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APREENSÕES
em escritórios
de advocacia
Limites e
Garantias
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL - SEÇÃO PARANÁ
GESTÃO 2019/2021
HENRIQUE GAEDE
TESOUREIRO
ALEXANDRE SALOMÃO
DIRETOR DE PRERROGATIVAS
ALEXANDRE SALOMÃO
VICE-PRESIDENTE
MEMBROS
ABNER WANDEMBERG RABELO
ALZIRO DA MOTTA SANTOS FILHO
ANDERSON DONIZETE DOS SANTOS
CARLOS EDUARDO PIANOVSKI RUZYK
DANIEL AUGUSTO GLOMB FLAVIO WARUMBY LINS
EDGAR ANTONIO CHIURATTO GUIMARAES FRANCISCO AUGUSTO NORONHA NETO
ELIZANDRO MARCOS PELLIN GELSON FERNANDO MASSUQUETO
FABIO ARTIGAS GRILLO GEOVANEI LEAL BANDEIRA
LUIZ FERNANDO CASAGRANDE PEREIRA GETULIO RAINER VOGETTA
MAÍRA SILVA MARQUES DA FONSECA GUILHERME ZORZI ROSA
MARION BACH HELIO DA SILVA CHIN LEMOS
MELISSA FOLMANN JAIR DE AZEVEDO JUNIOR
PAULO BUZATO JORGE RIVADAVIA VARGAS NETO
ROBERTO ALTHEIM JOSÉ CARLOS MANCINI JÚNIOR
ROBERTO CEZAR VAZ DA SILVA KARLA HELENNE VICENZI BANA
RODRIGO LUIS KANAYAMA LUIZ FERNANDO DE VICENTE STOINSKI
RUI DA FONSECA MARIANA ZOTTA MOTA
SABRINA MARIA FADEL BECUE MARIO LUCIO MONTEIRO FILHO
MARROQUIS BORGO FREIRE
MATTEUS BERESA DE PAULA MACEDO
COMISSÃO DE DEFESA DAS PRERROGATIVAS MILENKA ARREBOLA RUBIN DE CELIS
PROFISSIONAIS DA SECCIONAL MILVIO MANOEL CRUZ BRAGA
MIRIAN FERNANDES DE BOIT DA SILVA
ANDREY SALMAZO POUBEL MONTSERRAT SÁNCHEZ DEL CASTILLO BRAVO DE CHABY
PRESIDENTE PAULO SILAS TAPOROSKY FILHO
THAISE MATTAR ASSAD RAFAEL FABRICIO DE MELO
VICE-PRESIDENTE ROGÉRIO NICOLAU
YGOR NASSER SALAH SALMEN THIAGO MURAKAMI TAVARES CARDOSO
SECRETÁRIO VITOR AUGUSTO SPRADA ROSSETIM
ALEXANDRE ROUCO FRAGA WELLINGTON MURILLO DE ALMEIDA
AMANDA FERREIRA SILVEIRA PALMA GUSTAVO SARTOR DE OLIVEIRA
ATILA SAUNER POSSE
BIBIANA CAROLINE FONTELLA ORGANIZAÇÃO
DANILO GUIMARAES RODRIGUES ALVES WELLINGTON MURILLO DE ALMEIDA
DÉCIO FRANCO DAVID
ELIAS SEBASTIAO TORRES DA SILVA CAPA E DIAGRAMAÇÃO
ELISA FERNANDES BLASI BRUNO CESAR
EMERSON ERNANI WOYCEICHOSKI
EUROLINO SECHINEL DOS REIS
FABIANO NEVES MACIEYWSKI
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO.....................................................................................9
REEDIÇÃO DO MANUAL........................................................................10
INTRODUÇÃO........................................................................................11
– PROVAS FORTUITAS..........................................................................12
LEGISLAÇÃO..........................................................................................15
LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL...............................................15
ATOS ADMINISTRATIVOS.....................................................................16
RECOMENDAÇÕES AO ACOMPANHAMENTO
DA BUSCA E APREENSÃO....................................................................21
APRESENTAÇÃO
A reedição do manual sobre buscas e apreensões em escritórios É consabido que as prerrogativas profissionais dos advogados
de advocacia se fez necessária por dois especiais motivos: o advento da encontram-se previstas no art. 7º da Lei 8.906/94 – Estatuto da
Lei de Abuso de Autoridade (Lei 13.869/19), que alterou a Lei 8.906/94, Advocacia e da OAB – e possuem o objetivo de garantir não só o livre
para acrescentar a previsão do crime de violação de prerrogativas da exercício profissional, mas também a indispensabilidade do advogado
advocacia e o Provimento 201/2020 do Conselho Federal da OAB. O artigo à administração da justiça, assegurando ao cidadão, seja ele quem for, o
7º-B, da Lei 8.906/94 passou a prever que as violações aos incisos II, III, direito à ampla defesa.
