, nessas re la ç õ e s , que s e ja p ro p ria m e n te re lig io s o -ê .
que não podem ser e x e c u ta d o s por to d o o m undo. Se o Por o u tro la d o , convém não p e rd e r de v is ta que há
s a c rifíc io v é d íc o te v e ta l e fic á c ia , se in c lu s iv e , segundo a c o is a s sa g ra d a s de to d o tip o e que há a q u e la s d ia n te das
m ito lo g ia , fo i g e ra d o r de deuses, ao in v é s de ser apenas q u a is o hom em se s e n te re la tiv a m e n te à v o n ta d e . U m
um m e io de c o n q u is ta r seus fa v o re s, é que e le p o s s u ía a m u le to te m um c a rá te r sa g ra d o , no e n ta n to o re s p e ito
um a v irtu d e c o m p a rá v e l à dos se re s m a is sa g ra d o s. O c ír- que in s p ira nada te m de e x c e p c io n a l. M esm o d ia n te de
c u lo dos o b je to s sa g ra d o s não pode, p o rta n to , ser d e te r- seus deuses, o hom em nem se m p re s e e n c o n tra num a po-
m in a d o de um a vez por to d a s ; sua e x te n s ã o é in fin ita - s iç ã o de a c e n tu a d a in fe rio rid a d e " p o is m u ita s vezes e x e r-
m e n te v a riá v e l c o n fo rm e a s re lig iõ e s . E ~que_m ~ ce so b re e le s um a v e rd a d e ira c o e rç ã o fís ic a p a ra o b te r o
o b u d i s r n Q . .. . é _ u m a J . . . e l i g ~ . . Q . u e . , . . . . 1 l a . l a l t a . . . c L e d e u . s . e ~ que d e s e ja . B a te -s e no fe tic h e com o qual não se e s tá
a d m ite a e x is tê n c ia de c o is a s sa g ra d a s, que são a s g u a tro c o n te n te , re c o n c ilia n d o -s e com e le caso venha a se m os-
v e rd a d e s s à n ta s e ã S p r á tic a § ..Q lI e d e la s d e riv a m " , tra r m a is d ó c il a o s d e s e jo s de seu a d o ra d o ré . P a ra o b te r a
M as lim ita m o -n o s a té aqui a e n u m e ra f;à títu lo de chuva, la n ç a m -s e p e d ra s n a fo n te ou no la g o sa g ra d o on-
e x e m p lo s , um c e rto n ú m e ro de c o is a s sa g ra d a s; c u m p re de se supõe re s id ir o deus da chuva; a c re d ita -s e , d e s te
a g o ra in d ic a r a tra v é s de que c a ra c te rís tic a s g e ra is e la s se m odo, o b rig á -I o a s a ir e a s e m o s tra r+ . A liá s , s e é v e rd a d e
d is tin g u e m d a s c o is a s p ro fa n a s. que o hom em depende de seus deuses, a d e p e n d ê n c ia ~
P o d e ría m o s ser te n ta d o s a d e fin i-Ia s , de in íc io , p e lo rê é íp ra -c a . T a IT lb é m os deuses tê m n e c e s s id a d e d o ho-
'"
~ -:----......-. - ;;;.,~' ---.., ' . i
h '1. If'
AS FORM AS ELEM ENTARES DA V ID A R E L IG IO S A Q U ESTÕ ES P R E L IM IN A R E S 23
10
,I;, (\~Ji!'"
uer outra é justam ente o fato de ela ser m uito particl!L ar:
lI" ~ tu
re, que a pessoa determ inada que ele era cessa de existir ,,.;'c,p.«;.c;,\
iJl.ffO 9€.
