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Canção do Tamoio Curvadas as frontes,

Gonçalves Dias Escutam-lhe a voz!

I IV

Não chores, meu filho; Domina, se vive;


Não chores, que a vida Se morre, descansa
É luta renhida: Dos seus na lembrança,
Viver é lutar. Na voz do porvir.
A vida é combate, Não cures da vida!
Que os fracos abate, Sê bravo, sê forte!
Que os fortes, os bravos Não fujas da morte,
Só pode exaltar. Que a morte há de vir!

II V

Um dia vivemos! E pois que és meu filho,


E o homem que é forte Meus brios reveste;
Não teme da morte; Tamoio nasceste,
Só teme fugir; Valente serás.
No arco que entesa Sê duro guerreiro,
Tem certa uma presa, Robusto, fragueiro,
Quer seja tapuia, Brasão dos tamoios
Condor ou tapir. Na guerra e na paz.

III VI

O forte, o cobarde Teu grito de guerra


Seus feitos inveja Retumbe aos ouvidos
De o ver na peleja D'imigos transidos
Garboso e feroz; Por vil comoção;
E os tímidos velhos E tremam d'ouvi-lo
Nos graves concelhos, Pior que o sibilo
Das setas ligeiras, Triunfa, conquista
Pior que o trovão. Mais alto brasão.

VII X

E a mãe nessas tabas, As armas ensaia,


Querendo calados Penetra na vida:
Os filhos criados Pesada ou querida,
Na lei do terror; Viver é lutar.
Teu nome lhes diga, Se o duro combate
Que a gente inimiga Os fracos abate,
Talvez não escute Aos fortes, aos bravos,
Sem pranto, sem dor! Só pode exaltar.

VIII

Porém se a fortuna,
Traindo teus passos,
Te arroja nos laços
Do inimigo falaz!
Na última hora
Teus feitos memora,
Tranqüilo nos gestos,
Impávido, audaz.

IX

E cai como o tronco


Do raio tocado,
Partido, rojado
Por larga extensão;
Assim morre o forte!
No passo da morte

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