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COOL 

HUNTING COMO METODOLOGIA DE 
PESQUISA DE TENDE2NCIAS E GESTA3O DA 
INOVAÇA3O APLICADA AO SECTOR DA MODA
DISSERTAÇA3O DE MESTRADO

AUTOR(A): Diana V. Carriço

ORIENTADOR(A): Drª. Mafalda Ferreira

IPAM PORTO , 27 DE JULHO DE 2012
‘Somewhere, 
something 
incredible is 
waiting to be 
known.’
‐ Carl Sagan

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Agradecimentos

  Sendo os agradecimentos a única parte de uma dissertação  escrita na primeira pessoa e 
não  sujeita  a  avaliação  por  orientadores  ou  membros  do  júri,  sinto‐me  assim  com  total 
liberdade para dizer o que me vai na alma. A emoção habitual pelo Zinalizar de mais uma etapa 
importante e dura da minha vida proZissional e pessoal, tem uma certa tendência em exagerar 
os  sentimentos,  ainda  que  positivamente.  Sendo  esse  o  espı́rito  que  deve caracterizar  estes 
momentos, vou aproveitá‐lo. 

  Este foi  um trabalho longo e difı́cil, com altos e baixos  pontuais, mas pelo qual  me sinto 


satisfeita. Satisfeita, mas não realizada, pois por uma etapa que Zinda, há outra que recomeça. 

  E^ assim altura de elencar uma série de agradecimentos,  obviamente com importâncias e 
signiZicados completamente dı́spares, mas todos eles verdadeiramente sentidos. 

  Em  primeiro  lugar,  agradeço  aos  meus  pais  e irmã,  que estiveram  e  estão  comigo  nas 
maiores alegrias e nos piores momentos e a todos os restantes elementos da minha famı́lia (e 
não somos  poucos),  avós,  primos e primas, tios  e tias, pelas  alegrias que me dão  quando nos 
reunimos e por sempre acreditarem no meu potencial.

  Aa  memória  do  meu Avô,  que  partiu  ainda  este  ano,  mas  que  ainda  mesmo  antes  de a 
dissertação  começar,  me  marcou  nos  valores  que  me  transmitiu,  como  honestidade  e 
integridade, que me levam a tentar ser uma mulher exemplar (tarefa nem sempre fácil) e cuja 
curiosidade, paciência e atenção aos detalhes sempre o deZiniu e sempre me transmitiu.  A ele 
devo‐lhe grande parte de mim. 

  Ao Luı́s, que está sempre lá para mim, no matter what.

  Aos  meus  amigos,  que  não  nomearei  mas  que  sabem  quem  são,  e  que  foram  neste 
perı́odo isso mesmo, Amigos,  pelo que nada mais há  a dizer ‐ com um especial agradecimento  
ao  Jorge,  Ely,  Frederico,  Tiago,  João,  Miguel  e Eduardo  pela  imprescindı́vel  (des)orientação, 
bom  humor  e  amizade  que  Zizeram  com  que  alguns  momentos  tensos  fossem  bem  mais 
divertidos e menos pesados.

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  A  toda  a  equipa  que  conheci  no  Marangoni  em  Milão,  mesmo  antes  de  começar  nesta 
jornada,  que  considero  como  tendo  sido  das  etapas  que  despoletaram  a  minha  verdadeira 
paixão pelo Cool Hunting, com especial agradecimento ao Lorenzo, Paolo e Elena.

  Aos  meus  professores  especiais  do  IPAM  Lisboa,  nomeadamente:  Fernando  Acabado, 
Luis  Valentim  e Fátima Geada  ‐ três  proZissionais  exemplares,  pelos  quais me orgulho de ter 
sido  aluna.  Desde  os  conhecimentos  Lean,  sinceridade  e  transparência,  e  rigor  cientı́Zico, 
respectivamente, ajudaram a contribuir para o meu crescimento como aluna e proZissional ao 
longo de todos estes anos. 

  Gostaria também de agradecer às  pessoas interessantes  que conheci em conferências e 


workshops  pelo  mundo  fora.  Como  em  todas  as  actividades  que  incluam  pessoas,  existem 
aquelas que não importa referir. Das relevantes, destaco  algumas, como a Salomé, o Miguel, o 
Eduardo,  o  Luı́s  Rasquilha,  Nuno  Laginha,  Carie  Chan,  Carl  Rhode,  Marco  Van Hout,  Negarin 
Sadr,  Aaron Geree,  Ashfaq Ishaq, Ian Forrester,  Alissa Walker,  Shaswati Sengupta e Stéphane 
Laidebeure. A estas pessoas agradeço a abertura de novos horizontes,  culturas e realidades, e 
ao Enric Bas em especial, o  ‘meu irmão  gémeo espanhol’ cuja colaboração  proZissional  trouxe 
uma amizade especial assim como ajuda, preocupação e disponibilidade para ajudar em todas 
as  etapas  desta  tese  que  foram  indispensáveis  e  inexcedı́veis,  e não  encontro  forma  de  lhe 
retribuir. 

  Last,  but not the least,  à  minha orientadora de tese, Mafalda, com quem tive o  prazer de 


trabalhar ao longo destes semestres, e cujo pragmatismo e clarividência permitiram chegar ao 
término  desta  ‘epopeia’.  O  facto  de  me  ter  sempre  mantido  motivada  e  focalizada  (algo 
extremamente difı́cil) foram indispensáveis para me conseguir manter no caminho certo. 

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Resumo
  Actualmente,  é  inevitável  falar  de tendências  e de  todas  as  transformações  que estas 
provocam pelo  que empresas e pesquisadores procuram aprofundar  o  estudo  das mudanças 
no sistema de moda, tentando prever o que está  por vir, com o intuito de minimizar quaisquer 
riscos em relação  ao  futuro e tornar‐se mais competitivo  no sector da moda.  Da necessidade 
de  procurar  na  cultura  jovem  o  reZlexo  de  uma  sociedade,  surge  o  coolhunting  como  um 
método  de  pesquisa  que  observa  hábitos,  costumes,  gostos  e  interesses  da  sociedade 
traduzindo‐se em  sinais para,  posteriormente,  compreender a mente humana  e  desenvolver 
prospecções de comportamento e inovação para o sector da moda. 

  Esta  dissertação  pretende  responder  a  algumas  interrogações  e  indeZinições  de 


conceitos  na  área  bem  como  contribuir  de  forma  prática  e  eZicaz  para  a  falta  de  uma 
metodologia deZinida na área de estudo em questão.
  Em  primeiro  lugar,  apresenta‐se  o  estado  da  arte  actual  em  relação  às  metodologias 
actualmente utilizadas por duas agências de  renome a nı́vel  mundial bem  como os  métodos 
tradicionais de forecasting no sector da moda. 
  Em  segundo  lugar,  colocou‐se  em  prática  o  método  de Delphi  constituı́do  por  quatro 
rondas,  ambas  com  objectivos  distintos  mas  com  um  propósito  em  comum:  responder  de 
forma efectiva e prática ao problema de investigação da presente dissertação. Na metodologia 
Delphi,  foi  utilizando  um  leque  de  experts,  em  áreas  relacionadas  e  complementares  ao 
Coolhunting e ao  estudo  de tendências, cujo objectivo  Zinal visou a validação  Zinal do  modelo 
criado ao longo de todas as rondas do método Delphi.
  Por  último,  foi  desenvolvido  um  modelo  inovador  que  incorpora  não  só  a  fase  de 
coolhunting  propriamente  dita,  isto  é  de  observação  e  pesquisa,  como  também  integra  os 
resultados provenientes dessa mesma na implementação de insights de valor com integração 
de  fases  criativas  e  de  geração  de  inovação  para  a  criação  de  um  projecto  inovador  ou 
melhoria de um existente. Como factor inovador do  modelo em causa, foi  ainda desenvolvida 
uma  fórmula  com  um  algoritmo  especı́Zico  para  a  avaliação  quantitativa  da  qualidade  do 
modelo W6  quando implementado num projecto real, tendo como linhas orientadoras as fases 
processuais do  modelo  mas também a Zlexibilidade da actividade em causa e o coolhunter no 
centro do modelo desenvolvido, visionado e surgindo assim como o mensageiro da distinção, 
potenciador de qualidade de um projecto e agente de mudança e o  ponto de conexão entre as 
necessidades  de distinção dos consumidores e a tentativa das empresas ao  criarem produtos 
e serviços distintos.

Palavras‐Chave:  Moda,  Coolhunting,  Previsão,  Tendências,  Antropologia,  Zeitgeist  Urbano, 


Inovação, modelo W6

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Abstract
  Currently,  it  is  inevitable  to  talk  about  trends  and  the  changes  they  cause,  so  that 
companies  and  researchers  seek  to  deepen  the  study  of  changes  into  the  fashion  system, 
trying  to  predict  what  lies  ahead,  in order to  minimize  any  risks  for  the future and become 
more  competitive  in  the  fashion  industry.  From  the  need  to  look  at  the  youth  culture  the 
reZlection  of  a  society  arises  coolhunting  as  a  research method  that  notes  habits,  customs, 
tastes and interests of society translating them into signs and then,  to understand the human 
mind and develop behavioral forecasts and innovation in the fashion industry.

  This  thesis  aims to  answer  some  questions  and uncertainties  of concepts  in the  area 
and contribute  in  a practical  and effective  way  for  the lack  of a  deZined methodology  in  the 
study area in question.

  First, we present the current state of the art in relation to the methodologies currently 
used  by  two  agencies  renowned  worldwide  as  well  as  the  study  of  traditional  methods  of 
forecasting in the fashion business.

  Secondly,  put  into  practice the Delphi  method that consists  on four rounds,  each with 


different goals but with one common purpose: to respond effectively to the scientiZic problem 
of this  dissertation. In the Delphi method it was used a range of experts in areas related and 
complementary to Coolhunting and trends, whose Zinal objective aimed at the Zinal validation 
of the model created during all rounds of the Delphi method.

  Finally,  it  was  developed  an  innovative  model  that  incorporates  not  only  the  phase 
coolhunting  itself,  that  is observation and  research,  but  also  integrates  the results from this 
same insight in the implementation of the integrated value of creative phases and generation 
of  innovation  to  create  an  innovative  project  or  improvement  of  an  existing  one.  The 
innovative factor of the model in question, was the developed of a mathematical formula with 
a  speciZic  algorithm  for  quantitative  assessment  of  the  quality  of  the  model  W6  when 
implemented in a real project.

  It was  also  taking into  count the  guidelines of the  procedural  steps  of the model  and 


also  the Zlexibility of the activity concerned, having the coolhunter at the center of the model 
developed,  emerging  and  envisioned  as  the  messenger  of  distinction,  quality  enhancer  of a 
project and change agent moreover, the matching point ofconsumers ‘ need of distinction and 
the Zirms attempt of creating distinctive products and services.

Key  Words:  Fashion,  Coolhunting,  Forecasting,  Trends,  Antropology,  Urban  Zeitgeist, 


Innovation, W6 model 

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Índice

I^ndice de Ziguras e tabelas  9

Lista de siglas e abreviaturas  10

Introdução  11

Capı́tulo I ‐ Revisão da literatura  14

1.1. Origem e evolução da Moda  14

1.2. Globalização e estratégias  24

1.3. Competitividade  24

1.4. Cool Hunting e tendências  26

1.5. Inovação  29

Capı́tulo II ‐ Estado da Arte  33

2.1. Metodologias utilizadas por agências de Coolhunting  33

2.1.1. Metodologia Coolhunting ‐ AYR Consulting  33

2.1.2. Metodologia CoolHunting & Cult Researching ‐ FCL  35

2.2. Metodologias tradicionais de forecasting de tendências  38

Capı́tulo III ‐ Design metodológico  45

3.1. Aplicação do Método Delphi  46

3.2 Caracterização da amostra  48

Capı́tulo IV ‐ Recolha e análise de dados  53

4.1. Análise do Pré‐teste  53

4.1.1. Análise das questões do pré‐teste  55

4.1.2. Reformulações no método de Delphi após análise do pré‐teste  56

4.3. Elaboração e análise intermédia da ronda II  58

4.4. Elaboração e análise intermédia da ronda III  60

4.5. Elaboração e análise intermédia da ronda IV  60

4.6. Análise geral das rondas I, II, III e IV  61

Capı́tulo V ‐ Proposta de modelo de pesquisa de tendências  62

5.1. Premissas base de suporte ao modelo  62

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5.2. Etapas processuais do modelo  62

5.3. Fórmula protótipo  68

5.3.1 DeZinição do peso percentual de cada vértice do modelo W6  68

5.3.2 Variável CoolHunter  71

5.3.3 Fórmula deZinida  72

Conclusões  74

Referências  77

Apêndice I  80

Apêndice II  88

Apêndice III  95

Apêndice IV  101

Apêndice V  107

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Índice de Figuras e tabelas

Figura 1 DeZinição de Cool by AYR 15
Quadro 1 Base técnica metodológica da AYR 15
Quadro 2 Abordagem a projectos de clientes 16
Quadro 3 Abordagem de pesquisa da FCL 18
Quadro 4 Etapas de Fashion Forecasting  20
Quadro 5 Zeitgeist por Nystrom 22
Figura 2 Processo relativo ao método Delphi 46
Quadro 6 Sumário de considerações prévias da aplicação do método Delphi 47
Quadro 7 Participantes no método Delphi ‐ rondas I, II e III 49
Figura 3 Representatividade da amostra em termos de localização geográZica 51
Quadro 8 Participantes do método Delphi ‐ ronda IV 51
Quadro 9 Análise das questões do pré‐teste 55
Quadro 10 Análise intermédia da ronda II 60
Figura 4 Modelo W6 © 63

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Lista de siglas e abreviaturas

AYR ..........................................................................................................................................AYR Consulting
FCL .................................................................................................................................Future Concept Lab
CH ...................................................................................................................................................Coolhunter

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Introdução

  Nos anos  60,  assistiu‐se a uma transição no  mundo  da moda  que levou esta  indústria 


secular da Haute  Couture ao  Prêt‐a‐porter,  criando uma revolução tanto  no lado  da produção 
como  do  consumo.  O  aspecto  mais  relevante  neste  processo  transitório  é  essencialmente  o 
emergir  de  uma  procura  desesperada  por  prever  e  antecipar  tendências  futuras,  a  Zim  de 
obter um maior nı́vel de competitividade em relação à  concorrência, que é  vasta, neste ramo 
da Moda.

  Actualmente as empresas de moda encontram‐se subdivididas em duas  categorias no 
que toca à sua performance no mercado: as poucas que criam ondas e as muitas que as surfam 
‐ ou se afogam ‐ pelo  que é  necessário  repensar  os  processos  e a forma como  a  pesquisa  de 
tendências  e  respectiva  gestão  da  inovação  é   feita  numa  sociedade  que  se  encontra  em 
constante mudança.

  E^  aqui  que  surge o  Coolhunting,  conhecida por  ser  uma actividade de  pesquisa  semi‐
estruturada,  que  implica  uma  ideia  de  pesquisa  intuitiva  de  ‘caça’  de  sinais  incipientes  na 
moda  e  em  outras  áreas  complementares  como  o  estilo  de  vida  dos  consumidores  e 
movimentos  sociológicos  /polı́tico‐económicos  que  possam  reZlectir  futuras  tendências  e 
comprovar tendências existentes. 

  Para uma melhor compreensão do exposto, é essencial remontar a pesquisa às origens 
do termo  Coolhunting.  O termo  Coolhunting,  começou como sendo uma abordagem e método 
de pesquisa na década de 90, cujo propósito teria sido a quebra dos esquemas tradicionais de 
marketing  e  obter  um  melhor  entendimento  sobre  o  mundo  do  consumo  através  de  uma 
imersão  dos  Coolhunters  em  acontecimentos  da  vida  diária  com  uma  maior  incidência  na 
população jovem como objecto de estudo,  recorrendo a técnicas  de antropologia e sociologia 
qualitativa,  em  que  a  abordagem  quantitativa  dos  tı́picos  estudos  de mercado  utilizados  até 
então,  dava  agora  lugar  a  uma  observação  etnográZica  impulsionada  na  sua  maioria  pela 
intuição  dos  Coolhunters.  A  actividade  proZissional  Coolhunter  começa  então  a  emergir, 
consistindo  essencialmente  em  pesquisas  sobre  as  tendências  emergentes  através  da 
observação  das  culturas urbanas  e suburbanas,  tendo  sido  visto  como  um sinal da  inversão 
das regras no mundo da moda em que o modelo  Trickle‐down (da elite social para as massas) 
dava lugar ao modelo Trickle‐up, passando a ser os jovens e subculturas a espalhar a inovação 
neste ramo para as  classes sociais mais  elevadas  ‐ o que mais tarde se veio  a veriZicar e hoje 
em dia o fenómeno da inZluência dos fashion bloggers pode comprovar essa mesma corrente 
de pensamento.

  Em relação ao sector em estudo na presente dissertação, são conhecidas as posições de 
destaque  e  a  importância  da  indústria  e  do  sector da  moda  não  só  em  Portugal  como  pela 

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Europa,  tendo  sido  esta a verdadeira  ‘mãe’ da evolução  e  propagação  da  moda pelo mundo. 
Contudo, o feroz aumento da concorrência dos mercados devido a uma crescente globalização 
das economias, o constante avanço das tecnologias, a par do alargamento da União Europeia e 
das transformações  que  se têm  vindo a veriZicar na Europa e  no nosso  paı́s quer ao  nı́vel  da 
produção,  das  polı́ticas,   dos comportamentos sociais  e de consumo,  das polı́ticas e medidas 
de regulação bem como do funcionamento do mercado e ainda as transformações igualmente 
operadas noutras áreas do globo, em particular pelos designados paı́ses emergentes, coloca e 
oferece grandes desaZios às empresas de moda.

  E^  neste  quadro  de  pressões  e  desaZios,  nomeadamente,  a  concorrência  e  o  desejo  de 
criar  um  espaço  de  mercado  novo,  que  as  empresas  são  incentivadas  a  inovar.  O  sucesso 
empresarial  depende,  em  grande  medida,  da  capacidade  de  inovar  e  de  diferenciar  da 
empresa,  isto  é,  da  sua  capacidade  de  fazer  algo  diferente  e  melhor  do  que  aquilo  que  o 
mercado já tem ou ainda não antecipou. 

  Assim, uma boa gestão da inovação torna‐se um factor determinante da competitividade 
que  incide  não  só  sobre  os  processos,  mas  também  sobre  os  produtos  e  os  serviços,  não 
apenas sobre a tecnologia, mas também sobre a organização e a gestão estratégica. 

  Aa  medida que as  empresas  procuram vantagens competitivas nas  várias  mudanças que 


se vão veriZicando na Europa e no mundo, a importância de novas ferramentas de pesquisa de 
tendências   desempenha um papel coordenador crı́tico para um grande número de empresas, 
os seus clientes e consequentemente consumidores Zinais. 

  Portanto,  as  empresas  para  sobreviverem  devem  assumir  novas  estratégias 


relativamente  às  condições  que  emergem  dos  mercados,  dos  produtos  e  dos  processos  e, 
particularmente,  no  tipo  de  relações  com  os  clientes  dos  seus  produtos  ou  serviços.  Neste 
quadro  sugestivo,  propõe‐se  às  empresas  do  sector  da  moda,  constantes  inovações  não 
apenas  em processos  produtivos  e semelhantes  mas principalmente  na exploração  de novas 
formas  de  pesquisa  de  tendências  reais  e  consequente  aplicação  prática  com  resultados 
comerciais  viáveis,  criando  mecanismos  verdadeiramente  competitivos  na  própria  indústria 
assegurando a sua sustentabilidade futura através da inovação daı́ gerada.

  E^  aqui  que  se  enquadra  o  Coolhunting,  uma  área  de  pesquisa  de  tendências  com 
aplicação  prática no  que concerne à  gestão  da inovação,  sendo  de evidenciar que  não é  uma 
área exclusiva no ramo da moda.

  No  entanto,  apesar  de  ser  uma  tipologia  de  pesquisa  que  tem  proporcionado  bons 
resultados  para  as  empresas  que  a  utilizam,  devido  essencialmente  à  rapidez  com  que  se 
processa e à produção  da informação necessária e relevante para as  mesmas, a actividade de 
Coolhunting  tem  sido  também apontada como  uma  actividade  frı́vola e com  valor  comercial 

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discutı́vel  pondo  em  causa  a  autenticidade  das  informações  geradas  neste  processo 
metodológico  e aplicabilidade prática das informações por ele geradas devido ao facto de não 
ser considerada uma ferramenta de pesquisa cientı́Zica e de muitos proZissionais terem o  seu 
próprio  método  de  actuação,  não  estando  muitas  das  vezes  devidamente  estruturada  em 
termos metodológicos. 

  E^  neste  enquadramento  de  descredibilização  do  processo  que  a  presente  tese  se 
enquadra,  pretendendo investigar e credibilizar o Coolhunting, ao desenvolver uma proposta 
de metodologia viável e prática na pesquisa de tendências e consequente gestão da inovação 
enquadrada no sector da moda. 

  Apesar  deste  tema  existir  há  décadas  em  termos  práticos,  tem  sido  muito  pouco 
explorado  do  ponto  de  vista  de  existência  de  obras  de  referência  e  artigos  cientı́Zicos, 
constituindo  o  primeiro  obstáculo  a  ultrapassar  ao  longo  da  elaboração  da  presente 
dissertação, mas sendo também ele a principal motivação e interesse.

Problema de investigação

O encurtamento do ciclo  de vida dos produtos no sector da moda, as pesquisas cı́clicas 
sobre  o  comportamento  do  consumidor  puramente  quantitativas  revelam‐se  insuZicientes 
para  acompanhar  o  ritmo  de  mudança  do  mercado,  sendo  aqui  que  o  coolhunting  pode 
contribuir  para  complementar  as  informações  macro  de  estudos  de  mercado,  contribuindo 
com  uma  perspectiva  inovadora,  focalizada  no  contacto  e  observação  directa  dos  grupos  e 
movimentos  sociológicos  que  são  responsáveis  pela  criação  de  tendências.  No  entanto,  a 
pesquisa de tendências precisa de ser não só  realizada continuamente,  para que as empresas 
desenvolvam seus  produtos  com  apoio  em informação  permanentemente  actualizada,  como 
também  deve  ser  ela  própria  estruturada  e  metodológica  para  que  possa  gerar  inovação  e 
posteriormente resultados com valor acrescentado para as empresas de moda.

  Tendo  como  base  este  quadro  argumentativo,  o  problema  central  visa  responder  à  
seguinte  questão:  “Como  fazer  do  Coolhunting  uma  metodologia  de  pesquisa  de  tendências 
estruturada e válida com aplicabilidade prática na gestão da inovação no sector da moda?”. 

JustiFicativa e objectivos globais da investigação

Esta  dissertação  tem  como  principal  objectivo,  numa  primeira  fase,  fazer  um  estudo 
profundo  da  metodologia  Coolhunting  utilizada  em  projectos  por  várias  agências  e 
Coolhunters independentes  analisando  com maior detalhe as suas caracterı́sticas e processos 
de pesquisa bem como  traçar um perZil dos  proZissionais envolvidos na área com o objectivo 
de  desenvolver  e  percepcionar  quais  as  caracterı́sticas  dos  proZissionais  que  se  tornam 
relevantes para uma boa prática do Coolhunting.

13
  Numa  segunda  etapa,  serão  comparadas  várias  formas  de  pesquisa  de  tendências 
tradicionais  com  o  Coolhunting,  abordando  a  temática  das  tendências,  como  é  que  surgem, 
qual  o impacto   e forma de propagação que têm e de que forma podem ser utilizadas  para a 
criação de valor e geração de inovação. 

  Como  terceira  e  última  fase,  será  utilizada  a  metodologia  Delphi  como  forma  de 
validação  do  modelo  de  Coolhunting  que  se  propõe  criar,  por  parte  de  um  painel  de 
especialistas  que  se  encontram  activos  nas  áreas  em  estudo  quer  a  nı́vel  proZissional  quer 
académico. 

  Com  este  estudo  pretende‐se,  essencialmente,  contribuir  para  uma  estruturação  e 


implementação  deste  método  de  pesquisa  de  tendências  ‐  Coolhunting  ‐  nas  empresas  de 
moda, com capacidade de gerar inovação e valor acrescentado. 

  Consequentemente, e dada a escassez  de estudos sobre o  tema em questão,  pretende‐


se que o  presente traga valor acrescentado para o tema e contribua para o mundo académico 
como um ponto de partida para futuras pesquisas do ramo.

  Segue‐se  a  explicitação  do  contexto  teórico  no  qual  o  problema  de  investigação  se 
insere,  através da Revisão  da Literatura que se  encontra subdividida em temas que mantêm 
uma sequência lógica da evolução do tema,  permitindo um enquadramento geral da temática 
em estudo. Posteriormente, segue‐se o  Estado da Arte que visa obter uma visão mais realista 
do  conhecimento  empı́rico  e  experimental  sobre  o  problema  em  questão,  incluindo 
conhecimentos  já  estabelecidos,  modelos  utilizados  sobre  o  tema  em  questão  e  ainda 
contradições nos vários métodos existentes.

Capítulo I ‐ Revisão da literatura 

1.1. Origem e evolução da Moda

  Moda é   uma  forma  especializada de  ornamentação  do  corpo.  Exploradores  e viajantes 


foram os primeiros a documentar e a comentar os ornamentos corporais e os estilos de vestir 
que  encontravam  pelo  mundo  fora.  Alguns  voltaram  das  suas  viagens  com  desenhos  e 
exemplos de  vestuário,  ascendendo  o  desejo  não só  pelos  artefactos em si,  mas também por 
uma maior compreensão dos mesmos.

  Reconhecidos  como  parte  da  antropologia,  os  estudos  apresentados  sobre o  vestuário 
até  ao  presente,  apontam  para  que  este  tenha  essencialmente  três  Zinalidades  principais: 
adorno,  pudor  e protecção  (Lipovetisky, 1994).  Para Flügel  (1966),  o  adorno  é  o  verdadeiro 
motivo  que  conduziu  o  homem  à  adopção  de  vestuário,  para  além   de  suas  funções  de 
preservação  da  temperatura  corporal  e  do  pudor.  Vestir  o  corpo  sempre  foi  um  dos  meios 
pelos quais o ser humano se torna relevante e essa motivação, de carácter tanto social como 

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psicológica, mostra que o  vestuário foi adoptado como  forma de expressão pela humanidade 
(Stefani, 2005). 

  O adorno  tem como  Zinalidade essencial  embelezar a aparência fı́sica, de  modo  a atrair 


os  olhares  e  a  admiração  de  outros  e  fortalecer  a  auto‐estima;  já  o  pudor  procura  ocultar 
partes  do corpo que possam chamar a atenção  ou causar desejo. Segundo  Flügel  (1966) “por 
meio  das  roupas,  procuramos  satisfazer  duas  tendências  contraditórias,  de  dois  pontos  de 
vista  aparentemente,  incompatı́veis:  por  um  lado,  exibir  atractivos;  por  outro,  ocultar 
vergonhas”. 

  Ao  longo  dos  séculos,  a  sociedade  evoluiu  e  as  caracterı́sticas  das  roupas,  foram‐se 
adaptando  a  cada  época.  Mesmo  sendo  o  adorno  uma  das  principais  caracterı́sticas  do 
vestuário,  o  pudor e a protecção são igualmente importantes, pois estão presentes em  todos 
os momentos e inZluenciaram, cada um à  sua maneira, a evolução da moda ao longo do tempo 
(Laver 1989, Flügel 1966, Lipovetsky 1989). 

  Seguindo  o  mesmo  pensamento  dos  autores  citados  acima,  Jones  (2005)  relata  que 
existem outras Zinalidades no uso de roupas e que estas evoluem com a sociedade. A primeira 
que  o  autor  destaca é  a  utilidade,  pois  considera que “as roupas  têm  evoluı́do  para cumprir 
uma série de requisitos práticos e de protecção”. Devido às mudanças climáticas constantes, o 
corpo  necessita  de  se  manter  a  uma  temperatura  estável,  daı́  a  criação  de  vestuário 
apropriado que supra estas necessidades, oferecendo conforto ao utilizador. Tem‐se assistido 
a  uma  evolução  no  vestuário  produzido  com  tecidos  que  permitem  a  manutenção  da 
temperatura  corporal,  com  tecidos  que  contêm   protector  solar  e  outros  produtos 
terapêuticos/cosméticos.  Os chamados  têxteis  inteligentes  têm contribuı́do  para aumentar o 
valor para o utilizador do vestuário (Lee, 2005). 

  O consumidor actual  está  inconscientemente preocupado  com questões de utilidade do 


vestuário.  Procura  maior  conforto,  durabilidade,  funcionalidade  e  obviamente,  sentido  de 
estética (Jones,  2005).  A  segunda Zinalidade do  uso  do  vestuário  é  o  pudor,  pois  as  pessoas 
utilizam as  roupas como  forma de cobrir  o  corpo, devido  às  exigências morais  da sociedade. 
Esta caracterı́stica é geralmente deZinida pelo contexto cultural e religioso de cada sociedade. 

  VeriZica‐se em alguns paı́ses, ou entre praticantes de certas religiões que a mulher deve 
andar  coberta,  enquanto  que,  pelo  contrario,  noutros  paı́ses  ou  noutras  religiões  o  uso  de 
roupas muito curtas e justas não é sinal de falta de respeito ou falta de pudor. Sendo a terceira 
função  do  vestuário  a  ornamentação,  os  adornos  possibilitam  o  enriquecimento  dos  nossos 
atractivos  fı́sicos,  aZirmando  a  nossa  criatividade  e  individualidade  ou  associação  a  algum 
grupo / movimento cultural.

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  O  surgimento  da  moda,  no  sentido  do  termo,  ocorre  em  meados  do  século  XIV,  tendo 
como  uma  das  causas  a  diferenciação  dos  trajes  masculino  e  feminino.  “Moda  é  o  uso  ou 
hábito  geralmente  aceite,  variável  no  tempo,  resultante  de  determinado  gosto  ou  ideia,  de 
interferências  do  meio, reZlectindo  os costumes  e os  valores  da sociedade num determinado 
perı́odo  de  tempo  /  época.  Por  isso,  a  moda  também   é  considerada  um  fenómeno  social  e 
cultural,  já  que  expressa  os  valores  da  sociedade,  usos,  hábitos  e  costumes,  em  um 
determinado momento, consistindo na mudança constante de estilo, mudança esta advinda da 
necessidade de conquistar ou manter uma determinada posição social (Hartkopf et al.  2001”. 
Segundo Bergamo (1998), moda é  o reZlexo das transformações da sociedade,  dos costumes e 
do comportamento  em geral. Na sua obra A Roupa e  a Moda, Laver (1989) aZirma, que “foi na 
segunda metade do século XIV que as roupas, tanto masculinas quanto femininas, adquiriram 
novas  formas  e  surgiu  algo  ao  qual  podemos  chamar  de  “moda”.  Segundo  Lipovetsky, 
transformações  relevantes  na  forma  de  vestir  das  sociedades  podem  ser  consideradas 
sinalizadores  para o  surgimento  embrionário  da  moda,  que não  pertence  a  todas  as  épocas 
nem  todas  as  civilizações,  mas  surgiu  e  consolidou‐se  no  ocidente.  A  roupa  sempre  foi  o 
diferenciador social, uma espécie de retrato de uma comunidade ou classe e segundo Feghalli 
(2001) a roupa pode revelar o perZil de uma pessoa em particular e da sociedade em geral. 

