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Universidade Federal do Rio de Janeiro/COPPE

Programa de Engenharia Naval e Oceânica


Laboratório de Tecnologia Submarina

Teoria da Plasticidade

Notas de Aula do Prof. Theodoro Antoun Netto


Elaborado por Paulo Cesar Camara
Revisado por Eldred M. Villacrés
Março de 2011
Conteúdo

1 Análise de Tensões (Revisão) 1


1.1 Vetor de tensões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.2 Estado de Tensões em um Ponto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.3 Convenção de Sinais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.4 Equações de Equilı́brio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.5 Transformação do Tensor de Tensões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.6 Tensões Principais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.7 Conseqüências da Simetria de σ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.7.1 Teorema de Cayley-Hamilton: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.8 Diagonalização de σ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.9 Diagrama de Mohr . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.10 Tensões de Cisalhamento Octaédricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.11 Tensões desviadoras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.11.1 Definição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.11.2 Valores principais de S . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.11.3 Invariantes de S . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.11.4 Relações entre Iα e Jα . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

2 Aspectos Gerais de Plasticidade em Metais 23


2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.2 Comportamento de Metais sob
Carregamento Uniaxial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.3 Observações e Definições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.3.1 Regime Elástico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.3.2 Limite Elástico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

i
2.3.3 Ponto de Escoamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.3.4 Escoamento Descontı́nuo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.3.5 Material Estável . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.3.6 Carregamento/Carregamento Reverso
(Efeito Bauschinger) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.3.7 Recarregamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.3.8 Recozimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.3.9 Efeitos da Taxa de Deformação e
da Temperatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
2.3.10 Temperatura de Transição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
2.3.11 Dependência da história de carregamento . . . . . . . . . . . . . . . 31
2.3.12 Relação Tensão-Deformação para Grandes Deformações . . . . . . . 31
2.3.13 Representação das Curvas σ − ε . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.3.14 Definições Adicionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

3 Criterios de Escoamento 39
3.1 Superfı́cies de Escoamento Iniciais para Materiais Isotrópicos . . . . . . . . 39
3.2 Critérios de Escoamento Independentes da Pressão hidrostática . . . . . . 42
3.2.1 Critério de Escoamento de Von Mises: (1913) . . . . . . . . . . . . 42
3.2.2 Critério de Escoamento de Tresca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
3.2.3 Critérios de Escoamento para Materiais Anisotrópicos . . . . . . . . 47
3.2.4 Critérios de Escoamento Dependentes da Pressão Hidrostática (ma-
teriais porosos) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

4 Teoria de Deformação 51
4.1 Material Elástico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
4.2 Material Não-Linear Elástico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
4.3 Carregamento Proporcional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
4.4 Decomposição de ε . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
4.5 Teoria de Deformação J2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
4.6 Equações Constitutivas - Teoria J2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58

5 Fundamentos da Teoria de Plasticidade Incremental 63


5.1 Postulados de Drucker . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

ii
5.1.1 Material Estável . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
5.1.2 Conseqüências do Postulado de Drucker . . . . . . . . . . . . . . . 66
5.2 Superfı́cies de Escoamento Subseqüentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71

6 Teoria de Fluxo J2 com Encruamento Isotrópico 74


6.1 Forma Incremental Explı́cita das Equações
Constitutivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
6.2 Teoria de Fluxo J2 para Carregamento Proporcional . . . . . . . . . . . . . 80

7 Encruamento Cinemático 84
7.1 Regra de Escoamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
7.2 Exemplo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
7.3 Equações Constitutivas para Estado Plano de Tensões . . . . . . . . . . . . 88

iii
Capı́tulo 1

Análise de Tensões (Revisão)

Considere um corpo de forma arbitrária (Figura 1.1) onde atuam forças externas de
superfı́cie F (F1 , F2 , F3 , ..., Fn ), carregamentos Q e forças de corpo F(x), isto é, forças de
gravidade, campos magnéticos, forças centrı́fugas, etc, por unidade de volume. Sob ação
destas forças, o corpo apresenta forças internas (tensões) e deformações.

Figura 1.1: Corpo sujeito a forças externas.

1
1.1 Vetor de tensões
Define as três componentes de tensão atuantes em um ponto da superfı́cie.

Atenção: Depende da superfı́cie considerada!

Como obter: Corte o corpo por um plano através da origem O. A partir do equilı́brio
de forças e momentos do corpo seccionado, obtém-se as forças atuantes no plano.

∆F
Tn = lim , (1.1)
∆A→0 ∆A

onde ∆F é o vetor de força local e ∆A o elemento de área infinitesimal mostrado na figura


a seguir.
n
F
A

x
z

Figura 1.2: Vetor de tensões.

Sabemos que:
   

 
 
 

 σ
 nx 
  σ
 nn 

n
T = σny ⇒ n
T = τn1 ,

 
 
 


 σ 
 
 τ 

nz n2
| {z } | {z }
em relação ao eixo cartesiano em relação à normal

Portanto, em uma superfı́cie arbitrária, temos três componentes de tensão. Geral-


mente, essas componentes são divididas em: uma normal e duas tangentes (cisalhamento)
à superfı́cie considerada.

2
Figura 1.3: Tensões em um plano arbitrário.

1.2 Estado de Tensões em um Ponto

 

 n 
 1 
 
n= n2 ⇒n·n=1

 

 n 
 
3

Da figura (1.3), temos que:

∆ABC = dAn ∆OBC = dAx


.
∆OAC = dAy ∆OAB = dAz

Equilı́brio de forças atuando em OABC

Tn dAn = Tx dAx + Ty dAy + Tz dAz . (1.2)

Mas, 

 dAx = dAn (n · ex ) = dAn · n1


dAy = dAn (n · ey ) = dAn · n2 (1.3)



 dA = dA (n · e ) = dA · n
z n z n 3

substituindo (1.3) em (1.2) ,

Tn = T x n 1 + Ty n 2 + T z n 3 , (1.4)

onde:      

 
 
 
 
 

 σ
 xx 
  σ
 yx 
  σ
 zx 

Tx = σxy , Ty = σyy e Tz = σzy . (1.5)

 
 
 
 
 


 σ 
 
 σ 
 
 σ 

xz yz zz

3
Substituindo (1.5) em (1.4) e escrevendo em notação matricial, temos:
     

   n 
 σxx 
 

σ σ
 xx yx zx 
σ 

 1 


 
σxy =  σxy σyy σzy  n2 .

 
   
 


 σ   
 n 
xz σxz σyz σzz 3
| {z }
T
Tensor das tensões σji = σij

Já que o plano OABC é arbitrário, a equação acima pode ser usada para se obter as
tensões atuantes em qualquer plano que passa por O, uma vez conhecidas as nove com-
ponentes de σ e a normal n. Portanto, σ (σij ) representa por completo o estado tensional
no ponto O.

1.3 Convenção de Sinais

direção da componente

Figura 1.4: Tensões em elemento de volume.

Face (+) , direção (+) −→ (+) (1.6)

Face (−) , direção (−) −→ (+) (1.7)

Face (−) , direção (+) −→ (−) (1.8)

Face (+) , direção (−) −→ (−) (1.9)

A face é (+) quando a normal aponta no mesmo sentido do eixo, e (−) se aponta no
sentido contrário. Como exemplo, temos:

4
s(+) Face (+)
t(-)

Face (+)

y
s(-)

x
t(-)

Figura 1.5: Convenção de sinais.

1.4 Equações de Equilı́brio

y y @ syx
s yx + dy
@y

F3 F1
@ sxx
sxx + dx
szx @y
sxx
x
x
syx
Q
z F2 @ szx
z s zx + dz
F(x) @y
Figura 1.6: Equilı́brio de forças de um paralelepı́pedo dx , dy , dz.


Fx = 0

( ) ( )
∂σxx ∂σyx
σxx + dx dydz − σxx dydz + σyx + dy dxdz − σyx dydz +
∂x ∂y
| {z } | {z }
Plano yz Plano xz
( )
∂σzx
σzx + dz dxdy − σzx dxdy + χ · dxdydz = 0, (1.10)
∂z
| {z }
Plano xy

sendo χ a tensão relativa à componente x de uma força de corpo. Logo de (1.10), temos:

∂σxx ∂σyx ∂σzx


+ + + χ = 0, (1.11)
∂x ∂y ∂z

e por indução

∂σxx ∂σyx ∂σzx


+ + +Y =0 (1.12)
∂x ∂y ∂z

5
∂σxz ∂σyz ∂σyz
+ + +Z =0 (1.13)
∂x ∂y ∂z

ou em notação matricial

σij,j + Xi = 0. (1.14)

Prove que σij = σji .

Utilizando a conservação do momento angular, temos:


∑ ∫
Mx = [(σyz dxdz) dy − (σzy dxdy) dz] = 0
V


= (σyz − σzy ) dV = 0 −→ σyz = σzy
V

∑ ∫
My = [(σzx dxdy) dz − (σxz dydz) dx] = 0
V


= (σyz − σzy ) dV = 0 −→ σzx = σxz
V

∑ ∫
Mz = [(σxy dydz) dx − (σyx dxdz) dy] = 0
V


= (σxy − σyx ) dV = 0 −→ σxy = σyx .
V

6
1.5 Transformação do Tensor de Tensões
Dada uma tranformação de coordenadas:
y
y’

x’
X’

O x

X
z z’

Figura 1.7: Transformação de coordenadas.

σ ′ = AσAT −→ σij′ = Aip Ajq σpq


σ = AT σA −→ σij = Api Aqj σpq ,

sendo A a matriz de transformação, cujos elementos são dados por:

Aij = e′i · ej = cos (e′i , ej ) .

Exemplo:

y
y’

x’

q
O x
Figura 1.8: Transformação de coordenadas em 2D.

e1 = (1, 0) e e2 = (0, 1) ,

7
logo

e′1 = (cos θ, sin θ) e e′2 = (− sin θ, cos θ) ,

e os elementos de A são:

A11 = e′1 · e1 = cos θ A21 = e′2 · e1 = − sin θ


A12 = e′1 · e2 = sin θ A22 = e′2 · e2 = cos θ

 
cos θ − sin θ
A= 
sin θ cos θ

Para determinarmos σ11 , utilizamos a relação a seguir:

σij = Aip Ajq σpq , i, j, p e q = 1, 2


σ11 = A1p A1q σpq = A11 A11 σ11 + A11 A12 σ12 + (p = 1)

+A12 A11 σ21 + A12 A12 σ22 (p = 2)


σ11 = cos2 θσ11 + sin θ cos θσ12 + cos θ sin θσ21 + sin2 θσ22 .

8
1.6 Tensões Principais

Dizemos que um v, é chamado de autovetor ou vetor principal, determina uma direção


principal de um tensor simétrico A quando o vetor associado Av é o paralelo à v, isto é:

Av = λv, onde λ é o autovalor (escalar).

Definimos então:

σ(k) → Tensões principais

n(k) → Direções principais

tal que:

σn(k) − σ(k) n(k) = 0

ou

( )
σ − σ(k) I n(k) = 0.

