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4.

MATRIZES
4.1. DEFINIÇÃO
Sejam 𝑚 ≥ 1 e 𝑛 ≥ 1 dois números inteiros. Uma matriz real 𝐴, de
ordem m x n é uma tabela de números reais, distribuídos em 𝑚 linhas
e 𝑛 colunas.
Notação:
𝑎11 𝑎12 … 𝑎1𝑛 𝑎11 𝑎12 … 𝑎1𝑛
𝑎21 𝑎22 … 𝑎2𝑛 𝑎21 𝑎22 … 𝑎2𝑛
𝐴 = 𝑎31 𝑎32 … 𝑎3𝑛 ou 𝐴 = 𝑎31 𝑎32 … 𝑎3𝑛
… … … … … … … …
[𝑎𝑚1 𝑎𝑚2 … 𝑎𝑚𝑛 ] (𝑎𝑚1 𝑎𝑚2 … 𝑎𝑚𝑛 )
Essa matriz pode ser indicada por A = [aij ]m x n ou A = (aij )m x n ,

onde 𝑖 ∈ {1, 2, … , 𝑚} e 𝑗 ∈ {1, 2, … , 𝑛}.


O termo aij é chamado termo geral da matriz 𝐴.
Mm x n (ℝ) indica o conjunto das matrizes reais m x n. Se 𝑚 = 𝑛,
usa-se a notação M n (ℝ). Cada matriz de Mn x n (ℝ) chama-se matriz
quadrada de ordem n.
Exemplos de matrizes:

−1 1/2 −1/2 5 7
𝐴=[ 0 √3 ] ;𝐵=( 5 2 √3)
−2 4 3 x2 −2 −3 6 3x3

4.2. DIAGONAL PRINCIPAL E SECUNDÁRIA


Em uma matriz quadrada A = [aij ] o conjunto de seus
nxn

elementos aij , tais que 𝑖 = 𝑗, chama-se diagonal principal e o conjunto


de seus elementos tais que 𝑖 + 𝑗 = 𝑛 + 1 chama-se diagonal
secundária.
4.3. MATRIZES ESPECIAIS
4.3.1. MATRIZ LINHA
É toda matriz do tipo 1 x n.
Exemplos: 𝐴 = [−1 4]1 x 2 ; 𝐵 = [−1/2 0 −2 3]1 x 4
4.3.2. MATRIZ COLUNA
É toda matriz do tipo m x 1.

3/5
0
Exemplos: 𝐴 = [2] ; 𝐵 = [ √2 ]
3 3x1 −7
−2 4 x 1
4.3.3. MATRIZ NULA
É uma matriz cujos elementos são todos iguais a zero. Será
representada por 𝑂𝑚 x 𝑛 .

0 0
0 0
Exemplos: 𝑂2 = ( ) ; 𝑂3 x 2 = (0 0).
0 0
0 0
4.3.4. MATRIZ DIAGONAL
É toda matriz quadrada em que os elementos que não pertencem
à diagonal principal são iguais a zero.

Exemplos:
2 0 0
−3 0
( ) ; [0 1 0]
0 2
0 0 3
4.3.5. MATRIZ IDENTIDADE
É toda matriz diagonal em que os elementos da diagonal principal
são iguais a 1.

Notação: 𝐼𝑛 .
Exemplos:
1 0 0 0 0
1 0 0 0 1 0 0 0
1 0
𝐼2 = ( [
) ; 𝐼3 = 0 1 ]
0 ; 𝐼5 = 0 0 1 0 0
0 1
0 0 1 0 0 0 1 0
(0 0 0 0 1)
Para a matriz identidade 𝐼𝑛 = [aij ] n tem-se:
1, 𝑠𝑒 𝑖 = 𝑗
aij = {
0, 𝑠𝑒 𝑖 ≠ 𝑗
4.3.6. MATRIZ TRANSPOSTA
Chama-se matriz transposta de 𝐴 à matriz 𝐴𝑡 obtida de 𝐴, trocando-
se “ordenamente” suas linhas por colunas.
Portanto, se A = [aij ]m x n , então:

𝐴𝑡 = [bij ]n x m , onde bij = aji com 𝑖 ∈ {1, 2, … , 𝑚} e 𝑗 ∈ {1, 2, … , 𝑛}.