IV e V, do artigo 7º, configuram crime, denominado crime de violação das
prerrogativas da advocacia. No que tange às buscas e apreensões, que Com efeito, uma das mais valiosas prerrogativas profissionais está
estão previstas no inciso II do artigo 7º, a nova legislação reforçou, por insculpida no art. 7º, II, do EAOAB: a inviolabilidade do local de trabalho do
meio de tipificação penal, a norma já existente sobre a inviolabilidade do advogado.
local de trabalho dos advogados, que agora passa a ter sanção penal. Por
conseguinte, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil proveu Referida prerrogativa constitui mecanismo apto para salvaguardar
uma série de normas para observância nos acompanhamento de buscas e os instrumentos de trabalho do advogado, as comunicações no exercício
apreensões contra advogados. Desta forma, então, a presente reedição apenas profissional, e as informações sigilosas dos jurisdicionados/clientes.
complementará o bem lançado manual coordenado pelos Drs. Andey Salmazo
Poubel, Alexandre Hellender de Quadros e Priscilla Placha Sá. Tanto é assim que a justificativa contida no bojo do Projeto Lei
5242/2005 – que depois de aprovado deu ensejo ao art. 7º, II, do
EAOAB – era justamente sobre a necessidade de proteção do sigilo entre
cliente e advogado.
REGRAS PARA A INVIOLABILIDADE DOS DEPARTAMENTOS (Nota: ‘A inviolabilidade do advogado alcança seus meios
JÚRIDICOS DE EMPRESAS E ÓRGÃOS PÚBLICOS de atuação profissional, tais como o seu escritório ou locais
de trabalho, seus arquivos, seus dados, sua correspondência
Sem embargo do que foi até aqui exposto, imprescindível também e suas comunicações. Todos esses meios estão alcançados
ponderar que a inviolabilidade alcança não apenas escritórios de advocacia tradicionalmente pela tutela do sigilo profissional. A ampla
privados, mas também todos os recintos, salas, departamentos jurídicos, utilização da informática pelo advogado, com sua crescente
órgãos, privados ou públicos, em que haja o exercício de atos privativos miniaturização, faz estender a inviolabilidade aos dados e
da advocacia – conceito em que se incluem as atividades de consultoria, arquivos de computador mantidos em seu local de trabalho ou
assessoria e direção jurídicas. Assim, para a efetivação da quebra do que transporte consigo. O Estatuto da OAB refere-se a escritório
sigilo/inviolabilidade dos departamentos jurídicos de empresas e órgãos e local de trabalho. Entende-se por local de trabalho qualquer
públicos, é imprescindível que os indícios da prática de crime recaiam um que o advogado costume utilizar para desenvolver seus
efetivamente sobre os advogados, não bastando indícios de que a empresa trabalhos profissionais, incluindo a residência, quando for o
ou seus gestores tenham realizado condutas delitivas. caso. A atual revolução tecnológica aponta para a realização à
distância de serviços ligados por redes de comunicação, sem o
deslocamento físico das pessoas. Em qualquer circunstância, o
sigilo profissional não pode ser violado.’ (STF, MS nº 452-1-RJ,
Rel. Min. CELSO DE MELLO, julgado em 16/09/1999).
No que concerne ao “encontro fortuito de provas”, relacionadas a outros Percebe-se, então, que os quatro incisos mencionados no tipo penal
advogados e outros clientes, a utilização de tais documentos caracteriza- acima exposto remetem às prerrogativas profissionais elencadas no art. 7º
se como constrangimento ilegal, como já decidido pelo Superior Tribunal do EAOAB, dentre eles o inciso II, que tutela justamente a inviolabilidade do
de Justiça:2 local de trabalho do advogado.