  Com o desenvolvimento  da moda, novas caracterı́sticas  surgiram além da diferenciação 


de sexo ‐ entre a quais se destaca a diferenciação de classes.  Embora esta caracterı́stica fosse 
comum  na  generalidade  das  sociedades  até  ao  advento  da  moda,  enquanto  código  de 
vestuário, foi em sociedades caracterizadas pela mobilidade vertical que a moda, enquanto tal, 
se tornou uma caracterı́stica diferenciadora entre classes. 

  Nas  sociedades  não  aristocráticas,  as  classes  sociais  mais elevadas  viram no  constante 
Zluir da moda uma forma de manterem a sua identiZicação em relação às classes sociais menos 
favorecidas.  

  A sazonalidade, isto é, duração por um determinado perı́odo de tempo das propostas de 
moda  é  outra  caracterı́stica  marcante.  Até  ao  século  vinte,  as  modas  aZirmavam‐se  com 
lentidão e com igual lentidão  eram substituı́das (Baldini, 2006). O processo de adaptação  das 
roupas  por  parte da  classe  baixa era lento,  pois  as  novidades  não  eram  constantes,  era  um 
ciclo  que reZlectia um processo contı́nuo,  mas lento.  A  moda surgia nas classes dominantes, a 
aristocracia,  que era  criadora  de novos trajes e ditava  as  próximas novidades  em  termos  de 
vestuário.  As  outras  classes,  por  sua  vez  tentavam  adaptar  ao  seu  vestuário  às  novas 
caracterı́sticas das classes altas para tentar assim adquirir mais status. Isto desencadeava um 
processo  de  contágio  social  no  qual  os  estilos  eram  adoptados  por  grupos  de  status 
sucessivamente inferiores (Crane, 2006). 

16
  Quando  a  moda  chegava  ás  classes  mais  baixas  a  classe  alta  já  havia adoptado  estilos 
novos,  os grupos  superiores  procuravam  novas  modas  para  assim manterem  a  sua imagem 
(Crane, 2006), altura em que Baldini (2006) aZirma que “a moda difundia‐se das classes altas 
para as mais baixas”. 

  A teoria mais conhecida sobre moda é  a de George Simmel, que é denominada de trickle 
down  effect e deZine  as  mudanças  na moda  como  um  processo  de imitação  das elites  sociais 
por parte de seus inferiores. Esta teoria indica que as classes mais altas iniciam as tendências 
de moda e  estas  Zluem para  as  classes  médias  e depois  descem e atingem  as  classes  sociais 
mais baixas (Lima, 2006; Baldini, 2006). Segundo Neves e Branco, “isto signiZica que os grupos 
sociais  inferiores  tentam  adoptar  os  sı́mbolos  dos  grupos  superiores  procurando  subir  na 
escala da mobilidade social” pelo que “podemos então considerar que com estas mudanças no 
vestuário,  o  mesmo  deixou  de  ser  um  fenómeno  raro  ou  acidental  e  passou  a  regular  os 
prazeres das classes dominantes, instaurando o culto das novidades” (Campos, 2007). Quanto 
mais  as  classes  inferiores  copiavam,  mais  a  classe  alta  mudava,  passando  a  cultuar  essas 
mudanças e a  apreciar as  novidades,  fazendo  com que elas  começassem a ser  cada vez  mais 
presentes na sociedade. Se até ao século XVIII as inovações se difundiam das classes altas para 
as mais baixas, a partir do  século  XIX, com o surgimento  da alta‐costura,  o  conceito de moda 
sofreu algumas modiZicações, tornando o costureiro o “ditador de moda”. Assim, era ele quem 
decidia  o  que  seria  adoptado  pelas  classes  altas  e  mais  tarde  imitado  pelas  classes  menos 
favorecidas.  “A alta costura foi  pioneira  no lançamento  de tendências ‐  como as  conhecemos 
hoje  ‐  ditando  conceitos,  formas,  estilos  e  cores  que  seriam  imitados  pelas  indústrias 
(Campos ,2007). Caldas (2004) relata ainda que, a deZinição das tendências durante cem anos 
dependeu quase exclusivamente das visões de moda proposta pelos costureiros franceses.  

  Se no inicio as tendências eram ditadas pela corte,  depois pelos  costureiros,  no perı́odo 


que  antecede  a  II  Guerra  Mundial,  era  deZinida  pelos  adultos  e  copiada  pelos  jovens.  Nas 
décadas de 50 e 60 a moda voltou‐se para um novo grupo de consumidores, os adolescentes, 
também chamados  de baby boomers ‐ jovens que impuseram ao mundo  um novo  estilo e um 
novo  comportamento.  Foi  nessa  altura  que  a  moda  saiu  dos  ateliers  e  começou  a  ter  mais 
contacto com as ruas,  ou seja, a moda de rua passou a ser adoptada pelas classes superiores. 
Para  Lipovetsky  (1989),  o  baby  boom  foi  o  fenómeno  de  “consagração  da  juventude”,  mais 
preocupada  com  a  originalidade  e  a  espontaneidade,  revigorando  desta  forma  a  moda.  Ao 
fenómeno  trickle  down  effect,  proposto  por  Simmel,  veio  associar‐se  o  fenómeno  inverso,  o 
trickle up effect, assim designado por Field e Blumberg,  que defendem que a moda se difunde 
de baixo para cima.  Isto  resulta da crescente inZluência da cultura  jovem  na moda,  causando 
grandes mudanças na sociedade.

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  As alterações que ocorrem na segunda metade do século XX atingem praticamente todos 
os  aspectos da sociedade e resultam, entre outras, numa atitude pró‐juventude,  numa recusa 
de  envelhecer  e  como  reZlexo,  a  moda  jovem  inZiltra  os  grupos  etários  mais  velhos.  Os 
comportamentos sociais  dos  adolescentes  que  legitimam  estilos  vindos  da  rua,  como  o  hip‐
hop,  têm  sido  importantes  para  as  mudanças  a  nı́vel  social,  fazendo  emergir  novas 
necessidades  e  desejos  nos  consumidores  (Jones,  2005).  Nesse  contexto,  as  produções 
estéticas  juvenis  passaram  a  ser  referência  para  produção  da  moda,  dando  origem  ao 
‘supermercado  de  estilos’  (Polhemus,  1994).  A  juventude  entra  na  moda  e  a  padronização 
acontece,  quando  o  desejo  de  ser  e  parecer  jovem  é  imposto  pela  moda  (Röhrig,  2001) 
mantendo vivo esse conceito até  os tempos actuais. Os jovens lançam as tendências e os mais 
velhos,  na  procura  por  estar  inseridos  na  sociedade  e  pelo  rejuvenescer  pelo  menos  na 
aparência,  adaptam‐se  a  essas  tendências  ‐  o  ideal  de  juventude  passou  a  ser  celebrado 
(Morais, 2005).

  E^ nesta época que aparecem os primeiros grupos de jovens que procuram expressar sua 
identidade através da roupas, os teddy boys e os beatnicks, que iniciaram o que hoje se designa 
como  cultura  de  rua  (Polhemus,  1994).  Segundo  Röhrig  (2001),  a  moda  começou  a 
concentrar‐se  nos  adolescentes  e  a  expressar  o  seu  desejo  de  ruptura,  liberdade,  revolta, 
modernidade,  diferenciação  e assume  o  que  se  torna  a  caracterı́stica acrescida  da moda ‐ a 
expressão  e a contestação.  Sendo  a moda o  modelo  estabelecido  que  satisfaz  a procura por 
adaptação social, diferenciação e desejo  de pertencer a um grupo social (Miranda et al 2005), 
acaba por fazer  com que  os  jovens  consolidem essas caracterı́sticas  cada vez  mais presentes 
na moda. 

  Os seguintes  exemplos citados  por  Baldini  (2006),  no caso  do  trickle up  effect, revelam 


estas  mudanças,“os  mocassins  dos  ı́ndios,  a  música  jazz,  alguns  penteados  dos  negros  e  as 
roupas  casuais  das  subculturas  jovens.”  assim  como  por  exemplo  a  moda  punk,  levada  por 
Vivienne  Westwood  para  as  passareles,  em  que  a  criadora  desenvolve  as  suas  colecções 
inspirada  na  cultura  punk  difundindo  esta  cultura  de  rua  para  as  classes  mais  altas  da 
sociedade.  O caso dos jeans que também  foi  levado da cultura de rua para a passarele e hoje 
em  dia  são  uma  peça  universal  em  todas  as  classes  e  tribos  urbanas.  Baldini  (2006), 
exempliZica  que  este  uso  de  novos  tecidos  e  novas  utilizações  para  tecidos  até  então 
marginalizados  como  a  ganga,  começaram  a  fazer  parte  do  vestuário  de  todas  as  classes 
sociais. Segundo  Röhrig  (2001),  a moda passou a ser  um reZlexo  do que se via nas ruas,  dos 
novos  estilos  musicais e artı́sticos,  das mudanças  de valores,  pensamento,  comportamento e 
formas de olhar o mundo.

  A  partir  de  1980,  o  ritmo  das  mudanças  na  moda  acelerou.  “O  novo  século  chegou 
imprimindo mais complexidade e multiplicidade nos caminhos e escolhas”, (Campos, 2007) e 
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desde então  novos sinalizadores  de moda foram  adicionados  aos  já  existentes. Já  no  perı́odo 
de  1980  e  1990,  os  sinalizadores  de  tendências  dividiram‐se:  na  moda  institucional  (alta 
costura, prêt‐à‐porter, indústrias de corantes, Zibras, tecidos e revistas de alta inZluência); nas 
subculturas  jovens  e  movimentos  de  rua  e  no  próprio  indivı́duo  ‐  personalização  (Campos, 
2007).  Isto  quer  dizer  que  no  Zinal  do  século  XX  não  existia  apenas  um  grupo  lançador  de 
tendência  mas  sim  vários  que  se  complementavam  e  ajudavam  no  desenvolvimentos  dos 
produtos de moda. 

  “Algumas  destas  particularidades  ainda  se  mantêm,  porém,  acrescidas  de  uma  que 
envolve  a questão comercial.  O facto de  vivermos numa sociedade capitalista e de consumo, 
onde tudo passa a ter um prazo de validade curto,  a moda precisa sempre de se reinventar. E^ 
lógico,  também,  que  as  questões  estéticas  e  de  pesquisa  agregam,  por  sua  vez,  essa  busca 
incessante pelo novo ou the next big thing” (Braga, 2005). 

  Resultando desta questão de renovação contı́nua, a moda agora tem ciclos com perı́odos 
cada vez  menores,  tornando  as propostas  de vestir cada vez  menos duráveis  (Braga,  2005). 
Por este motivo,  as empresas precisam sempre de captar novas tendências para desenvolver 
produtos  que  satisfaçam  os  seus  consumidores,  uma  vez  que  este  não  procura  produtos 
apenas  com  valor  estético,  mas  também  um  produto  diferenciado,  confortável,  prático,  com 
qualidade  e  funcionalidade.  A  moda,  actualmente,  vive  o  seu  apogeu  numa  sociedade 
dominada pela efemeridade, sendo o sı́mbolo máximo da renovação e ânsia pelo consumo  de 
novos  produtos  (Stefani,  2005),  transformando‐se ao  longo  destes  anos  e desde sua  origem 
até  à  actualidade,  possui  cada vez  menos o  imperativo  da distinção  social  e  cada vez  mais a 
sede pela novidade e diferença.

  Os  modelos  e  ciclos  de  valores  tanto  da  moda  contemporânea  como  da  sociedade, 
alternam‐se  e  modiZicam‐se  de  forma  cada  vez  mais  rápida  em  que  o  que  a  alimenta  é  o 
aparecimento  incessante de novas tendências ‐ atracção,  inclinação,  direcção, intenção  – seja 
qual for o ângulo que se observe, ou o contexto que se considere – toda a tendência refere‐se a 
um  movimento  em  direcção  a  um  objecto‐valor.  Na  moda,  o  problema  das  tendências  diz 
respeito à adopção de um novo ponto de vista, capaz de garantir um princı́pio alternativo, mas 
que,  ao  mesmo  tempo,  seja  suZicientemente  compartilhado  para  obter  um  número 
signiZicativo  de  adeptos  (Duarte  e  Fensterseifer,  2007).  As  tendências  são  hoje  um  dos 
principais  pontos  a  analisar  no  desenvolvimento  de  produtos,  uma  vez  que  dispondo  das 
informações  correctas sobre as mesmas,  as empresas terão  mais  dados Ziáveis e conseguirão 
atingir o seu consumidor da melhor forma possı́vel. 

  Devido  a  essas  mudanças,  tanto  no  ciclo  de  vida  dos  produtos,  como  em  relação  às 
exigências  dos  consumidores,  um  novo  sinalizador  surgiu,  expressando  a  força  que  o 
indivı́duo  adquiriu no  mundo  contemporâneo.  Segundo  Caldas  (2004),  os  trendsetters,  “são 
19
indivı́duos  que,  pela inZluência dos seus  comportamentos  e aparência exercem  sobre outros, 
criam  modas,  lançam novos estilos  e apontam  tendências”.  Actualmente,  qualquer indivı́duo 
pode, em algum  momento,  lançar um estilo  que tenha inZluência sobre outros,  contagiando e 
propagando assim a moda (Campos, 2007). 

  Esta  nova  realidade  de  difusão  de  moda  foi  designada  como  trickle  across  effect  ou 
bubble  up.  Summer  defende  que  as  tendências  se  propagam  como  contágio  e  não 
hierarquicamente  de  cima  para  baixo  como  o  modelo  proposto  por  Simmel,  mas 
horizontalmente,  e em sentido  de leque.  Lima (2006),  aZirma que actualmente as  tendências 
podem  surgir  de  qualquer  classe  sócio‐económica.  Por  seu  vez,  Vinken  (2005)  aZirma  que 
actualmente a  moda  não  é  criada  pelas  classes  sociais  mais  altas  mas  sim  na  rua.  Segundo 
Seivewrigth  (2008),  o  bubble  up  effect  descreve  de  que  modo  as  actividades,  interesses 
especiais e subgrupos culturais inZluenciam a corrente geral e é  considerado como uma fonte 
de novas direcções da moda actual. 

  Segundo  Summer,  a  moda  difunde‐se  hoje  através  de  todas  as  nações  civilizadas  por 
contágio e por contacto, ao mesmo tempo que Pendleton (1999) e Alter (1989) defendem que 
neste sistema de propagação a moda se difunde transversalmente e em todas direcções tendo 
em conta que os  consumidores tendem  a ser mais  inZluenciados pela opinião  de lı́deres  com 
os  quais  se  identiZicam  (Solomon,  1983).  O  conZlito  social  acontece  pela  competição,  que 
reside  entre  os  mainstreamers  que  representam  estabilidade  e  identidade  cultural  e  os 
trendsetters que simbolizam a mudança cultural (Blumer, 1969).  

  Todas estas correntes de pensamento levam à  conclusão que aZinal de contas, moda não 
é  apenas vestir,  é  um conjunto  de  informações  que orientam  costumes e comportamentos e 
varia no tempo e na sociedade tendo inZluências de música, literatura, arquitectura, economia, 
polı́tica e tudo  o que pode inZluenciar o comportamento sociológico em determinada época. A 
moda  hoje  representa  uma  nova  categoria  cultural  ‐  uma  nova  maneira  de  entender  a 
evolução  da sociedade,  e  uma  forma  de intervenção  na realidade  cultural  actual,  o  zeitgeist 
urbano.    E^  neste  universo  que  as  empresas  precisam    de  actuar,  conhecendo  as  próximas 
tendências  e  respectivas  inZluências,  bem  como  entender  como  o    seu  consumidor  se 
comporta e aquilo que deseja. Mais do que isso, há  ainda uma temporalidade que interfere na 
produção  de  moda  ligada  ao  mundo  económico  e  mercado,  cuja  impaciência  e  ansiedade 
fazem  da  moda  um  Zluxo  incessante  de  momentos  fugazes,  em  que  o  presente  a  cada 
temporada,  sacriZica  os  signos  e  valores  da  temporada  precedente,  embora,  em  cada  uma 
delas, ela se apresente como eterna uma vez que o mercado da moda é  um segmento que está 
sempre rodeado por mudanças e novidades, independentemente da época ou lugar. 

  Quanto ao estudo do comportamento do consumidor, este teve o seu inı́cio na década de 
1960, a partir de conceitos de outras áreas cientı́Zicas,  como a psicologia,  a sociologia, para o 
20
estudo  dos grupos sociais e a antropologia para entender a inZluência que a sociedade exerce 
sobre  o  individuo,  para  além  da  própria  economia,  essencial  na  deZinição  das  estratégias 
comerciais  (Fioravanti,  2002).  Este estudo  é  essencial  no  desenvolvimento  de  praticamente 
todos os produtos e serviços sendo particularmente crı́tico para os produtos de moda, levado 
a cabo pelos cult researchers.

  O  actual  contexto  sócio‐histórico,  já  denominado  por  muitos  como  pós‐moderno, 


caracteriza‐se por uma  restruturação  na  organização  da actividade  económica.  Entre  outros 
aspectos,  nota‐se  uma  passagem  do  consumo  de  massa  para  uma  cultura  do  consumo 
marcada  pela  existência  de  diversos  estilos  de  vida  que  reZlectem  a  explosão  de  micro 
identidades. Essa mudança obriga as empresas a re‐pensarem estratégias de segmentação  de 
mercado,  para  além  das  tradicionais  classiZicações  por  região  geográZica  e  estratos  sociais 
(Júnior, 2001).

  Pesquisar  para  conhecer  os  consumidores,  é  parte  dos  esforços  para  solucionar 
problemas  de vendas,  marcas  e  empresas,  uma  vez  que  saber  entender  o  cliente‐alvo  pode 
signiZicar a diferença entre sucesso e fracasso de produtos e serviços. O estar atento a todos os 
sinais  emitidos  pelos  consumidores  pode  auxiliar  as  empresas  a  não  falharem,  ou  a 
direccionarem  o  seu produto  ao  consumidor‐alvo.  Desta forma, o  estudo  do  comportamento 
do  consumidor,  procura identiZicar  os  comportamentos  de compra,  de  uso  e substituição  de 
artigos,  serviços,  ideias  ou  experiências  para  satisfazerem  as  suas  necessidades  e  os  seus 
desejos (Ferreira, 2003). 

  As  pesquisas  sobre  o  comportamento  do  consumidor,  segundo  Gade  (1998),  devem 
analisar  os  factores  que inZluenciam  a  decisão  de  compra  e  consumo.  Estes  factores  são  de 
natureza cultural, social e psicológica. 

  Os factores  culturais  ‐ englobam  a cultura,  hábitos,  costumes,  pensamentos  e ideologia 


do  consumidor;  os  factores  sociais  ‐ referem‐se  aos  grupos  sociais  aos  quais  o  consumidor 
pertence.  O  estudo  dos  mesmos  permite  identiZicar  os  lı́deres,  inovadores  e  seguidores  e 
analisar  os  efeitos  da aceitação  social; os  factores  psicológicos incluem a  análise  de factores 
pessoais  de processamento da informação, captação e descodiZicação  através  de mecanismos 
de  sensação,  percepção,  aprendizagem  e  memória,  aspectos  motivacionais,  emocionais  e 
comportamentais e de personalidade. 

  Contudo,  o  autor  Featherstone  (1995),  apresenta  uma  abordagem  diferente  sobre  o 


assunto.  Considerando  que os  factores  que regem  o  conceito  de cultura  do  consumo  são  de 
natureza  económica,  sociológica  e  psicológica.  Os  factores  económicos  têm   como  base  a 
concepção  de  que  a  cultura  de  consumo  tem  como  premissa  a  expansão  da  produção 
capitalista das mercadorias, que originou uma vasta acumulação de cultura material na forma 

21
de bens e locais de compra e consumo, sendo este o factor que condiciona a procura contı́nua 
do  novo.  No  que  se  refere  aos  factores  de  natureza  sociológica,  este  autor  salienta  que  a 
relação entre a satisfação proporcionada pelos bens e o seu acesso socialmente estruturado é 
um jogo de soma zero, no  qual a satisfação e o status dependem da exibição e da conservação 
das diferenças em condições de inZlação,  ou seja,  ao adquirir um produto novo, o consumidor 
satisfaz  os seus  desejos  e ao  mesmo  tempo,  mostra aos outros  que pode  e possui algo novo. 
Segundo esta perspectiva,  as  pessoas  usam as  mercadorias  para criar vı́nculos  ou distinções 
sociais.  

  Quanto  aos  aspectos  psicológicos,  Featherstone  (1995)  considera  que  os  prazeres 
emocionais,  sonhos e desejos do imaginário cultural consumista, produzem diversos tipos de 
excitação  fı́sica  e  prazeres  estéticos,  pelo  que  muitas  vezes  as  pessoas  adquirem  produtos 
para tentar parecer algo  que não são mas  que gostariam de ser e recorrem à  moda como  um 
auxı́lio para o conseguir. 

  Como grupo preferido  pelas empresas de moda,  os jovens são  o foco de um mercado de 


consumo  cada  vez  mais  competitivo  e  soZisticado.  Esta  faixa  etária  cria  os  seus  próprios 
códigos e atitudes,  tentam expressar os seus ideais, comunicando‐os e, devido à grande oferta 
fornecida pelo mercado, torna‐se mais Zlexı́vel e menos inZluenciável e leal o que a torna muito 
mais  entusiasmante  de  analisar  e  estudar.  Como  aZirma  Massarotto  (2007),  “A  sociedade 
moderna  muda  continuamente,  sem  parar,  e  isso  vai  provocar  uma  revolução  na  cultura 
subjectiva,  na  relação  do  homem  com  os  outros,  com  o  mundo  e consigo  mesmo.  Esta nova 
maneira  de  se  relacionar  vai  ao  encontro  de  novas  formas  de  realização  pessoal  numa 
variedade de objectos que formam um novo repertório  material advindo da modernização,  o 
qual é  importantı́ssimo na (re)deZinição de si mesmo, da personalidade e do próprio estilo de 
vida em que o consumo adquire novos contornos”. E^ a busca por novos estı́mulos e por novas 
sensações  que  está  na  origem  do  comportamento  do  consumidor  moderno  e  pelo  facto  do 
prazer ser algo altamente subjectivo e pessoal.

  Neste  contexto,  a  pesquisa  de  consumo  voltada  para  a  moda  torna‐se  um  imperativo 
para  as  empresas  pois  as  tendências,  conjunto  de  hábitos,  preferências  e  desejos  de  uma 
sociedade em determinado  momento,  condicionam as preferências dos consumidores e a sua 
aceitação ou rejeição das propostas das marcas. 

  O  comportamento  do  consumidor  é  um  processo  que  parte  de  uma  motivação, 
envolvendo  diversas  actividades  e  que  possui  uma  dinâmica  complexa,  inZluenciada  por 
factores  intrı́nsecos  e  extrı́nsecos,  diferindo  entre  pessoas  (Terci,  2001),  e  que  “pode  ser 
explicado  pela  necessidade  de  expressar  signiZicados  mediante  a  posse  de  produtos  que 
comunicam  à  sociedade  como  o  indivı́duo  se  percebe  enquanto  inter‐agente  com  grupos 
sociais” (Miranda et al 1999). 
22
  Segundo  Terci  (2001),  “O  consumidor,  por  sua  vez,  assume  papéis  intercambiáveis  de 
comprador,  inZluenciador  e  utilizador,  que  podem  existir  isolados  ou  conjuntamente.  Este 
comportamento  deve  ser  observado  e  entendido  dentro  de  um  contexto  ambiental  de 
referência que envolve a estrutura social e os grupos onde o consumidor participa, sendo uma 
forma de pensar o  Homem contemporâneo  nos  seus múltiplos papéis  e funções,  observando 
como  estes  são  construı́dos  no  quotidiano.  O  ser  humano  constrói  a  sua  identidade,  ama, 
inclui,  apoia,  despreza  e  excluı́  através  de  actos  de  consumo  sem  se  dar  conta  disso, 
conscientemente (Migueles, 2007). 

  Cada vez é  mais importante saber o quê  e o porquê  do consumidor comprar, descobrir o 


que ele deseja e necessita, como pensa e como se comporta.  Segundo Neves e Branco (2000), 
“a  moda  hoje  funciona  como  uma  interface  em  tempo  real,  como  um  dos  pontos  mais 
avançados junto  das novas instâncias do consumo, uma vez que ela funciona por antecipação, 
baseando  parte  importante  da  investigação  que  dará  origem  a  novos  produtos  através  do 
estudo  e da análise dos estilos de vida dos consumidores”. Para Lipovetsky, o surgimento  de 
uma multiplicidade de  oferta possibilitou  uma multiplicidade de  escolha em  que as  pessoas 
são estimuladas a pesquisar os seus gostos, costumes, personalidades e investir em si a partir 
das suas  próprias  caracterı́sticas e não  segundo  a dos  outros.  Hoje,  os  indivı́duos  procuram 
legitimar‐se e não legitimar o grupo ao qual pertencem (Toaldo, 1997).  

  Desta forma, a previsão de tendências tornou‐se um produto de alto  valor acrescentado 
no  mercado,  mobilizando  equipas  de especialistas  ‐  especialmente  a  nı́vel  internacional  ‐  o 
que  permite  antecipar  e  monitorizar  as  tendências  emergentes  no  mercado,  sendo 
actualmente, um serviço crı́tico para o sucesso dos produtos e das empresas (Perdigão, 2006). 
  A sociedade contemporânea passou a participar activamente da moda, não só  através da 
manifestação  de  gostos,  necessidades  e  desejos,  mas  também   consumindo  a  própria  moda, 
enquanto  informação.  A  adesão  crescente à  moda e  os  comportamentos que esta  determina, 
fornece  informações  sobre  as  atitudes  dos  consumidores  que  ajudam  os  proZissionais  a 
captarem essas novas tendências, dando como exemplo o caso dos fashion bloggers. 

  Em suma,  a pesquisa de  tendências  é  vital para  empresas  que perseguem  o  desaZio  de 


criar  produtos  inovadores  e   que  sejam  ao  mesmo  tempo  uma  resposta  ás  necessidades  do 
mercado e do consumidor e antecipação de novos lifestyles. Este processo, para além do mais, 
deve gerar  crescimento  e  assegurar  a  sustentabilidade no  mercado  das  marcas  e empresas, 
mantendo  três  pontos  essenciais:  ser atractivo,  inspirador  e com  potencial  de  crescimento  ‐ 
deZinição de Cool da AYR.

23
1.2. Globalização e estratégias

  A  globalização  dos  mercados,  a diminuição  do  ciclo  de  vida  dos  produtos,  a  crescente 
externalização  de actividades produtivas  e de  distribuição,  associadas  a  um  elevado  grau de 
especialização,  a par da importância que hoje assume o “nı́vel de serviço ao cliente” e o poder 
crescente dos canais de  distribuição  e  das novas  tecnologias, têm vindo  a  conferir  um papel 
cada  vez  mais  relevante  na  estratégia  do  negócio,  na  captação  e  retenção  de  clientes  e 
mercados, na eZiciência da gestão de operações e na rendibilidade das empresas. 

  Ao  longo  deste  capı́tulo  aborda‐se  o  conceito  de  estratégia,  a  relação  estratégia 
empresarial vs meio envolvente e a relação estratégia empresarial vs cadeia de valor. 

  Apesar do facto de a estratégia ter estado sempre presente na actividade da gestão, o seu 
estudo  teórico  só  começou  a  ser  realizado  mais  tarde,  cerca  da  década  de  1960.  Contudo, 
conceptualmente,  a estratégia empresarial não tem tido uma deZinição consensual. Dos vários 
autores que têm  abordado esta temática,  destacam‐se o  contributos de Ansoff (1962), Porter 
(1980), Mintzberg (1994) e Prahalad e Hamel (1994). Da análise às conceptualizações  destes 
autores devemos realçar que é comum a todas elas a ideia de que a estratégia deve permitir a 
rendibilidade da empresa (e  dos seus  investimentos),  o  que só   é  possı́vel  se as organizações 
empresariais  conseguirem  um  desempenho  eZiciente  e,  ao  mesmo  tempo,  conseguirem 
satisfazer  os  seus  clientes.  Por  outro  lado,  as  empresas  não  existem  sozinhas,  sendo 
confrontadas  com  um  conjunto  de  restrições  provenientes  da  sua  envolvente  externa,  cada 
vez  mais  turbulenta.  Assim,  a  estratégia  empresarial  está   directamente  relacionada  e 
condicionada  pelo  meio  envolvente.  Nesse  sentido,  a  gestão  do  Zluxo  de  informação  veio 
conferir  às  ferramentas  tecnológicas  um  novo  papel  na  concepção  estratégica  de  forma  a 
permitir  às  empresas Zidelizar  os seus  clientes  e  promover  uma  laboração  eZiciente  e  eZicaz 
(criando, para eles, valor).   A gestão da informação permite uma melhor prestação do serviço 
ao  cliente e da  cadeia de  valor,  através  de uma maior  transparência na gestão  dos Zluxos  de 
informação.

1.3. Competitividade

  A  relevância  do  fenómeno  da  competitividade  em  termos  de  desenvolvimento  e  de 
crescimento  económico  das  nações,  das  regiões e das empresas,  tem  estimulado  a crescente 
utilização deste conceito bem como originado debates acesos sobre o tema entre empresários, 
economistas, governantes e polı́ticos. No entanto o conceito de competitividade continua a ser 
um tema polémico e, segundo Krugman (1996), aparece frequentemente desacompanhado de 
alguma  precisão  conceptual  no  seu  uso,  existindo  ainda  várias  abordagens  possı́veis  para 
estudar a competitividade. Analisando a competitividade não se consegue ter uma abordagem 
ao seu conceito   sem que se fale de produtividade uma vez que o conceito de produtividade se 

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encontra intrı́nseco à competitividade. Sendo a competitividade um dos conceitos económicos 
mais  importantes  e  que  maior  interesse  desperta,  encontra‐se  longe  de  ter  alcançado  um 
consenso relativamente ao seu signiZicado e à sua justiZicação. 

  Segundo  Buckley  (1998),  deZinir  e  medir  competitividade  obriga  a  um  exercı́cio  de 
comparação  entre  agentes  e  espaços  económicos,  tendo  em  conta  distintos  momentos 
temporais.

