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Ciência & Saúde Coletiva, 14(1):333-335, 2009


Spink MJP, organizadora. A psicologia em diálo- ta e Kenneth Camargo Jr. discorrem sobre a psi-
go com o SUS: prática profissional e produção cologia médica e a psicologia da saúde como tra-
acadêmica. São Paulo: Casa do Psicólogo; 2007. dições teóricas na compreensão do processo saú-
239 p. de-doença. Mary Spink e colaboradores anali-
sam as contribuições da psicologia para a Saúde
Denis Barros de Carvalho Pública mediante estudo do banco de dados BVS
Universidade Federal do Piauí no sexto capítulo. Vera Menegon e Angela Coe-
lho descrevem as etapas da inserção da psicolo-
A psicologia foi uma das últimas profissões a se gia no sistema público de saúde como as seguin-
inserirem no campo da saúde em nosso país. So- tes: inserção incipiente (1955-1984), transição da
mente a partir do início década de 1980 é que hou- inserção (1985-1994) e inserção plena (1995-).
ve uma inserção dos psicólogos nas Unidades Bá- Além disso, as autoras estudaram os principais
sicas de Saúde. Os primeiros trabalhos acadêmi- temas sobre psicologia e Saúde Pública publica-
cos, contudo, somente seriam produzidos no final das em cada uma dessas etapas em periódicos
daquele período. científicos brasileiros. No último capítulo, Mag-
Em 2006, a Associação Brasileira de Ensino de da Dimenstein e João Paulo Macedo apresentam
Psicologia (ABEP) promoveu uma série de deba- um estudo sobre a produção bibliográfica refe-
tes sobre a formação de psicólogos para as políti- rente à formação e a inserção profissional do
cas públicas de saúde. Como conseqüência destes psicólogo no SUS.
debates, uma pesquisa sobre a prática profissional Dois eixos organizaram as discussões dos oito
e a produção acadêmica da psicologia no contexto capítulos: um sobre a prática e formação de psi-
da saúde. O livro em pauta descreve o resultado cólogos em serviços de saúde e outro sobre os
desta pesquisa. diferentes aspectos da produção de conhecimento
Organizado em oito capítulos, o livro parte da psicológico voltado para a área da Saúde. Quan-
premissa de que é preciso fortalecer a proposta do to à prática, é preciso repensar as estratégias de
SUS e que a psicologia tem muito a contribuir para trabalho à luz da análise das demandas e atua-
a redefinição das práticas em saúde, na humaniza- ção contida no livro. É preciso superar o modelo
ção dos serviços e para o trabalho na perspectiva hegemônico que preconiza para cada tipo de ser-
da integralidade. viço um tipo de formação específica. A forma-
No primeiro capítulo, Mary Spink e Gustavo ção em psicologia, por sua vez, apresenta os se-
Matta avaliam a prática profissional do psicólogo guintes desafios: desvalorização da oferta de ser-
no contexto da Saúde Pública, com destaque para viços à comunidade, necessidade de diálogo com
a inserção do profissional de psicologia no SUS. A a comunidade – fazendo valer os princípios da
partir dos dados da pesquisa realizada pela ABEP, participação e do controle social preconizado pelo
Mary Spink e colaboradores discutem a inserção SUS e finalmente a ruptura com o modelo da
de psicólogos em serviços de saúde vinculados ao psicologia aplicada, que produziu uma fragmen-
SUS, com ênfase nos desafios para a formação pro- tação da psicologia em campos de atuação. No
fissional no segundo capítulo. Um estudo sobre as que diz respeito à produção acadêmica, o livro
práticas dos psicólogos no SUS e as necessidades aponta para a necessidade de ampliar as produ-
de quem os procura foi escrito por Florianita Cam- ções que sistematizem o diálogo da psicologia
pos e Elza Guarido e forma o terceiro capítulo. com o SUS.
Jefferson Bernardes discute alguns desafios para a Este livro é, portanto, um marco neste esfor-
formação do psicólogo para o trabalho no SUS no ço de aproximar a psicologia, como teoria e
quarto capítulo. No quinto capítulo, Gustavo Mat- como prática, da saúde coletiva.

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