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Faculdade Santa Marcelina

O Vestuário Através
dos Séculos
Trabalho de História da Moda IV por
Isabella Tozzi, Lucas Siqueira, Marcela Parreira e Maria Fernanda Paschoal
4B
Introdução
A palavra moda significa costume e surgiu em meados do século
XV, no início do renascimento europeu. A variação da característica
das vestimentas surgiu para diferenciar o que antes era igual, já que
usava-se um estilo de roupa desde a infância até a morte.

A partir da Idade Média, as roupas eram diferentes seguindo um


padrão que aumentava segundo a classe social, havendo até leis
que restringiam tecidos e cores somente aos nobres. A burguesia,
como não era nobre, mas era rica, passou a imitar o estilo nobre das
roupas iniciando um processo de grande trabalho aos costureiros
que eram obrigados a produzire diferentes estilos para diferenciar os
nobres dos burgueses
Século XVI
contexto histórico e vestuário
Contexto Histórico
O século XVI é uma extensão das ideias que
eclodiram no século no Renascimento, onde
o homem teve seu desenvolvimento ligado a
uma série de mudanças sociais, políticas e
econômicas (como o humanismo, o
antropocentrismo, o individualismo, o
universalismo, o racionalismo, o cientificismo
e a valorização da Antiguidade Clássica), que
ocorreram no final da História Medieval e
datou o início da Idade Moderna (século XV a
XVIII).
Durante o Renascimento, os trajes elegantes
adquiriram cada vez maior importância,
especialmente entre a próspera burguesia. Se
na Idade Média as roupas se diferenciavam de
um país a outro, agora, na Idade Moderna, em
especial no período do Renascimento, a moda
foi, de certa forma, unificada, devido ao avanço
da comunicação e do transporte, isso fez com
que as pessoas desejassem as mesmas
mercadorias, tendo a corte da Península Itálica
como maior referência. Ainda assim, com o
passar do tempo surgiram influências alemãs,
francesas, espanholas e inglesas no vestuário.
O Vestuário
Os trajes da época eram confeccionados por alfaiates em um espaço que além de ser
loja e ateliê, era também sua própria casa. Para atender o público do interior que não tinha
acesso aos centros urbanos, existiam os alfaiates ambulantes.
Um dos estilos mais marcantes no Renascimento foi o talhado ou golpeado, que
surgiu após a derrota de Carlos, o Temerário, em Nancy, quando os suíços atacaram suas
tropas. Para celebrar a vitória, os suíços cortaram tendas, estandartes exagerados e
roupas luxuosas que pertenciam ao exército de Borgonha e ataram os trapos rasgados
às próprias roupas. A partir desse momento, esse estilo tornou-se popular, no qual as
costuras são deixadas abertas ou fendas são criadas em peças de roupas a fim de deixar
as partes debaixo visíveis, seja a chemise usada sob o gibão ou o tecido que une as tiras
do calção bufante. Esse tipo de acabamento era usado por ambos sexos, mas era mais
popular no vestuário masculino.
Outro elemento usado tanto por homens quanto por mulheres foi o rufo, que se
assemelhava a uma enorme roda em tecido fino, engomada e cheia de babados. Era
feito por uma faixa de linho com no máximo 5,8m de comprimento. Quanto maior o rufo,
maior era o prestígio social do usuário, já que o uso dessa gola limitava a movimentação.
Era normalmente branca e podia ser ordenada, e também inteiriça, com rendas.
Homens e mulheres de classe média usavam roupas com mangas removíveis ou
duplas. Primeiro, havia uma manga justa que era presa ao vestido e então uma manga
mais ampla fixada ao corpete do vestido ou ao gibão masculino.
Os leques e os lenços foram acessórios fundamentais no Renascimento. As viagens de
descoberta para a China e o Novo Mundo, levaram os leques de volta à Europa. Eles se
tornaram populares, formando parte do enxoval das noivas ricas. Já os lenços, que os
pobres eram proibidos de usar por lei, eram usados por homens e mulheres, tanto para
assoar o nariz quanto para ser um acessório na cabeça ou pescoço; sempre
extremamente enfeitados com bordados.
A silhueta das roupas masculinas dessa
Masculino época acentuava o físico, os homens
enchiam os casacos com fenos e
apertavam os cintos na cintura para tornar
os ombros e tórax mais largos. O uso de
cores continuou em alta devido ao hábito
de usar roupas com remendos de tecido de
cores vivas, assim como listras, quadrados e
triângulos, a moda das talhadas. As meias
coloridas substituíam as calças justas e a
área do gancho se tornou uma região
importante do corpo com a introdução da
codpiece e de outras ornamentações, como
fitas.
Camisas Codpiece Jaleca Gibão
A camisa masculina de linho Também conhecido como Equivalente ao paletó moderno, a Principal peça usada na parte
branco era símbolo de status. braguette, é um triângulo de jaleca podia apresentar gola superior do corpo, por baixo de uma
Substituiu a chemise e seu tecido para proteção, colado baixa ou alta. Costumava ser jaqueta masculina, que foi
corte era amplo, o decote em na frente da calça para deixada aberta para exibir o substituída pelo colete denominado