  A  competitividade ao nı́vel  da empresa é  vista como a capacidade da empresa produzir 


bens  e serviços de  qualidade adequada, a preço  adequado,  e no prazo  certo,  satisfazendo  as 
necessidades  dos  clientes mais  eZicientemente  que  as outras empresas,  ou seja,  identiZica‐se 
directamente  com  a  capacidade  da  empresa  operar  com  lucro  num  contexto  de  mercado 
aberto, sendo geralmente aferida por indicadores relativos à  rentabilidade, ao nı́vel de custo, 
à produtividade e à  quota de mercado.  A competitividade de uma empresa corresponde à sua 
aptidão,  em  condições  de  mercado  livre  e  justo,  de  produzir  mercadorias  e  serviços 
reconhecidos  e aceites como  vantagens pelos clientes e concorrentes  e de,  simultaneamente, 
manter e expandir o rendimento real dos seus empregados e proprietários. 

  No  âmbito  da  competitividade  da  empresa  existe  uma  postura  de  posicionamento 
relativo  face  às  empresas  e  indústrias  que  operam  no  mesmo  negócio,  ou competem  pelos 
mesmos mercados alvo. Relativamente à  competitividade das nações, esta abordagem de jogo 
de soma  nula  surge  desprovida  de sentido.  Assim,  o  nı́vel  de  vida  de  uma  nação,  enquanto 
função do  crescimento do seu PIB per capita, não será  prejudicado pelo  facto do crescimento 
do produto  nos  outros paı́ses ter  ritmos superiores.  De facto,  tal  pode,  inclusivé,  traduzir‐se 
num  potencial  de  crescimento  do  próprio  produto  nacional,  caso  se  trate,  por  exemplo,  dos 
paı́ses destinatários das exportações dessa nação (Amorim, 2003). 

  Nesta  perspectiva,  Simões  et  al.  (2002),  aZirmam  que a competitividade  de um  paı́s  só  
pode ser vista como  a medida das posições  competitivas das empresas/sectores, motores  da 
competitividade  nacional,  em  relação  às  de  outros  paı́ses.  Este  fenómeno  complexo,  que 
envolve as empresas e que pode traduzir o  posicionamento de um paı́s, não  é  passı́vel de ser 
explicado através da utilização de ferramentas tradicionais de análise económica como o PIB, 
inZlação,  investimento,  produtividade ou balança comercial. E^  assim que surgem indicadores 
com  abordagens  mais  globais  para  a  deZinição  de  competitividade,  a  qual  tem  evoluı́do  ao 
longo dos tempos. 

  Porter (1990),  refere quatro  elementos fundamentais como base da competitividade de 


uma nação ou espaço  económico: as condições/dotações de factores; as condições de procura 
interna;  a  existência  e  dinâmica  das  indústrias  correlacionadas  e  de  apoio;  a  estratégia, 
estrutura  e  rivalidade  das  empresas.  Na  medida  em  que  as  empresas  e  as  indústrias 

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conseguirem  reforçar  estes  quatro  elementos,  a  posição  de  competitividade  da  nação  sairá 
reforçada,  à  medida que se constroem barreiras  à  entrada para as outras  indústrias e nações 
rivais.  Uma  visão  próxima  da  fornecida  por  Michael  Porter,  embora  adaptada  para  ter  em 
conta  o  emprego,  é  aquela  que  é  apresentada  pela  Comissão  Europeia  no  European 
Competitiveness  Report  (Comissão  Europeia,  2001),  que  deZine  competitividade  pela 
“capacidade  de  uma  economia  proporcionar  à  sua  população  padrões  de  vida  elevados  e 
crescentes e altas taxas de emprego, de forma sustentada”. 

  Lança  (2000),  refere  que  “ao  nı́vel  da  empresa  ou  da  indústria,  esta  última  quando 
confrontada  com  o  quadro  da  concorrência  externa,  a  competitividade  consiste  na  aptidão 
para  ganhar  ou  manter  quotas  de  mercado,  no  primeiro  caso,  ou quotas  de  exportação,  no 
segundo caso, e de oferecer preços relativos mais baixos ou uma relação qualidade‐preço mais 
favorável”.  O  papel  do  preço  tem  de  ser  equacionado  no  contexto  do  tipo  de  estrutura 
concorrencial  da  indústria  e,  segundo  Lança  (2003),  essa  estrutura  depende  do  tipo  de 
produto e do tipo de tecnologia dominante.”

  Ultimamente,  tem  havido  preocupação  em  estudar  os  factores  que  determinam  a 
competitividade  e  permitem  a  criação  de  vantagens  competitivas  para  a  globalidade  das 
empresas  de um sector/paı́s, tendo  sido  construı́do  um elevado número de indicadores para 
medir  a  posição  real  do  paı́s/sector  (Simões  et  al.,  2002).  Vários  autores  têm  apresentado 
diferentes  formas  de  medir  a  competitividade,  e  que  de  acordo  com  Simões  et  al.  (2002), 
podem  ser  agrupadas  em  três  grandes  grupos:  indicadores  baseados  no  poder  de  troca 
internacional;  indicadores  baseados  na  especialização  e  indicadores  globais  normalizados 
pela capacidade de troca. 

1.4. Cool Hunting e tendências

  A  mudança  das  condições  de  mercado  provocou  a  emergência  de  novos  métodos  de 
pesquisa  de  tendências  não  tradicionais  ‐  o  coolhunting.  Segundo  Cortéz  (2006),  os 
coolhunters  –  proZissionais  que  utilizam  este  método  de  pesquisa  de tendências  – surgiram 
para  poder contracenar com  a  vida  dos  consumidores,  entendê‐los  e  assim ajudar marcas a 
criar  uma conexão  emocional.  Um  dos  motivos  que  levou ao  surgimento deste  novo  método 
foi  a  necessidade  das empresas  de moda  conhecerem o  seu consumidor‐alvo  de forma mais 
profunda ao compreender o seu comportamento,  as suas atitudes e os  seus valores. Segundo 
Fioramonti  (2004),  “devido  ao  numeroso  crescimento  de  estilos,  antecipar  o  “gosto”  do 
público é  indispensável”,  assim  como observar o seu comportamento,  sentimentos,  emoções, 
em  busca  das  futuras  tendências  de  consumo.  Outro  motivo,  baseia‐se  no  facto  de  hoje  a 
sociedade  sofrer mudanças sistemáticas,  por  isso  esta forma de  pesquisa  de tendências tem 
como objectivo  principal captar  estas mudanças de estilo,  gosto e valores  onde elas ocorrem 
para  que  muito  rapidamente  as  empresas  consigam  deZinir  os  conteúdos  relevantes  das 
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próximas  tendências  (Gentile,  2006).  Porém não  basta  apenas  detectar  essas  caracterı́sticas 
uma vez que a correcta interpretação das mesmas é  tão ou mais importante como detectá‐las. 
Para  Scapecchi  (2004),  a  proposta  dessa  nova  ‘proZissão’  no  sector  de  moda,  nasce  do 
problema fundamental  que as  empresas enfrentam  ‐  unir todo  o  contexto  de  um produto,  a 
sua  criação,  a  satisfação  do  consumidor  e  a  rentabilidade  para  a  empresa.  O  recurso  à 
pesquisa  contı́nua das  novas  tendências  facilita  às  empresas  atingirem  os  seus  objectivos  e 
Gloor e Copper  (2007) aZirmam que o coolhunting  é  uma forma  de pesquisar tendências que 
consiste  em observar  pessoas  tanto  na  web,  blogs,  jornais  e  revistas  bem como  a sociedade 
em  geral.  Fioramonti  (2004) esclarece  que  “o  nascimento  de  novas  proZissões  relacionadas 
com  a  criatividade  é,  por  conseguinte,  a  justiZicação  para  a  Zigura  do  coolhunter,  possı́vel 
graças às mudanças que têm afectado a conceptualização e composição destas duas realidades 
fundamentais da dinâmica  social: a noção de grupo / tribo, e o conceito de classe criativa”. Os 
coolhunters foram  provavelmente os primeiros a perceber que a inZluência social decorre de 
caracterı́sticas  inerentes  à  personalidade,  tais  como  admiração,  grau  de  autenticidade, 
atitudes, gostos,  expressão  e que estes factores nada têm a ver com o  estatuto social.  A partir 
desta revolução nasceu o coolhunting que desde as suas origens, é um fenómeno intimamente 
ligado ao triunfo da cultura de rua (Fioramonti, 2004). 

   O  coolhunting  é  um  sistema  de pesquisa  e  antecipação  de  tendências,  que  consiste  na 
identiZicação,  no presente do  inı́cio de  um movimento  que num  dado  momento  se começa a 
formar e se tornam moda num futuro próximo (Ferrari, 2002). Movimentos culturais, atitudes 
e  prováveis  necessidades  futuras  dos  consumidores  são  os  pontos  analisados  neste  tipo  de 
pesquisa:  conhecer  o  comportamento  do  consumidor  é  sempre  bom  e  antecipar‐se  às  suas 
tendências  de  consumo  futuro  é   ainda  melhor  (Rohde,  2006).  Fioramonti  (2004),  concorda 
quando  diz  que  o  trabalho  deste  proZissional  é  observar  a  sociedade,  estar  constantemente 
rodeado  por  novidades,  diversidade  e  diferença,  nos  vários  estilos  de  vida  para assim  tirar 
conclusões sobre o comportamento do consumidor. 

  Autores como Fioramonti (2004) e Barile (2004) defendem a ideia de que os coolhunters 
estão à procura da autenticidade que existe na cultura jovem. A conquista da autenticidade da 
cultura jovem será  uma das principais razões  que levam as  empresas  a mudar suas  atitudes 
em relação ás futuras tendências (Cristante, 1995). 

  “As  tendências  hoje  são  uma  mistura  de  memória  e  criatividade,  uma  forma  de 
comunicar  um  dialecto  que  se  pode  tornar  uma  linguagem  universal,  e  o  coolhunting 
representa  o  espelho  desta  nova  realidade  em  movimento,  pronto  para  captar  um  sinal 
interessante,  entendê‐lo  e  interpretá‐lo  e  observar  com  atenção  os  elementos  da  música, 
literatura,  moda,  desporto  e  todos  os  sinais  de mudanças  presentes  na  sociedade”  (Gentile, 
2006).
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  O surgimento desta nova forma de pesquisar tendências veio de encontro  à  actualidade 
e ao novo conceito de futuro em que vivemos. Segundo Morace (2003), “O futuro é uma tensão 
e não uma realidade, deve‐se saber lê‐lo para saber construi‐lo, no  passado o futuro era visto 
como  uma  projecção  linear  do  presente,  mas  hoje  é  visto  como  uma  dimensão  não  linear, 
complexa e labirı́ntica,  tendo‐se muitas chaves de leituras para compreendê‐lo”.   Este futuro, 
descrito  por  Morace,  seria  a  chave  para  o  sucesso  do  coolhunting  e  seria  a  descoberta  dos 
sinais e comportamentos dos consumidores, que auxiliariam a detectar as futuras tendências. 
O desenvolvimento  e a emergência de novos modelos de comportamento  e valores mudam a 
cada  dia  não  havendo  contextos  privilegiados  nos  quais  as  tendências  tomam  forma, 
veriZicando‐se  uma  ampliação  do  número  de  ocasiões  em  que  as  mesmas  são  retomadas  e 
direccionadas para áreas cada vez mais amplas de disseminação, crescendo e propagando‐se 
pela  sociedade.  Conhecer  a  composição  desta  cadeia  de  contágio,  compreender  as  fases 
através  das  quais  se  vão  desenvolver  estes  novos  modelos  permite  antecipar  e,  de  alguma 
forma, acompanhar a sua evolução (Fioramonti, 2004). Gentile (2006), defende ainda que esta 
forma de pesquisa deve considerar a criatividade  e a inovação e não deve  seguir uma lógica 
linear. Trata‐se de não seguir um pensamento vertical e modelos conceptuais, mas antes o que 
se chama de pensamento  lateral,  no qual a mente combina informações  novas com  o  Zim  de 
produzir  ideias  novas.  O princı́pio  básico  da  investigação  que  os  coolhunters realizam  é  não 
intervir  no  objecto  de estudo  mas  sim  adaptar‐se  ao  seu  contexto  da  forma  menos  evasiva 
possı́vel,  tornando‐se mais  fácil  observar  e deZinir  as  mudanças,  sem  intervir  directamente 
nas mesmas. 

  Concluiu‐se que quem utiliza esta forma de pesquisa, tem que falar a linguagem do nosso 
tempo ‐ partilhar do zeitgeist (um termo da lı́ngua alemã,  que signiZica espı́rito do tempo). Na 
antropologia,  o  termo  estaria ligado à  cultura contemporânea.  Na moda,  zeitgeist  refere‐se a 
tudo que está  no ar e que, muitas vezes ainda não  foi totalmente aceite ou visto. As pesquisas 
de  tendências  têm   como  objectivo  observar  o  espı́rito  do  tempo,  encontrando  sinais  que 
devem ser compreensı́veis à maioria dos consumidores.

  Segundo  Campos  (2007),  “nada  deve  escapar  à  prospecção  das  tendências;  todos  os 
sectores  da  sociedade  são  sinalizadores  em  potencial  deste  zeitgeist,  desde  o  polı́tico,  o 
económico,  o  comportamental,  o  cultural  e  inclusive  o  tecnológico”.  Cada  época  possui 
caracterı́sticas  próprias e uma linguagem  especı́Zica  que a torna  reconhecı́vel  através de  seu 
repertório.  Os  coolhunters  estavam,  inicialmente,  vinculados  ao  sector  da  moda,  e  muitos 
ainda são  vistos  como  proZissionais exclusivos desse  mundo,  mas  na verdade,  a necessidade 
de  orientar  a  pesquisa  de  tendências  no  sector  da  moda  afecta  igualmente  outras  áreas 
(Fioramonti, 2004).  

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  A  ligação  entre  empresas  e  coolhunters  está  a  crescer  cada  vez  mais  e  muitas  marcas 
estão  interessadas  nas informações  fornecidas  por  estes  proZissionais  (De la Torre,  2007) e 
perante  a  constante  mudança  na  sociedade,  que  transparece  também  na análise clássica  de 
tendências,  é possı́vel perceber que agora o consumidor é o protagonista da moda. 

  Devido  a  essa  evolução,  é  preciso  redeZinir  técnicas  e  instrumentos  de  pesquisa  ‐  o 
coolhunting  foi  ao  encontro  desta  necessidade,  unindo  qualidade  e  credibilidade  nas  suas 
pesquisas  (Morace,  2007),  utilizando  diversas  técnicas  conhecidas  ‐  como  as  pesquisas 
qualitativas e antropológica e partindo de princı́pios novos e actuais,  tais como fazer parte do 
mundo  que se pesquisa,  união  de diversas  áreas  tanto  na observação  como interpretação  de 
suas  pesquisas.  Este  novo  método  de  análise  resulta  da  união  de  diversas  áreas  tanto  na 
observação  como  na  interpretação  da  informação  e  proporciona  excelentes  resultados 
fornecendo uma visão clara das futuras tendências de mercado. 

  Sendo  assim  o  coolhunting  possui  diversas  aplicações  no  mundo  dos  negócios,  em 
particular  em  duas  áreas:  a  observação  de  mercados  e  o  desenvolvimento  de  inovações. 
Aplicando  o  coolhunting  aos  seus  mercados‐alvo,  as  empresas  conseguem  detectar  novas 
tendências,  sendo  benéZico  para  a  estratégia  de  mercado  da  empresa,  pois  permite  uma 
análise  profunda  do  mercado  e  dos  padrões  de  compra  dos  consumidores,  o  que  facilita  a 
tomada de  decisões  na fase  de desenvolvimento  e  lançamento  de  produtos.  Para além  deste 
benefı́cio,  o  coolhunting  permite à   empresa e aos  designers  de moda  obter insights sobre  os 
consumidores  e  produtos  quase  em  tempo  real (Gloor e Cooper,  2007)  complementando  as 
tradicionais pesquisas de mercado, especialmente as quantitativas. Visa ainda descobrir o que 
está  a  acontecer  na  sociedade  e  que  será  mais  importante  no  futuro  ao  fazer  com  que 
determinadas  tendências  se  tornem  em  Inovação.  (Gladwell,  2005).  A  principal  diferença 
entre o coolhunting e as outras ferramentas de pesquisa de mercado é que esta nova forma de 
pesquisa  requer  um  processo  contı́nuo  e  não  cı́clico  e  a  principal  razão  por  ser  assim  que 
funciona, é  o facto de as mudanças de nı́vel cultural e social ocorrerem continuamente e,  se o 
foco  de  observação  depende  dos  objectivos  de  pesquisa  do  coolhunter,  a  pesquisa  incide 
sempre,  em  primeiro  lugar,  sobre  os  grupos  e  indivı́duos  responsáveis  pela  importação, 
criação  ou  adaptação  da  novidade  que  se  pode  tornar  uma  tendência  e  posteriormente 
potencial inovação (Hernández, 2004). 

1.5. Inovação

Como o próprio  nome indica,  inovação refere‐se a novidade e renovação. Num mercado 


cada  vez  mais  competitivo  onde  os  pequenos  players  se  tornam  bastante  competitivos  é 
essencial  que  se  inove  com  base  nos  4P’s  da  Inovação  –  Product  Innovation;  Process 
Innovation;  Position  Innovation  e  Paradigm  Innovation,  isto  é,  em  termos  de  produtos,  a 
própria  organização,  processos  inerentes  e  em  marketing.  Ao  acrescentar  inovação  a  estes 
29
quatro  pontos  essenciais  que  fazem  parte  da  actividade  de  uma  empresa  estão  a  criar‐se 
vantagens  estratégicas  através  de  determinados  mecanismos,  nomeadamente  a  criação  de 
novos  produtos  ou  serviços  que  geram  oportunidades  de  oferecer  exclusividade;  novidades 
nos  processos  que  fazem  com  que  mecanismos  internos  e  externos  se  tornem  mais 
competitivos; A inovação com valor é criada na área onde a actuação de uma empresa tem um 
impacto  favorável sobre a sua estrutura de custos e a sua proposta de valor  para os clientes. 
As poupanças de custos conseguem‐se através da eliminação e redução dos factores em que a 
industria  concorre.  O  valor  para  o  cliente  aumenta  por  meio  da  elevação  e  da  criação  dos 
elementos que a indústria nunca ofereceu. Ao longo do tempo,  os custos vão sendo reduzidos 
à  medida  que  se  criam  economias  de  escala  resultantes  de  elevados  volumes  de  vendas 
gerados por esse valor superior (Kim, 2008). A inovação é, por isso, conduzida pela habilidade 
de  visualizar  interligações  e/ou  parcerias,  de  marcar  oportunidades  e  obter  vantagens 
competitivas através das mesmas criando sustentabilidade e diferenciação.

  A  variedade e  complexidade das  inovações é   enorme  dependendo do  sector  industrial, 


do grau de novidade,  da tecnologia, da natureza, entre outros factores mas por outro lado, as 
empresas  incorporam a inovação de formas muito  diversas,  podendo  fazê‐lo  para obter uma 
maior qualidade nos seus produtos ou serviços, diminuir custos, oferecer uma maior gama de 
produtos ou serviços, ou ser mais rápidas na sua introdução no mercado. Qualquer que seja o 
caso,  a  sua  única  exigência  é  a  de  implantar  mudança  dentro  da  organização.  O 
estabelecimento de tipologias de inovação tem atraı́do o interesse de numerosos estudiosos e 
investigadores.  A  diversidade de critérios  utilizados  na classiZicação  das inovações explica a 
divergência  entre  autores  quando  propõem  taxinomias  que  as  agrupam  em  conjuntos 
coerentes: 

‐ uma  das  tipologias  corrente  distingue  inovação  ao  nı́vel  do  produto  ou  serviço,  de 
inovação  de  processo  ou  da  organização  (Pavit,  1984;  Freire,  2000;  Dantas,  2001; 
Tidd et al., 2001; Nuchera et al., 2002). Ainda dentro desta linha, é possı́vel encontrar 
outras propostas ou subdivisões adicionais,  como a inovação de marketing, a difusão 
(OCDE, 1998), a inovação de conceito, de marca,  de design ou de embalagem (Freire, 
2000); 

‐ uma outra classiZicação é  aquela que diferencia a inovação de acordo com o  seu grau 


de disrupção com as soluções preexistentes no mercado, classiZicando‐a como radical 
ou incremental (Utterback, 1994; Pávón  e Hidalgo, 1997; COTEC, 2001; Dantas, 2001; 
Tidd et al, 2001; Nuchera et al, 2002); 

‐ um outro critério, mais centrado em torno dos efeitos das inovações sobre os padrões 
de  consumo  de  produtos  e  serviços,  considera  que  a  inovação  pode  ser:  contı́nua, 
contı́nua dinâmica e descontı́nua (Strutton, et al., 1994); 
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‐ Abernathy  e  Clark  (1985),  propõem  uma outra  classiZicação  da  inovação  em função 
do  binómio  tecnologia/mercado  que  conduz  a  quatro  tipos  de  inovação: 
revolucionária, arquitectural, regular e criadora de nichos; 

‐ Barreyre  (1980),  classiZica  as  inovações  com  base  em  três  critérios  de  ı́ndole 
estrutural:  a  sua  natureza  intrı́nseca,  que  lhe  permite  isolar  subconjuntos  de 
inovações de dominante técnica, comercial, organizacional e sócio‐institucional; a sua 
incidência  económica,  social  e  tecnológica,  com  que  distinge  inovações  radicais  ou 
absolutas e inovações de variação ou relativas; a transformação que exige nos modos 
de organização  da empresa,  hierarquizando‐as de acordo com a génese do problema 
que visam solucionar,  o modo  como  o  processo  é  conduzido e o  estádio  do seu ciclo 
de vida; 

‐ uma  última  perspectiva,  coloca  a  tónica  nas  motivações  e  condicionantes  para  a 


inovação,  classiZicando‐a  como  ofensiva,  reactiva,  defensiva  ou  via  subcontratação 
(Coimbra, 2003).

  Segundo  Coimbra (2003),  a  pertinência  da análise  dos  desempenhos  de  inovação  sob 


estas tipologias reside no facto de se observar uma predominância diferenciada de um ou de 
outro  tipo  em  diferentes  momentos  do  ciclo  de vida dos  produtos  ou  serviços,  ou  ainda do 
ciclo  de vida das  empresas  e mesmo  entre diferentes  indústrias ou regiões,  de acordo com a 
sua  cultura,  organização,  antiguidade  ou  estrutura  de  concorrência.  Consequentemente, 
também  será   diferenciado,  o  desenho  de  polı́ticas  ou  de  estratégias  de  reforço  de 
competitividade  via  estı́mulo  à   inovação.  A  formalização  conceptual  da  inovação  permitiu 
construir  a  chave  de  leitura  em  termos  de  desempenho  inovador  de  empresas  e  paı́ses, 
capturáveis através de  indicadores relativos ao  lançamento de  novos  produtos ou aZirmação 
de novos  processos.  No  entanto,  a  capacidade  de  intervenção  no  sentido  do  reforço  desses 
desempenhos  inovadores,  apenas  é  possı́vel  mediante  conhecimento  dos  correspondentes 
processos e determinantes, que os modelos de inovação tentam descrever. 

  O estudo do  processo de inovação  tecnológica tem sido  analisado por diversos autores, 


os  quais  têm  procurado  apontar  modelos  que  permitam  compreender  tanto  as  fases  que 
intervêm neles como as principais caracterı́sticas que os conZiguraram. Os sucessivos modelos 
de  inovação  esquematizaram  gradualmente  as  fontes  e  determinantes  de  inovação, 
estabelecendo a base analı́tica que sustenta a concepção de estratégias de intervenção para o 
seu estı́mulo – ao nı́vel da empresa, da indústria ou da região. 

  Os  denominados  modelos  de  primeira  geração,  ou  technology‐push,  representam  o 


processo  de  inovação de  forma linear.  Esta  forma de  conceptualizar o  processo  de inovação 
tecnológica  contempla  a  causalidade  que  vai  desde a  ciência até  à  tecnologia  e representa‐a 

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mediante  um modelo  linear  que  interpreta  a  origem  de uma  inovação  tecnológica  como  um 
processo sequencial e ordenado que, a partir do conhecimento cientı́Zico e após diversas fases 
(investigação  aplicada,  desenvolvimento  e  produção),  comercializa  um  produto  ou  serviço 
que pode ser de interesse para o consumidor (Nuchera et al., 2002). A hipótese básica aqui era 
a  de que,  quanto  mais  I&D houvesse no  sistema,  maior seria  o  Zluxo  de  inovações  (ou pelo 
menos de transformações tecnológicas) daı́  derivadas, ou seja,  como  refere Rothwell (1994), 
“mais I&D signiZica mais resultados inovadores”.   No entanto, e dentro desta focagem linear, a 
partir da segunda metade da década de sessenta começa a prestar‐se mais atenção  ao  papel 
do mercado  no processo  inovador,  ou seja,  a incorporar no  novo  produto  ou serviço aquelas 
ideias  provenientes  da  identiZicação  das  necessidades  dos  próprios  consumidores.  Estes 
modelos  designados  de  segunda  geração,  ou  market  pull,  colocam  já  um  maior  enfoque  no 
papel do mercado no processo de inovação. Os defensores desta abordagem argumentam que 
o processo  tecnológico  é  determinado por factores económicos e sociais (Schmookler,  1966). 
Assim,  nesta  nova  perspectiva,  o  modelo  linear  incorpora  o  mercado  como  elemento 
desencadeante  do  processo  de  inovação  tecnológica.  No  Zinal  da década de 70,  na sequência 
do  estudo  empı́rico  realizado  na  indústria  quı́mica  por  Freeman  (1979),  teve  lugar  uma 
ruptura com a perspectiva tradicional, com o modelo interactivo da inovação, que combina os 
factores  das  abordagens  demand‐pull  e  technology‐push.  Surge  uma  visão  interactiva  do 
processo  de inovação  que considera como  principais  forças impulsionadoras da inovação, as 
oportunidades  cientı́Zicas  e  tecnológicas,  combinadas  com  as  necessidades  económicas  que 
emergem do mercado e da sociedade (Freeman, 1979). 

  O  modelo  interactivo,  ou  chain‐link  model,  proposto  por  Kline  e  Rosenberg  (1986), 
embora  continue  a  considerar  o  processo  de  inovação  como  uma  sequência  lógica  de  fases 
distintas, realça a “interacção entre as oportunidades oferecidas pelo mercado, por um lado, e 
os  conhecimentos  e  recursos  da  empresa,  por  outro,  estando  as  principais  funções  – 
estratégias de produto  e determinação das oportunidades de mercado, concepção analı́tica e 
técnica,  engenharia  de produção  e comercialização  e distribuição  –  permanentemente inter‐
relacionadas” (OCDE, 1992).  Embora o modelo interactivo reZlicta uma maior aproximação da 
teoria à  prática, mantém ainda um carácter sequencial, conduzindo a um processo demasiado 
longo.  De  acordo  com  Rothwell  (1992),  a  partir  da  segunda  metade  dos  anos  oitenta,  o 
processo  de inovação deverá ser explicado pelo modelo  integrado, ou de quarta geração. Este 
modelo  veio  enriquecer a  abordagem anterior com  a perspectiva da integração  funcional  da 
empresa.  O  processo  de  inovação  é   concebido  como  um  conjunto  de  actividades  paralelas 
através  de  unidades  funcionais  na  empresa.  A  sua  gestão,  apesar  de  poder  ser  concebida a 
partir de  um conceito de  um novo  produto  ou serviço,  deverá  materializar‐se  num  trabalho 
conjunto  e integrado das  áreas  de marketing  e de engenharia.  Neste  modelo,  começa,  pois, a 

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veriZicar‐se  uma  signiZicativa  ênfase  na  cooperação  interempresarial,  que  pode  tomar 
diferentes  formas  e  onde  a  vertente  tecnológica  joga,  quase  sempre,  um  papel  relevante. 
Posteriormente,  o  modelo  de  quinta  geração  veio  reforçar  a  abordagem  da  integração 
organizacional,  identiZicando  processos  funcionais  paralelos  e  cruzados,  que  envolvem 
fornecedores e clientes – lead users. Este modelo procura capturar as dinâmicas de rede intra 
e extra  organizacionais,  centrando‐se  em estruturas mais Zlexı́veis que sublinham o  carácter 
determinante  da  rapidez  de  resposta  e  da  adaptabilidade  no  processo  de  inovação.  Este 
modelo caracteriza‐se pela electroniMication of the innovation, ou seja, pelo recurso sistemático 
a  sistemas  inteligentes,  tornado  possı́vel  pelo  grande  desenvolvimento  das  tecnologias  de 
informação (Rothwell, 1992). Nestas circunstâncias, os modelos de quinta geração apropriam, 
sob uma  abordagem  sistémica,  a  importância  da  gestão  da  informação  em  ambos  os  nı́veis 
(interno e externo) e a ligação com os parceiros (a montante e a jusante). 

  O modelo em rede, que Rothwell (1992) apresenta como  o modelo do futuro,  considera, 


pois, a empresa como  um  sistema aberto,  com umas  fronteiras cada vez  mais difusas,  o  que 
implica  a  adopção  de  estruturas  organizacionais  Zlexı́veis,  visando  integrar  a  inovação  no 
quotidiano da empresa. 

  A  importância  destes  modelos  reside  num  esforço,  progressivamente  melhorado  e 


orientado para a intervenção, de identiZicação de determinantes da inovação sendo que estas 
contribuições teóricas permitem veriZicar que a eZiciência e eZicácia do processo de inovação 
“passa  pelo  desenvolvimento  de  uma  cultura  de  abertura,  de  cooperaçã o  e  de 
redes”  (Prouvost,  1991),  obrigando  assim,  à  integração  dos  recursos  (tecnologias)  e 
capacidades  (pessoas) próprias, com um  vasto  conjunto de agentes externos,  com os centros 
de  investigação  públicos  e  privados,  as  universidades,  os  fornecedores,  os  clientes  e  os 
concorrentes. 

Capítulo II ‐ Estado da Arte

  O  Estado  da  Arte  da presente  tese,  a  explicação  cientı́Zica  fez‐se  através  de  três  pontos 
essenciais:  A  utilização  de  metodologias  Cool  Hunting  nas  duas  principais  agências  de  cool 
hunting,  AYR  Consulting e Future Concept  Lab  e  posteriormente,  analizar‐se‐á  as  metodologias 
tradicionais de pesquisa de tendências no sector da moda. 
2.1. Metodologias utilizadas por agências de Coolhunting

    2.1.1. Metodologia Coolhunting ‐ AYR Consulting

    A  AYR  Consulting,  é  uma  empresa  de  Consultoria  em  Tendências  e  Inovação 
Estratégica,  ex‐membro  da rede internacional  de CoolHunting Science of the Time,  que  actua 
na interpretação, tradução e aplicação de Tendências de Consumidor e estratégia de Inovação 
das Empresas.

