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ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

STELLA VIEIRA ROSA

MODELAGEM E SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL DO IMPACTO

HIDRODINÂMICO POR MEIO DE UM MÉTODO DE PARTÍCULAS

ORIENTADOR: PROF. DR. CHENG LIANG YEE

SÃO PAULO

2015
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RESUMO

O impacto hidrodinâmico motiva estudos em diversas áreas da engenharia, entre elas a naval

e oceânica. Em estruturas costeiras ou offshore, os impactos hidrodinâmicos podem causar danos às

estruturas das embarcações ou aos equipamentos nelas instalados. Entre esses fenômenos, destaca-

se o green water, que consiste no embarque de água quando a altura da onda é superior à borda-livre

da estrutura. Uma das motivações no estudo do green water é a recente descoberta de petróleo na

camada pré-sal da Bacia de Santos, que possui condições ambientais favoráveis à sua ocorrência. Um

dos desafios para a modelagem desse fenômeno são as grandes dimensões envolvidas em condições

de mar aberto. No estudo de problemas como este, nas últimas décadas, métodos numéricos vem

apresentando excelentes resultados, em especial o método de partículas Moving Particle Semi-implicit

(MPS), que dispensa o emprego de malhas devido à sua descrição lagrangeana. Este projeto de

pesquisa tem como principal objetivo a modelagem e simulação computacional dos fenômenos de

impacto hidrodinâmico e o auxílio em testes e validações do sistema de simulação baseado no MPS

em desenvolvimento no Tanque de Provas Numérico da Universidade de São Paulo.


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1. INTRODUÇÃO

O impacto hidrodinâmico está presente em diversas situações no campo da engenharia

mecânica, civil, naval e oceânica, como por exemplo o impacto de ondas marítimas em estruturas

costeiras, plataformas offshore, embarcações e outras estruturas flutuantes. Entre os diversos

fenômenos relevantes associados ao impacto hidrodinâmico em estruturas costeiras ou offshore, fixas

ou flutuantes, podemos citar:

Slamming: impacto hidrodinâmico resultante da penetração de uma estrutura sólida na água.

Sloshing: movimento de vaivém de líquido dentro dos tanques, normalmente acompanhado de

impacto do fluido contra as paredes ou teto do tanque.

Green water: fenômeno que ocorre em condições de mar severas, quando a altura da onda é

superior à borda-livre da embarcação e resulta no embarque de água que pode causar graves danos

aos equipamentos nela presentes.

Estes fenômenos de impacto hidrodinâmico são de natureza complexa e altamente não linear,

pois envolvem a presença de superfícies livres, o que dificulta o seu estudo analítico ou numérico pelos

métodos tradicionais. No entanto, vale ressaltar que, ao contrário de slamming e sloshing, que são

fenômenos localizados ou confinados, green water é um fenômeno que demanda a modelagem de

condição de mar aberta com incidência de ondas em diversas condições.

Os problemas na área de mecânica dos fluidos podem ser resolvidos usando basicamente 3

ferramentas: métodos analíticos, experimentos em laboratórios e métodos numéricos. O método

analítico geralmente é limitado aos problemas simplificados, mas são muito úteis, pois fornecem uma

visão sobre os princípios fundamentais dos fenômenos e geralmente as soluções podem ser obtidas

rapidamente com baixíssimo custo. Os experimentos em laboratórios apresentam vantagens de

trabalhar com as configurações reais do problema. No entanto, demandam custos elevados e, em

muitos casos, é difícil ou impossível reproduzir as situações exatas do problema e, ao adotar escalas

reduzidas, não é simples levar em conta todos os efeitos da escala. Os métodos numéricos possuem

poucas restrições e seu desenvolvimento evoluiu muito nas últimas décadas, juntamente com a

evolução dos computadores com grande capacidade de processamento e armazenamento de dados.