O s dois m un.dos
d e-t ~ j:)
bidos' pelo espírito hum ano com o gêneros' separados, co- não são apen~ ncebidos com o separados, m as com o_
m o dois m undos entre os quais nada existe em com um . A s hoSl'iSêfivãIS um do outro. C om o só pode pertencer ple-
energias que se m anifestam num não são sim plesm ente as nam ente a um se tiver sãido inteiram ente do outro, o ho-
que se encontram no outro, com alguns graus a m ais; são m em é exortado a retirar-se totalm ente do profano, para
de outra natureza. C onform e as religiões, essa oposição foi levar um a vida exC lusiV am ente rel@ osa. D aí a vida m o-
concebida de m aneiras diferentes. N um a, para separar es- nástica que, ao lado e fora do m eio natural onde v iv eo
ses dois tipos de coisas, pareceu suficiente localizá-Ias em . hom erneom üm , organiza artíflclalm ente um o~ eio,
regiões distintas do universo físico; noutra, algum as delas fechadó -ao' prim eiro e que uase sem pre tende ~ ser o
são lançadas num m eio ideal e transcendente, enquanto o seu opostoj D aí ascetism o rriístico cujo objeto é extirpar
m undo m aterial é entregue às outras em plena proprieda- dõl10m em tudo o que nele pode perm anecer aeapeg
de. M as, se as form as do contraste são variâveis+>, o fato ao m undo prõfaiío" D aí, enfim , todas as form as de suicí-
m esm o do contraste é universal. dio religtoso, coroam ento lógico desse ascetism o, pois a
Isso não significa; porém , que um ser jam ais possa única m aneira de escapartotalI!J.ent~ à vida profana é
passar de um desses m undos para o outro; m as a m aneira últim a instância, evadír-se totalm ente da V Ida
com o essa passagem se produz, quando ocorre, põe em A oposição desses dois gêneros trá, aliás, traduzir-se
evidência a dualidade essencial dos dois reinos. A passa- exteriorm ente por um signo visível que perm ita reconhe-
gem im plica, com efeito, um a verdadeira m etam orfose. É cer com facilidade essa classificação m uito especial, onde
o que dem onstram particularm ente os ritos de iniciação, quer que ela exista. C om o a noção de sagrado está, no
tais com o são praticados por um a quantidade de povos. A pensam ento dos hom ens, sem pre e em toda parte separa-
iniciação é um a longa série de cerim ônias que têm por da da noção de profano, com o concebem os entre elas
objeto introduzir o jovem na vida religiosa: ele sai pela um a espécie de vazio lógico, ao espírito repugna invenci-
prim eira vez do m undo puram ente profano onde trans- veílnente que as coisas côrrespondentes sejam confundi-
correu sua prim eira infância para entrar no círculo das das ou sim plesm ente postas em contato, pois tal prom is-
coisas sagradas. O r~ ssa m udança d.::.-e~ ~ .Ç .onceb!::. cuidade ou m esm o um a contigüidade dem asiado direta
da, não com o < 2...§iQ !.pl"êS "efegulara esenv.Q !Y im ..ent2 de contradizem violentam ente o estado de dissociação em
germ es preexistentes, m as com o um a transform ação t o t i u s
- . ~ .-----
s u b s t a n t i a e . D iz-se que, naquele m om ento, o jovem m or-
-- - --
9ue se achª-D l tais idéias nas C ollscrê~ claS )A cO ísasagra~
e, por excelência, aguela < L ueo profano não deve e não po-
_ .- -. - -- - '-
24 AS FORMAS ELEMENTARES DA VIDA RELIGIOSA QUESTÕES PRELIMINARES 25
~ \h .1
g iO '
g ra r M as se, com o
a s d ife re m
te n ta m o s
e m n a tu re z a
e s ta b e le c e r,
d a s c o is a s p ro fa n a s ,
a s c o is a s
se são de
sa-
) \\ _M O - /~ ? u t r a e s s ê n c ia , o p r o b l e : ,n a é m u i t o m a i s c o m p l e x o .