33
    O método de actuação da AYR baseia‐se na antecipação do futuro, no sentido de 
ajudar  a  construir  novos  modelos  de  negócio  que acrescentem valor  às  estratégias  e acções 
dos seus  clientes. Procuram o  conhecimento  baseado  na observação  e  análise de tendências, 
articuladas em insights com aplicações práticas, de forma a inspirar e suportar decisões, ideias 
para  novos  negócios  e  produtos,  novos  conceitos  de  comunicação  e  novas  formas  de 
relacionamento entre empresas e os seus respectivos clientes. A AYR destaca‐se ainda por ser 
a  primeira  e  única  empresa  em  Portugal  especializada  em  tendências  e inovação,  com  uma 
abordagem estruturada com o suporte da sua rede internacional de coolhunters.

Figura 1 ‐  DeZinição de Cool by AYR

  A  deZinição de cool  da AYR  é  a base de actuação  de pesquisa de tendências.  Algo é  cool 


quando é atractivo, inspirador e com potencial de crescimento.

  Como técnica base da metodologia prática a AYR  utiliza um modelo  de 4P’s,  descrito  na 


tabela que se segue.

Base técnica da metodologia Cool Hunting AYR ‐ 4P’s

Etapa I
Prepapar : Informação, material, ferramentas, método, pessoas, capacidade e experiência.
Etapa II
Perform ( Fazer ): Processo de inovação, aprender, experimentar e tentar, gerar ideias, 
observar, pensar em soluções
Etapa III
Perfect ( aperfeiçoar ) : soluções inovadoras, objectivo Zinal, optimização e 
desenvolvimento do objectivo atingido
Etapa IV 
Progresso : Continuar a inovar, pensar de forma diferente e out‐of‐the‐box; reZinar as 
soluções obtidas e tentar novas soluções

Quadro 1 ‐  Base técnica metodológica da AYR

  A deZinição de inovação da AYR que aZirma que se traduz em valor acrescentado, este é  o 
quociente entre a soma dos benefı́cios racionais e emocionais sobre o custo. 
34
  O  ponto  de  partida  de  um  projecto  de  pesquisa  de  tendências  e  inovação  da  AYR  é  
baseado  no  negócio  de  cada  cliente  e  no  consumidor  em  que  se  deZinem  claramente  os 
objectivos do negócio e do cliente quer a nı́vel macro quer a nı́vel micro e usa as tendências e 
cool examples como geradores e Ziltros de primeiras ideias.

  A  abordagem  da  AYR  é  bastante  elaborada  mas  na  prática  torna‐se  simpliZicada.  Em 
seguida ilustra‐se um quadro que permite perceber como a AYR  actua com os seus  clientes e 
respectivos projectos: 

Objectivos Desenvolvimento

1. Fontes  4. 
Necessidade de  Necessidade  2. Filtros  Interpretação 
de  Resultado 
Negócio estratégica chave : Ideias de 1 e 2
inspiração de ideias
A^rea de 
Objectivo  acção de  Tendências  Trendslator  Articulação 
Soft spots
Macro objectivo  Emergentes de selecção em acções
micro

Quadro 2 ‐  Abordagem a projectos de clientes

  Essencialmente,  este modelo  tem por base os  objectivos  de negócio e tendências como 


principais inputs do processo de inovação. Posteriormente com base na pesquisa gerada pelo 
coolhunting desenvolvem‐se novas ideias através da justaposição de conceitos aparentemente 
independentes.  Numa  terceira  fase  é  feita  uma  avaliação  da  ideia  e  reconhecimento  de 
oportunidade  de  negócio,  processo,  produto  ou  outra.  Posteriormente,  na  fase  de 
desenvolvimento  da ideia entram  em  acção  os  vários  recursos  disponı́veis  como  tecnologia, 
recursos  humanos,  mercado,  técnicas,  know‐how e estratégias.  Em quinto lugar,  são gerados 
insights  valiosos  que  inspiram  e  dão  forma  visual  a  todo  o  processo  de  pesquisa  podendo 
ainda eles próprios gerarem novas ideias. 

  2.1.2. Metodologia CoolHunting & Cult Researching ‐ FCL

  O Future Concept Lab é um instituto de pesquisa e consultoria estratégica, localizado em 
Itália,  onde são  feitas análises das chamadas real  trends, ou seja,  dos  fenómenos  que nascem 
nas  ruas  e  que  de  certa  forma  representam  a  realidade  do  dia  a  dia.  Com  sede  em  Milão, 
fundada  há  20  anos  por  um  grupo  de  sociólogos,  conta  actualmente,  com  cerca  de  50 
correspondentes  espalhados por  40 cidades pelo  mundo  e  com um portfolio  de 100 clientes 
no activo. 

  O  método  de  trabalho  da  FCL,  baseia‐se  resumidamente  em  40%  de  trabalho  em 
campo e 60% do chamado antes e depois. Antes há uma preparação sobre o tema em causa ou 
brieMing,  no  qual  é   efectuada  uma  pesquisa  prévia  e  que  será   trabalhada  após  ser  feita  a 
35
pesquisa  pela  cidade;  Depois  é  uma  fase  de  selecção  de  imagens  e  ferramentas  visuais, 
deZinição  de  ligações,  como  contar  a história  do  lugar  para,  aqueles  que  recebem  a  análise, 
entenderem a sequência de conceitos de maneira correcta.

Critérios utilizados na localização geográFica da pesquisa
  Os critérios utilizados nas áreas geográZicas escolhidas de uma cidade para dar inicio à 
pesquisa,  geralmente  começa  do  centro  da  cidade  e  vai  evoluindo  para  as  zonas  mais 
periféricas. Locais novos, populares e com espı́rito Trendy são particularmente escolhidos em 
primeira  mão  assim  como  mercados  de  segunda mão  e  locais  de  lojas  vintage  uma  vez  que 
regra  geral,  são  um  bom  ponto  de  encontro  onde  pessoais  jovens  com  espirito  de 
personalização  e  estilo  pessoal  geralmente  se  encontram.  Regra  geral,  o  ponto  inicial  de 
pesquisa deve ser um local que expresse o espirito da cidade e do paı́s.

  PerFil de um Cool Hunter
  Intuição,  experiência  e  curiosidade  natural  são  três  palavras‐chave  para  um 
coolhunter.  No  entanto,  não  são  suZicientes  para  o  desenvolvimento  de  um  bom  trabalho. 
Segundo  o  FCL,  um  bom  coolhunter  deve  ser  curioso  e  mergulhar  de  forma  profunda  na 
cultura da cidade em que se insere; ter capacidade de organização do material  e informações 
recolhidas;  ser  um  jovem  proZissional  qualiZicado  que  trabalhe  na  área  da  criatividade, 
inovação  e  cultura  (marketing,  design,  moda,  fotograZia,  arquitectura,  ciências  sociais,  etc.); 
ter  bom conhecimento  de fotograZia e participam activamente em  um ou mais  seminários / 
workshops de treino da Future Concept Lab tendo enraizado a sua metodologia de trabalho.
PerFil de um Cult Researcher  1
  Um pesquisador,  criado  pelo Future Concept Lab,  que aplica métodos de pesquisa que 
vão para além do Coolhunting. O termo Cult  signiZica duas coisas neste caso:  eventos de culto 
locais  partilhados  por  pessoas;  cultura  da  cidade  observada  através  da  música,  literatura, 
moda  etc.  Os  cult  researchers  observam  o  trabalho  de  pessoas  criativas  com  as  quais  se 
cruzam ou com aquelas  que os quais consideram que terão  um impacto na vida das  pessoas. 
Este  tipo  de  pesquisadores  de  tendências  são  por  norma  mais  sensı́veis  no  que  toca  a 
catalizadores  sociais,  novas  lojas,  Zilmes,  eventos,  ideias  conceitos  e  Street  Signals  que 
sugerem  a  direcção  de  mudança  de uma  cidade e  consequente  sociedade.  O trabalho  destes 
requer  ainda  uma  habilidade  extra  para  a  selecção  e  interpretação  do  material  recolhido 
numa  pesquisa  de  tendências.  O  resultado  da  pesquisa  não  são  meramente  imagens 
recolhidas  nem  pesquisa  visual,  mas  sim  um  relatório  completo  onde  a  pesquisa  visual  é 
alinhada  e  contextualizada  num  enquadramento  conceptual  do  tema  em  causa  e  com  uma 
abordagem de story telling. Os cult researchers são pessoas por norma com um background em 
estudos  sociais,  antropologia,  etnograZia  e  com  alguma  capacidade  de  coordenar  os  cool 

1 Cult researcher é um conceito criado por FCL
36
hunters  em  campo.  A  informação  por  eles  recolhida  e  seleccionada  é  contextualizada 
conceptualmente com o conhecimento adquirido na sede do FCL  ao longo  de anos de treino e 
experiência.  Uma  aposta  da  FCL  para  que  todos  os  intervenientes  falem  a  mesma  lingua  e 
utilizem  os  mesmos  métodos  é  manter  tanto  os  cult  researchers  como  os  coolhunters 
actualizados com os projectos que o instituto leva a cabo.

Abordagem de estudo utilizada

Etapa I
Design do mapa da cidade onde a actividade do Cool Hunting toma lugar; IdentiZicação 
de ‘hot spots’ e bairros ‘cool’ a serem observados com particular atenção.
Etapa II
DeZinição do tipo de  análise a efectuar e qual o local a começar a observação.
Estudo prévio
Microfarming ‐ Fenómeno de tendências em nichos que 
traduzem comportamentos do consumidor, atitudes, 
estilos e expressões.
Macrofarming ‐ Tendências de longo prazo que já estão 
Trabalho de campo
estabelecidas no mercado e envolvem grandes insights.
Cool Hunting
Collective Imaginary ‐ IdentiZicação de valores sociais 
Cult Researching 
através de uma constante monitoriação a nı́vel global das 
massas.
Genius Loci ‐ estudo do Talento do local em questão ou 
por outras palavras, perspectivas locais e diferenças 
culturais.
Etapa III
Técnica 4P : Actividade de observação e fotograZia com base em People, Places, Plans e 
Projects. 
People Places Plans Projects
Pessoas que  Monitorizar as  Ideias originais  Mudanças estruturais, 
inspiram, intrigam  áreas hot, os  que se traduzem  projectos e eventos para 
ou despertam a  mais avançados  e manifestam sob  perceber de que forma o 
atenção;  locais de retalho  a forma de livros,  mecanismo social se move 
normalmente são  e movimentos  musica, arte,  e mudanças no território 
pessoas que  sociais  Zilmes,  tendo em conta iniciativas 
antecipam ou  associados aos  manifestações,  público‐estatais que 
sugerem um código  mesmos;  entre outros. inZluenciam em muito o 
de comunicação   comportamento social e 
comportamental ou  que não podem ser 
estético. negligenciadas quando é 
feita uma pesquisa.
Etapa IV
E^ elaborado um relatório com imagens e literatura descritiva e enviado para a Future 
Concept Lab semestralmente.

37
Quadro 3 ‐  Abordagem de pesquisa da FCL

Modelo de Inovação

  Após  o  brieMing  fornecido  a  abordagem  dos  4P’s  permitem  a  criação  de  Inovação 
sustentável  por  exemplo  em  casos  de  empreendorismo.  A  utilização  das  observações  e 
achados de  forma criativa  podem levar  ao  desenvolvimento  de um Business Hypothesis ‐  um 
negócio  hipotético.  Com  os  4P’s  que  a  Future  Concept  Lab  utiliza,  pode‐se  construir  um 
negócio com valor real:

  People:  Nesta etapa é  onde  o  investigador  pode deZinir  um target  ideal,  possivelmente 


utilizadores Zinais e a identiZicação de caracterı́sticas únicas de consumo;

  Plans: A identiZicação e descrição de tendências signiZicativas relacionadas com as vidas 
das pessoas quer a nı́vel privado quer a nı́vel público;

  Places:  IdentiZicação  de  um  mercado  ideal,  cidade  ou  paı́s  e  todos  os  aspectos 
correlacionados.

  Projects:  Análise  dos  diferentes  sectores  de  negócios,  marcas  e  casos  de  sucesso  que 
possam servir de inspiração para o próprio projecto.

2.2. Metodologias tradicionais de forecasting de tendências

  Após  uma  entrevista  informal  com  Negarin  Sadr,  uma  designer  de  moda  persa  com 
nacionalidade  americana  e  que  actualmente  trabalha  em  Londres  na  sua  recente  lançada 
marca  Negarin London,  pode‐se  efectuar  uma análise detalhada  ao  processo  de  previsão  de 
tendências com base na sua experiência e da industria em geral. 

  Tradicionalmente a moda tem um processo estipulado no que toca à previsão e pesquisa 
de tendências para além da utilização do trabalho de coolhunters.

  A  previsão  de  tendências  na  moda  deve  identiZicar  :  A  fonte  da  tendência,  o  padrão 
( mudanças e oscilações ) a direcção para onde esta se desloca e a linha temporal sobre o qual 
ela  se  tem  vindo  a  desenvolver.  A  previsão  de  tendências  permite  essencialmente  projectar 
tendências  do  passado  para  o  futuro,  antecipando‐o  e  respectivos  desenvolvimentos  ao 
observar sinais de mudança em determinadas situações. 

  Antes  de  se  perceber  o  processo  de  desenvolvimento  da  previsão  de  tendências,  é  
conveniente  distinguir  alguns  conceitos  que  podem  ser  falsamente  interpretados, 
nomeadamente:

‐ Trends: Podem ser  emergentes,  estar em  declı́nio  ou em fase de maturidade;  podem 


ser  identiZicadas  semelhanças  em detalhes,  estilos  e  outros  ao  longo  do  tempo  que 
permitem  a  identiZicação  da  mesma  e  são  caracterizadas  por  uma  construção  da 
expressividade da tendência pelos próprios consumidores.
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‐ Fads: São tendências de curta duração  / modas aceites por uma pequena porção dos 
consumidores  e  desaparecem  facilmente  porque  não  são  suportadas  pelo  estilo  de 
vida da sociedade actual.

‐ Classics:  São  tendências  de  longa  duração  em  que  qualquer  estilo  ou  item  ganha 
visibilidade e gera uma aptidão ao consumo elevada pela capacidade de contágio que 
persiste  ao  longo  de  um determinado  perı́odo  de  tempo.  Os  clássicos  implementam 
atributos principais desejáveis na moda enquanto que evitam um styling extremo.

  A  visualização  como  já  foi  referido  anteriormente  é  um  dos  principais  meios  de 
inspiração  e compreensão  por  parte de  quem  estuda  as  tendências.  No  mundo  da  moda  há 
três padrões de visualização de tendências:

‐ Fashion Curves: Quando as tendências são classiZicadas pela duração e capacidade de 
penetração sendo visualizadas através de um gráZico de curvas. O eixo horizontal(x) é 
relativo ao tempo e a adopção pelo consumidor o eixo vertical (y).

‐ Pendulum  Swing:  Quando  as  tendências  se  deZinem  por  movimentos  de  moda 
periódicos entre extremos como por exemplo  após os anos 80’s em que o  styling e o 
exagero  eram  a  tendência  que  levou  a  que  a  moda  seguinte  fosse  mais  sóbria  e 
relaxada.

‐ Fashion  Cycles:  Quando  existem  padrões  cı́clicos na  moda  que  ocorrem ao  longo  do 
tempo.  Aos  padrões  que  voltam  a  ocorrer  após  um  perı́odo  dá‐se  o  nome  de 
fenómeno de curva longa.

  Em termos de previsão existem dois tipos de previsão: 

‐ A  longo  prazo  :  5  anos  ou  mais  em  que  o  tempo  é   suZiciente  para  a  tomada  de 
decisões  relativas  ao  reposicionamento  ou  extensão  de  linhas  de  produto,  iniciar 
novos negócios, rebranding ou planear novos conceitos de retenção de clientes;

‐ A  curto  prazo:  1  ano  em  que  a  linha  temporal  permite  a  segmentos  do  retalho  a 
coordenação de tendências sazonais a ser comunicadas pela imprensa e lojas.

  Em seguida segue‐se o processo de previsão de tendências e respectivas etapas:

Fashion Forecasting

Etapa I
IdentiZicar os factos base sobre tendências e previsões passadas.
Etapa II
Determinar as causas de mudança no passado

39
Fashion Forecasting

Etapa III
Determinar as diferenças entre previsões passadas e comportamentos actuais

Etapa IV
Determinar os factores que provavelmente terão inZluência na alteração das tendências 
no futuro.
Etapa V
Aplicar ferramentas de previsão e técnicas e tomar atenção a questões de ocorrência na 
sociedade que possam inZluenciar a previsão.
Etapa VI
Seguir a previsão continuamente e determinar razões para possı́veis desvios em relação 
às expectativas
Etapa VII
Rever as previsões onde e se necessário.

Quadro 4 ‐  Etapas de Fashion Forecasting 

   Para a previsão de tendências são utilizadas determinadas ferramentas, entre as quais:

‐ Fashion  Scan:  Seguir  as  tendências  de  moda  nas  noticias  e  imprensa  com  foco  em 
cores, têxteis e estilos emergentes;

‐ Consumer  Scan:  IdentiZicação  de  clusters  de  pessoas  que  partilham  as  mesmas 
caracterı́sticas  geralmente  combinadas  com  factores  demográZicos,  estilo  de  vida, 
atitudes e comportamentos. E^ usado também para determinar o mercado‐alvo e pode 
ser usado para entender melhor o comportamento do consumidor;

‐ Análise de  moda  :  Combina  Fashion  Scan  e  Consumer  Scan  e  determina  o  que  pode 
acontecer a seguir;

‐ Tendências  sócio‐económicas:  Mudanças  culturais  na  sociedade  que  envolve 


mudanças no  estilo  de vida  e reZlectem mudanças a nı́vel  social  e ciclos económicos 
podendo afectar decisões de compra das massas e é  também aqui que são estudadas 
as mega‐trends que afectam em geral todas as industrias. 

‐ Análise  de  tendências:  Detecta  tendências  de  curto  e  longo  prazo  que  afectam  os 
negócios  usando  todas  as  ferramentas  anteriormente  utilizadas  e  o  recurso  ao 
trabalho dos coolhunters.

‐ Análise  competitiva:  Pesquisa  de  planos  e  capacidade  da  concorrência  através  de 
informação  publica.  ao  longo  do  tempo  permite  a  execução  de  boas  práticas 
comerciais e o desenvolvimento do perZil do mercado em causa.

40
  A descoberta do Zeitgeist da moda

A  palavra  zeitgeist  tem  vindo  a  ser  cada  vez  mais  utilizada  na  industria  da  moda.  E^  
importante percebes que todos os componentes culturais  numa sociedade  correspondem ao 
tão chamado  espirito  dos  tempos e o  poder  do zeitgeist  pode inZluenciar a direcção da moda 
ao  longo  do  tempo.  Através  da  framework  de  Nystrom  podem‐se  observar  determinados 
movimentos importantes para a previsão de tendências.

Dominância  Descrição e exemplos
Três tipos de eventos que podem ser visualizados: Ocorrências 
Eventos signiZicativas ‐ guerra, mortes, Golden Globes ; Art Vogues ‐ Ballet Russo 
por exemplo; Eventos Acidentais ‐ descoberta de arquefactos.
Patriotismo, Multiculturalismo, beleza clássica, Igualdade de géneros, 
Ideias
Ambientalismo, entre outros.
Celebridades, bloggers, e grupos com posições de liderança e poder de 
Grupos Sociais
inZluência.
Atitude dos tempos inZluenciada em parte pelo ambiente macro‐
Atitudes económico, exemplo: eras da diferenciação vs conformismo ‐ 20’s & 60’s 
vs 30’s )
Estar a par de métodos de produção, materiais e inZiltração da tecnologia 
Tecnologia
no nosso dia a dia.

Quadro 5 ‐  Zeitgeist por Nystrom

Propagação de tendências

“As  epidemias  são  sensı́veis às condições  e circunstâncias  do tempo  e  do lugar  em que 


ocorrem” (Gladwell 2002). No exemplo dos Hush Puppies o uso dos sapatos “explodiu” porque 
eram usados pelos jovens que se queriam diferenciar em East Village, ambiente este que fez as 
pessoas verem os sapatos sob outra perspectiva.

  O contexto do vı́rus mostra que os seres humanos são muito sensı́veis ao seu ambiente 
e  as  alterações  neste  meio  interferem  radicalmente no  seu comportamento.  O  ambiente e  o 
momento em que uma epidemia se concentra são factores determinantes para seu sucesso ou 
fracasso.  Uma ideia pode existir durante anos  e “de repente” vir à  superfı́cie e tornar‐se uma 
epidemia. Quando isto ocorre, esta ideia encontrou o seu “desequilı́brio” em que uma série de 
outros  factores desencadeou um ambiente que proporcionou a disseminação  desta ideia.  E^  a 
ideia certa, no  momento  certo,  no  lugar certo  e com as  pessoas  correctas. Muitas  boas ideias 
morreram  cedo  ou  nem  sequer  vingaram,  pois  não  se  conseguiram  enquadrar  num 
determinado contexto propı́cio ao seu desenvolvimento.

  Uma  ideia  espalha‐se  pelo  poder  do  contexto  de  forma  diferente  da  que  se  difunde 
através dos comunicadores ou dos mavens em que não é necessário ver ou ser incentivado por 
41
estas  pessoas  para  que  um  indivı́duo  seja  atingido  pelas  ideias.  O  contágio  pode  acontecer 
simplesmente pelo facto de se estar num determinado contexto em que o poder do contexto é 
tão  forte  em  algumas  situações  que  pode  inclusive  alterar  caracterı́sticas  inerentes  dos 
indivı́duos, mesmo estando estes em plena consciência do que passa ao seu redor.

  Existe  mais  do  que  uma  maneira  de  fazer  com  que  uma  epidemia  se  alastre.  As 
epidemias  disseminam‐se  em  função  de  quem  transmite  o  agente  infeccioso,  do  agente 
infeccioso em si e do meio em que se propaga. E quando uma epidemia se dissemina,  quando 
ela perde o equilı́brio, algo aconteceu, houve alguma alteração em um, dois ou mesmo nos três 
elementos (Gladwell, 2002). “O desaZio está  na identiZicação do desequilı́brio  (a necessidade) 
para que uma resposta possa ser prevista” (Perdigão, 2006).

  Em algumas situações, para que uma epidemia seja transmitida, certa pessoas são mais 
importantes  que  outras  existindo  assim  três  agentes  de  mudanças:  O  poder  do  contexto 
referido até então, a Regra dos Eleitos e o Factor Fixação.

  Relativamente  à  Regra  dos  Eleitos,  qualquer  tipo  de  epidemia  depende  muito  do 
envolvimento  de  pessoas  dotadas  de  um  conjunto  raro  e  particular  de  talentos  sociais 
(Gladwell  2005).  Isto  faz  com  que  a  mesma  ideia  passada  boca  a  boca  por  duas  pessoas, 
tenham efeitos diferentes sobre as sociedades.

  Na  classiZicação  feita  por  Gladwell  (2002),  existem  três  agentes  transmissores: 
Conectores, Mavens, Vendedores Natos. Os conectores são pessoas que nos põem em contacto 
com o mundo, os que nos apresentam novidades,  os que compõem o nosso cı́rculo social. São 
pessoas  que  simplesmente  conhecem  muita  gente  ocupando  muitos  mundos,  subculturas  e 
cı́rculos  sociais  diferentes.  Estes  indivı́duos  são  bem  relacionados  em  vários  cı́rculos 
proZissionais  diferentes  e  os  seus  relacionamentos  englobam  pessoas  com  amplo  poder  de 
inZluência  no  respectivo  cı́rculo  (Oliveira,  2006).  DeZinidos  por  uma  combinação  de 
curiosidade,  conZiança  em  si  mesmos,  sociabilidade  e  energia,  essas  pessoas  encontram  em 
tudo  uma  possibilidade  ‐  os  conectores  são  os  precursores  das  epidemias.  São  eles  quem 
fazem  o  word‐of‐mouth,  repassam a  mensagem,  fazendo  com  que  ela  se  propague  a grande 
velocidade.  “Para  difundir  as  tendências  é   preciso  possuir  um  conjunto  de  competências 
sociais diferentes. A pessoa que difunde uma tendência é  alguém que é muito auto‐consciente 
do seu papel social e ocupa um lugar privilegiado  e especı́Zico  na sua rede social” (Gladwell  ,
2005).

  O  que  acontece  com  os comunicadores  é  que  estando  em  tantos  mundos  conseguem 
juntá‐los  e  outros  dependem  deles  para entrar  em  mundos  a  que  não  pertencem.  Isto  quer 
dizer  que os  conectores  são  as  pessoas  mais  importantes  numa  epidemia social  porque,  na 
maioria  dos  casos,  são  eles  que  descobrem  as  novidades.  E^  bastante  visı́vel  a  utilidade  dos 

42
conectores  na  disseminação  de  uma  ideia  (Oliveira,  2006)  ‐  o  caso  dos  fashion  bloggers.  O 
segundo  agente  para  difusão  de  uma  tendência  é  o  Maven  (conhecedor).  E^  quem  acumula 
informações,  quem  tem  curiosidade  e  interesse  em  tudo  ao  seu  redor  sendo  eles  que  têm 
maior probabilidade de se encontrar com a novidade por casualidade, uma vez  que possuem 
uma elevada versatilidade nas suas relações.  A caracterı́stica mais importante de um maven é 
a sua forma de comunicação uma vez que são inZluenciadores especı́Zicos para aquela ideia, ao 
contrário dos conectores (Oliveira, 2006) sendo bem mais inZluentes em determinado tema.

  Em  toda  a  epidemia  social  os  mavens  são  como  um  banco  de  dados,  são  os  que 
fornecem  a  informação  existindo  aqueles  que  se  especializam  em  pessoas  e  outros  em 
informação  (Gladweel,  2002).  Além destes  dois  existe  outro  grupo  que  representam 17% da 
população  mundial,  que são  os Vendedores  Natos.  Estes  são  encarregados  de nos  persuadir 
quando  não  estamos  convencidos.  Um  Vendedor  Nato  possui  um  carisma  que  consegue 
convencer qualquer um  sobre o que quer  seja  que argumente.  Este indivı́duo  é  quem detém 
inZluência suZiciente para disseminar uma ideia sem o uso forçado de seu poder de persuasão 
(Oliveira  2006).  São  pessoas  com  uma  energia especial,  com  entusiasmo  e  que querem  que 
todas  as  pessoas  concordem com  eles.  Os  psicólogos  chamam essas pessoas  de “emissores”, 
são  pessoas  capazes  de  expressar  muito  bem  as  suas  emoções  e  sentimentos  (Sarabach, 
2006).  “A  epidemia  consegue  atingir  um  número  muito  elevado  de  pessoas  através  de  um 
processo muito rápido e intenso, fazendo com que um pensamento seja implantado na cabeça 
dos  infectados  com  a  informação.  Através  de suas  habilidades  os  comunicadores,  mavens e 
vendedores  conseguem  transmitir  muito  bem  o  que  querem  dizer,  de  forma  a  que  o  outro 
ache interessante  e relevante  a ponto  de continuar  a  propagar  esta  informação  que  por  sua 
vez  também   precisa  de  agrupar  caracterı́sticas  especı́Zicas  para  a  propagação  e  Zixação  na 
mente das redes sociais envolvidas na disseminação” (Krolow, 2007).

  Quando se pesquisa tendências, é a este mundo que se tem de estar atento, saber quem 
são  os  agentes  e  analisá‐los  directamente  no  seu  ambiente,  para  encontrar  as  informações 
necessárias com maior rapidez e eZicácia.

  O  Factor  Fixação  no  momento  em  que  as  coisas  se  desequilibram  é   importante  pois 
tem  implicações  na  forma  de se  estudar  as  epidemias.  As  empresas  perdem  muito  tempo  a 
pensar  em  como  tornar  as  suas  mensagens  mais  contagiantes  e  virais,  atingindo  o  maior 
número  de  pessoas,  difundindo  os  seus  produtos  e  ideias  mas,  quase  sempre  o  difı́cil  na 
comunicação é  descobrir como ter a certeza de que a mensagem não vai passar despercebida 
Gladwell (2002). A  Zixação signiZica que a mensagem foi percebida e que por alguma razão as 
pessoas  não  a  conseguem  esquecer.  Um  exemplo  disso  são  os  jingles  e  slogan  de  algumas 
empresas ou marcas, que acabam por se tornar referência para todos.

43
  O Factor de Fixação informa que existem formas especiZicas de tornar uma mensagem 
contagiante. Existem diferenças na apresentação e na estrutura de informações que as dotam 
de maior ou menor impacto e Gladwell aZirma que, nas epidemias, o mensageiro é importante: 
é  ele  que  faz  com  que  a  sugestão  se  espalhe,  mas  o  conteúdo  da  mensagem  também  é 
importante.  A  qualidade  especı́Zica  necessária  para  o  sucesso  da  mensagem  é  a  “Zixação” 
Gladwell (2002). A eZicácia da mensagem depende tanto da estrutura quanto do seu conteúdo 
e forma. Godin (2005), considera que, para fazer com que uma ideia se propague é  necessário 
que ela seja de fácil compreensão  para todos aqueles que vão receber esta informação, e que 
ao recebê‐la o desejo de a propagar e partilhar aconteça.

44
Capítulo III ‐ Design metodológico

  A  metodologia  de  investigação  a  ser  utilizada  no  desenvolvimento  da  presente 


dissertação  pretende  ser  a  seguinte:  o  enquadramento  teórico  e  conceptual  /  revisão  da 
literatura  construı́do  em  torno  da  problemática  da  competitividade,  inovação  e  estratégia 
empresarial,  cool  hunting e a caracterização  do  sector,  teve  por  base uma  extensa  pesquisa 
bibliográZica num esforço de investigação  e de posterior análise de livros,  artigos de revistas 
cientı́Zicas  e  de  publicações  electrónicas  disponı́veis  em  diversas  fontes  de  informação;  a 
caracterização  e análise dos  aspectos  estruturais do  sector da moda, resulta, não  só,  de uma 
ampla  pesquisa  bibliográZica  mas,  sobretudo,  do  conhecimento  que  se  tem  do  sector, 
resultante  não  só  de  experiência  própria  como  essencialmente  da  transmissão  de 
conhecimentos  de  algumas  pessoas com  experiências  proZissionais de  vários  anos  no  sector 
em  questão.  As  metodologias  de coolhunting  já   existentes  por parte  de players  no  mercado, 
constam no estado da arte e resultam particularmente da experiência de consultoras na área e 
de um painel de especialistas que faz do coolhunting a sua actividade.

  Em termos  metodológicos  práticos em  que o  objectivo  do  presente estudo  visa obter 


um  modelo  consensual  na  prática  do  coolhunting,  recorreu‐se  à  aplicação  da  metodologia 
Delphi  para que o mesmo  possa ser validado  por especialistas na área.  Utilizou‐se um  painel 
de especialistas  em determinada área de conhecimento,  os  quais  respondem  a  uma  série  de 
questões  de  natureza  previsional  sobre  o  futuro  das  áreas  em  estudo.  Esta  metodologia 
baseia‐se  em  inquéritos  estruturados  e  utiliza  informação  com  origem  nessas  respostas, 
dependentes da experiência e conhecimentos dos participantes.