geral era baixo, e, com o enfatizar a virilha, e era gibão, a camisa e o codpiece. gilet. Era uma peça engomada e
passar do tempo, houve amarrado ao gibão. Originalmente, as mangas eram também acolchoada para que
pequenas alterações, como removíveis, porém em meados tivesse maior volume, a fim de
uma pequena gola e babado do século XVI, foram eliminadas e reforçar a masculinidade, abotoada à
bordado em preto, vermelho, a jaleca passou a não ter frente e com um basque sobre o
azul ou dourado. mangas com acabamento de calção. As mangas eram presas ao
ombreiras ou efeitos de tecido corpo da peça por atadores, e para
semelhantes a asas nos ombros. disfarçar, havia uma espécie de
adorno almofadado preso sobre
essa união.
Calções Meias Acessórios
Denominados como trunk hose iam da cintura até pouco acima Quando foi inventada a máquina Os homens as combinavam com
do joelho, ajustados no quadril e acolchoados. O acolchoado era de tricotar meias, as meias acessórios como espadas e
confeccionado de diversas formas, porém, em meados do século longas passaram de roupas punhais, capas curtas e vários
XVI, localizava-se em geral na cintura. Por baixo dos calções e até frouxas e cortadas de peças de estilos de feltro e chapéus de
a altura do joelho também eram usadas meias ajustadas tecido para uma peça de veludo. Seus sapatos “bico de pato”
denominadas cânions. Os venezianos usavam calções ajustados vestuário confortável, que se eram largos, parecidos com
aos quadris, que desciam até abaixo do joelho e podiam ser ajustava melhor às formas do chinelos e tinham dedos
frouxos ou ajustados confortavelmente à perna. Um modelo corpo. As meias de malha arredondados.
muito popular no norte da Europa, o ``plunder hose'', calções traziam uma baguete ou nesga
bufantes ajustados nos joelhos, confeccionados em tecidos ornamental e as ligas, tiras finas
acolchoados e que também eram forrados e engomados. de tecido que eram presas ao
Calções bufantes (slops, gascones ou galli gaskins) também eram redor da perna, acima do joelho
muito populares na Inglaterra. mantinham as meias no lugar.
A moda feminina se diferenciava de acordo
Feminino com a nacionalidade; entretanto, era
comum as europeias em geral usarem um
vestido chamado Vertugado, que consistia
em partes rígidas para o tronco e que, da
cintura para baixo, se abria em formato
cônico com armações e mais rijas ainda,
quase não dando movimento à peça e
liberdade à usuária. As mangas desses
vestidos normalmente eram longas, largas
e pendiam, muitas vezes, quase até o chão.
Em seus vestidos, as mulheres faziam o
uso das talhadas, e adornavam suas faces
com a gola rufo.
Na França, em 1530, surgiu um tipo mais largo de anquinha, conhecido como
bourrelet. Essa armação trazia movimento para a saia da mulher, que era ainda mais
acentuada se ela usasse sapatos de salto alto. A crinolina era feita de ramos de
salgueiro, caniço ou barbatanas de baleia costurados ao tecido. Havia três formatos
principais: a anquinha estreita, a armação em forma de barril, popular entre as mulheres
francesas, e a armação acampanada.
Embora as roupas femininas fossem pesadas, a silhueta era bem definida. O
vestuário enfatizava ombros largos, uma cintura longa e fina e quadris largos. Através da
basquine, uma roupa de baixo parecida com um corpete, o torso da mulher era
modelado e ajustado como um funil, suprimindo as formas naturais arredondadas do
busto e forçando-o para cima. Essa silhueta completava o efeito volumoso da anquinha
na parte de baixo. A armação de barbatana de baleia era uma alternativa que também
dava à mulher a aparência de um busto reto, e o efeito era reforçado pelo corpete
triangular engomado que descia da linha da cintura e fazia curva sobre a saia,
direcionando assim o olhar para o órgão sexual.
As mulheres do período renascentista também usavam capas longas e pregueadas
como um sobretudo. Algumas tinham um decote arredondado e estreito e o toque
frívolo de uma fenda sob os braços para revelar o vestido.
Em questão de acessórios e beleza, além dos rufos, dos lenços, e do resplendor gola
Médici, que contornava a parte de trás da cabeça e tinha uma abertura frontal que
valorizava o decote do corpete, as mulheres usavam rendinhas, brincos, pérolas e
tranças enroladas sobre a cabeça. Um dos costumes femininos era acentuar a testa,
não só esticando os cabelos para trás, como também chegando até raspá-los mais
próximos do alto da face. Outro costume marcante era o excessivo uso de perfumes,
não só sobre o corpo, mas também nas luvas, meias e sapatos.
Na corte de Luís XIV, os saltos eram objetos exclusivamente masculinos, um símbolo
de ostentação e riqueza, onde os homens usavam saltos altíssimos, por influência da
baixa estatura do rei.
Século XX
e suas referências
Século XX
As grandes transformações mundiais do século XX refletiram diretamente na moda, que finalmente
deixou de ser considerada frívola e passou a ter seu caráter social reconhecido. A industrialização
permitiu um grande aumento da quantidade de vestimentas disponíveis e as pessoas puderam
passar a se vestir como queriam, com as tendências muito variadas ao longo das décadas.

