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RELATÓRIO FINAL
(2015– 2016)
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RESUMO
INTRODUÇÃO
Esse equipamento está sujeito a descontinuidades que podem diminuir sua vida
útil ou até mesmo causar algum tipo de acidente caso elas originem uma trinca e se
propaguem. Estas falhas podem ocorrer até mesmo em condições de trabalho
estipuladas durante o projeto e dimensionamento do vaso.
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Nesse contexto, a simulação numérica surge atendendo a necessidade de análise
de fenômenos de uma forma eficiente, precisa e de baixo custo, pois permite uma
análise de diversos processos industriais reduzindo desperdícios e movimentação de
materiais e ferramentas dentro da indústria. Estudos de Simulação têm sido aplicados
em diversos setores, como indústria de manufatura, mineração e siderurgia.
OBJETIVOS
METODOLOGIA
Revisão bibliográfica sobre a fragilização por hidrogênio, suas causas, seu tipo
de trinca, as teorias existentes que explicam este fenômeno, e teses e artigos que
desenvolvam modelagens matemáticas para reproduzir esse fenômeno em softwares.
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constitucionais da modelagem matemática e a segurança de aplica-la em outro
equipamento obtendo valores numéricos coerentes com uma situação real.
VASOS DE PRESSÃO
Os vasos de pressão podem ser classificados de acordo com a sua razão entre o
𝑟
raio interno e a espessura. Os vasos que possuem uma relação 𝑡 ≥ 10 são chamados
vasos de parede fina, enquanto os que não possuem essa relação são chamados de vasos
de parede grossa ou vasos de parede espessa [2].
Para os vasos de parede fina são consideradas duas tensões atuantes devido à
pressão interna, uma tensão transversal e uma tensão longitudinal, para vasos de pressão
esféricos essas tensões são iguais a 𝜎1 , enquanto que nos vasos cilíndricos a tensão
longitudinal é a metade da tensão transversal, 𝜎2 .
Figura 1. Representação das forças atuantes em um Vaso de Pressão cilíndrico. Fonte [2].
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Figura 2. Representação das forças atuante em um Vaso de Pressão esférico. Fonte [2].
𝑝.𝑟 𝑝.𝑟
𝜎1 = ; 𝜎2 = (1)
𝑡 2.𝑡
Onde “p” é a pressão interna, “r” é o raio interno e “t” é a espessura da parede do
vaso. A tensão longitudinal de um vaso de pressão é menor do que as outras
componentes, e com isso é necessário uma pressão interna menor para alcançar valores
elevados de tensão, o que faz com que as juntas longitudinais possuam duas vezes mais
resistência do que as juntas transversais [2].
𝑟
Para um vaso de pressão com relação = 10 a tensão prevista pelas fórmulas
𝑡
acima será cerca de 4% menor que a tensão máxima real do vaso, e para relações ainda
maiores do que 10% esse percentual de erro diminui.
Os vasos de parede espessa não são analisados dessa forma, pois sua espessura
não é muito pequena em comparação ao raio interno do vaso, logo a variação da
distribuição das tensões em função da espessura possui um valor a ser considerado na
modelagem.
Uma das teorias mais populares para explicar a fragilização por hidrogênio é a
Teoria da Pressão [4]. Ela diz que o hidrogênio presente como solução sólida tende a
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migrar para cavidades ou vazios e assim passar para a fórmula molecular gasosa 𝐻2 ,
essa formação gera uma tensão na cavidade agindo para abrir a ponta da trinca, além de
se somar a qualquer outra tensão e conduzir a uma condição onde a trinca se propaga.
Esta teoria não explica porque o fenômeno ocorre numa trinca superficial, onde não
ocorre acúmulo de gás.
A Teoria da Decoesão [4] é uma das teorias mais antigas, ela afirma que o
hidrogênio se deposita em regiões propícias a tensões, como pontas de trincas ou em
discordâncias, e a presença dele reduz as forças atômicas localmente diminuindo a
tensão necessária para separar as duas metades de um sólido.
Existe também o ataque pelo hidrogênio [4], que ocorre em altas temperaturas e
altas pressões. Falhas por ataque ao hidrogênio ocorrem com a formação de bolhas de
metano formadas pelo hidrogênio absorvido e o carbono presente no aço, logo existe
também uma descarbonetação. Esse tipo de falha é mais documentado em equipamentos
de refinaria.
A difusão pode ser definida como o processo pelo qual uma população de
partículas é transportada de regiões de alta concentração para regiões de baixa
concentração para diminuir o gradiente de concentração de partícula no meio.
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deposita em espaços vazios da célula unitária, os chamados interstícios. O ferro
apresenta dois tipos de estrutura cristalina: a estrutura cúbica de face centrada (CFC)
que é a estrutura da austenita, e cúbica de corpo centrado (CCC) que é a estrutura da
ferrita.
Os elementos de liga que estão presentes nos aços podem aumentar ou diminuir
a sua solubilidade conforme o elemento adicionado, essa influência é mostrada na figura
1, em que essa solubilidade foi medida para uma temperatura de 1600°C e pressão
parcial de 1 atm [18].
Figura 1. Influência dos elementos de liga na solubilidade ao hidrogênio no ferro. Fonte [18].
MODELAGEM MATEMÁTICA
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Ê𝑐 (𝑐) = 𝜂(𝑐 − 𝑐0 )𝐼 (3)
As expressões para as três tensões suportadas pelo vaso foram obtidas a partir da
equação (3) e da equação (4), pois as tensões totais são a soma da componente elástica e
da componente relacionada ao hidrogênio [7].
