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Geologia Estrutural Ficha de exercícios nº 2

Projecção estereográfica. Introdução

Projecção estereográfica - Muito usada em Geologia Estrutural


- Permite representar dados de orientação
- Não permite medir distâncias

Fundamento geométrico A projecção estereográfica permite representar dados de orientação


tridimensionais (direcção e pendor) de estruturas planares e lineares. Os
fundamentos deste tipo de projecção estão esquematizados na Figura 1.
Imagine-se um plano que passa pelo centro de uma esfera (Figura 1a). A linha
de intersecção do plano com a superfície da esfera é um círculo, designado
como círculo maior. Em Geologia Estrutural usa-se o hemisfério inferior da
esfera, como ilustrado na Figura 1b. O plano de projecção é um plano
horizontal que passa pelo centro da esfera e a intersecta num círculo
horizontal, chamado círculo primitivo.
Para se obter a projecção, conecta-se o zénite da esfera com o círculo maior
(linhas vermelhas na Figura 1c), obtendo-se na superfície horizontal a
projecção estereográfica do plano (Figura 1d).

Em Geologia Estrutural é utilizada


a projecção relativa ao
hemisfério inferior da esfera.

Figura 1. Projecção estereográfica de um plano com direcção NNE-SSW e inclinação


para SE (ver texto para explicação). Extraído de Fossen (2010).

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Rede estereográfica ou Consiste na projecção estereográfica bidimensional de apenas um


estereograma hemisfério da esfera de referência. A rede estereográfica é composta pelos
seguintes elementos (Fig. 2b):
- Círculo primitivo: circunferência que resulta da intersecção do plano
equatorial de projecção com a esfera.
- Círculos maiores ou meridianos: são projecções de planos inclinados, com
intervalos de 2º, e direcção N-S. A cada 10º, os círculos são reforçados a
negrito.
- Círculos menores ou paralelos: perpendiculares aos meridianos e
igualmente espaçados de 2º. Resultam da projecção de cones coaxiais
com a linha N-S (Fig. 2a).

- Círculo primitivo

no
- Círculo maior ou meridiano

- Círculo menor ou paralelo


(a): Hemisfério inferior da esfera (b): Rede de Wulff
Figura 2.

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Redes de Wulff e de Os dois tipos de redes mais usados são a rede de Wulff (de igual ângulo) e a rede
Schmidt de Schmidt (igual área) (Figs. 3 e 4).
- A rede de W ulff conserva os ângulos mas não as áreas. Os círculos maiores e
menores são arcos de circunferência (Fig. 5). Usada em Mineralogia.
- A rede de Schmidt conserva as áreas mas não os ângulos (Fig. 6). Usada em
Geologia Estrutural.

Rede de W ulff

Rede de Schmidt
Figura 3.

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Pólo de um plano O pólo de um plano a recta perpendicular ao plano (Figs. 7 e 8).


Na projecção estereográfica, as linhas aparecem representadas como
pontos.
Os pólos aparecem na projecção estereográfica como pontos localizados no
quadrante diametralmente oposto ao pendor do plano (Fig. 8).

Figura 7. Esquema de um plano (mão) e do seu pólo (lápis). Extraído de Marshak & Mitra (1988).

Figura 8. Projecção estereográfica de uma linha, neste caso a linha é perpendicular ao plano (pólo) representado pelo
círculo máximo (cor verde). Extraído de Fossen (2010).

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Projecção de planos e
respectivos pólos (Fig. 9)

Projecção ciclográfica, ou
projecção

Projecção polar, ou
projecção

Figura 9. Projecção de um plano com atitude 030º, 30ºSE e do seu pólo. O círculo
máximo representa a projecção ciclográfica, ou projecção , do plano. O ponto
corresponde à projecção polar, ou projecção , do plano. Extraído de Fossen
(2010).

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Projecção de linhas (Fig. 10) As linhas projectam-se com um ponto (Fig. 8a). A forma de projectar as
linhas, com o auxílio de uma folha transparente colocada sobre a rede é
ilustrada na Figura 10.

Figura 10. Projecção de uma linha inclinada com orientação 40º, 030º. Extraído de
Fossen (2010).

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EXERCÍCIOS

1. Na rede de Schmidt, represente a projecção ciclográfica e a projecção polar dos planos seguintes:

N10ºW, 60ºE 125º, 25ºNE N10ºE, 90º


N44ºE, 52ºNW 310º, 50ºN Horizontal
N46ºW, 20ºNE 060º, 44ºSE 024º, 60º
N20ºW, 30ºW 314º, 80º 230º, 10º

2. Na rede de Schmidt, represente as linhas seguintes:

72º, N46ºE 20º, 300º 330º, 50º 230º, 10º


30º, N20ºW Vertical 60º, 140º 180º, 23º
016º, 10º 0º, 200º 39º, 039º 300º, 48º

Bibliografia
FOSSEN, H. (2010). Structural Geology. Cambridge University Press. 480 pp. (Anexo B).
HOBBS, B.E., MEANS, WD. & WILLIAMS, PF. (1981). Geologia Estructural. Ed. Omega, Barcelona.
(Anexo A).
LISLE, R.J. & LEYSHON, P.R. (2004). Stereographic Projection Techniques for Geologists and Civil
Engineers. Cambridge University Press, UK, 112 pp.
LOPES, L. Apresentação em ppt disponível em
http://home.dgeo.uevora.pt/~lopes/Estrutural/PowerPoint/GE1.ppt
MARSHAK, S. & MITRA, G. (1988). Basic Methods of Structural Geology. Prentice Hall. 446 pp.

Site de interesse:
http://folk.uib.no/nglhe/e-modules/Stereo%20module/1%20Stereo%20new.swf

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