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ORQUIDEA

COMO CULTIVAR ORQUIDEAS

1. O QUE SÃO AS ORQUIDEAS.


Plantas epífitas, as orquídeas (Família Orchidaceae), crescem geralmente em
árvores usando-as somente como apoio para buscar luz. Possuem muitas e
variadas formas e cores, já que essa planta reproduz-se facilmente entre
espécies semelhantes.
Taxonomia
As orquídeas pertencem à ordem Asparagales, à família Orchidaceae. Alguns
autores definem como a maior de todas as famílias botânicas, com números de
espécies estimados em 25000 e 40000. Mas um consenso geral é de que se
trata da maior família botânica dentre as monocotiledôneas. Esses imponentes
números desconsideram a enorme quantidade de híbridos e variedades
produzidos por orquidicultores todos os anos. A quantidade de gêneros
conhecidos também é surpreendente, superando a marca dos 700. Veja a lista
de gêneros da família Orchidaceae.
A família Orchidaceae subdivide-se em 5 subfamílias (números estimados de
gêneros e espécies pelo Angiosperm Phylogeny Group):
 Apostasioideae - 2 gêneros e 16 espécies do Sudeste Asiático;
 Cypripedioideae - 5 gêneros e 130 espécies das regiões temperadas do
mundo, poucas na América tropical;
 Vanilloideae - 15 gêneros e 180 espécies na faixa tropical e subtropical
úmida do globo, e leste dos Estados Unidos;
 Orchidoideae - 208 gêneros e 3630 espécies distribuídas em todo mundo,
exceto nos desertos mais secos, no círculo Ártico e na Antártida;
 Epidendroideae - mais de 500 gêneros e cerca de 20000 espécies
distribuídas sobre as mesmas regiões de Orchidoidea, embora hajam algumas
espécies subterrâneas no deserto australiano.

As espécies de orquídeas são um desafio para os teóricos em Biologia, no


que diz respeito ao próprio conceito de espécie. Há muitas orquídeas, com
características marcantemente próprias e diferentes de outras "espécies" que,
quando postas em contato com estas outras, podem efetuar cruzamentos e
produzir híbridos férteis. Estes híbridos ainda podem ser cruzados com outras
espécies, e produzir novas gerações de híbridos férteis. Há híbridos entre
espécies, e até mesmo entre gêneros. Há híbridos obtidos através do
cruzamento de várias gerações de híbridos de 4 ou mais gêneros distintos. Este
fenômeno é um dos trunfos dos orquidicultores, que podem "misturar" suas
espécies e obter uma combinação quase infinita de novas formas e cores, mas
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também pode ocorrer naturalmente. É possível que várias "espécies"


classificadas pelos botânicos sejam, na verdade, híbridos naturais há muito
estabelecidos na natureza.
Esta confusão certamente influencia nas flutuações do número de
espécies de Orchidaceae mencionados acima, uma vez que não há sequer um
consenso do que seria exatamente uma espécie de orquídea.
Morfologia....Hábito
De maneira geral as orquídeas compartilham características exclusivas
marcantes. São normalmente epífitas, terrestres, litófitas, psamófitas,
saprófitas ou raramente aquáticas, freqüentemente rizomatosas , com raízes
robustas cobertas por um tecido esponjoso chamado velame .
Folhas
As folhas apresentam morfologia variada, mas são quase sempre alternas e
dísticas. O caule pode muitas vezes se apresentar comprimido verticalmente e
espessado, e é a isso que chamam pseudobulbo .
Flores
As inflorescências podem ter de 1 a centenas de flores , de acordo com a
espécie, e podem ser apicais, laterais ou basais.
As flores são normalmente de simetria bilateral , com 3 sépalas e 3 pétalas ,
das quais a dorsal é expandida, ou apresenta calos, ou possui padrões de cor
diferentes, pétala diferenciada esta que chamam de labelo .
Os órgãos reprodutivos encontram-se reduzidos e fundidos em uma estrutura
central chamada coluna. O número de estames varia entre as subfamílias:
Apostasioidea possui 3; Cypripedioidea 2, com o estame central modificado; as
demais apresentam apenas o estame central funcional, com os 2 outros
atrofiados ou ausentes. Os grãos de pólen encontram-se agrupados em massas
cerosas chamadas polínias. O estigma é normalmente uma cavidade na coluna
onde as polínias são inseridas pelo polinizador . O ovário é ínfero, e possui até
cerca de 1 milhão de óvulos.
Fruto
O fruto é uma cápsula, que se abre quando seca para liberar sementes
minúsculas e leves, cujo embrião não passa de um aglomerado de células . As
espécies de Vanilla são as únicas com frutos carnosos e sementes grandes, os
quais são usados para a obtenção de baunilha.
Ecologia
Devido à grande distribuição geográfica, é natural que um grupo tão diverso
também apresente adaptações das mais diversas aos seus ambientes.
Nas regiões tropicais úmidas, onde a luz e a umidade são abundantes, porém a
competição com espécies arbóreas é muito forte, as orquídeas assumem um
hábito predominantemente epifítico.
Em busca de luz sob a sombra de árvores de mais de 40 metros de altura,
estas ervas crescem sobre os galhos e troncos, a alturas variadas de acordo
com as necessidades de cada espécie. Suas raízes, expostas ao ar, obtêm a
maior parte dos nutrientes do material em decomposição ao seu redor, da água
da chuva que lava as folhas das árvores no alto, ou da poeira existente no ar.
Entremeado ao velame , existe um fungo chamado micorriza , que auxilia na
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decomposição de matéria orgânica e transformação desta em sais minerais,


