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ESTUDOS DA EVOLUÇÃO GEOLÓGICA PARA ENTENDIMENTO DA INTERVENÇÃO

HUMANA NA DINÂMICA COSTEIRA: EXEMPLOS DO BRASIL E PORTUGAL

Intervenções humanas em regiões costeiras são caracterizadas pela interação com o


ambiente natural. Quanto mais próxima do ecossistema marinho, maior será essa interação.
A urbanização e as atividades portuárias são exemplos significativos de intervenções
humanas nessas áreas, podendo abranger extensas áreas modificadas. Isso significa que
quanto maior a área modificada pelo ser humano, maior será a exposição dessas áreas ao
sistema marinho e suas consequências (OLIVEIRA, 2017).

Essa intervenção acontece desde o início da civilização e gera desafios para várias nações
até os dias atuais, como é o exemplo do Brasil e de Portugal, países que historicamente
possuem grande parte do seu desenvolvimento econômico e cultural atrelado a ocupação
do litoral. A continuação serão citados alguns exemplos relativos a essas localidades,
destacando as diferentes interferências ao longo do tempo.

No litoral centro-sul de Santa Catarina, a sedimentação natural e a atividade humana, como a


construção de sambaquis - empilhamentos de conchas, carapaças e ossos empilhados ao longo
dos séculos pelos povos pré-históricos do litoral atlântico - podem ter contribuído para o
assoreamento das lagunas e a mudança na sua linha de costa ( GIANNINI et al, 2010).

No litoral do estado de São Paulo, a região da Ponta da Praia na cidade de Santos é um


exemplo típico de como as intervenções humanas trazem consequência para a evolução da
costa estuarina e marinha. As principais intervenções incluem urbanização, dragagem do
canal de navegação e construção de estruturas portuárias, afetando a sedimentação
costeira e aumentando a erosão. Isso resulta em danos materiais, perda de biodiversidade
e riscos para a segurança local (OLIVEIRA, 2017).

Por fim, a ilha de Peniche no litoral português uniu-se ao continente através dos séculos,
transformando-se em uma península. Esse evento natural acelerou-se com a evolução do
porto medieval de Atouguia da Baleia, localizado praticamente em frente a Peniche (DIAS et al,
2017).

As regiões citadas possuem uma questão comum em torno da sua intervenção no ambiente
costeiro: apesar dos terem sua origem em eventos naturais como a erosão e o aumento do
nível do mar desde o período Holoceno, não há dúvidas que a atividade humana modificou
e acelerou de maneira significativa esses processos desde as primeiras civilizações
costeiras até os dias de hoje (PEREIRA, 2012). Para entender seus impactos é preciso
combinar o estudo da evolução geológica aliado ao estudo da interação contínua entre cultura
humana e dinâmica costeira; para mitigá-los é necessário adotar medidas de gestão costeira
integrada que considerem a dinâmica natural da região e promovam a sustentabilidade
ambiental e social (OLIVEIRA, 2017).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DIAS, João Alvarinho; BASTOS, Maria do Rosário. De ínsula a península: o caso de


Peniche (Portugal). O homem e o litoral–Transformações na paisagem ao longo do tempo.
Rio de Janeiro: Rede Braspor, v. 6, p. 70-82, 2017.

GIANNINI, Paulo César Fonseca et al. Interações entre evolução sedimentar e ocupação
humana pré-histórica na costa centro-sul de Santa Catarina, Brasil. Boletim do Museu
Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, v. 5, p. 105-128, 2010.

OLIVEIRA, E. C. Erosão costeira na Ponta da Praia, Santos-SP, e as modificações


antrópicas nos sistemas marinho e estuarino da região. Santos: p. 236-246, 2017.

PEREIRA, E. et al. Sedimentação Quaternária na planície costeira de Jacarepaguá e


Guaratiba (Estado do Rio de Janeiro). Baía de Sepetiba: Estado da Arte, p. 63-82, 2012.

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