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BIOLOGIA – ENEM

Moléculas, Células e Tecidos

Estrutura e fisiologia celular

Todas as células apresentam uma mesma estrutura formada de membrana plasmática, citoplasma e
núcleo (ou nucleó ide). A seguir pormenorizamos um pouco os componentes bá sicos celulares:

Membrana

 A membrana plasmá tica (também denominada membrana citoplasmá tica ou plasmalema) é um


delgadíssimo envoltó rio que delimita a célula e lhe dá individualidade. Quimicamente, a membrana
plasmá tica é composta de lipídios (notadamente fosfolipídios) e proteínas atraídos uns aos outros por
interaçõ es hidrofó bicas nã o covalentes. Como resultado, a membrana é uma estrutura flexível, embora
resistente, que permite à célula mudanças de forma e tamanho. A membrana consegue controlar a
passagem das substâ ncias polares para dentro e para fora da célula. As proteínas de membrana, além de
constituírem a estrutura da membrana, atuam como transportadores de solutos específicos, recebem
sinais externos, dã o identidade antigênica à célula e atuam como enzimas.

Citoplasma

Denomina-se citoplasma todo o conteú do celular compreendido pela membrana plasmá tica. O citoplasma
é composto de um coló ide aquoso chamado citossol. No citoplasma das células eucariontes (que
compõ em o organismo dos animais, plantas fungos e protistas) estã o mergulhadas estruturas
membranosas, as organelas. As células procariontes (que sã o as células das bactérias) sã o de estrutura
mais simples e nã o apresentam organelas. O citossol também é denominado hialoplasma, e as organelas
também sã o conhecidas por orgâ nulos ou organó ides. Encontram-se, dissolvidas no citossol, enzimas,
moléculas de ARN-mensageiro, açú cares pequenos, íons, aminoá cidos, nucleotídeos, e estruturas onde
ocorre a síntese de proteínas, os ribossomos.

Núcleo

O nú cleo é a regiã o da célula onde se encontra o material genético (DNA) dos organismos tanto
unicelulares como multicelulares.

O nú cleo é o que caracteriza os organismos eucariontes e os diferencia dos procariontes que nã o possuem
nú cleo.

Uma vez que o nú cleo é uma estrutura complexa em que está localizado o material genético, é possível
destacar algumas funçõ es. Primeiramente, o envoltó rio nuclear desempenha uma funçã o de proteçã o, ou
seja, ele impede que moléculas que poderiam causar efeitos deletérios entrem em contato com o DNA. Em
uma segunda aná lise, a estrutura nuclear é a responsá vel pela coordenaçã o das reaçõ es e das funçõ es
celulares. Existem diversas moléculas, como proteínas, que regulam, desencadeiam ou medeiam algumas
funçõ es celulares. Essas moléculas, muitas vezes, têm de ser sintetizadas pela célula e é, justamente, no
nú cleo que as “receitas” de como produzi-las estã o codificadas.

O nú cleo dos eucariontes é uma organela, pois é composto de estrutura membranosa.


Divisão celular

O processo de divisão celular é responsá vel pela reprodução das células e faz parte do ciclo celular, ou
seja, do ciclo de vida de uma célula, que se inicia na sua formaçã o por meio da divisã o da célula-mãe e vai
até a sua pró pria divisã o, com a formaçã o das células-filhas. O processo de divisã o celular apresenta
diversas funções importantes nos organismos, como originar um novo indivíduo e renovar as células
mortas.
Esse processo ocorre de forma diferente nas células dos organismos procariontes e nos
organismos eucariontes. Nos organismos procariontes, como as bactérias, o DNA duplica-se e
o citoplasma divide-se em duas partes, ficando cada célula com uma có pia do DNA. Nos
organismos eucariontes, como os animais, o processo de divisã o é um pouco mais complexo e pode
ocorrer de duas formas:
• Mitose: uma célula-mã e origina duas células-filhas com o mesmo número de cromossomos e as
mesmas informaçõ es genéticas da célula-mãe. Esse processo é observado, por exemplo, no crescimento
de organismos, na regeneraçã o de partes do corpo e na substituiçã o de células mortas;
• Meiose: ocorre nas células sexuais em que uma célula-mã e diploide (2n) sofre duas divisõ es e forma, ao
final, quatro células-filhas haploides (n), ou seja, com a metade dos cromossomos da célula-mã e. Esse é o
mecanismo mais comum de reproduçã o dos organismos unicelulares eucariontes e é o processo que
forma os seres pluricelulares. A meiose sempre origina células haploides e é responsá vel pela produçã o
dos gametas em animais e dos esporos nas plantas.

Células haplóides e diplóides


Para que as células exerçam a sua funçã o no corpo dos animais, elas devem conter todos os cromossomos,
isto é dois cromossomos de cada tipo: sã o as células dipló ides. Com exceçã o das células de reproduçã o
(gametas), todas as demais células do nosso corpo sã o dipló ides. Porém, algumas células possuem em seu
nú cleo apenas um cromossomo de cada tipo. Sã o as células hapló ides. Os gametas humanos –
espermatozó ides e ó vulos – sã o hapló ides. Portanto os gametas sã o células que nã o exercem nenhuma
funçã o até encontrarem o gameta do outro sexo e completarem a sua carga genética.

Nos seres humanos, tanto o espermatozó ide como o ó vulo possuem 23 tipos diferentes de cromossomos,
isto é, apenas um cromossomo para cada tipo. Diz-se entã o que nos gametas humanos n= 23 (n é o
nú mero de cromossomos diferentes). As demais células humanas possuem dois cromossomos de cada
tipo. Essas células possuem 46 cromossomos (23 pares) no nú cleo e sã o representadas por 2n = 46.

Nas células dipló ides do nosso corpo, os cromossomos podem, entã o, ser agrupados dois a dois. Os dois
cromossomos de cada par sã o do mesmo tipo, por possuírem a mesma forma, o mesmo tamanho e o
mesmo nú mero de genes. Em cada par, um é de origem materna e outro, de origem paterna.

Tipos de divisão celular


As células sã o originadas a partir de outras células que se dividem. A divisão celular é comandada pelo
núcleo da célula.
Ocorrem no nosso corpo dois tipos de divisã o celular: a mitose e a meiose.
Antes de uma célula se dividir, formando duas novas células, os cromossomos se duplicam no nú cleo.
Formam-se dois novos nú cleos cada um com 46 cromossomos. A célula entã o divide o seu citoplasma em
dois com cada parte contendo um nú cleo com 46 cromossomos no nú cleo. Esse tipo de divisã o celular, em
que uma célula origina duas células-filhas com o mesmo nú mero de cromossomos existentes na célula
mã e, é chamado de mitose.
Portanto, a mitose garante que cada uma das células-filhas receba um conjunto complementar de
informaçõ es genéticas. A mitose permite o crescimento do indivíduo, a substituiçã o de células que
morrem por outras novas e a regeneraçã o de partes lesadas do organismo.

Mas como se formam os espermatozoides e os óvulos, que têm somente 23 cromossomos no


núcleo, diferentemente das demais células do nosso corpo?

Na formaçã o de espermatozó ides e de ó vulos ocorre outro tipo de divisã o celular: a meiose.
Nesse caso, os cromossomos também se duplicam no nú cleo da célula-mãe (dipló ide), que vai se dividir e
formar gametas (células-filhas, hapló ides). Mas, em vez de o nú cleo se dividir uma só vez, possibilitando a
formaçã o de duas novas células-filhas, na meiose o nú cleo se divide duas vezes. Na primeira divisã o,
originam-se dois novos nú cleos; na segunda, cada um dos dois novos nú cleos se divide, formando-se no
total quatro novos nú cleos. O processo resulta em quatro células-filhas, cada uma com 23
cromossomos.

ASPECTOS BIOQUÍMICOS DAS ESTRUTURAS CELULARES

As substâ ncias orgâ nicas sã o moléculas mais complexas, sendo muitas vezes, macromoléculas como, por
exemplo, os carboidratos, lipídios, proteínas, vitaminas e ácidos nucléicos.

Os carboidratos sã o a base da nossa alimentaçã o e responsá veis pelo fornecimento de energia. Os


carboidratos sã o divididos em:

Monossacarídeos: é o principal combustível para a célula, possuem funçã o plá stica e servem para
“construir” as estruturas do nosso corpo. Por exemplo, glicose, frutose, galactose, ribose e desoxirribose.
Dissacarídeos: sã o formados pela uniã o de dois monossacarídeos a partir de uma síntese por
desidrataçã o, nã o produzem energia imediata, sã o hidrolisados para formar monossacarídeos e aí sim
produzem energia. Por exemplo, maltose (glicose + glicose), sacarose (glicose + frutose) e lactose (glicose
+ galactose).
Polissacarídeos: constituídos por vá rias moléculas de monossacarídeos. Sã o insolú veis em á gua e
divididos em dois grupos, os estruturais (celulose e quitina) e energéticos (amido nas plantas e glicogênio
em fungos e animais).
LIPÍDIOS

Os lipídios possuem diversas funçõ es bioló gicas. Sã o insolú veis em á gua e solú veis apenas em solventes
orgâ nicos, como o álcool e o éter. Sã o divididos em:

Carotenóides: atuam como pigmentos, absorvem luz e sã o precursores da vitamina A (importante para a


visã o, evitando a cegueira noturna).
Cerídeos: tem funçã o protetora, como impermeabilizar as superfícies das folhas e frutos. Por exemplo,
ceras.
Fosfolipídios: compostos por ácidos graxos, fosfatos e glicerol. A membrana plasmá tica é formada por
uma bicamada de fosfolipídios que atua uma barreira entre a célula e o ambiente externo.
Triglicerídeos: formados pela uniã o de três ácidos graxos com glicerol. Constituem a forma mais
eficiente em armazenar energia. Sã o divididos em á cido graxos saturados e ácidos graxos insaturados. Por
exemplo: ó leos e gorduras
Esteróides: sã o consideradas moléculas sinalizadoras, precursoras de hormô nios como o estrogênio,
progesterona e testosterona. O colesterol é um lipídio do grupo dos esteró ides que é naturalmente
produzido pelos animais no fígado (colesterol endó geno) e pode ser absorvido a partir dos alimentos
(colesterol exó geno). O excesso de colesterol pode estimular o aparecimento de doenças vasculares como
a aterosclerose.