para facilitar sua absorção. Em casos extremos de umidade, as orquídeas
podem absorver toda água e os nutrientes pelos poros em suas folhas,
relegando as raízes apenas a função de sustentar a planta sobre o substrato.
Nenhuma orquídea assume a função de parasita , ou seja, sua presença não
prejudica seus hospedeiros (embora haja casos excepcionais em que o galho
de uma árvore não suporte o peso de uma grande colônia de orquídeas e
venha a quebrar).
Em regiões de clima temperado, onde a relva é predominante, assim como nas
áreas de savana e campos rupestres , as orquídeas são basicamente plantas
terrestres, com raízes subterrâneas bem desenvolvidas, às vezes com a
formação de tubérculos . Nestas áreas de clima sasonal, as plantas
normalmente passam por um estágio de dormência, em que, muitas vezes, sua
parte aérea seca para evitar danos à sua fisiologia devido à seca, ou ao frio
extremo.
De volta às florestas tropicais, também há muitas espécies terrestres, mas
estas se mantêm em desenvolvimento o ano inteiro. A grande quantidade de
matéria orgânica disponível no solo da floresta favorece o surgimento de
algumas poucas espécies saprófitas, orquídeas desprovidas de clorofila que
obtêm toda a matéria orgânica de que precisam do material em decomposição
ao seu redor.
Polinização
Pela sua estrutura reprodutiva, as orquídeas obrigatoriamente necessitam do
auxílio de animais para o transporte de pólen ao órgão feminino de suas flores,
uma vez que a massa polínica é pesada demais para ser levada pelo vento, e a
parte receptiva do órgão feminino não é exposta o suficiente para recebê-la.
Assim, as orquídeas selecionaram as estratégias mais fascinantes para
promover a polinização. As flores podem possuir cores e aromas que atraem a
atenção de polinizadores diversos, como abelhas , borboletas , mariposas
diurnas e noturnas, morcegos , besouros e beija-flores . Sua forma e tamanho
também correspondem ao tipo de polinizador.
Algumas flores podem assumir formas extremas. Orquídeas do gênero europeu
Ophrys, por exemplo, apresentam a cor e a forma do labelo, ornado por
cerdas, de maneira tal que se assemelham a fêmeas de uma certa espécie de
abelhas. De forma que o macho, atraído pelo ferormônio produzido pela própria
flor e pela sua forma, copula com esta por engano, levando consigo as polínias,
que depositará na próxima flor que visitar.
Outras, como o gênero Angraecum das Filipinas , com flores noturnas,
produzem néctar em tubos extremamente longos na base dos labelos, de modo
que somente certas mariposas noturnas com probóscides igualmente longas,
podem alcançá-lo. Ao posicionar-se diante das flores, as mariposas esbarram
sua cabeça nas anteras, fazendo com que as polínias sejam atiradas e presas
em si.
Algumas orquídeas, ainda, não produzem néctar, mas perfume. Algumas
abelhas visitam as flores para recolher este perfume, que acredita-se ser usado
por elas para a síntese de ferormônios.
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Há inúmeros exemplos de estratégias de polinização entre as orquídeas, e


descrevê-los todos transformaria esta página em um autêntico e-book .

Cultivo
Por sua beleza única, as orquídeas são extensivamente cultivadas, e seu
comércio movimenta fortunas todos os anos de maneira crescente. Mas como
são tantas espécies diferentes de ambientes diferentes, é impossível apresentar
os cuidados básicos de cultivo para todas elas de maneira geral. Assim, o
primeiro passo para cultivar uma orquídea com sucesso é a identificação
correta da espécie em questão. Ter contato com outros orquidófilos mais
experientes pode ser útil caso surja uma planta desconhecida que se queira
cultivar. Desta forma pode-se decidir com precisão a iluminação, o regime de
regas, o substrato , e outros fatores necessários para o êxito no cultivo.
Uma coisa é certa, as orquídeas de maneira geral não são plantas delicadas e
frágeis como alguns acreditam. Pelo contrário, estas plantas (principalmente as
providas de pseudobulbo) são extremamente resistentes, e podem sobreviver
durante dias fora de um substrato. Sua capacidade de sobrevivência lhes
permite que tenham tempo para adaptar sua fisiologia a novas condições após
o replantio. Os híbridos, por sua vez, são de maneira geral extremamente
resistentes, e podem prosperar mesmo em condições adversas de cultivo,
crescendo mais rápido que as espécies ditas "naturais".

Produção

As orquídeas podem ser produzidas em larga escala graças à resistência de


suas mudas na maioria das espécies, à quantidade de sementes produzidas em
cada fruto, e à possibilidade de reprodução de meristemas in vitro .
O método mais simples de reprodução é a divisão do rizoma . Toma-se uma
planta adulta com pelo menos 6 pseudobulbos formados, de preferência logo
após o término da floração, e, com uma faca afiada e esterilizada, corta-se o
rizoma, de maneira a separar a planta em duas mudas com 3 pseudobulbos
cada. Em casos de plantas maiores deve-se sempre manter as mudas com o
mínimo de 3 ou 4 pseudobulbos para permitir seu rebrotamento. O plantio
deve ser feito no substrato adequado à espécie. A muda deve ficar fixa de
alguma forma para que as novas raízes possam brotar e se fixar no substrato.
Só quando as raízes estiverem restabelecidas as plantas voltarão a crescer.
As sementes são diminutas, e um único fruto pode gerar milhares de novas
plantas, cada uma com uma característica diferente da outra. Mas as sementes
são muito pequenas, e não conseguem germinar por recursos próprios. Elas
precisam das condições de acidez e da disponibilidade de nutrientes que o
fungo micorriza de uma planta adulta fornece. Assim, o modo mais simples (e
menos eficiente) de reprodução por sementes é simplesmente espalhá-las
sobre e ao redor das raízes de orquídeas adultas, assegurando-se de que
tenham umidade constante.
O método mais eficiente consiste no preparo de um substrato de musgo
Sphagnum . Este deve ser esterilizado e deixado em repouso em um recipiente
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fechado para manter sua umidade. Deve-se também adicionar pedaços


saudáveis de raízes de uma orquídea adulta, de preferência da espécie que
deseja-se reproduzir, para que o fungo possa se reproduzir no próprio
Sphagnum. Após alguns dias de descanso, semea-se as sementes, e conserva-
se o sistema em um recipiente transparente. As sementes germinam em
algumas semanas, e crescem muito devagar, de modo que uma planta só
floresce pela primeira vez com entre 5 e 10 anos de idade.
A reprodução por meristema, ou clonagem , é mais eficiente, e consiste na
retirada da ponta das raízes. Colocada em meio de cultura, e sob a influência
de hormônios vegetais, o meristema transforma-se numa massa de tecido
indiferenciado, capaz de dar origem a novas plântulas. As plântulas são
destacadas e cultivadas em tubos de ensaio independentes, e em pouco mais
de 1 ano, estão prontas para o cultivo em local definitivo. As mudas produzidas
são, logicamente clones perfeitos da planta original, sendo este método o mais
aplicado para a reprodução em massa de uma determinada variedade.

Orquídeas mais populares

Estes são alguns dos gêneros mais cultivados dentre as orquídeas (há de se
lembrar que ao clima de cada região, certas espécies de orquídea se adaptam
melhor do que outras, de forma que a lista seguinte contém gêneros que
podem prosperar em uma região mas não em outra):
Há ainda inúmeros híbridos, a maioria deles gerada pelo cruzamento entre
espécies dos gêneros citados acima. Nesse caso, o nome cient~ifico
geralmente é uma fusão dos nomes dos dois gêneros utilizados, como por
exemplo Laeliocattleya.

