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BUSCAS E

APREENSÕES
em escritórios
de advocacia

Limites e
Garantias
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL - SEÇÃO PARANÁ
GESTÃO 2019/2021

CÁSSIO LISANDRO TELLES


PRESIDENTE

MARILENA INDIRA WINTER


VICE-PRESIDENTE

RODRIGO SÁNCHEZ RIOS


SECRETÁRIA-GERAL

CHRISTHYANNE REGINA BORTOLOTTO


SECRETÁRIO-GERAL ADJUNTO

HENRIQUE GAEDE
TESOUREIRO

ALEXANDRE SALOMÃO
DIRETOR DE PRERROGATIVAS

CÂMARA DE DIREITO E PRERROGATIVAS

RODRIGO SANCHEZ RIOS


PRESIDENTE

ALEXANDRE SALOMÃO
VICE-PRESIDENTE

MEMBROS
ABNER WANDEMBERG RABELO
ALZIRO DA MOTTA SANTOS FILHO
ANDERSON DONIZETE DOS SANTOS
CARLOS EDUARDO PIANOVSKI RUZYK
DANIEL AUGUSTO GLOMB FLAVIO WARUMBY LINS
EDGAR ANTONIO CHIURATTO GUIMARAES FRANCISCO AUGUSTO NORONHA NETO
ELIZANDRO MARCOS PELLIN GELSON FERNANDO MASSUQUETO
FABIO ARTIGAS GRILLO GEOVANEI LEAL BANDEIRA
LUIZ FERNANDO CASAGRANDE PEREIRA GETULIO RAINER VOGETTA
MAÍRA SILVA MARQUES DA FONSECA GUILHERME ZORZI ROSA
MARION BACH HELIO DA SILVA CHIN LEMOS
MELISSA FOLMANN JAIR DE AZEVEDO JUNIOR
PAULO BUZATO JORGE RIVADAVIA VARGAS NETO
ROBERTO ALTHEIM JOSÉ CARLOS MANCINI JÚNIOR
ROBERTO CEZAR VAZ DA SILVA KARLA HELENNE VICENZI BANA
RODRIGO LUIS KANAYAMA LUIZ FERNANDO DE VICENTE STOINSKI
RUI DA FONSECA MARIANA ZOTTA MOTA
SABRINA MARIA FADEL BECUE MARIO LUCIO MONTEIRO FILHO
MARROQUIS BORGO FREIRE
MATTEUS BERESA DE PAULA MACEDO
COMISSÃO DE DEFESA DAS PRERROGATIVAS MILENKA ARREBOLA RUBIN DE CELIS
PROFISSIONAIS DA SECCIONAL MILVIO MANOEL CRUZ BRAGA
MIRIAN FERNANDES DE BOIT DA SILVA
ANDREY SALMAZO POUBEL MONTSERRAT SÁNCHEZ DEL CASTILLO BRAVO DE CHABY
PRESIDENTE PAULO SILAS TAPOROSKY FILHO
THAISE MATTAR ASSAD RAFAEL FABRICIO DE MELO
VICE-PRESIDENTE ROGÉRIO NICOLAU
YGOR NASSER SALAH SALMEN THIAGO MURAKAMI TAVARES CARDOSO
SECRETÁRIO VITOR AUGUSTO SPRADA ROSSETIM
ALEXANDRE ROUCO FRAGA WELLINGTON MURILLO DE ALMEIDA
AMANDA FERREIRA SILVEIRA PALMA GUSTAVO SARTOR DE OLIVEIRA
ATILA SAUNER POSSE
BIBIANA CAROLINE FONTELLA ORGANIZAÇÃO
DANILO GUIMARAES RODRIGUES ALVES WELLINGTON MURILLO DE ALMEIDA
DÉCIO FRANCO DAVID
ELIAS SEBASTIAO TORRES DA SILVA CAPA E DIAGRAMAÇÃO
ELISA FERNANDES BLASI BRUNO CESAR
EMERSON ERNANI WOYCEICHOSKI
EUROLINO SECHINEL DOS REIS
FABIANO NEVES MACIEYWSKI
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO.....................................................................................9