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Atualmente, pela suas vantagens de custo relativamente reduzido e precisão cada vez melhor, a

abordagem numérico-computacional vem se tornando um dos principais meios investigação de

fenômenos complexos, deslocando os estudos experimentais para o papel de validação e calibração

dos modelos numéricos. Dentre os diversos métodos numéricos, os com descrição euleriana do

domínio computacional, baseados no uso de malhas de cálculo, são os mais tradicionais, porém

apresentam limitações na modelagem dos escoamentos com geometria complexa e fronteiras móveis

ou deformáveis.

Recentemente, visando contornar as limitações dos métodos com malha, diversas técnicas

baseadas em descrições lagrangeanas que discretizam o espaço em partículas móveis foram

propostas. Dentre delas, o método numérico de partículas Moving Particle Semi-implicit (MPS) permite

investigar escoamentos incompressíveis altamente não-lineares. A natureza do método faz dele uma

ferramenta muito flexível e poderosa para a modelagem de fenômenos de interação fluído-estrutura

que envolvem sólidos de geometrias complexas, grandes deformações ou deslocamentos de contornos

sólidos ou superfícies livres, fragmentação e junção de líquidos, etc.

O Tanque de Provas Numérico da Universidade de São Paulo (TPN-USP) vem desenvolvendo

nos últimos anos um sistema de simulação computacional baseado no método de partículas MPS.

Entre as suas aplicações, destacam-se: hidrodinâmica de estruturas flutuantes (Silva et al, 2008;

Tsukamoto et al, 2011), escoamento de água e óleo em meios porosos (Cheng et al, 2011), escoamento

em sistemas de esgotos prediais e industriais (Cheng et al, 2012), interação entre fluido e estruturas

deformáveis (Cheng; Amaro Jr, 2011), entre outros.

Focando no estudo do fenômeno de impacto hidrodinâmico, um dos desafios do

desenvolvimento e aplicação é a modelagem de problemas de grandes dimensões, como é o caso do

fenômeno de green water. No caso deste, o desafio inclui a determinação dos carregamentos

hidrodinâmicos devidos ao fenômeno e da quantidade de água que invade o convés sob diversas

condições ambientais. Além disso, tendo em vista o constante aprimoramento da modelagem numérica

e a otimização dos algoritmos computacionais, o desenvolvimento do sistema de simulação exigem um

esforço contínuo de testes e validações, incluindo os estudos de convergência e a análise de

sensibilidade dos parâmetros, para torná-lo uma ferramenta confiável e prática no estudo e solução

dos problemas de engenharia.


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Dentro deste contexto, este projeto de pesquisa visa dar apoio ao desenvolvimento do

simulador MPS por meio do levantamento e seleção de casos e a validação das novas implementações

do simulador MPS para o estudo dos fenômenos de impacto hidrodinâmico. Com isso, permitirá a

iniciação da candidata nessa nova frente da Dinâmica dos Fluídos Computacional por meio da

aplicação dos conceitos básicos de mecânica dos fluidos, física, ciência da computação e cálculo

numérico.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

O slamming foi um dos primeiros tipos de impacto hidrodinâmico estudados. Von Kármán

(1929) foi o primeiro a estudá-lo analiticamente, assumindo uma pequena elevação da superfície da

água durante o impacto e desprezando os efeitos gravitacionais. Baseado na teoria potencial, Wagner

(1932) propôs uma formulação para determinação da distribuição de pressão de impacto levando em

consideração a elevação da superfície livre. Dentre os importantes estudos experimentais sobre

slamming, vale destacar Szebehely & Lum (1955) e Akita & Ochi (1954). Sobre as aplicações da

ferramenta de CFD (Computational Fluid Dynamics) no estudo do fenômeno, podemos citar os

trabalhos de Arai e Cheng (1994) e Cheng (1995), onde propuseram uma técnica para a simulação

considerando corpos de geometrias complexas por meio de coordenadas generalizadas combinado à

técnica de VOF (Volume of Fluid) e suas aplicações ao projeto de embarcações.