  Em termos metodológicos, serão seguidas as seguintes etapas de forma cronológica:

  Etapa  I  ‐  VeriZicação  do  estado  da  arte:  foram  consultados  e  utilizados  dados  e 
estatı́sticas fornecidos por agências de pesquisa de tendências credenciadas a nı́vel mundial, 
bem como dados secundários resultantes de pesquisas sobre os sectores de actividade em que 
a população da amostra se insere. Houve ainda a necessidade de se efectuar a comparação de 
várias  formas  de  pesquisa  de  tendências  tradicionais  com  o  CoolHunting,  abordando  a 
temática  das  Tendências,  como  surgem,  qual  o  impacto  que têm  e de  que  forma  podem ser 
utilizadas  para  a  criação  de  valor  e  geração  de  inovação;  análise  e  comparação  de 
metodologias diferentes entre duas agências de pesquisa de tendências através de resultados 
provenientes  de  entrevistas  estruturadas  e  conhecimento  pessoal  sobre  as  mesmas  ‐  AYR 
Consulting e Future Concept Lab.

  Etapa II ‐ Numa segunda etapa,  foi levada avante um tipo de pesquisa exploratória em 
que  os  modelos  de  pesquisa  se  subdividem  em  dados  secundários  externos.  Os  dados 
secundários  externos por sua  vez  visam  obter  informações  sobre  a  actividade  do  sector em 

45
estudo  ‐ sector da moda ‐   evolução  da moda ao longo do tempo,  a evolução das tendências e 
do  coolhunting,  o  aumento  da  competitividade  provocada  em  parte  pela  globalização  e 
consequentemente  numa  diminuição  do  ciclo  de  vida  dos  produtos  e  comportamento  do 
consumidor  que  requer  uma  mudança  estratégica  e  operacional  para  as  empresas  deste 
sector e ainda saber as diferentes metodologias mais tradicionais utilizadas pelo sector em si 
na pesquisa de tendências.  Com este tipo  de  pesquisa  torna‐se facilitada a análise macro  do 
sector deixando espaço para o estudo mais aprofundado a nı́vel micro, numa terceira fase.

  Etapa  III ‐ Numa terceira e última fase,  foi  colocado  em prática o  método Delphi,    que 


utilizou painéis de especialistas,  sendo a lógica para tal apresentada de forma muito clara por 
Gordon  (2003):  O  seu  raciocı́nio  incidia  sobre  o  facto  dos  especialistas,  principalmente 
quando  estão  de  acordo,  terem  maior  probabilidade  de  estarem  correctos  relativamente  a 
questões do seu campo de especialidade do que os não especialistas. Este tipo de metodologia 
apela  à   intuição  dos  participantes  e  ao  seu  posicionamento  face  a  questões  incertas, 
caracterizadas  por  informação  limitada,  sendo  interactivo  no  sentido  em  que  organiza  a 
partilha das respostas e o  feedback entre os participantes nas sucessivas rondas, fomentando 
a  aprendizagem  mútua.  Implica  a  garantia  do  anonimato  das  respostas,  facilitando  quer  a 
manutenção  de  respostas  excêntricas  face  ao  processo  de  construção  de  consensos  quer  a 
mudança  de  opinião  entre  rondas.  Implica  a  não‐confrontação  face‐a‐face,  permitindo 
eliminar as pressões que os participantes poderiam ter nesse tipo de confrontação. Apresenta 
resultados qualitativos sob a forma de relatórios / conclusões e quantitativos (probabilidades 
subjectivas, médias, medianas, entre outras.). Engloba ainda elementos exploratórios , assenta 
no posicionamento  de peritos  face a statements em contexto  de incerteza e na elaboração  de 
previsões  subjectivas.  E^  potenciado  pela  ideia  de  que  o  futuro  pode  ser  “moldado”  / 
”construı́do”,  princı́pio  de  base da  Prospectiva,  tentando  utilizar  a  força  de “self‐fulMilling” e 
“self‐destruction”  da  antecipação,  salientando  como  decorre  aliás,  de  outros  princı́pios,  os 
processos psicológicos envolvidos na comunicação em detrimento dos modelos matemáticos.

3.1. Aplicação do Método Delphi

  Como  referido  anteriormente na metodologia da  presente  tese,  o  método  Delphi  junta 


um  painel  de  especialistas  para  obter  os  seus  conhecimentos  quer  teóricos  quer  práticos 
sobre  determinados  temas  entre  eles  o  Coolhunting  de  forma  a  que  na  segunda  e  terceira 
ronda  se  produzam  insights  valiosos  para  a  concepção  de  um  modelo  uniformizado  que 
traduza  e  valorize  o  Coolhunting  como  uma  verdadeira  metodologia  de  pesquisa  de 
tendências  e uma ferramenta  de apoio  à  gestão da inovação  aplicado  ao sector em questão ‐ 
Moda. O esquema seguinte mostra a sequência lógica de todo o processo.

46
Figura 2 ‐  Processo relativo ao método Delphi

  No quadro seguinte encontra‐se sumariado os principais itens a ter conhecimento sobre 
o  método  aplicado  e  no  Apêndice  1  encontra‐se  o  questionário  relativo  ao  pré‐teste  da 
primeira ronda do método Delphi. 

47
Localização 
Foco Rondas Número da amostra geográZica dos 
participantes
Desenvolviment Pré‐teste, 16 Experts de vários ramos de  Os participantes 
o de um método  Ronda I,  actividade resultando numa  encontram‐se 
de pesquisa de  Ronda II,  amostra heterogénea com  localizados 
tendências com  Ronda III e resultados e opiniões diversiZicadas  geograZicamente por 
base no cool  Ronda IV  de forma a chegar a um consenso  todo o mundo, 
hunting com o  (ronda  (privacidade dos mesmos será  incluindo paı́ses 
objectivo de  extra Zinal) mantida em relatório até  como: Portugal, EUA, 
gerar inovação  Zinalização da elaboração da 3ª  Brasil, China, Itália, 
no sector da  ronda, após a qual serão divulgados  A^frica, Reino Unido e 
moda. com o consenso dos mesmos). Japão.

Modo de 
Nı́vel Expertise Outras considerações
interacção
Os participantes no 
Os pontos e  método delphi foram  Os questionários relativos ao método Delphi 
meios de  escolhidos tendo em conta  encontram‐se formulados no idioma Inglês 
interacção para  os critérios:  uma vez que grande parte dos participantes 
com os  Conhecimento vs  se encontram no estrangeiro e recorreu‐se à 
participantes  experiência ; Capacidade  lı́ngua universal de forma a que não se perca 
estão  vs vontade de participar  o signiZicado das questões com as traduções. 
disponı́veis  no estudo; tempo  Foi elaborado ainda um protocolo inicial 
através de  e‐ suZiciente disponı́vel para  para os participantes poderem veriZicar as 
mail, Skype ™ e  participar nas três rondas  guidelines da sua participação no estudo em 
telemóvel  do método delphi; e com  causa assim como a estrutura da primeira 
pessoal. atributos de comunicação  ronda do estudo Delphi ( Ver apêndice 1 ).
eZicazes.

Quadro 6 ‐  Sumário de considerações prévias da aplicação do método Delphi

3.2 Caracterização da amostra

  O método  Delphi  implica a constituição  de um grupo  de especialistas em determinada 


área do conhecimento, em que os mesmos respondem a uma série de questões sobre o futuro 
(de  natureza  previsional).  Baseia‐se  em  inquéritos  estruturados  em  que  posteriormente  a 
ideia passa por utilizar informação com origem nessas  respostas,  naturalmente dependentes 
da experiência e dos conhecimentos dos participantes. Esta dependência directa da qualidade 
e  da  quantidade  dos  conhecimentos  dos  participantes  torna  particularmente  relevante  e 
sensı́vel a escolha, motivação e acompanhamento  do painel de participantes. Os participantes 
no projecto Delphi são proZissionais que actuam na área de estudo  do tema em análise sendo 
os  peritos  escolhidos  tendo  em  conta  o  seu conhecimento,  sendo  que  eles  podem  recolher 
nova  informação  à   medida  que  as  rondas  vão  sendo  realizadas.  A  diversidade  dos 

48
participantes vai  desde proZissionais  que actuam na área das tendências aos proZissionais  na 
área da moda, as duas áreas fundamentais para o estudo em causa. 

  A personalização dos contactos entre o pesquisador e os participantes foi decisiva uma 
vez  que  a  personalização  foi  feita  através  da  entrega  pessoal  e  via  e‐mail  dos  formulários, 
tendo  sido  sempre claramente  explicado a cada um dos participantes  o  enquadramento e os 
objectivos  do estudo.  A  participação caracterizou‐se pela garantia  de anonimato  e pelo  facto 
dos  participantes  não  comunicarem  entre  si  durante  o  processo  de  resposta  aos 
questionários, sendo este o modo de se reduzir a inZluência dos participantes uns nos outros. 

  Para  esta  pesquisa,  optou‐se  então  por  obter  informações  de  vários  agentes 
inZluenciadores e experts na área do coolhunting.

  Passo a caracterizar brevemente a população em estudo na presente dissertação:

‐ Agências de pesquisa de tendências que utilizam o Cool Hunting: AYR Consulting 
e Future Concept Lab

‐ Painel de  especialistas nas áreas envolvidas em estudo, nomeadamente  Moda, 


Tendências,  Cool  Hunting:  Pessoas  individuais  que  levam  o  cool  hunting  como 
actividade  proZissional  e/ou  académica  localizados  em  vários  pontos  no  mundo  e 
actualmente no activo, que conZiguram o quadro seguinte.

Localização 
ID Experts Ocupação A^reas relacionadas
geográZica
Vice‐Presidente 
da Science of the 
Cool Hunting, Inovação, 
A1 Luis Rasquilha time ; Presidente  São Paulo
Tendências
da AYR 
Consulting
Founder & CEO 
Cool Hunting, Inovação, 
A2 Carl Rhode da Science of the  Holanda
Tendências
Time
Fashion Designer 
Cool Hunting, Inovação, 
A3 Salomé Areias & Consultora de  Portugal
Design, Tendências e Moda
Tendências
Cool Hunter para 
a Trend Hunter &  Cool Hunting, Inovação, 
A4 Miguel de Sousa Portugal
Science of the  Tendências
time
Senior Partner da  Cool Hunting, Inovação, 
A5 Eduardo Garcia Portugal
AYR Consulting Tendências, Publicidade
B1 Ayres Gonçalo Alfaiate Tendências e Moda Portugal

49
Localização 
ID Experts Ocupação A^reas relacionadas
geográZica
Fashion Designer 
Tendências, Moda, Design e  Londres & 
B2 Negarin Sadr & 
Empreendedorismo Suiça
Empreendedora
Relações Públicas 
C1 Marlo Saalmink Moda Dinamarca
em Moda
Designer 
C2 Clemens Auer Design e Tendências Austria
Industrial
Designer de 
Design, Criatividade, 
D1 Lorenzo Palmeri Produto e  Italy
Sociologia, 
Arquitecto
Presidente da Future Concept 
Sociólogo, 
Francesco  Lab, Sociologia, Antropologia,  Italy, São 
D2 escritor e 
Morace Cult Researching, EtnograZia,  Paulo
jornalista
Tendências
Cult Researcher  Sociologia, Antropologia, Cool 
D3 Paolo Ferrarini & Professor de  Hunting & Cult Researching,  Italy
Cool Hunting EtnograZia, Tendências, Moda
Sociologia, Antropologia, Cool 
Consultora na 
D4 Elena Marinoni Hunting, EtnograZia,  Italy
Trendwatching 
Tendências
Visual researcher  Sociologia, Antropologia, Cool 
Alessandro de 
D5 para Future  Hunting, EtnograZia,  China
Toni
Concept Lab Tendências
D6 Roberto Carosio Buyer na Alessi  Design, Tendências, Inovação Italy
Antropologia, Gestão,  Washington 
E1 Dr. Ishaq Ashfaq CEO of ICAF.org
Marketing, psicologia DC

Quadro 7: Participantes no método Delphi ‐ rondas I, II e III

    Procurou‐se  um  leque  de  especialistas  que  abrangesse  diversas  áreas  relacionadas 
com o  problema da presente dissertação.  Além de ser obviamente essencial a opinião  de um 
especialista  em  design  de  moda,  solicitaram‐se  igualmente  pontos  de  vista  sobre  a  moda 
aliados  a  áreas  como  o  Marketing e a  Economia,  tal  como à   pesquisa de tendências a Zim  de 
perceber  como  a  Moda  abraça  determinados  métodos  de  investigação  e  outras  áreas  de 
investigação  de  tendências  complementares.  O  contributo  de  sociólogos  e  antropólogos, 
especialistas  no  estudo  do  comportamento  humano  ao  longo  do  tempo  e  da  actualidade, 
conduziu  de  uma  certa  forma  a  linha  de  pensamento  sobre  a  questão  de  investigação.  Não 
deixa de ser da mesma forma extremamente importante a visão de Coolhunters jovens, tanto 

50
em  áreas  genéricas  como  na  moda,  e  de  alguns  especialistas  em  pesquisa  e  previsão  de 
tendências  ‐  Cult  Researchers.  As  suas  interpretações  sobre  a  leitura  dos  comportamentos 
sociais  e  movimentos  antropológicos  sobre  o  que  representam  em  termos  de  tendências  é 
uma  contribuição  imprescindı́vel  ao  estudo  das  tendências  e  de  metodologias  de  pesquisa. 
Ainda foram inseridos alguns proZissionais na área do Design uma vez que estes encontram‐se 
sempre na vanguarda das tendências e na observação do consumidor ao criar novos produtos. 

Figura 3: Representatividade da amostra em termos de localização geográZica

  Na  IV  ronda,  apenas  houve  a participação  de  9 elementos  do  painel  de  especialistas 
inicialmente  proposto,  uma  vez  que  foi  uma  ronda  considerada  extraordinária  e  sendo  o 
tempo um recurso escasso, não houve a possibilidade de obter maior feedback.
  Segue‐se  os participantes  da  IV  ronda que participaram  no  modelo  apresentado  uma 
vez  que  é  um painel  igualmente diversiZicado,  composto  por experts de  áreas transversais e 
complementares à área em estudo.

Localização 
ID Experts Ocupação A^reas relacionadas
geográZica
Fashion Designer 
Tendências, Moda, Design e  Londres & 
B2 Negarin Sadr & 
Empreendedorismo Suiça
Empreendedora

51
Localização 
ID Experts Ocupação A^reas relacionadas
geográZica
Relações Públicas 
C1 Marlo Saalmink Moda Dinamarca
em Moda
Designer 
C2 Clemens Auer Design e Tendências Austria
Industrial
Designer de 
Design, Criatividade, 
D1 Lorenzo Palmeri Produto e  Italy
Sociologia, 
Arquitecto
Presidente da Future Concept 
Sociólogo, 
Francesco  Lab, Sociologia, Antropologia,  Italy, São 
D2 escritor e 
Morace Cult Researching, EtnograZia,  Paulo
jornalista
Tendências
Sociologia, Antropologia, Cool 
Consultora na 
D4 Elena Marinoni Hunting, EtnograZia,  Italy
Trendwatching 
Tendências
Visual researcher  Sociologia, Antropologia, Cool 
Alessandro de 
D5 para Future  Hunting, EtnograZia,  China
Toni
Concept Lab Tendências
D6 Roberto Carosio Buyer na Alessi  Design, Tendências, Inovação Italy
Antropologia, Gestão,  Washington 
E1 Dr. Ishaq Ashfaq CEO of ICAF.org
Marketing, psicologia DC
Quadro 8: Participantes no método Delphi ‐ ronda IV

52
Capítulo IV ‐ Recolha e análise de dados

4.1. Análise do Pré‐teste 

  A  redacção  da  primeira versão  do questionário  revelou‐se uma  tarefa algo  complexa, 


conforme se procura ilustrar nas considerações que se seguem. Uma das diZiculdades sentidas 
situa‐se  ao  nı́vel  da  escolha e  operacionalização  das  variáveis  a  analisar.  A  preocupação  em 
conceber  um  modelo  de  análise  capaz  de  integrar  um  conjunto  de  variáveis  de  maior 
pertinência  para  a problemática  em  estudo,  obrigou  à  reformulação  de  algumas  matérias  e 
questões  constantes  do  guião  de  entrevista,  o  que,  dependendo  dos  casos,  se  traduziu  na 
alteração,  supressão ou inclusão de novas variáveis. Outra grande diZiculdade experimentada 
na preparação do questionário prende‐se com o facto  de o formulário ter sido elaborado  com 
o intuito de ser aplicado a indivı́duos de dois universos distintos ainda que complementares ‐ 
moda  e  tendências.  Estando  o  presente estudo  orientado  para  a  realização  de  comparações 
entre  amostras  de  populações  alvo  distintas  ‐  proZissionais  de  moda  e  pesquisadores  de 
tendências ‐ foi necessário construir um único formulário capaz de dar resposta ao problema, 
sem  esquecer,  todavia,  as  especiZicidades  dos  sujeitos  a  inquirir.  As  preocupações 
anteriormente  enunciadas  (entre  outras)  deram  lugar  a  um  questionário  algo  extenso  de 
respostas  abertas  focalizado  no  tema  coolhunting,  que  se  veio  a  revelar  não  totalmente 
ajustado  em  matéria  de conhecimento  de  alguns  proZissionais  na área  de moda  tornando‐se 
necessário  reajustar  o  mesmo  a  ambos  os  universos.  Efectivamente,  uma  das  crı́ticas 
apontadas  pelos  dois  inquiridos  no  pré‐teste,  um  de  cada  universo,  foi  a  extensão  do 
questionário.  Como se sabe,  o número exagerado de questões tende a dissuadir os inquiridos 
do  preenchimento  dos  questionários,  repercutindo‐se  desfavoravelmente  sobre  a  taxa  de 
resposta.  A isto acresce o  facto de o  número excessivo  de perguntas diZicultar o tratamento e 
análise dos dados,  com consequências óbvias ao  nı́vel do tempo  previsto para a conclusão do 
projecto  de  investigação.  Houve,  então,  que  equacionar  esta  realidade  no  contexto  da 
redacção  deZinitiva  do  questionário.  A  primeira  versão  do  questionário  foi  alvo  de  uma 
rigorosa revisão,  em  que se procurou reduzir o número de  questões  hipotéticas e genéricas, 
de  modo  a  evitar  reacções  imediatas  negativas  por  parte  dos  inquiridos.  Os  questionários 
usados no pré‐teste foram  analisados segundo  duas  perspectivas: conteúdo e distribuição  de 
respostas.

  Na óptica do conteúdo, pretendeu‐se que o formulário, ao abordar os diversos aspectos 
da problemática a inquirir, obedecesse aos critérios de clareza e rigor na apresentação. Neste 
ponto,  a  versão  provisória  foi  sujeita  a  algumas  alterações  no  entanto  em  termos  de 
instruções  sobre  o  modo  de  responder  a  determinadas  questões  não  foi  necessário  sofrer 
modiZicações uma vez que os participantes perceberam o exposto. Deu‐se uma nova redacção 
a determinados itens, para melhor se adequarem ao contexto ou amostras do alvo do estudo. 
53
Suprimiram‐se  ainda  algumas  questões  consideradas  excessivas,  tendo‐se  procurado 
substituir  por  outras  de maior  pertinência  para o  estudo  em questão,  tendo  sido  retirada a 
secção  ‘Future  Predictions’ de  forma a não  tornar  o  questionário  demasiado  extenso  e  para 
fazer  jus  ao  objectivo  da  ronda  I.  Os  itens  relacionados  com  ‘Future  Predictions’  foram 
recolocados  na Ronda II.  Em  termos  da distribuição  das respostas,  procurou‐se veriZicar em 
que  medida  as  perguntas  constantes  no  questionário  e  respectivas  opções  de  resposta 
suscitavam  nos  inquiridos  diferentes  reacções  e  tomadas  de  posição  ou,  pelo  contrário, 
levavam à  concentração das respostas. A reduzida dimensão da amostra usada no pré‐teste (2 
inquiridos), deveu‐se ao  facto de estes funcionarem  como representativos  de dois  universos, 
fazendo com que seja possı́vel uma triagem rápida do necessário e do acessório no pré‐teste. 
A  pequena  dimensão  da  amostra  de  pré‐teste,  bem  como  as  alterações  introduzidas  na 
primeira versão do  pré‐teste,  suscitou a realização de um novo pré‐teste já  reformulado para 
obter  um  feedback  rápido  sobre  as  alterações  efectuadas  para  se  poder  prosseguir  com  o 
mesmo e passar para a primeira ronda.  Pretendia‐se,  desta forma, auscultar a opinião  de um 
conjunto  de  pessoas  sobre  os  temas  em  estudo  de  forma  a  uniformizar  conceitos  para 
posteriormente,  numa segunda ronda se discutirem e pré‐  aprovarem modelos de pesquisa / 
previsões  futuras.  Para  obter  uma  reacção  mais  incisiva  e  imediata  por  parte  dos 
respondentes  ao  pré‐teste do  questionário,  procurou‐se que este fosse feito  na presença  da 
investigadora  para  poder  tomar  nota  de  diZiculdades  existentes  acompanhado  de  uma 
pequena  entrevista,  destinada  a  questionar  com  um  maior  detalhe  os  inquiridos  sobre 
algumas dúvidas, crı́ticas e sugestões a introduzir no instrumento de recolha de dados. 

  Na concepção do questionário revisto direccionado para a primeira ronda, o objectivo 
primordial  foi  tentar  uniformizar  os  conceitos  sobre  os  temas  em  estudo  por  parte  dos 
especialistas e perceber como  é  que os inquiridos, e de uma certa forma também as áreas de 
estudo,  interpretavam  certos  temas,  como  é  que  os  utilizavam  no  dia‐a‐dia  proZissional  e 
como é que concebiam e previam a evolução desses temas.

54
4.1.1. Análise das questões do pré‐teste 

Tema Questão Anotações pertinentes Reformulações


A questão em si não suscitou 
dúvida para os participantes, 
no entanto o participante na 
área da moda não estava  Não sofre alteração apesar 
familiarizado a 100% com o  das sugestões anotadas. No 
conceito. Sugeriu‐se que se  entanto, no caso das 
pusesse um pequeno  questões não se aplicarem 
glossário com algumas  à experiência do 
1 proZissional, existe a 
COOL HUNTING,  deZinições, no entanto não 
será uma opção viável uma  própria opção de 
TREND AND CULT 
vez que induziria a resposta  seleccionar no 
RESEARCHING
de alguns participantes e  questionário que a mesma 
portanto obterı́amos  não se aplica ou ainda que 
resultados potencialmente  desconhece a resposta ou a 
falaciosos pondo em causa o  possibilidade de não 
estudo em questão. desejar responder à 
questão.
2, 
Não surgiu nenhuma questão 
3,4,5,6,7,
que suscitasse dúvidas.
8,9
Algumas dúvidas quanto ao 
Sendo uma pergunta 
método em si, no entanto 
direccionada 
sendo uma pergunta 
DESIGN  nomeadamente para os 
10 especiZica para participantes 
THINKING designers e criativos, não 
da área, esta não se aplicava 
sofre alteração e mantém‐
aos participantes no pré‐
se no questionário.
teste.
11, 12,  Não surgiu nenhuma questão 
FASHION Não há alterações
13 que suscitasse dúvidas. 
Não surgiu nenhuma questão 
que suscitasse dúvidas. No  Acréscimo de uma questão 
INNOVATION  14, 15,  entanto surge aqui a  relacionada com a 
MANAGEMENT 16 necessidade de uniformizar  deZinição de inovação para 
mais um conceito, a  cada participante.
deZinição de inovação.
Devido a uma veriZicação do 
tempo que se demorou a 
FUTURE  17, 18,  responder ao questionário,  Questões reaplicadas na 
PREDICTIONS 19 cerca de 1h30m, considera‐ Ronda II.
se excessivas estas questões 
na primeira ronda.
Quadro 9 ‐ Análise das questões do pré‐teste

55
4.1.2. Reformulações no método de Delphi após análise do pré‐teste

  Conforme  referenciado  anteriormente,  houve  uma  reformulação  de  alguns  pontos  do 
pré‐teste,  nomeadamente  em  termos  de  estrutura.  Assim,  para  não  tornar  o  questionário 
demasiado  extenso,  redeZiniram‐se  algumas  questões  que  passaram  para  a  ronda  II  e  o 
questionário tornou‐se mais estruturado e organizado em termos de corrente de pensamento. 
Para a veriZicação do questionário deZinitivo de forma correcta estabeleceu‐se como objectivo 
para  a  primeira  ronda  uma  uniformização  de  deZinições  dos  participantes  em  relação  a 
conceitos  relacionados  com  os  temas  em  estudo  e  desenvolvimento,  bem  como  encontrar 
pontos convergentes e divergentes que pudessem ser integrados na Ronda II.

  O objectivo para Ronda II, baseia‐se na obtenção de previsões sobre os temas em estudo 
bem  como  a  validação  de  algumas  premissas  que  suportarão  o  potencial  modelo  Zinal  de 
pesquisa de tendências em estudo.

A  ronda  III,  foi  destinada  apenas  à  validação  das respostas  dos  participantes  podendo 
estes  modiZicar a sua  opinião  se  assim o  entendessem,  com  base no  feedback  que foi  sendo 
atribuı́do ao longo das rondas, uma vez que o método de Delphi é um método que em parte se 
baseia na opinião dos experts e sendo esta volátil e mutável, também as respostas dos mesmos 
o poderão e deverão ser se assim o considerassem.

4.2. Elaboração e análise intermédia da ronda I

Análise da ronda por temas

  Cool hunting, tendências e Cult Researching : Na deZinição  de coolhunting,  houve um 


consenso  e  pode  ser  deZinido  como  a  observação  e  validação  das  tendências  actuais  ao 
analisar  certos  movimentos  sociais.  No  entanto,  sobre  o  previsão  de  tendências,  houve 
principalmente duas opiniões fortes: A primeira aZirma que um coolhunter não pode prever as 
tendências,  porque não têm uma sólida formação académica para o fazer e o segundo parecer 
foi  de  que  qualquer  coolhunter  é  capaz  para  identiZicar  determinados  padrões  que  podem 
levar a uma potencial tendência futura.

  Sobre os Coolhunters, foi estabelecido um perZil geral do que um coolhunter deve ser:

  ‐ Ser apaixonado por tendências e pessoas;

  ‐ Ter espı́rito empreendedor;

  ‐ Seja ousado e pro‐activo/a;

  ‐ Estar relacionado com as ciências sociais quando se trata da formação académica;

  ‐ Ter um pensamento de designer na solução de problemas;

  ‐ Ter boas habilidades fotográZicas;

56
  Houve apenas  um item que os participantes divergiram quando  se trata de deZinir um 
perZil  de coolhunter: ser ou não ser uma pessoa social.  Uns defendem que ser  social  permite 
que  o  coolhunter  entenda  melhor  a  maneira  como  as  pessoas  se  comportam  e  outros 
defendem  que  uma  pessoa  não  social  é   muito  mais  hábil  para  observar  os  outros  no  seu 
ambiente  sem  interagir  e,  portanto,  tem  muito  mais  informação  válida  quando  efectua  uma 
pesquisa.

  Sobre  o  assunto  para  iniciar  um  projecto  de  coolhunting,  os  principais  passos  foram 
diversos  mas complementares,  em  vez  de  divergentes.  Na segunda  ronda,  será  pedido  para 
analisar  um  modelo  de  metodologia  potencial  em  que  os  participantes  serão  convidados  a 
analisar e dar feedback sobre o assunto com base nas outras respostas sobre este tema.

  Design  Thinking  :  Neste campo,  foi  respondido  que o  Design  Thinking,  não  só  é  um 
excelente método para complementar a investigação coolhunting como é  a sua própria base e 
a base para a inovação em qualquer empresa, serviço, processo e produto.

  As etapas da metodologia Design Thinking dividem‐se por sete etapas:

  1 ‐ DeZinir / BrieZing;

  2 ‐ Investigação / background;

  3 ‐ idealizar / Gerar soluções;

  4 ‐ Protótipo / resolver;

  5 ‐ Select / Fundamentação;

  6 ‐ Implementar / Entrega;

  7 ‐ Aprender / Obter feedback.

  Moda:  Na  moda,  a  maioria  dos  participantes  concorda  que  o  coolhunting  esteve 
sempre  ligada  à  moda,  na  verdade,  foi  na  moda  que  nasceu  e,  assim,  como  sempre  foi 
adoptado  como  um método  para pesquisa de tendências  e fads.  Além disso,  os participantes 
concordam  que  os  blogs  de  moda,  hoje  em  dia,  têm  um  poder  real  forte  e  forte  inZluência 
quando  se trata da comunicação de   marcas e relações públicas.  Na verdade,  os participantes 
concordam no  sentido de que os blogs têm uma taxa mais elevada de inZluência e conseguem 
divulgar  melhor  e  mais  eZicazmente  a  marca  do  que  qualquer  outro  canal  de  marketing, 
depois das celebridades.

  Sobre  o  futuro  da  pesquisa  de  moda,  os  participantes  têm  a  opinião  que  os  paı́ses 
emergentes  têm   um  potencial  muito  para  colocar  em  prática  o  coolhunting  e  métodos 
semelhantes e, por outro lado, inspirar a cultura ocidental.

Gestão da Inovação: No que respeita ao item de inovação, é  o mais difı́cil e divergente 
quando  se  trata  de  providenciar  um  consenso.  Existem  duas  posições  principais  sobre esta 
57
temática:  Uma delas  é  que  para traduzir  a pesquisa  de um coolhunting  numa ferramenta  de 
inovação,  requer proZissionais  capazes de  o  fazer e não  um coolhunter uma vez  que não tem 
capacidade de o  fazer nem é  da sua competência.  A  segunda posição baseia‐se nas premissas 
de que as tendências descobertas por coolhunters têm de se transformar em inovação através 
de processos reais e posteriormente há que adaptá‐las à realidade de cada empresa.

Notaram‐se algumas questões pertinentes ao longo da análise da primeira ronda que são 
passı́veis de ser evidenciadas, mesmo antes da análise geral das três rondas nomeadamente o 
facto de determinadas opiniões dos experts diferirem ligeiramente em relação ao local onde se 
encontram a viver permanentemente, bem como em relação à  experiência ( antiguidade ) que 
mantêm  no  campo;    ainda  de  evidenciar  que  os  experts  mais  ligados  à  vida  académica 
possuem conhecimentos metodológicos mais bem deZinidos em relação aos proZissionais sem 
contacto com o mundo académico. 

4.3. Elaboração e análise intermédia da ronda II

  Conforme  referido  anteriormente,  a  ronda  II  teve  o  propósito  primário  de  veriZicar  e 
proceder  à  análise  das  previsões  dos  experts  relativamente  ao  futuro  do  coolhunting  e 
metodologias  associadas.  O modelo  provisório  foi  apenas sustentado  em  algumas  premissas 
retiradas da análise  das  respostas  da Ronda I, baseando  e criando  um workMlow da potencial 
metodologia para análise critica estruturada pelos participantes e adequação posterior numa 
fase mais avançada do estudo.