REEDIÇÃO DO MANUAL........................................................................10

INTRODUÇÃO........................................................................................11

REGRAS PARA A QUEBRA DA INVIOLABILIDADE...............................11

INVIOLABILIDADE DOS DEPARTAMENTOS JURÍDICOS


DE EMPRESAS E ÓRGÃOS PÚBLICOS.................................................12

APREENSÃO DE CELULARES, MÍDIAS, EMAILS E SERVIDORES

– PROVAS FORTUITAS..........................................................................12

REGRAS PARA A INVIOLABILIDADE


NA RESIDÊNCIA DO ADVOGADO.........................................................13

LEGISLAÇÃO..........................................................................................15

LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL...............................................15

ATOS ADMINISTRATIVOS.....................................................................16
RECOMENDAÇÕES AO ACOMPANHAMENTO
DA BUSCA E APREENSÃO....................................................................21
APRESENTAÇÃO

Padronizar a realização dos acompanhamentos de buscas e


apreensões em escritórios de advocacia é fundamental para orientar
os trabalhos do sistema OAB, notadamente para combater os abusos e
excessos.

Fazer buscas e apreensões genéricas passou a ser crime previsto no


artigo 7º, B, da Lei 8.906/94, por isso a presença do representante da OAB
nesses atos tem o objetivo primordial de verificar a legalidade da medida
e do seu cumprimento. Buscas e apreensões em escritórios de advocacia
são exceção, a regra é a inviolabilidade, por isso esses atos devem ser
cuidadosamente cumpridos.

O sigilo que a inviolabilidade dos escritórios, dos arquivos e das


comunicações procura proteger se dá em nome da proteção dos clientes
do advogado, não envolvidos na diligência. A autoridade não pode levar
todo e qualquer documento ou arquivo, a não ser aqueles especificamente
citados no mandado. Não sendo o mandado específico no seu objeto, isso
deverá ser alertado expressamente à autoridade que estiver fazendo o
cumprimento e, na hipótese de insistência, levando dados e arquivos gerais,
isso deverá ser expressamente consignado no relatório da diligência, para
posteriores medidas pela Diretoria de Prerrogativas.

Registro os agradecimentos aos integrantes do sistema de defesa de


prerrogativas, pela sua dedicação altruísta à defesa da plena advocacia,
esperando que as orientações desse manual lhes sejam úteis.

CÁSSIO LISANDRO TELLES


Presidente da OAB-PR

Buscas e Apreensões em escritórios de advocacia - Limites e Garantias 9


REEDIÇÃO DO MANUAL INTRODUÇÃO

A reedição do manual sobre buscas e apreensões em escritórios É consabido que as prerrogativas profissionais dos advogados
de advocacia se fez necessária por dois especiais motivos: o advento da encontram-se previstas no art. 7º da Lei 8.906/94 – Estatuto da
Lei de Abuso de Autoridade (Lei 13.869/19), que alterou a Lei 8.906/94, Advocacia e da OAB – e possuem o objetivo de garantir não só o livre
para acrescentar a previsão do crime de violação de prerrogativas da exercício profissional, mas também a indispensabilidade do advogado
advocacia e o Provimento 201/2020 do Conselho Federal da OAB. O artigo à administração da justiça, assegurando ao cidadão, seja ele quem for, o
7º-B, da Lei 8.906/94 passou a prever que as violações aos incisos II, III, direito à ampla defesa.
IV e V, do artigo 7º, configuram crime, denominado crime de violação das
prerrogativas da advocacia. No que tange às buscas e apreensões, que Com efeito, uma das mais valiosas prerrogativas profissionais está
estão previstas no inciso II do artigo 7º, a nova legislação reforçou, por insculpida no art. 7º, II, do EAOAB: a inviolabilidade do local de trabalho do
meio de tipificação penal, a norma já existente sobre a inviolabilidade do advogado.
local de trabalho dos advogados, que agora passa a ter sanção penal. Por
conseguinte, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil proveu Referida prerrogativa constitui mecanismo apto para salvaguardar
uma série de normas para observância nos acompanhamento de buscas e os instrumentos de trabalho do advogado, as comunicações no exercício
apreensões contra advogados. Desta forma, então, a presente reedição apenas profissional, e as informações sigilosas dos jurisdicionados/clientes.
complementará o bem lançado manual coordenado pelos Drs. Andey Salmazo
Poubel, Alexandre Hellender de Quadros e Priscilla Placha Sá. Tanto é assim que a justificativa contida no bojo do Projeto Lei
5242/2005 – que depois de aprovado deu ensejo ao art. 7º, II, do
EAOAB – era justamente sobre a necessidade de proteção do sigilo entre
cliente e advogado.