PROTEÍNAS

As proteínas sã o macromoléculas complexas formadas pela associaçã o de aminoá cidos. Possuem diversas
funçõ es: (i) estrutural: participam das estruturas dos tecidos. Por exemplo, colá geno e queratina;
(ii) enzimática: aceleram as reaçõ es químicas e reduzem a energia de ativaçã o. A eficiência das enzimas
depende de três fatores: temperatura, pH e concentraçã o do substrato; (iii) hormonal: vá rios hormô nios
produzidos em nosso organismo sã o de origem proteica. Por exemplo, insulina e glucagon; (iv) proteção:
na presença de antígenos, o organismo produz proteínas de defesa denominadas, anticorpos;
(v) transporte: o oxigênio é transportado por proteínas denominadas, hemoglobinas.
As vitaminas sã o substâ ncias essenciais, obtidas através da alimentaçã o, que estimulam e regulam
atividades metabó licas dos organismos. Sã o divididas em: hidrossolú veis (C, B1, B2, B6, B12, entre
outras) e lipossolú veis (A, D, E e K).

Os á cidos nucleicos sã o as moléculas com a funçã o de armazenamento e expressã o da informaçã o


genética. Existem basicamente dois tipos de ácidos nucleicos: ácido desoxirribonucleico (DNA) e ácido
ribonucleico (RNA). Estudaremos mais afundo essas biomoléculas mais adiante.

Aspectos gerais do metabolismo celular

A energia da célula é proveniente de lipídios (gorduras), proteínas e principalmente de carboidratos


(açú cares). Depois de ingeridas, essas moléculas passam por uma série de reaçõ es químicas no
organismo, a fim de produzir energia para que as células possam executar todas as suas funçõ es. Esse
processo é conhecido como Metabolismo.

O metabolismo é normalmente dividido em dois grupos: anabolismo e catabolismo.

Anabólicas ou de Síntese: Produzem novos compostos (moléculas mais complexas) a partir de


moléculas simples (com consumo de energia).
Catabólicas ou de Degradação: Produzem grandes quantidades de energia livre a partir da
decomposiçã o ou degradaçã o de moléculas mais complexas (carboidratos, lipídios e proteínas).
Metabolismo energético: fotossíntese e respiraçã o.

Energia para a vida


Um dos principais fatores limitantes a vida dos seres vivos é a obtençã o de energia para as suas
atividades. De acordo com a teoria heterotrófica, os primeiros seres vivos seriam procariontes
heterotróficos vivendo num meio aquá tico, de onde retirariam nutrientes, formados na atmosfera e
acumulados nos lagos e oceanos primitivos.
Devido á sua grande simplicidade, estes seres utilizariam processos igualmente rudimentares para retirar
energia dessas moléculas de que se alimentavam. Esse mecanismo seria semelhante à fermentaçã o
realizada ainda por muitos organismos atuais.

Há mais de 2 bilhões de anos, surgiram os primeiros organismos autotróficos, procariontes capazes


de produzir o seu pró prio alimento através da fotossíntese. Este processo revolucioná rio, além de
permitir a sobrevivência dos autotró ficos, também serviu aos heterotró ficos, que passaram a alimentar-
se deles.

A fotossíntese levou á acumulaçã o de oxigênio na atmosfera terrestre, permitindo a algumas


linhagens de procariontes tirar partido do poder oxidante dessa molécula para retirar muito
mais energia dos nutrientes, através da respiraçã o.

Os organismos retiram energia das mais diversas moléculas orgâ nicas (açucares, aminoácidos, ácidos
graxos, etc.), mas a glicose é a mais freqü ente, tanto na fermentaçã o como na respiraçã o. Para a
fermentaçã o ou respiraçã o os organismos heterotró ficos obtém a glicose se alimentado dos ú nicos que
produzem glicose, os organismos autotró ficos fotossintetizantes.

(foto glicose)

Atualmente, apenas algumas bactérias e fungos utilizam o processo de fermentação para obter
energia. Todos os outros organismos, sejam autó trofos (algas e plantas) ou heteró trofos (algumas
bactérias, fungos e protozoá rios e animais), se utilizam da respiração aeróbica, um processo de
obtençã o de energia muito mais eficiente do que a fermentaçã o.

Metabolismo Energético

O metabolismo energético é o conjunto de reaçõ es químicas que produzem a energia necessá ria para a
realizaçã o das funçõ es vitais dos seres vivos.
O metabolismo pode ser dividido em:
 Catabolismo: Reaçõ es químicas que permitem a formaçã o de moléculas mais complexas. Sã o reaçõ es de
síntese.
 Anabolismo: Reaçõ es químicas para a degradaçã o de moléculas. Sã o reaçõ es de degradaçã o.
A glicose (C6H12O6) é o combustível energético das células. Quando ela é quebrada libera a energia de suas
ligaçõ es químicas e resíduos. É essa energia que permite a realizaçã o das funçõ es metabó licas da célula.
ATP: Adenosina Trifosfato
Antes de entender os processos de obtençã o de energia, você deve saber como a energia fica armazenada
nas células até o seu uso.
Isso ocorre graças ao ATP (Adenosina Trifosfato), a molécula responsá vel pela captaçã o e
armazenamento de energia. Ele armazena nas suas ligaçõ es fosfatos a energia liberada na quebra da
glicose.
O ATP é um nucleotídeo que tem a adenina como base e a ribose com açú car, formando a adenosina.
Quando a adenosina une-se a três radicais fosfato, forma-se a adenosina trifosfato.
A ligaçã o entre os fosfatos é altamente energética. Assim, no momento em que a célula precisa de energia
para alguma reaçã o química, as ligaçõ es entre os fosfatos sã o quebradas e a energia é liberada.
O ATP é o composto energético mais importante das células.
Porém, outros compostos também devem ser destacados. Isso porque durante as reaçõ es há liberaçã o de
hidrogênio, que é transportado principalmente por duas substâ ncias: NAD+ e FAD.
Mecanismos para obtenção de energia
O metabolismo energético das células ocorre através da fotossíntese e respiraçã o celular.
Fotossíntese
A fotossíntese é um processo de síntese da glicose a partir de gá s carbô nico (CO2) e á gua (H2O) na
presença de luz.
Ela corresponde a um processo autotró fico realizado por seres que possuem clorofila, por exemplo:
plantas, bactérias e cianobactérias. Em organismos eucariontes, a fotossíntese ocorre nos cloroplastos.
Respiração celular
A respiraçã o celular é o processo de quebra da molécula de glicose para liberaçã o da energia que nela se
encontra armazenada. Ela ocorre na maioria dos seres vivos.
Pode ser realizado de duas formas:
 Respiração aeróbica: na presença do gá s oxigênio do ambiente;
 Respiração anaeróbica: na ausência de gá s oxigênio.
A respiração aeróbica ocorre através de três fases:
Glicólise
A primeira etapa da respiraçã o celular é a glicó lise, que ocorre no citoplasma das células.
Ela consiste em um processo bioquímico em que a molécula de glicose (C6H12O6) é quebrada em duas
moléculas menores de á cido pirú vico ou piruvato (C3H4O3), liberando energia.
Ciclo de Krebs
O Ciclo de Krebs corresponde a uma sequência de oito reaçõ es. Ele tem a funçã o de promover a
degradaçã o de produtos finais do metabolismo dos carboidratos, lipídios e de diversos aminoá cidos.
Essas substâ ncias sã o convertidas em acetil-CoA, com a liberaçã o de CO2 e H2O e síntese de ATP.
Em resumo, no processo o acetil-CoA (2C) será transformado em citrato (6C), cetoglutarato (5C),
succinato (4C), fumarato (4C), malato (4C) e á cido oxalacético (4C).
O ciclo de Krebs ocorre na matriz mitocondrial.
Fosforilação Oxidativa ou Cadeia Respiratória
A fosforilação oxidativa é o estágio final do metabolismo energético dos organismos aeróbicos. Ela é também
responsável pela maior parte da produção de energia.
Durante a glicólise e ciclo de Krebs parte da energia produzida na degradação de compostos foi armazenada
em moléculas intermediárias, como o NAD+ e o FAD.
Essas moléculas intermediárias liberam os elétrons energizados e os íons H+ que irão passar por um conjunto
de proteínas transportadoras, que constituem a cadeia respiratória.
Assim, os elétrons perdem sua energia que passa a ser armazenada nas moléculas de ATP.
O saldo energético dessa etapa, ou seja, o que é produzido ao longo de toda a cadeia transportadora de
elétrons é 38 ATPs.
Balanço energético da Respiração Aeróbia
Glicólise:
4 ATP + 2 NADH – 2 ATP → 2 ATP + 2 NADH
Ciclo de Krebs: Como existem duas moléculas de piruvato, a equação deve ser multiplicada por 2.
2 x (4 NADH + 1 FADH2 + 1 ATP) → 8 NADH + 2 FADH2 + 2 ATP
Fosforilação Oxidativa:
2 NADH da glicólise → 6 ATP
8 NADH do ciclo de Krebs → 24 ATP
2 FADH2 do ciclo de Krebs → 4 ATP
Total de 38 ATP's produzidos durante a respiração aeróbia.
A respiração anaeróbica possui como exemplo mais importante a fermentação:
Fermentação
A fermentação consiste apenas na primeira etapa da respiração celular, ou seja, a glicólise.
A fermentação ocorre no hialoplasma, quando não há disponibilidade de oxigênio.
Ela pode ser dos seguintes tipos, conforme o produto formado pela degradação da glicose:
Fermentação alcoólica: As duas moléculas de piruvatos produzidas são convertidas em álcool etílico, com a
liberação de duas moléculas de CO2 e a formação de duas moléculas de ATP. É usado para produção de
bebidas alcoólicas.
Fermentação lática: Cada molécula de piruvato é convertida em ácido lático, com formação de duas moléculas
de ATP. Produção de ácido lático. Ocorre nas células musculares quando há um esforço excessivo.

Codificação da informação genética

Sabemos que as proteínas, substâncias essenciais para o funcionamento do corpo, são um conjunto de
aminoácidos que estão ligados entre si por ligações peptídicas. A sequência de aminoácidos de uma proteína
será determinada pela disposição das bases nitrogenadas em um RNAm. Este, por sua vez, será produzido a
partir de uma molécula de DNA. Podemos dizer, portanto, que o DNA fornece as informações para a produção
das proteínas.
O código genético pode ser definido como a relação entre as trincas (códons) encontradas no RNAm e os
aminoácidos encontrados em uma proteína. Os códons são trincas formadas pelas bases nitrogenadas (A, U, C
e G).

As quatro bases nitrogenadas podem ter 64 diferentes combinações, existindo, portanto, 64 códons
diferentes. Desses códons, 61 codificarão os 20 tipos diferentes de aminoácidos existentes. Os outros três
códons (UAA, UAG e UGA) serão responsáveis por indicar os locais de término da síntese, sendo chamados
também de códons de parada. Eles não codificam nenhum aminoácido e não são lidos por RNAt, mas sim por
proteínas chamadas de fatores de liberação.

Observe as trincas de nucleotídeos e os aminoácidos que elas codificam

Observe que existem apenas 20 tipos de aminoácidos, mas 61 trincas diferentes que os codificam. Isso ocorre
pelo fato de que um mesmo aminoácido pode ser codificado por diferentes códons. A glicina, por exemplo, é
codificada pelas trincas GGU, GGC, GGA e GGG. Essa característica faz com que o código genético seja
considerado degenerado ou redundante.

