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Ana Eliza S. A. T.

Cesco

MACHOS
• ÍNDICE •

ANDROLOGIA VETERINÁRIA E AGRONEGÓCIO ………………………..………. Pag. 1 e 2

ANATOMIA FUNCIONAL DA REPRODUÇÃO MASCULINA………………………. Pag. 3 a 16

NEUROENDOCRINOLOGIA DA REPRODUÇÃO ………………….……….……… Pag. 17 a 24

ORGANOGÊNESE TESTICULAR E DIFERENCIAÇÃO SEXUAL ……………….. Pag. 25 a 31

ULTRASSONOGRAFIA NA SEMIOLOGIA DO REPRODUTOR ………………….. Pag. 32 e 33

MECANISMOS GENÉTICOS DA DIFERENCIAÇÃO SEXUAL E PATOLOGIAS DO


CROMOSSOMO Y .…………………………………………………………………….. Pag. 34 a 37

PATOLOGIAS DAS GLÂNDULAS SEXUAIS ACESSÓRIAS .………………….….. Pag. 38 a 42

PATOLOGIAS DE TESTÍCULO E EPIDÍDIMO ……………………….……………… Pag. 43 a 50

ESPERMATOZÓIDE ………………………………………………….………………… Pag. 51 a 59

PATOLOGIA ESPERMÁTICA ……………………………………………………….…. Pag. 60 a 62

ANDROLOGIA VETERINÁRIA E
AGRONEGÓCIO
• Pecuária é o setor que mais gera renda dentro da área de andrologia veterinária
• ASBIA: Associação Brasileira de Inseminação Artificial
• A pecuária (de corte e de leite) é a área com maiores informações e maior desenvolvimento na
asa de andrologia
• Não há associação brasileira de andrologia específica para equinos
• O mercado de inseminação artificial é imenso e tem só crescido
• Venda de sêmen congelado para gado de corte em 2019 foi de 3.757.526 e em 2020 foi de
5.540.140 (variação de 47% na venda de), principalmente para inseminação de Nelore com
Angus
• Cruzamento industrial de Nelore (matrizes) com angus (sêmen), para venda da F1
• Líder na comercialização de sêmen, a reta angus registrou expansão de 33,97% na venda de
doses de sêmen no primeiro semestre do ano em relação ao mesmo período no ano passado
• 3 fatores ambientais que afetam o sêmen coletado
• Luz (radiação solar)
• Diferença de osmolaridade
• Temperatura
• Inseminação artificial em tempo fixo no Brasil
• Cresceu de 10% em 2012 para 15% em 2019
• O uso de IATF em gado de corte cresceu de 10% para 16%
• O uso de IATF em gado de leite cresceu de 8% para 10%
• Dobrou-se a quantidade de matrizes inseminadas em apenas 7 anos
• A pecuária tem dependido cada vez mais do uso de IATF do que de monta natural e
observação de cio

• A produção de tourinhos no Brasil (reprodutores para usar em monta natural) atende a no