Exemplo:
0 2
0 −1 −2 𝑡
Se 𝐴 = [ ], então 𝐴 = [−1 1].
2 1 0
−2 0
4.3.7. MATRIZ SIMÉTRICA
Uma matriz quadrada A = [aij ] diz-se simétrica quando
nxn

aij = aji , para todo 1 ≤ 𝑖 ≤ 𝑛 e para todo 1 ≤ 𝑗 ≤ 𝑛. Observe que se


𝐴 é simétrica, então 𝐴 = 𝐴𝑡 .
−1/2 5 7
1 −5
Exemplos: [ ]; [ 5 2 √2 ].
−5 2
7 √2 −3
EXERCÍCIO 25. Se 𝐴 = [aij ]3 x 3 é simétrica, em 𝐴, há no máximo,

quantos elementos distintos?

4.4. IGUALDADE DE MATRIZES


As matrizes A = [aij ]m x n e B = [bij ]m x n são iguais se, e

somente se, têm a mesma ordem e os elementos correspondentes


(elementos com índices iguais) são iguais. Ou seja, quando aij = bij ,
para todo 𝑖 ∈ {1, 2, … , 𝑚} e 𝑗 ∈ {1, 2, … , 𝑛}.

Notação: 𝐴 = 𝐵
Exemplo: [2 22 ] = [ 2 4]
3 32 3 9
1 −3 1 7
Contraexemplo: [ ]≠[ ], pois 𝑎12 ≠ 𝑏12 e 𝑎21 ≠ 𝑏21.
7 4 −3 4
5.5- OPERAÇÕES COM MATRIZES
5.5.1- ADIÇÃO
Dadas duas matrizes A = [aij ]m x n e B = [bij ]m x n chama-se

soma A + B a matriz C = [cij ]m x n tal que cij = aij + bij , para todo i ∈

{1, 2, … , m} e para todo j ∈ {1, 2, … , n}.


PROPRIEDADES: Sejam A, B, C ∈ Mm x n (ℝ), temos:
𝐀 𝟏 ) COMUTATIVA: 𝐀 + 𝐁 = 𝐁 + 𝐀
𝐀 𝟐 ) ASSOCIATIVA: (𝐀 + 𝐁) + 𝐂 = 𝐀 + (𝐁 + 𝐂)
𝐀 𝟑 ) EXISTÊNCIA DO ELEMENTO NEUTRO: Dada uma matriz A,
existe uma matriz X ∈ Mm x n (ℝ), tal que A + X = A.
Demonstração: Se A = [aij ]m x n e X = [xij ]m x n , temos:

aij + xij = aij


xij = 0
Portanto, X é a matriz nula Om x n . Assim,
𝐀 + 𝐎 = 𝐀.
𝐀 𝟒 ) EXISTÊNCIA DO ELEMENTO OPOSTO: Dada uma matriz A,
existe uma matriz X ∈ Mm x n (ℝ), tal que A + X = O.
Demonstração: Se A = [aij ]m x n e X = [xij ]m x n , temos:

aij + xij = 0
xij = −aij
Notação: X = −A
Portanto,
𝐀 + (−𝐀) = 𝐎.
5.5.2- SUBTRAÇÃO
Dadas duas matrizes A = [aij ]m x n e B = [bij ]m x n chama-se

diferença A − B a matriz D = [dij ]m x n tal que dij = aij − bij , para todo

i ∈ {1, 2, … , m}e para todo j ∈ {1, 2, … , n}. Ou seja, define-se:


𝐀 − 𝐁 = 𝐀 + (−𝐁)
2 3 2 −3
Exemplo: A = [ ]eB=[ ]
5 −2 4 2

2 3 −2 3 0 6
A−B=[ ]+[ ]=[ ]
5 −2 −4 −2 1 −4

5.5.2.1- EQUAÇÃO MATRICIAL 𝐗 + 𝐀 = 𝐁

X+A=B⇔X=B−A
Demonstração:
(⇒)
X+A= B
(X + A) + (−A) = B + (−A)
X + (A + (−A)) = B − A
X+O =B−A
X=B−A
(⇐) Hipótese: X = B − A
Temos:
X + A = (B − A) + A = B + (−A + A) = B + O = B (𝐜.𝐪.𝐝)
5.5.3- MULTIPLICAÇÃO DE UMA MATRIZ POR UM NÚMERO
REAL

Sejam a matriz A = [aij ]m x n e o número real k. Chama-se produto

k. A a matriz B = [bij ]m x n tal que bij = kaij , para todo i ∈ {1, 2, … , m}

e para todo j ∈ {1, 2, … , n}.