Referido direito não se trata de indevido privilégio profissional, mas


sim de garantia à própria administração da Justiça, de defesa da ordem
jurídica e das liberdades fundamentas1, cabendo a nós advogados conhecê-
lo, entendê-lo e defendê-lo.

REGRAS PARA A QUEBRA DA INVIOLABILIDADE

Diante da inviolabilidade dos escritórios de advocacia, a Lei 8.906/94


estabeleceu regras objetivas visando à subsistência do sigilo profissional,

1  Ministro Gilmar Mendes em excerto da sua decisão em Medida Cautelar na Reclamação


43.479 Rio de Janeiro

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principalmente no que concerne às informações e dados pertencentes a REGRAS PARA A INVIOLABILIDADE NA RESIDÊNCIA DO
advogados e clientes não formalmente investigados. São elas: ADVOGADO / NECESSIDADE DE OBSERVAÇÃO SE O LOCAL É
UTILIZADO COMO LOCAL DE TRABALHO.
a) a decisão que determinar a quebra da inviolabilidade deverá
ser motivada; É cediço que no hodierno cenário globalizado, tecnológico e
b) o mandado de busca e apreensão deverá ser específico e pandêmico, o home office tornou-se realidade para muitos profissionais do
pormenorizado; direito. Com efeito, é necessário levar em consideração que muitas vezes
c) a busca deverá ser cumprida na presença de representante as residências dos advogados também são seus lugares de trabalho.
da OAB;
d) podem ser objetos de buscas e apreensões documentos de Não há, pois, nestas hipóteses, distinção entre o escritório e a
clientes investigados pela prática do mesmo crime que deu residência do advogado e, por consectário, deve ser observada à residência
causa à quebra da inviolabilidade. as mesmas garantias do escritório de advocacia, sendo necessário a
e) vedação de apreensão de documentos, mídias e objetos acompanhamento por representante da OAB/PR para o cumprimento da
pertencentes a clientes e advogados não investigados. diligência nestas hipóteses, para que seja resguardado o sigilo profissional
que o advogado carrega consigo.