Advertência

Muitas orquídeas encontradas em pequenas floriculturas , ou à venda pela


internet são plantas que foram coletadas do seu habitat natural. Esse
procedimento tem diminuído as populações naturais de orquídeas, e muitas já
podem estar extintas na natureza devido a esta prática. Recomenda-se:
 Não retirar planta alguma da natureza. Mesmo que esteja em galhos
caídos, doente, ou em qualquer situação que aparentemente a levaria à morte,
há a possibilidade da planta florescer e produzir sementes antes de morrer.
Retirando as plantas da natureza, anula-se a possibilidade de que esta planta
seja reposta por suas descendentes.
 Verificar se o vendedor possui licença para exercer o comércio de
orquídeas. Se o comprador for mais experiente, avaliar as espécies disponíveis
para a venda para saber sua procedência. Algumas orquídeas não são
cultivadas com sucesso em escala comercial, e sua presença numa floricultura
pode indicar que tenham sido colhidas em seu habitat natural.
 Se possível, verificar o fornecedor das plantas. Há muitos orquidários
profissionais que produzem suas próprias plantas, mas há alguns que baseiam
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sua produção em espécimes silvestres. Há mesmo alguns vendedores que


recebem suas plantas diretamente de mateiros que as coletam da natureza.
Estas são precauções que podem ajudar no controle da coleta ilegal de
orquídeas, e podem contribuir para sua preservação.

2. A ORIGEM DAS ORQUÍDEAS

Como as flores, a orquídea tem uma lenda. Eis a encantadora história, como é
contada nas terras da Indochina. Na cidade de Anam, existia uma jovem
chamada Hoan-Lan, que se divertia em fazer penar suas paixões aos seus
numerosos adoradores. Por um sorriso, o jovem Kien-Fu tinha cinzelado o ouro
mais fino e trabalhado com infinita paciência as mais lindas peças de jade. A
ingrata, após se adornar com todos os presentes do nobre apaixonado, riu-se
dele e o desprezou. Kien-Fu, desesperado, acabou com a própria vida atirando-
se ao Rio Vermelho.
O pintor Nguyen-Ba conseguiu obter cores desconhecidas para pintar o retrato
de sua amada. Esta, porém, depois de ter exibido para a satisfação de sua
vaidade a magnífica pintura, desprezou o artista que desapareceu para sempre
no mistério das selvas. Mai-Da, apaixonado também, quis patentear seu amor
à jovem volúvel, inventando um perfume delicioso somente digno dos anjos. A
ingrata perfumou-se e mandou pôr na rua o seu adorador que, nada mais
aspirando na vida, se envenenou.
Cung-Le levou sua perseverança a incrustar nácar numa pulseira de ébano que
foi recebida pela ingrata. O pobre endoideceu.
Mas o poderoso Deus das Cinco Flechas, que a tudo via e tudo ordenava, julgou
que era o momento de castigar tanta maldade, fazendo a jovem volúvel
apaixonar-se pelo formoso Mun-Cay. E desde então, Hoan-Lan sonhava no seu
leito de nácar e sedas bordadaas com seu adorado, cujo nome esvoaçava sobre
seus lábios de carmim, como uma borboleta sobre a rosa. Ao despertar, descia
à piscina, banhava-se e adornava-se com suas jóias mais preciosas para ver
passar seu querido Mun-Cay, que apenas se dignava a levantar os olhos para
ela. Nunca tinha considerado a formosa jovem, nem se interessado pela fama
de beleza que tinha ardido à sua volta.
Os dias iam passando, e Mun-Cay não saía de sua indiferença cruel. Um dia,
Hoan-Lan decidiu sair-lhe ao encontro e declarar-lhe paixão.
Não me interessas, rapariga ! - disse ele. - És como todas as outras. Para mim
não vales nada. Se fosses como aquela que eu amo... Esta sim, é uma deusa.
Tu, mísera Hoan-Lan, com toda tua vaidade, não serves nem para atar-lhe as
fitas das sandálias. E, com um sorriso desdenhoso, afastou-se.
Em meio de seu desespero, Hoan-Lan lembrou-se do Deus Todo Poderoso que
vivia na montanha de Tan-Vien. Talvez ele pudesse lhe valer. Apesar da noite
escura e chuvosa, a jovem dirigiu-se ao monte sagrado, onde residia sua
última esperança. A entrada do templo subterrâneo era guardada por um
terrível dragão. Suplicou-lhe a concessão de entrada e ao cabo de muitos
pedidos conseguiu penetrar num extenso corredor, por entre serpentes
horríveis que lhe babujavam os pés nus.
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Quando chegou junto ao trono de ônix do poderoso gênio, prostrou-se e


implorou:
Cura-me, que sofro horrorosamente. Amo Mun-Cay que me despreza.
É justo o castigo - respondeu o deus - Porque isso mesmo tem feito aos teus
apaixonados.
Ó Todo Poderoso, tem dó de mim. Concede-me o amor de meu querido Mun-
Cay. Sabes bem que não posso viver sem ele.
Vai-te daqui - rugiu o gênio - Nada conseguirás. O castigo que pesa sobre ti, foi
imposto pelo Deus das Cinco Flechas, que tudo sabe. É justo que sofras. Saia
do meu templo.
Á saída, Hoan-Lan encontrou-se com uma bruxa de pés de cabra.
Formosa jovem - disse-lhe a bruxa - sei que és muito desgraçada. Queres
vingar-se de Mun-Cay? Vende-me a tua alma e juro-te que, embora Mun-Cay
não te ame, não amará a outra mulher.
Hoan-Lan, voltou à sua casa, que lhe parecia um cárcere. Saía para os bosques
a distrair sua pena, mas sempre em vão. Um dia, vendo ao longe seu adorado
Mun-Cay, correu para ele e, quando se preparava para abraçá-lo, o jovem foi
transformado numa árvore de ébano.
Neste momento apareceu a bruxa que, soltando uma gargalhada, lhe disse: -
Desta maneira o teu amado não pode ser nunca de outra mulher.
Bruxa infame, exclamou chorando, a pobre Hoan-Lan - o que fizeste a meu
adorado ? Devolva-me ou mate-me. Contratos são contratos - replicou a bruxa,
rindo satanicamente. Cumpri o que prometi. Mun-Cay, embora nunca te ame,
não amará a outra mulher.
Prometi e cumpri. A tua alma me pertence.
Hoan-Lan, abraçada ao pé da árvore, clamava desesperadamente a seu tronco
imóvel.
Perdoa-me, Mun-Cay. Tem para mim uma só palavra de amor, de indulgência e
compaixão. Não vês como me arrasto aos seus pés, como te abraço, como
sofro!
Mas a árvore nada respondia. A jovem ali ficou por muito tempo.
Uma manhã passou por ali um gênio que se compadeceu da sua dor.
Acercando-se dela, pôs-lhe um dedo na testa e disse:
Mulher, procedeste muito mal. Foste volúvel até a crueldade e ingrata até a
malvadez.
Procedeste muito mal. Mas tua dor purificou a tua alma. Estás perdoada e vais
deixar de sofrer. Antes que a bruxa venha buscar a tua alma, vou transformar-
te numa flor. Ficarás sendo, no entanto, uma flor esquisita e requintada, que
dê a impressão do que foi a tua vida maldosa. Quem vir as tuas pétalas
facilmente adivinhará o que foi o teu espírito, caprichoso, volúvel, cruel, e a tua
preocupação constante pela elegância. Concedo-te um bem: não te separarás
do bem que adoras e viverás da sua seiva, sempre parasita do teu amado.
Assim falou o poderoso gênio. E, quando falava, a túnica rósea de Hoan-Lan ia
empalidecendo e tornando-se de uma delicada cor lilás. Os olhos da jovem
brilharam como pontos de ouro e as suas carnes tomaram a tonalidade do
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nácar. Os seus formosos braços enrolaram-se na árvore na derradeira súplica.