Exemplo:
1 7 2 3.1 3.7 3.2 3 21 6
3. [ ]=[ ]=[ ]
5 −1 −2 3.5 3. (−1) 3. (−2) 15 −3 −6
Propriedades: Sejam A e B matrizes reais de ordem mxn e os
números reais 𝑎 e 𝑏, temos:
1) 1. A = A
2) (−1). A = −A
3) 𝑎. Omxn = Omxn
4) 0. A = Omxn
5) 𝑎(A + B) = 𝑎A + 𝑎B
6) (𝑎 + b)A = 𝑎A + bA
7) 𝑎. (b. A) = (ab). A

MATRIZES ESPECIAIS- CONTINUAÇÃO


8- MATRIZ ANTISSIMÉTRICA:

Uma matriz quadrada A = [aij ] diz-se antissimétrica quando


nxn

aij = −aji , para todo i ∈ {1, 2, … , n} e para todo j ∈ {1, 2, … , n}.


Observe que se A é antissimétrica, então At = −A.
Nota: Os elementos que pertencem à diagonal principal são todos
iguais a zero e os elementos colocados simetricamente em relação à
diagonal principal são opostos.
0 −1 2
Exemplo: A = [ 1 0 5]
−2 −5 0

EXERCÍCIO 26. Determine as matrizes X e Y sabendo-se que


1 2 1 0
X+Y = [ ]e X−Y =[ ]
3 4 0 0
EXERCÍCIO 27. Sejam as matrizes 𝐴 e 𝐵, de mesma ordem.
Demonstre que:
(𝐴 + 𝐵)𝑡 = 𝐴𝑡 + 𝐵𝑡

EXERCÍCIO 28. Determine os números reais 𝑎, 𝑏, 𝑐, 𝑥, 𝑦 e 𝑧 para que


a matriz abaixo seja antissimétrica.
𝑎 −2 −𝑧
𝐴 = [𝑥 + 3 𝑏 9]
5 3𝑦 − 9 𝑐

5.5.4- MULTIPLICAÇÃO DE MATRIZES


5.5.4.1- Definição
Consideremos a matriz A = [aij ]m x n e a matriz B = [bjk ] nxp . O

produto AB é a matriz C = [cik ]m x p cujo termo geral é dado por:


n

cik = ai1 . b1k + ai2 . b2k + ai3 . b3k + ⋯ + ain . bnk = ∑ aij bjk
j=1

Para todo i ∈ {1, 2, … , m} e para todo j ∈ {1, 2, … , n}.


Ou seja, o elemento cik , que se encontra em sua i-ésima linha e
em sua k-ésima coluna, é obtido multiplicando-se os elementos da
i-ésima linha de A pelos “ correspondentes” elementos da k-ésima
coluna de B e somando-se os “ produtos parciais” assim obtidos.
Por exemplo:
b11 b12
a11 a12 a13 a14 c11 c12
a23 a24 ] . [b21 b22
[a21 a22 ] = [c21 c22 ]
a31 a32 a33 a34 3x4 b31 b32 c31 c32 3x2
b41 b42 4x2
Onde
4

c21 = a21 b11 + a22 b21 + a23 b31 + a24 b41 = ∑ a2j bj1
j=1

Observação:
O produto AB das matrizes A e B existe, se e somente se o número
de colunas de A for igual ao número de linhas de B.
EXERCÍCIO 29. Calcule o seguinte produto:
1 1 5
1 −1 5 0 2 1 1]
[ ][
2 3 7 1 3 1 2
4 1 3

1 1 0 0
EXERCÍCIO 30. Sendo A = [ ]eB=[ ], determine AB e BA.
0 1 1 1
NOTAS:
1. Há casos em que existe AB e não existe BA. Isto ocorre quando A
é m x n, B é n x p e m ≠ p.
2. Há casos em que existem AB e BA, porém são matrizes de tipos
diferentes. Isto ocorre quando A é m x n B, é n x m e m ≠ n.
3. Mesmo nos casos em que AB e BA são do mesmo tipo, temos
quase sempre AB ≠ BA.
PROPRIEDADES:
M1 ) A multiplicação de matrizes não é comutativa.
Quando A e B são tais que AB = BA, dizemos que A e B comutam.
Notemos que uma condição necessária para A e B comutarem é que
sejam quadradas e de mesma ordem.
M2 ) ASSOCIATIVA: Sejam A = [aij ]m x n , B = [bjk ] nxp , C = [ckr ] pxq ,

temos:
(𝐀. 𝐁). 𝐂 = 𝐀. (𝐁. 𝐂)