Não obstante a vedação legal para a utilização de provas Já no Código de Processo Penal, também há disposição expressa
fortuitamente apreendidas, não se pode admitir que uma autorização sobre as prerrogativas do advogado, veja-se:
judicial permita o recolhimento de elementos de informação estranhos ao
Art. 243. O mandado de busca deverá: § 2º Não será permitida
2 (HC 227.799/RS, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em a apreensão de documento em poder do defensor do acusado,
10/04/2012, DJe 25/04/2012). salvo quando constituir elemento do corpo de delito.
CONSELHO FEDERAL DA OAB VII - respeitado o sigilo devido, apresentar relatório circunstanciado
Provimento 201/2020 ao Conselho Federal e ao Conselho Seccional para eventual
adoção das providências que se fizerem necessárias.
O Conselho Federal da OAB, sobre as buscas e apreensões, editou
o Provimento 201/2020 com as seguintes regras a serem observadas § 1° O relatório circunstanciado elaborado pelo representante
pelos representantes de nossa classe quando acompanharem diligências da OAB deverá ser encaminhado à ciência dos advogados ou
envolvendo advogados: das advogadas e/ou da sociedade de advogados e advogadas
sujeitos à quebra de inviolabilidade.
Art. 9º O representante da OAB deverá adotar as seguintes
providências, dentre outras que acautelem as prerrogativas dos § 2° O Conselho Federal, nos casos de busca e apreensão em
advogados ou das advogadas: escritório de advocacia, disponibilizará ao Conselho Seccional
um sistema eletrônico de relatório de que trata esse artigo.
I - verificar a presença dos requisitos legais extrínsecos
concernentes à ordem judicial para a quebra da inviolabilidade; Art. 10° O representante da OAB, no ato de acompanhamento
de busca e apreensão, ao identificar ilegalidade no mandado
II - constatar se o mandado judicial contém ordem específica e ou no cumprimento da ordem, adotará as medidas necessárias
pormenorizada; para suspender o ato, em defesa das prerrogativas profissionais,
procedendo a comunicação ao Conselho Seccional.
III - velar para que o mandado judicial seja cumprido nos estritos
limites em que foi deferido; § 1º Verificada a ausência dos requisitos elencados nos
arts. 4º e 7º do presente Provimento, o representante da OAB
IV - diligenciar para que não sejam alvos de busca e apreensão formalizará o seu imediato protesto, continuando, em quaisquer
documentos, arquivos, mídias e objetos pertencentes a clientes circunstâncias, participar da diligência.
dos advogados ou das advogadas investigados, bem como os
demais instrumentos de trabalho que contenham informações § 2º O protesto deverá ser manifestado ao agente público
sobre clientes, excetuando a hipótese de indiciamento formal de encarregado da diligência e formalizado, por escrito, à autoridade
seu cliente como co-autor do mesmo fato criminoso objeto da judiciária que decretou a busca e apreensão.
investigação, caso em que o mandado também deve ser claro e
específico sobre seu objeto; Art. 11° Configura crime previsto no artigo 7°-B da Lei 8.906/94
a decretação e o cumprimento de busca e apreensão em
V - acompanhar pessoalmente as diligências realizadas; desacordo com os requisitos expostos no presente Provimento,
bem como a imposição de qualquer obstáculo, dificuldade
Após a previsão legal do crime de violação de prerrogativas, o CFOAB Ministério da Justiça - Polícia Federal:
editou a súmula 12/2020, deixando claro que a quebra indevida do sigilo Portaria do Ministério da Justiça nº 1.288/2005
de dados dos escritórios caracteriza o crime em questão, conforme se
observa: Art. 1º Quando no local em que se requer a busca e
apreensão funcionar escritório de advocacia, tal fato constará
“É crime contra as prerrogativas da advocacia a violação ao sigilo expressamente na representação formulada pela autoridade
telefônico, telemático, eletrônico e de dados do advogado, mesmo policial para expedição do mandado. Parágrafo único. Antes
que seu cliente seja alvo de interceptação de comunicações”. do início da busca, a autoridade policial responsável pelo
3 O advogado que acompanhou a busca e apreensão deve seguir os seguintes passos: efetuar 11. Foram apreendidos servidores, computadores, celulares ou outros
o login e senha > clicar na opção prerrogativas > acompanhamento de busca e apreensão > equipamentos eletrônicos?
preencher todos os dados > salvar > criar protocolo.
Sim Não
Data
19/04/2021
Local
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