E assim apareceu a primeira orquídea do mundo, segundo a lenda do Anam.

3.COMO CUIDAR.

Estas maravilhosas orquídeas são um gênero que é omposto aproximadamente


por 60 espécies, distribuídas no sudeste asiático: Japão, China, Indonésia,
Thailandia, Himalaia e Austrália.
O tamanho das flores pode ser variado, assim como suas cores: branco,
rosado, vermelho, amarelo , verde, bordô.
A floração acontece principalmente de julho a novembro, a irrigação varia
segundo a temperatura e umidade do lugar, é muito importante manter o
substrato do solo "umedecido", mas não encharcado.
Por exemplo: se a superfície do substrato se encontra seca deve-se regar com
bastante água, mas sempre permitindo a drenagem da mesma, porque a
concentração da água na base do vaso  ocasiona a putrefação das raízes.
O ideal é utilizar água da chuva para regar, mas em sua falta água potável
também pode ser usada, é necessário pulverizar as plantas 2 vezes por
semana no inverno,e 3 vezes por dia no verão.
A temperatura ideal é entre 15 e 25 graus celsius. A temperatura mínima é de
10 graus celsios, porém se a redução for gradual podem resistir até a 5 graus.
É importante manter as orquídeas protegidas das geadas. A temperatura
máxima ideal é de 27 graus.
Durante a floração a luz deve ser indireta, através de uma janela. Nas épocas
de outono e primavera podem receber sol direto pela manhã, e no verão o
ideal é 50% de sombra.

4.COMO PLANTAR.

As orquídeas devem sempre ser replantadas a cada 2 anos, então a utilização


de vasos grandes é inútil, ocasionando o apodrecimento das raízes pelo
acúmulo de água.
Portanto, escolha um vaso grande o suficiente para a planta que irá plantar,
mas o menor possível.
Uma dica importante é colocar uma etiqueta identificando o nome da planta,
data de plantio, local de origem, etc, para que se possa fazer um
acompanhamento detalhado desta planta.
Deve-se colocar pedras (brita) no fundo do vaso, de modo a evitar o acúmulo
de água.
Se estiver plantando num vaso tipo bandeja, proteja os furos de entrada com
uma tela ou pedaço de pano fino, para evitar a entrada de parasitas.
Deve-se completar o substrato com xaxim ou similares.
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Alguns tipos de orquídeas cresçam na horizontal, portanto deixe espaço livre


entre vasos para que a planta possa crescer livremente.
É necessário que a planta fique bem firme no vaso. Para tanto, comprima bem
o xaxim, ou, se necessário, prenda-a com uma estaca.
Para ter certeza de que a planta está bem presa, levante o vaso segurando
pela planta. Se o vaso não cair significa que está bem presa.
Este procedimento evita que a planta caia do vaso numa ventania, chuva forte
ou até mesmo por um jato de água na hora de regar.
Nem todas as orquídeas se adaptam em vasos.
As alternativas são troncos de árvores ou plástico de xaxim.
Alguns materiais para ter:
 Tesoura de poda
 Etiquetas de Identificação
 Estacas de Sustentação (Para orquídeas de hastes longas)
 Amarrilho (para fixar as plantas nas hastes)
 Pulverizador de água (pode ser aqueles modelos utilizados em salões de
beleza para molhar os cabelos)
Em dias muito quentes é importante molhar as plantas não só regando, mas
também pulverizando água no ambiente. Este procedimento deve ser realizado
principalmente em ambientes onde há muito cimento e pouca vegetação, pois a
baixa umidade do ar pode prejudicar a planta.
O melhor horário para este procedimento é durante a manhã ou à tarde.
Molhar as folhas das plantas com sol a pino pode queimá-las.
Quanto à iluminação, como já dito em outra matéria, deve ser de 50%.
Se as folhas da planta estiverem muito verdes, significa falta de sol. Folhas
amareladas indicam excesso.
Quando a planta estiver criando raízes novas (com pontas verdes, como
brotos), estas devem ser divididas e replantadas.
Para dividir a orquídea cuide para que cada parte tenha pelo menos três
bulbos.
Replante as partes em vasos de tamanho adequado e pronto! - novas
orquídeas.
A maior parte das orquídeas pode ser plantada em vasos de barro ou
plástico, cujo tamanho deve ser o menor possível. Vaso grande pode reter
demais a umidade, causando apodrecimento das raízes, embora esta não  seja
a única causa.( As raízes podem também apodrecer pela proliferação de
fungos e nematóides.) E, se a idéia é reservar espaço para o crescimento da
planta, não vai adiantar nada, porque, de qualquer modo, ela deverá ser
replantada a cada dois anos, pois o xaxim velho se decompõe e perde sua
capacidade de nutrição.
1. Coloque uma camada de pedra no fundo do vaso (2 a 3 dedos) para
permitir a rápida drenagem do excesso de água, a menos que o vaso seja
muito raso e de barro. Nesse caso, um pedaço de tela, para proteger a
abertura do vaso contra lesmas e outros bichos, será suficiente.
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2. Complete com xaxim desfibrado. Se houver pó, jogue o xaxim num