REGRAS PARA A INVIOLABILIDADE DOS DEPARTAMENTOS (Nota: ‘A inviolabilidade do advogado alcança seus meios
JÚRIDICOS DE EMPRESAS E ÓRGÃOS PÚBLICOS de atuação profissional, tais como o seu escritório ou locais
de trabalho, seus arquivos, seus dados, sua correspondência
Sem embargo do que foi até aqui exposto, imprescindível também e suas comunicações. Todos esses meios estão alcançados
ponderar que a inviolabilidade alcança não apenas escritórios de advocacia tradicionalmente pela tutela do sigilo profissional. A ampla
privados, mas também todos os recintos, salas, departamentos jurídicos, utilização da informática pelo advogado, com sua crescente
órgãos, privados ou públicos, em que haja o exercício de atos privativos miniaturização, faz estender a inviolabilidade aos dados e
da advocacia – conceito em que se incluem as atividades de consultoria, arquivos de computador mantidos em seu local de trabalho ou
assessoria e direção jurídicas. Assim, para a efetivação da quebra do que transporte consigo. O Estatuto da OAB refere-se a escritório
sigilo/inviolabilidade dos departamentos jurídicos de empresas e órgãos e local de trabalho. Entende-se por local de trabalho qualquer
públicos, é imprescindível que os indícios da prática de crime recaiam um que o advogado costume utilizar para desenvolver seus
efetivamente sobre os advogados, não bastando indícios de que a empresa trabalhos profissionais, incluindo a residência, quando for o
ou seus gestores tenham realizado condutas delitivas. caso. A atual revolução tecnológica aponta para a realização à
distância de serviços ligados por redes de comunicação, sem o
deslocamento físico das pessoas. Em qualquer circunstância, o
sigilo profissional não pode ser violado.’ (STF, MS nº 452-1-RJ,
Rel. Min. CELSO DE MELLO, julgado em 16/09/1999).

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REGRAS PARA APREENSÃO DE CELULARES, MÍDIAS, âmbito da investigação, sob pena de incorrer em evidente violação ao sigilo
E-MAILS E SERVIDORES – PROVAS FORTUÍTAS profissional.

Como anteriormente exposto, é imprescindível para a realização de


buscas e apreensões em escritórios de advocacia, além de outros requisitos, LEGISLAÇÃO
que o mandado seja específico e pormenorizado. Para tanto, é necessário que,
expressamente, se delimite quais os advogados investigados, os coautores/ Em razão da importância, a legislação pátria é exaustiva quanto
clientes investigados e os objetos/documentos a serem apreendidos. Porém, ao sigilo profissional advogado/cliente e os critérios para a quebra da
a prática demonstra que as operações policiais, em flagrante violação à inviolabilidade dos escritórios de advocacia. Nessa mesma perspectiva,
prerrogativa em análise, apreendem equipamentos eletrônicos (celulares, os atos administrativos oriundos da OAB, Conselho Nacional do Ministério
computadores pessoais e cópia integral do servidor), contendo, por óbvio, Público e do Ministério da Justiça, buscam resguardar tal garantia
informações e arquivos eletrônicos pertencentes a pessoas diversas, sem pertencente ao cidadão.
quaisquer vinculação com o procedimento investigatório.

Cabe destacar que o Superior Tribunal de Justiça já reconheceu a LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL


ilicitude da apreensão indiscriminada de documentos nas dependências de
escritório de advogado. A Lei 13.869/2019, denominada Lei de Abuso de Autoridade, por meio
de seu artigo 43, complementou ao Estatuto da Advocacia (art. 7º-B), com
A Lei 8.906/94, por sua vez, dispõe expressamente, além da a seguinte disposição:
inviolabilidade do escritório de advocacia, sobre a vedação, em qualquer
hipótese, da utilização dos documentos, das mídias e dos objetos “Constitui crime violar direito ou prerrogativa de advogado
pertencentes a clientes do advogado averiguado, bem como dos demais previstos nos incisos II, III, IV e V do caput do art. 7º desta Lei:
instrumentos de trabalho que contenham informações sobre clientes. Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa”.

No que concerne ao “encontro fortuito de provas”, relacionadas a outros Percebe-se, então, que os quatro incisos mencionados no tipo penal
advogados e outros clientes, a utilização de tais documentos caracteriza- acima exposto remetem às prerrogativas profissionais elencadas no art. 7º
se como constrangimento ilegal, como já decidido pelo Superior Tribunal do EAOAB, dentre eles o inciso II, que tutela justamente a inviolabilidade do
de Justiça:2 local de trabalho do advogado.