58
Tema Questão Análise
Sobre esta matéria,  e,  em geral,  os  participantes entraram em um 
consenso  sobre  o  futuro  do  cool  hunting  e  os  futuros  players  e 
trend‐setters. Desde a moda ao cool hunting tendem a tornar o cool 
hunting uma prática comum entre as  pessoas comuns, no  entanto, 
existem  uma  série  de  preocupações  sobre  a  globalização  do  cool 
hunting e o facto de este deixar de ser uma actividade exclusiva de 
alguns  proZissionais.  A  validade  dos  dados  recolhidos  podem  ser 
inconclusiva devido  ao  facto  de  que quando  ele  se  transforma em 
dados  digitais  que  toda  a  gente  possa  modiZicar  a  informação 
recolhida  de  acordo  com  o  que  cada  pessoa  pensa.  Portanto,  os 
participantes propõem que, em cada metodologia  de cool hunting, 
o  cool  hunter  seja  o  responsável  e  principal  criador  de  todos  os 
dados  recolhidos,  incluindo  fotograZias,  registros  visuais  e 
relatórios gerados.
O  futuro  do  cool  hunter  é  algo  que  os  participantes  não 
conseguiram deZinir exactamente, mas sim levar as expectativas de 
que  o  mundo  digital  tem  muito  a  ver  com a  evolução  da  pesquisa 
de  tendências  e  o  principal  responsável  pela  propagação  de 
tendências  a nı́vel  mundial.  Dizem ainda também, que a internet e 
instrumentos digitais  podem  ser a melhor ferramenta para apoiar 
Future  1, 2 e 
uma investigação  de cool hunting  quando  se trata da validação de 
Predictions 3
certas  tendências  a  nı́vel  mundial  com  o  apoio  da  rede  de  cool 
hunters  mundial.  Quando  se  trata  de  tendências  e  os  respectivos 
players,  os  bloggers  são  os  deZinidores  de  tendências  principais. 
Eles desempenham um papel muito  importante nos dias de hoje e 
de acordo  com  os  participantes  continuarão  a  ter  essa função  na 
moda com um 'boom' de novos bloggers que surgirão.
Quanto  ao  cool  hunting  ser  o  trabalho  do  futuro  eles  realmente 
concordam,  mas tendem a misturá‐lo com o conceito do marketing 
afZiliate, especialmente quando um cool hunter se transforma num 
criador de tendências e negócios / marcas tendem a incorporá‐lo / 
a  em  um  novo  nı́vel  de  fazer  negócios  on‐line.  Em  geral,  os 
participantes acham que as empresas  não  conhecem  os  benefı́cios 
de cool  hunting mas a  razão  principal para isso  é  especialmente a 
falta  de cool‐hunters  ‘proZissionais’.  Pelo  contrário,  na  moda  cool 
hunting  é  praticamente  desenvolvido,  porém,  muito  focado  em 
ferramentas de previsão tradicionais.
Concordam ainda  que o  cool  hunting devesse ser  incorporado  em 
cursos  graduados  como  disciplinas  com  uma  componente  prática 
de  pesquisa  de  campo  para  poder  ter  uma  abordagem  prática  e 
bastante viável.

59
Tema Questão Análise
Na análise do modelo, geraram‐se algumas concordâncias e 
discordâncias mas em geral todos os participantes acabam por 
concordar com o modelo de work‐Mlow de pesquisa uma vez que 
evidenciaram que engloba pontos pertinentes que muitas agências 
4 têm falta e outras que possuem como pontos essenciais na sua 
Test Model  estratégia considerando muitos dos participantes que é o modelo 
Work‐Flow ‘ideal’ de pesquisa, acrescentando apenas alguns items que 
pudessem ser englobados no futuro, nomeadamente a divisão 
entre a aplicação do modelo a nı́vel virtual e pesquisa de campo. 
Não houve grande adição de ideias ao já exposto nas respectivas 
5 questões que pudessem inZluenciar o estudo de forma positiva e / 
ou negativa.

Quadro 10 ‐ Análise intermédia da ronda II
4.4. Elaboração e análise intermédia da ronda III 

  A  elaboração  da  ronda  III  (apêndice  IV)  visou  conZirmar  opiniões  e  posições 
relativamente ao  previamente exposto  nas  rondas  I  e II.  Apenas  é  constituı́da  por ‘questões’ 
de conZirmação de opiniões ou mudança das mesmas assim como a possibilidade de adição de 
opiniões que visem acrescentar valor à investigação em curso.

  Quanto  à  análise  da  ronda  III,  não  houve  grande  modiZicação  de  opiniões  que 
divergissem  das  conclusões  Zinais  pelo  que  se  tornam  irrelevantes  em  termos  de  análise  e 
acréscimo de valor ao estudo em causa.

4.5. Elaboração e análise intermédia da ronda IV

  A Ronda IV não se encontrava inicialmente prevista no estudo. No entanto, veriZicou‐se 
que para o estudo em causa seria relevante que os participantes tivessem uma última opinião 
sobre o  modelo criado com base no feedback que foram fornecendo  ao longo das três  rondas 
antecedentes.  Desta  forma,  e  uma  vez  que  o  tempo  para  elaboração  da  ronda  IV  e 
preenchimento  por  parte  dos  participantes  dos  questionários  foi  escasso,  criou‐se  um  meio 
alternativo  ‐  utilização  do  skype™ 2 ‐  para  que  se  pudesse  explicar  o  modelo  criado  aos 
participantes de forma mais directa e realista e assim,  através do formulário da ronda IV(ver 
apêndice,  obter  o  máximo  de  respostas  possı́veis  que  obteve  uma  taxa  de  sucesso 
relativamente positiva em que nove participantes, num total de desasseeis, participaram.
  Em  relação  ao  feedback  obtido,  todos  os  participantes  sem excepção,  se mantiveram 
interessados em futuros desenvolvimentos do  modelo,  considerando  que pode ser  o  modelo 
criado  até  hoje que  melhor  uniformiza o  que  de  melhor  é  feito  actualmente  conjuntamente 
com a implementação dos resultados obtidos da pesquisa na criação de inovação com recurso 

2 Aplicação Voip e software de web‐conference da Microsoft ®

60
a  técnicas  criativas  com  base  em  estratégias  de  Design  Thinking.  E^  ainda  de  destacar  que 
houve um feedback  extremamente positivo com o  factor diferenciador do modelo  em relação 
a  qualquer  modelo  já  existente,  a fórmula  que permite a avaliação  da  qualidade  do  modelo 
implementado.
  Como  sugestão  dos  participantes,  o  ideal seria que a fórmula pudesse ser  analisada e 
posta em prática por um organismo exterior que regulamentasse a actividade do coolhunter e 
não  o  próprio  coolhunter,  dado  que  o  mesmo  possa  ser  tendencioso  na  auto‐análise.  No 
entanto,  a própria  ideia  é  contraposta  uma  vez  que  regulamentar  a  actividade  de  todos  os 
coolhunters será  ‘missão impossı́vel’ pelo  que a solução  ideal passa pela adopção de agências 
já  no  mercado  da  fórmula  em  questão,  no  que  toca  à  avaliação  da  qualidade  dos  seus 
projectos.
  Houve ainda um grande interesse e pedido por parte dos participantes: a realização de 
um paper para consulta posterior pelos mesmos, sobre o modelo desenvolvido W6 ©.
4.6. Análise geral das rondas I, II, III e IV

  Os  modelos  dos  questionários  das  quatro  rondas  do  instrumento  Delphi  são 
disponibilizados  em  apêndice.  Os  questionários  foram  desenvolvidos  tendo  em  conta  as 
questões de pesquisa da presente tese e foram alvo de revisão após o lançamento do pré‐teste 
conforme  previamente  analisado.  O  propósito  do  pré‐teste  visa  melhorar  as  questões,  o 
formato do questionário e adequar o mesmo aos participantes e disponibilidade dos mesmos. 
Os  questionários  da  ronda  2  e  3  foram  desenvolvidos  após  a  análise  da  respectiva  fase 
antecedente,  orientando  a  pesquisa  para  um  rumo  cada  vez  mais  focalizado  no  problema 
principal.

  Foi  elaborada  ainda  uma  ronda extra ‐  IV  Ronda  ‐  com  o  propósito  de  validação  do 
modelo Zinal criado, que apenas contou com a participação de nove participantes uma vez que 
o  tempo  disponı́vel  pelos  restantes  participantes  era  escasso  para  poderem  participar 
activamente na ronda extra criada.

  No  que toca  à  validade  dos  instrumentos  e  das informações  obtidas,  pode‐se  aZirmar 
que estas contêm um grau de validade aceitável uma vez que não só provém  directamente dos 
participantes como  também as próprias questões  visam medir e responder ao que o  próprio 
instrumento se propõe a ‘medir’ / validar. 

  Quanto  à  questão  da conZidencialidade, as  respostas ao  método Delphi  foram tratadas 


com o máximo de conZidencialidade possı́vel.

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Capítulo V ‐ Proposta de modelo de pesquisa de tendências

5.1. Premissas base de suporte ao modelo

  O  estudo  realizado  através  da  utilização  do  método  Delphi  permitiu  compreender  as 
opiniões  de  vários  experts  de  áreas  multidisciplinares.  Tendo  já  sido  caracterizado 
previamente o perZil de um coolhunter, as suas qualidades e caracterı́sticas, torna‐se essencial 
agora utilizar da melhor  forma a  informação  recolhida,  na criação  de um modelo conceptual 
de  pesquisa  de  tendências  baseado  nesta  metodologia  e  com  um  objectivo  muito  prático  ‐ 
geração de inovação. 

  Chegou‐se  à  conclusão  também,  que  o  coolhunting  actualmente  é  praticado  por  uma 
linha  de  pensamento  condutora  das  actividades  da  maioria  destes  proZissionais  e  que  é 
adoptada de forma personalizada por cada um deles. 

  Nesse sentido, há  a necessidade de criar uma metodologia que não seja rı́gida,  dadas as 


caracterı́sticas  voláteis  da actividade em  si,  e  essencialmente processual  ‐    baseada  sim,  em 
etapas  e  passos  como  se  de  um  mapa  de  pesquisa  se  tratasse,  meramente  para  orientar  o 
coolhunter  na sua actividade  sem  deixar que a criatividade do  mesmo  e versatilidade sejam 
comprometidas  pelo  processo  metodológico,  sendo  que  o  sucesso  do  trabalho  depende  da 
competência do coolhunter e dos seus conhecimentos. 

5.2. Etapas processuais do modelo

  Assim optou‐se por  estruturar o método em  sete etapas e algumas destas estruturadas 


em  fases,  adequadas  a  duas  perspectivas  diferentes  :  a  de  uma  deZinição  metodológica  a 
implementar quando se pretende inovar num negócio já  existente e por outro lado, quando se 
pretende criar um potencial negócio que possua o factor cool.

  Numa perspectiva de inovação  de um negócio  já  existente e como  todas  as pesquisas a 


serem efectuadas  no  ramo da  moda,  inicialmente é  necessário  deZinir o  seguinte: a pesquisa 
da  marca  do  cliente,  deZinição  dos  objectivos  da  pesquisa,  selecção  dos  canais  de  pesquisa 
elaboração  do  roteiro  de  pesquisa,  o  trabalho  de  campo  (realização  da pesquisa),  análise e 
selecção  dos  dados  e por último  elaboração  da  entrega da  pesquisa  e  proposta  de inovação 
aos  clientes.  Cada  etapa  apresenta  objectivos  e  requisitos  de  implementação  diferentes  e 
encontra‐se subdividida em várias fases ou actividades que, no seu conjunto permitem que os 
objectivos globais sejam atingidos. 

  Numa perspectiva de inovação de um potencial negócio, torna‐se importante e essencial 
rumar ao campo da observação local e mundial, focalizando‐se nos valores e comportamentos 
sociais;  numa  segunda  fase  procede‐se  à  interpretação  sociológica  dos  mesmos  tendo 
presentes  macro‐tendências e micro‐tendências,  tendências  de design,  de  estética,  consumo, 
comunicação  e  distribuição.  Após  a  análise  da  informação  obtida  e  confrontada  com 
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informação  já  existente  quer  por  parte  de  agências,  de  coolhunters  independentes  ou  cult 
researchers,  torna‐se  necessário  deZinir  em  modo  laboratorial,  o  socio‐culturalismo  que  se 
vive,  ou o  também  chamado, zeitgeist do  momento.  Após  essa etapa,  segue‐se para a criação 
do  conceito  ou  ideia  de  negócio  e  o  respectivo  target  para  só   depois  se  passar  para  um 
planeamento estratégico arquitectado com vista à criação de um negócio inovador.

  No  entanto, a estrutura base permanece igual  para ambas as perspectivas, inspirada no 


modelo proposto e analisado pelo método delphi e também na melhor das condutas levadas a 
cabo pelas agências estudadas na presente dissertação. 

  O método  criado  para o  efeito,  o  W6  (WHAT, WHO,  WHERE,  WHEN,  WHY,  WOW) ainda 
que seja um modelo simples de se seguir e desenvolvido com base no investigado na presente 
tese,  pretende  ser  um referencial  para o  coolhunter tanto  na  pré‐fase  de pesquisa,  como  no 
trabalho  em  campo  e  ainda  na  aplicação  do  mesmo  à  realidade  corporativa.  O  modelo  é 
composto  e deZinido pelas etapas que se sucedem:

Figura 4 ‐ Modelo W6 © Todos os direitos reservados, Diana V. Carriço (2012)

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  WHAT

Esta etapa refere‐se à  deZinição do objecto de estudo em causa.  E^ necessário proceder‐


se a um planeamento  de cenário,  estudando  case  studies semelhantes na  área ou no negócio 
em  causa  que  possam  servir  de  inspiração.  Escolher  o  melhor  caso  e  o  pior  caso  da  área 
podem ajudar a desenvolver ideias e metodologias de trabalho para o negócio em causa. 

  Deve conter as informações básicas sobre a empresa,  produtos, público‐alvo, imagem da 
marca,  o  seu  histórico  e  propostas  de  valor.  E^  necessário  o  conhecimento  da  marca  para 
elaboração  da proposta de  pesquisa para realizá‐la  de maneira  mais  eZicaz,  uma vez  que  na 
hora  da  entrega  da  pesquisa  o  coolhunter  terá  que  adaptar  as  tendências  identiZicadas  ou 
validadas  à  realidade  da  empresa.  Conhecer  e  entender  o  consumidor  da  marca,  obter  um 
breve histórico sobre o produto em causa e o consumidor com suas principais caracterı́sticas 
é  imprescindı́vel,  para  saber  se  a  relação  entre  marca‐consumidor é  a mais  adequada.  Caso 
contrário,  o  coolhunter  poderá  dar  a  sugestão  de  uma  re‐orientação  de  público‐alvo  ou  de 
produtos direccionados ao público que gostariam de atingir. Depois destas informações deve‐
se  recolher  informações  sobre  a(s)  linha(s)  de  produtos  da  empresa;  caracterı́sticas  dos 
produtos e os  elementos  de diferenciação  da  marca (exemplo:  qualidade,  duração,  conforto, 
ergonomia, acabamento, valor agregado, familiaridade com o consumidor, entre outros). Estas 
informações  são  importantes  para  o  coolhunter  saber  o  tipo  de  produto  realizado  pela 
empresa  e  ter  veriZicar  se  o  público‐alvo  está   sintonizado  com  os  produtos  oferecidos  pela 
empresa.

  WHO

  Na  etapa  WHO,  é  essencial  uma  análise  macro  a  todos  os  agentes  envolvidos 
(coolhunters, agências, clientes, targets,entre outros), pontos de interacção (touchpoints) e de 
todos  os drivers  inZluentes  num  ambiente  macro  (ambiente cultural, económico,  civil,  social, 
politico,  tecnológico,  ambiental,  ético,  competitivo  e  os  chamados  ‘known  unkowns’ 3)  bem 
como  os grupos  inZluentes  e  relacionados  com  a propagação  de  tendências  nomeadamente: 
Jovens,  Designers,  Celebridades,  Artistas,  Culturas  e  tribos  alternativas,  Homossexuais, 
Classes  sociais  elevadas,  e  outras  subculturas  interessantes  e  com  style‐oriented  mindsets 
(VEJLGAARD, 2008). 

  WHERE

  A  etapa  WHERE,  refere‐se  à  deZinição  de  espaço/local  deZinido  para  a orientação  de 
pesquisa ‐ ofMline, online e de campo. 

3 Citação de Donald Rumsfeld: There are known knowns; there are things we know that we know. There are known unknowns; that
is to say there are things that, we now know we don't know. But there are also unknown unknowns – there are things we do not know,
we don't know.
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  Consiste em fazer uma análise dos canais de pesquisa escolhidos, observando‐os ofMline, 
online  e em  campo.  DeZinir horários  onde se poderá  encontrar o  foco da pesquisa,  anotar as 
ruas  e  locais  trendy.  Posteriormente,  será  então  realizada  a pesquisa  nos  canais  escolhidos 
pelo  coolhunter.  Estes  canais  serão  escolhidos  de  acordo  com  o  tipo  de  empresa,  tipo  de 
estudo  em  causa  e  budget  disponı́vel.  O  mapa  de  pesquisa  deverá   especiZicar  o  tipo  de 
pesquisa  em cada canal  e  também  o  tempo  de duração  da pesquisa,  mapeamento  do  local a 
ser estudado, websites importantes, entre outros recursos que sejam pertinentes.

  No  decorrer  desta  fase,  o  coolhunter  deve  observar  alguns  pontos  principais  como  o 
comportamento  da  subcultura,  padrões  de  acções,  traços  semelhante e traços  diferentes  no 
comportamento,  mas  também  na forma estética de  vestir,  possı́veis  mudanças  na sociedade 
através  de  sinais  pertinentes  como  o  vestuário,  alimentação,  bebida,  música,  assuntos  que 
fazem  parte das  suas  conversas,  atitudes  perante o  seu  grupo  e  a  sociedade  em  geral  ‐  um 
pouco um  género  de espionagem urbana sem ser um agente activo e baseando‐se numa fase 
inicial apenas na observação e registo. 

  Outras  formas  de  registo  são  a  fotograZia,  sendo  uma  óptima  maneira  de  retratar  os 
sinais  captados,  o  comportamento  e  atitude  dos  observados,  mantendo  informações 
relevantes  anotadas  e situações observadas (sempre com data e hora), “contar” a história do 
que  esta  a  observar  pode  auxiliar  na  hora  da  interpretação  dos  sinais  captados,  fazer 
desenhos,  escrever  músicas:  podem  auxiliar  na  elaboração  e  interpretação  das  futuras 
tendências,  recolher  de  materiais  que  possam  ser  úteis:  revistas,  cartazes,  materiais  que 
possam auxiliar a interpretação das futuras tendências. A escolha dos materiais de recolha de 
informação  depende  também  em  muito  do  próprio  perZil  do  coolhunter  (designer,  músico, 
gestor,  fotógrafo, entre outros). Apenas  será  aceitável, do  ponto  de vista metodológico numa 
pesquisa  de  coolhunting,  a  interacção  do  próprio  com  os  observados,  caso  o  estudo  em 
questão  necessite  de  uma conZirmação  oZicial  de determinados  insights obtidos,  de forma a 
nunca  comprometer uma  metodologia  que  tem como  objectivo  não  ser intrusiva e portanto 
não deixar de obter informações mais reais e concretas que tanto caracterizam o coolhunting.

  WHEN 

  Na etapa WHEN é deZinido o espaço temporal de acção em que o projecto se insere, são 
determinados  os  deadlines  do  projecto  Zinal,  bem  como  o  espaço  temporal  de  interesse em 
termos  de utilização  de certas  tendências em  que normalmente se utiliza o  espaço  de  acção 
contemporâneo.  No  entanto,  para  alguns  casos é  necessário  remontar a tendências  que  já  se 
encontram inseridas na sociedade há mais tempo. A boa deZinição da etapa WHEN é  essencial 
uma  vez  que  quanto  mais  disperso  no  espaço  temporal  a  pesquisa  se  enquadrar,  menor  a 
qualidade da pesquisa em si.  Deve haver um foco na época mais relevante para o estudo em 
causa, de forma a serem produzidos insights e conteúdos de interesse.
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  WHY

Na etapa WHY, o coolhunter deve fazer uma selecção dos sinais que realmente poderão 
inZluenciar  futuras  tendências  e  fazer  uma análise  dos  mesmos  criando  assim  uma  base  de 
dados.  A  interpretação destes  sinais é   provavelmente a fase mais importante da pesquisa.  A 
primeira  fase  é   a  selecção,  e  esta  deve  ser  feita  porque  durante  a  pesquisa  são  recolhidos 
muitos  dados,  mas  nem  todos  poderão  contribuir  para  a  antecipação/previsão  ou 
conZirmação  de  actuais  tendências.  Nesta  fase  o  coolhunter  deve  reunir  todos  os  dados 
recolhidos  nas  suas  pesquisas  e  fazer  uma  análise  de  quais  são  os  mais  adequados  e 
importantes  para  o  caso  de  cada  cliente  e  fazer  uma  montagem  dos  sinais  encontrados  na 
pesquisa. Na segunda fase, o coolhunter deverá  utilizar o material seleccionado e interpretá‐lo 
para  logo  após  iniciar  a  montagem  da  entrega  da  pesquisa  ao  cliente.  Deve‐se  escrever  e 
arquivar  informação  sobre  os  sinais  captados  mais  importantes  e  que  podem  marcar 
possı́veis  mudanças  em  certos  sectores,  mas  também  concretizar  uma  completa  análise  e 
interpretação  destes mesmos sinais e confrontá‐los com as  tendências,  chegando à  conclusão 
de quais inZluenciarão o mercado de forma mais signiZicativa. 

  Aqui  o  coolhunter utilizará  a  selecção feita e  com  ela deve  escolher o  que irá  propor a 


empresa.  Este  trabalho  de  interpretação  é,  portanto,  indispensável  e  no  momento  da 
interpretação  o  coolhunter  deve  conseguir  fazer  a  distinção  entre  uma  fad  (fenómeno 
temporário  e  superZicial)  e  uma  tendência  (normalmente  associado  a  expressões  de 
mudanças mais profundas). As tendências a serem analisadas e inseridas no estudo devem ser 
tanto macro (económicas, sociais, polı́ticas etc.) como micro (estética, comunicação, consumo, 
distribuição e design).

  WOW

  O  Ponto  WOW  é  o  responsável  pela  criação  de  inovação  ‐  o  chamado  factor  cool  do 
negócio.  Sendo  este  um  dos  pontos  principais  pela  diferenciação  deste  método  e  tão 
caracterı́stico do coolhunting, é subdividido nas várias etapas que se apresentam de seguida:

  WOW1 ‐ Incubadora de ideias

Nesta  etapa,  é  feita  uma  primeira  observação  de  sinais  previamente  seleccionados 
como  sendo  os  mais  importantes  para  o  caso.  O investigador  /  coolhunter,  faz  as  primeiras 
interrogações sobre o que poderá  ser interessante desenvolver, gerando as primeiras ideias e 
sketches.  E^  ainda  uma  fase  para o  coolhunter  pôr  a  sua  própria  intuição  em funcionamento, 
uma  vez  que  o  processo  de  coolhunting  permite  o  coolhunter  actuar  de  acordo  com  a  sua 
experiência  e  intuição  sendo  também  esses  factores  essenciais  e  de  acréscimo  de  valor  à 
própria  pesquisa.  Após  a  geração  de  ideias  /  brainstorming  aparece  a  fundamentação  das 
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mesmas,  isto é,  a selecção  das melhores  e das que são  realmente inovadoras  para o projecto 
em causa. 

  WOW2 ‐ Prototipagem

  Nesta  segunda  etapa,  o  objectivo  é  colocar  em  prática  as  ideias  geradas  na  etapa 
anterior ‐ a prototipagem das mesmas. As técnicas que podem ser utilizadas neste ponto como 
auxı́lio à implementação‐teste das ideias, são as seguintes: 

‐ Contextual interviews: em determinados casos apenas, em que o projecto requeira um 
aprofundamento e contacto  mais próximo e intrusivo,  podem‐se efectuar entrevistas 
com potenciais clientes‐tipo;

‐ Journey maps / Blueprints: mapeamento das jornadas dos potenciais clientes, como se 
comportam,  hábitos  e  necessidades;  é  uma  ferramenta  operacional  que  permite  a 
descrição  da  natureza e caracterı́sticas de  determinados movimentos  sociológicos / 
antropológicos;  todos  os  touchpoints e  processos  de  backstage  são  documentados e 
alinhados com a experiência do usuário; 

‐ A day in the life: Documentação audio‐visual do dia de potenciais clientes;

‐ Persona:  Criação de uma personagem Zictı́cia que representa o potencial consumidor 
e que possui  determinadas caracterı́sticas de um grupo social existente.  As Personas 
apresentam  determinados  atributos  caracterı́sticos  de  uma  faixa  etária,  social, 
demográZica, necessidades, hábitos, desejos e backgrounds culturais.

‐ Expectation maps: São mapas em que se podem visualizar expectativas de pessoas em 
relação a determinado produto / serviço a ser desenvolvido;

‐ What if: Criação de vários cenários e ideias alternativas aos já deZinidos;

‐ Story  boards:  amostragem  de  histórias  hipotéticas  e  vários  cursos  alternativos  que 
derivam do What if;

‐ Customer lifecycle  maps: veriZicar o ciclo de vida de determinados consumidores tipo, 
muito  útil  quando  se  pretende  veriZicar  como  estimular  determinado  consumidor 
tipo.

  WOW3 ‐ Implementação

  Esta etapa consiste na criação  de uma proposta de inovação para determinada área em 
estudo  para  o  cliente  e  respectiva  organização  da  pesquisa  para  apresentação  ao  cliente, 
sendo  este  o  resultado  da  pesquisa  realizado.  Na  proposta,  o  coolhunter  deve  ter  em  conta 
todos  os pontos anteriores abordados,  apresentando  uma proposta  coordenada e  Zluida.  Em 
termos  de  apresentação,  o  projecto  deve  ter  recurso  às  novas  tecnologias  e  eventualmente 
sketchbooks com recursos a materiais, recortes e fotograZias dando uma visão fı́sica e tentando 
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transmitir  às  empresas  alguns  conceitos  práticos  e  reais.  Gravações  audio‐visuais  são  uma 
forma de complementar os itens descritos acima, pois a empresa poderá visualizar o contexto 
do  que  foi  estudado  e assim  poderá  entendê‐lo  melhor;  a  elaboração  de  vı́deos  explicativos 
sobre o estudo,  apresentações  em multimédia  são  altamente recomendadas, uma vez  que se 
tornam dinâmicas e gráZicas  para melhor compreensão  automática do  cliente,  em especial a 
apresentação da etapa da prototipagem que acrescenta valor prático ao projecto.

  Numa perspectiva de criação de um potencial negócio, para além da elaboração do plano 
de negócio em si, tendo em conta o modelo ‘Business Model Canvas’ de Alexander Osterwalder 
(ver  anexo  1),  deve‐se inserir no  mesmo  todo  o modelo  W6  como  proposta  de acréscimo  de 
valor ao já apresentado.

  WOW4 ‐ Aprendizagem / Feedback

  Por Zim, neste último ponto da aprendizagem, o feedback não só do cliente como também  
do sucesso da implementação do modelo ‐ estando interligado com o feedback do consumidor 
Zinal ‐ é  um ponto essencial para se poder efectuar uma análise do que pode ser melhorado e 
monitorização de toda a implementação das ideias. 

  E^  aqui  também  que as  ferramentas  web  ganham  mais  importância e relevância,  sendo 
uma óptima ferramenta para interagir com todos os intervenientes, podendo assim obter um 
feedback quase em tempo real. 

  Note‐se que o essencial neste ponto é  que as ideias para que sejam implementadas com 
sucesso,  estejam  sintonizadas  com  todos  os  pontos  W  deZinidos  anteriormente, 
nomeadamente o background em q s inserem, os drivers que podem impulsionar ou não essas 
mesmas ideias, qual o impacto que têm conjuntamente com as consequências que daı́  possam 
advir e qual o futuro que se prevê.

5.3. Fórmula protótipo

5.3.1 DeFinição do peso percentual de cada vértice do modelo W6

  Naturalmente  que,  cada  vértice  constituinte  do  hexágono  (leia‐se,  as  seis  premissas 
W), assume um peso particular e especı́Zico, no modelo desenvolvido. 

  Embora  o  exercı́cio  proposto  se  relacione  directamente  com  questões  de  natureza 
subjectiva,  é   absolutamente  necessário  criar  um  “mecanismo”  que  tenha  a  capacidade  de 
responder de um modo  eZicaz, sob duas perspectivas: por um lado,  conseguir consubstanciar 
o compromisso de um projecto, ou seja, analisar o seu grau ou nı́vel de sucesso/insucesso. 

Por  outro  lado,  oferecer  à  área  em  estudo,  não  apenas  um  maior  sentido  de  concretização, 
como  também   maior  clareza  e  objectividade,  na  leitura  das  problemáticas  adjacentes  a 
projectos ligados a tendências e inovação. 

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  Nesse  sentido,  após  uma  análise  meticulosa  em  torno  de  todas  as  variáveis 
imprescindı́veis no  modelo de Coolhunting, e depois de esgotado um conjunto signiZicativo de 
hipóteses,  chegou‐se  à  fórmula  que,  pensa‐se  ser  a  expressão  que  caracteriza  com  maior 
propriedade,  a  probabilidade  de  sucesso  de  um  projecto  que  vise  a  participação  de  um 
Coolhunter. 

  Para tornar claro  o  peso  individual  de cada W,  decidiu‐se  atribuir  diferentes  valores 


percentuais  a cada um dos  seis  domı́nios representativos  do modelo adoptado.  De notar que 
os  valores  percentuais  foram  deZinidos  com base  no  feedback obtido  nas  rondas  do  método 
Delphi, sendo que o WHO apresenta um valor elevado (20%) por se considerar que sem uma 
boa  análise  dos  sinais  obtidos  a  qualidade  do  modelo  pode  ser  colocada  em  causa  e 
consequentemente toda  a proposta de  inovação  ‐ WOW (40%) ‐ resultante da  sequência  da 
análise do ponto WHO.

  Com efeito, deZiniu‐se da seguinte forma: 

    WOW 40%

    WHY 20%

    WHO 10%

    WHAT 10%

    WHERE 10%

    WHEN 10%

  A  partir  dos  valores  percentuais  deZinidos,  facilmente  se  conclui  que  o  ponto  WOW 
assume contornos importantes na designação do próprio modelo, visto que na prática, os 40% 
representam um valor muito próximo da metade de todo o modelo deZinido. Tal facto, explica‐
se pela constituição da “grandeza” referida. 