No estudo do fenômeno de green water, Shibata et al. (2007) e Shibata et al. (2009)

empregaram o método no modelo de embarcação e obtiveram resultados numéricos em concordância

com os resultados experimentais. Ni et al. (2011) realizou uma revisão sobre diversos estudos focados

na análise deste fenômeno, comparando estudos analíticos, experimentais e numéricos. Dentre os

estudos experimentais mais importantes sobre green water, destacam-se Greco (2001), Buchner

(2002), Ryu et al. (2007) e Lee et al. (2012). Belezzi (2012) utilizou o método MPS para simular o

impacto de ondas em embarcações do tipo wigley e um modelo de plataforma semissubmersível. Em

condições ambientais mais adversas, Silva (2012) estudou a determinação dos carregamentos devido
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ao impacto de ondas transversais e simulou a eficiência de um dispositivo de proteção para o fenômeno

de green water. Belezzi (2013) estudou o fenômeno em modelos de FPSO com proas circulares e

parabólicas, comparando os dados de força em uma antepara, a velocidade média do fluido e a altura

média da coluna d´água em células distribuídas ao longo do convés.

O método de partículas Moving Particle Semi-implicit (MPS) foi proposto por Koshizuka et al.

(1995) e Koshizuka e Oka (1996) para modelagem escoamentos incompressíveis com natureza

altamente não-linear envolvendo fragmentação e junção de fluidos. O método apresentou excelentes

resultados, com boa concordância em relação aos obtidos experimentalmente e, desde então, tem sido

constantemente aprimorado.

No Brasil, o método foi implementado no Tanque de Provas Numérico da Universidade de São

Paulo para análise de problemas de hidrodinâmica não linear com foco de aplicação em diversas áreas

de engenharia. O desenvolvimento do simulador baseado no MPS teve início com o trabalho do

Tsukamoto (2006). Atualmente, há um grupo de pesquisa sob coordenação do orientador deste projeto

de pesquisa e apoiado pela Petrobrás para o aprimoramento do método e desenvolvimento de soluções

para a modelagem de fenômenos físicos complexos. Dentre esses fenômenos, temos: trocas térmicas

(Motezuki e Cheng, 2010), interação entre fluído e sólidos rígidos (Bellezi e Cheng, 2012) ou entre

fluído e sólidos elásticos (Amaro Jr. et al, 2012) e fluídos não newtonianos (Cheng et al, 2011).

3. JUSTIFICATIVA

As recentes descobertas de reservatórios de petróleo na camada pré-sal da Bacia de Santos

desafiaram a indústria de petróleo por apresentarem condições ambientais adversas (Silva, 2012). Este

cenário requer uma análise cuidadosa quanto ao fenômeno de green water, que traz sérios riscos à

operação e a integridade dos equipamentos instalados no convés. Este fenômeno é crítico em unidades

do tipo Floating Production Storage and Offloading (FPSO), que é uma das principais soluções para a

exploração da Bacia de Santos, principalmente devido à borda-livre relativamente pequena da unidade

quando operada em calado máximo.


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O emprego do método MPS no estudo deste problema reduz consideravelmente o tempo e

custo em comparação com ensaios físicos em modelos de escalas reduzidas, uma vez que diversas

condições de onda e diferentes geometrias podem ser avaliados numericamente, além do estudo de

novos dispositivos de proteção.

4. OBJETIVOS

4.1 Objetivos primários

Os objetivos primários deste projeto de pesquisa são:

 Modelagem e simulação dos fenômenos de impacto hidrodinâmico;

 Auxílio nos testes e validações do sistema de simulação em desenvolvimento;

 Investigar o desempenho dos dispositivos de proteção para o fenômeno de green water.