É importante destacar que apenas dois aminoácidos são codificados exclusivamente por uma trinca: a
metionina (AUG) e a triptofano (UGG).

Esse código é universal, sendo o mesmo para todas as espécies de seres vivos do planeta. As únicas exceções
são encontradas no RNA produzido por mitocôndrias de algumas espécies.

Podemos dizer, portanto, que o código genético apresenta três características importantes:

- Especificidade: Uma trinca sempre codificará o mesmo aminoácido;


- Universalidade- Todos os seres vivos utilizam o mesmo código genético para codificar os aminoácidos;
- Redundância- Um aminoácido pode ser codificado por diferentes trincas.

Síntese Protéica

A síntese proteica, também chamada de tradução, é um processo em que as informações contidas em uma
molécula de RNA mensageiro são convertidas em proteínas.
O processo de síntese proteica, também denominado de tradução, baseia-se na leitura do RNA mensageiro
e na união de aminoácidos correspondentes à sequência de códons (sequência de três bases
nitrogenadas)presentes nesse RNA. Na síntese proteica, ocorre, portanto, a conversão de informações
contidas nas moléculas de RNA em proteínas.
→ Quais são os tipos de RNA necessários para a síntese proteica?
Para que a síntese de proteínas ocorra, é necessária a ação do RNA mensageiro (mRNA), RNA ribossômico
(rRNA) e RNA transportador (tRNA):
 rRNA - Esse RNA é responsável por formar os ribossomos, o local onde ocorre a síntese proteica. Essas
organelas destacam-se pela ausência de membrana e por serem formadas por duas subunidades, uma
pequena e uma grande;
 mRNA - Esse RNA possui as sequências de base que guiarão a síntese proteica;
 tRNA – Esse RNA é o responsável por carregar os aminoácidos que formarão a nova molécula de proteína.
→ Quais são as etapas da síntese proteica?

De uma maneira resumida, podemos dizer que o processo de síntese proteica ocorre em três etapas: iniciação,
alongamento e finalização. O processo inicia-se quando uma subunidade ribossomal pequena liga-se ao
mRNA no códon de iniciação, o qual é identificado por uma molécula de tRNA que transporta metionina. O
tRNA possui o anticódon UAC, o qual se emparelha com o códon AUG, o chamado códon de início da tradução.
Após esse processo, a subunidade grande do ribossomo liga-se à subunidade pequena, tornando o ribossomo
completo.
O local onde o tRNA transportador da metionina encaixa-se no ribossomo é chamado de sítio P.
Posteriormente, esse sítio é ocupado pelo tRNA, que transporta a cadeia polipeptídica que está sendo
formada. Ao lado desse sítio encontra-se o sítio A, o qual aloja o tRNA, que, por sua vez, transporta o
aminoácido que será colocado na cadeia polipeptídica que se forma. Após o tRNA alojar-se no sítio P, um novo
tRNA aloja-se no sítio A e inicia-se a fase de alongamento.
Após a ligação dos dois primeiros tRNA, os aminoácidos ligam-se por ligações peptídicas e ocorre o
deslocamento do ribossomo sobre a molécula de mRNA para as próximas três bases. O tRNA que transportava
a metionina desprende-se, e o segundo tRNA segue em direção ao sítio P, deixando o sítio A livre para outro
tRNA.
A molécula de mRNA é transportada códon a códon pelo ribossomo até encontrar um códon de terminação
UAA, UAG ou UGA, que indica o fim da cadeia polipeptídica. Nesse momento, o fator de liberação garante a
separação de todos os componentes e proporciona a liberação do polipeptídio completo. Essa última etapa é
conhecida como finalização.
→ O que são polirribossomos?
Algumas vezes um mRNA não está sendo traduzido apenas por um ribossomo, sendo possível observar vários
ribossomos em um mesmo mRNA e a formação de várias cadeias polipeptídicas em diferentes estágios. O
conjunto de ribossomos que traduzem o mesmo mRNA é chamado de polirribossomo.

Diferenciação Celular

A diferenciação celular consiste em um conjunto de processos que transformam e especializam as células


embrionárias. Após estas transformações, sua morfologia e fisiologia são definidas, o que as tornam capazes
de realizar determinada função.

Após a fecundação, a vida do organismo inicia-se com apenas uma única célula. Nesse sentido, todas as
demais células que dela se originarem pela divisão celular (mitose) terão as mesmas informações genéticas, no
entanto, exercerão funções diferentes por conta da expressão gênica. Em outras palavras, cada diferente tipo
de célula possui a inibição ou a ativação de determinados grupos de genes, responsáveis por definir a função
de cada uma delas.

uma delas.

A expressão gênica controla quatro processos para que a célula inicial origine perfeitamente o embrião. São
eles:
 Proliferação celular, garantindo que muitas células sejam produzidas;
 Especialização celular, permitindo que as células se expressem de forma diferenciada para exercerem
suas funções;
 Interação entre as células, promovendo a coordenação e comportamento das células em relação às
células vizinhas;
 Movimentação celular, possibilitando que as células se organizem próximas às células com
características em comum para a formação dos tecidos e órgãos.

Após a fecundação, o zigoto, já com aproximadamente 100 células, atinge o estágio de blástula. Nesta fase
ocorrerão as primeiras diferenciações: as células que compõem a massa externa da blástula darão origem
aos anexos embrionários, enquanto as células da massa interna darão origem a todos os tecidos e órgãos do
embrião. Às células da massa interna é dado o nome de células-tronco embrionárias e são classificadas como
pluripotentes.

À medida que a especialização celular vai avançando, vão surgindo as primeiras células envolvidas com a
formação de tecidos específicos: são as células-tronco multipotentes. Um tecido corresponde a um conjunto
de células especializadas, iguais ou diferentes entre si, que realizam determinada função em um organismo.

Num organismo já formado, ocorrerão apenas dois tipos de células: as células tronco multipotentes e as
células unipotentes. Estas últimas correspondem a células que já sofreram diferenciação completa, mas que
não possuem a capacidade de originar outras células se não as delas. Algumas destas células possuem uma
capacidade muito pequena de se dividir, como as células nervosas e os neurônios.
Principais tecidos animais e vegetais
Origem e evolução das células

É muito importante conhecer o processo que deu origem às primeiras células. 

Atualmente existe uma forte corrente de estudiosos que defende a teoria de que o início do processo evolutivo
que deu origem às primeiras células tenha iniciado há mais ou menos quatro bilhões de anos. Neste período o
oxigênio ainda não estava presente na atmosfera, que provavelmente continha amônia, vapor d’água,
hidrogênio, metano, gás carbônico e sulfeto de hidrogênio. O oxigênio em sua forma livre, somente surgiu
muito posteriormente, devido à ação fotossintética de células autotróficas. 

Há mais ou menos quatro bilhões de anos, a superfície de nosso Planeta estaria, em sua maior parte, coberta por
uma enorme massa de água, disposta em imensos “oceanos” e também “lagoas”. Toda essa massa líquida
recebeu o nome de “caldo primordial”, sendo rica em moléculas inorgânicas e contendo em solução todos os
gases presentes na atmosfera daquela época (Junqueira & Carneiro, 2005). 

Sob a ação do calor e da radiação ultravioleta emitida pelo Sol e de descargas elétricas originadas pelas
frequentes tempestades que ocorriam neste período, estas moléculas existentes no caldo primordial
combinaram-se entre si quimicamente, constituindo o que seriam os primeiros compostos que apresentaram
carbono em sua composição. Outras substâncias de natureza mais complexa, como por exemplo, as proteínas e
os ácidos nucleicos, teriam aparecido em um momento posterior espontaneamente ao acaso, já que nas
condições atuais de nosso Planeta, só seriam capazes de se formar naturalmente devido à ação de células.
Segundo Junqueira & Carneiro (2005), esse tipo de síntese, realizada sem a ação de seres vivos, é denominada
prebiótica, sendo experimentalmente comprovado que este processo pode ocorrer em tais condições. 

Três circunstâncias que favoreceram o acúmulo gradual dos compostos de carbono: 


1) A enorme extensão do Planeta, com uma ampla variedade de ambientes heterogêneos, onde provavelmente
surgiram moléculas que permaneceram próximas umas às outras e, provavelmente, distintas estruturalmente em
relação às existentes em outros locais; 

2) O longo período em que ocorreu a síntese prebiótica no caldo primordial, estimado em mais de dois bilhões
de anos; 

3) O fato de não existir oxigênio na atmosfera, o que fez com que as moléculas recém-formadas não fossem
imediatamente destruídas pela oxidação. 

Levando em consideração as características atuais da atmosfera, com elevada concentração de Oxigênio, seria
impossível a síntese prebiótica acontecer. 

E provável que no caldo primordial tenha surgido polímeros de aminoácidos e de nucleotídeos, tendo assim se
formado as primeiras moléculas de ácidos nucleicos e de proteínas. Todavia, somente os ácidos nucleicos
possuem a capacidade de se duplicar, o que juntamente com as recentes demonstrações em laboratório, de que
as moléculas de RNA simples estruturalmente são capazes de originar moléculas mais complexas, sem qualquer
auxílio de proteínas enzimáticas, nos faz pensar que o processo de evolução das moléculas mais complexas
iniciou com moléculas de RNA.
Uma vez surgidas às moléculas de RNA com capacidade de se multiplicarem e de evoluir, o caminho para o
surgimento das primeiras células estava traçado. Porém, era muito importante que este sistema capaz de se
autoduplicar ficasse isolado, evitando que as moléculas se dispersassem no líquido prebiótico. Assim, acredita-
se que moléculas de fosfolipídios tenham surgido ao acaso, espontaneamente, e que passaram a constituir as
primeiras bicamadas fosfolipídicas, passando estas então a envolver um conjunto de moléculas de RNA (ácido
ribonucleico), nucleotídeos, proteínas e outras moléculas. Nascia assim a primeira célula, com sua membrana
fosfolipídica. 

Caracteristicamente os fosfolipídios são moléculas alongadas, com uma extremidade hidrofílica e duas cadeias
hidrofóbicas. Uma vez dissolvidos em água, estas moléculas se prendem por interação hidrofóbica de suas
cadeias e acabam constituindo bicamadas espontaneamente, sem necessidade de energia. 

Os dados atualmente disponíveis permitem supor que, após o surgimento do RNA (ácido ribonucleico)
provavelmente deva ter surgido o DNA (ácido desoxirribonucleico, originado a partir da polimerização de
nucleotídeos sobre um molde de RNA, e a partir de então, estes dois ácidos nucleicos passaram a determinar
quais os tipos de proteínas a serem sintetizadas. Considerando que existe uma grande variedade de proteínas
celulares, formadas pela combinação de 20 aminoácidos diferentes, acredita-se que seja pouco provável que
todas estas proteínas tenham se originado por acaso. A síntese de proteínas deve ter sido dirigida pelo RNA e
DNA, sendo eliminadas ao longo da evolução aquelas proteínas consideradas “inúteis”. 