  De notar que WOW, divide‐se em quatro subnı́veis. São eles: 

    WOW1 ‐ 10%

    WOW2 ‐ 10%

    WOW3 ‐ 10%

    WOW4 ‐ 10%

  Tomando em consideração que o  tema em estudo, se prende com o  Coolhunting como 


metodologia  de  pesquisa  de  tendências  e  gestão  de  inovação,  pretende‐se  privilegiar  o 
chamado  factor cool, e consequentemente o peso  de inovação do projecto, sendo também um 
dos pontos mais referidos pelos experts participantes no estudo. 

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  A  este nı́vel,  faz  todo  o  sentido  que,  individualmente,  a  incubação  e  prototipagem  de 
ideias,  bem  como  a  implementação  das  mesmas  e  respectivo  feedback,  assumam  um  peso 
equivalente  ao  objectivo  do  projecto  (What),  ou  até  mesmo  à  deZinição  do  seu  espaço 
temporal  de  acção  (When).  Estes  pontos  cujo  peso  percentual  se  mantém  nos  10%  (Who, 
What, When e Where) são considerados pontos meramente ‘orientadores’ da pesquisa, pelo 
que  qualquer  potencial  desvio  na  deZinição  dos  mesmos,  apenas  levará   a  conclusões 
diferentes  e  consequentemente  um  projecto  inovador  igualmente  diferente,  pelo  que  não 
representam um peso tão elevado quando se avalia a qualidade de um projecto.

  Why,  assume  o  segundo  maior  peso  percentual,  por  ser  o  “vector”  que  se  relaciona 
com  as  ilações  retiradas  a  partir  dos  sinais  observados  uma  vez  que  a  interpretação  dos 
mesmos é um ponto fulcral para a qualidade Zinal do projecto apresentado. 

  Convém  referir  que,  não  se  pretende  em  qualquer  circunstância  negligenciar  ou 
colocar  em  segundo  plano,  a  importância  das  restantes  caracterı́sticas  citadas,  sendo  que 
estas têm uma função de orientação ao passo que as restantes com peso maior (Why e Wow) 
uma função de análise e criação.

  Em todo  o  caso, as interpretações dos dados obtidos,  reúnem maior relevância para a 


resposta que se pretende efectivar, ou seja, a determinação de um modelo de sucesso. 

  A  variável  V,  corresponde  ao  somatório  percentual  de  cada  um  dos  seis  vértices  do 
modelo deZinido. 

  Para  simpliZicar  ao  máximo  possı́vel  a  fórmula  que  se  pretende  originar,  decidiu‐se 
contextualizar  as  percentagens  acima  indicadas,  para  uma  escala  que  corresponde  ao 
intervalo [0...10]. 

  Quer  isto  dizer  que  a  cada  valor  percentual,  corresponderá  um  número  real  , 
previsivelmente positivo. 

  O número  10,  representa o chamado modelo  ideal,  em que todos items que deZinem o 


hexágono, atingem o seu máximo valor. 

  Ao número 5, corresponderá uma percentagem de 50%. 

  Novamente, para tornar Zlagrante o peso que cada vértice pode assumir, explicitaram‐
se os valores percentuais possı́veis (leia‐se, intervalos admissı́veis) de cada W. 

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  A  tı́tulo  de  exemplo,  se  numa dada análise de um  modelo,  Who=  8%,  evidentemente 
que no somatório, para esse vértice especı́Zico entrarão os 8%. 

  Os pesos acima deZinidos para cada W, são considerados como pesos limite/máximos. 

  Nenhum  vértice  tem  de  assumir  necessariamente  o  seu  peso  percentual  máximo, 
competindo ao Coolhunter, na determinação do valor, analisar criteriosamente as 6 premissas 
que deZinem o modelo, e atribuir o peso, que considerar sensato e realista. 

  Posto isto, e para efeitos concretos, 

5.3.2 Variável CoolHunter

  Depois  de  deZinidos  os  diferentes  pesos  percentuais  do  modelo  a  implementar,  é  
importante enfatizar  uma variável,  que  se  relaciona com  a eventual  capacidade  de um  dado 
projecto atingir patamares superiores, em termos de qualidade e excelência. 

  Sendo CH = Coolhunter, E= Experiência, PA= Pro‐Actividade e D= Diversidade 

Basicamente, a variável corresponde ao somatório das três valências que mais evidenciam um 
Coolhunter  ‐  Experiência,  Pro‐actividade  e  Diversidade  (conhecimento  académico  e 
proZissional  de  diversas  áreas  para  além   da  moda).    De  notar  que  as  caracterı́sticas  foram 
registadas  como  sendo  as  fundamentais  através  essencialmente  do  feedback  da  Ronda  I  do 
método de Delphi.

  Posteriormente,  quando  se  apresentar  a  fórmula  protótipo,  tornar‐se‐á   Zlagrante  a 


importância da variável, atendendo que a mesma assume um factor exponencial, ou seja, tem 
a capacidade de potenciar a qualidade de um projecto. 

  Nota suplementar: As variáveis PA e D apenas podem assumir dois valores possíveis, 0 ou 
1. 

  Por  defeito,  assume‐se  que  todos  os  Coolhunters  reúnem  valores  mı́nimos  de 
experiência, quando decidem abraçar projectos desta natureza. 

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  Por esse motivo, do  ponto  de vista estritamente analı́tico,  o  somatório  acima  descrito 
resume‐se a: 

  A  imposição  unitária,  salvaguarda  a  impossibilidade  da  variável  Coolhunter  assumir 


valores nulos. No  cenário  ‘pessimista’,  isto é, em que o Coolhunter apenas possui experiência, CH 
será igual à unidade. 

5.3.3 Fórmula deFinida

A fórmula deZinida para aferir a qualidade (Q) do modelo é a seguinte: 

No fundo, por todas as razões anteriormente explicadas, pode‐se simpliZicar : 

  Pensando no modelo ideal, ou seja, em que V[0...10] = 10, Q poderá apresentar três valores 
distintos. 

  A  fórmula obtida dá  ênfase à  propriedade que a variável Coolhunter (CH) tem,  no que 


diz respeito à capacidade de potenciar a qualidade de um projecto. 

  No  caso  do  Coolhunter  reunir  na  perfeição,  as  três  caracterı́sticas,  signiZica  que  o 
próprio modelo ideal poderá ser potenciado. 

  Da mesma forma, na eventualidade do modelo assumir valores medianos, isto é, V= 5, e 
o Coolhunter possuir experiência e pro‐actividade, Q = 5 1+1+(0) = 25

72
  Por  outro  lado,  mesmo  que  o  modelo  seja  absolutamente fantástico  (leia‐se,  modelo 
ideal  com V=10),  caso  o  Coolhunter apenas possua experiência,  signiZica que Q  = 10  1+1+(0)  = 
10 .

  Estes dois exemplos, ilustram na perfeição,  a importância que as caracterı́sticas de um 
coolhunter assumem. 

  Pensando no modelo W6, de nada vale todos os vértices do hexágono assumirem pesos 
máximos,  se  o  Coolhunter  não  tiver  a  capacidade  de  acompanhar  a  excelência  do  modelo, 
dando ênfase mais uma vez à importância das caracterı́sticas do próprio Coolhunter em todo o 
processo. 

  Nota Minal: 

Numa  fase  inicial,  ainda  se  ponderou  incluir factores associados  ao  tempo  do projecto, 
pensando numa lógica de tempo de maturação/concretização do mesmo. No entanto, atendendo 
que  diferentes projectos exigem diferentes  dinâmicas,  diferentes prazos e  diferentes  lógicas  de 
raciocínio,  julga‐se  não  fazer  qualquer  sentido  incluir  uma  variável  associada  ao  tempo  que 
tenha  inMluência  no  resultado  Minal  da  fórmula,  que  visa  a  medição  da  qualidade  do  modelo 
implementado num projecto.

73
Conclusões

  O trabalho de pesquisa mostrou‐se bastante desaZiador por se debruçar sobre um tema 
actual  e,  por  tal  facto,  não  existir  ainda  informação  de  qualidade  e  credı́vel  estruturada  de 
forma  adequada.  No  entanto,  ao  se  proceder  à  fase  de  pesquisa,  não  houve  propriamente 
diZiculdade na obtenção  de informações quer de coolhunters e mesmo de empresas,  uma vez 
que  a  própria  investigadora  trabalha  directamente  na  área  e  portanto,  tem  facilidade  de 
acesso à informação necessária.

  Houve  ainda  limitaçõ e s  relativamente  à  aplicaçã o  do  mé t odo  de  Delphi, 
nomeadamente: a existência apenas  de perguntas  de resposta  aberta  nos  questionários,  que 
acaba  por  diZicultar  o  trabalho  do  investigador  na  análise  dos  dados,  ainda  que  tenha  sido 
feito  propositadamente  tendo  em  conta a  natureza do  estudo;  a  diZiculdade de  avaliar  com 
precisão  o  grau  de  especialidade  do  participante  ‐  para  posteriormente  na  análise  de 
respostas  poderem ser consideradas mais  ou menos  relevantes;  e  uma vez  que  o  estudo  se 
baseou  essencialmente  na  utilização  de  experts  a  nı́vel  internacional  e  nacional,  o  estudo 
acaba por Zicar ‘limitado’ ao conhecimento dos mesmos.

  Quanto  a  perspectivas  de  investigação  futura,  esta  área  de  estudo  beneZiciaria  de 
futuros  trabalhos relativos  à  aplicação desta  metodologia noutras  áreas  de estudo que não a 
moda, percebendo ou não  de que forma o modelo apresentado especiZicamente para o  sector 
da  moda  pode  ser  bem  incorporado  em  qualquer  outra  área.  Ainda  numa  perspectiva  de 
desenvolvimento  do  tema  da  moda,  é  também  importante  desenvolver  estudos  sobre 
etnograZia adaptada ao mundo da moda ou gestão da inovação no sector em questão, de forma 
a poderem constituir fontes de pesquisa credı́veis e poderem ser associadas ao estudo do cool 
hunting, uma vez que também há escassez deste tipo de informação na comunidade cientı́Zica.

  Seria importante ainda que estudos  futuros  procurassem abranger um  maior número 


de coolhunters e de  agências  com outra metodologia  de recolha de  dados.  Além  disso,  seria 
também  pertinente  que  futuros  trabalhos  implementassem  o  modelo  criado  no  presente 
estudo  em determinadas empresas e veriZicassem pontos positivos e negativos, incorporação 
de  novos  drivers  na  fórmula  caso  o  ambiente  assim  o  justiZique  e  no  desenvolvimento  do 
modelo  em  prática  podendo  contribuir  assim  para  o  melhoramento  e  aprofundamento  do 
tema em análise.

  E^  essencial ainda  que em  futuras pesquisas  se aprofunde mais o próprio modelo  e se 


valide  com  um  maior  número  de  especialistas,  não  tendo  sido  possı́vel  obter  feedback  dos 
dezasseis  participantes  iniciais,  na  IV  ronda,  pelo  que  apenas  nove  conseguiram  validar  o 
modelo criado. 

74
  Depois  de  enunciadas  algumas  limitações  vividas  aquando  do  processo  de  recolha  de 
informações  e  pesquisa, e convenientemente rematadas  com um  quadro  de sugestões  numa 
perspectiva  de  potenciar  modelos  futuros,  torna‐se  imperativo  enfatizar,  não  apenas  a 
natureza  subjectiva  do  método  operacional  do  coolhunter,  como  também   as  aplicações  e 
técnicas  adjacentes  a  qualquer  tipo  de  captação  e/ou  validação  de  tendências.  Nesse 
sentido,  importa ressalvar de um modo transversal, as tarefas e valências do coolhunter.

  O  coolhunter  usa  um  método  de  trabalho  que  é  necessariamente  subjectivo:  trabalha 
com base na observação do  meio ambiente, na descodiZicação  das sinais, ou seja, capta o que 
considera  relevante  para  atingir  os  objectivos  dos  seus  clientes  ou  simplesmente  capta 
insights relevantes que possam ser considerados para futuras ideias de negócio. Na realização 
do  trabalho  tudo  passa pela sua  interpretação,  visão  (antecipação),  percepção  (captação  de 
sinais,  registo,  interpretação  e  contextualização)  e  posterior  comunicação.  As  bases  do 
trabalho são as capacidades e talentos individuais muito especı́Zicos do coolhunter. 

  A  aplicação,  pelo  coolhunter,  das  teorias,  métodos  e  técnicas  da  antropologia  tem 
possibilitado  uma  maior precisão  na recolha de  informação  e sua  interpretação.  A  utilização 
dos princı́pios da etnograZia é  particularmente relevante no uso  do coolhunting e em especial 
no  negócio  da  moda.  Tal  possibilita  uma  pesquisa  mais  qualiZicada,  pois  o  consumidor  é 
observado  e interpretado nos diferentes aspectos, considerando as suas actividades diárias, o 
seu  ambiente  de  trabalho  e  lazer,  o  seu  convı́vio  social,  assim  como  sua  personalidade  e 
princı́pios.  

  Ter um  olhar etnográZico é  fundamental  para captar,  interpretar e validar ou construir 


futuras tendências.  Esta necessidade de multidisciplinaridade e caracterı́sticas  especiZicas,  já 
citadas,  são  extremamente  necessárias,  fazendo  com  que  esta  pesquisa  seja  eZicaz,  se 
realizada por proZissionais com as competências necessárias. 

  A  interacção  destas  áreas  favorece  tanto  o  coolhunter  como  as  empresas.  O  primeiro 
consegue desenvolver e interpretar melhor as suas pesquisas, conhecer os pequenos grupos e 
movimentos  que  estão  na  origem  ou  difusão  das  novas  tendências.  As  empresas  recebem 
dados  mais  compilados,  analisados  e  estudados  segundo  vários  ângulos,  e  não  apenas 
segundo  uma  perspectiva  de  moda,  o  que  facilita  o  desenvolvimento  de  novos  produtos  a 
partir  do  conhecimento  obtido  directamente  junto  dos  consumidores  responsáveis  pela 
emergência das novas fads ou tendências. Sendo assim o coolhunting mostra‐se muito eZicaz e 
rápido,  devido  à  recolha  permanente,  tanto  na  fase  da  pesquisa  quando  na  entrega  da 
pesquisa Zinal ao cliente. 

  O  modelo  criado  W6  no  presente  estudo,  torna‐se  importante,  uma  vez  que  o 
coolhunter terá  um aporte teórico‐prático para realizar as suas pesquisas por meio de passos 

75
subsequentes.  Da  mesma  forma,  facilitará  ao  explicar  ao  cliente  como  a  pesquisa  será 
realizada e entregue, formalizando e credibilizando a prática de coolhunting. E^  ainda de frisar 
que  não  se  pretende,  no  entanto,  que  o  modelo  se  torne  estanque,  uma  vez  que  é   uma 
actividade que depende de muitos factores, seja o  negócio em causa,  seja o próprio perZil  de 
coolhunter,  mas  sim criar  um  método  processual  de forma a que  permita ao  coolhunter ser 
guiado  e  focalizar‐se  nos  aspectos  mais  relevantes  da  pesquisa.  Dando  também   asas  ao 
próprio coolhunter para que este seja livre de acrescentar ou modiZicar processos, sem que o 
objectivo Zinal seja comprometido ‐ uma espécie de mapa do  tesouro  em que o X remonta ao 
objectivo Zinal do coolhunter e todo o caminho trilhado no mapa (método deZinido na presente 
tese) possa servir de um guia para o melhor caminho a seguir sem desvio de atenções para o 
acessório e mantendo‐se focalizado no que é essencial numa pesquisa desta natureza.

  O W6 pretende ser uma mais valia e contribuir de forma inovadora para a comunidade 
não  só  empresarial  como  também  académica  uma  vez  que  na  presente  dissertação  se 
procurou  criar  o  que  se  pode  chamar  de  modelo  pioneiro  que  integra  caracterı́sticas  de 
pesquisa  e  observação  com  criatividade,  inovação  e  ainda  a  caracterı́stica  quantitativa  que 
deriva  da  fórmula  criada  e  que  pretende  avaliar  a  qualidade  do  modelo  W6  quando 
implementado  num  projecto.  A  criação  tanto  do  modelo  W6  como  da  própria  fórmula  de 
avaliação  de qualidade do  modelo implementado,  tenta assim responder ao  problema inicial 
de investigação  da presente tese ‐ “Como  fazer do Coolhunting  uma metodologia de pesquisa 
de tendências estruturada e válida com aplicabilidade prática na gestão da inovação no sector 
da moda?”.

  Por  Zim,  é  importante  destacar  que  o  trabalho  do  coolhunter  não  começa  e  acaba  na 
etapa de pesquisa em campo como  é  geralmente designado. E^  necessário um trabalho prévio 
de consultoria e  também  posterior  para  se  monitorar o sucesso  da aplicação  do  modelo em 
prática.  Só  assim,  se  consegue  obter  um  trabalho  de  qualidade,  qualiZicando  o  coolhunter 
como  um  proZissional  e  agente  da  mudança  e  inovação,  sendo  ele  também  o  verdadeiro 
responsável por potenciar e acrescentar qualidade a um projecto ou não. 

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Referências

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‐ GIBSON, W., Pattern Recognition. Berkeley Publishing Group, New York, 2003.

‐ GLADWELL, M., ‘The Coolhunt’. The New Yorker, March 17, 1997.

‐ GLOOR,  P.A.,  Cooper,  S.M.,  Coolhunting:  Chasing  Down  the  Next  Big  Thing.  Amacom,  New 
York, 2007.

‐ GOODMAN, B., Dretzin, R., ‘The Merchants of Cool. A Report on the Creators and Marketers of 
Popular Culture for Teenagers’. Frontline, Pbs, Wgbh, Boston (MA), 2001.

77
‐ GRANOVETTER,  M.S.  (1985)  ‐  Economic  action  and  social  structure:  the  problem  of 
embeddedness. American Journal of Sociology

‐ GROSSMAN, L., ‘The Quest for Cool’. Time Magazine: What’s Next?, vol. 48, August 31, 2003.

‐ KERNER N., Pressman, G., Chasing Cool: Standing Out in Today’s Cluttered Marketplace. Atria 
Books, New York, 2007.10  From fashion forecasting to coolhunting 

‐ KLEIN, N., No Logo: No Space, No Choice, No Jobs. Taking Aim at the Brand Bullies. Flamingo, 
London, 2000.

‐ LA  FERLA, R., ‘Once Hot, Now Not,  Cool Hunters Are in a Deep Freeze’. The New York Times, 


July 7, 2002.

‐ LANÇA, I.S. (2003) ‐ Inovação, produtividade, emprego e competitividade, in Rodrigues, M.J.; 
Neves, A.  e Godinho,  M. M.  (coord), Para uma polı́tica de inovação  em Portugal.   Publicações 
D. Quixote, Lda., Lisboa

‐ LIPOVETSKY, G.,  The Empire of Fashion: Dressing Modern Democracy.  Princeton University 


Press, Princeton (NJ), 1994.

‐ LUNDVALL,  B.  A.  (1988)  ‐  Innovation  as  an  interactive  process:  From  user‐producer 
interaction  to  the  national  system  of  innovation,  in  Dosi,  G.;  Freeman,  c.;  Nelson,  R.; 
Silverberg, G. and Soete, L. (Eds), Technical change and economic theory, Printer, London

‐ MIGUELES, C. Antropologia do consumo, casos brasileiros. Editora FGV. Rio de Janeiro, 2007 

‐ MORACE, F. Real Fashion Trends. The cool hunter guide. Libri Sheiwiller. Milão, 2007 

‐ PEDRONI, M., Coolhunting. Genesi  di una pratica professionale eretica [Coolhunting. Genesis 
of a heretical professional practice]. FrancoAngeli, Milano, 2010.

‐ POLHEMUS, T., Streetstyle: From Sidewalk to Catwalk. Thames and Hudson, London, 1994.

‐ PORTER, M.E. (1979) ‐ How competitive forces shape strategy. Harvard Business Review

‐ PORTER,  M.E.  (1990)  ‐  Competitive  strategy:  techniques  for  analyzing  industries  and 
competitors. The Free Press, New York. 

‐ PROUVOST, B. (1991) ‐ Innovar en la empresa. Marcombo, Barcelona. 

‐ RIEKERT, M., ‘Coolhunting on the Web’. The Age, September 21, 2006. Saviolo, S., Testa, S., Le 
imprese del sistema moda. Il management al servizio della creatività. Etas, Milano, 2005.

‐ ROHDE, C. Como surgem as tendências. Revista E^poca, nº: 413, p.52‐54. 17 abril 2006 

‐ SIMMEL, G., ‘Fashion’. American Journal of Sociology, vol. 62, May, 1957 [1904], pp. 541‐58.

‐ SOLOMON, M. R. The role of products as social stimuli: a symbolic interactionism  

perspective. Journal of Consumer Research. Vol.10. December, 1983.  

78
‐ SOUTHGATE,  N.,  ‘Coolhunting with  Aristote’.  Marketing  Intelligence  &  Planning,  vol.  21(7), 
2003, pp. 453‐461.

‐ VEJLGAARD,H., ‘Anatomy of a trend’. McGraw‐Hill, 2008

‐ VOLONTE^,  P.  (ed),  La  creatività  diffusa.  Culture  e  mestieri  della  moda  oggi.  FrancoAngeli, 
Milano.

79
Apêndice I

Questionário Ronda I ( pré‐teste ) ‐ Método Delphi 

80
DELPHI EXPERT CONSULTATION
ROUND I (Pre-test)

This questionnaire is part of a master degree research thesis, entitled: Cool Hunting as a trend research
methodology and innovation management tool in Fashion Business. This research is being conducted as a
Delphi Expert Consultation study in three rounds (with feedback to participants after each round). This is the
first round and feedback will be sent at the second round as a quick summary and after the third round in a
more extensive form.

It is expected to receive your completed questionnaire before the 12th of February by email sent to
dianavcarrico@gmail.com.

81
PROTOCOL AND NOTES FOR PARTICIPANTS

About this Master Thesis

This Delphi Expert Consultation study is part of the research work of Diana V. Carriço, a student of Instituto Português de
Administração de Marketing based in Porto which master degree thesis theme is: Cool Hunting as a trend research
methodology and innovation management tool in Fashion Business.

The aim of the the research is to understand what drives cool hunting as a successful professional and academic trend
research methodology, how can the outputs originated from a cool hunting approach can turn into real innovation applied
to the fashion market and businesses.

The objective is to develop a real cool hunting methodology, based in the outcomes from experts from all over the world
who work in several fields but are aware of ‘what’s the next big thing’, in order to turn the cool hunting practice into a
professional and academic trend research methodology which the main purpose relies on improving the performance of
existing fashion businesses and generate / manage real innovation, either in business, products, services or processes.

About the Delphi Expert Consultation

Delphi is a robust research methodology with a substantial literature to support it. The Delphi approach involves
identifying experts and obtaining their views anonymously. This provides qualitative and quantitative information on expert
views. This present Delphi consultation exercise will involve three rounds with experts on the areas of study.

In Round One experts will be sent a short list of open ended questions designed to gain their views about the key issues
relevant to their area of expertise. The responses are analysed, summarised and then – in Round Two - feed back
anonymously to the group of experts for further comment. Using a rating scale, experts will be asked to rank their level of
agreement with the issues identified in Round One. The results are synthesised again and circulated again – in a third
round - in order to identify areas of consensus among the experts.

About Your Contribution

You are invited to contribute to the first portuguese academic study about the benefits of cool hunting in trend
researching and as an innovation management tool applied to fashion business. Only expert people in certain fields,
considered to represent part of a certain population opinion, were considered to be part of this study.

Participation in this Delphi consultation will involve you giving us the benefit of your expertise by taking part in each of the
Delphi consultation rounds. This will involve completing three questionnaires, sent to you over a period of about a month.

The questions in the first round will ask you to give us your views based on your knowledge and experience obtained
through research, study, practice or personal experience in your particular area(s) of expertise. If you have relevant
knowledge, we would like you to tell us about the state of academic evidence, but it is equally important that we are told
about policy and practice based challenges and successes and what works for you in your professional life. Please answer
the questions as fully as possible.

Please indicate by ticking the appropriate box(es) on page one of this questionnaire in which areas you have expertise. If
you have expertise in more than one, or possibly all of these areas, we encourage you to answer as fully as possible all
the questions with reference to all your areas of expertise.

Your answers can be as long as you want: the electronic boxes will expand to any length. If you are completing this
questionnaire in paper copy, please continue on separate sheets and attach these to the questionnaire if necessary.

The success of the Delphi will be dependent upon the quality of answers people provide for this first round of the
consultation. We would like you to support your answers with examples and evidence where relevant and possible.

82
If you are unable to answer or would prefer not to answer certain questions in this questionnaire then please could you
indicate your reasons by ticking the relevant item under each uncompleted question (eg ‘do not wish to answer’, ‘do not
know the answer’, ‘not applicable to my experience’). This will help in my analysis of results and feeding back to
participants in the next Delphi round.

Results

A final report on the Delphi findings will be produced. The findings will also be published in relevant academic and
practitioner journals. A final report of the findings will be sent to all Delphi participants at the end of the project as well as
an invitation to attend the final presentation of the master thesis.

A Unique Opportunity

This is a unique opportunity for you to directly influence policy and practice in these areas. Conversely, this is a unique
opportunity for fashion market and other subjects of study to benefit from your knowledge and expertise.

Please take this opportunity to feed into the Delphi Round One everything I need to know about your areas of expertise in
order to ensure that this study is relevant from an academic and professional point of view.

I thank you in advance for your commitment and willingness to contribute in this way. Subsequent consultations in
Rounds two and three of the Delphi will be less time consuming and less demanding.

Statement of Ethical Practice

The information taken from your questionnaires will be analysed to produce the interim and final report. Contributions
will be anonymised and no one involved in the consultation will be mentioned by name in any of the reports, or be
identifiable for other reasons.

1. Securing informed consent from participants

Information about the Delphi consultation will be given to each participant to enable them to give, or withhold consent, on
an informed basis.

There will be no formal consent form explaining the level of commitment, however it is expected from participants to be
committed to participate in the three rounds of the Delphi study. Despite the fact that it is highly desirable for participants
to be committed on the three rounds, each one has the right to withdraw their consent of participation and to stop at any
stage.

Participants can give partial or qualified consent and they may prefer to skip over and not answer a particular question.

2. Protecting the privacy and confidentiality of participants

The names, addresses and identifying details of participants in the Delphi consultation will remain totally confidential. No
other person will be allowed access to this information without securing first written consent from each participant.

3. Providing information on the outcomes of the Delphi consultation

Delphi participants will be given anonymised feedback on the findings at rounds 2 and 3 of the consultation. All
participants will also be sent a final report stating Delphi results.

Further Information

If you have any questions about the Delphi or need advice on completing this questionnaire please contact me by the
following means:

Telephone 00351 911920348

Skype dianavcarrico

Email dianavcarrico@gmail.com

83
--------Not for participants use-------

Id Checke Entered
d

---

Before you answer these questions, it is important that you read the accompanying Notes for Participants.

Your individual responses to the Delphi expert consultation will be confidential and used anonymously. However, we need
you to put your name and contact details on your completed questionnaire so that we can contact you again to feed back
on the results in subsequent rounds of the Delphi, send you the final report and the official invitation to attend the final
presentation of the master degree.

Please Note: all information circulated to anyone other than yourself will be anonymised.

Name

Address

Email

Please indicate all areas of your expertise.

[ ] Cool Hunting
[ ] Cult Researching
[ ] Marketing
[ ] Design
[ ] Fashion
[ ] Management
[ ] Economics
[ ] Anthropology
[ ] Ethnographic studies
[ ] Entrepreneurship
[ ] Innovation Management
[ ] Social behaviour & psychological studies
[ ] Trend Research & Forecasting
[ ] Other relevant ______________________________[please state which one(s)]

84
Round I - Delphi Questions

Please type within the electronic boxes. These will expand to take any amount of text. In hard copy you may continue your
answers on additional pages using as many as you like.

ADDITIONAL NOTE: There are no right or wrong answers as this is an expert panel and you may answer whatever your
opinion might be.

COOL HUNTING, TREND AND CULT RESEARCHING

1. Please describe what do you believe the definition of cool hunting is.

>

DO NOT WISH TO ANSWER [ ] DO NOT KNOW THE ANSWER [ ] NOT APPLICABLE TO MY EXPERIENCE [ ]

2. What does it take for a cool hunter to be successful / What characteristics should a cool hunter have to succeed?

>

DO NOT WISH TO ANSWER [ ] DO NOT KNOW THE ANSWER [ ] NOT APPLICABLE TO MY EXPERIENCE [ ]

3. What does it take to start a Cool Hunting research project? What steps should a cool hunter follow as a work
methodology?

>

DO NOT WISH TO ANSWER [ ] DO NOT KNOW THE ANSWER [ ] NOT APPLICABLE TO MY EXPERIENCE [ ]

4. How should a cool hunter or trend researcher spot trends and interpret social change?

>

DO NOT WISH TO ANSWER [ ] DO NOT KNOW THE ANSWER [ ] NOT APPLICABLE TO MY EXPERIENCE [ ]

5. What parts of the world today are the most fertile in terms of development and growth for the practice of cool hunting?

>

DO NOT WISH TO ANSWER [ ] DO NOT KNOW THE ANSWER [ ] NOT APPLICABLE TO MY EXPERIENCE [ ]

6. How would do you create a cool hunting-oriented culture in a traditionally steeped organization?

>

DO NOT WISH TO ANSWER [ ] DO NOT KNOW THE ANSWER [ ] NOT APPLICABLE TO MY EXPERIENCE [ ]

7. How do you think trend researching has changed in the last 12 years?

>

DO NOT WISH TO ANSWER [ ] DO NOT KNOW THE ANSWER [ ] NOT APPLICABLE TO MY EXPERIENCE [ ]

8. In your opinion, what are the three rules of trend research that you consider to be the most important for a successfull
project?

>

DO NOT WISH TO ANSWER [ ] DO NOT KNOW THE ANSWER [ ] NOT APPLICABLE TO MY EXPERIENCE [ ]

9. Do you think that there should be a global cool hunting methodology in order to uniformize the practice and give it more
academic credibility? Please explain your position.

85
>

DO NOT WISH TO ANSWER [ ] DO NOT KNOW THE ANSWER [ ] NOT APPLICABLE TO MY EXPERIENCE [ ]

DESIGN THINKING

10. Many authors have been writing that a design thinking approach when it comes to practice cool hunting can be a
successful complement. Do you agree? What are your thoughts on a design thinking approach when it comes to trend
research?

