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Capítulo 02

Sáb, 25 de Dezembro de 2010 17:17

O auxiliar do capitão saiu da cabine para fumar, o capitão não é fumante e, não permite que
fumem em sua cabine. Porém, do lado de fora, um relâmpago revelou ao auxiliar uma surpresa
aterradora.

Reconheceu claramente o que era o enorme vulto que vira. Era a proa de um grande navio e,
vinha em sua direção.

Imediatamente, acendeu todas as luzes do barco, e soou o quanto pode a sirene, gritando
desesperadamente, de forma que a tripulação do navio os visse, e alterassem a sua rota. O
barulho foi tanto, que todos os seus companheiros do barco acordam e sobem para o convés.
Vendo o motivo da algazarra, começam a gritar também. Estão tão preocupados com o
iminente choque que, nem repararam em dois pequenos barcos, que aportaram ao seu, nem
nas pessoas que, sorrateiramente, sobem a bordo.

- Todo mundo no chão! – Grita um dos invasores à tripulação, que olha assustada e sem
entender nada e vê um grupo, vestido como ninjas, com grandes armas em punho – Rápido
todos no chão, não olhem!

Não tem escolha. Com a surpresa do ataque, ficam sem reação, e obedecem ao comando.

- Quem são vocês? – Pergunta o capitão. – O que vocês querem? – Mas, não obtém
respostas. Os invasores estão imóveis, em pé, apontando uma arma para cabeça de cada
tripulante, nem mesmo o balanço do barco os parece incomodar.

Ficam nesta posição por alguns segundos, até que, ouvem passos no convés. Parece alguém
calçando sapatos, e possui passos lentos e decididos. Imediatamente, ordena aos “ninjas”.

- Levem-nos para cabine, e os amarrem! – A voz soou rouca, e parecia de uma pessoa já com
uns 60 anos. Falava inglês, mas, com um leve sotaque que não conseguem identificar.

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De forma truculenta, todos são carregados para dentro da cabine, onde são amarrados,
fortemente, em cadeiras, que são ajustadas de forma a ficarem voltadas todas para o mesmo
lado, como em um auditório.

Um relâmpago clareou a porta e viram o perfil de um homem magro e alto, que usa uma capa
de chuva. O homem anda tranquilamente, até a frente das cadeiras. Agora todos conseguem
vê-lo, é realmente um senhor de uns 60 e poucos anos, magro, com cabelos grisalhos e ralos.
Veste um elegante terno preto e camisa branca, com uma capa de chuva por cima.

O homem puxa uma cadeira, senta-se, cruza as pernas e acende um cigarro, ignorando a
expressão de desaprovação do capitão.

- Quem é você? – Perguntou o investidor. – O quer de nós?

O homem grisalho deu uma longa tragada em seu cigarro, soltando, lenta e prazerosamente a
fumaça. Fica alguns segundos em silencio, como se, saboreando seu vicio, então fala:

- Acalmem-se, vocês ficarão sabendo de tudo!

***

Ano de 1974, numa sala de reuniões em Washington – USA.

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Um grupo de senhores com olhar austero se reúne a portas fechadas. Todos, a exceção de
um, trajam ternos. Podemos dizer que, os membros deste grupo estão acima dos demais seres
humanos. São eles que decidem o que é verdade e o que é mentira, quem será eleito, ou
destituído, quem deve viver, e quem... deve morrer. Seu poder é tamanho, que poderíamos
considerá-los semideuses.

A origem deste grupo se perde no tempo. Desde a antiguidade, são os que tomam as decisões
e graças a sua maleabilidade e adaptabilidade, conseguem manter o poder a muitos séculos.
Já foram guerreiros, sacerdotes, comerciantes, navegadores... hoje, graças a, segundo eles,
perigosa disseminação do conhecimento, possuem representantes em todas estas áreas, e em
outras mais modernas. Sempre que um membro morre, o grupo elege um sucessor a altura,
geralmente filho do que morreu. Mas há exceções, visto que alguns não podem ter filhos, então
alguém é nomeado.

Em todos estes séculos à frente da humanidade, nunca estiveram diante de uma ameaça tão
grande. Precisam, urgentemente, decidir o que fazer antes, que seja tarde demais. A discussão
está acalorada

- Sempre falei dos riscos das viagens espaciais. – Falou o que não usava terno, jogando seu
solidéu vermelho sobre a mesa. – Deveria continuar como a morada intransponível de Deus!

- Os tempos mudaram - Respondeu o mais jovem do grupo -, ninguém mais acredita nesta
lenda.

- Esta “lenda”, nos manteve no poder por séculos!

- Sim, e quem não acreditasse, ardia na fogueira. – Respondeu arrogantemente o mais novo.

- Era uma época boa, todos tinham medo de ter idéias, tínhamos respeito. – Concluiu o que
não usava terno.

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- Essa discussão não levará a nada. – Gritou o líder do grupo – Nós decidimos que deveríamos
sair para o espaço. Era uma necessidade, tínhamos que mostrar a eles que também éramos
capazes. Foi para nossa própria segurança!

- Exato! – Concordou outro. – E além do mais, ninguém poderia imaginar o que


encontraríamos.

- Eles me preocupam muito. – Falou um dos mais velhos – Não sabemos quase nada a seu
respeito.

- Por isso estamos nos armando, é nossa única chance. – Falou desanimadamente outro
senhor – Temos que nos preparar para uma guerra iminente, e desta vez, será uma guerra que
não provocamos.

- Só não entendo porque trazer o objeto encontrado. – Falou o que não estava de terno.

- Curiosidade cientifica. – Respondeu o mais novo – Precisávamos saber o que era o seu
conteúdo!

- Bem – continuou o líder -, está decidido que, para lua ninguém mais vai, isso é ponto. Mas, o
que fazer com o cubo de vidro?

- Se as informações traduzidas forem divulgadas, nunca mais a raça humana será a mesma. E
nosso domínio, estará acabado.

- Inadmissível! – Falou outro exaltado. – Nós somos os cães pastores e o restante da


humanidade, são as ovelhas. Eles têm a obrigação em fazer o que queremos, sem questionar.
Sempre foi assim, e, assim continuará sendo para sempre.

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- Vamos destruir o cubo, todo o seu conteúdo, e todas as traduções.

- Sim, devemos fazer isso, imediatamente!

- E os tradutores?

- Devem ser eliminados, um a um. – Neste instante todos olharam para o homem que estava
fumando, calado, em uma das cadeiras. Ele era o que chamavam de homem de ação, o que
punha em prática o que era decidido, principalmente, o trabalho sujo.

- Podem ficar tranquilos – falou calmamente, dando uma tragada em seu cigarro -, eu cuido
disso.

- As mortes dos tradutores, devem parecer acidente.

- Ou, até uma maldição, como já fizemos com outros arqueólogos. Sempre dá certo.

- Não se preocupem – falou tranquilamente o fumante –, o serviço será limpo, como sempre.

- Mas temos ainda outro problema. – Falou o mais jovem – Não podemos nos esquecer do
aviso junto ao cubo:

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“A terceira irmã tem metade do que a primeira.

A segunda, somente em lembranças ”

- Certamente existe outro cubo na terra, afinal, a lua e a terra tem a mesma origem, são irmãs!

- Mas, e a segunda?

- A segunda está fora de nosso alcance... por enquanto.

- Precisamos ficar de sobreaviso. Vamos deixar nossa central de inteligência atenta e, a


qualquer sinal do outro cubo, interceptaremos imediatamente!

6/6

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