balde com água para dispersar o pó. Jamais use o “pó de xaxim” vendido no
comércio. As raízes necessitam de arejamento.
3. Certas orquídeas progridem na horizontal, L. e C., por exemplo, e vão
emitindo brotos um na frente do outro. Para esse tipo de planta, deixe a
traseira encostada na beira do vaso e espaço na frente para dar lugar a novos
brotos. Comprima bem o xaxim para firmar a planta, a fim de que, com o
vento ou um jato d’água ela não balance, pois a ponta verde da raiz irá roçar o
substrato, secar e morrer . Para saber se a planta está fixada bem firmemente,
levante o vaso segurando pela planta. Se o vaso não se despregar e cair, está
firme. Se necessário, coloque uma estaca para melhor sustentação.
4. Há orquídeas que dificilmente se adaptam dentro de vasos. Nesse
caso, o ideal é plantar em tronco de árvore ou casca de peroba ou palito de
xaxim, protegendo as raízes com um plástico até a sua adaptação. Alguns
exemplos dessas espécies são: C. walkeriana, C. schilleriana, C. aclandiae, a
maioria dos Oncidiuns, Leptotes, Capanemias.
5. Orquídeas monopodiais, como Vandas, Rhynchostylis, Ascocentrum
devem ser colocadas em cesto ou vaso SEM NENHUM SUBSTRATO e exigem
um cuidado especial todos os dias. Deve-se molhar não só as raízes mas
também as folhas com água adubada bem diluída. Por exemplo, se a bula de
um adubo líquido recomenda diluir um mililitro desse adubo em um litro de
água, ao invés de um litro, dilua em 20 litros ou mais de água e borrife, a cada
duas ou três horas, principalmente em dias quentes e secos. Você pode perder
a paciência, mas não a planta. Como são plantas que exigem alta umidade
relativa, pode-se, por ex., usar um recipiente bem largo, como uma tina
furada, encher de pedra britada e colocar a planta com o vaso sobre as
mesmas, de modo que as pedras molhadas pela rega, assegurem a umidade
necessária. A água que incidiu sobre as pedras que estão no fundo do vaso
estará evaporando, dando a umidade necessária para a planta toda. Não se
esqueça de que tanto o recipiente como o vaso devem ter furos suficientes
para a rápida drenagem do excesso de água.
6. As plantas citadas acima também podem ser plantadas em vasos
com xaxim, desde que tenham uma rega controlada, isto é, devem estar
protegidas contra o tempo de chuvas prolongadas. Nesse caso, molhe a planta
por imersão por alguns minutos, mas somente quando perceber que o
substrato está seco.

5.FLORAÇÃO.

Normalmente as orquídeas florescem uma vez ao ano. Na época de floração


pode-se colocar pequenas estacas para manter as flores em posição mais
vistosa, evitando que toquem o solo e venham a apodrecer. Levando-as para
dentro de um recinto fechado, como por exemplo para dentro de casa, elas em
geral permanecem floridas por mais tempo.
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Uma boa atitude para monitorar a saúde de suas orquídeas é anotar a data em
que esta floresceu, pois a ausência de floração neste período pode indicar que
há algo de errado com a planta.
Orquídeas diferentes florescem em épocas diferentes.
Portanto, quando possuímos diversas variedades podemos ter flores o ano
todo.
No verão temos floração das espécies:
 C.  grânulos C. bicolor C. guttata
No outono temos:
 C. violácea C. luteola L. perrinii C. bowringiana
Na primavera temos:
 C. warneri L. purpurata C. gaskeliana
Alguns tipos de orquídeas, se bem tratadas podem florescer até 4 vezes por
ano.

6.ADUBAÇÃO.
Existem atualmente no mercado 2 tipos de adubos: Químicos e Orgânicos,
ambos com suas vantagens e desvantagens
A escolha de qual tipo usar varia de pessoa para pessoa. Recomendamos
experimentar com os dois tipos para verificar com qual você e suas plantas se
adaptam melhor.
Adubos Químicos:
Apesar de os adubos químicos vendidos no comércio em geral especificarem o
código NPK (nitrogênio, fósforo e potássio), não são apenas estes os nutrientes
importantes para as plantas. É importante também verificar a existência de 
magnésio (Mg), cálcio (Ca) e enxofre (S), por serem estes os macro nutrientes
importantes para as plantas, em especial as orquídeas.
A separação entre Macro e Micro nutrientes é feita em função da quantidade de
nutrientes necessários para o crescimento da planta.
Macro nutrientes são os que as plantas consomem em grandes quantidades.
Micro nutrientes são os que as plantas consomem em menor quantidade.
Os adubos em geral não contêm todos os Macros Nutrientes necessários, pelo
fato de serem incompatíveis quimicamente, o que impossibilita a sua
embalagem em um único recipiente.
Os adubos de melhor qualidade, embalam em geral os componentes químicos
NPK em uma embalagem e os nutrientes restantes em outra embalagem.
Portanto, o adubo completo exige a mistura dos 2 componentes, em geral
vendidos separadamente. É como por exemplo Xampu e Condicionador. Tem
de usar os 2, senão o resultado não é o esperado.
Adubos Sólidos e Líquidos
Podemos encontrar tanto adubos sólidos como líquidos, neste caso em geral
concentrados.
Deve-se seguir as instruções do fabricante para a correta diluição dos adubos.
Se em dúvida, dilua sempre mais, de forma a diminuir a concentração. Adubo
em excesso pode matar a sua planta.
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Existem adubos para serem aplicados nas folhas das plantas. Neste caso
aplique-os pela manhã, antes do sol nascer ou no fim da tarde.
É importante molhar ambos os lados das folhas, uma vez que absorção de
nutrientes é maior na parte de baixo das folhas.
No caso de adubos sólidos insolúveis, estes devem ser polvilhados no vaso da
planta, na proporção indicada pelo fabricante, tomando o cuidado de não
permitir que toquem diretamente as raízes.
Caso a adubação ocasione aparelhamento das folhas, manchas, etc, significa
que o adubo está ocasionando proliferação de fungos e bactérias.
Nesse caso, você está alimentando o inimigo, portanto suspenda a adubação.
Deve-se então proceder ao combate aos fungos ou microorganismos
prejudiciais.

7.DOENÇAS.

Quando mantidas em locais arejados, com boa umidade do ar, iluminação


adequada e adubação correta, as plantas dificilmente ficam doentes.
Condições de criação inadequadas podem causar o aparecimento de pulgões,
que são pequenos animais que se fixam nas folhas sugando sua seiva.
Estes podem ser removidos manualmente, ou com uma escova de dente
molhada com caldo de fumo.
No entanto, se a quantidade de plantas impossibilitar este tipo de trabalho,
pode-se recorrer a inseticidas específicos.
O Excesso de água ocasiona o apodrecimento das raízes, ou da própria
planta, ocasionado pela proliferação de fungos que têm em ambientes
encharcados o seu ambiente ideal.
O controle destes organismos é vital para a recuperação da planta, e o uso de
fungicidas e inseticidas requer cuidados especiais, inclusive com a disposição
das embalagens vazias, que não pode ser colocada no lixo comum.
Para evitar transtornos o recomendável é utilizar a calda de fumo, conforme a
receita que segue:

Calda de Fumo ou Inseticida de Fumo


Ingredientes:
 100g de fumo de rolo picado
 1 litro e meio de água
 1 colher de chá de sabão de coco em pó
Modo de Preparar
 ferva o fumo no água, por pelo menos 20 minutos, fazendo uma espécie
de chá. Acrescente o sabão em coco
Mode de Usar:
 Borrifar diáriamente nas plantas infectadas até apresentar melhora.