>

DO NOT WISH TO ANSWER [ ] DO NOT KNOW THE ANSWER [ ] NOT APPLICABLE TO MY EXPERIENCE [ ]

FASHION

11. Why should fashion companies care about Cool Hunting?

>

DO NOT WISH TO ANSWER [ ] DO NOT KNOW THE ANSWER [ ] NOT APPLICABLE TO MY EXPERIENCE [ ]

12. What do you think about the rising of fashion blogs? What are your expectations and/or concerns about it?

>

DO NOT WISH TO ANSWER [ ] DO NOT KNOW THE ANSWER [ ] NOT APPLICABLE TO MY EXPERIENCE [ ]

13. In your beliefs, what is the future of fashion trends research?

>

DO NOT WISH TO ANSWER [ ] DO NOT KNOW THE ANSWER [ ] NOT APPLICABLE TO MY EXPERIENCE [ ]

INNOVATION MANAGEMENT

14. Do you believe that cool hunting is directly connected with the capacity to innovate? If so, how can the coolhunting of
today translate into creative laboratories able to explore new concepts and generate innovation?

>

DO NOT WISH TO ANSWER [ ] DO NOT KNOW THE ANSWER [ ] NOT APPLICABLE TO MY EXPERIENCE [ ]

15. How to originate ideas and create hypothesis that can lead to successful projects after cool hunting? How do you turn
research insights into innovation? You may give practical examples.

>

DO NOT WISH TO ANSWER [ ] DO NOT KNOW THE ANSWER [ ] NOT APPLICABLE TO MY EXPERIENCE [ ]

16. What challenges do innovators will have to face in the future with an economic downturn?

>

DO NOT WISH TO ANSWER [ ] DO NOT KNOW THE ANSWER [ ] NOT APPLICABLE TO MY EXPERIENCE [ ]

FUTURE PREDICTIONS

17. In your opinion, what is the future of cool hunting? How will it be shaped? How will trends be diffused in the future and
by who?

>

DO NOT WISH TO ANSWER [ ] DO NOT KNOW THE ANSWER [ ] NOT APPLICABLE TO MY EXPERIENCE [ ]

86
18. Do you believe that cool hunting can be the job of the future?

>

DO NOT WISH TO ANSWER [ ] DO NOT KNOW THE ANSWER [ ] NOT APPLICABLE TO MY EXPERIENCE [ ]

19. Do you think that nowadays companies, fashion or not, are well informed about the benefits of Cool Hunting? Should
cool hunting be a subject to explore in marketing, business and design schools? If so, what would be the best ways to
explore it? ( Eg. workshops, case studies, field study, etnographic research, etc. )

>

DO NOT WISH TO ANSWER [ ] DO NOT KNOW THE ANSWER [ ] NOT APPLICABLE TO MY EXPERIENCE [ ]

Thank you for your colaboration!

Round II will be send to you on 17th February with feedback included about first round results.

Any additional sugestions, concerns or requests feel free to share / ask: dianavcarrico@gmail.com .

87
Apêndice II

Questionário definitivo Ronda I - Método Delphi

( reformulado após pré-teste )

88
DELPHI EXPERT CONSULTATION
ROUND I

This questionnaire is part of a master degree research thesis, entitled: Cool Hunting as a trend research
methodology and innovation management tool in Fashion Business. This research is being conducted as a
Delphi Expert Consultation study in three rounds (with feedback to participants after each round). This is the
first round and feedback will be sent at the second round as a quick summary and after the third round in a
more extensive form.

It is expected to receive your completed questionnaire before the 12th of February by email sent to
dianavcarrico@gmail.com.

89
PROTOCOL AND NOTES FOR PARTICIPANTS

About this Master Thesis

This Delphi Expert Consultation study is part of the research work of Diana V. Carriço, a student of Instituto Português de
Administração de Marketing based in Porto which master degree thesis theme is: Cool Hunting as a trend research
methodology and innovation management tool in Fashion Business.

The aim of the the research is to understand what drives cool hunting as a successful professional and academic trend
research methodology, how can the outputs originated from a cool hunting approach can turn into real innovation applied
to the fashion market and businesses.

The objective is to develop a real cool hunting methodology, based in the outcomes from experts from all over the world
who work in several fields but are aware of ‘what’s the next big thing’, in order to turn the cool hunting practice into a
professional and academic trend research methodology which the main purpose relies on improving the performance of
existing fashion businesses and generate / manage real innovation, either in business, products, services or processes.

About the Delphi Expert Consultation

Delphi is a robust research methodology with a substantial literature to support it. The Delphi approach involves
identifying experts and obtaining their views anonymously. This provides qualitative and quantitative information on expert
views. This present Delphi consultation exercise will involve three rounds with experts on the areas of study.

In Round One experts will be sent a short list of open ended questions designed to gain their views about the key issues
relevant to their area of expertise. The responses are analysed, summarised and then – in Round Two - feed back
anonymously to the group of experts for further comment. Using a rating scale, experts will be asked to rank their level of
agreement with the issues identified in Round One. The results are synthesised again and circulated again – in a third
round - in order to identify areas of consensus among the experts.

About Your Contribution

You are invited to contribute to the first portuguese academic study about the benefits of cool hunting in trend
researching and as an innovation management tool applied to fashion business. Only expert people in certain fields,
considered to represent part of a certain population opinion, were considered to be part of this study.

Participation in this Delphi consultation will involve you giving us the benefit of your expertise by taking part in each of the
Delphi consultation rounds. This will involve completing three questionnaires, sent to you over a period of about a month.

The questions in the first round will ask you to give us your views based on your knowledge and experience obtained
through research, study, practice or personal experience in your particular area(s) of expertise. If you have relevant
knowledge, we would like you to tell us about the state of academic evidence, but it is equally important that we are told
about policy and practice based challenges and successes and what works for you in your professional life. Please answer
the questions as fully as possible.

Please indicate by ticking the appropriate box(es) on page one of this questionnaire in which areas you have expertise. If
you have expertise in more than one, or possibly all of these areas, we encourage you to answer as fully as possible all
the questions with reference to all your areas of expertise.

Your answers can be as long as you want: the electronic boxes will expand to any length. If you are completing this
questionnaire in paper copy, please continue on separate sheets and attach these to the questionnaire if necessary.

The success of the Delphi will be dependent upon the quality of answers people provide for this first round of the
consultation. We would like you to support your answers with examples and evidence where relevant and possible.

90
If you are unable to answer or would prefer not to answer certain questions in this questionnaire then please could you
indicate your reasons by ticking the relevant item under each uncompleted question (eg ‘do not wish to answer’, ‘do not
know the answer’, ‘not applicable to my experience’). This will help in my analysis of results and feeding back to
participants in the next Delphi round.

Results

A final report on the Delphi findings will be produced. The findings will also be published in relevant academic and
practitioner journals. A final report of the findings will be sent to all Delphi participants at the end of the project as well as
an invitation to attend the final presentation of the master thesis.

A Unique Opportunity

This is a unique opportunity for you to directly influence policy and practice in these areas. Conversely, this is a unique
opportunity for fashion market and other subjects of study to benefit from your knowledge and expertise.

Please take this opportunity to feed into the Delphi Round One everything I need to know about your areas of expertise in
order to ensure that this study is relevant from an academic and professional point of view.

I thank you in advance for your commitment and willingness to contribute in this way. Subsequent consultations in
Rounds two and three of the Delphi will be less time consuming and less demanding.

Statement of Ethical Practice

The information taken from your questionnaires will be analysed to produce the interim and final report. Contributions
will be anonymised and no one involved in the consultation will be mentioned by name in any of the reports, or be
identifiable for other reasons.

1. Securing informed consent from participants

Information about the Delphi consultation will be given to each participant to enable them to give, or withhold consent, on
an informed basis.

There will be no formal consent form explaining the level of commitment, however it is expected from participants to be
committed to participate in the three rounds of the Delphi study. Despite the fact that it is highly desirable for participants
to be committed on the three rounds, each one has the right to withdraw their consent of participation and to stop at any
stage.

Participants can give partial or qualified consent and they may prefer to skip over and not answer a particular question.

2. Protecting the privacy and confidentiality of participants

The names, addresses and identifying details of participants in the Delphi consultation will remain totally confidential. No
other person will be allowed access to this information without securing first written consent from each participant.

3. Providing information on the outcomes of the Delphi consultation

Delphi participants will be given anonymised feedback on the findings at rounds 2 and 3 of the consultation. All
participants will also be sent a final report stating Delphi results.

Further Information

If you have any questions about the Delphi or need advice on completing this questionnaire please contact me by the
following means:

Telephone 00351 911920348

Skype dianavcarrico

Email dianavcarrico@gmail.com

91
--------Not for participants use-------

Id Checke Entered
d

---

Before you answer these questions, it is important that you read the accompanying Notes for Participants.

Your individual responses to the Delphi expert consultation will be confidential and used anonymously. However, we need
you to put your name and contact details on your completed questionnaire so that we can contact you again to feed back
on the results in subsequent rounds of the Delphi, send you the final report and the official invitation to attend the final
presentation of the master degree.

Please Note: all information circulated to anyone other than yourself will be anonymised.

Name

Address

Email

Please indicate all areas of your expertise.

[ ] Cool Hunting
[ ] Cult Researching
[ ] Marketing
[ ] Design
[ ] Fashion
[ ] Management
[ ] Economics
[ ] Anthropology
[ ] Ethnographic studies
[ ] Entrepreneurship
[ ] Innovation Management
[ ] Social behaviour & psychological studies
[ ] Trend Research & Forecasting
[ ] Other relevant ______________________________[please state which one(s)]

92
Round I - Delphi Questions

Please type within the electronic boxes. These will expand to take any amount of text. In hard copy you may continue your
answers on additional pages using as many as you like.

ADDITIONAL NOTE: There are no right or wrong answers as this is an expert panel and you may answer whatever your
opinion might be.

COOL HUNTING, TREND AND CULT RESEARCHING

1. Please describe what do you believe the definition of cool hunting is.

>

DO NOT WISH TO ANSWER [ ] DO NOT KNOW THE ANSWER [ ] NOT APPLICABLE TO MY EXPERIENCE [ ]

2. What does it take for a cool hunter to be successful / What characteristics should a cool hunter have to succeed?

>

DO NOT WISH TO ANSWER [ ] DO NOT KNOW THE ANSWER [ ] NOT APPLICABLE TO MY EXPERIENCE [ ]

3. What does it take to start a Cool Hunting research project? What steps should a cool hunter follow as a work
methodology?

>

DO NOT WISH TO ANSWER [ ] DO NOT KNOW THE ANSWER [ ] NOT APPLICABLE TO MY EXPERIENCE [ ]

4. How should a cool hunter or trend researcher spot trends and interpret social change?

>

DO NOT WISH TO ANSWER [ ] DO NOT KNOW THE ANSWER [ ] NOT APPLICABLE TO MY EXPERIENCE [ ]

5. What parts of the world today are the most fertile in terms of development and growth for the practice of cool hunting?

>

DO NOT WISH TO ANSWER [ ] DO NOT KNOW THE ANSWER [ ] NOT APPLICABLE TO MY EXPERIENCE [ ]

6. How would do you create a cool hunting-oriented culture in a traditionally steeped organization?

>

DO NOT WISH TO ANSWER [ ] DO NOT KNOW THE ANSWER [ ] NOT APPLICABLE TO MY EXPERIENCE [ ]

7. How do you think trend researching has changed in the last 12 years?

>

DO NOT WISH TO ANSWER [ ] DO NOT KNOW THE ANSWER [ ] NOT APPLICABLE TO MY EXPERIENCE [ ]

8. In your opinion, what are the three rules of trend research that you consider to be the most important for a successfull
project?

>

DO NOT WISH TO ANSWER [ ] DO NOT KNOW THE ANSWER [ ] NOT APPLICABLE TO MY EXPERIENCE [ ]

9. Do you think that there should be a global cool hunting methodology in order to uniformize the practice and give it more
academic credibility? Please explain your position.

>

93
DO NOT WISH TO ANSWER [ ] DO NOT KNOW THE ANSWER [ ] NOT APPLICABLE TO MY EXPERIENCE [ ]

DESIGN THINKING

10. Many authors have been writing that a design thinking approach when it comes to practice cool hunting can be a
successful complement. Do you agree? What are your thoughts on a design thinking approach when it comes to trend
research?

>

DO NOT WISH TO ANSWER [ ] DO NOT KNOW THE ANSWER [ ] NOT APPLICABLE TO MY EXPERIENCE [ ]

FASHION

11. Why should fashion companies care about Cool Hunting?

>

DO NOT WISH TO ANSWER [ ] DO NOT KNOW THE ANSWER [ ] NOT APPLICABLE TO MY EXPERIENCE [ ]

12. What do you think about the rising of fashion blogs? What are your expectations and/or concerns about it?

>

DO NOT WISH TO ANSWER [ ] DO NOT KNOW THE ANSWER [ ] NOT APPLICABLE TO MY EXPERIENCE [ ]

13. In your beliefs, what is the future of fashion trends research?

>

DO NOT WISH TO ANSWER [ ] DO NOT KNOW THE ANSWER [ ] NOT APPLICABLE TO MY EXPERIENCE [ ]

INNOVATION MANAGEMENT

14. Please, give your definition of Innovation.

>

DO NOT WISH TO ANSWER [ ] DO NOT KNOW THE ANSWER [ ] NOT APPLICABLE TO MY EXPERIENCE [ ]

15. Do you believe that cool hunting is directly connected with the capacity to innovate? If so, how can the coolhunting of
today translate into creative laboratories able to explore new concepts and generate innovation?
>

DO NOT WISH TO ANSWER [ ] DO NOT KNOW THE ANSWER [ ] NOT APPLICABLE TO MY EXPERIENCE [ ]

16. How to originate ideas and create hypothesis that can lead to successful projects after cool hunting? How do you turn
research insights into innovation? You may give practical examples.

>

DO NOT WISH TO ANSWER [ ] DO NOT KNOW THE ANSWER [ ] NOT APPLICABLE TO MY EXPERIENCE [ ]

17. What challenges do innovators will have to face in the future with an economic downturn?

>

DO NOT WISH TO ANSWER [ ] DO NOT KNOW THE ANSWER [ ] NOT APPLICABLE TO MY EXPERIENCE [ ]

Thank you for your colaboration! Round II will be send to you on 26 th February with feedback included about first
round results. Any additional sugestions, concerns or requests feel free to share / ask: dianavcarrico@gmail.com .
94
Apêndice III

Questionário Ronda II - Método Delphi

95
DELPHI EXPERT CONSULTATION
ROUND II

This is the second round of the questionnaire that is part of a master degree research thesis, entitled: Cool
Hunting as a trend research methodology and innovation management tool in Fashion Business. Feedback
is provided before the questionnaire of the 2nd round.

It is expected to receive your completed questionnaire before the 10th of March by email sent to
dianavcarrico@gmail.com.

96
BRIEF FEEDBACK

Intro Note about Round I

The aim of the the first round was to uniform concepts and definitions about cool hunting, innovation, fashion
and trends in general. Here is a brief feedback on the themes.

Cool hunting, trends and cult researching

On defining cool hunting, there was a consensus and can be defined as the observation and validation
of current trends by analysing certain social movements. However, about the predition of trends, there were
mainly two strong opinions: The first one states that a cool hunter cannot predict trends because it doesn’t
have a strong academic background to do it and the second opinion was that any cool hunter is able to
identify certain patterns that can lead to a potential future trend.

About the Coolhunters, it was established a general profile of what a cool hunter should be alike:

- Be passionated about trends and people;

- Have entrepreneurship skills and sense;

- Be savy and pro-active;

- Be related to social sciences when it comes to the academic background;

- Have a design thinking sense of solving problems;

- Have good photographic skills;

There was only one item that people diverged when it comes to defining a cool hunter profile: to be or
not to be a social person. Ones defend that being social allows the cool hunter to understand better
the way people behave and other defend that a non social person is much more skilled to observe
others in their environment without interacting and therefore have much more reliable information.

On the matter to start a cool hunting project, the main steps were diversed and complementary
rather than divergent. On the second round you will be able to analyse a potential methodology model that
you’ll be asked to analyse and give feedback about it based on the other answers upon this theme.

Design Thinking

In this field, it was answeres that Design Thinking not only is a great method to complement cool
hunting research as it is its own base and the base for innovation in companies, services, processes and
products.

The stages of Design Thinking methodology rely on seven steps:

1 - Define / Briefing ;

2 - Research / Backgroung;

3 - Ideate / Generate solutions;

4 - Prototype / Resolve;

5 - Select / Rationale;

6 - Implement/ Delivery;

97
7 - Learn / Get feedback.

Fashion

In fashion, most participants agree that cool hunting has always been connected to fashion, in fact, it
was in fashion that it was born and so, as always been adopted as a method to research trends and fads.
Also, the participants agree that fashion blogs, nowadays, have a real strong power and influence when it
comes to brands communication and public relations. In fact, participants agree in a sense that blogs have a
higher rate on influence and spreading brand awareness than any other marketing channel, after celebrities.

About the future of fashion research, participants have the opinion that emerging countries have a lot
potential to put in practice cool hunting and similar methods and on the other hand, inspire the occidental &
oriental culture.

Innovation Management

Concerning the innovation item, it is the more difficult and divergent when it comes to arrange a
consensus. There are two main positions on this matter: One is that to turn cool hunting into an innovation
tool, requires professionals capable to do so and not a cool hunter himself is able to do that; and the second
position states that trends spotted by cool hunters have to turn into innovation through processes that adapt
them into each company reality.

Purpose of Round II

The objective of round two relies on the predictions of what will be the future of some concepts of the
study and to analyse and criticise a potential methodology model of Cool Hunting as a Trend Research. You
will be asked to state your opinion and make what you consider to be the perfect model. If you don’t agree
with the vision of having cool hunting as a research methodology, please explain your position. As said before,
there are no right answers, you are asked to share your valuable knowledge and experience on certain
matters.

98
--------Not for participants use-------

Id Checked Entered

Before you answer these questions, it is important that you read the Feedback

Your individual responses to the Delphi expert consultation will be confidential and used anonymously. In this round, you
will need only your name and ID given by the researcher when the delivery of the second round.

Please Note: all information circulated to anyone other than yourself will be anonymised.

Name

ID Given

Round II - Delphi Questions

Please type within the electronic boxes. These will expand to take any amount of text. In hard copy you may continue your
answers on additional pages using as many as you like.

ADDITIONAL NOTE: Once again, there are no right or wrong answers as this is an expert panel and you may answer
whatever your opinion might be.

FUTURE PREDICTIONS

1. In your opinion, what is the future of cool hunting? How will it be shaped? How will trends be diffused in the future and
by who?

>

DO NOT WISH TO ANSWER [ ] DO NOT KNOW THE ANSWER [ ] NOT APPLICABLE TO MY EXPERIENCE [ ]

2. Do you believe that cool hunting can be the job of the future?

>

DO NOT WISH TO ANSWER [ ] DO NOT KNOW THE ANSWER [ ] NOT APPLICABLE TO MY EXPERIENCE [ ]

3. Do you think that nowadays companies, fashion or not, are well informed about the benefits of Cool Hunting? Should
cool hunting be a subject to explore in marketing, business and design schools? If so, what would be the best ways to
explore it? ( Eg. workshops, case studies, field study, etnographic research, etc. )

>

DO NOT WISH TO ANSWER [ ] DO NOT KNOW THE ANSWER [ ] NOT APPLICABLE TO MY EXPERIENCE [ ]

TEST MODEL WORK-FLOW

4. The following test-model, represents only a proposal of how Cool Hunting methodology should flow through the
process of researching. As a process itself, the main model used was based on the design thinking methodology,
featured bellow as well. Here, it is asked to participants to give your opinion / critics about the model, how it should
evolve or be modified based in your experience and knowledge. Please, do not forget to justify all your positions.

APPROACHES:

Taking into count mainly 4 items when observing and making a cool hunting research project : People, Places,
Projects and Plans.

99
People: observing people behaviour and movements, defining personas / niches to work with after the
analysis.

Places: Understand the place and cultural history, arquitecture features that have to do with the society
and culture of a certain region and therefore may have influence in their way of being.

Plans: What temporary or long term plans are hot in a urban sense? (Movies, books, exhibitions, street
art, etc.)

Projects: Spot city/urban projects that can influence people’s behaviour.

STAGES:

1st stage - Research and Diagnosis of client brand

2nd stage - Definition of research goals & company objectives

3rd stage - Selection of research channels (streets, web, companies, daily life routines, etc.)

4th stage - Map the geographic area the cool hunter is going to work in.

5th stage - Do visual and ethnographic research

6th stage - Analyse data

7th stage - Interpret data applying it to the specific business in fashion with existing trends, validated
new ones or potential trends.

8th stage - Ideate solutions, Prototype and select the most reliable and appropriate ones

9th stage - Deliver the proposal to client / Implement solutions

10th stage - Learn and get feedback from consumers with visual and field research, social media data
and other non-intrusive research approaches.

>

DO NOT WISH TO ANSWER [ ] DO NOT KNOW THE ANSWER [ ] NOT APPLICABLE TO MY EXPERIENCE [ ]

LAST OPINIONS ON ROUND II

5. Please add your concerns, ideas and opinions in a pro-active way and sense that you find pertinent and should be
inclued in this study.

>

DO NOT WISH TO ANSWER [ ] DO NOT KNOW THE ANSWER [ ] NOT APPLICABLE TO MY EXPERIENCE [ ]

Thank you for your colaboration!

Final Round III will be send to you on 16th March with feedback included about first and second round results.

Any additional sugestions, concerns or requests feel free to share / ask: dianavcarrico@gmail.com .

100
Apêndice IV

Questionário Ronda III - Método Delphi

101
DELPHI EXPERT CONSULTATION
ROUND III

This is the third and last round of the questionnaire that is part of a master degree research thesis, entitled:
Cool Hunting as a trend research methodology and innovation management tool in Fashion Business.
Feedback from the second round is provided before the questionnaire of the 3nd round.

It is expected to receive your completed questionnaire before the 30th of March by email sent to
dianavcarrico@gmail.com.

102
FEEDBACK - ROUND ONE

Intro Note about Round I

The aim of the the first round was to uniform concepts and definitions about cool hunting, innovation, fashion
and trends in general. Here is a brief feedback on the themes.

Cool hunting, trends and cult researching

On defining cool hunting, there was a consensus and can be defined as the observation and validation
of current trends by analysing certain social movements. However, about the predition of trends, there were
mainly two strong opinions: The first one states that a cool hunter cannot predict trends because it doesn’t
have a strong academic background to do it and the second opinion was that any cool hunter is able to
identify certain patterns that can lead to a potential future trend.

About the Coolhunters, it was established a general profile of what a cool hunter should be alike:

- Be passionated about trends and people;

- Have entrepreneurship skills and sense;

- Be savy and pro-active;

- Be related to social sciences when it comes to the academic background;

- Have a design thinking sense of solving problems;

- Have good photographic skills;

There was only one item that people diverged when it comes to defining a cool hunter profile: to be or
not to be a social person. Ones defend that being social allows the cool hunter to understand better
the way people behave and other defend that a non social person is much more skilled to observe
others in their environment without interacting and therefore have much more reliable information.

On the matter to start a cool hunting project, the main steps were diversed and complementary
rather than divergent. On the second round you will be able to analyse a potential methodology model that
you’ll be asked to analyse and give feedback about it based on the other answers upon this theme.

Design Thinking

In this field, it was answeres that Design Thinking not only is a great method to complement cool
hunting research as it is its own base and the base for innovation in companies, services, processes and
products.

The stages of Design Thinking methodology rely on seven steps:

1 - Define / Briefing ;

2 - Research / Backgroung;

3 - Ideate / Generate solutions;

4 - Prototype / Resolve;

5 - Select / Rationale;

6 - Implement/ Delivery;

103
7 - Learn / Get feedback.

Fashion

In fashion, most participants agree that cool hunting has always been connected to fashion, in fact, it
was in fashion that it was born and so, as always been adopted as a method to research trends and fads.
Also, the participants agree that fashion blogs, nowadays, have a real strong power and influence when it
comes to brands communication and public relations. In fact, participants agree in a sense that blogs have a
higher rate on influence and spreading brand awareness than any other marketing channel, after celebrities.

About the future of fashion research, participants have the opinion that emerging countries have a lot
potential to put in practice cool hunting and similar methods and on the other hand, inspire the occidental &
oriental culture.

Innovation Management

Concerning the innovation item, it is the more difficult and divergent when it comes to arrange a
consensus. There are two main positions on this matter: One is that to turn cool hunting into an innovation
tool, requires professionals capable to do so and not a cool hunter himself is able to do that; and the second
position states that trends spotted by cool hunters have to turn into innovation through processes that adapt
them into each company reality.

FEEDBACK - ROUND TWO

Intro note about round II

The objective of round two relied on the predictions of what will be the future of some concepts of the
study and to analyse and criticise a potential methodology model of Cool Hunting as a Trend Research. You
were asked to state your opinion and make what you consider to be the perfect model or to explain your
position if you didn’t agree with the vision of having cool hunting as a research methodology.

Future Predictions

On this matter, and in general, the participants came into a consensus about the future of cool
hunting and the future players and trend setters. From fashion to cool hunting people tend to turn cool
hunting a common practice among regular people, however there are a lot of concerns about it. The validity of
the Data gathered may be inconclusive due to the fact that when it turns digital, everybody can modify it
according to what each person thinks. Therefore, participants propose that in every cool hunting
methodology, the cool hunter must be responsible and the main creator of every data gathered, including
photographs, visual records and generated reports.

The future of cool hunting is something that participants couldn’t define exactly but lead expectations
that the digital world has a lot to due with the evolution of trend researching, and the main mean responsible
for the propagation of trends around the world. It is also said, that internet and digital instruments can be the
best tool to support a cool hunting research when it comes to the validation of certain trends around the
world with the support of cool hunters network. When it comes to trends and the players in fashion, bloggers
are the main trend setters. They play a very important role nowadays and according to participants will
continue to have this function in fashion with a ‘boom’ of new ones.

104
When asked about cool hunting being the job of the future, they actually agree but tend to mix it with
the concept of affiliate marketing specially when a cool hunter turns into a trend setter and business / brands
tend to incorporate him/her into a new level of making business online.

In general, participants think that companies don’t know the benefits of cool hunting but the main
reason to that is specially the lack of ‘professional’ cool hunters. On the contrary, in fashion cool hunting is
pretty much developed however very focused on traditional prediction tools.

About the cool hunting being a subject to explore in schools and graduation courses related to
marketing, business and design schools, every participants consider that it should exist at least a subject on
a graduated course, including a field research so that people can see in action how a cool hunting approach
works in practice. Workshops tend to be a very good approach as well but only if they attach a practic
component.

TEST MODEL WORK-FLOW

On the test model work-flow, participants agree in general terms that the model of the workflow of a cool
hunting research is very well designed and actually mixes the best of every methods that cool hunters
use nowadays. Therefore, the only items they add to the model is the difference between a virtual
approach and a field approach when it comes to research.

105
--------Not for participants use-------

Id Checked Entered

---

Before you answer these questions, it is important that you read the Feedback on both previous rounds.

Your individual responses to the Delphi expert consultation will be confidential and used anonymously. In this
final round, you will need only your name and ID given by the researcher when the delivery of the second
round.

Please Note: all information circulated to anyone other than yourself will be anonymised.

Name

ID Given

Round III - Delphi Question

Please type within the electronic boxes. These will expand to take any amount of text. In hard copy you may
continue your answers on additional pages using as many as you like.

ADDITIONAL NOTE: Once again, there are no right or wrong answers as this is an expert panel and you may
answer whatever your opinion might be.

CONSIDERATIONS & FINAL THOUGHTS

1. This is where you consider some of your previous responses and modify them if you feel to or share any
other thoughts you may have considering the study in course that you may find pertinent and worth saying to
the development of this study.

>

DO NOT WISH TO ANSWER [ ] DO NOT KNOW THE ANSWER [ ] NOT APPLICABLE TO MY EXPERIENCE [ ]

Thank you for your colaboration!

After this round and correspondent analisys, a final report will be send to you with completed
feedback and the final model of cool-hunting research.

For any additional sugestions, concerns or requests feel free to share / ask:
dianavcarrico@gmail.com.

106
Apêndice V

Questionário Ronda IV (ronda extra) - Método Delphi

107
DELPHI EXPERT CONSULTATION
EXTRA ROUND - IV

This is the forth round (extra) of the questionnaire that is part of a master degree research thesis, entitled:
Cool Hunting as a trend research methodology and innovation management tool in Fashion Business.

It is expected to receive your completed questionnaire as soon as possible by email sent to


dianavcarrico@gmail.com.

108
EXTRA ROUND - IV

Note about the extra round - IV

The aim of this extra round is to mainly validate the created model W6, based on feedbacks from all the
experts given on the previous rounds, as well as from information gathered that support the present study in
theory. The goal of the final phase is to reach a consensus in the ranking of the relevant factors within the
experts panel.

THE MODEL - CONSIDERATIONS

After the analysis of the rounds, we came to the conclusion that coolhunting is currently practiced by
a line of thought of conducting activities freely from many of these professionals, which is adopted in a
customized way by each one of them.

In this sense, there is a need to create a methodology that is not rigid, given the volatile
characteristics of the activity itself, and essentially procedural - based on stages and steps as a statement of
research like a guide to the coolhunters theirselves allowing them to be creative on their business without
letting the same creativity and versatility be compromised by methodological rigid processes, and turning the
focus of the model on the competence of coolhunter and their knowledge and experience.

The method established for this purpose, the W6 (WHAT, WHO, WHERE, WHEN, WHY, WOW) though it
is a simple model to follow and developed based on the investigation in this thesis is intended as a kind of
roadmap for the coolhunter by incorporating the research and observation phases as well as the
implementation in practice with a creativity and innovation sense. Also, the model is complemented by a
numeric formula with a certain algorithm created for the purpose and based on the subjective logic of the
model.

THE MODEL - PROCESS

The explanation of the process will take place via skype, individually, with an oral presentation, so
that the process can be full understood.

After the webconference, participants will express their opinions and justify them on the following
questionnaire.

109
--------Not for participants use-------

Id Checke Entered
d

---

Before you answer these questions, it is important that you read the Feedback on both previous rounds.

Your individual responses to the Delphi expert consultation will be confidential and used anonymously. In this
final round, you will need only your name and ID given by the researcher when the delivery of the second
round.

Please Note: all information circulated to anyone other than yourself will be anonymised.

Name

ID Given

Round IV - Delphi Question

Please type within the electronic boxes. These will expand to take any amount of text. In hard copy you may
continue your answers on additional pages using as many as you like.

ADDITIONAL NOTE: Once again, there are no right or wrong answers as this is an expert panel and you may
answer whatever your opinion might be.

MODEL VALIDATION

1. What is your main opinion about the model itself? Should more drivers be considered to be part of the
model? Do you think Time is a driver that should be stated into the formula and correlated to the evaluation of
the quality of the model? Please state your general opinion about the model and if you consider if it is the
ideal model to the practice of cool hunting.

>

DO NOT WISH TO ANSWER [ ] DO NOT KNOW THE ANSWER [ ] NOT APPLICABLE TO MY EXPERIENCE [ ]

Thank you for your colaboration!

After this extra round, a final report will be send to you.

For any additional sugestions, concerns or requests feel free to share / ask:
dianavcarrico@gmail.com .

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