Com as evidências que atualmente existem, é realmente provável que a primeira célula tenha apresentado uma
estrutura simples, sendo provavelmente uma procarionte heterotrófica, e, também, que antes do surgimento
desta célula precedeu-se a formação de agregados de RNA, DNA e proteínas, envoltos por uma camada dupla
de fosfolipídios. O processo evolutivo continuou com estes agregados originados pelas moléculas de ácido
ribonucleico (RNA), dando origem às primeiras células, que por sua vez devem ter sido procariontes
estruturalmente simples. 

Uma vez que estas células não possuíam a capacidade de sintetizar seu próprio alimento (heterotróficas), o
processo evolutivo sofreu uma interrupção devido ao esgotamento de compostos de carbono formados pelo
processo prebiótico, nos locais onde as células primordiais surgiram. Outro aspecto interessante, é que estas
células além de serem heterotróficas e procariontes, eram também anaeróbias, uma vez que na atmosfera não
existia oxigênio. Teria sido muito complicado sustentar o processo evolutivo destas células primitivas se elas
permanecessem dependendo das moléculas energéticas formadas no caldo primordial, para a sua nutrição. 

Foi então que o surgimento das células autotróficas, capazes de sintetizar seu próprio alimento, proporcionou a
manutenção da vida na Terra. Estas células autotróficas eram capazes de sintetizar moléculas mais complexas a
partir de substâncias muito simples e da energia solar. Dessa forma, se aceita que deva ter surgido nas células
procariontes um sistema com capacidade de utilizar a energia Solar, armazenando-a em ligações químicas,
sintetizando alimento e liberando oxigênio. Esse novo tipo de célula seria muito semelhante às cianofíceas ou
“algas azuis”, que são bactérias ainda hoje viventes. Dessa forma, teve início um dos processos mais
importantes da natureza, a fotossíntese, que ocorreu devido ao aparecimento de certos pigmentos, nas células,
como a clorofila, capaz de captar as radiações, azul e vermelha da luz do Sol, utilizando essa energia para a
ativação de processos de síntese. 

Com o surgimento das células autotróficas, foram ocorrendo também mudanças na atmosfera, já que o aumento
da concentração de oxigênio liberado pela fotossíntese intensificou-se. As moléculas de oxigênio (O2) acabaram
se difundindo para as partes mais elevadas da atmosfera, onde sob ação da radiação ultravioleta, romperam-se
originando átomos de oxigênio. 
Alguns desses átomos recombinaram-se e constituíram moléculas de ozônio (O3), que possuem grande
capacidade de retenção de radiação ultravioleta. Assim, de maneira contínua, originou-se uma camada de
ozônio, transparente aos comprimentos de onda visíveis, mas protege a superfície do Planeta contra a radiação
ultravioleta. 

Sem dúvida, o início da fotossíntese e as grandes alterações da atmosfera contribuíram marcadamente para o
processo evolutivo das células e de todas as formas de vida existentes no Planeta. Somente com o surgimento da
fotossíntese, ocorreu o aparecimento do oxigênio na atmosfera e dessa forma verificou-se o surgimento de
células aeróbias, ao mesmo passo que se observou o surgimento da camada protetora de ozônio. As bactérias
anaeróbias restringiram-se a nichos especiais, caracterizados pela ausência de oxigênio. 

O próximo passo do processo evolutivo, após o aparecimento das células procariontes autotróficas, foi o
surgimento das células eucariontes. Existem fortes indicativos de que as células eucariontes, caracteristicamente
apresentando um elaborado sistema de membranas, originaram-se a partir de procariontes, por invaginações da
membrana plasmática, provavelmente puxadas por proteínas contráteis existentes no citoplasma. Uma forte
evidência dessa hipótese é de que as membranas intracelulares apresentam uma assimetria similar à observada
na membrana plasmática. 

A face da membrana plasmática voltada para o citossol assemelha-se à sua equivalente nas membranas
intracelulares, sendo o mesmo observado com a face externa da membrana plasmática, que se assemelha com a
face voltada para o interior dos compartimentos intracelulares. Observa-se que foi de fundamental importância
para a evolução das células eucariontes o processo de interiorização da membrana, processo tal que originou
uma série de compartimentos intracelulares, como os lisossomos, complexo de Golgi, retículo endoplasmático
que podem ser considerados microrregiões, com composição enzimática típica e funcionalidade específica. Os
processos celulares tornaram-se mais eficientes diante desta separação molecular e funcional. Sugestivas
evidências apontam para o fato de que organelas responsáveis por processos ligados às transformações
energéticas, como as mitocôndrias e os cloroplastos, surgiram a partir de bactérias que foram fagocitadas, de
alguma maneira escaparam da digestão intracelular, e se estabeleceram como endossimbiontes nestas células
eucariontes hospedeiras, constituindo um relacionamento benéfico e que com o passar dos anos acabou se
tornando irreversível. 

As principais evidências a favor dessa hipótese são as seguintes: 

-Assim como as bactérias, as mitocôndrias e os cloroplastos possuem DNA circular; 

-Ambas as organelas possuem duas membranas, sendo a interna semelhante, em sua composição, às membranas
das bactérias. Já as membranas externas, que seriam a parede do vacúolo fagocitário, é muito semelhante à
membrana plasmática das células eucariontes hospedeiras. 

Esta hipótese é apoiada pela observação de que as membranas intracelulares têm constituição molecular muito
semelhante à da membrana plasmática. 

Outro aspecto a ser ressalto é o de que simbiose entre células eucariontes e bactérias continua acontecendo,
sendo possível observar diversos casos existentes atualmente. Durante o processo evolutivo, as mitocôndrias e
cloroplastos foram perdendo parte de seu genoma par ao núcleo da célula hospedeira, tornando-se em parte
dependentes do DNA das células hospedeiras. 

Grande parte das proteínas dos cloroplastos e das mitocôndrias é codificada por RNA mensageiro do núcleo
celular, sendo posteriormente sintetizadas na matriz citoplasmáticas por polirribossomos e, em seguida
transferidas para dentro dos cloroplastos e mitocôndrias. 

Outro aspecto a ser ressalto é o de que simbiose entre células eucariontes e bactérias continua acontecendo,
sendo possível observar diversos casos existentes atualmente. Durante o processo evolutivo, as mitocôndrias e
cloroplastos foram perdendo parte de seu genoma par ao núcleo da célula hospedeira, tornando-se em parte
dependentes do DNA das células hospedeiras. 

Grande parte das proteínas dos cloroplastos e das mitocôndrias é codificada por RNA mensageiro do núcleo
celular, sendo posteriormente sintetizadas na matriz citoplasmáticas por polirribossomos e, em seguida
transferidas para dentro dos cloroplastos e mitocôndrias.

Noções sobre células-tronco, clonagem e tecnologia do DNA recombinante

As células-tronco são células com a capacidade de se transformar (diferenciar) em qualquer


célula especializada do corpo, ou seja, células características de uma mesma linhagem. Elas são
capazes de se renovar por meio da divisão celular mesmo após longos períodos de inatividade e
induzidas a formar células de tecidos e órgãos com funções especiais.

Diferente de outras células do corpo, como as células musculares, do sangue ou do cérebro, que
normalmente não se reproduzem, células-tronco podem se replicar várias vezes. Isso significa
que a partir de uma cultura de células-tronco é possível produzir milhares. Contudo, os
pesquisadores ainda não têm conhecimento vasto do que induz a proliferação e autorrenovação
dessas estruturas.

Outro enigma que desafia os cientistas é a questão da diferenciação: como células indiferenciadas
simplesmente passam a ter funções especializadas, como os gametas e células sexuais? Sabe-se
que, além dos sinais internos controlados por genes, o processo é ativado também por sinais
externos, incluindo a secreção de substâncias químicas por outras células, o contato físico com
células vizinhas e a influência de algumas moléculas.

Embora muitos laboratórios de pesquisa consigam induzir a diferenciação pela manipulação de


fatores de crescimento, soro e genes, os mecanismos detalhados que regem o processo não são
claros. Entretanto, encontrar a resposta para o problema pode ampliar o potencial terapêutico das
células-tronco, já que células, tecidos e órgãos poderiam ser produzidos em laboratório ou
recuperados no próprio corpo. Além disso, forneceria uma compreensão bem maior sobre
doenças como o câncer, desencadeadas pela divisão anormal das células.

Tipos

As células-tronco podem ser classificadas em TOTIPOTENTES , quando conseguem se diferenciar


em todos os tecidos do corpo humano, e PLURIPOTENTES  ou MULTIPOTENTES , quando são
capazes de se transformar em quase todos os tecidos, exceto placenta e anexos embrionários.
Células-troncoOLIGOTENTES  diferenciam-se em poucos tecidos, células-tronco UNIPOTENTES  se
trasformam em um único tecido.
Essas estruturas podem ser divididas, de acordo com a origem, basicamente em células-tronco
derivadas de tecidos embrionários (SOMÁTICAS ) e células-tronco derivadas de tecidos não-
embrionários (ADULTAS ). Células-tronco pluripotentes poderiam, teoricamente, derivar de
qualquer célula humana.
CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS  são aquelas que formam o interior do blastocisto, um
aglomerado celular que dará origem a tecidos e órgãos necessários ao desenvolvimento do feto.
A maioria das pesquisas atuais utiliza este tipo de célula-tronco para produzir mais células-
tronco, que podem ser congeladas e divididas em laboratório. Posteriormente, são divididas e
estimuladas para se tornarem células ou tecidos especializados.
CÉLULAS-TRONCO ADULTAS  são células indiferenciadas encontradas no meio de células
diferenciadas que compõem as estruturas do corpo. Elas têm a função de renovar e reparar os tecidos do
corpo. Acredita-se que residam em nichos dos tecidos, algumas nas camadas externas de pequenos vasos
sanguíneos, onde permanecem sem se dividir até que isso seja necessário.
Por existirem em quantidades reduzidas no corpo e pela dificuldade que apresentam para se dividir em relação
às embrionárias, a produção em laboratório desse tipo de célula-tronco é limitada. Mesmo assim, cientistas
desenvolvem a cada dia novos métodos para incrementar a cultura e manipulação destas células para
utilização em tratamentos de lesões ou doenças.