Para que a equação acima tenha solução não trivial, temos:



σ − σ(k) I = 0 (equação caracterı́stica)

1.7 Conseqüências da Simetria de σ


• Valores principais (autovalores) de σ são reais;

• Os vetores principais (autovetores) de n(k) correspondente a autovalores distintos


são perpendiculares;

• Se σ(1) ̸= σ(2) = σ(3) = σ ∗ ∃ um único vetor n(1) correspondente à σ(1) , e todo


vetor normal à n(1) é um vetor principal correspondente à σ ∗ (estado de tensões
cilı́ndrico);

• Se σ(1) = σ(2) = σ(3) = σ ∗ então todo e qualquer vetor define uma direção principal
associada à σ ∗

9
s(1)
s(1)

Figura 1.9: Estado de tensões cilı́ndrico.


 

σ 0 0
 
  ∗
 0 σ ∗
0  σ = −p (pressão hidrostática).
 
0 0 σ∗
Se σ(1) > σ(2) > σ(3) , então:

σ(1) é o máximo [σii ]X ∀ X

σ(3) é o mı́nimo [σii ]X ∀ X.

1.7.1 Teorema de Cayley-Hamilton:

Se

σ = σ T =⇒ σ 3 − I1 σ 2 − I2 σ − I3 I = 0,

onde I1 , I2 e I3 são os invariantes de σ e I é o tensor identidade,

I1 = T r (σ) = σ11 + σ22 + σ33

1[ ] 1
I2 = T r (σ)2 − (T r (σ))2 = (σij σji − σii σjj )
2 2

I3 = det σ

1.8 Diagonalização de σ

Se σ(1) , σ(2) e σ(3) são distintos e n(1) , n(2) e n(3) são as direções principais correspon-
dentes, então a matriz P , que é dada por:
 
(1) (1) (1)
n1 n2 n3
  ( )
 (2)  (i) (i) (i)
P =  n(2) n2 n3 
(2)
, onde n(i)
= n , n , n ,
 1  1 2 3
(3) (3) (3)
n1 n2 n3

10
quando calculada da seguinte forma
 
σ (1) 0 0
 
 
P σP T =  0 σ (2)
0 ,
 
(3)
0 0 σ

fornece o tensor associado ao sistema de coordenadas principal.

1.9 Diagrama de Mohr

{ }
Sendo X p , n(1) , n(2) , n(3) o sistema de coordenadas principal de σ, considere um
plano com normal n.
y n
T

t n. n
sn. n

Xp

z
Figura 1.10: Tensões normal e cisalhante, no sistema de coordenadas principal.

O vetor de tensões pode ser escrito da seguinte forma:

Tn = σn · n + τn t,

onde

σn = Tn · n e τn = Tn · t.

Para o sistema de coordenadas principal:


    
σ 0 0 n1 σ(1) n1
 (1)    
    
Tn = σn · n =  0 σ(2) 0   n2  =  σ(2) n2 
    
0 0 σ(3) n3 σ(3) n3

11
 ( )2 ( )2 ( )2

 n
· n 2 2


T T = σn + τ n = σ(1) n1 + σ(2) n2 + σ (3) n 3

Tn · n =σn = σ(1) n21 + σ(2) n22 + σ(3) n23





 n · n = n2 + n2 + n2 = 1
1 2 3

    
1 1 1 n21 1
    
  2   
 σ(1) σ(2) σ(3)   n2  =  σn .
    
2 2 2 2
σ(1) σ(2) σ(3) n3 σn2 + τn2

A solução para σ(1) ̸= σ(2) ̸= σ(3) ̸= t é:


( )( )
τ 2
+ σ n − σ(2) σn − σ(3)
n21 = ( n
)( ) ,
σ(1) − σ(2) σ(1) − σ(3)

( )( )
τ 2
+ σn − σ (3) σn − σ(2)
n22 = n( )( )
σ(2) − σ(1) σ(2) − σ(3)

e
( )( )
τ 2
+ σ n − σ(1) σn − σ(2)
n23 = (
n
)( ) .
σ(3) − σ(1) σ(3) − σ(2)

Se σ(1) > σ(2) > σ(3) , então:


( )( )
τn2 + σn − σ(2) σn − σ(3) ≥ 0,

( )( )
τn2 + σn − σ(3) σn − σ(2) ≤ 0

e
( )( )
τn2 + σn − σ(1) σn − σ(2) ≥ 0.

Completando os quadrados, podemos escrever as equações como:


[ ] [ ]
σ(2) + σ(3) 2 σ(2) − σ(3) 2
σn − + τn ≥
2
,
2 2

[ ] [ ]
σ(3) + σ(1) 2 σ(3) − σ(1) 2
σn − + τn ≤
2
2 2

e
[ ] [ ]
σ(1) + σ(2) 2 σ(1) − σ(2) 2
σn − + τn ≥
2
.
2 2

12
tn

(II)

(I)
(III)

s(3) O s(2) s(1) sn

Figura 1.11: Cı́rculo de Mohr (σ(1) > σ(2) > σ(3) ).

Logo, podemos observar pela figura acima que:

σ(1) − σ(3)
(τn )max = (Tensão de cisalhamento máxima)
2

e neste plano:

σ(1) + σ(3)
σn = (Tensão normal) .
2

Neste plano em especial, temos:




 n = ± √12

 1
n2 = ± √12 em relação aos eixos principais.



 n =0
3

13
Casos Especiais:
tn

s(3) O s(1) sn

Figura 1.12: Cı́rculo de Mohr (σ(2) = 0).

tn

s(2) = s(3) O s(1) sn

Figura 1.13: Cı́rculo de Mohr (σ(2) = σ(3) ).

14
tn

O s(1) sn

Figura 1.14: Cı́rculo de Mohr (σ(1) > 0 e σ(2) = σ(3) = 0).

tn

O
s =s =s
(1) (2) (3)
s
Figura 1.15: Tensão cisalhante = 0.

1.10 Tensões de Cisalhamento Octaédricas

Considere o sistema de coordenadas principal Xp e

1
n = √ (1, 1, 1) ,
3

ou de forma geral

1
n21 = n22 = n23 = ,
3

cujas combinações nos fornecem 8 planos, são eles:

(−1, −1, −1) , (−1, 1, −1) , (1, −1, −1) , (−1, −1, 1)

(1, 1, 1) , (−1, 1, 1) , (1, −1, 1) e (1, 1, −1) .

Temos que:

15
y

O x

Figura 1.16: Os oito planos octaédricos.

Tn = σn · n + τn · t,

onde τn é a tensão octaédrica, e

σ(1) +σ (2) +σ (3) 1


σn = Tn · n = σ (1) n21 +σ (2) n22 +σ (3) n23 = = T r (σ) . (1.15)
3 3

Também temos que:

( )2 ( )2 ( )2
Tn · Tn = σn2 + τoct
2
= σ(1) n1 + σ(2) n2 + σ(3) n3 , (1.16)

substituindo (11) em (12), temos:


( )2
( )2 ( )2 ( )2 σ(1) +σ(2) +σ(3)
2
τoct = σ(1) n1 + σ(2) n2 + σ(3) n3 − ,
3

1[ ( )2 ( )]
2
τoct = 2 σ(1) + σ(2) + σ(3) − 6 σ(1) σ(2) + σ(2) σ(3) + σ(3) σ(1) ,
9

1[ 2 ] 1 [( )2 ( )2 ( )2 ]
2
τoct = 2I1 − 6I2 = σ(1) − σ(2) + σ(2) − σ(3) + σ(3) − σ(1)
9 9

A equação acima pode ser rescrita como:

1[ ( 2 )] 12
τoct = (σ11 −σ 22 )2 + (σ22 −σ 33 )2 + (σ33 − σ11 )2 + 6 σ12 2
+ σ23 2
+ σ31 .
3

16
1.11 Tensões desviadoras

1.11.1 Definição

Freqüentemente, é necessária a decomposição do tensor de tensões em uma parcela


hidrostática e uma parcela desviadora tal como:

1 1
σ = σ− T r (σ) I + T r (σ) I,
3 3

onde I é o tensor identidade. Definimos também

T r (σ)
h=
3

como a pressão hidrostática média, e a parcela hidrostática 13 T r (σ) I é dada por:


 (σ ) 
(1) +σ(2) +σ(3)
0 0
 3
( ) 
 σ(1) +σ(2) +σ(3) 
h= 0 0 .
 3
( ) 
σ(1) +σ(2) +σ(3)
0 0 3

Este estado corresponde à tração ou compressão uniforme em todas as direções. Note que
neste caso há variação no volume sem que haja mudança de forma.
Definimos ainda o desviador do tensor de forças como 1 :

1 σkk
S = σ− T r (σ) I ou Sij = σij − δij
3 3

ou
 ( ) 
σ(1) +σ(2) +σ(3)
σ11 − σ12 σ13
 3
( ) 
 σ(1) +σ(2) +σ(3) 
S= σ12 σ22 − σ23 .
 3
( ) 
σ(1) +σ(2) +σ(3)
σ13 σ23 σ33 − 3

1.11.2 Valores principais de S

Considere n(1) e σ(1) autovalor e autovetor correspondente de σ. Então:

σn(1) = σ(1) n(1) ,


1
S é o restante de σ filtrada a parcela hidrostática, ou seja, S é a parte que causa distorção, e seu
traço é nulo T r(S) = 0

17
ou

(σ − αI + αI) n(1) = σ(1) n(1) .

Fazendo-se

1
α = T r (σ) ,
3

temos:

(S + αI) n(1) = σ(1) n(1) ,

logo

( )
Sn(1) = σ(1) − α n(1) .

( )
Portanto n(1) e σ(1) − α são autovetor e autovalor de S respectivamente. Podemos
observar também que S possui as mesmas direções principais de σ.

1.11.3 Invariantes de S

Sabemos que:

S = S T , T r (S) = Skk = 0.

Teorema de Cayley-Hamilton
0
z}|{
S − J1 S2 −J2 S − J3 I = 0
3

Podemos então determinar os seus invariantes da seguinte forma:

J1 = Skk = 0
1 1
J2 = (Sij Sij − Sii Sjj ) = Sij Sij
2 2
1
J3 = det (S) = Sij Sjk Ski .
3

18
1.11.4 Relações entre Iα e Jα

J1 = 0
1( 2 )
J2 = I1 − 3I2
3
1
J3 = (2I2 + 9I1 I2 + 27I3 ) .
27

Temos, porém, outras formas de escrever J2 . São elas: em termos dos valores princi-
pais:

1[ ( 2 )]
J2 = (S11 + S22 + S33 )2 − 2 (S11 S22 + S22 S33 + S33 S11 ) + 2 S12 2
+ S23 2
+ S13 .
2

1( 2 )
J2 = S1 + S22 + S32 ,
2

em termos de σij

1[ ( 2 )]
J2 = (σ11 − σ22 )2 + (σ22 − σ33 )2 + (σ33 − σ11 )2 + 6 σ12 2
+ σ23 2
+ σ13 ,
6

em termos de σi

1[ ]
J2 = (σ1 − σ2 )2 + (σ2 − σ3 )2 + (σ1 − σ3 )2
6

ou

3 2
J2 = τoct .
2

19
Exercı́cios Propostos
1.1) As componentes de tensão em um ponto em relação a um eixo de coordenadas carte-
sianas são dadas por:

σxx = σxy = σyx = 500; σyy = 1000; σyz = σzy = −750; σzx = σxz = 800; σzz = −300.

