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Século XX

A partir do século XX o estudo da


história da moda passa a se dar
por décadas, uma forma didática
e também necessária, por conta
da aceleração do processo de
mudanças que se evidenciou nas
linhas da moda.
Década de
1910
Os anos de 1914 a 1918 foram marcados pelo
conflito da Primeira Guerra Mundial.

Os tempos mudaram. A presença do homem na guerra


fez com que as MULHERES de diversas classes
sociais PASSASSEM A ATUAR EM DIVERSOS
SETORES ANTES MASCULINOS: “(...) da área de
saúde aos transportes e da agricultura à indústria,
inclusive a bélica.

Início da EMANCIPAÇÃO FEMININA, uma


necessidade durante a guerra e, depois dela, um
hábito”.
● Ostentação e extravagância são as principais
características da indumentária no começo do
século.
● Além de vestir, as roupas enfeitam. Aos poucos,
começam a perder seus excessos. Diminui o volume
dos tecidos, dos babados e das caudas das saias. A
silhueta vai ficando cada vez mais simples e mais
perto ao corpo. A beleza começa a ceder lugar ao
conforto. As elegantes suspiram aliviadas, livres da
fiel submissão às barbatanas das crinolinas
● De 1903 em diante, esta tendência vira a
moda do devant droit, também conhecida
como estilo Liberty, tendo sua origem na art
nouveau, movimento estético que privilegia as
formas orgânicas e ornamentais, a favor de
"tirar a banalidade das coisas".
● O rebuscado figurino com silhueta em "S" dá
impressão da mulher em permanente
reverência, efeito este realçado com a saia
que se prolonga em pequenas caudas
enxertadas com franzidos, rendas e laçarotes.
● Progressivamente, as saias afunilam, a ponto
de serem batizadas de entravées.

● Os tecidos e os bordados surgem decorados


com desenhos estilizados em linhas curvas e
sinuosas chamadas "coup de fouet".
● Vestidos diurnos são fechados até o pescoço,
os noturnos, decotadíssimos, sem falsas
modéstias, e permitiam as mulheres usarem
joias finas.
● As cores deste período evocam a frivolidade e
a fragilidade - em tons como o rosa desbotado
e o malva desmaiado. Os tecidos favoritos são
o crepe da China, o chiffon, a mousseline de
seda e o tule.
● Havia uma loucura por plumas, e os chapéus
eram adornados com uma ou duas; boás
eram usados em volta do pescoço. Os
melhores eram totalmente feitos de plumas de
avestruz, chegando a custar dez guinéus
(Laver, James - "A Roupa e a Moda". pag
216).
● As atitudes e o estilo de vida de duas décadas
foram varridos e afastados pela guerra,
porque a 1ª Guerra Mundial teve um enorme
impacto, pelas exigências de um socialismo
novo e o sentido de identidade pessoal foi
ressaltado.

● As massas começaram rejeitar o conceito do


privilégio como a razão por uma vida melhor.
● Somente a Primeira Guerra Mundial põe fim
ao espartilho. Com o corpo livre e roliço, as
mulheres assumem o posto de trabalho do
marido.
● Foi também, em meados da década de 1910
que surgiram as cintas ligas, as meias cor da
pele, da saia-calça e dos sutiãs modernos.
● Em 1910, a costura, preocupada com o
aparecimento das máquinas, torna-se uma
profissão autônoma.
● A roupa usada depois de 1915 poderia
provavelmente ser usada hoje em
determinadas circunstâncias, mas a roupa
antes de então está mais próxima com a
roupa elaborada em 1770 e seria vista
somente hoje em um evento especial a
fantasia ou algum evento cultural.