3. DISTRIBUTIVA
A. (B + C) = AB + AC
(A + B). C = AC + BC

4. Sejam as matrizes A = [aij ]m x n e B = [bjk ] nxp e o número real k,

então
(𝐤. 𝐀)𝐁 = 𝐤(𝐀. 𝐁)
5. Multiplicação pela matriz identidade: Seja a matriz A = [aij ]m x n ,

então
A. In = A = Im . A

5. Multiplicação pela matriz nula: Seja a matriz A, de ordem m x n,


então

Op x m x A = O p x n
A x On x p = O m x p
OBSERVAÇÕES:
1. Se A. B = O não podemos concluir que A = O ou B = O.

1 2 0 0 0 0 0 0 0
Exemplo: [ 1 1 0 ] . [0 0 0 ] = [0 0 0]
−1 4 0 1 4 9 0 0 0
2. Da igualdade AB = AC ou da igualdade BA = CA, não podemos
concluir que B = C, mesmo que A ≠ 0. Ou seja, não vale a lei do
cancelamento.
1 2 0 1 2 3
Exemplo: Sejam A=[ 1 1 0 ] , B = [1 1 −1] e C=
−1 4 0 2 2 2
1 2 3
[1 1 −1], temos:
1 1 1

3 4 1
AB = [2 3 2 ] = AC
3 2 −7

Observe que AB = AC e B ≠ C.

EXERCÍCIO 31. Sejam as matrizes 𝐴 = [𝑎𝑖𝑗 ]m x n e 𝐵 = [𝑏𝑗𝑘 ]n x p .

(𝐴. 𝐵)𝑡 = 𝐵𝑡 . 𝐴𝑡

5.6- MATRIZ INVERSA


5.6.1- Definição
Uma matriz quadrada de ordem n se diz inversível (não singular)
se, e somente se, existe uma matriz B, de ordem n, tal que 𝐀𝐁 =
𝐁𝐀 = 𝐈𝐧 . Se A não é inversível, dizemos que A é uma matriz singular.
Essa matriz B, caso exista, é única e chama-se inversa de A.
Notação: 𝐁 = 𝐀−𝟏 .
Assim,
𝐀. 𝐀−𝟏 = 𝐀−𝟏 . 𝐀 = 𝐈𝐧

2 0 1/2 0
Exemplo: Sejam A = ( )eB=( ). Então:
0 1 0 1
1 0 1 0
AB = ( ) e BA = ( )
0 1 0 1

Assim, 𝐁 = 𝐀−𝟏 .
Note que (A−1 )−1 = A.

2 0
EXERCÍCIO 32. Seja a matriz A = ( ), determine A−1 , se
0 1
existir.

5.6.2- A equação matricial 𝐀. 𝐗 = 𝐁


Seja A uma matriz inversível, então

𝐀𝐗 = 𝐁 ⇔ 𝐗 = 𝐀−𝟏 . 𝐁
Demonstração:

(⇒) Hipótese: AX = B
Se A é inversível, existe A−1, então multiplicando ambos os
membros da equação AX = B por A−1 (à esquerda), temos:
A−1 (AX) = A−1 . B
(A−1 . A) . X = A−1 . B
I. X = A−1 . B
X = A−1 . B
(⇐) Hipótese: X = A−1 . B
Temos:
AX = A(A−1 . B) = (A−1 . A). B = I. B = B

Teorema: Sejam A e B matrizes quadradas de ordem n,


inversíveis, então A.B é inversível e:
(𝐀. 𝐁)−𝟏 = 𝐁 −𝟏 . 𝐀−𝟏
Demonstração:
(AB). (B −1 . A−1 ) = A. (B. B −1 ). A−1 = A. I. A−1 = In
(B −1 . A−1 ). (AB) = B −1 . (A−1 . A). B = B −1 . I. B = In