O plano é definido pelo vetor unitário:


1 1 1
n = ex + ey + √ ez .
2 2 2
(a) Calcule as componentes do vetor de tensões na direção normal e tangencial ao
plano σn e τn .
(b) Obtenha as tensões e as direções principais para o tensor de tensões acima.

1.2) Dada as tensões nas duas superfı́cies abaixo, calcule as tensões principais no ponto
C.

1.3) Na figura abaixo, o trecho AB da placa


está descarregado. A máxima tensão de
cisalhamento no ponto C é de 9000 psi.
Ache o tensor de tensões no ponto C com
relação ao sistema de coordenadas da figura.
1.4) Uma placa plana de espessura unitária é carregada por cargas distribuı́das uniforme-
mente nos bordos como mostra a figura. Calcule as tensões na placa
Dica: Calcule primeiro o vetor de tensões nos bordos e utilize esses valores para
obter as tensões.

1.5) O estado de tensão em um ponto P relativo ao sistema de coordenadas {X : e1 , e2 , e3 }


é dado abaixo:
 
7 2 1
σ =  2 −6 −2  ksi
1 −2 8

Calcule:
(a) O vetor de tensões em P em plano normal com eb1

(b) O vetor de tensões em P no plano cuja equação é dada por:

2x1 − 2x2 + x3 = 1

(c) As tensões e direções principais

(d) As tensões de cisalhamento máxima e a normal a esse plano

(e) As tensões octaédricas e normal a esse plano

(f) Os invariantes I1 , I2 e I3

(g) As tensões desviadoras e os invariantes J2 e J3

(h) Traçar o cı́rculo de Mohr para σ

(i) Diagonalizar σ através de uma transformação apropriada


1.6) Prove o Teorema de Cayley-Hamilton para σ = σ T

1.7) Prove que:

1
J3 = Sij Sjk Ski
3
Capı́tulo 2

Aspectos Gerais de Plasticidade em


Metais

2.1 Introdução

Em diversas aplicações em engenharia, é necessário deformar estruturas além do limite


elástico do material.

• Forja, estamparia e outros processos de fabricação;

• Construções e processos de instalação;

• Condições previstas no dimensionamento (projeto);

• Ações no meio ambiente (terremotos, etc.);

• Cargas de impacto.

O estudo da plasticidade trata do comportamento e modelagem de materiais além do


regime linear. O nome “plástico” é originário do grego πΛAθEIN , que significa moldar
ou forjar com a conota ção de deformação permanente.
Na sua forma presente, a teoria de plasticidade é fenomenológica, isto é, baseada em
observações experimentais e medições da relação σ − ε sob condições de carregamentos
simples. Apesar de existir alguns estudos relacionando os experimentos macroscópicos e o
que acontece microscopicamente, uma correlação direta não é atualmente possı́vel devido
à grande complexidade dos eventos microscópicos. Apesar dessa limitação, a teoria é

23
bastante aplicável e fornece bons resultados no estudo de problemas como os citados
acima.
O curso será concentrado no comportamento macroscópico de materiais, com ênfase no
comportamento de ligas metálicas policristalinas. O seu comportamento sob carregamento
simples será investigado e métodos de generalizar este comportamento para casos de
carregamentos combinados mais complexos também serão apresentados.

2.2 Comportamento de Metais sob


Carregamento Uniaxial

Em geral, deformação plástica em metais é acompanhada por uma pequena (na maioria
das vezes desprezı́vel) variação de volume (dilatação). Portanto, a energia de deformação
acumulada durante a deformação plástica é primeiramente causada por tensões desviado-
ras. Uma opção para se determinar o comportamento uniaxial do material é o teste de
cisalhamento puro. Para a maioria dos materiais, a maneira mais simples de realizar este
teste é aplicar torção em um tubo de parede fina.

Figura 2.1: Teste de cisalhamento puro em um tubo.

Limitações

Flambagem (Buckling) - necessidade de um aparato de testes especı́fico.


A alternativa mais simples e mais utilizada é o ensaio de tração/compressão na deter-
minação do gráfico σ − ε.

24
Figura 2.2: Corpo de prova tı́pico (forma de osso de cachorro).

Limitações

Instabilidade “empescoçamento” (necking), sob tração e flambagem sob compressão.

2.3 Observações e Definições

2.3.1 Regime Elástico

É a região em que o material sob carregamento não sofre deforma ções permanentes.
Na maioria das ligas é fenomenológica, isto é, baseada em observações experimentais e
medições das relações tensão-deformação sob condições de carregamento simples. Ape-
sar de alguns estudos relacionando os experimentos macroscópicos e o que acontece mi-
croscopicamente existirem, uma correlação direta não é atualmente possı́vel, devido à
grande complexidade dos eventos microscópicos. Apesar desta limitação, a teoria é bas-
tante aplicável e fornecer bons resultados no estudo de problemas como os citados acima.
O curso será concentrado no comportamento macroscópico de materiais, com ênfase no
comportamento de ligas metálicas policristalinas. O seu comportamento sob carrega-
mento simples será investigado e métodos de generalizá -lo para casos de carregamentos
combinados (mais complexos) serão apresentados.
Na maioria das ligas metálicas, a curva F − ∆l é linear nesta região. Alguns materiais
metálicos de alta resistência podem apresentar não-linearidade no regime elástico.

25
F
A0 B
A’

Dl
A0

Figura 2.3: Curva F − ∆l tı́pica de um metal.

2.3.2 Limite Elástico

Fronteira do regime elástico do material, tipicamente:

• ε0 = 0, 002 (Aço);

• ε0 = 0, 005 (Alumı́nio).

2.3.3 Ponto de Escoamento

É o ponto na curva σ − ε escolhido convencionalmente como correspondente ao escoa-


mento do material.

σ0 = σ|ε=0,2% (Aço)

σ0 = σ|ε=0,5% (Alumı́nio).

A tensão de escoamento σ0 obtida desta forma deve ser usada apenas como referência
para efeito de projeto. O limite elástico deve ser usado para cálculos detalhados de
plasticidade.

σ
ε = εe + εp =⇒ εp = ε − εe = ε −
E

26
Figura 2.4: Deformações plástica (εp ) e elástica (εe ).
F
A0

A’ E
A
A’’

Dl
A0

Figura 2.5: Deformações plástica (εp ) e elástica (εe ).

2.3.4 Escoamento Descontı́nuo

Algumas ligas metálicas com impurezas (ex.: aço doce) apresentam escoamento de-
scontı́nuo (ver figura ).
O fenômeno de instabilidade do material, conhecido como “Lüders Band”, começa no
ponto A′ . A deformação deixa de ser homogênea e começa a se concentrar numa pequena
zona.
A banda de Lüders tem aproximadamente 1 a 3% na curva σ − ε, e o valor da tensão
aproximadamente constante em que a banda se propaga é chamado de limite de escoa-
mento inferior (A′′ ).
A deformação do material durante este fenômeno é basicamente distorcional, ocorrendo
tanto sob tração quanto sob compressão. Se o corpo de prova é descarregado, a propagação

27
Figura 2.6: Os oito planos octaédricos.

é interrompida. Ela é, no entanto, retomada caso o material seja novamente carregado
sob tensão igual a σA′′ .
Alguns aços são propositalmente trabalhados a frio com objetivo de obter um material
estável como resultado.

2.3.5 Material Estável

É aquele que mantém a 1a derivada positiva até o empescoçamento (necking)

s Necking

Figura 2.7: Empescoçamento.

2.3.6 Carregamento/Carregamento Reverso


(Efeito Bauschinger)

Se o material é descarregado a partir do ponto B, a curva de descarregamento se


manterá linear até o ponto b. (Note que |σb | < |σB |), e que (|σb | < |σa |). Em alguns
casos, o ponto b pode corresponder a uma tensão trativa.
O “encruamento” (hardening) ou enrijecimento observado sob tração causou uma
redução na tensão de escoamento sob compressão. Este efeito é conhecido como “Efeito
Bauschinger”.

28
Figura 2.8: Efeito Bauschinger.

2.3.7 Recarregamento

s s

Modelado

e e

Figura 2.9: Recarregamento.

O carregamento até B e descarregamento de B para C, e posterior recarregamento


de C para B produz o efeito mostrado na figura acima. O efeito do descarregamento na
curva original é insignificante, permitindo modelar o comportamento do material como
mostrado à direita.

2.3.8 Recozimento

O encruamento causado pelo trabalho a frio (Efeito Bauschinger) pode ser minimizado
através do recozimento e posterior normalização do material (tratamento térmico). O
procedimento envolve o aquecimento do material acima da temperatura de recozimento
(entre 35-50% da temperatura de fusão), manter por um certo tempo e posteriormente
resfriar lentamente (no ar). Alguns produtos metálicos são trabalhados a quente (50%
acima da temperatura de fusão), isto é, são deformados à temperatura de recozimento
para evitar os efeitos indesejá veis do trabalho a frio (inclusive redução de dutilidade).

29
2.3.9 Efeitos da Taxa de Deformação e
da Temperatura

Na maioria dos metais usados em estruturas, a curva σ −ε é basicamente independente


da taxa de deformação na temperatura ambiente (ε̇ < 10−1 ).
A altas temperaturas, no entanto, o metal pode se deformar sob tensão constante, e
este fenômeno chama-se fluência (creep). Uma lei de fluência (Power Law Creep) usual-
mente utilizada na literatura, é dada abaixo:

σ = KεN ε̇M ,

onde: N = Parâmetro de encruamento


M = Parâmetro de sensibilidade à taxa de deformação
K, M e N dependem da temperatura.
Os resultados experimentais obtidos à pressão e temperatura constantes fornecem as
curvas mostradas:

Figura 2.10: Fluência.

Na parte terciária, o material começa a sofrer mudanças na sua estrutura microscópica,


como nucleação e crescimento de microtrincas. Sob taxa de deformação constante, as
curvas σ − ε tomam a seguinte forma:
Note que para taxas de deformações altas (ε̇ > 100 ), a tensão de escoamento do
material aumenta mesmo a temperatura ambiente (comportamento visco-elástico).

2.3.10 Temperatura de Transição

30
e
.
e

T constante

Figura 2.11: Taxas de deformação.

Alguns materiais quando expostos a temperaturas muito pequenas sofrem uma mu-
dança brusca em seu comportamento. Abaixo do que se convenciona chamar de “tem-
peratura de transição” (TT ), estes materiais se tornam bastante frágeis e vice-versa para
T > TT . Aços em geral possuem a temperatura de transição abaixo da temperatura
ambiente. Alumı́nio e cobre não apresentam tal comportamento.