Vestuário século XVI David Bowie, década de 80 Princesa Diana, anos 80 Vivianne Westwood, Fall 1993 Mugler, Spring 1992

Há semelhança nas ombreiras da segunda, quinta e primeira foto; no volume da saia balonê da terceira que se assemelha ao calção;
do formato em V do corset parecido com a primeira e a gola alta da última e primeira
Os anos 80, por exemplo, pós movimento hippie, foi marcado pela extravagância e pelo
consumo excessivo. Estava na moda ganhar dinheiro e se vestir bem.
Observa-se a influência do século XVI em diversos aspectos, já que essa geração
almejava a riqueza e o século citado remete à nobreza. Algumas tendências da
década de 80 que podem ser relacionadas são: excesso de brilho, mangas bufantes,
ombreiras, saia balonê (semelhança aos calções) e excesso de volume em geral.

Vestuário século XVI YSL, Fall 1989 Apresentadora Xuxa nos anos 80

Pode-se observar a semelhança nos volumes das mangas nos ombros e ao longo dos braços
Em contraponto com a década de 80, os anos 90 foram mais minimalistas, valorizando mais uma
boa modelagem e tecido do que o excesso. Além de alguns elementos relacionáveis com o século
XVI, pode-se destacar também a similaridade quanto ao desejo de exclusividade, já que na
antiguidade só os nobres tinham lugar na moda e na década em questão havia um desejo por
marcas de luxo, cujo acesso é limitado a pessoas de alto poder aquisitivo. Quanto às roupas, pode-
se destacar a influência no uso de meias compridas, camisas e camisas com sobreposição, saias
com volume, elementos na roupa ou acessório que lembram o rufo; ou seja, a sofisticação voltou a
ser valorizada, porém de um jeito descomplicado.

Acessório que faz


referência ao rufo

Versace, Spring 1992

A referência se encontra na presença de meias


compridas na primeira e segunda imagem; na
modelagem da saia da segunda que lembra a
parte inferior da primeira; na sobreposição com
camisa por baixo e nas mangas bufantes da
primeira e última
Vestuário século XVI Clueless, 1995 Prada, Spring 1992
Século XXI
e suas referências
A moda do século XVI, junto das influências artísticas do Renascimento, inspiraram e
persuadiram diversos estilistas contemporâneos á criarem coleções com detalhes e
particularidades das vestimentas e obras da época.