CÉLULAS-TRONCO PLURIPOTENTES  induzidas (iPSCs) são células adultas que foram geneticamente
reprogramadas para o estágio de células-tronco embrionárias. Estudos estão sendo realizados para avaliar
como a técnica poderia ser utilizada de forma segura em seres humanos. Em animais, a introdução de fatores
de reprogramação celular com vírus pode, eventualmente, desencadear tumores. Entretanto, a estratégia
parece promissora na medida em evitaria, teoricamente, a rejeição.
Curiosidades

Há cinco décadas o pesquisador Leroy Stevens descobriu um tumor no saco escrotal de um rato de
laboratório. Ao examinar o animal, identificou vários tecidos, incluindo dentes e cabelos. A partir desta
constatação, traçou a origem do tumor e deu início ao estudo das células-tronco.

Somente 30 anos mais tarde, cientistas norte-americanos e ingleses conseguiram isolar células-tronco
embrionárias a partir do blastocisto de um roedor. Em 1998, duas equipes independentes anunciaram o
isolamento de células-tronco embrionárias humanas.

Em 2008, uma equipe anunciou a criação de um coração usando células-tronco de ratos e tecidos próprios do
animal, como vasos sanguíneos e válvulas. Contudo, o órgão batia apenas com 2% da potência normal. Em
julho de 2010, cientistas anunciaram a criação de um pulmão de rato “artificial” com células-tronco. O tecido
funcionou apenas duas horas, pois coágulos de sangue se formaram.

Recentemente, pesquisadores dos Estados Unidos descobriram uma forma de produzir quantidades
aparentemente ilimitadas de células-tronco adultas em laboratório. A equipe descobriu que células endoteliais
– os blocos básicos do sistema vascular – produzem fatores de crescimento que induzem o crescimento de
culturas de células.

Mesmo diante da possibilidade de produção de células-tronco em grandes quantidades, muitas mães doam o
sangue do cordão umbilical do filho que nasceu para bancos de células-tronco, já que ali se encontra um
grande número de células-tronco hematopoiéticas. A ideia é que esse material fique disponível para ser usado
no futuro por alguma pessoa compatível, para tratar doenças como leucemia.

 
2º O texto sobre clonagem foi retirado do site só biologia
O que é clonagem?
A Clonagem é um mecanismo comum de reprodução de espécies de plantas ou bactérias. Um clone pode ser
definido como uma população de moléculas, células ou organismos que se originaram de uma única célula e
que são idênticas à célula original. Em humanos, os clones naturais são os gêmeos idênticos que se originam
da divisão de um óvulo fertilizado.

A grande revolução da Dolly, que abriu caminho para possibilidade de clonagem humana, foi a
demonstração, pela primeira vez, de que era possível clonar um mamífero, isto é, produzir uma cópia
geneticamente idêntica, a partir de uma célula somática diferenciada. Para entendermos porque esta
experiência foi surpreendente, precisamos recordar um pouco de embriologia.
Todos nós já fomos uma célula única, resultante da fusão de um óvulo e um espermatozoide. Esta primeira
célula já tem no seu núcleo o DNA com toda a informação genética para gerar um novo ser. O DNA nas células
fica extremamente condensado e organizado em cromossomos. Com exceção das nossas células sexuais, o
óvulo e o espermatozoide que têm 23 cromossomos, todas as outras células do nosso corpo têm 46
cromossomos. Em cada célula, temos 22 pares que são iguais nos dois sexos, chamados autossomos e um par
de cromossomos sexuais:
O núcleo da célula contém os 23 pares de cromossomos.

XX no sexo feminino e XY no sexo masculino. Estas células, com 46 cromossomos, são chamadas células
somáticas.

Voltemos agora à nossa primeira célula resultante da fusão do óvulo e do espermatozoide. Logo após a
fecundação, ela começa a se dividir: uma célula em duas, duas em quatro, quatro em oito e assim por diante.
Pelo menos até a fase de oito células, cada uma delas é capaz de se desenvolver em um ser humano
completo. São chamadas de totipotentes. Na fase de oito a dezesseis células, as células do embrião se
diferenciam em dois grupos: um grupo de células externas que vão originar a placenta e os anexos
embrionários, e uma massa de células internas que vai originar o embrião propriamente dito. Após 72 horas,
este embrião, agora com cerca de cem células, é chamado de blastocisto.
É nesta fase que ocorre a implantação do embrião na cavidade uterina. As células internas do blastocisto vão
originar as centenas de tecidos que compõem o corpo humano. São chamadas de células tronco embrionárias
pluripotentes. A partir de um determinado momento, estas células somáticas – que ainda são todas iguais –
começam a diferenciar-se nos vários tecidos que vão compor o organismo: sangue, fígado, músculos, cérebro,
ossos etc. Os genes que controlam esta diferenciação e o processo pelo qual isto ocorre ainda são um mistério.

O que sabemos é que uma vez diferenciadas, as células somáticas perdem a capacidade de originar qualquer
tecido. As células descendentes de uma célula diferenciada vão manter as mesmas características daquela que
as originou, isto é, células de fígado vão originar células de fígado, células musculares vão originar células
musculares e assim por diante. Apesar de o número de genes e de o DNA ser igual em todas as células do
nosso corpo, os genes nas células somáticas diferenciadas se expressam de maneiras diferentes em cada
tecido, isto é, a expressão gênica é específica para cada tecido. Com exceção dos genes responsáveis pela
manutenção do metabolismo celular (housekeeping genes) que se mantêm ativos em todas as células do
organismo, só irão funcionar em cada tecido ou órgão os genes importantes para a manutenção deste. Os
outros se mantêm “silenciados” ou inativos.

Aplicações de biotecnologia na produção de alimentos fármacos e componentes biológicos

Atualmente, os meios de comunicação têm divulgado inúmeras descobertas atribuídas ao uso de tecnologias
avançadas associadas à biotecnologia. Alimentos transgênicos, modificados geneticamente, clonagem e tantas
outras descobertas associadas ao tema predispõe a cada dia a necessidade de se saber pelo menos do que se
trata essa tal biotecnologia.

A Biotecnologia apresenta várias definições de acordo com o olhar a ela lançado, mas de uma forma bem
simples, é um conjunto multidisciplinar de conhecimentos que visa o desenvolvimento de métodos, técnicas e
meios associados a seres vivos, macro e microscópicos, que originem produtos úteis e contribuam para a
resolução de problemas.

Não devemos pensar, entretanto, que a biotecnologia é uma prática que exija o uso de computadores e
sequenciadores de DNA, muito pelo contrário, a humanidade utiliza seres vivos para vários processos desde a
Antiguidade. Podemos com isso traçar uma breve linha do tempo:

Antiguidade – Utilização de microrganismos para a preparação de alimentos e bebidas.

Século XII – A destilação do álcool.

Século XVII – Cultivo de fungos na França.

Século XVIII – Jenner cria as premissas para as vacinas através da inoculação de um vírus em uma criança.

1981 – Obtenção da primeira planta geneticamente modificada.

1997 – Nasce Dolly, a primeira ovelha clonada.

2003 – Iniciado o processo de clonagem de espécies de animais ameaçados de extinção.

Desta forma, temos que a inovação e o desenvolvimento de novos produtos é uma constante e está presente
em nosso dia a dia sem que percebamos. Assim, a biotecnologia busca, através de sua ação, formas que
possam contribuir para amenizar ou até mesmo resolver problemas causados pela ação destruidora humana.

Assim, há o desenvolvimento em relação à questão ambiental de microrganismos modificados para


tratamento de águas contaminadas por esgoto, outros poluentes e, até mesmo, petróleo.

Em relação à agricultura, temos o desenvolvimento de plantas transgênicas que podem ser mais nutritivas,
que necessitem de menos agrotóxicos e que sejam mais resistentes às pragas, reduzindo o uso de inseticidas.

Quanto à pecuária, temos a formação de embriões, o desenvolvimento de animais transgênicos e o


aprimoramento de vacinas e medicamentos de uso veterinário.

Em relação à saúde humana, a aplicação da biotecnologia é utilizada no desenvolvimento de novas vacinas,


hormônios, medicamentos e antibióticos.

A biotecnologia é um assunto que atrai a atenção de simpatizantes e opositores em todo o mundo, sendo que
muitas vezes o enfrentamento entre grupos divergentes é inevitável. Devemos sempre ter a consciência de
que não é o instrumento em si que é negativo ou prejudicial e sim o uso ou destino que damos a ele.

Agricultura
A agricultura e a biotecnologia se aliaram para tornar o cultivo de plantas mais eficiente. Pragas, doenças e
problemas climáticos, por exemplo, sempre foram obstáculos à produção de alimentos. Porém, a engenharia
genética permitiu a criação de tecnologias que reduzem as perdas e aumentam a produtividade das lavouras.

Esta associação já permitiu o desenvolvimento de espécies vegetais resistentes a insetos e tolerantes a


herbicidas. As variedades geneticamente modificadas (GM) ou transgênicas proporcionam melhoria das
práticas de cultivo e incremento na quantidade e na qualidade dos produtos agrícolas, reforçando a renda dos
produtores e favorecendo o crescimento econômico.
No caso das plantas transgênicas tolerantes a herbicidas ou resistentes a insetos, a vantagem é a facilitação do
manejo de plantas e insetos invasores, o que resulta na redução da quantidade de aplicações de defensivos
químicos. Já existem vegetais que apresentam estas duas características reunidas e que representam uma
alternativa eficiente para os agricultores. Além das vantagens agronômicas, essas variedades favorecem a
preservação da biodiversidade e diminuem a necessidade de ampliação da área plantada, com diminuição nas
perdas no campo.

Cientistas de todo o mundo trabalham também no desenvolvimento de plantas com características complexas
modificadas, cuja expressão envolve vários genes, a exemplo da tolerância ao estresse hídrico (seca). O futuro
também aponta para a criação de vegetais transgênicos, que contenham propriedades nutricionais
melhoradas ou que produzam medicamentos.

Alimentação

Estima-se que quase 100% dos de todos os alimentos processados contenham pelo menos um ingrediente
derivado de soja ou milho, duas das culturas para quais foram desenvolvidas mais variedades transgênicas.
Segundo o relatório do Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia (ISAAA), em
2013 foram plantados 175,3 milhões de hectares com OGMs. No Brasil, que ocupa o segundo lugar em área
plantada com sementes provenientes da biotecnologia, com 40,3 milhões de hectares, a taxa de adoção da
soja e milho GM é de 92% e 90% respectivamente.

Há mais de 25 anos, bactérias, leveduras e fungos GM atuam diretamente nos processos de fermentação,
preservação e formação de sabor e aromas de muitas bebidas e alimentos do dia-a-dia, a exemplo de queijos,
carnes embutidas, picles, pães, massas, cerveja, vinho, sucos e adoçantes.
À medida que os cientistas fazem novas descobertas, outras características e variedades estão sendo incluídas
na lista de alimentos transgênicos. O Brasil, por exemplo, se destaca no cenário internacional por ter aprovado
a primeira variedade GM de feijão do mundo, desenvolvida inteiramente em uma instituição pública de
pesquisa, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA). Esse feijão é resistente ao vírus do
mosaico dourado, causador de uma doença que prejudica seriamente a produtividade das plantações dessa
leguminosa.