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𝜇 = 𝜇0 + 𝑘𝐵 𝑇𝑙𝑛𝑐 − 𝜂𝑡𝑟𝑇 (9)
𝐷 𝜕𝜇
𝐽 = −𝑘 (12)
𝐵𝑇 𝜕𝑟
𝜕𝑐 𝜂.𝑐.𝐷 𝜕𝑡𝑟𝑇
𝐽 = −𝐷 𝜕𝑟 + (13)
𝑘𝐵. 𝑇 𝜕𝑟
𝑐 = 𝑓(𝑇)𝐾√𝑝 (14)
𝑡𝑟𝑇𝜂
ln(𝑓(𝑇)) = (15)
𝑘𝐵 𝑇
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PDE" bem como aplicando as equações das tensões, deformações e do fluxo expostas
anteriormente, os parâmetros do material e as condições de operação.
𝜕𝑥 𝑞(𝑥)𝑑𝑥 = 0 (16)
𝑥2
∫𝑥 𝜕𝑥 𝑞(𝑥)𝑑𝑥 = 0 (17)
1
𝐵 𝜕𝑐 𝜕𝑐̃
∫𝐴 (𝑐̃ 𝜕𝑡 − 𝜕𝑟 𝐽) 𝑟𝑑𝑟 − 𝑐̃ (𝐵)𝐽(𝐵, 𝑡) + 𝑐̃ (𝐴)𝐽(𝐴, 𝑡) (20)
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APLICAÇÃO DA MODELAGEM EM VASO REAL
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valor foi adotado no presente trabalho, e como o valor de 𝜂 é um terço do valor do
volume parcial de hidrogênio, seu valor é de 6,667*10−7 𝑚3 /𝑚𝑜𝑙.
A constante de Sievert que foi adotada foi determinada em [19] que realiza
experimentos para quantifica-la em diversos aços carbono. Os seus resultados são
funções que relacionam a constante com a temperatura (em Kelvin) para cada tipo de
aço e para o ferro. Como o valor da constante de Sievert está determinado em
𝑐𝑚3 𝐻 ⁄𝑐𝑚3 metal*√𝑃𝑎 foi necessário realizar uma conversão para deixa-la no Sistema
Internacional, que é 𝑚𝑜𝑙𝐻⁄𝑚3 ∗ √𝑃𝑎 e para isso o valor das funções determinadas em
[19] foi multiplicado pelo volume molar do hidrogênio atômico que foi obtido na tabela
periódica.
Para o ferro:
−23660
𝐾𝐹𝑒 (𝑇) = 4,038 ∗ 10−3 ∗ 88,29 ∗ 𝑒𝑥𝑝 ( ) (23)
𝑅𝑇
−23660
𝐾𝐹𝑒 (402°𝐶 + 273) = 4,038 ∗ 10−3 ∗ 88,29 ∗ 𝑒𝑥𝑝 ( )
8,314 ∗ 675
−24700
𝐾1010 (402°𝐶 + 273) = 4,538 ∗ 10−3 ∗ 88,29 ∗ 𝑒𝑥𝑝 ( )
8,314 ∗ 675
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−23540
𝐾1020 (402°𝐶 + 273) = 3,565 ∗ 10−3 ∗ 88,29 ∗ 𝑒𝑥𝑝 ( )
8,314 ∗ 675
Esses valores estão coerentes com a expressão utilizada em [20] que é aplicada
para aços contendo ferro e manganês. O teor de cada um desses elementos não é
determinado, mas é um tipo de liga onde a modelagem pode ser utilizada.
−28577
𝐾𝐶−𝑀𝑛 (𝑇) = 0,82 ∗ 𝑒𝑥𝑝 ( ) (26)
𝑅𝑇
O valor da constante que é utilizado neste trabalho é uma média aritmética dos
valores para o aço 1010 e o 1020 obtidos em [19], pois em [19] não foi elaborada uma
função para a solubilidade do aço 1015, logo uma média aritmética é uma aproximação
considerável.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
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diferentes o gráfico apresenta um comportamento decrescente em todas as faixas de
tempo.
Gráfico 1. Variação da concentração do hidrogênio com a espessura da parede do vaso. Fonte: Autor
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Gráfico 2. Traço da tensão em função da espessura da parede do vaso. Fonte: Autor.
𝜎𝑧 = 𝜆(𝜀𝑟 + 𝜀𝜃 ) (29)
Com estes valores foi possível obter as componentes e o traço da tensão apenas
considerando a deformação elástica e com ele comparar percentualmente os seus
valores do traço obtido com a influência do hidrogênio fazendo uma divisão entre eles e
com isso perceber o aumento da tensão considerando a deformação causada pela difusão
do hidrogênio no material do vaso.
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Gráfico 4. Influência percentual da tensão na direção radial considerando a deformação causada pelo
hidrogênio. Fonte: Autor
Gráfico 5. Influência percentual da tensão na direção angular considerando a deformação causada pelo
hidrogênio. Fonte: Autor
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Gráfico 6. Influência percentual da tensão na direção longitudinal considerando a deformação causada
pelo hidrogênio. Fonte: Autor
De acordo com os gráficos pode se deduzir que a tensão na direção radial “r”
sofreu uma diminuição elevada, atingindo o valor zero na fronteira externa, enquanto
que as tensões na direção angular e longitudinal aumentaram atingindo variações
percentuais de 3% e de pouco mais de 11% respectivamente.
CONCLUSÃO
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Com os resultados obtidos nos gráficos 3, 5 e 6 é notável que a difusão de
hidrogênio realmente fragiliza o material, pois o aumento percentual da tensão em
determinado ponto que é mostrado nestes gráficos significa que a tensão está sendo
mais elevada do que seria sem a influência do hidrogênio.
Referências
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