Não obstante a vedação legal para a utilização de provas Já no Código de Processo Penal, também há disposição expressa
fortuitamente apreendidas, não se pode admitir que uma autorização sobre as prerrogativas do advogado, veja-se:
judicial permita o recolhimento de elementos de informação estranhos ao
Art. 243. O mandado de busca deverá: § 2º Não será permitida
2 (HC 227.799/RS, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em a apreensão de documento em poder do defensor do acusado,
10/04/2012, DJe 25/04/2012). salvo quando constituir elemento do corpo de delito.

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ATOS ADMINISTRATIVOS VI - comunicar ao Conselho Seccional qualquer irregularidade
verificada no cumprimento do mandado;

CONSELHO FEDERAL DA OAB VII - respeitado o sigilo devido, apresentar relatório circunstanciado
Provimento 201/2020 ao Conselho Federal e ao Conselho Seccional para eventual
adoção das providências que se fizerem necessárias.
O Conselho Federal da OAB, sobre as buscas e apreensões, editou
o Provimento 201/2020 com as seguintes regras a serem observadas § 1° O relatório circunstanciado elaborado pelo representante
pelos representantes de nossa classe quando acompanharem diligências da OAB deverá ser encaminhado à ciência dos advogados ou
envolvendo advogados: das advogadas e/ou da sociedade de advogados e advogadas
sujeitos à quebra de inviolabilidade.
Art. 9º O representante da OAB deverá adotar as seguintes
providências, dentre outras que acautelem as prerrogativas dos § 2° O Conselho Federal, nos casos de busca e apreensão em
advogados ou das advogadas: escritório de advocacia, disponibilizará ao Conselho Seccional
um sistema eletrônico de relatório de que trata esse artigo.
I - verificar a presença dos requisitos legais extrínsecos
concernentes à ordem judicial para a quebra da inviolabilidade; Art. 10° O representante da OAB, no ato de acompanhamento
de busca e apreensão, ao identificar ilegalidade no mandado
II - constatar se o mandado judicial contém ordem específica e ou no cumprimento da ordem, adotará as medidas necessárias
pormenorizada; para suspender o ato, em defesa das prerrogativas profissionais,
procedendo a comunicação ao Conselho Seccional.
III - velar para que o mandado judicial seja cumprido nos estritos
limites em que foi deferido; § 1º Verificada a ausência dos requisitos elencados nos
arts. 4º e 7º do presente Provimento, o representante da OAB
IV - diligenciar para que não sejam alvos de busca e apreensão formalizará o seu imediato protesto, continuando, em quaisquer
documentos, arquivos, mídias e objetos pertencentes a clientes circunstâncias, participar da diligência.
dos advogados ou das advogadas investigados, bem como os
demais instrumentos de trabalho que contenham informações § 2º O protesto deverá ser manifestado ao agente público
sobre clientes, excetuando a hipótese de indiciamento formal de encarregado da diligência e formalizado, por escrito, à autoridade
seu cliente como co-autor do mesmo fato criminoso objeto da judiciária que decretou a busca e apreensão.
investigação, caso em que o mandado também deve ser claro e
específico sobre seu objeto; Art. 11° Configura crime previsto no artigo 7°-B da Lei 8.906/94
a decretação e o cumprimento de busca e apreensão em
V - acompanhar pessoalmente as diligências realizadas; desacordo com os requisitos expostos no presente Provimento,
bem como a imposição de qualquer obstáculo, dificuldade