~ (1 ' ~ e p re C is o Q e rg u n ta r e n ta o o q u e le v o u o h o m e m a
)~ ,v e r no m undo d o is J ;llu n d o s h e te ro g é iiê o s e in c o m p a rá -
\\ ~ ~ v e is , q u a n d o nada n a e x p e d e n c I .a s e n s ív e l p a re c ia dever
lje ,h - I h e a id é ia d e u m a d .! ! J ! .liã â d et ã o r n d ic a 1 .J
IV
,\\~
\I
l ,;'
I"
J.~
~ d e te rm in a d a , q u e d e c la ra a d e rir
a e la s e 1 2 .r~ ic a r o s rito s q u e lh e s sã o so IIa á rio s. T a is c re n :
ç a s n ã o sã o a p e n a s a d m itid a s, a títu lo in d iv id u a l, p o r to -
c o e o s in d iv íd u o s q u e o c o n sU lta m , c o m o ta m b é m e n tr
e sse s in d iv íd u o s, n ã o h á v ín s:.!!.lo sd u rá v e is q u e fa ç a m d e -
le s o s m e m b ro s d e u m m e sm o ç o rp o m o ra l, c o m p a rá v e l
,1
1 \1 \ d o s o s m e m b ro s d e ssa c o le tiv id a d e , m a s sã o p ró p ria s d o à q u e le fo rm a d o p e lo s fié is d e u m m e sm o d e u s," p e lo s p ra -
" 1\ g ru p o e fa z e m su a u n id a d e . O ~ in d iy íd l,l.Q 2 ..9 .u e c o m p õ e m tic a n te s d e u m m e sm o c u lto . O m á g ic o t~ m u m a c lie n te la ,
,\t .~ c o le 'i.v id ~ d e se I!!:,e m -= s~lig a d o s u n s a Q i-Q W jQ s P"?1"0 '011 n ã o u m a ígreja, ,e se u s c lie n té sp o d e m p e rfe ita m e n te não
,\\ sim flk '} s.fa tQ ~ d e ...te .[e U L u mféª c o m u m . U m a so c ie d a d e c u jo s> J \O~ m a n te r e n tre 'sh 1 e p h u m ré lâ c lô iiâ m e n to , a o .p o n to d ê sé .:
m e m b ro s e stã o u n id o s p o r se re p re se n ta re m d a m e sm a OQ Iv J ig n o ra re m U l} S a o s o u tro s.im esiiio a s re la ç õ e s q u e e sta b e ~
r~ &Q ./
m a n e ira o m u n d o sa g ra d o e p o r tra d u z ire m
~ m a m o s u m a ~ O ra , n ã o e n c o n tra m o s,~
e ssa re p re -
se n ta ç ã o c o m u m e m p rá tic a s id ê n tic a s, é isso a q u e c h a -)I'
h istó ria , ~ - r:
\ff le c e m c o m o m á g ic o sã o ,~ rri..:g e ra l,a c id e n ta is e p a ssa g e i-
]:a .§ i são e m tu a o se m e lfia n te s à s d e u rrl"C Iõ e n te c o m se u
~. O c a rá te r o fic ia l e p ú b lic o c o m q u e à s v e z e s e le é
Jig i~ 9se m ig re ja . A s v e z e s a ig re ja é e strita m e n te n a c io n a l,) in v e stid o n ã o m o d ific a e m n a d a a situ a ç ã o ; o fa to d e
\~ o u tra s v e z e s e ste n d e -se p a ra a lé m d a s fro n te ira s; o ra e x e rc e r su a fu n ç ã o a b e rta m e n te n ã o o u n e d ê m a n e Ira
a b ra n g e u m p o v o in te iro (R o m a , A te n a s, o p o v o h e b re u ), E 1 á is ;!.g y la r ~ d u rá v e l a o s...sL ';!,e
re c o rre m - a se u s se rv iç ;s;
o ra c o m p re e n d e a p e n a s u m a d e su a s fra ç õ e s (a s so c ie d a - E v e rd a d e q u e , ~ m c ~ rto s c a so ~ Q S m á g ic o s f~
d e s c ristã s d e sd e o a d v e n to d o p ro te sta n tism o ); o ra é d iri- e n tre si so c ie d a d e s: a c o n te c e d e se re u n ire m m a is o u m e -
\ g id a p o r u m c o rp o d e sa c e rd o te s, o ra f= m a is o u m e n o s -fio s p e río a ic a m e n te p a ra c e le b ra re m e m c o m u m c e rto s rio .