Conclusão: B −1 . A−1 = (A. B)−1


Teorema: Seja A uma matriz quadrada de ordem n, inversível,
então:
(𝐀𝐭 )−𝟏 = (𝐀−𝟏 )𝐭

Teorema: Seja A uma matriz quadrada de ordem n, inversível e α


um número real não nulo.
1 −1
(αA)−1 = A
α

6. DISTÂNCIA ENTRE DOIS PONTOS NO PLANO


Dados dois pontos distintos 𝑃1 = (𝑥1 , 𝑦1 ) e 𝑃2 = (𝑥2 , 𝑦2 ), do plano
cartesiano, chama-se distância entre eles a medida do segmento de
reta que tem esses dois pontos por extremidades.
̅̅̅̅̅̅̅
1º caso: O segmento 𝑃 1 𝑃2 é paralelo ao eixo 𝑥.

A distância entre 𝑃1 e 𝑃2 é dada pelo módulo


da diferença entre as abscissas, isto é:
𝑑(𝑃1 , 𝑃2 ) = |𝑥1 − 𝑥2 |

̅̅̅̅̅̅̅
2º caso: O segmento 𝑃 1 𝑃2 é paralelo ao eixo 𝑦.

A distância entre 𝑃1 e 𝑃2 é dada pelo módulo


da diferença entre as ordenadas, isto é:
𝑑 (𝑃1 , 𝑃2 ) = |𝑦1 − 𝑦2 |
̅̅̅̅̅̅̅
3º caso: O segmento 𝑃 1 𝑃2 não é paralelo a qualquer um dos eixos

coordenados.
Dados os pontos 𝑃1 = (𝑥1 , 𝑦1 ) e 𝑃2 = (𝑥2 , 𝑦2 ), queremos obter a
expressão da distância 𝑑(𝑃1 , 𝑃2 ) em termos das coordenadas de 𝑃1 e
𝑃2 .
Para isso, introduzimos o novo ponto
𝑄 = (𝑥1 , 𝑦2 ).

Aplicando o Teorema de Pitágoras no triângulo retângulo 𝑃1 𝑃2 𝑄,


temos:
[𝑑(𝑃1 , 𝑃2 )]2 = [𝑑(𝑃2 , 𝑄)]2 + [𝑑(𝑄, 𝑃1 )]2
[𝑑(𝑃1 , 𝑃2 )]2 = (𝑥1 − 𝑥2 )2 + (𝑦1 − 𝑦2 )2
Ou seja,

𝑑 (𝑃1 , 𝑃2 ) = √(𝑥1 − 𝑥2 )2 + (𝑦1 − 𝑦2 )2

EXERCÍCIO 33. Na figura abaixo, 𝑃 é equidistande de 𝐴(1, −1) E


𝐵(2,3). Obtenha as coordenadas de 𝑃.

6.1. PONTO MÉDIO

O ponto médio é o ponto que divide o segmento de reta


exatamente ao meio.
Dados os pontos 𝑃1 = (𝑥1 , 𝑦1 ) e 𝑃2 = (𝑥2 , 𝑦2 ), queremos obter
as coordenadas do ponto médio 𝑀 = (𝑥𝑀 , 𝑦𝑀 ) do segmento ̅̅̅̅̅̅
𝑃1 𝑃2 em
termos das coordenadas de 𝑃1 e 𝑃2 .

Sendo 𝑀 = (𝑥𝑀 , 𝑦𝑀 ), 𝑄1 = (𝑥𝑀 , 𝑦1 ) e 𝑄2 = (𝑥𝑀 , 𝑦2 ), os


triângulos ∆𝑃1 𝑀𝑄1 e ∆𝑃2 𝑀𝑄2 são congruentes (critério 𝐿𝐴𝐴0 ).