4.2 Objetivos Secundários

Como objetivos secundários temos:

 Aplicação e aprofundamentos dos tópicos assimilados em Introdução à Ciência da

Computação, Cálculo Numérico, Física e Mecânica dos Fluidos;

 Formação complementar por meio da aprendizagem das técnicas de mecânica computacional

e prática do desenvolvimento de sistemas de simulação computacional, tópicos que a

candidata possui grande interesse.


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5. MATERIAIS E MÉTODOS

5.1 Infraestrutura e equipe

O projeto de iniciação científica será realizado com a infraestrutura do Tanque de Provas

Numérico da Universidade de São Paulo (TPN-USP):

 Cluster 1: 192 blades X6175, em racks C48 refrigerados à água entregando cerca de

15 TFlops de processamento. O cluster conta com 1536 cores Intel Nehalem de 2.8GHz,

4.5 TB de memória RAM total e mais de 150 TB de espaço de armazenamento.

 Cluster 2: 16 servers X4440, com 256 cores AMD Shangai de 2.66GHz, 1 TB de memória

RAM e 8 unidades de processamento vetorial nVidia Tesla S1070, totalizando mais de 2

TFlops de processamento genérico e quase 30 TFlops de processamento vetorial em

precisão simples.

 Calibrador Hidrodinânimo (CH-TPN):

 Dimensões úteis de 14 m x14 m e 4,1 m de profundidade;

 Geração de ondas regulares, irregulares e transientes;

 Sistema de absorção ativa de ondas em todo o perímetro do tanque;

 Possui 148 flaps (batedores de onda) acionados por servomotores;

 Geração de ondas com período entre 0,40 segundos a 2,50 segundos;

 Máxima altura de onda de 40 cm em 1,40 segundos.

Atualmente a equipe do Tanque de Provas Numérico da USP responsável pelo

desenvolvimento e aplicação do simulador baseado no MPS é composta por 2 professores doutores, 1

pós doutorando, 1 pesquisador doutor, 1 doutorando, 1 pesquisador mestre, 1 mestrando e 3 alunos

de iniciação científica.
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5.2 Método numérico

5.2.1 Equações Governantes

As equações governantes para fluídos incompressíveis e invíscidos são a equação de

continuidade (Eq. (5.1)) e a equação de conservação de momento (Eq. 5.2)).

𝐷𝜌
= −𝜌(𝛻. 𝑢) = 0 (5.1)
𝐷𝑡

𝐷𝑢 1
= − ∇P + 𝑓 (5.2)
𝐷𝑡 𝜌

Onde, ρ denota a densidade do fluído, P a pressão, 𝑢 a velocidade, 𝑔⃗ a aceleração

gravitacional, 𝑓 a aceleração devido às forças externas atuantes e t o tempo. As equações (5.1) e (5.2)

são apresentadas na forma lagrangeana porque o método de partículas MPS é um método baseado

na descrição totalmente lagrangeana.

5.2.2 Modelagem da interação entre as partículas

Uma das características do método MPS é a interação de curto alcance, onde cada partícula

interage com as demais dentro de uma vizinhança pré-definida. A contribuição das partículas vizinhas

é ponderada pela função peso, apresentada na equação (5.3).

𝑟𝑒
− 1 𝑝𝑎𝑟𝑎 (0 ≤ 𝑟 < 𝑟𝑒 )
𝜔(𝑟) = { 𝑟 (5.3)
0 𝑝𝑎𝑟𝑎 (𝑟𝑒 ≤ 𝑟)

Onde 𝑟 = |𝑟⃗⃗𝑗 − ⃗𝑟⃗|


𝑖 é a distância entre duas partículas i e j, e 𝑟𝑒 é um raio de vizinhança pré-

estabelecido.

Para cada partícula 𝑖, a densidade do número de partículas [𝑝𝑛𝑑]𝑖 é definida de acordo com a

equação (5.4). Assumindo que as partículas possuem a mesma massa, o 𝑝𝑛𝑑 é proporcional à

densidade do fluido e garante-se a incompressibilidade do sistema mantendo-se este valor constante.


