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O ROMANTISMO NO BRASIL – A POESIA

O Romantismo surgiu no Brasil poucos anos depois da nossa independência política


(1822). Por isso, as primeiras obras literárias e os primeiros artistas românticos mostravam-se
empenhados em definir um perfil de cultura brasileira, no qual o NACIONALISMO era o traço
principal.

Com a independência política, ocorrida em 1822, os intelectuais e artistas da época


passaram a dedicar-se ao projeto de criar uma cultura brasileira identificada com as raízes
históricas, linguísticas e culturais do país.

O Romantismo assumiu em nossa literatura a conotação de um movimento anticolonialista


e antilusitano, ou seja, de rejeição à literatura produzida na época colonial, em virtude do apego
dessa produção aos modelos culturais portugueses.

GERAÇÕES E AUTORES

1ª geração romântica – Nacionalista

É considerada como um projeto de construção da cultura brasileira. São poemas que idealizam a
pátria e a figura do indígena.

Autor: Gonçalves Dias

Obras: “Canção do exílio”, “I-Juca Pirama”

2ª geração romântica – Ultrarromantismo

Marcada pelo “mal do século”, apresenta um egocentrismo exacerbado, pessimismo, satanismo e


atração pela morte.

Autor: Álvares de Azevedo

Obras: “Lira dos vinte anos”

3ª geração romântica – Condoreirismo

Poesia de cunho político e social, denunciava os horrores da escravidão.

Autor: Castro Alves

Obra: Navio Negreiro


CANÇÃO DO TAMOIO

(Gonçalves Dias)

I VI
Não chores, meu filho; Teu grito de guerra
Não chores, que a vida Retumbe aos ouvidos
É luta renhida: D'imigos transidos
Viver é lutar. Por vil comoção;
A vida é combate, E tremam d'ouvi-lo
Que os fracos abate, Pior que o sibilo
Que os fortes, os bravos Das setas ligeiras,
Só pode exaltar. Pior que o trovão.

II VII
Um dia vivemos! E a mão nessas tabas,
O homem que é forte Querendo calados
Não teme da morte; Os filhos criados
Só teme fugir; Na lei do terror;
No arco que entesa Teu nome lhes diga,
Tem certa uma presa, Que a gente inimiga
Quer seja tapuia, Talvez não escute
Condor ou tapir. Sem pranto, sem dor!

III VIII
O forte, o cobarde Porém se a fortuna,
Seus feitos inveja Traindo teus passos,
De o ver na peleja Te arroja nos laços
Garboso e feroz; Do inimigo falaz!
E os tímidos velhos Na última hora
Nos graves conselhos, Teus feitos memora,
Curvadas as frontes, Tranqüilo nos gestos,
Escutam-lhe a voz! Impávido, audaz.

IV IX
Domina, se vive; E cai como o tronco
Se morre, descansa Do raio tocado,
Dos seus na lembrança, Partido, rojado
Na voz do porvir. Por larga extensão;
Não cures da vida! Assim morre o forte!
Sê bravo, sê forte! No passo da morte
Não fujas da morte, Triunfa, conquista
Que a morte há de vir! Mais alto brasão.

V X
E pois que és meu filho, As armas ensaia,
Meus brios reveste; Penetra na vida:
Tamoio nasceste, Pesada ou querida,
Valente serás. Viver é lutar.
Sê duro guerreiro, Se o duro combate
Robusto, fragueiro, Os fracos abate,
Brasão dos tamoios Aos fortes, aos bravos,
Na guerra e na paz. Só pode exaltar.

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