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ou constrangimento no respectivo acompanhamento pelo Logo, no ato de acompanhamento das buscas e apreensões, deve
representante da OAB. o representante da OAB fazer lembrar a autoridade, em caso de excesso,
referida súmula e lançar as devidas anotações no relatório sobre a
Parágrafo único. A disposição contida no caput deste artigo advertência e eventuais abusos verificados.
abrange as hipóteses de expedição de mandado genérico, bem
como a apreensão indiscriminada de instrumentos de trabalho
do advogado ou da advogada, compreendendo todo e qualquer MINISTÉRIO PÚBLICO:
bem móvel ou intelectual utilizado no exercício da profissão, Recomendação nº 35 do Conselho Nacional do
especialmente no tocante aos seus computadores, telefones, Ministério Público
tokens, pendrives, arquivos impressos ou digitais, bancos de
dados, livros e anotações de qualquer espécie. “Considerando a necessidade de o membro do Ministério
Público observar a inviolabilidade dos documentos, das mídias
Art. 12º Verificada a quebra da inviolabilidade da correspondência e dos objetos pertencentes a clientes do advogado averiguado,
escrita, eletrônica, telefônica ou telemática relativas ao exercício bem como dos demais instrumentos de trabalho que contenham
da advocacia, com ou sem ordem judicial, deverá o Conselho informações sobre clientes, RESOLVE: Recomendar aos membros
Seccional da área de jurisdição da autoridade infratora adotar as do Ministério Público que, respeitada a independência funcional,
medidas cabíveis para a responsabilização penal e administrativa. nos requerimentos de busca e apreensão em escritórios de
advocacia ou local de trabalho do advogado, demonstrem os
Parágrafo único. As medidas previstas no caput deste artigo indícios de autoria e materialidade da prática de crime por parte
deverão ser adotadas pelo Conselho Seccional no caso de busca do advogado, bem como especifique e pormenorize o objeto
e apreensão determinada ou executada sem a observância dos da busca e apreensão, de modo a preservar a inviolabilidade
limites legais. dos documentos, das mídias e objetos pertencentes ou que
tenham informações sobre clientes, salvo quando estes estejam
sendo investigados pela prática do mesmo delito que motivou a
SÚMULA 12/2020 – CFOAB diligência”.

Após a previsão legal do crime de violação de prerrogativas, o CFOAB Ministério da Justiça - Polícia Federal:
editou a súmula 12/2020, deixando claro que a quebra indevida do sigilo Portaria do Ministério da Justiça nº 1.288/2005
de dados dos escritórios caracteriza o crime em questão, conforme se
observa: Art. 1º Quando no local em que se requer a busca e
apreensão funcionar escritório de advocacia, tal fato constará
“É crime contra as prerrogativas da advocacia a violação ao sigilo expressamente na representação formulada pela autoridade
telefônico, telemático, eletrônico e de dados do advogado, mesmo policial para expedição do mandado. Parágrafo único. Antes
que seu cliente seja alvo de interceptação de comunicações”. do início da busca, a autoridade policial responsável pelo

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cumprimento do mandado comunicará a respectiva Secção da III.contratos, inclusive na forma epistolar, celebrados entre o
Ordem dos Advogados do Brasil, facultando o acompanhamento cliente e o advogado ou sociedade de advogados, relativos à
da execução da diligência. atuação profissional destes;
Art 2º. As diligências de busca e apreensão em escritório de IV.objetos, dados ou documentos em poder de outros
advocacia só poderão ser requeridas à autoridade judicial profissionais que não o(s) indicado(s) no mandado de busca e
quando houver, alternativamente: apreensão, exceto quando se referirem diretamente ao objeto da
I. provas ou fortes indícios da participação de advogado na diligência; e
prática delituosa sob investigação; V.cartas, fac-símiles, correspondência eletrônica (e-mail)
II.fundados indícios de que em poder de advogado há objeto ou outras formas de comunicação entre advogado e cliente
que constitua instrumento ou produto do crime ou que constitua protegidas pelo sigilo profissional.
elemento do corpo de delito ou, ainda, documentos ou dados
imprescindíveis à elucidação do fato em apuração.
Art. 3º A prática de atos inerentes ao exercício regular da atividade RECOMENDAÇÕES AO ACOMPANHAMENTO
profissional do advogado não é suficiente para fundamentar a DA BUSCA E APREENSÃO:
representação pela expedição de mandado de busca e apreensão
em escritório de advocacia. a) Não ter acesso, com antecedência, aos dados da busca e
Parágrafo único. O exercício regular da atividade profissional do apreensão;
advogado compreende a prática de atos tais como: b) Se deslocar até o local da diligência com carro próprio ou da
I.elaboração de opiniões, peças e pareceres jurídicos com OAB;
orientação técnica; c) Solicitar, na entrada do local em que ocorrerá e previamente
II.a elaboração de instrumentos e documentos de competência ao seu início, cópia do mandado e da decisão que determinou a
do advogado, na forma da legislação em vigor, ainda que busca e apreensão;
indevidamente utilizados na prática do suposto delito pelo cliente d) Acompanhar todos os atos da busca e verificar todos os
ou por terceiro; e objetos apreendidos;
III.a simples representação do cliente junto a autoridades e e) Assinar o mandado e a ata de apreensão como representante
órgãos públicos ou como procurador de sociedade, nos termos da OAB e não como testemunha;
da legislação em vigor. f) Verificando a existência de qualquer ilegalidade, requerer
Art. 4º Salvo expressa determinação judicial em contrário, não as anotações pertinentes em ata; sendo negado, realizá-las
serão objeto de busca e apreensão em escritório de advocacia: manualmente quando da sua assinatura;
I.documentos relativos a outros clientes do advogado ou da g) Elaborar relatório, pormenorizado, da diligência realizada.
sociedade de advogados, que não tenham relação com os fatos
investigados;
II.documentos preparados com o concurso do advogado ou da
sociedade de advogados, no exercício regular de sua atividade
profissional, ainda que para o investigado ou réu;