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[𝑝𝑛𝑑]𝑖 = ∑𝑗≠𝑖 𝜔(|𝑟⃗𝑗⃗ − ⃗𝑟⃗𝑖 |) (5.4)

O vetor gradiente entre uma partícula 𝑖 e as suas vizinhas é calculado com base na média

ponderada das contribuições de cada partícula vizinha 𝑗 (Eq. (5.5)).

𝑑 (𝛷𝑗 −𝛷′ 𝑖 )
[𝛻𝛷]𝑖 = ∑𝑗≠𝑖 [ 2 (𝑟⃗⃗𝑗 − ⃗𝑟⃗)𝜔(|𝑟
𝑖 ⃗⃗𝑗 − ⃗𝑟⃗|)]
𝑖 (5.5)
𝑝𝑛𝑑 0 ⃗⃗⃗⃗−𝑟
|𝑟 𝑗 ⃗⃗⃗⃗|
𝑖

Onde d é o número de dimensões e 𝑝𝑛𝑑0 é o valor inicial da densidade do número de partículas.

O operador laplaciano, que representa a difusão, é modelada na distribuição de uma certa

grandeza  da partícula para suas vizinhas considerando a função peso, de acordo com a equação

(5.6).

2𝑑
[𝛻 2𝛷]𝑖 = ∑𝑗≠𝑖[(𝛷𝑗 − 𝛷𝑖 )𝜔(|𝑟⃗⃗𝑗 − ⃗𝑟⃗|)]
𝑖 (5.6)
𝑝𝑛𝑑 0 𝛿

Onde a constante  é definida por:

∫𝑉 𝜔(𝑟)𝑟 2 𝑑𝑣
𝛿= (5.7)
∫𝑉 𝜔(𝑟)𝑑𝑣

5.2.3 Condição de contorno de superfície livre

As partículas que satisfazem a condição (5.8) são consideradas de superfície livre.

𝑝𝑛𝑑𝑖 < 𝛽 ∗ 𝑝𝑛𝑑0 (5.8)

Na superfície livre, impõe-se a condição dinâmica, ou seja, pressão na superfície livre ser igual

a pressão atmosférica. Os valores do parâmetro β podem variar de 0,8 a 0,99, avaliados em Koshizuka

e Oka (1996). Usualmente, considera-se β = 0,97.


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5.2.4 Condição de contorno de parede rígida

As paredes do sólido rígido fixo são modeladas por meio de três camadas de partículas,

conforme mostra a Figura 1. A primeira camada contém as partículas que estão em contato com as

partículas de fluido e são consideradas durante o cálculo de pressão. As demais são camadas

auxiliares, que são utilizadas para o correto cálculo da 𝑝𝑛𝑑 da primeira camada de partículas de parede,

mas não entram em contato com o fluido e não participam do cálculo de pressão.

Fonte: Tsukamoto (2006)

Figura 1 - Interação entre partículas

5.2.5 Interação fluído-estrutura

A implementação de sólido flutuante empregada neste trabalho é baseada em (Sueyoshi, et al.,

2008). As forças sobre o sólido são obtidas a partir da integração da pressão das partículas da

superfície do sólido e da soma das forças de campo. O movimento do sólido é calculado na etapa

explícita do algoritmo. Nesta implementação, a matriz de massa e de inércia são dados de entrada do

programa.
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5.2.6 Algoritmo do escoamento incompressível

O método MPS adota um algoritmo semi-implícito, dividido em duas etapas. Na primeira,

efetuam-se os cálculos explícitos para estimar a velocidade, a posição e o 𝑝𝑛𝑑 das partículas, utilizando

a equação de Navier-Stokes desconsiderando os termos de pressão. Na segunda etapa é feito um

cálculo implícito da pressão, por meio da solução de um sistema linear da equação de Poisson de

pressão, derivado da conservação de massa e mostrado na equação (5.9).