Valentino Alexander McQueen


Uma das coleções mais conhecidas é a Outono/Inverno Outra coleção que tem diversas referências foi a Ready-to-Wear
de 2016 da Maison Valentino sob assinatura de Maria de Outono de 2013 de Alexander McQueen, onde desde todos os
Grazia Chiuri e Pierpaolo Piccioli, a qual podemos observar mínimos detalhes, desde o cenário até o styling, mostram uma
a presença de mangas bufantes, golas altas lembrando referencia contemporânea á vestimenta do século XXI. O uso de
rufos, boleros e golas peludas remetendo á parelhas pérolas, mangas bufantes e golas tipo médici demonstram uma
masculinas, tecidos acetinados e coloridos e até mesmo o roupa digna de um membro da realeza européia com traços
styling das modelos que sugere os penteados da época. modernos.
Referência ao Rufo Referência ao Jaleco

Referência ao Calção Referência ao Gibão


Alexander McQueen
F/W 2013 Ready-to-wear
Século XVI
Alexander McQueen
Nascido em 1969, Alexander se formou em
moda na Central Saint Martins e sempre se
destacou por seu estilo diferente e
apaixonante. Depois de fazer seu nome na
industria, se tornou costureiro da
Givenchy,Sucedendo Galliano, McQueen seguiu
na casa francesa por mais cinco anos, até que
seu viés criativo foi demais para a alta-costura.
O clássico do gênio incompreendido
frequentemente atingia o estilista. McQueen
seguiu com sua marca e com sua criatividade
até 2010, quando faleceu.
Estilo de Alexander McQueen
Coleção
desenvolvida pelos alunos
Isabella Tozzi Lucas Siqueira Marcela Parreira Maria Fernnda Paschoal
Bibliografia
ESCOLA, Equipe Brasil. "O surgimento da moda"; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/curiosidades/o-surgimento-moda.htm. Acesso em 11 de setembro de 2022.
Harper's Bazaar Brasil. ALEXANDER MCQUEEN: DE APRENDIZ A GÊNIO DA MODA. Disponível em:
https://harpersbazaar.uol.com.br/moda/alexander-mcqueen-de-aprendiz-a-genio-da-moda/. Acesso em 11 de setembro
de 2022.
Roupas Masculinas no Período Tudor. Disponível em: https://www.hisour.com/pt/mens-fashion-in-western-europe-in-
1550-1600-32404/. Acesso em 12 de setembro de 2022.
BLACK, J. Anderson e GARLAND, Madge. Storia della Moda, a cura de Mila Contini. 1995.
COSGRAVE, Bronwyn. História da indumentária e da moda: da antiguidade aos dias atuais.2000.
KOHLER, Carl. História do Vestuário. 1993.
Biblioteca de Imagens
Vogue Runway. Valentino F/W 2016 Couture. Disponível em: https://www.vogue.com/fashion-shows/fall-2016-
couture/valentino/slideshow/collection#1. Acesso em 11 de setembro de 2022.
Vogue Runway. Alexander McQueen F/W 2013 Ready-to-wear. Disponível em: https://www.vogue.com/fashion-
shows/fall-2013-ready-to-wear/alexander-mcqueen/slideshow/collection#1. Acesso em 11 de setembro de 2022.
Vogue Runway. Chanel Pre-Fall 2013 Ready-to-wear. Disponível em: https://www.vogue.com/fashion-shows/pre-fall-
2013/chanel/slideshow/collection#1. Acesso em 11 de setembro de 2022.
Behance.net. Alexander McQueen Iluustrations. Disponível em: https://www.behance.net/gallery/50167583/Alexander-
McQueen-Illustrations. Acesso em 11 de setembro de 2022.
Google Arts&Culture. Alexander McQueen Portrait by David Bailey. Disponível em:
https://artsandculture.google.com/asset/alexander-mcqueen-portrait-by-david-bailey-david-
bailey/7wHZWjDcFWQeyw. Acesso em 11 de setembro de 2022.
Moda Masculina Europa Ocidental 1500-1660. Disponível em: https://www.hisour.com/pt/mens-fashion-in-western-
europe-in-1550-1600-32404/. Acesso em 12 de setembro de 2022.
Ator afirma que produtores americanos mandaram diminuir o tamanho dos codpieces de “Wolf Hall”. Disponível em:
https://boullan.wordpress.com/tag/codpiece/. Acesso em 12 de setembro de 2022.
BLACK, J. Anderson e GARLAND, Madge. Storia della Moda, a cura de Mila Contini. 1995.
Fim
Faculdade Santa Marcelina 4B - 2022

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