Logo,

• 𝑑 (𝑃1 , 𝑄1 ) = 𝑑(𝑃2 , 𝑄2 )

⇔ |𝑥𝑀 − 𝑥1 | = |𝑥𝑀 − 𝑥2 |

⇔ 𝑥𝑀 é o ponto médio entre 𝑥1 e 𝑥2


𝑥1 +𝑥2
⇔ 𝑥𝑀 = 2

• 𝑑 (𝑄1 , 𝑀 ) = 𝑑 (𝑄2 , 𝑀 )

⇔ |𝑦𝑀 − 𝑦1 | = |𝑦𝑀 − 𝑦2 |

⇔ 𝑦𝑀 é o ponto médio entre 𝑦1 e 𝑦2


𝑦1 +𝑦2
⇔ 𝑦𝑀 = 2

Portanto,
𝑥1 + 𝑥2 𝑦1 + 𝑦2
𝑀=( , )
2 2
EXERCÍCIO 34. Seja 𝑅 o retângulo de vértices consecutivos 𝐴𝐵𝐷𝐶
(percorridos no sentido anti-horário). Sabendo que 𝐴 = (−1,1) e
𝐷 = (2,2) são vértices opostos e que 𝑅 tem seus lados paralelos aos
eixos coordenados, determine os vértices 𝐵 e 𝐶. As diagonais se
intersectam ao meio? Em cado afirmativo, determine as coordenadas
do ponto de interseção das diagonais.

6. CONDIÇÃO DE ALINHAMENTO DE TRÊS PONTOS

Para que três pontos distintos estejam alinhados, suas coordenadas


devem obedecer a uma condição que será deduzida coma utilização
da figura abaixo, na qual 𝑃(𝑥, 𝑦), 𝑃1 (𝑥1 , 𝑦1 ) e 𝑃2 (𝑥2 , 𝑦2 ) estão na
mesma reta.

Os triângulos 𝑃𝐷𝑃1 e 𝑃1 𝐸𝑃2 são semelhantes. Portanto,


𝑃1 𝐷 𝑃𝐷
=
𝑃2 𝐸 𝑃1 𝐸
𝑦1 − 𝑦 𝑦2 − 𝑦1
=
𝑥1 − 𝑥 𝑥2 − 𝑥1
Desenvolvendo, obtemos:
(𝑦1 − 𝑦). (𝑥2 − 𝑥1 ) − (𝑦2 − 𝑦1 ). (𝑥1 − 𝑥) = 0
(𝑦1 − 𝑦2 )𝑥 + (𝑥2 − 𝑥1 )𝑦 + (𝑥1 𝑦2 − 𝑥2 𝑦1 ) = 0
Esta última igualdade pode ser escrita sob a forma de determinante:
𝑥 𝑦 1
|𝑥1 𝑦1 1| = 0
𝑥2 𝑦2 1

7.1 EQUAÇÕES DA RETA


7.1.1. EQUAÇÃO GERAL DA RETA

A toda reta 𝑟 do plano cartesiano está associad, uma equação do


tipo 𝑎𝑥 + 𝑏𝑦 + 𝑐 = 0, em que 𝑎, 𝑏 e 𝑐 são números reais, com 𝑎 e 𝑏
não nulos simultaneamente, e 𝑥 e 𝑦 são as coordenadas de um
ponto 𝑃(𝑥, 𝑦) genérico de 𝑟. Costuma-se escrever:
𝑟: 𝑎𝑥 + 𝑏𝑦 + 𝑐 = 0
que é chamada equação geral da reta 𝑟.
EXERCÍCIO 35. Encontre uma equação geral da reta que passa
pelos pontos (−1,2) e (2,3).
7.1.2. EQUAÇÃO REDUZIDA DA RETA

Sejam 𝑟 a reta cuja medida do ângulo de inclinação 𝛼 e 𝑃 (𝑥, 𝑦) um


ponto genérico de 𝑟. A reta 𝑟 intersecta o eixo das ordenadas em um
ponto 𝑄 cuja abscissa é nula, isto é, 𝑄 (0, 𝑛).

O coeficiente angular da reta 𝑟 é dado por 𝑚 = 𝑡𝑔𝛼, isto é:


𝑦−𝑛
𝑚=
𝑥
Ou seja,
𝑦 = 𝑚𝑥 + 𝑛
Essa última expressão é chamada equação reduzida da reta 𝑟, na
qual:
𝑚 é o coeficiente angular de 𝑟.
𝑛 é o coeficiente linear de 𝑟.
𝑥 e 𝑦 são as coordenadas de um ponto qualquer de 𝑟.
Observações.
• Se a reta é horizontal, ela forma ângulo nulo com o eixo das
abscissas, assim, 𝑚 = 0 e a equação reduzida da reta torna-se
simplesmente 𝑦 = 𝑛.
• Se a reta é vertical, ela forma ângulo reto com o eixo das
abscissas; como não existe 𝑡𝑔900, não se define o coeficiente
angular de 𝑟 e assim, é impossível escrever a forma reduzida
da equação de qualquer reta vertical.