𝜌 [𝑝𝑛𝑑 ∗ ]𝑖 −𝑝𝑛𝑑 0
[∇²𝑃𝑛+1 ]𝑖 = (5.9)
∆𝑡 2 𝑝𝑛𝑑 0

Onde pnd* é o valor da pnd estimado na parte explícita do cálculo. A partir do valor das pressões,

calcula-se o gradiente de pressão e, em seguida, corrige-se a velocidade estimada na etapa explícita

de cálculo.

O algoritmo do método MPS é apresentado no fluxograma da Figura 2.

Fonte: Tsukamoto (2006)

Figura 1 - Algoritmo do método MPS


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5.3 Metodologia

O desenvolvimento da pesquisa seguirá o seguinte procedimento:

 Levantamento, catalogação e seleção dos casos de hidrodinâmica não linear com resultados

publicados na literatura para servir de base para a validação;

 Modelagem e simulação dos casos de estudo e análise e validação do simulador baseado no

método de partículas MPS utilizando os casos extensamente estudados;

 Estudo da convergência e análise da sensibilidade dos parâmetros numéricos de simulação;

 Modelagem tridimensional e simulação de dispositivos de proteção para o fenômeno de green

water em um plataforma offshore tipo FPSO;

 Tratamento e análise dos resultados;

 Elaboração dos relatórios.

6. RESULTADOS ESPERADOS

Além dos relatórios parcial e final, como produtos dessa pesquisa está prevista a publicação

de um resumo estendido e a apresentação de pôster no evento Simpósio Internacional de Iniciação

Científica da Universidade de São Paulo (SIICUSP). Os resultados das simulações e análises também

deverão ser publicados na forma de artigos em eventos científicos.


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7. CRONOGRAMA

A tabela 7.1 mostra o cronograma de atividades previstas para o candidato.

Tabela 7.1 – Cronograma de atividades

1º semestre 2º semestre
Tarefas
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º

Pesquisa e revisão da literatura

Levantamento dos casos para validação

Estudo do método numérico MPS

Modelagem e simulações dos casos


básicos
Modelagem e simulação dos casos de
validação
Análise dos resultados de validação e
estudo de convergência
Modelagem e simulação dos casos de
green water em FPSO
Modelagem e simulação dos dispositivos
de proteção

Análise de resultados

Aprimoramento do código

Elaboração do relatório final

Observação: Haverá a publicação do trabalho no SIICUSP no mês de outubro 1.

1
Data sujeita a alterações, de acordo com o cronograma do SIICUSP.
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8. PERFIL DA CANDIDATA

O interesse pela engenharia e ciência levou a candidata a escolher o curso de engenharia

mecânica na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.

Desde o primeiro ano do curso, a aluna participou de atividades extracurriculares, visando

a complementar a formação e colocar em prática os tópicos assimilados em sala de aula. A candidata

participou entre agosto de 2013 e março de 2015 da Equipe Poli de Baja, um grupo de extensão que

projeta e constrói protótipos off-road para competir com outras universidades. No ano de 2014, a equipe

representou o Brasil na Competição Baja SAE Kansas, em Pittsburg nos Estados Unidos, conquistando

sétimo lugar geral entre mais de 100 equipes.

No quarto semestre de engenharia, a aluna foi monitora da disciplina de Representação

Gráfica para a Engenharia, reforçando o aprendizado na área de desenho em CAD.

O grande interesse pela área de hidrodinâmica se despertou quando a candidata cursou

a disciplina de Mecânica dos Fluidos. No final de 2014, participou de um treinamento no Tanque de

Provas Numérico da Universidade de São Paulo, onde iniciou seus estudos sob a orientação do Prof.

Dr. Cheng Liang Yee.


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9. BIBLIOGRAFIA

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