Calda Bordalesa
A calda bordalesa é um tradicional fungicida agrícola, resultado da mistura
simples de sulfato de cobre, cal hidratada ou cal virgem e água.
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      Tem eficiência comprovada sobre numerosas doenças fúngicas da videira,


caquizeiro, citros e de outros cultivos. Possui também ação contra bactérias e
determinadas pragas.
      A aplicação deve ser feita preventivamente, com alta pressão, formando
uma finíssima camada, que recobre os órgãos vegetais dando boa aderência
nas chuvas e proteção - contra a instalação de doenças.
     Muitas são as vantagens do emprego da calda bordalesa. Tem baixo custo,
muito menor que os demais defensivos, por ser produzida na propriedade. Não
deixa resíduos tóxicos, com reduzido efeito sobre o homem e a natureza.
     Nas plantas, além da ação fungicida, fortalece as folhagens, fornece
nutrientes importantes, como cálcio, cobre e enxofre, e pode ser acrescida de
micronutrientes na forma de sulfatos, com vantagens.

     É uma excelente opção ao agricultor pela redução dos custos e para atender
à crescente exigência de produtos mais naturais.
O preparo da calda bordalesa
1 - Dissolver o sulfato de cobre num balde plástico ou em outro recipiente que
não seja metal em 10 ou mais litros de água.
Diluir essa solução concentrada numa caixa de cimento ou amianto com o
volume necessário de água para a aplicação, mexendo bem.
2 - Em outro recipiente, em 10 ou mais litros de água, dissolver a cal
hidratada, formando um leite de cal. No caso de utilizar cal virgem é necessário
hidratá-la, antes do preparo, com muito cuidado, pois se trata de um processo
exotérmico, ou seja, com desprendimento de calor e gases. O processo mais
rápido é misturá-la, em um balde de lata, com pouca água, formando uma
pasta mole até sua efervescência e resfriamento. Outro processo de hidratação,
mais lento e menos efervescente, consiste em colocar quatro partes de água no
tambor de metal ou caixa de amianto ou cimento e, a seguir, uma parte de cal,
deixando em repouso por 24 horas. Exemplo: para 120 litros de água, colocar
30 quilos de cal.
3 - Adicionar lentamente o leite de cal na solução cúprica, mexendo para
misturar bem. Verificar o pH da calda. Caso esteja ácida (pH menor que 7),
adicionar mais leite de cal até a sua neutralização (pH igualou superior a 7).

Fumo de Corda
Contra o tripes e pulgões:
Ferva 15 cm de fumo de corda em 500 ml de água, depois deixe de molho por
24 horas. Utilize 5 colheres de sopa para 1 litro de água, pulverizando sobre a
planta.

Pimenta do reino
Repele pulgões, ácaros e cochonilhas.
100 g de pimenta-do-reino em 1 litro de álcool, deixado descansar por 7 dias,
misturado com uma solução de 60g de sabão de coco fervido em 1 litro de
água.
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Essa solução deve ser dissolvida na proporção de 1 litro para cada 15 litros de
água, aplicando-se sobre as plantas 1 vez por semana.
Se você tiver outras dicas de defensivos naturais, utilize o campo
abaixo!

7. ORQUIDÁRIO

Veja como construir uma estufa ou viveiro de plantas.


O ideal é construir uma estufa, com várias bancadas que servirão de apoio para
os vasos de orquídeas.
Esta estufa deve ser coberta, com uma altura de pelo menos 2,5m. Esta
cobertura deve ser feita de material semitransparente. Desta forma mantêm-se
a umidade do ar e se evita a incidência direta de luz.
Desta forma o limite de 50% de luminosidade é mais facilmente respeitado.
Aqui temos um exemplo de
orquidário caseiro.
É formado por uma estrutura
de madeira que sustenta um
teto sobre estantes também
de madeira dispostas em um
formato triangular.
As orquídeas são colocadas
sobre as estantes e
penduradas no teto do
orquidário.
Uma grade de arame protege
o orquidário da entrada de
animais domésticos.

Há também um borrifador de água instalado no teto do orquidário, o que


permite uma irrigação fácil dias de muito calor.
Quando as orquídeas florescem, são levadas para dentro da casa, para cumprir
seu papel de adornação.
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Visão lateral e visão das prateleiras do orquidário.

8. COMO COMPRAR UMA BOA ORQUIDEA

Pessoas, ao chegarem em uma exposição ou mesmo em visita a um


Orquidário ou a um horto, ficam encantadas com a beleza das formas, das
cores e do variado tamanho das orquídeas.
Os olhos ficam a brilhar, as mãos querem tocar as plantas, seus
perfumes inebriam, embriagam. Apaixonadas, querem levar "aquela pela qual
se apaixonou". “Eu quero levar esta, aquela e a outra ali”, diz eufórica e ávida
em levar a sua planta, a visitante.
Você, visitante, não reparou, entretanto, que apesar da orquídea gostar
do seu carinho, de estar sensibilizada pela escolha feita, ela, também, procura
mostrar e inquirir sobre pontos que você, movida pela paixão, não consegue
perceber. Não se preocupe, é assim mesmo, pois as orquídeas têm o poder da
magia, da persuasão ao Ser Humano para que faça uso do seu livre arbítrio,
sabendo conciliar, harmoniosamente, o seu lado pragmático com o emocional.

ALGUMAS DICAS:
 1º - Gostou da planta? Pergunte ao vendedor, aonde ela foi cultivada, qual
clima, se o lugar era seco, como era a ventilação e umidade.
2°- Pergunte se ela tem possibilidade de ser cultivada no local para onde você
deseja levá-la. O Orquidófilo é um divulgador da importância das orquídeas,
um ecologista e defensor da natureza. A figura principal é a orquídea e,
portanto, ele está acima do interesse financeiro, do lucro a qualquer preço.
Infelizmente ainda encontramos comerciantes, negando-me a chamá-los de
orquidófilos, que irão querer lhe vender plantas, que não poderão ser
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cultivadas em sua região. Em caso de dúvidas, pergunte a outros orquidófilos.


A experiência de cada um é valiosíssima, saiba separar o joio do trigo.
3°- É conveniente que ressaltemos, que existem plantas que podem se
adaptar, bastando que lhe forneçamos, por exemplo, local úmido, um prato
com pedras e água, ou junto às bromélias, facilitando o arejamento com uma
boa circulação de ar.
4°- Se você quer só dar um presente, por exemplo, um belo cimbidium
matizado com 2 ou 3 hastes florais, tudo bem. Se o local onde a pessoa a
quem você presenteou, não for frio, o cimbidium permanecerá, apenas, alguns
dias florido, depois poderá morrer ou nunca mais dar flores. Oriente a quem
você ofertar uma orquídea, para que, sempre, cuide da planta ou deixe-a com
alguém para cuidar, dando depois em troca uma muda. Quando florir
novamente leve-a para expor. Terminando a floração repita esse procedimento.
5°- Observe qual o tipo de vaso ou apoio (tronquinho, lasca de madeira, etc...)
onde ela foi plantada. Pergunte sobre quando terá necessidade de mudar o
substrato, isto é, o material em que ela foi plantada, que poderá ser xaxim
desfibrado, fibra de coco, musgo, lasquinhas de pinus e outros. Pergunte, para
ter uma idéia, de como era a sua rega e a adubação.