Equação da reta que passa pelo ponto 𝑷(𝒙𝟏 , 𝒚𝟏 ) e possui


coeficiente angular igual a 𝒎:
𝑦 − 𝑦1 = 𝑚(𝑥 − 𝑥1 )
Coeficiente angular da reta que passa pelos pontos 𝑷(𝒙𝟏 , 𝒚𝟏 ) e
𝑸(𝒙𝟐 , 𝒚𝟐 ):
∆𝒚 𝒚𝟐 − 𝒚𝟏
𝒎= =
∆𝒙 𝒙𝟐 − 𝒙𝟏
EXERCÍCIO 36. Escreva a equação reduzida de cada reta
representada abaixo.
a) b)

➢ PARALELISMO
Duas retas paralelas distintas formam com o eixo das abscissas
ângulos congruentes; assim, se ambas não são verticais, seus
coeficientes angulares são iguais.
Observe a figura abaixo, que mostra duas retas paralelas não
verticais.

Temos:

No caso de 𝑟1 e 𝑟2 serem verticais, 𝑟1 // 𝑟2 , embora não existam 𝑚1 e


𝑚2 .
EXERCÍCIO 37. Determine a posicão relativa entre as retas 𝑟 e 𝑠 de
equações 𝑟: 𝑦 = 3𝑥 − 2 e 𝑠: 6𝑥 − 2𝑦 + 5 = 0.
EXERCÍCIO 38. Para que valores reais de 𝑘 as retas 𝑟: 3𝑥 − 2𝑦 + 5 =
0 e 𝑠: 𝑘𝑥 − 𝑦 + 1 = 0 são concorrentes?

PERPENDICULARIDADE
Na figura abaixo, as retas 𝑟, de inclinação 𝛼𝑟 e 𝑠 de inclinação 𝛼𝑠 são
perpendiculares.
Vamos procurar uma relação entre seus coeficientes angulares.
𝛼𝑠 = 𝛼𝑟 + 90°
𝑡𝑔𝛼𝑠 = 𝑡𝑔(𝛼𝑟 + 90° )
𝑠𝑒𝑛(𝛼𝑟 + 90° ) 𝑐𝑜𝑠𝛼𝑟 1
𝑡𝑔𝛼𝑠 = = = −
cos(𝛼𝑟 + 90° ) −𝑠𝑒𝑛𝛼𝑟 𝑡𝑔 𝛼𝑟
Assim,
𝑡𝑔 𝛼𝑟 . 𝑡𝑔 𝛼𝑠 = −1
Ou seja,
𝒎𝒓 . 𝒎𝒔 = −𝟏
Se as retas 𝑟 e 𝑠 são perpendiculares entre si, então 𝒎𝒓 . 𝒎𝒔 = −𝟏.
EXERCÍCIO 39. Obtenha a equação reduzida da reta que passa por
(2, −3) e é perpendicular a 2𝑥 − 5𝑦 − 11 = 0.

7.1.3. FORMA SEGMENTÁRIA DA RETA

Seja 𝑟 uma reta que intersecta os eixos coordenados nos pontos


𝑃(𝑝, 0) e 𝑄(0, 𝑞), com 𝑝 e q distintos.
Seja 𝐺 (𝑥, 𝑦) um ponto genérico de 𝑟. A equação de 𝑟 pode ser obtida
a partir da condição de alinhamento de 𝑃, 𝑄 e 𝐺:
𝑝 0 1
|0 𝑞 1| = 0
𝑥 𝑦 1
𝑝𝑞 − 𝑞𝑥 − 𝑝𝑦 = 0 ⟹ 𝑞𝑥 + 𝑝𝑦 = 𝑝𝑞
Como 𝑝 e 𝑞 não são nulos (senão 𝑃 e 𝑄 coincidiriam), podemos dividir
os dois membros da equação acima por 𝑝. 𝑞:
𝑞𝑥 𝑝𝑦 𝑝𝑞
+ =
𝑝𝑞 𝑝𝑞 𝑝𝑞
Ou seja,
𝒙 𝒚
+ =𝟏
𝒑 𝒒
A equação obtida é chamada equação segmentária da reta 𝑟.
EXERCÍCIO 40. Seja 𝑟 a reta representada no gráfico. Determine:

a) a equação segmentária de 𝑟.
b) uma equação geral de 𝑟.
7.1.4. FORMA PARAMÉTRICA DA RETA