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RELATÓRIO DA DILIGÊNCIA REPRESENTANTE DA OAB
1. A realização da busca e apreensão foi comunicada com antecedência
É fundamental que o representante da OAB/PR elabore o relatório
suficiente à OAB?
de acompanhamento da busca e apreensão. Deverá ser feita uma
checagem detalhada dos tópicos do relatório, cujo preenchimento Sim Não
deve ser feito através do modelo eletrônico disponibilizado no 2. O mandado foi apresentado previamente ao início da busca e apreensão?
http://sistemas.oabpr.org.br/pe/3. Sim Não
3. A decisão que decretou a quebra do sigilo do escritório de advocacia e
Referido relatório assim se apresenta:
determinou a busca e apreensão foi apresentado previamente ao seu início?
Sim Não
FORMULÁRIO DE ACOMPANHAMENTO
4. O mandado de busca e apreensão possui ordem específica e pormenorizada?
DE BUSCA E APREENSÃO
Sim Não
5. A decisão que decretou a quebra do sigilo determina a busca e apreensão
ADVOGADO ASSISTIDO de forma específica e pormenorizada?
UF: ____________________________________________ Sim Não
Nr. OAB: ______________________________________ 6. A decisão que decretou a quebra de sigilo é fundamental?
Local de Busca e Apreensão:
Sim Não
______________________________________________________________________________
7. Foi permitido ao advogado investigado acompanhar a diligência?
Autos de inquérito policial/processo penal:
Sim Não
______________________________________________________________________________
Vara: 8. A diligência foi efetivamente acompanhada por duas testemunhas?
______________________________________________________________________________ Sim Não
Comarca: 9. Foram realizados atos que causassem qualquer tipo de constrangimento
______________________________________________________________________________ desnecessário ao advogado?
Autoridade Responsável pelo Cumprimento da Prisão Sim Não
______________________________________________________________________________
10. A imprensa estava presente?
Sim Não

3 O advogado que acompanhou a busca e apreensão deve seguir os seguintes passos: efetuar 11. Foram apreendidos servidores, computadores, celulares ou outros
o login e senha > clicar na opção prerrogativas > acompanhamento de busca e apreensão > equipamentos eletrônicos?
preencher todos os dados > salvar > criar protocolo.
Sim Não

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12. Foram apreendidos documentos pertencentes a advogados ou clientes
não formalmente investigados?
Sim Não
13. Outras ocorrências:
__________________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________

Data
19/04/2021

Local
______________________________________________________________________________

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