Ao redor do mundo, há pesquisas com arroz, banana, beterraba, cana-de-açúcar, laranja, mamão, mandioca e
muitas outras plantas. O objetivo é expressar nessas espécies as mais diferentes características a exemplo de
outras resistências a insetos, fungos e vírus, tolerância a outros princípios ativos e à seca, além de melhorias
em suas composições nutricionais.

Todo alimento geneticamente modificado só é liberado para consumo depois de passar por uma série de
testes que avaliam sua segurança para o meio ambiente e para a saúde humana e animal.
Diversas organizações internacionais de renome apoiam a biotecnologia e os produtos derivados do uso dessa
técnica. Entre elas estão a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO/ONU), a
Organização Mundial da Saúde (OMS), a Academia de Ciências do Vaticano, a Agência de Biotecnologia da
Austrália e a Agência de Controle de Alimentos do Canadá.

No Brasil, a Lei de Biossegurança (Lei no 11.105/05) exige que qualquer organismo geneticamente modificado
passe pela avaliação criteriosa da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, a CTNBio. Clique aqui para
saber mais sobre a comissão.

Cientistas de instituições de pesquisa nacionais e internacionais já divulgaram relatórios técnicos apoiando a


adoção de plantas transgênicas na agricultura como uma forma de contribuir para o aumento sustentável da
produção de alimentos. Esses pareceres científicos separam o que é mito ideológico do que é verdade
científica. 

Agroenergia
A capacidade das reservas mundiais de petróleo em atender ao atual ritmo de crescimento e consumo dos
países desenvolvidos e em desenvolvimento é reduzida. Estima-se que em até 50 anos essas reservas terão
sido completamente exploradas. Esta é uma das razões que justificam a pesquisa na área da produção de
combustíveis originários de fontes renováveis de energia. Outra, não menos significativa, é a preocupação
mundial com a produção e o consumo sustentável de energia, em consonância com a preservação da
biodiversidade do planeta.

Cientistas de todo o mundo estão buscando na biotecnologia as alternativas para produzir óleos vegetais que
substituam os combustíveis fósseis nos usos industriais, na farmacologia e etc. Nessa busca, o primeiro desafio
com o qual os pesquisadores se deparam é entender por que determinadas plantas produzem óleos que não
são encontrados em outras espécies vegetais. Decifrar este mistério, escondido no código genético, permitirá
que os genes que expressam essa capacidade sejam inseridos, por meio da engenharia genética, em outras
plantas.

Uma vez entendidos os pormenores do mecanismo, estará aberto o caminho não apenas para a produção de
óleos em plantas de fácil cultivo – como a soja – mas também para o uso da mesma técnica focada no
aumento da produção, por meio de microorganismos transgênicos, por exemplo. Logo, há um grande
potencial para os óleos vegetais, que são quimicamente semelhantes ao petróleo cru, tornarem-se matéria-
prima para tintas, revestimentos, plásticos, fármacos ou combustíveis.

Biocombustíveis:

Os biocombustíveis representam cerca de 1% da matriz mundial de transportes. Os maiores produtores são


Estados Unidos, China e Alemanha. Os biocombustíveis que fazem parte da matriz energética brasileira são
originários da transformação do açúcar por microrganismos.

Etanol

O etanol pode ser obtido a partir de diversas matérias-primas, sendo a cana-de-açúcar a mais eficiente. Do
total de energia contida nos açúcares na planta, aproximadamente um terço está no caldo e o restante
encontra-se dividido em partes quase iguais entre o bagaço e a palha.

Este combustível também pode ser conseguido por meio de plantas como o milho, o trigo, o sorgo e a
mandioca, mas, para tanto, é preciso que o amido resultante do processamento de tais matérias-primas seja
“cozido” para que se transforme em açúcares aproveitáveis por leveduras. Isso faz com que o processo seja
mais longo, caro e menos produtivo que o da cana. Embora a soja, o girassol e a canola também sejam usados
para essa finalidade, o rendimento é menor.

Vale destacar que apenas 2 por cento da área agrícola do Brasil são destinados à cultura da cana-de-açúcar
para a produção de etanol, ou seja, não há conflito com a área agricultável para a produção de alimentos. A
biotecnologia pode contribuir com o desenvolvimento de plantas de maior teor de biomassa em detrimento
do açúcar, o que aumenta a produtividade de etanol por área colhida.

Desta maneira, a modificação genética pode aumentar a eficiência da produção de etanol por meio da criação
de variedades de cana-de-açúcar transgênicas e também de leveduras geneticamente modificadas.

Outros combustíveis

Plantas como soja, milho, algodão e cana-de-açúcar podem ser usadas para a produção de etanol e outros
combustíveis. O butanol, por exemplo, é um álcool produzido com base na fermentação desencadeada pela
bactéria Clostridium acetobutylicum. O butanol apresenta vantagens e desvantagens em relação ao etanol.
Embora contenha mais energia por unidade de volume, sua octanagem (capacidade do combustível em resistir
a altas temperaturas sem sofrer detonação) é menor do que a do etanol, o que reduz seu desempenho em
motores à gasolina.

O etanol, apesar de ser um bom substituto para a gasolina, tem limitações no que se refere ao uso em veículos
pesados. A alternativa entre os biocombustíveis, para este caso, é o biodiesel, produzido com base em óleo e
gorduras, em um processo denominado transesterificação. O biodiesel não tem as mesmas características do
combustível derivado de petróleo. Contudo, já existe um método que produz um diesel renovável com
características muito similares ao de origem fóssil feito por meio da fermentação de açúcares, a exemplo do
etanol.

Saúde

Os avanços científicos na área da biotecnologia estão ocorrendo não apenas na agropecuária, mas também na
medicina. Alguns desses progressos já estão incorporados ao cotidiano da maioria dos brasileiros sem que
ninguém se dê conta.

Uma das primeiras aplicações comerciais da biotecnologia na saúde é também uma das mais úteis: a produção
da insulina humana por microrganismos transgênicos para o uso de diabéticos. Até a década de 80, esse
hormônio era extraído de bois e porcos, e, frequentemente, causava alergias. De lá pra cá, pessoas do mundo
inteiro se beneficiam dessa tecnologia, que tornou a insulina mais segura e aumentou a eficiência dos
tratamentos. O hormônio do crescimento e a vitamina C também são outros bons exemplos das inúmeras
aplicações da transgenia na saúde.

Vacinas

Até 2011, a CTNBio havia aprovado 14 vacinas que usam a técnica do DNA recombinante para uso animal.
Outras estão sendo pesquisadas em diversos laboratórios do Brasil, a exemplo da imunização de rebanho
bovino contra a tuberculose, desenvolvidas na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Para proteger os seres humanos, já foi criada pelo Instituto Butantan, de São Paulo, a vacina recombinante
contra a hepatite B, feita da proteína da superfície do vírus que, assim, imuniza e impede a replicação do
microrganismo e a consequente infecção. Também por meio de intervenção no genoma viral, já existem
vacinas contra influenza (vírus da gripe) e estão sendo desenvolvidas uma vacina tetravalente contra a dengue
e uma recombinante que protege contra a coqueluche e a tuberculose ainda na maternidade.

Outro estudo que gera grande expectativa é o conduzido por uma equipe da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto, que estuda uma vacina gênica para combater câncer e
tuberculose. Os cientistas esperam que esse produto funcione como medicamento, revertendo o quadro de
saúde negativo, mesmo quando a doença já estiver instalada no organismo.

Terapia gênica

Nos Estados Unidos, há mais de mil ensaios clínicos com diferentes perspectivas de uso da terapia gênica, dos
quais, aproximadamente, 70% são para tratamento do câncer. Existe também a possibilidade de tratar outros
males, a exemplo de fibrose cística, hemofilia, anemia falciforme, mal de Alzheimer, mal de Parkinson e até
mesmo doenças infecciosas, como a aids. Os testes buscam assegurar a eficácia e a biossegurança desses
processos para que, no futuro, eles possam ser usados como rotina médica.
É conhecida a capacidade que os vírus têm para infectar as células humanas. A terapia gênica tira bom
proveito disso ao alterar a composição genética de tais agentes, retirando seus genes causadores de doenças e
inserindo neles genes de interesse terapêutico. Dessa forma, o vírus atua como vetor, transportando o
material genético de que o paciente precisa para suas células somáticas. Há maneiras não-virais de oferecer à
célula sequências genômicas, a exemplo de partículas lipídicas (gordura) que encapsulam os genes, mas estas
costumam ser menos eficientes. As pesquisas também procuram garantir que os vetores virais não sejam
replicativos para que, uma vez dentro do organismo humano, não readquiram a habilidade de se multiplicar e
causar infecção.

A intenção da terapia gênica é ser específica, atuando principalmente nas áreas afetadas pelas doenças. Trata-
se de um tratamento mais pontual que a quimioterapia, que afeta todas as células do organismo, inclusive as
saudáveis. Entretanto, os cientistas ainda lidam com o desafio de garantir a estabilidade da expressão dos
genes inseridos e que a modificação não afete outras partes do corpo. Os ensaios clínicos buscam verificar
esses e outros aspectos de biossegurança da terapia.

Células-tronco

Células-tronco são células com capacidade de autorrenovação e de produzir células especializadas. Quanto à
sua origem e potencialidade, as células-tronco podem ser classificadas em embrionárias, que são obtidas a
partir das primeiras divisões celulares após a fecundação e que darão origem a todos os tipos de células; e
adultas ou somáticas, encontradas no tecido já formado, que originarão células especializadas de apenas
alguns tecidos. A terapia com esse tipo de célula tem como principal objetivo promover a reparação e
regeneração de órgãos.

No Brasil, as pesquisas com células-tronco estão organizadas em núcleos, como a Rede Nacional de Terapia
Celular (RNTC), formada por oito Centros de Tecnologia Celular distribuídos em cinco Estados brasileiros e por
52 laboratórios com competência tecnológica na área da medicina regenerativa.

O Laboratório de Genética e Cardiologia Molecular do Instituto do Coração de São Paulo (INCOR), conduz uma
pesquisa na qual convergem técnicas de terapia celular e terapia gênica. A ideia é usar uma célula-tronco
específica, que já tenha potencial terapêutico, e aumentar essa capacidade por meio da inserção de genes
nessa célula. Experiências tiveram êxito na redução do risco de angina e enfarte em animais por meio do uso
de células-tronco geneticamente modificadas para expressar uma proteína estimuladora da vascularização.

Diagnóstico

Hoje já se sabe que a biotecnologia pode ser uma forte aliada da saúde humana e que os kits de diagnósticos à
base de plantas custam cerca de um décimo do valor dos convencionais. Um exemplo dessa aliança é a
pesquisa feita em parceria por diversas universidades e instituições de pesquisa brasileiras – a exemplo da
Universidade de Brasília (UNB), Fiocruz e Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia –, que pretende utilizar
plantas transgênicas de alface para diagnosticar o vírus da dengue.