'- ) d e sp ro v id a d e q u a lq u e r ó rg ã o d irig e n te o fícialv . M a s, o n - !Q §; c o n h e c e m o s o lu g a r q u e o c u p a m a s re u n iõ e s (fê re iti~
t
''I d e q u e r q p e o ~ ~ rv e m Q s u m a v id a re lig !Q § a , e la te m p o r c e ira s n o fo lc lo re e u ro p e u .-M a s, a n te s d e m a is n a d a , n o -
s~ ~ ru o d e fin id 0 M e sm o o s c u lto s d ito s p riv a - ta r-se -á q u e ta is ,+ sso c ia ç õ ~ s'd e m o d o n e n h u m sã o in d is-
d o s, c o m o o c u lto d o m é stic o o u o c u lto c o rp o ra tiv o , sa tis- e n sª,v e is a o fu n c io n a m e n to d ~ a g ía ; sã o in c lu S IV e ra ra s
fa z e m e ssa c o n d iç ã o , p o is sã o se m p re c e le b ra d o s por e b a sta n te e x c e p c io n a ís.j O m á g ic o n ã o te m ã m e riO r ile :
u m a c o le tiv id a d e - a fa m ília o u a co rp o ração . A liá s, a ssim c e ssic Ia d e , p a ra p ra tic a r su a a rte , d e u n ir-se a se u s c o n fra -
c o m o e ssa s re lig iõ e s p a rtic u la re s sã o , n a m a io ria d a s v e - d e s. E le é so b re tu d o u m iso la ç lo ; e m g e ra l, lo n g e d e b u s-
z e s, a p e n a s fo rm a s e sp e c ia is d e u m a re lig iã o m a is g e ra l _ c a r a so c ié d a d e , a e v it~ M e s~ o e m re la ç ã o -a se u s c o le - OU dl~~j'
q u e a b a rc a a to ta lid a d e d a v id a 59 , e ssa s ig re ja s re strita s, n a g a s, c o n se rv a se m p re u m a a titu d e re !')e rv a d a ."6 1 A o c o n triq 1),.v!1...,
Lj"/J\çj)':>
re a lid a d e , n ã o sã o m a is q u e c a p e la s d e u m a ig re ja m a is rio , a re lig iã o é ín se a rá v e l d a id é ia d e i re · . 0 5 e sse
v a sta , a q u a l,_ p .o .r~ m e sm a , m e re c e p rim e Iro a sp e c to , já e x iste e n tre â ~ m á g ia e re lig iã o u m a
â
"""'-_
'2 Q !!!9 s , m a s s im p le s a s p e c to s d a re lig iã o com um a to d a s e r. É p o s s ív e l q u e e s s e in d iv id u a lis m o re lig io s o s e ja d e s -
ig re ja d a q u a l o s in d iv íd u o s fa z e m p a rte .{ o s a n to p a d ro e i- tin a d o a tra d u z u -s e n o s fa ~ m a s , p a ra p o d e r d iz e r e m .
ro d o s c rts fã o s e e s c o lh id o n a lis ta o fic ia d o s s a n to s re c o - q u~e m e d id a , s .e tla )2 re c is o já s a b e r o q u e é a re l~ g iã o ,~ _
n h e c id o s p e la ig re ja c a tó lic a , e s ã o ig u a lm e n te re g ra s c a - q u e e le m e n to s fe ita , d e q u e c a u s ã S T e S ü :lta , q u e fu n ç ã o >
é
I- O animismo