As equações geral, reduzida e segmentária relacionam diretamente


entre si as coordenadas (𝑥, 𝑦) de um ponto genérico da reta. Há outra
alternativa para estabelecer a equação de uma reta 𝑟, que é
expressando cada uma das coordenadas (𝑥 e 𝑦) dos pontos de 𝑟 em
função de uma terceira variável denominada parâmetro.
EXEMPLO. Os pontos de uma reta 𝑟 satisfazem as equações
𝑥 = 1 + 𝑡 e 𝑦 = 3 − 2𝑡, com 𝑡 ∈ ℝ. Vamos representar graficamente
a reta 𝑟 e obter sua equação geral.
Façamos o parâmetro 𝑡 variar em ℝ , a fim de obter alguns pontos de
𝑟:
A equação geral de 𝑟 pode ser obtida tomando-se dois pontos
quaisquer acima e estabelecendo a condição de alinhamento de três
pontos.
𝑥 𝑦 1
|0 5 1| = 0
1 3 1
5𝑥 + 𝑦 − 5 − 3𝑥 = 0
Ou seja, a equação geral da reta 𝑟, é:
2𝑥 + 𝑦 − 5 = 0
As equações 𝑥 = 1 + 𝑡 e 𝑦 = 3 − 2𝑡, em que 𝑡 ∈ ℝ, são exemplos de
equações paramétricas da reta 𝑟.
EXERCÍCIO 41. Escreva a forma geral, a reduzida e a segmentária
da reta dada por 𝑥 = 2𝑡 − 1 e 𝑦 = 2 − 3𝑡, 𝑡 ∈ ℝ.

8. EQUAÇÕES DA CIRCUNFERÊNCIA
8.1. EQUAÇÃO REDUZIDA DA CIRCUNFERÊNCIA

Dados o ponto 𝐴 = (𝑎, 𝑏) e o número real 𝑟 > 0, a circunferência 𝐶


de centro 𝐴 e raio 𝑟 é o conjunto dos pontos do plano situados à
distância 𝑟 do ponto 𝐴.
Assim, o ponto 𝑃(𝑥, 𝑦) pertence a 𝐶, se e somente se,
𝑑 (𝐴, 𝑃) = 𝑟
√(𝑥 − 𝑎)2 + (𝑦 − 𝑏)2 = 𝑟
Portanto,
(𝑥 − 𝑎)2 + (𝑦 − 𝑏)2 = 𝑟 2

É a equação reduzida da circunferência, em que:


• 𝑎 e 𝑏 são as coordenadas do centro 𝐴 da circunferência;
• 𝑟 é a medida do raio da circunferência
• 𝑥 e 𝑦 são as coordenadas de um ponto genérico 𝑃.

Em particular, a equação da circunferência de raio 𝑟 e centro na


origem é:
𝑥 2 + 𝑦2 = 𝑟 2
EXERCÍCIO 42. Escreva a equação reduzida da circuferência:
a) Centro na origem e raio de medida 4.
b) Centro 𝐶(3, −2) e raio de medida √7.

EQUAÇÃO GERAL DA CIRCUNFERÊNCIA


A partir da equação reduzida de uma circunferência
(𝑥 − 𝑎)2 + (𝑦 − 𝑏)2 = 𝑟 2
Podemos desenvolver os produtos notáveis e obter uma equação
equivalente.
Temos:
𝑥 2 − 2𝑎𝑥 + 𝑎2 + 𝑦 2 − 2𝑏𝑦 + 𝑏 2 − 𝑟 2 = 0
Agrupando os termos convenientemente, obtemos
𝒙𝟐 + 𝒚𝟐 − 𝟐𝒂𝒙 − 𝟐𝒃𝒚 + 𝒂𝟐 + 𝒚𝟐 − 𝒓𝟐 = 𝟎
A equação destacada é conhecida como equação geral da
circunferência, com centro (𝑎, 𝑏) e raio de medida 𝑟.
EXERCÍCIO 43. Determine o centro e o raio do círculo dado pela
equação
𝑥 2 + 𝑦 2 − 4𝑥 + 6𝑦 = 0.

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