O processo de transformação genética conduzido pelos cientistas brasileiros consiste na introdução de uma
parte do gene do vírus da dengue no DNA de alfaces. Os vegetais transgênicos, então, passam por um
processo que garante que apenas as células que receberem o gene do vírus sobrevivam e, posteriormente, são
regenerados.

O kit terá um reagente (partícula viral defeituosa) produzido com a planta transgênica de alface na qual foi
injetado o gene do vírus da dengue. Esse reagente, misturado ao sangue coletado do paciente, conforme a
reação que ocorrer, indicará se o este indivíduo tem anticorpos do vírus da dengue.
Indústria

Os microrganismos têm sido melhorados geneticamente não apenas para a produção de alimentos e
remédios, como também para favorecer as indústrias de papel, têxtil, química, petrolífera, ambiental e de
mineração. No nosso dia-a-dia, convivemos com inúmeros produtos industriais fabricados por meio da
aplicação de microrganismos transgênicos, como roupas e produtos de limpeza.

No sabão em pó, por exemplo, enzimas – produzidas por bactérias geneticamente modificadas – são usadas
para degradar a gordura dos tecidos e resistir às condições do processo de lavagem.

Há alguns anos, era comum colocar a calça jeans nova com pedras e ácido em máquinas para obter um efeito
“desbotado” e aumentar a maciez do tecido, num processo conhecido como stonewashing. Graças à
biotecnologia, foram desenvolvidos microrganismos transgênicos capazes de dar ao jeans as mesmas
características, eliminando-se, assim, um processo altamente poluidor do meio ambiente.

Outras áreas

A biotecnologia, além de aplicações na agricultura, nos processos industriais e na medicina, pode ser aplicada
também em animais, com diferentes finalidades. Confira alguns exemplos do potencial desta ciência nesta
área: No Brasil, com o objetivo de erradicar a dengue do País, mosquitosAedes Aegypti transgênicos estão
sendo usados no cobate à doença. O inseto foi geneticamente modificado para gerar uma prole que não
sobrevive à fase de larva, morrendo antes de atingir a vida adulta (momento em que pode transmitir
doenças).  Os machos transgênicos se desenvolvem até a fase adulta e são levados até um local com alta
incidência da dengue, onde são liberados. Ali, competem com os machos não-GM pelas fêmeas e cruzam com
elas. Como sua prole não se desenvolverá, próxima geração de mosquitos fica comprometida.

Uma parceria entre pesquisadores e instituições de pesquisa nacionais e internacionais estuda a genética da
aranha com o objetivo de isolar os genes responsáveis pela produção da teia do animal. A primeira etapa do
estudo consiste no isolamento dos genes de interesse desses aracnídeos e a segunda a transferência desses
genes para outros organismos que possam produzir os fios em quantidade comercialmente viável. As
proteínas que compõem os fios de aranha podem ser a chave para incrementar diversos setores da indústria,
como a têxtil, engenharia, segurança e médica.

Para o setor pesqueiro e de alimentos, uma novidade está sendo pesquisada na América do Norte. O salmão,
um dos peixes mais apreciados na gastronomia internacional, produz hormônio do crescimento apenas
durante parte do ano. O peixe transgênico desenvolvido por cientistas foi geneticamente modificado para
produzir a substância durante todo o ano. Por meio da introdução de um gene de um outro animal, os
pesquisadores conseguiram manter o gene que produz o hormônio no salmão ativo, levando o peixe GM a
atingir a fase adulta na metade do tempo do não-GM.

Estes são apenas alguns dos exemplos de como a biotecnologia pode ser multidisciplinar e ter aplicações em
diversas áreas. Com os avanços da ciência e da tecnologia, novas possibilidades serão abertas e as pesquisas
com organismos geneticamente modificados vão resultar em outros produtos para a melhora da qualidade de
vida das pessoas.

REGULAMENTAÇÃO

Lei de Biossegurança
O processo regulatório brasileiro é reconhecido internacionalmente como um dos mais rígidos e completos do
mundo. O País conta com uma legislação de biossegurança desde 1995. Uma década mais tarde, essa lei foi
substituída por uma nova normativa que estabeleceu os termos da regulação de todos os aspectos da
manipulação e do uso de organismos geneticamente modificados (OGMs) no Brasil, incluindo pesquisa em
contenção, experimentação em campo, transporte, importação, produção, armazenamento e comercialização.

O novo projeto de lei tramitou no Congresso Nacional por dois anos sob o nº 2.401/03 e foi amplamente
discutido com a participação de toda a sociedade civil. Foram numerosas audiências públicas nas quais foram
ouvidos cientistas, membros de ONGs , membros do Governo Federal, Ministério Público, entre outros. Assim,
em 2005, o projeto foi convertido definitivamente na Lei de Biossegurança nº 11.105/05, que atualmente
regula o uso da biotecnologia no País.

Ela estabelece uma série mecanismos de controle que vão desde o desenvolvimento do produto até o seu
monitoramento no mercado. Entre eles está a exigência de que toda instituição de pesquisa conte com uma
Comissão Interna de Biossegurança (CIBio), responsável por garantir o manejo seguro dos OGM; a necessidade
de autorização prévia e registro de instalações e profissionais habilitados para as atividades de pesquisa, por
meio da figura do Certificado de Qualidade em Biossegurança (CQB) emitido pela CTNBio; a análise caso a caso
dos pedidos de liberação comercial, entre outros.

Aplicações de tecnologias relacionadas ao DNA a investigações científicas, determinação de paternidade,


investigação criminal e identificação de indivíduos.

DNA RECOMBINANTE

Na década de 1970, surgiu a tecnologia do DNA recombinante e, com essa técnica, houve um aumento
acelerado no ritmo das pesquisas. Com isso, a palavra Biotecnologia passou a ser usada e foi definida sendo
um conjunto que abrange diferentes áreas do conhecimento como: Imunologia, Genética, Biologia Molecular e
Celular, Microbiologia, entre outras. Além das diferentes áreas, a biotecnologia tem aplicações importantes
em vários segmentos, como na agricultura, mineração, indústria, pecuária e saúde.

A tecnologia do DNA recombinante possui um vasto campo de aplicação, somando grandes benefícios para o
conjunto das áreas de Biotecnologia, além disso, com técnica aprimorada, iniciou a era da clonagem.

DNA E SAÚDE

Na área da saúde, as aplicações do DNA recombinante e da genômica são essenciais para o diagnóstico de
distúrbios genéticos sendo possível determinar os genótipos e rastrear o genoma humano. A terapia Gênica é
utilizada para tratar doenças genéticas através da transferência de cópias clonadas de alelos funcionais para
tecido-alvo. 
Na área de farmacologia, o DNA recombinante tem sua aplicação na fabricação de produtos farmacêuticos,
contribuindo para diversos tratamentos, são exemplos: a produção de insulina, hormônio de crescimento e
fatores de coagulação.  
Os organismos geneticamente modificados (OGM) constituem em uma das áreas de mais rápida expansão
biotecnológica, sendo utilizada para aumentar o valor nutritivo, resistência a herbicidas, insetos e vírus e
atrasar o amadurecimento. Hoje, é fácil encontrar esses produtos em supermercados, fazendas, pomares e até
mesmo na indústria.  
O uso do DNA também permite identificar indivíduos em uma grande população e é amplamente utilizado em
testes de paternidade, nos quais se baseia na identificação de marcas genéticas específicas encontradas no
DNA. Isso só é possível porque há transferência de características hereditárias dos pais aos seus
descendentes.  
Outra área de tecnologia relacionada ao DNA é a Investigação Criminal, em que, a partir do material biológico
bem preservado, é possível identificar o criminoso.
O uso do DNA na perícia criminal

 primeiro método genético usado para identificação humana utilizou o que chamamos de ‘números variáveis
de repetições consecutivas’ (VNTRs, do inglês, Variable Number of Tandem Repeats), que são fragmentos de
DNA de 6-100 pares de bases que se repetem um atrás do outro por centenas de vezes. Pouco tempo depois,
os VNTRs foram progressivamente substituídos pela análise de ‘repetições curtas consecutivas’ (STRs, do
inglês, Short Tandem Repeats), que são fragmentos de DNA de 1-6 pares de bases que se repetem
consecutivamente centenas a milhares de vezes, sendo este atualmente utilizado por bancos de dados
criminais e cíveis de DNA em todo o mundo. 

Os STRs possuem uma grande vantagem em relação aos VNTRs: o tamanho menor do fragmento de DNA
necessário para a investigação e o aumento da capacidade de análise de amostras com relativo nível de
degradação (para informações mais detalhas consulte a sugestão para leitura – Goodwin et al., 2011). Além
dos STRs, análises com os polimorfismos de uma única base, conhecidos como ‘SNPs’ (pronuncia-se ‘snips’)
também estão sendo utilizadas para verificar ancestralidade da amostra, estudar variações no DNA de
linhagem paterna (cromossomo Y) ou materna (DNA mitocondrial), ou ainda para a predição de fenótipos
específicos. Esta última tecnologia ainda está em fase de pesquisa no mundo inteiro e é a tecnologia mais
recente com possível aplicação na área forense.

O primeiro passo na análise de um vestígio biológico coletado em cena de crime ou em local de desastres
naturais é a verificação do perfil de STRs (perfil de repetições curtas em vários loci que é único para cada
indivíduo analisado) da amostra de DNA contida neste vestígio, utilizando para isso kits comerciais
padronizados vendidos para esse fim. 

Quando o perfil de STRs não é o mesmo daquele existente em um banco de dados criminais para comparação
(criminosos condenados ou suspeitos de um crime, por exemplo), quaisquer informações adicionais são
extremamente valiosas, incluindo testes de predição de fenótipos específicos. 

Em outras palavras, nos casos em que as investigações policiais falham em identificar os agressores, e
principalmente quando os vestígios biológicos encontrados em cenas de crime são de fontes desconhecidas
àquelas existentes nos bancos de dados policiais, se espera que, num futuro próximo, haja uma confiabilidade
na predição de características físicas externamente visíveis, como auxílio à investigação criminal e na
identificação de pessoas.

Como o DNA é usado em investigações criminais?

Em séries e filmes sobre investigação criminal vemos policiais pegando amostras de DNA nos lugares mais
impróprios. Na vida real, as fontes de material genético podem ir desde coleta de sangue até suor, saliva,
lágrimas, urina, vômito, fezes ou cera de ouvido.

Nem todas essas substâncias do corpo fornecem amostras ideais, já que elas podem trazer consigo fragmentos
de tecido humano e, este sim, contém o material genético em suas células - com exceção das hemácias, que
não possuem núcleo com DNA.