máximo 15% da demanda
• Por isso se usam os protocolos de inseminação, que garantem até 25% do uso do touro na
propriedade (ou seja, eles otimizam o uso dos animais)
• Para os locais onde a pecuária tem se expandido (principalmente no Norte do país, onde
tem terra barata) ainda se usa o sistema de monta natural, no qual não há controle
rigoroso de qualidade e não gera retorno social bom (pois emprega pouquíssimos
funcionários)
• PIB Brasileiro e agronegócio
• O agronegócio corresponde a mais de 21% do PIB brasileiro
• O crescimento do agronegócio depende do uso de inovação, pesquisa e tecnologia (que
são produtos da universidade)
• Apesar de ser positiva a participação do agronegócio no PIB, o parque industrial gera
muito mais riqueza (o que justifica o brasil ser um país tão atrasado, pois nosso parque
industrial é sucateado e pouco valorizado pelos governos)
• 1/3 do PIB gerado pelo agronegócio é oriundo de atividades de pecuária
• O PIB gerado pela tecnologia de sêmen é muito pequeno (3,2%) quando comparado ao
total do PIB oriundo do agronegócio; porém dentro do PIB gerado apenas pela pecuária,
10% é oriundo da comercialização do sêmen
• Exportações do agronegócio brasileiro
• 35% é oriundo da soja
• 16% é oriundo de carnes
• A rentabilidade da agricultura é maior que a rentabilidade da pecuária
• Mercado de inseminação em diferentes espécies
• Mercado de tecnologia de sêmen e inseminação artificial em pecuária de leite
• Raça de leite que mais insemina é a holandesa, e a pecuária leiteira sempre usou
inseminação artificial
• Raça de corte que mais insemina é a Nelore
• Mercado de IA em suínos
• Pouca IA em relação às outras espécies
• O comércio de reprodutores suínos é pequeno também (a importação é muito maior
do que a exportação)
• Equídeos e cães
• Mercados ainda pouco consolidados em relação à bovinocultura
• Cavalo não aceita bem o congelamento de sêmen como no touro
• Transporte de sêmen resfriado é a tecnologia mais aplicada ao sêmen de garanhão
• Ainda não existem associações em vigor para a andrologia de equinos
• A aceitação da mulher no mercado de equinos é muito maior que na pecuária
• A maior demanda para reprodução de cão é individual e clínica, normalmente com
cães mais velhos e já doentes, de raças com condições limitantes (por exemplo de
raças condrodistróficas), de raças de porte gigante, o que normalmente é altamente
desfavorável ao processo
• O sêmen do cão congela muito mal em relação ao sêmen do bovino
• Perus
• Criados em alta escala normalmente para consumo da carne no fim do ano
• A inseminação artificial garante quase 100% de fertilidade (pois na monta natural os
perus podem acabar matando a fêmea durante o cortejo, devido à grande diferença
de tamanho entre os machos e fêmeas)
• Mamíferos marinhos
• IA usada para evitar a propagação de características comportamentais indesejáveis e
agressivas (especialmente em orcas)
• Animais silvestres
• Alta visibilidade e fomento para reprodução de animais ameaçados em cativeiro
• Ambientalismo
• Devido a politicas ambientais inadequadas, o Brasil vem sofrido grandes impactos e
pressões exteriores
• Por ex. a Europa não compra a carne brasileira quando não há respeito às boas práticas
ambientais de pecuária
• Portanto se não forem respeitadas as regras de sustentabilidade na produção, não adianta
nada usar tecnologia na produção