2.3.11 Dependência da história de carregamento

E t1 E t2

Et3

Figura 2.12: História de carregamento.

O valor da tensão não é suficiente para se determinar Et , torna-senecessário o conhec-


imento da história de carregamento prévia.

2.3.12 Relação Tensão-Deformação para Grandes Deformações


Para grandes deformações (por exemplo, ε > 10%), as definições de engenharia de

31
tensão e deformação não são mais adequadas. “Tensão Verdadeira” e “Deformação
logarı́tmica” devem ser usadas nesse regime.

P
σt = , A −→ Área atual (deformada) da seção transversal,
A

σt é chamada de “Tensão Verdadeira de Cauchy”

∫ l ( )
dl l
e= = ln
l0 l l0

e e é chamada de “Deformação Logarı́timica ou Natural”.


Já que, sob tração, a área da seção transversal diminui e, sob compressão, ela au-
menta, para grandes deformações, a curva σ − ε em tração e compressão são diferentes.
O uso das definicões σt e e durante um teste de tração uniaxial, faz com que a curva
σ − ε eventualmente atinge um máximo. Após a carga máxima, há uma localização da
deformação e conseqüente “empescoçamento” do corpo de prova.

st

st

dst
de

eC e

Figura 2.13: Tensão verdadeira.

Durante o empescoçamento, a deformação e tensão na região do pescoço aumentam,


enquanto há um descarregamento nas outras regiões. Eventualmente, o corpo de prova
se rompe. O empescoçamento é uma instabilidade macroscópica, e não uma mudança
no comportamento do material. A deformação εc depende da geometria (área da seção
transversal) do corpo de prova e da derivada da curva σ −ε. εc pode ser obtido da seguinte
forma:
Assuma que a deformação é totalmente incompressı́vel (ν = 0.5), isto é:

V = V0 ⇒ Al = A0 l0

32
P
σ= −→ P = σA0 = σt A (2.1)
A0
diferenciando (2.1) temos:

dP = dσt A + dAσt ,

Pmax ocorre quando dP = 0, logo


dσt dA
Pmax −→ dP = 0 −→ =− . (2.2)
σt A
Por outro lado:
dA dl
dV = dA l + Adl = 0 −→ − = . (2.3)
A l
De (2.2) e (2.3) temos:
dσt dl dl dl/l0 dε
= = = ∆l
= ,
σt l l0 + ∆l 1 + l0 1+ε
portanto
dσt σt
= =⇒ para P = Pmax
dε 1+ε
Provar que:

σt = σ (1 + ε) −→ incompressı́vel

2.3.13 Representação das Curvas σ − ε

Os resultados experimentais de testes uniaxiais de tração precisam ser representados


de forma adequada para implementação em métodos analı́ticos e/ou numéricos.
1a opção: Digitar a curva ponto a ponto e utilizar algum ajuste(ex. multilinear).
2a opção: Utilizar uma das aproximações analı́ticas a seguir, em geral úteis em estudos
1- Lei de Potência

ε σ
= ; σ < σ0
ε0 σ0

( )n
ε σ ; σ > σ0
=
ε0 σ0 ε0 = σ0
E

33
s
n

s0

E
e0 e

Figura 2.14: Lei de Potência.

2 - Lei da Potência Modificada

σ
ε= , σ < σ0
E

[ ( )n ]
σ0 1 σ 1
ε= − σ ≥ σ0
E n σ0 n+1

[ ( ) ] ( )n−1
n−1
dε σ0 1 σ 1 σ
= =
dσ E σ0 σ0 E σ0

s
n

s0

E
e0 e

Figura 2.15: Lei de Potência Modificada .

3 - Aproximação de Ramberg-Osgood

[ ( )n−1 ]
σ 3 σ
ε= 1+
E 7 σy

Método de ajuste da curva


A deformação plástica é dada por:

34
n =1
s
n
sy

E 0.7E

Figura 2.16: Ramberg-Osgood .

σ
εp = ε −
E

( )n−1
σ 3σ σ σ
p
ε = + −
E 7E σy E

( )n
3 σy
p σ
ε =
7E σy

( )
p σ
ln ε = C + n ln ,
σy

onde

3 σy
C = ln .
7E

Ou seja, podemos ajustar seguindo os seguintes passos:

1. Determine E

2. Determine o limite elástico

3. Calcule σy
( )
σ
4. Calcule ln εp x ln σy

5. Ajuste n na reta.

35
2.3.14 Definições Adicionais

Rı́gido Perfeitamente Plástico

s0

Figura 2.17: Material Rı́gido Perfeitamente Plástico.

Elástico com Encruamento Linear


s

s0

Figura 2.18: Material Elástico Perfeitamente Plástico.

Elástico Perfeitamente Plástico


s

E’
s0

Figura 2.19: Material Elástico com Encruamento Linear.

36
Exercı́cios Propostos
2.1)
(a) A figura 2.20 apresenta a curva tensão x deformação obtida experimentalmente
com o material AL-6061-T6. A tabela em anexo ao gráfico apresenta um conjunto de
pontos (σ − ε) obtidos na curva. Use os dados para ajustar a curva σ − ε usando a
equação de Ramberg-Osgood. Trace o ajuste junto dos gráficos.

(b) Mantenha E e σy constantes, varie o parâmetro n com os seguintes valores: n = 5,


n = 10, n = 15, n = 30, n = 300 e trace o gráfico com os resultados.

Strain(%) Stress(psi)
60000 2.835E-2 2734.6
6.320E-2 6195.0
s(psi)
9.364E-2 9297.8
50000 0.1273 12695.1
0.1720 17301.9
0.2203 22255.8
40000 0.2482 25022.0
0.2865 28808.4
0.3242 32563.3
0.3530 35487.3
30000
0.3867 38337.6
0.4122 40230.8
0.4761 42481.7
20000
0.5351 43586.0
sp= 37833 psi 0.5231 44206.6
s0= 44500 psi 0.6685 44848.2
10000
sy= 44500 psi 0.7756 45332.0
0.7E 0.8379 45521.3
UNIAXIAL TEST FOR AL-6061-T6 E= 107 psi
0.9395 45637.0
0
1.0146 45889.5
0.0 0.2 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5
e(%) 1.0998 45942.1
1.1602 46162.9
1.3568 46310.2
1.5362 46562.6
1.7425 46804.5
1.9424 46930.7
2.1626 47141.1

Figure 1: Dados experimentais.

2.2) Use a expressão abaixo para ajustar os dados experimentais do gráfico a seguir

σ = KεN ε̇m

Compare seus resultados com os pontos experimentais.


125
s (ksi)

100

75

50 e = 3,8.10 -1 s-1
e = 3,8.10 -2 s-1
e = 4.10 -3 s-1
25 e = 4.10 -4 s-1
e = 3,8.10 -5 s-1

0
0 1 2 3 4 5 6 7
e (%)
Figure 2: Dados experimentais.

2.3) Seja Ii0 e Ji0 com (i = 1, 3) os invariantes do tensor de deformação ε e o tensor de


deformações desviadoras. Mostre que a densidade de energia de deformação elástica para
materiais isotrópicos pode ser escrita como abaixo:
(a)

K 02
U0 = 2µJ20 + I
2 1
(b)
p 1
U0 = J2 J20 + I1 I10
6
Capı́tulo 3

Criterios de Escoamento

3.1 Superfı́cies de Escoamento Iniciais para Materi-


ais Isotrópicos

s0

Região Elástica
Região Elástica Subseqüente
Inicial

s0

Figura 3.1: Regiões elásticas.

A noção do limite elástico em 1-D será generalizada por uma superfı́cie de escoamento,
quando o material experimentar tensões multi-axiais. A função proposta é uma superfı́cie
no espaç o de tensões que compreende todas as combinações de tensões para as quais o
material se comporta elásticamente.
A superfı́cie de escoamento inicial corresponde ao material virgem. Caso o material
seja inicialmente isotrópico no escoamento, a dependência da função de escoamento em
relação ao tensor σ pode ser expressa a partir dos invariantes de tensão I1 , I2 , I3 ou a
partir das tensões principais σ1 , σ2 e σ3 . Se a função de escoamento não é afetada pela

39
tensão hidrostática é possı́vel representá-la da forma:

f (J2 , J3 ) = Cte.

Outra hipótese sustentada por observações experimentais é que se σ está sobre a


superfı́cie inicial de escoamento, −σ também está. Como
J3 = S1 S2 S3 , torna-se necessário elevá-lo a um expoente par em f , logo:

( )
f J2 , J32 = Cte.

Concluı́mos então, que a superfı́cie de escoamento inicial para materiais isotrópicos e


não-porosos (densos) pode ser escrita da forma acima. Esta função representa um cilindro
no sistema de coordenadas das tensões principais com a geratriz paralela ao eixo que define
a pressão hidrostática, já que p = I1 /3 não é um argumento da função.
s

Figura 3.2: Regiões elásticas.

−→
OP = σ = (σ1 , σ2 , σ3 )

−→ σ1 + σ2 + σ3
OR = (σ · n) n = (1, 1, 1)
| {z } | 3
{z }
I1
σn
3

O plano normal a n é conhecido como plano π :

40
C s’1

60
º A’

30º

B B’

s’2 s’3

A C’

Figura 3.3: Regiões elásticas.

Isotropia

Se (σ1 , σ2 , σ3 ) está sobre a superfı́cie de escoamento então (σ1 , σ3 , σ2 ) também está. Isto
se deve à simetria com relação ao eixo σ1′ , similarmente para σ1′ e σ3′ . A isotropia divide
a função (superfı́cie) de escoamento em 6 segmentos idênticos de 600 , caso para (solos
porosos) e materiais rochosos.

Simetria sob Tração/Compressão

Se (σ1 , σ2 , σ3 ) está sobre a superfı́cie de escoamento então (−σ1 , σ2 , σ3 ) também está. Isto
se deve à simetria com relação ao eixo BB ′ , similarmente para AA′ e CC ′ .
A função de escoamento pode ser dividida em 12 segmentos idênticos de 300 , Isto
reduz o esforço experimental para geração da curva inicial de escoamento.

41
3.2 Critérios de Escoamento Independentes da Pressão
hidrostática

3.2.1 Critério de Escoamento de Von Mises: (1913)

A função (superfı́cie de escoamento) é função apenas de J2 . Em particular,

f = J2

s
Figura 3.4: Regiões elásticas.

Na figura acima temos que:

−→ −→ −→
OP = OR + OQ

−→
OP = σ = (σ1 , σ2 , σ3 )

−→ σ1 + σ2 + σ3
OR = (1, 1, 1)
3

     
σ1 1 S
−→ −→ −→  
 I 
 1 
  1 
  
OQ = OP − OR =  σ1  −  1  =  S2 
  3    
σ1 1 S3

42
−−→ ( 2 )1/2 √
|OQ| = S1 + S22 + S32 = 2J2 .