A roupa suja, por exemplo, pode indicar resquícios de sangue, suor ou sêmen; o apoio de nariz ou as hastes de
óculos podem trazer células da pele ou suor; e uma bala que atravessa um corpo pode carregar tecido. O
sêmen é um caso especial, exigindo a separação do DNA encontrado no esperma de outro DNA que pode ter
vindo do suspeito ou da vítima.

Os laboratórios usam um processo chamado de extração diferencial, no qual químicos são usados para
quebrar células não relacionadas ao esperma. Depois, a amostra é girada numa centrífuga e as células intactas
do esperma são removidas.
DNA mitocondrial

Mas nem todas as amostras são aceitas por laboratórios. Com técnicas modernas até algumas células podem
fornecer um perfil de DNA e as mitocôndrias ganham um papel de destaque.

No Brasil, existem 19 laboratórios públicos habilitados para a realização de análises de DNA. Mas ainda há
problemas quanto ao uso, em casos forenses, das análises do material genético colhido das mitocôndrias.

Assim como o núcleo da célula, essas estruturas também contêm DNA, chamado de mitocondrial. Este DNA só
é transmitido de mãe para filhos, por isso não serve para identificar paternidade, mas pode ser fundamental
para encontrar um criminoso.

As mitocôndrias são estruturas que ficam espalhadas dentro das células e variam de quantidade dependendo
do tipo de tecido. Além disso, elas abrigam pouco material genético em comparação com o núcleo: 16.569
pares de bases nitrogenadas frente a 3 bilhões de pares do núcleo.

Apesar de ser pouco material genético presente na mitocôndria, ele possui características que facilitam o
trabalho da genética forense. Uma delas é sua "durabilidade". O DNA que fica armazenado no núcleo da célula
começa a se degradar poucas horas após a morte do indivíduo, o que dificulta a extração de amostras em
quantidade suficiente para serem analisadas. á o DNA mitocondrial pode manter-se mais bem conservado por
décadas, resistindo às circunstâncias mais adversas.

Outro fator importante é que o DNA do núcleo é importante para a síntese das proteínas necessárias para o
organismo, por isso apresenta pouca mutação. As bases localizadas no interior das mitocôndrias, por sua vez,
têm uma chance dez vezes maior de experimentarem mutações.

Três regiões do DNA mitocondrial têm uma taxa maior de mutações, e é nestas partes que os cientistas
buscam os elementos que vão permitir comparar uma amostra colhida na cena de um crime com o material
genético de um suspeito. Além disso, algumas células podem ter mutação mitocondrial e outras não, o que é
chamado de heteroplasmia.

Assim, na hora de fazer a análise forense, o investigador pode procurar em um banco de dados quais as
mutações mais e menos comuns e encontrar um criminoso por similaridades nas mutações mais raras.

Aspectos éticos relacionados ao desenvolvimento biotecnológico

A biotecnologia clássica se baseia na utilização de organismos vivos da forma como são encontrados na
natureza ou melhorados por genética estatística convencional. Nesse sentido, a biotecnologia clássica se
baseia principalmente nos conceitos mais maduros da microbiologia e genética, envolvendo um conjunto de
atividades como a produção de alimentos fermentados (pão, vinho, iogurte, cerveja). Por outro lado a
biotecnologia moderna faz uso intenso da genética molecular (DNA recombinante) e da multidisciplinaridade,
ou seja, a combinação dos conceitos biológicos da genética, biologia celular, zoologia, botânica, ecologia,
evolução, engenharia, tecnologia da informação, robótica, bioética e o biodireito, entre outras. Portanto, a
biotecnologia moderna busca também sair da dependência da tecnologia do DNA recombinante para poder
gerar novas tecnologias baseadas em outros ramos da biologia.Em função da amplitude da definição e por
tentar ser um guarda chuva para inúmeras disciplinas já consolidadas, admite-se um carácter de marketing e
de algo amorfo, sem identidade, á biotecnologia, o que vem dificultando o seu pleno entendimento pela
sociedade.
A história da biotecnologia é a junção da história de ciências já consolidadas, como biologia, química,
bioquímica, microbiologia etc. Isso é devido ao fato do termo biotecnologia ser um guarda chuva para todas as
ciências , devido ao ser caráter amorfo e de marketing. Tenta-se passar como tradicional um termo com
menos de quarenta anos de existência. A biotecnologia não está limitada a aplicações na área médica e de
saúde. (ao contrário da engenharia biomédica, que inclui muita biotecnologia). Embora não seja normalmente
considerada como biotecnologia, a agricultura claramente se encaixa na definição ampla de "usar um sistema
biotecnológico para fazer produtos", de tal forma que o cultivo de plantas pode ser visto como o primeiro
empreendimento de biotecnologia. As teorias têm considerado que a agricultura tornou-se a forma dominante
de produção de alimentos desde a Revolução Neolítica.
Os processos e métodos de agricultura foram refinados por outras ciências mecânicas e biológicas desde a sua
criação. Através dos primórdios da biotecnologia, os agricultores foram capazes de selecionar as melhores
culturas adequadas, tendo os maiores rendimentos, para produzir alimentos suficientes para sustentar uma
população crescente. Outros usos da biotecnologia foram necessários quando as culturas e os campos
tornaram-se cada vez maiores e difíceis de manter. Organismos específicos e subprodutos de organismos
foram utilizados para fertilizante, restauração de nitrogênio e controle de pragas. Durante o uso da agricultura,
os agricultores têm, inadvertidamente, alterado a genética de suas culturas ao introduzi-las a novos ambientes
e cultivando-as artificialmente com outras plantas, uma das primeiras formas de biotecnologia.
Culturas como as da Mesopotâmia, Egito e Índia desenvolveram o processo de fabricação de cerveja. É ainda
feito pelo mesmo método básico de usar grãos maltados (contendo enzimas) para converter o amido de grãos
em açúcar e em seguida, adicionando leveduras específicas para produzir cerveja. Neste processo, os
carboidratos dos grãos são quebrados em álcoois tais como etanol. Mais tarde outras culturas produziram o
processo de fermentação lática que permitiu a fermentação e preservação de outras formas de alimentos. A
fermentação também foi utilizada nesta época para produzir pão levedado. Embora o processo de
fermentação não foi totalmente compreendido até o trabalho de Pasteur em 1857, ainda é a primeira
utilização da biotecnologia para converter uma fonte de alimento em outra forma. Esse processo de uso de
micro-organismos como agentes fermentadores, pode ser definido como biotecnologia clássica, embora nesse
período o termo biotecnologia ainda não era utilizado.
No início do século XX os cientistas obtiveram uma maior compreensão da microbiologia e exploraram formas
de fabricação de produtos específicos. Em 1917, Chaim Weizmann usou pela primeira vez uma cultura
microbiológica pura em um processo industrial, o da fabricação de amido de milho com Clostridium
acetobutylicum, para produzir acetona, que o Reino Unidodesesperadamente precisava para a fabricação
de explosivos durante a Primeira Guerra Mundial. Mais tarde em 1919 o engenheiro agrônomo e hungáro Karl
Ereky define e usa o termo biotecnologia, quando necessitava de um cultivo maior de plantas para alimentar
as plantas em larga escala porcos, ele cultivou beterrabas com micro-organismos, desfrutando então de uma
técnica da biotecnologia.
A biotecnologia também levou ao desenvolvimento de antibióticos. Em 1928, Alexander Fleming descobriu o
fungo Penicillium. Seu trabalho levou à purificação do antibiótico penicilina por Howard Florey, Ernst Boris
Chain e Heatley Norman. Em 1940, a penicilina tornou-se disponível para uso medicinal para o tratamento de
infecções bacterianas em seres humanos.[4]
Considera-se que o campo da biotecnologia moderna tenha começado em grande parte em 16 de junho de
1980, quando a Suprema Corte dos EUA determinou que um micro-organismogeneticamente
modificado poderia ser patenteado no caso Diamond vs Chakrabarty.[5] Ananda Chakrabarty, nascido na Índia,
trabalhando para a General Electric, tinha desenvolvido uma bactéria (derivada do gênero Pseudomonas)
capaz de quebrar o petróleo bruto, o qual ele propôs utilizar no tratamento de derramamentos de petróleo.
Estimava-se que a receita do setor deveria crescer 12,9% em 2008. Outro fator que influencia o sucesso do
setor de biotecnologia é o aperfeiçoamento da legislação sobre direitos de propriedade intelectual, incluindo
aplicação de sanções, em nível mundial, assim como uma reforçada demanda por produtos médicos e
farmacêuticos para lidar com a população norte-americana doente e envelhecida.[6]
A crescente demanda por biocombustíveis tende a ser uma boa notícia para o setor de biotecnologia.
O Departamento de Energia dos Estados Unidos estima que o uso do etanol nos Estados Unidos poderia
reduzir o consumo de combustíveis derivados do petróleo em 30% por volta de 2030. O setor de biotecnologia
permitiu que o setor agrícola dos EUA aumentasse rapidamente o fornecimento de milho e soja - os principais
insumos dos biocombustíveis - através do desenvolvimento de sementes geneticamente modificadas que são
resistentes a secas e pragas. Ao aumentar a produtividade agrícola, a biotecnologia tem um papel crucial na
garantia de que as metas de produção de biocombustíveis sejam cumpridas.
Antes dos anos 1970, o termo biotecnologia era utilizado principalmente na indústria de processamento de
alimentos e na agroindústria. A partir daquela época, começou a ser usado por instituições científicas
do Ocidente em referência a técnicas de laboratório desenvolvidas em pesquisa biológica, tais como processos
de DNA recombinante ou cultura de tecidos. Realmente, o termo deveria ser empregado num sentido muito
mais amplo para descrever uma completa gama de métodos, tanto antigos quanto modernos, usados para
manipular organismos visando atender às exigências humanas. Assim, o termo pode também ser definido
como, "a aplicação de conhecimento nativo e/ou científico para o gerenciamento de (partes de)
microorganismos, ou de células e tecidos de organismos superiores, de forma que estes forneçam bens e
serviços para uso dos seres humanos.[8]
A primeira utilização comercial da biotecnologia foi em 1982, onde a empresa Ganentech produziu a insulina
humana para o tratamento de diabetes. Sendo que para fornecer a insulina em quantidades necessárias, a
insulina humana foi isolada e transferida para uma bactéria, o que foi uma prova concreta que biotecnologia
utiliza organismos vivos ou parte deles.
Há muita discussão — e dinheiro — investidos em biotecnologia, com a esperança de que surjam drogas
milagrosas. Embora tenham sido produzidas uma pequena quantidade de drogas eficazes, no geral, a
revolução biotecnológica ainda não aconteceu na indústria farmacêutica. Todavia, progressos recentes com
drogas baseadas em anticorpos monoclonais, tais como o Avastin da Genentech, sugerem que a biotecnologia
pode finalmente ter encontrado um papel a desempenhar nas vendas farmacêuticas.

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