ANATOMIA FUNCIONAL DA
REPRODUÇÃO MASCULINA
• O que se pretende com a semiologia da anatomia funcional é realizar um diagnóstico da aptidão
reprodutiva do doador de sêmen que está sendo avaliado
• É fundamental conhecer a anatomia macroscópica (para se poder conduzir o exame
semiológico dos órgãos, especialmente os internos à cavidade pélvica) e a normalidade (para se
poder avaliar o que é normal e o que é patológico no animal avaliado)
• Diagnóstico de fertilidade
• Exame clínico
• Semiologia do sistema reprodutor
• Anatomia macroscópica e patológica
• Faz-se a mensuração da circunferência escrotal
• Existem tabelas que fornecem uma comparação para seleção de touros a partir
do perímetro escrotal (que varia de acordo com a idade e é determinado pela
raça)
• A mensuração é importante pois deve-se selecionar doadores que tenham
desenvolvimento testicular compatível com uma produção adequada de sêmen
naquela espécie e raça
• Diagnóstico
• Técnicas laboratoriais
• Anatomia microscópica e histopatológica
• O exame clínico e o diagnóstico por imagem são fundamentais, porém muitas vezes
não são suficientes para fechar diagnóstico; por isso são necessárias as técnicas
laboratoriais como método comprobatório dos diagnósticos
• Sanidade
• Medicina veterinária preventiva
• Patologia clínica e colheita de material
• IBR, BVD e brucelose são as de maior preocupação
• Exame de sêmen
• Patologia celular
• Bioquímica seminal (análise da parte fluida do ejaculado, o plasma seminal)
• Morfologia espermática
• Para cada espécie existe uma particularidade de coleta e de exame, porém de modo
geral todo diagnóstico de fertilidade depende da análise do material ejaculado
• Manipulação e processamento de material de multiplicação genética
• Zootecnia
• Melhoramento e análise de pedigree
• Genética e citogenética
• Biossegurança
• Práticas de manipulação do sêmen, em especial a reprodução assistida, disseminam
determinados genótipos com altos potenciais
• O processo de abaixamento de temperatura do sêmen abaixam a eficácia do antibiótico aplicado
para evitar a contaminação; por isso o sêmen deve ser colocado em banho maria, para permitir
a eficácia do antibiótico na amostra
• Evolução das técnicas de semiologia do sistema genital
• Inicialmente, a semiologia do sistema genital era somente por palpação (tanto nos machos
quanto nas fêmeas)
• Palpação per rectum e avaliação do tônus testicular
• Desenvolvimento da sensibilidade tátil do profissional
• Há técnicas de exame tanto dos testículos quanto das glândulas acessórias (por
palpação retal)
• Inicialmente a avaliação do animal é externa, em que se avalia visualmente a simetria
testicular e estado geral dos testículos

• Posteriormente faz-se a mensuração do tamanho e volume testicular com fitas


métricas específicas
• Por fim, faz-se uma avaliação das glândulas acessórias via palpação retal
• A avaliação testicular e de glândulas acessórias é altamente espécie-específica (cada
espécie possui uma morfologia e conformação particular dos testículos e das
glândulas acessórias)
• Diagnóstico por imagem
• Ultrassonografia e doppler colorido
• O advento do diagnóstico por imagem (a partir das décadas de 80 e 90) foi
fundamental na área de reprodução veterinária
• Atualmente não se faz exame andrológico sem que haja o auxílio de ultrassonografia
• A ecogenicidade do parênquima testicular é isoecogênica
• O mediastino é hiperecogênico e aparece como uma linha (no corte transversal) no
centro do parênquima testicular (se rotacionar o transdutor, o mediastino adquire
formato de “bolinha” no centro da imagem)
• Os envoltórios testiculares (túnicas de tecido conjuntivo) aparecem como uma
cápsula hiperecogênica contornando o testículo
• O doppler colorido pode ser usado para verificar a vascularização dos túbulos
seminíferos
• Fisiologia do testículo: avaliação da termorregulação
• Termorregulação
• Nos mamíferos placentários, os testículos estão localizados num compartimento
extra abdominal (bolsa escrotal), na qual há um gradiente de temperatura de 3 a 6ºC
inferior à temperatura corporal
• Essa temperatura inferior é fundamental para a realização da gametogênese
• O aumento de 0,5ºC já leva à degeneração testicular
• Trópicos são caracterizados por temperaturas mais elevadas, portanto o processo de
degeneração testicular por elevação de temperatura é o problema mais comum de
afetar os touros em áreas tropicais
• A avaliação da termorregulação pode ser feita por ultrassonografia e por termografia
(infravermelho)
• Adiposidade
• O US pode avaliar a espessura do tecido adiposo (adiposidade) no subcutâneo da
bolsa escrotal
• O eixo vertical mede a adiposidade do subcutâneo no cone vascular
• O eixo horizontal mede a dimensão do cone vascular em si
• Um tecido adiposo mais espesso dificulta a realização da termorregulação
• Essa avaliação, porém, permite apenas inferir a termorregulação desse animal em
questão (ou seja, não é o diagnóstico mais preciso)
• A termografia (com infravermelho, a 90cm do posterior do animal) fornece um diagnóstico
altamente preciso a respeito da temperatura dos testículos e da termorregulação presente
nesse indivíduo
• Avaliações funcionais dos testículos
• Circunferência testicular
• A circunferência testicular é medida para avaliar a função reprodutiva do animal
• Existem tabelas indicam o tamanho desejado de circunferência testicular de acordo
com a idade do animal
• Essas tabelas fornecem um poder comparativo de seleção de touros a partir do
perímetro escrotal
• É necessário selecionar animais que tenham circunferência testicular e demais
características compatíveis com a doação de sêmen
• Avaliação hemodinâmica do testículo pelo Doppler colorido
• Para isso é necessário conhecer a anatomia da árvore circulatória de cada espécie
• A artéria testicular é um ramo da aorta abdominal
• No touro, a artéria testicular corre paralela ao epidídimo
• Avaliação da artéria testicular
• Índice de pulsatilidade
• Índice de resistividade
• Fluxo sanguíneo

