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Todo cristão é profundamente grato por muitos dos seus pensamentos não serem
conhecidos por ninguém mais, exceto por ele mesmo e Deus. Se o cérebro tivesse a
capacidade natural de transmitir nossos pensamentos íntimos para outras pessoas,
todos ficaríamos cobertos de vergonha e confusão. Quem poderia olhar nos olhos
do seu próximo? Entretanto, Deus, em bondade, erigiu um cortina de privacidade
em torno da mente, de forma que somente Ele e nós tomamos conhecimento do
constante gotejar de pensamento ímpio e louco que há dentro de nós. Felizmente
terceiros não precisam ser introduzidos nesse confessional.
SANTIDADE
Há também uma outra razão pela qual devemos olhar para trás com tristeza, para
o nosso mau uso da língua e para vigiá-la, portanto, com mais cuidado no futuro.
O tom da conversação do cristão dá-nos uma clara idéia do quão santificado é ele.
"Pelas tuas palavras serás justificado e, pelas tuas palavras, serás condenado" (Mt. 12:37),
disse Cristo. O sentido certamente deve ser o de que as palavras traem o
verdadeiro caráter de todo homem. Elas revelam o verdadeiro estado do coração e
nos proclamam dignos do céu ou do inferno. Mas, se as palavras revelam o estado
do coração, não revelariam também o grau de santidade de um cristão?
Deve ser culpa da nossa ignorância de Deus o permitirmos que algumas vezes as
nossas línguas perambulem para cá e para lá em conversação frívola. Não foi o
nosso próprio Salvador e Juiz que nos advertiu: "Digo-vos que toda palavra frívola que
proferirem os homens, dela darão conta no dia de juízo" (Mt. 12:36)? De semelhante
modo o apóstolo Paulo nos dá este sóbrio mandamento: "Não saia da vossa boca
nenhuma palavra torpe; e sim unicamente a que for boa para a edificação, conforme a
necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem" (Ef. 4:29). Estas palavras colocam
diante de nós um duplo dever: privar-nos do falar inútil e procurar edificar uns aos
outros pela boa escolha da conversação que alimenta a alma.
Uma das razões pelas quais nós, como cristãos modernos, falamos tanto sobre tão
pouco é porque somos bombardeados por todos os lados por conversa banal. O
mundo do entretenimento, o qual tem em algum lugar um porta-voz na maioria
das casas, tem muito o que responder por isso. Todos temos sidos ensinados como
falar interminavelmente sobre nada. As assim chamadas "personalidades" de rádio
e televisão freqüentemente são pouco mais que educadores de massas na arte da
conversa fiada. Este é o modo do mundo e, num certo sentido, é o que dele se
espera. Este mau exemplo é, entretanto, adotado pelos cristãos. Aprendemos a nos
conformar a níveis mais fáceis e mais baixos. Em vez disso, devemos elevar o tom
das nossas conversações diárias para algo mais consistente com a nossa vocação
como filhos de Deus.
Quanto a isso quão perfeito é, como em tudo mais, o exemplo do nosso bendito
Senhor Jesus Cristo! Deixe-se que um ateísta qualquer, que com isso se importe,
venha com tesouras críticas cortar fora dos quatro evangelhos todas as palavras de
Cristo que foram fúteis, leves e insignificantes. Logo descobrirá que é tarefa inútil.
Para onde quer que nós olhemos nos evangelhos, nenhum sermão, frase, nem
mesmo sílaba que aparece nos lábios de Jesus podem ser chamados de inúteis. Pelo
contrário, que riqueza temos de doutrina pesada em seus lábios! Que enciclopédia
teológica! Que compêndio de santo viver! Que "livro de citações"! Que antologia de
ditos imortais, estórias, parábolas, profecias e (mesmo em nosso moderno mundo
secular) expressões familiares! Se o caráter deve ser julgado pelas palavras de um
homem, então temos aqui mais uma razão para cairmos prostrados aos pés deste
Homem, que falou como nenhum outro nem antes nem depois. Pois Cristo ao falar
supera a todos os que já falaram e faz a erudição de um Aristóteles empalidecer.
Ele sobrepuja Homero e sobrepuja Shakespeare! Um sermão de Cristo torna
supérflua a sabedoria das eras; e as breves palavras pronunciadas em particular
carregam a mesma marca de espiritualidade divina.
Causa medo que nosso Salvador tenha tão poucos discípulos que se esforçam para
copiá-Lo em Sua conversação de nível elevado. Entretanto, o quão grandemente
tenhamos fracassado, devemos nos arrepender e cultivar uma maneira de falar que
melhor reflita a santidade do nosso Mestre.
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