9.REPRODUÇÃO

O método mais simples de reprodução é a divisão do rizoma. Toma-se


uma planta adulta com pelo menos 6 pseudobulbos formados, de preferência
logo após o término da floração, e, com uma faca afiada e esterilizada, corta-se
o rizoma, de maneira a separar a planta em duas mudas com 3 pseudobulbos
cada. Em casos de plantas maiores deve-se sempre manter as mudas com o
mínimo de 3 ou 4 pseudobulbos para permitir seu rebrotamento.
O plantio deve ser feito no substrato adequado à espécie. A muda deve
ficar fixa de alguma forma para que as novas raízes possam brotar e se fixar
no substrato. Só quando as raízes estiverem restabelecidas as plantas voltarão
a crescer.
As sementes são diminutas, e um único fruto pode gerar milhares de
novas plantas, cada uma com uma característica diferente da outra. Mas as
sementes são muito pequenas, e não conseguem germinar por recursos
próprios. Elas precisam das condições de acidez e da disponibilidade de
nutrientes que o fungo micorriza de uma planta adulta fornece. Assim, o modo
mais simples (e menos eficiente) de reprodução por sementes é simplesmente
espalhá-las sobre e ao redor das raízes de orquídeas adultas, assegurando-se
de que tenham umidade constante.
O método mais eficiente consiste no preparo de um substrato de musgo
Sphagnum. Este deve ser esterilizado e deixado em repouso em um recipiente
fechado para manter sua umidade. Deve-se também adicionar pedaços
saudáveis de raízes de uma orquídea adulta, de preferência da espécie que
deseja-se reproduzir, para que o fungo possa se reproduzir no próprio
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Sphagnum. Após alguns dias de descanso semeia-se as sementes, e conserva-


se o sistema em um recipiente transparente. As sementes germinam em
algumas semanas, e crescem muito devagar, de modo que uma planta só
floresce pela primeira vez com entre 5 e 10 anos de idade.
A reprodução por meristema, ou clonagem, é mais eficiente, e consiste
na retirada da ponta das raízes. Colocada em meio de cultura, e sob a
influência de hormônios vegetais, o meristema transforma-se numa massa de
tecido indiferenciado, capaz de dar origem a novas plântulas. As plântulas são
destacadas e cultivadas em tubos de ensaio independentes, e em pouco mais
de 1 ano, estão prontas para o cultivo em local definitivo. As mudas produzidas
são, logicamente clones perfeitos da planta original, sendo este método o mais
aplicado para a reprodução em massa de uma determinada variedade.

10. NOMENCLATURA

    Os nomes das orquídeas são dados em latim ou grego clássicos,


línguas  mortas, para que sejam os mesmos no mundo inteiro e nenhuma
língua viva  prevaleça sobre a outra. Assim, orquidófilos de qualquer parte
podem  trocar idéias sobre as orquídeas sem fazer confusão. E como,
felizmente,  continuam a ser descoberta nova espécie, existe uma equipe
especializada, chamada de taxonomistas, que recebe o registro de cada ‘nova’
planta e lhe dá o nome adequado, em latim, de acordo com sua  linhagem ou
de acordo com algum detalhe que lhe seja característico ou,  até latinizam um
nome próprio dado à flor.
   A pronúncia também costuma oferecer dificuldades e há livros inteiros
especializados no assunto. Por ex.:
   O conjunto de vogais ae lê-se e. Ex.: Laelia (Lélia). Exceção: Aerides
(Aérides).
   O conjunto de vogais oe também tem som de e. Ex.: Coelogyne
(Celogine).
 Ph tem som de F. Ex.: Phalaenopsis (Falenopsis).
 X tem som de CS. Ex.: Xanthina (Csantina).
 CH tem som de K. Ex.: Chiloschista (Kiloskista), Pulchelum (pulkelum),
Ornithorhynchum (Ornitorrincum).
   Para facilitar sua escrita, cada nome de gênero tem uma abreviação
própria (colocada entre parênteses acima) que não pode ser mudada. Se você
tem  dificuldade em decorar os nomes, saiba que não está sozinho. Não é fácil
pra  ninguém. Mas é um esforço necessário, se você quer realmente dedicar-se
às  orquídeas. Se quiser considerar o lado positivo, saiba que é um ótimo
exercício para agilizar a memória.
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11. OBSERVAÇÕES ÚTEIS

A) QUANDO DEVO MOLHAR?

    Ouvimos com freqüência esta pergunta e a resposta é infinitamente


relativa. Se uma orquídea está plantada em xaxim com pó, a rega pode ser
semanal, mas, se estiver plantada em piaçaba ou casca de madeira, a rega
deve ser diária. Quando se compra um vaso de orquídea, é útil verificar qual o
substrato (material) em que está plantada, pois, dependendo dele, a secagem
pode ser rápida ou lenta.
  Os substratos mais comuns são:
1.      Xaxim desfibrado com pó: secagem lenta.
2.      Xaxim desfibrado sem pó: secagem moderada.
3.      Musgo ou cubos de coxim: secagem lenta.
4.      Carvão ou piaçaba: secagem rápida.
5.      Casca de pínus: secagem moderada, quando sem pó, e lenta, se
tiver pó.
6.      Mistura de grãos de isopor, casca de pínus e carvão: secagem
rápida.
   A melhor maneira de regar é imergir o vaso num recipiente com água e
deixar por alguns minutos. Se você regar um vaso ressecado com um regador,
pode ocorrer de a água encontrar um canal por onde escorrer e o resto do
substrato continuar totalmente seco. Um meio de verificar a umidade do vaso é
aprender a sentir o peso, segurando com as mãos ou através de um exame
visual. Não use a mesma água em que foi mergulhado um vaso, para outro,
pois, se no primeiro houver fungos nocivos à planta, o outro vaso irá se
contaminar.
      Na impossibilidade de rega adequada, muitas pessoas deixam o vaso
sobre um prato com água para conservar a umidade.
 Quando você comprar uma orquídea, já plantada há um certo tempo,
muitas vezes coberta de musgo, pode estar levando para casa, como brinde, as
seguintes dores de cabeça:
   Lesmas, caracóis, tatuzinhos; Nematóides; Cochonilhas em raízes,
folhas e pseudo-bulbos; Fungos e/ou bactérias.

    Os cuidados abaixo, poderão livrar você desses hóspedes indesejáveis.