J2 = Cte −→ cilindro reto com raio 2J2 e geratriz paralela a
n= √1 (1, 1, 1) .
3

“O material escoa quando a parcela de energia de deformação distorcional atinge um


valor crı́tico” (Henky)

1 1
v0 = σ · ε = σij εij (Material linear elástico)
2 2
1+ν ν
εij = σij − σkk δij
E E
[ ]
1 1 1+ν ν
σij εij = σij σij − σkk σpp , δij δij = δii = 3
2 2 E E
1+ν [( σkk ) ( σpp )] ν
= Sij + δij Sij+ δij − σkk σpp
2E 3 ( 3) 2E
1+ν 1 1+ν
= Sij Sij + − ν σkk σpp
2E 2E 3
1+ν 1 − 2ν 2
= J2 + I
E 6E 1
1 1 1 2
= J2 + I ,
2µ 18 K 1
onde:
1
J2 é a energia de deformação distorcional,

1 1 2
I é a energia de deformação devido à dilatação e
18 K 1
E
K= o módulo de Bulk.
3 (1 − 2ν)
“O material escoa quando a tensão de cisalhamento nos planos octaédricos atinge um
valor crı́tico” (Nadai, Henky)
3 2
J2 = τoct
2
1 1
J2 = S · S = Sij Sij = K 2
2 2
1[ ( 2 )]
= (σ11 − σ22 )2 + (σ22 − σ33 )2 + (σ11 − σ33 )2 + 6 σ12 2
+ σ23 2
+ σ31
6
Como obter K? −→ Simples experimentos:
1. Teste de Tração 1( 2 ) 1
J2 = σ0 + σ02 = k 2 = σ02 (3.1)
6 3

43
s

s1

s0

e1

Figura 3.5: Corpo de prova tı́pico (forma de osso de cachorro).

2. Cisalhamento Puro

t1
T

t0

g1

Figura 3.6: Teste de cisalhamento puro em um tubo.

J2 = τ02 = k 2 (3.2)

de (3.1) e (3.2) temos:



σ0 = 3τ0

Superfı́cie de escoamento inicial

1 1[ ]
J2 = σ02 = (σ1 − σ2 )2 + (σ2 − σ3 )2 + (σ1 − σ3 )2
3 6
ou
1[ ( 2 )]
= (σ11 − σ22 )2 + (σ22 − σ33 )2 + (σ11 − σ33 )2 + 6 σ12 2
+ σ23 2
+ σ31
6
em 2-D: (estado plano de tensões) σ3i = 0
1[ ] 1 2
J2 = (σ11 − σ22 )2 + σ22
2 2
+ σ11 2
+ 6σ12 = σ0
6 3

2
σ11 − σ11 σ22 + σ22
2 2
+ 3σ12 = σ02

44
Figura 3.7: Teste de cisalhamento puro em um tubo.

Sistema de coordenadas principal (tensões principais)

σ12 − σ1 σ2 + σ22 = σ02

s0

-s0 s0 1

-s0

Figura 3.8: Teste de cisalhamento puro em um tubo.

3.2.2 Critério de Escoamento de Tresca

Em 1864, a partir de resultados experimentais,Tresca concluiu que o escoamento de


um material ocorre quando a tensão máxima de cisalhamento atinge um valor crı́tico, isto

45
é:
{ }
|σ1 − σ2 | |σ2 − σ3 | |σ3 − σ1 |
max , , =C
2 2 2

Determinação de C a partir de testes experimentais:


1.Teste de Tração

σ1 , σ 2 = 0
σ0
C =
2

2.Teste de Torção Pura

σ1 − σ2
= τ0 = C
2

temos, então:

σ0
= τ0
2

Em 2-D (estado plano de tensões)

s1
s0

- s0 s0 s2

-s0
Tresca
Von Mises
Figura 3.9: Teste de cisalhamento puro em um tubo.

|σ1 − σ2 | σ0 |σ1 | σ0 |σ2 | σ0


= , = , e =
2 2 2 2 2 2

em 3-D Uma forma alternativa de escrever o critério de Tresca é a seguinte:

[ ][ ][ ]
f (σ) = (σ1 − σ2 )2 − 4C 2 (σ2 − σ3 )2 − 4C 2 (σ3 − σ1 )2 − 4C 2 = 0

46
s1

Mises

Tresca

s3

s2

s1’

2 s0
3

s 2’ s3’

Figura 3.10: Superfı́cies de escoamento 3D.

3.2.3 Critérios de Escoamento para Materiais Anisotrópicos

Alguns processos de fabricação podem causar preferências direcionais no escoamento


do material (metal).
Ex: Extrusão, laminação,etc.
Hill (1948) sugeriu a seguinte modificação do critério de Von Mises para considerar
anisotropia.

f (σ) = F (σy − σz )2 + G (σz − σx )2 + H (σx − σy )2 + 2Lσyz


2 2
+ 2M σxz 2
+ 2N σxy = 1,

onde F, G, H, L, M e N são constantes do material a serem determinadas e (x, y, z) são


as direções principais de anisotropia.

47
Calibração:
Sejam σx0 , σy0 e σz0 as tensões de escoamento sob tração nas direções τxy0 , τyz0 e τxz0
as tensões x, y e z de escoamento em cisalhamento puro.

1. Apenas σx

1
G+H = 2
σx0

2. Apenas σy

1
F +H = 2
σy0

3. Apenas σz

1
F +G= 2
σz0

1 1 1
2F = 2
+ 2 − 2
σy0 σz0 σx0
1 1 1
2G = 2
+ 2 − 2
σz0 σx0 σy0
1 1 1
2H = 2
+ 2 − 2
σx0 σy0 σz0

4. Apenas σxy

1
2N = 2
τxy0

5. Apenas σyz

1
2L = 2
τyz0

6. Apenas σxz

1
2M = 2
τxz0

Caso Especial
Ex: chapas finas laminadas

σz = σxz = σyz = 0

48
x
z

Figura 3.11: Chapa laminada.

σz0 = σy0

H +F =F +G⇒G=H

2 1 1
2F = 2
− 2 ⇒ 2G = 2H = 2 ,
σy0 σx0 σx0

substituindo
( ) 2
1 2 1 1 2 1 σxy
2
− 2 σy2 + 2
σ x + 2
(σx − σy ) 2
+ 2
=1
2 σy0 σx0 σx0 σx0 τxy0

ou
( )2 ( )2 ( )2
σx σx σy σy σxy
− 2 + + =1
σx0 σx0 σy0 τxy0

3.2.4 Critérios de Escoamento Dependentes da Pressão Hidrostática


(materiais porosos)

• Coulomb-Mohr

• Drucker-Prager

(trabalho)

49
Exercı́cios Propostos
3.1) Prove que:

(a)
1 1 2
U0 = J2 + I ,
2µ 18K 1
Onde
E E
K= e µ=
3 (1 − 2ν) 2 (1 + ν)

(b)

∂J2
= Sij
∂σij

(c)

∂J3 1
= Sik Skj − δij δpq Spq
∂σij 3
−→
3.2) Mostre que um vetor OP de um ponto sobre a superfı́cie de escoamento inicial no
plano π pode ser um material isotrópico representado como:
√ 2σ3 − σ1 − σ2
− 3 tan (θ) = , para 00 ≤ θ ≤ 300
σ2 − σ1
Capı́tulo 4

Teoria de Deformação

4.1 Material Elástico

Um material é dito elástico se pode ser representado por uma funç ão escalar U0 ,
denominada densidade de energia de deformaç ão, com as seguintes propriedades

∂U0 ∂U0 ∂ 2 U0
σij = = Fij (ε ) e , existem e são contı́nuas.
∂εij ∂σij ∂σij ∂σkl

Expandindo em série de Taylor


( )
σij = Cijkl εkl + O ε2 + · · ·

O material é dito linear-elástico se:

σij = Cijkl εij

σij = σji

εij = εji

Cijkl = Cklij = Cjikl = Cijlk ,

Neste caso

1 1
U0 = σij εij = Cijkl εij εkl .
2 2

Se o material é também isotrópico, então:

Cijkl = λδij δkl + µ (δik δjl + δil δjk )

51
ou

σ = 2µεε + λ tr ε I

1+ν ν
ε= σ − trσ
σ I,
E E

sendo

1
E>0 e −1<ν < .
2

εij = Dijkl σkl

1+ν ν
Dijkl = (δik δjl + δil δjk ) − δij δkl .
2E E

1 1 2
U0 = J2 + I
2µ 18K 1

ou

K ′2
U0 = 2µJ2′ + I .
2 1

Similarmente, definimos a energia de deformação complementar W0 (σ). Para materiais


lineares-elásticos, isotrópicos

1
σ ) = Dijkl σij σkl
W0 (σ
2

W0 = U0

W0

U0

Figura 4.1: Teste de cisalhamento puro em um tubo.

52
4.2 Material Não-Linear Elástico
Se o Material é não-linear elástico e isotrópico, então:

εij = Gij (σ1 , σ2 , σ3 ) = Gij (I1 , I2 , I3 )

4.3 Carregamento Proporcional


O carregamento proporcional é definido como:

σ (t) = α (t) σ (t0 ) ,

onde

α (t0 ) = 1 α (t) > 0

Ex:

s2

s1

Figura 4.2: Carregamento proporcional.

   
σ1 (t) σ1 cσ0′
=c,   = α (t)  
σ2 (t) σ2 σ0′

sendo
 
cσ0′
σ0′ = σ (t0 ) e   = σ (t0 ) .
σ0′

53
P = P(t)

Figura 4.3: Carregamento proporcional.

pR pR
σθ = , σx =
t 2t

   
p0 R
σθ
  = P (t)  t ,
p0 R
σz 2t

sendo
 
p0 R
α (t) = P (t) e  t  = σ (t0 )
p0 R
2t

A seguir será mostrado que, para carregamentos proporcionais, o material (relações


constitutivas) no regime elasto-plástico pode ser representado como não-linear elástico,
desde que assumamos incompressibilidade do material no regime plástico.

4.4 Decomposição de ε

Seja

ε = εe + εp ,

onde

εe = Dσ → linear, elastico e isotrópico

εp = G (J2 , J3 ) → isotrópico e incompressı́vel

Se o material é isotrópico, pode-se mostrar que

ε = α0 I + α1 σ + α2 σ 2 ,

onde αi são funções de I1 , I2 e I3 .

54
No nosso caso, baseado na incompressibilidade do material no regime plástico.

εp = α0 I + α1 S + α2 S 2 .

Porém, devemos satisfazer as seguintes condições:

trεp = 0

0
z}|{
trε = 3α0 + α1 trS +α2 trS 2 ,
p

mas

trS 2 = tr (Sik Skj ) = Sik Ski = 2J2

logo

3α0 + 2α2 J2 = 0

2
α0 = − α2 J2 ,
3

e
( )
2
p
ε = α1 S + α2 S − J2 I
2
3

ou

εp = f (J2 , J3 ) S + G (J2 , J3 ) t

onde

2
t = S 2 − J2 I
3

1
tij = Sik Skj − Spq Spq Sij ,
3

note que

tii = Sik Sik − Spq Spq = 0.