● Paris era a meca absoluta do mundo da


forma, os irmãos de Wright faziam a história
da aviação, e São Francisco devastado por
um terremoto em 1906.
● A fotografia alcançou o seu auge e a primeira
película narrativa, “O roubo do grande trem”
(1903) foi liberada, e as películas silenciosas
que caracterizam estrelas tais como Charlie
Chaplin e Mary Pickford - eram adoráveis.
● O navio Titanic afundou em sua primeira
viagem em 1912.
● O movimento do sufrágio das mulheres estava
em andamento.
● A grande epidemia da Influenza de 1918 que
dizimou mais gente no mundo todo do que a
grande guerra (WWI).
● Outro aspecto desse período, entretanto, é a
importância dos costumes de corte masculino.
● Um número considerável de jovens de classes
médias estava começando a ganhar a vida
como governantas e balconistas, e seria
impossível para elas desempenharem essas
funções com os vestidos de festas.
● Até as mulheres ricas usavam para usar no
campo ou para viajar. Os alfaiates ingleses, com
justiça considerados os melhores do mundo,
tiveram uma rica colheita (Laver, James - "A
Roupa e a Moda". pag 221).
Blusas do shirtwaist (camisa de mulher)
Tailleur - 1914
● Os homens fizeram objeção a esse tipo de
roupa feita como terno para a mulher, pois o
vira representar um desafio a sua autoridade.
As mulheres davam um passo para a sua
independência no futuro.
● As mulheres da classe média e superior
usavam as saias com blusas do shirtwaist
(camisa de mulher).

● Versões de tailleur mais frouxos, menores e


simples tinham estado disponíveis para o uso
informal desde 1850.
● O tailleur costurado foi introduzido
primeiramente em 1880 pelas casas de
Redfern. O revestimento foi costurado e foi
usado com uma saia drapeada.
● As saias afuniladas criaram uma forma
alongada de sino de trombeta. As versões
usadas eram mais ou menos extremas sobre os
quadris, fluindo simplesmente e tendo uma
maior largura na bainha. Segundo os alfaiates
essas roupas eram ideais para viajar. Dentro de
uma década tornaram-se muito mais versáteis
com uma distinção feita pelos vários tipos de
tecidos usados.

● Alguns mais claros feitos pelos alfaiates para


serem usados em casamentos; uns tweeds
mais pesados e um tecido mais áspero foram
usados para ternos diários ou do país de
origem.
● Os ternos para viagem eram também
necessários desde que os carros a motor
estavam em moda para aqueles que os
podiam comprar e gastar muito em finais de
semana com viagens para o campo,
principalmente nos Estados Unidos e no
exterior. Esses carros geralmente eram
abertos, e empoeirados, pois trafegavam em
estradas não asfaltadas.

● Junto com os ternos para viagem das
senhoras, os topcoats (sobretudo) frouxos de
couro foram usados, ou revestimentos
especiais para automóvel como o
impermeável (1906 blouse or 'waist').