    Se puder desenvasar, lesmas, caracóis e tatuzinhos podem ser
eliminados por catação manual, não esquecendo os ovos, caso existam. Ovos
de lesmas são esferas transparentes que chegam a atingir 3 mm de diâmetro.
    Se o desenvasamento for difícil, um outro meio é imergir o vaso, por cerca
de duas horas, num recipiente com água suficiente para atingir a borda do
vaso. Como os bichos terão que subir para respirar, poderão facilmente ser
eliminados.
    Atenção para não encostar o fundo do vaso no fundo do recipiente, pois,
muitas vezes, assim como o furo do fundo do vaso é o caminho de entrada, é
também o caminho de saída dos bichos. Como podem ainda existir ovos, é
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preciso repetir o processo algumas vezes a cada semana.


    As cochonilhas podem se hospedar nas raízes, sugando-lhes a seiva,
ou no verso das folhas ou ficarem escondidas entre as palhas secas que
cobrem o pseudobulbo. Parece um pó branco, mas, na verdade, são bichinhos
de alguns milímetros que vão sugando a seiva da planta, deixando a região
toda amarelada. Se não for combatida a tempo, esta parte da planta estará
perdida.
    Detectado o problema, faça uma limpeza manual, retire as partes secas
e faça uma desinfecção, como está explicado no final do capítulo.
   Nematóides causam estragos que, a curto ou longo prazo, levam a
planta à morte. A reação contra os nematóides varia de planta para planta. Ela
pode até não morrer, se as condições lhe forem favoráveis, mas ficará raquítica
e não dará flores.
   Segundo os especialistas, existem cerca de 5.000 espécies de
nematóides parasitos de plantas. O mais comum em orquídeas tem aspecto de
lombriga, cor branca e tamanho da ordem de décimos de mm e, quando
colocados sobre uma lâmina de um microscópio de baixo aumento com uma
gota d’água, serpenteiam, como minhocas. Outros têm anéis e se movem se
esticando e se encolhendo, como lagartas.
    Eles atacam qualquer parte da planta, mas, em geral, iniciam seu ataque
pelas raízes que começam a apodrecer.
Se as condições forem favoráveis para os nematóides (muita umidade),
todas as raízes irão apodrecer em curto espaço de tempo. Do contrário, têm a
capacidade de entrar em dormência por meses ou até anos.
    Esta podridão é distinguível da podridão negra (causada pelo fungo
Pythium), porque o ataque do nematóide pára quando atinge o cerne duro,
enquanto que o Pythium avança pelo rizoma até o pseudo bulbo em questão de
dias. Mais ainda, o broto atacado por nematóide fica mole e aquoso, enquanto
que o atacado pelo fungo Pythium não perde a consistência.
    Se você notar mancha negra ou marrom, começando em geral pelo rizoma
ou pseudo bulbo, é podridão negra. Corte imediatamente a parte afetada e
tente salvar o resto.
    Um nematóide fêmea, parasito de plantas, tem uma postura de cerca de
2.000 ovos, de modo que a proliferação é intensa. Através de respingos de
água, eles se espalham pela vizinhança. Se atingem um broto, este apodrece.
Não é incomum o cálice entre as folhas tenras superiores de uma Vanda
apodrecerem infectados por nematóides.
    É importante não esquecer jamais de desinfetar o instrumento cortante. O
meio mais prático é flambar com uma chama que pode ser até de um isqueiro.
Para ter certeza de que a chama atingiu 100 graus centígrados, o instrumento
deve chiar ao ser imerso na água. Um outro meio prático de flambar é adquirir
um maçarico portátil com magiclick que é vendido em lojas de ferragens. Há
vírus que suportam temperatura de 92 graus durante vários minutos.
    Voltando aos nematóides, se uma raiz tiver uma parte escura e outra
branca, os nematóides podem estar ativados neste ponto de transição.
Espremendo este ponto e examinando num microscópio de baixo aumento
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pode-se detectar nematóides no caldo.


    Uma outra maneira bem mais prática é fazer uma desinfecção preventiva da
seguinte maneira: Em 1 litro de água, com PH entre 5 e 6, dilua um inseticida
nematicida de amplo espectro com qualquer fungicida e borrife toda a planta,
jorrando no substrato até escorrer pelo fundo. Este processo elimina caramujo,
caracol, tatuzinho, nematóide, cochonilha de raízes, alguns fungos, como a
Rhyzoctonia Solani que também é responsável pela podridão das raízes
(quando a podridão avança pelo rizoma a causa é este fungo e não nematóide).

    Observ.: pH é o grau de alcalinidade ou acidez da água. O melhor é ter uma


água com um grau de acidez menor que 7. Há defensivos agrícolas que, se
diluídos em água de torneira, têm a vida média de 10 minutos, enquanto que,
se forem diluídos em água com pH entre 5 e 6, permanecem ativos durante 30
horas. Por isso é importante saber qual o pH de sua água. Mais abaixo,
mostramos como chegar ao pH ideal.
    Nunca use agrotóxico em temperatura acima de 25 graus, sob pena de
perder suas plantas. Dê preferência a temperaturas abaixo de 20 graus.
    Cuidado com agrotóxicos com grau de toxidez 1, também identificado com
uma tarja vermelha no rótulo, pois são produtos de alta toxidez para nós e
outros seres vivos. Atualmente está sendo lançado na praça um óleo extraído
da semente de uma árvore chamada Nim que tem a vantagem de ser um
produto biológico pouco tóxico. Quem tiver acesso a esta árvore, pode usar
15g de suas folhas, batidas num liquidificador com 1 litro de água e usar como:
a)       inseticida contra as principais pragas de orquídeas, como pulgões,
cochonilhas, nematóides, ácaros, trips, lagartos, besouros,
b)       como fungicida, na rhizoctonia solani (podridão das raízes),
fusarium oxysporum (debilidade geral da planta, amarelecimento, podridão das
raízes), sclerotium rolfsii (podridão negra)
c)       bactericida.
   Nas soluções de agrotóxicos, o pH da água deve estar em torno de 5 a
6. Para conseguir a máxima eficiência dos produtos utilizados, deve-se
acrescentar um espalhante adesivo, facilmente encontrável em casas de
produtos agrícolas. Quem usar água de rua, pode acrescentar de 8 a 10 gotas
de vinagre por litro e o pH irá se reduzir entre 5 a 6. Nas casas de produtos
agrícolas, existe uma substância própria (em geral em embalagem de 1 litro)
cuja finalidade é controlar o pH da água. Quimicamente, é fosfato de
cálcio (super fosfato)   Ca2 (H2 PO4 )2 . H2 O, de modo que também é um
adubo. Água da chuva ou de poço, em geral, tem pH entre 5 e 6.
    Em plantas muito detonadas por fungos (manchas, pintas, etc), faça um
coquetel, usando o dobro da dosagem indicada na bula. Em uma semana ou
até antes, conforme a gravidade da doença, aplique um outro coquetel com
produtos diferentes e assim por diante. Se, com tudo isso, surgir uma nova
folha com os mesmos sintomas, esteja atento para uma possível virose.

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