Portanto (eq) é a forma mais geral da relação não-linear entre ε e σ para materiais
isotrópicos e incompressı́veis.

55
4.5 Teoria de Deformação J2

A forma mais simples da Teoria de Deformação é aquela em que g = 0 e f = f (J2 ),


isto é

εp = f (J2 ) S.

A função f (J2 ) é determinada a partir de um teste experimental simulando carrega-


mento proporcional
ex:
s
s

ES E
{
{ p
e
s e ee
Figura 4.4: Carregamento proporcional.

1 2
S11 = σ11 − trσ = σ11
3 3

Processo de Calibração

εp = f (J2 ) S

2
εp11 = f (J2 ) S11 = f (J2 ) σ11
3

( )
σ11 σ11 1 1
εp11 = ε11 − εe11 = − = − σ11
ES E ES E

( )
1 1 2
− σ11 = f (J2 ) σ11
ES E 3

56
( )
3 1 1
f (J2 ) = −
2 ES E

ES = ES (σ11 ) = ES (J2 )

( )
3 1 1
εpij = − Sij
2 ES (J2 ) E

Para o caso multiaxial, é conveniente definir-se uma tensão equivalente que seja função
de J2 .
Lembrete

J2 = K 2 ⇒ escoamento

σ02
K2 = = J2
3

3
σe2 = 3J2 = Sij Sij ,
2

sendo a tensão equivalente (tensão efetiva).


Portanto,
( )
3 1 1
εpij = − Sij .
2 ES (σe ) E

Analogamente, pode-se definir, para o caso multiaxial, uma “deformação plástica equiv-
alente”,
( )
1 1
εp11 = − σ11
ES (σ11 ) E

( )
1 1
εpe = − σe
ES (σe ) E

[ ]2 [ ]2
1 1 1 1 3 2
εp2
e = − σe2 = − Sij Sij = εpij εpij
ES (σe ) E ES (σe ) E 2 3


2 p p
εpe = ε ε
3 ij ij

57
Ex:Aproximação de Ramberg-Osgood
[ ( )n−1 ]
σ 3 σ
ε= 1+
E 7 σy

Teoria de Deformação J2
( )
3 1 1
ε= − S
2 ES E

ES

Figura 4.5: Carregamento proporcional.

( )
1 1 1 σ σ 1( σ)
− = − = ε−
ES E σ ES E σ E

( )n−1
31 σ
=
7E σy

f (J2 )
z (}| )n−1{
9 1 σ
εp = S
14 E σy

4.6 Equações Constitutivas - Teoria J2


( )
1+ν ν 3 1 1
e
ε=ε +ε = p
σ − trσ I + − S
E E 2 ES E

ε×S
( )
1+ν 1 ν
εij = Sij + σkk δij − σkk δij +εpij
E 3 E
| {z }
εeij

( )
1+ν 1 − 2ν 3 1 1
εij = Sij + σkk δij + − Sij =
E 3E 2 ES E

58
( )
3 1 1 1 1 − 2ν
= + − Sij + σkk δij
2 3µ ES E E

ε×σ

( )
1+ν ν 3 1 1
εij = σij − σkk δij + − Sij =
E E 2 ES E

( )( )
1+ν ν 3 1 1 1
= σij − σkk δij + − σij − σkk δij
E E 2 ES E 3

Ex:
( )[ ]
1+ν ν 3 1 1 1
ε11 = σ11 − (σ11 + σ22 + σ33 ) + − σ11 − (σ11 + σ22 + σ33 ) =
E E 2 ES E 3

σ11 νS
= − (σ22 + σ33 ) ,
ES ES

onde
( )
1 ES 1
νS = + ν−
2 E 2

( )
1+ν 3 1 1
ε12 = σ12 + − σ12
E 2 ES E

1 + νS
ε12 = σ12 .
ES

Calculando todos os termos e utilizando a forma matricial temos então:


    
ε 1 −νS −νS 0 0 0 σ
 11     11 
    
 ε22   −νS 1 −νS 0 0 0   σ22 
    
    
 ε33   −νS −νS 1 0 0 0   σ33 
 = 1   
  ES   
 ε12   0 0 0 1 + νS 0 0   σ12 
    
    
 ε23   0 0 0 0 1 + νS 0   σ23 
    
ε31 0 0 0 0 0 1 + νS σ31

Notas:

νS = νS (ν, E, ES )

1 1
Se ν = ⇒ νS =
2 2
59
Ramberg-Osgood
[ ( )n−1 ]
σ 3 σ
ε= 1+
E 7 σy

[ ( )n−1 ]
1 ε 1 3 σ
= = 1+
ES σ E 7 σy

( )n−1
E 3 σ
=1+
ES 7 σy

60
Exercı́cios Propostos

4.1) Calcule S5 em termos de S2 e S.

4.2) Derive uma relação entre tensão e deformação explı́cita para teoria J2 com ν = 1/2.

4.3) Conforme a teoria de deformação J2 :

εp = f (J2 )S.

Muitas vezes é necessário expressá-la na forma incremental, portanto mostre que:

(a) dεp = f 0 (S.dσ)S + f dS.

(b) dεpij = Dijkl


P
dσkl , onde

 
p 0 1 1
Dijkl = f Sij Skl + (δik δjl + δil δjk ) − δij δkl f.
2 3

(c) Reduza (b) pela aproximação de Ramberg- Osgood.

4.4) Escreva um programa de computador para calcular as tensões e deformações em um


ponto utilizando a teoria J2 e aplique nos seguintes exercı́cios:

(a) Um tubo fechado de parede fina, raio R e espessura t pressurizado internamente.


Aplique uma pressão εθ = 2% Faça os seguintes gráficos:
σθ vs. σx , σx vs. εx , σθ vs. εθ e εθ vs. εx .
(σθ = 2σx e εθM ax = 2%)

(b) Um tubo de parede fina de raio R e espessura t, com carregamento combinado


(tensão axial e torção) de tal forma que σxθ /σx = tan 300 . Faça os seguintes gráficos: σx
vs. εx , σxθ vs. εxθ e εxθ vs. εx .
(εxθM ax = 2%)

(c) Um tubo de parede fina de raio R e espessura t pressurizado internamente de forma


que seu comprimento seja fixo. Faça os seguintes gráficos: σθ vs. σx e σθ vs. εθ .
(εθM ax = 2%)

(d) Um tubo de parede fina de raio R e espessura t é torcido de forma que


εxθ /εx = tan 300 . Faça os seguintes gráficos: σx vs. εx , σxθ vs. εxθ e σxθ vs. σx .
(εxθM ax = 2%)
Dimensões do tubo:

R = 0.65 in, t = 0.035 in

Propriedades mecânicas:

E = 30 × 103 ksi, σy = 45 ksi, ν = 0.3, n = 15


Capı́tulo 5

Fundamentos da Teoria de
Plasticidade Incremental

Os sólidos elasto-plásticos em geral são dependentes do caminho de carregamento, isto


é, suas propriedades mecânicas dependem não apenas do estado de tensões como também
da seqüência de carregamento imposto para se atingiraquele estado.
O caminho é mais conhecido como história de carregamento no espaç o de tensões.
Essa história de carregamento é acompanhada a partir do monitoramento da relação
incremental entre σ e ε. A seguir será usado:

(˙) ≡ d Ex.: ε̇ = dε , σ̇ = dσ.

5.1 Postulados de Drucker


• Drucker, D. C., Quaterly of Applied Mathematics, v7, p. 411, (1950).

• Drucker, D. C., Proc. 1st U.S. Congress of Applied Mechanics, ASME, p. 487,
(1950).

• Bishop, J. F. W and Hill, N.,Philosoph. Mag., v42,p. 414, (1951).

• Drucker, D. C., Journal of Apllied Mechanics, (1959).

63
5.1.1 Material Estável

Um sistema é considerado estável se algum disturbio ou carga adicional causam tra-


balho positivo no sistema. Se um disturbio retira trabalho (energia) do sistema,então esse
sistema é considerado instável. Para materiais, isto pode ser interpretado da seguinte
forma:
s s

E I
E I

e e

Figura 5.1: Carregamento proporcional.

Na região descendente das curvas de σ − ε (5.1), a deformação aumenta com a queda


da carga, isto é:

• ∆σ∆ε < 0

• Redução de esforço ⇒ instabilidade

• Um material estável possui Et > 0. Se Et = 0, o material é neutro.

Drucker generalizou o conceito de encruamento para o contı́nuo da seguinte forma:


Considere um estado de tensões σ ∗ que pode estar no interior ou sobre a superfı́cie de
escoamento.
Aplicar um vetor de forças externas independente das atuantes, tal que:
1. σ ∗ → σ sobre a superfı́cie de escoamento;
2. Aumente σ → σ + dσ, tal que a deformação plástica dεp ocorra;
3. Traga de volta a tensão para σ ∗ .

64
s2

s + ds
~ ~

s* s
~

s1

Figura 5.2: Carregamento proporcional.

No caso uniaxial isto se traduz da seguinte forma:

s s

s + ds s + ds
s0 s0
s* s*
dep
dep

e e

Figura 5.3: Carregamento proporcional.


1
∆W = σdε = (σ ∗ − σ) δεp + δσδεp .
2
O material é estável se:

(σ ∗ − σ) δεp ≥ 0 e δσδεp ≥ 0.

Para um material com encruamento, o trabalho realizado em um ciclo de carregamento


é positivo se dεp ̸= 0, e nulo se dεp = 0. Para um meio contı́nuo o trabalho lı́quido realizado
durante tal ciclo é:
1
δW = (σ ∗ − σ) dεp + dσdεp .
2
Portanto o material será estável se:

(σ ∗ − σ) dεp ≥ 0 (5.1)

65
e
dσdεp ≥ 0. (5.2)

5.1.2 Conseqüências do Postulado de Drucker

1) A superfı́cie de escoamento é convexa

y
q
s*
~ ds
~

s*
~
S.E
Figura 5.4: Carregamento proporcional.

De (5.1) temos:

(σ ∗ − σ) dεp ≥ 0

logo

|σ ∗ − σ| |dεp | cos ψ ≥ 0 ∀σ ∗

π π
cos φ ≥ 0 ⇐⇒ − ≤ψ≤
2 2

e de (5.1.1)

dσ · dεp ≥ 0

|dσ| |dεp | cos θ ≥ 0

π π
cos θ ≥ 0 ⇐⇒ − ≤θ≤ .
2 2
66
de~p

cos y < 0
s*
s~

Figura 5.5: Carregamento proporcional.