● Eles agiam também como a proteção do


tempo e do frio. As explosões do óleo
poderiam ser um problema, por isso as
mulheres usavam também véus grossos no
rosto com seus chapéus e mesmo óculos de
proteção.
● As luvas Washable foram usadas sempre com
vestidos ao ar livre no inverno e no verão. As luvas
extravagantes também foram feitas em camurça e
seda e revestidas com bordados finos.
● No início da década, com todo o exagero da classe
rica as mulheres desenvolveram uma preferência
para os pés estreitos, que acreditavam ser um sinal
de elegância e de finura.
● Os homens e as mulheres usavam regularmente os
sapatos que eram demasiadamente pequenos para
os pés. Algumas mulheres optaram por ter alguns
de seus dedos do pé removidos para conseguirem
uns pés mais estreitos.
● Os sapatos do dia eram tipicamente de
trabalho.
● Os sapatos da noite eram mais diversos, com
o estilo popular para mulheres um sapato com
um pequeno salto da corte de Louis XV.
● Estes embelezamentos frequentemente com
os ornamentos ou linha metálica e vidro ou jato
que borbulhava nos dedos do pé,
frequentemente era a única parte que aparecia
para fora de uma saia volumosa.
● Os sapatos para a noite foram feitos
frequentemente de veludo ou cetim macio,
com fileiras das cintas frisadas que
embelezava a canela.
● Para os homens o traje aceito para todas as ocasiões
formais ainda era a sobrecasaca e a cartola, mas o terno
usado com um chapéu homburg (nome derivado do
balneário alemão, frequentemente visitado pelo príncipe de
Gales) era cada vez mais visto.
● Os sobretudos foram usados brevemente, no comprimento
do joelho
● Os meninos e uns homens mais novos usavam as calças
normalmente até o joelho e que se encontravam com as
meias elevadas usadas até o joelho.
● Os anos de 1900 até a explosão da 1ª Guerra Mundial, o
mundo era um momento de extravagância e ostentação.
● A função da roupa estava tornando-se mais prática
especialmente com o surgimento que vem do mundo do
trabalho.
● Os anos 1910 foram marcados pela corrida
para o futuro nesta época inclusive é dada
grande ênfase ao automobilismo. Nesse
período um considerável número de jovens
das classes médias começou a ganhar a vida
como governantas, datilógrafas e balconistas
e com isso as suas roupas não podiam ser
demasiadamente elaboradas.
O automóvel foi introduzido e requeria roupas que protegessem os passageiros de poeira, chuva
e mosquitos.
● Em 1910 houve uma mudança fundamental -
que havia se iniciado um pouco antes com o
afrouxamento da postura em ‘S’ e com o uso
do vestido “império” que diminuía o quadril -
as saias ficaram estreitas na barra,
‘afuniladas’ ao ponto que chegavam a impedir
passos maiores de 5 ou 8 cm. Os chapéus
tornaram-se muito grandes e havia botões por
toda roupa. Houve na verdade uma
orientalização provocada pela influência do
Balé Russo e a sua produção de sherazade e
também por Paul Poiret, o estilista de maior
nome depois de Worth.
A influência russa e oriental. As mulheres no centro da foto usam um casaco de charmeuse,
estilo kimono (manga cortada junto com o vestido)
Vestidos de dia - estilo túnica.

Parte de cima alongada sobre


uma saia apertada.

Chapéus longos.
Jaquetas com saias compridas,
retas e mais longas.

O chapéu grande era conhecido


como chapéu Peter Pan.
● Em 1913 o surgimento do decote ‘V’, uma
evolução dos vestidos que agora não
possuíam mais gola, causou uma agitação
extraordinária. Além de ser denunciado como
exibição indecente, foi apontado pelos
médicos como um perigo para a saúde,
chamando as blusas que continham tal decote
de “blusa pneumônica”.
“Vestidos de lenço” eram
vestidos assimétricos, com
sobreposições e diferentes
tecidos.
Muitos vestidos deste
período se desintegravam
devido aos frágeis
materiais, peso da barra, e
a prática de colocar sal na
seda para ficar mais
pesada.
Indumentária masculina
● Durante essa década e começo da próxima, a
indumentária masculina ficou marcada pelo
chapéu estilo coco (Charlie Chaplin), pelo
terno de lapela média, pelas cores sóbrias e
normalmente a camisa branca.
● A gravata podia ser borboleta ou comum. De
noite ele usava a casaca e invadindo a
década de 20 o terno branco e o smoking.
Roosevelt aos 18 anos –
cabelo repartido ao meio,
gravata 4, relógio de bolso
e um casaco curto.
Calça pregueada, punho,
chapéu coco, terno
estampado.
PAUL
POIRET
Responsável pela grande mudança no vestuário
feminino: o fim dos espartilhos.

Abrindo sua própria mainson em 1903, Poiret


projetou seu nome com um modelo de CASACO
KIMONO muito controverso, mas em 1909 ele já
havia conseguido fama.