Portanto, se dσ está orientado para fora da superfı́cie de escoamento, dεp também está
e forma um ângulo agudo com dσ · dεp e com (σ ∗ − σ) ∀σ ∗ .
Superfı́cies convexas com descontinuadades são também permitidas pelo postulado de
Drucker.
2) Ortogonalidade
Proposição: Se σ está sobre uma superfı́cie de escoamento suave, então a deformação
dεp correspondente à variação de tensão dσ é normal à esta superfı́cie.

de~p
q

s
~

s*
~ S.E

Figura 5.6: Carregamento proporcional.

Geometricamente, caso dεp não seja normal, a condição (5.1.1) é violada

q > 90 º
s
~
de~p

s*
~ S.E

Figura 5.7: Carregamento proporcional.

67
Conseqüências:
a)

ds de~p
~

S.E

Figura 5.8: Carregamento proporcional.

dσ pode estar tangente à superfı́cie de escoamento, neste caso:

dσ · dεp = 0

b) Se a superfı́cie de escoamento possuir cantos, então dεp se situa no interior do cone


das normais, ou seja, dεp não é único e pode variar de direção.

de~p

S.E

Figura 5.9: Carregamento proporcional.

c) A normal a uma superfı́cie f (σ) = 0 definida no espaço {σ1 , σ2 , . . . , σn } é dada por:

∂f
∇f (σ) ou → gradiente.
∂σ

Então a ortogonalidade de dεp implica no seguinte

∂f
dεp = Λ .
∂σ

As derivadas no segundo membro correspondem às derivadas instantâneas com as


outras variáveis mantidas constantes (f poderia ser função da história de carregamento,
εp , etc.).

68
3) Condição de Linearidade
Proposição: dεp dσ
ou

ds
~1 de~p2 de~p = de~p1 + de~p2
de~p1

s
+ s ds
= s
~ ~ ~2 ~ ds ~1 + ds
~ = ds ~2

Figura 5.10: Carregamento proporcional.

∂f
Como já foi visto, dεp está na direção do gradiente ∂σ
. Nós sabemos que Λ depende de
dσ. Para que dεp seja linearmente dependente de dσ, Λ precisa estar relacionado a apenas
as componentes de dσ na direção da normal, ou seja:
1 ∂f
Λ= dσ,
H ∂σ
onde H = H (σ, εp , etc.) e não é função de dσ.
Prova:
O Postulado de Drucker pode ser estendido para:

(dσ2 − dσ1 ) · (dεp2 − dεp1 ) ≥ 0

∂f ∂f
dεp2 = Λ2 e dεp1 = Λ1
∂σ ∂σ
logo
∂f
(dσ2 − dσ1 ) · (Λ2 − Λ1 ) ≥0
∂σ
ou
( )
∂f ∂f
(Λ2 − Λ1 ) dσ2 − dσ1 ≥ 0.
∂σ ∂σ
∂f
Se dσ2 e dσ1 possuem as mesmas componentesna direção ∂σ
, então:
( )
∂f ∂f
dσ2 − dσ1 = 0.
∂σ ∂σ
Supondo que variando
( )
∂f ∂f
dσ1 ∃ dσ2 − dσ1 < 0.
∂σ ∂σ

69
Portanto (Λ2 − Λ1 ) deve ser também negativo, e deve ter a mesma dependência em relação
a dσ que
( )
∂f ∂f
dσ2 − dσ1
∂σ ∂σ

( )
∂f 1 ∂f ∂f
Λ = G dσ p
dε = · dσ
∂σ H ∂σ ∂σ

onde

H = H (σ, εp , história) .

Nota:
Se

1.

∂f
· dσ = 0 ⇒ dεp = 0 (carregamento neutro)
∂σ

2.

∂f
· dσ > 0 ⇒ dεp ̸= 0 (carregamento)
∂σ

3.

∂f
· dσ < 0 ⇒ dεp = 0 (descarregamento)
∂σ

s s s

(i) (ii) (iii)

e e e

Figura 5.11: Carregamento proporcional.

70
5.2 Superfı́cies de Escoamento Subseqüentes

A superfı́cie de escoamento se transforma durante carregamento que induz deformações


plásticas. Em geral, a superfı́cie de escoamento traslada, muda de forma e tamanho. Elas
permanecem convexas e podem ser interpretadas como a fronteira instantânea entre os
regimes elástico e plástico.
A sua evolução é função das tensões e da história de carregamento e pode ser diferente
de material para material. Não há uma maneira genérica disponı́vel na literatura para
prever sua evolução, sendo esta uma das atuais deficiências da teoria da plasticidade.
O atual estado-da-arte é usar modelos idealizados que possuam as caracterı́sticas
necessárias para solucionar diferentes classes de problemas em particular.

71
73
Capı́tulo 6

Teoria de Fluxo J2 com Encruamento


Isotrópico

Motivado pelo critério de Von Mises, considerando uma boa representaç ão do escoa-
mento inicial, considera-se:

f = f (J2 ) = S,

onde S depende da história de carregamento.


Simplificadamente, (critério de Von Mises)

f = f (σ) = (σe )max tensão equivalente


√ 3
(σe )max = 3J2 = S · S,
2

isto implica que a superfı́cie de escoamento é isotrópica (ou seja, independente da direção)
e depende apenas do valor máximo de σe .
Neste caso, a superfı́cie de escoamento muda apenas de tamanho (a forma e a origem-
posição são mantidas). A superfı́cie de escoamento aumenta isotrópicamente toda vez que
o material sofre deformação plástica, isto é:

• O seu raio muda;

• Permanece circular;

• Possui a mesma origem/centro.

74
s’1

(s)2 2 sE
(s)1 3

2 s0
3

Inicial
p
e
s’2 Plano p s’3

Figura 6.1: Carregamento proporcional.

Obviamente, no descarregamento e carregamento reverso, este modelo retardará im-


propriamente (na maioria dos casos) o escoamento. Por outro lado, em problemas em que
as tensões crescem ”monotonicamente” ou onde o descarregamento/carregamento reverso
é limitado, este modelo pode fornecer bons resultados.
Relembrando:
Condições de normalidade/linearidade
( )
1 ∂f ∂f
p
dε = · dσ
H (σe ) ∂σ ∂σ

f = (σe )max = f (J2 )

( )1/2
∂f ∂σe ∂ 3 3S
= = S·S =
∂σ ∂σ ∂σ 2 2 σe

1 3 (S · dσ) 3 S
dεp = ·
H 2 σe2 2 σe

9 1 (S · dσ)
dεp = ·S (6.1)
4 H σe2
A equação 6.1 é conhecida como Equação de Prandtl-Reuss, H = H (σe ) é obtido
experimentalmente através de um teste envolvendo um estado simples de tensão e história
de carregamento.

9 1 (S · dσ)
dεp = ·S
4 H σe2

75
s

s11

p
s e11

Figura 6.2: Carregamento proporcional.

Caso uniaxial

9 1 (S · dσ)
dεp11 = · S11
4 H σe2

1 2
S11 = σ11 − σ11 = σ11
3 3

  
2
σ 0 0 dσ11
 3 11   2
  
S · dσ =  0 − 13 σ11 0  0  = σ11 dσ11
   3
0 0 − 31 σ11 0

( )1/2 [ ]
3 3 ( 2 )
σe = S·S = 2 2
S11 + S22 + S33 = σ11
2 2

1 9 1 2 2 dσ11
dεp11 = 2
σ11 dσ11 σ11 =
H 4 σ11 3 3 H

dσ11
H=
dεp11

εp11 = ε11 − εe11 e dεp11 = dε11 − dεe11

logo

1 dεp11 dε11 dεe


= = − 11
H dσ11 dσ11 dσ11

ou

1 1 1
= − .
H ET E

76
s11 s11

H ET

E
p e11
e11

Figura 6.3: Carregamento proporcional.

Para um estado de tensões multiaxial


1 1 1
= − .
H (σe ) ET (σe ) E

6.1 Forma Incremental Explı́cita das Equações


Constitutivas

s11

Et

E
e11

Figura 6.4: Carregamento proporcional.

1 1 1
= −
H (σe ) ET E

9 1 (S · dσ)
dεp = ·S
4 H σe2

dε = dεe + dεp

1+ν ν 9 (S · dσ)
dεij = dσij − dσkk δij + Sij
E E 4H (σe ) σe2

77
Expandindo

S · dσ = S11 dσ11 + S22 dσ22 + S33 dσ33 + 2S12 dσ12 + 2S13 dσ13 + 2S23 dσ23

1 1
S · dσ = (2σ11 − σ22 − σ33 ) dσ11 + (2σ22 − σ11 − σ33 ) dσ22 +
3 3
1
+ (2σ33 − σ11 − σ22 ) dσ33 + 2σ12 dσ12 + 2σ13 dσ13 + 2σ23 dσ23
3

1 ν 1
dε11 = dσ11 − (dσ22 + dσ33 ) + [(2σ11 − σ22 − σ33 ) dσ11 +
E E 4Hσe2
+ (2σ22 − σ11 − σ33 ) dσ22 + (2σ33 − σ11 − σ22 ) dσ33 +

+6 (σ12 dσ12 + σ13 dσ13 + σ23 dσ23 )] σ11

1+ν 3
dε12 = dσ12 + [(2σ11 − σ22 − σ33 ) dσ11 +
E 4H (σe )
+ (2σ22 − σ11 − σ33 ) dσ22 + (2σ33 − σ11 − σ22 ) dσ33 +

+6 (σ12 dσ12 + σ13 dσ13 + σ23 dσ23 )] σ12

Para estado plano de tensões (σ3i = 0)


   

 
 
 

 11 
 dε
 

dσ11 

dε22 = M dσ22 ,

 
 
 

 dε 
  
 dσ 

12 12

onde M é

 
+ Q (2σ11 − σ22 )
1 2
− Eν − 2
Q (2σ11 − 3σ11 σ22 + 2
2σ22 ) 6Q (2σ11 − σ22 ) σ12
 E 
 ν 
M =  − E − Q (2σ11
2
− 3σ11 σ22 + 2σ22
2
) 1
+ Q (2σ11 − σ22 ) 2
6Q (2σ22 − σ11 ) σ12 
 E 
3Q (2σ11 − σ22 ) σ12 3Q (2σ22 − σ11 ) σ12 1+ν
E
2
+ 18Qσ12

1 1
Q=
4 Hσe2

78
Nota: Tensões normais e deformações cisalhantes sãoacopladas no regime plástico:
s 11 t

s0 s
11

s 11
e11

Figura 6.5: Carregamento proporcional.

    
 dε  1 0
+ 4Q (σ11 )
2
12Qσ11 σ12  dσ 
= 
11 E 11
 dε  0
6Qσ11 σ12 1+ν 2
+ 18Qσ12  dσ 
12 E 12

Nota:

 1 1
se ∂f
· dσ > 0 (carregamento) dεp ̸= 0
4 Hσe2 ∂σ
Q=
 0 se ∂f
· dσ ≤ 0 (descarregamento) dεp = 0
∂σ

Casos Especiais
1- Ramberg-Osgood
[ ( )n−1 ]
σ 3 σ
ε= 1+
E 7 σy
( ) ( )
1 1 1 1 1 1 dεp
Q= 2 = 2 − = 2
4σe H 4σe Et E 4σe dσ
( )n−1
3 1 σn 3n σ
p
ε = ⇒ dεp
= dσ
7 E σyn−1 7E σy
( )n−1
3 n 1 σ
Q=
28 E σe2 σy
2-Bilinear

( )
1 1 1
= −
HE′ E
( )
1 1 1
Q= 2 −
4σe E ′ E

79
E’

Figura 6.6: Carregamento proporcional.