Iniciou-se a onda oriental na moda, com cores


fortes, drapeados suaves, saias afuniladas e
muitos botões, sendo os enfeiteis favoritos da
época. Poiret pregava uma forma mais solta e
fluída para o vestuário.
POIRET também investiu no que, na época, era
pouco usual, mas que hoje se tornou um
padrão entre as grandes marcas; a expansão
vertical da linha de produto.
Em sua Maison era possível encontrar, além de
suas roupas, móveis, artigos para decoração e
perfumes. Mas certamente, uma de suas
maiores inovações no mundo da moda foi seu
desenvolvimento da técnica de MOULAGE OU
DRAPING, uma radical inovação em um mundo
dominado pelo método de modelagem da
alfaiataria. Esta técnica permitiu a Poiret criar
suas peças com FORMAS RETAS E
ALONGADAS, MAS AINDA SIM FLUIDAS.
Outra de suas mais famosas
criações é a “calça sherazade”,
que nada mais é do que a calça
saruel de hoje. Foi inspirada no
balé russo que estava fazendo
muito sucesso na Europa.
As criações de Poiret sempre estavam preenchidas por cores
vibrantes, um grande diferencial em relação ao lugar-comum
da época e sua assinatura era a rosa, a qual aparecia
periodicamente em suas roupas.
GABRIELLE COCO
CHANEL
Chegando em meados da década, outro nome
se destacou, GABRIELLE COCO CHANEL.

Inicialmente trabalhava com chapéus.

Em 1916 inova a moda com seus tailleurs


de jérsei, uma malha de toque macio, sedoso
e com elasticidade.

Chanel seguiu seu caminho de criadora e


consolidou-se se tornando a estilista mais
importante de todo o século XX.
● A burguesia europeia e americana que tinham adquirido
muita riqueza por toda a Europa e EUA, almejava agora
expandir seus lucros e sua riquezas. Dá-se a expansão
imperialista. Mas não eram só a Europa e os EUA que
estavam nessa corrida modernizadora e expansionista, o
Japão e Rússia também fizeram parte desse contexto.

● O clima entre as potências imperialistas que queriam


cada vez mais lucro e para tanto almejava tomar as
colônias de seus concorrentes já estava tenso, quando
neste cenário apareceu a Alemanha.

● Ela queria a re-divisão do mundo colonial e dos


mercados mundiais e isso desencadeou a Primeira
Guerra Mundial (1914 a 1918).
● Durante a Primeira Guerra Mundial a moda foi
abafada. E quando ela terminou a moda
retomou o seu ritmo. A saia afunilada que
surgiu antes da guerra e persistiu durante ela,
foi substituída pela linha ‘barril’. O busto era
de menino e as mulheres usavam até
achatadores. A cintura desapareceu por
completo e começou a ir para o meio dos
quadris. É o que veremos na próxima aula.
Pós - Guerra
Em 1918 termina a guerra e algumas novidades se consolidam.
A mulher solteira de fato conseguiu sua EMANCIPAÇÃO
COM A INDEPENDÊNCIA FINANCEIRA.

Na moda feminina as saias encurtaram ainda mais, com a


necessidade de trabalho e atividades de lazer como a dança.

Ainda nos anos 10 a androginia aparece, com os curtos cortes


de cabelo e com a mulher sendo cada vez mais independente,
fumando em público e dirigindo carros.
1919 – introdução da saia barril.

Esses novos hábitos e novas silhuetas são o que vai


permanecer nos anos 20 e se transformam em sua maior
característica.

Curiosidade: Dizem que, certa vez, encontrando Chanel em um


dos seus empobrecidos pretinhos básico, o insolente Poiret
perguntou: “Por quem está de luto, mademoiselle?” E ela,
mais insolente ainda responde: “Por você, monsieur!”
Filme
● Coco Antes de Chanel (Coco Avant Chanel), de Anne Fontaine, 2008.
Trailler: http://www.youtube.com/watch?v=_G6EeZDjpwA

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