6.2 Teoria de Fluxo J2 para Carregamento Propor-


cional
Carregamento proporcional

σ (t) = α (t) σ (t0 )


 α (t ) = 1
0
 α̇ (t) > 0

s12

s11

Figura 6.7: Carregamento proporcional.

9 1 (S · dσ)
dεp = ·S
4 H σe2

2
S · dσ = σe dσe ,
3

onde

3
S · dσ = S · dS e σe = S·S
2

3 dσe 3 dεpe
dεp = S= S
2 Hσe 2 σe

80
dεpe 1
=
σe H


2 p p
εpe = ε ε
3 ij ij

( )1/2
2 p p
dεpe = dε dε
3
Carregamento proporcional

S (t) = α (t) S (t0 )

σe = α (t) σe0

3 α (t) S (t0 ) p
dεp = dεe = K · dεpe
2 α (t) σe0

Integrando
∫ ∫
p dεpe
dε = K dt
t t dt

3 S (t0 ) p
εp = Kεpe = ε,
2 σe0 e

porém

εpe 1 1
= −
σe ES E

se

ES
p
ee
{
{

p e
ee ee

Figura 6.8: Carregamento proporcional.

σe σe
εpe = ε − εee = −
ES E

81
εpe εpe 1 1
= 0
= −
σe α (t) σe ES E

( )
3 1 1
εpe = S (t0 ) α (t) −
2 | {z } ES E
S

( )
3 1 1
⇒ε = p
− S
2 ES E

σe
σe0 =
α (t)

p 3 εpe
ε = S (t0 ) α (t) ,
2 σe

porém

εpe 1 1
= −
σe ES E

logo
( )
3 1 1
p
ε = S (t0 ) α (t) −
2 ES E

( )
3 1 1
p
ε = − S
2 ES E

82
Exercı́cios Propostos
6.1) Desenvolva um método numérico para efetuar os cálculos incrementais de dε para
um dado dσ e a inversa, para dσ = [dσ11 , dσ22 , dσ12 ]T . Efetue os cálculos:

a) Recalcule o item (a) do exercı́cio 4.4 e compare os resultados com os desenvolvi-


mentos com a teoria de deformação J2 .

b) Um tubo de parede fina de raio R e espessura t é carregado sob efeito combinado


de torção e carga axial. Considere a seguinte história de carregamento:

s12

30º
O B s11
Figure 3: Históricos de carregamento.

OA − ε12 |Amax = 2% (1)

1. Siga a trajetória AO da figura 1 e calcule as deformações

2. Siga a trajetória OBA da figura 1 e calcule as deformações

3. Compare as duas respostas

c) Resolva o item (d) do execı́cio 4.4 e compare suas respostas com teoria de deformação
J2 .
d) Recalcule o item (c) seguindo a história de carregamento mostrada abaixo:
e 12

2% A

30º
O B e11
Figure 4: Históricos de deformação.

6.2) Mostre que na Teoria de Fluxo J2 , as equações constitutivas para o estado plano de
tensões se reduzem à:

dσαβ = D̂αβγδ dεγδ ,

sendo
Dαβ33 Dγδ33
D̂αβγδ = Dαβγδ − , onde α, β, γ, δ = 1, 2
D3333
e Dijkl a expressão obtida em sala de aula.
6.3) Mostre que para um material com encruamento temos:

dσ ∗ · dε∗P + dσ · dεP − 2dσ ∗ · dεP ≥ 0.


Capı́tulo 7

Encruamento Cinemático

s*

s0

ep

s0
Comportamento
real
s*

Encruamento
Isotropico

Figura 7.1: Carregamento proporcional.

O problema acontece quando há carregamento reverso, em especial se o material possui


encruamneto acentuado, já que a teoria J2 com encruamento isotrópico não leva em
consideração a ”efeito Baushinger”
A partir de considerações geométricas, Prager foi o primeiro a sugerir um modelo
alternativo considerando este efeito. Omodelo é limitado, no entanto, para encruamento
linear.

Hipóteses:
1. A superfı́cie de escoamento retem seu tamanho e forma.
2. Ela se move no espaço (translação)

84
s s s1

B B
A

O’ O’
O’ a1
O
O e O
ep

s3 s2

Figura 7.2: Carregamento proporcional.

3. Ela se move na direção de dεp


Para um material inicialmente isotrópico, a supefı́cie de escoamento inicial é dada por:

f (σ) = K0

As superfı́cies de escoamento subseqüentes são representadas por:

f (σ − α) = K0 ,

onde α é a posição (atual) do centro da superfı́cie de escoamento e K0 é uma constante.


Note que o carrregamento ao longo de OAB resulta numa translação da superfı́cie de
escoamento, acarretando em uma condição atualizada de escoamento anisotrópico. Isto
é chamado de anisotropia induzida por tensões. Ainda de acordo com Prager

dα = Cdεp .

Seja a superfı́cie de escoamento se move na direçãp de dεp .


ds
~ p
de

s
~
da a

Figura 7.3: Carregamento proporcional.

f (σ + dσ − α − dα) = K0 Condição de consistência

85
Para dσ infinitesimais, a equação acima pode ser linearizada
∂f ∂f ( )
f (σ + dσ − α − dα) = K0 = f (σ − α) + dσ + dα + O |dσ|2 ,
∂σ ∂α
∂f ∂f
df = dσ + dα = 0
∂σ ∂α
esta é a condição de consistência linearizada.
Considere,

ξ =σ−α

 ∂f
= ∂f ∂ε
= ∂f
∂f ∂f
∂σ ∂ε ∂σ ∂ξ
⇒ =−
 ∂f
= ∂f ∂ε
= − ∂f ∂σ ∂α
∂α ∂ε ∂α ∂ξ

∂f ∂f
df = 0 = dσ − dα = 0
∂σ ∂σ
∂f
(dσ − dα) = 0
∂σ

7.1 Regra de Escoamento


( )
p ∂f ∂f
dε = G dσ ,
∂σ ∂σ
porém
( )
p ∂f ∂f
dα = c dε = cG dσ
∂σ ∂σ

Condição de consistência

∂f ∂f
dα = dσ
∂σ ∂σ
( )
∂f ∂f ∂f ∂f ∂f
dα = cG dσ = dσ
∂σ ∂σ ∂σ ∂σ ∂σ
| {z }

∂f ∂f
⇒ cG =1
∂σ ∂σ

1
c= ( ∂f ∂f )
G ∂σ ∂σ

86
7.2 Exemplo
Considere
[ ]1/2
3
f (σ − a) = f (S − a) = (S − a) (S − a) = K 0 = σ0 .
2

Superfı́cie de escoamento inicial: a = 0

1
a = α − tr (α) I
3

( )1/2
3
f0 = S·S = σ0
2

[ ]1/2
∂f ∂ 3 3 1 3 (S − a)
= (S − a) (S − a) = (S − a) [ ]1/2 =
∂σ ∂σ 2 2 3 2 σ0
(S − a) (S − a)
2
| {z }
σ0

Regra de Escoamento
( )
p ∂f ∂f
dε = G dσ =
∂σ ∂σ
( )2
G (S − a) dσ (S − a) 3
=
σ02 2

9G
dεp = [(S − a) dσ] (S − a)
4 σ02

Calibração
s11

E’
a 11

a = s - s0
11 11

e11

Figura 7.4: Carregamento proporcional.

87
9G
dεp11 = [(S11 − a11 ) dσ11 ] (S11 − a11 )
4 σ02

1 2
S11 = σ11 − σ11 = σ11
3 3

2
α11 = σ11 − σ0 ⇒ a11 = (σ11 − σ0 )
3

2
S11 − a11 = σ0
3

2
(S11 − a11 ) dσ11 = σ0 dσ11
3

dεp11 = Gdσ11

dεp11 1 1
G= = ′−
dσ11 E E

( )
9 1 1
p
dε = 2 ′
− [(S − a) dσ] (S − a)
4σ0 E E

Regra de Encruamento

dα = c dεp

1 1
c= ( ∂f ∂f ) = ( ) ( )
3 2
G ∂σ ∂σ
1
E′
− 1
E 2
(S−a) (S−a)
σ0 σ0

2 2 2EE ′
c= = (1 ) =
3G 3 E ′ − E1 3 (E − E ′ )

7.3 Equações Constitutivas para Estado Plano de Tensões

σ3i = 0

Considere

S − a = Sb e σ − α = σ
b

88
b = 1 [(2b
(S − a) dσ = Sdσ σ11 − σ
b22 ) dσ11 + (2b
σ22 − σ
b11 ) dσ22 + 6b
σ12 dσ12 ]
3

9G
dεp = [(S − a) dσ] (S − a)
4 σ02

3 G (b )
dεp11 = S · dσ σ11 − σ
(2b b22 )
4 σ02
Similarmente
3 G (b )
dεp22 = S · dσ (2b
σ22 − σ
b11 )
4 σ02

9 G (b )
dεp12 = S · dσ b12 .
σ
4 σ02
Portanto,

dε = dεe + dεp

1+ν ν
dεeij = dσij − dσkk δij
E E
ou em forma matricial
   

 
 
 

 dε
 11 
 

dσ11 

dε22 = N dσ22

 
 
 


 dε 
 
 dσ 

12 12

onde
 
1
+ Q (2bσ11 − σ b22 )
2
− Eν σ11 − σ
+ Q (2b b22 ) (2b
σ22 − σ
b11 ) 6Q (2b
σ11 − σ
b22 ) σ
b12
 E 
 ν 
N =  − E + Q (2b
σ11 − σ
b22 ) (2b
σ22 − σ
b11 ) 1
σ22 − σ
+ Q (2b b11 )2 σ22 − σ
6Q (2b b12 
b11 ) σ
 E 
3Q (2bσ11 − σ
b22 ) σ
b12 σ22 − σ
3Q (2b b11 ) σ
b12 1+ν
E
+ 18Qb 2
σ12

1G
Q=
4 σ02
( )
1 1
G= ′

E E

bij = σij − αij


σ
( )
2 p
p 2 p
dα = c dε = dε dα11 = dε
3G 3G 11

89
Exercı́cios Propostos
7.1) Utilize o modelo de encruamento cinemático linear para calcular o caminho de tensão
corres-pondente ao caminho de deformação dado abaixo.

Assuma que: σ33 = σ13 = σ23 = 0, σ0 = 40 ksi, E/E 0 = 15 e E = 104 ksi.

Figure 5: Caminho de deformação.

7.2) Refaça o exercı́cio 7.1 utilizando o modelo de encruamento isotrópico. Compare os


resultados e comente.

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