• Os índices de pulsatilidade e de resistividade reduzem à medida que o animal fica


adulto, portanto pode-se avaliar a puberdade no touro com o doppler colorido
• ANATOMIA DO MACHO
• Testículos
• Órgãos sexuais primários que têm como funções principais a produção de
espermatozoides (função exócrina) e a produção de hormônios esteroides (função
endócrina)
• Fáscia espermática externa
• Túnica vaginal parietal e túnica vaginal visceral
• Os testículos se desenvolvem em posição retroperitoneal, na parede dorsal da
cavidade abdominal
• Durante o desenvolvimento fetal, os testículos migram e se alojam na bolsa
escrotal, ficando suspensos na extremidade do cordão espermático
• Por causa da migração, cada testículo arrasta consigo um folheto do peritônio, a
túnica vaginal
• Esta túnica consiste em uma camada parietal exterior e uma camada visceral
interna, que recobrem a túnica albugínea
• Túnica albugínea
• Parênquima testicular
• Composto por túbulos seminíferos compartimentalizados em lóbulos de tecido
conjuntivo
• Nos suínos é mais evidente a compartimentalização (nos cavalos e bois é menos
evidente)
• A espermatogênese é avaliada pela linhagem germinativa em desenvolvimento
no microscópio (em lâmina de túbulos seminíferos)
• Os túbulos seminíferos estão dispostos em alças, e suas extremidades se
continuam com curtos tubos chamados de túbulos retos
• Os túbulos retos conectam os túbulos seminíferos a um labirinto de canais
anastomosados em forma de rede, constituindo a rede testicular no mediastino do
testículo
• Em continuação, de 10 a 20 ductos eferentes conectam a rede testicular ao início
da porção seguinte do sistema de ductos, o ducto do epidídimo

• Mediastino / ret testis


• Estrutura hiperecogênica no centro do testículo no US
• Formado a partir do espessamento da túnica albugínea no centro do testículo
• Responsável pela formação dos septos fibrosos que dividem os lóbulos
testiculares
• Cada lóbulo é ocupado por um a quatro túbulos seminíferos, que se alojam como
novelos envolvidos por um tecido conjuntivo frouxo rico em vasos sanguíneos e
linfáticos, nervos e células intersticiais (células de Leydig)
• Múltiplos pontos hiperecogênicos na linha do mediastino também podem ser
visualizados, mas não se sabe exatamente no que eles implicam na
espermatogênese
• Epidídimo
• Cabeça
• Corpo
• Cauda
• Músculo cremáster
• Ducto deferente
• Função de transporte de espermatozóides da cauda do epidídimo para a uretra
• Epidídimo
• Órgão aposto ao testículo
• Há uma camada mióide ao redor dos túbulos seminíferos que se contrai para
conduzir os espermatozóides sem motilidade dos túbulos seminíferos até o epidídimo
• Túbulos seminíferos desembocam nos túbulos retos (túbulos da ret testis), que
desembocam nos ductos eferentes na cabeça do epidídimo
• Cabeça: espermatozóides passam pela maturação espermática e adquirem
mobilidade
• Corpo
• Cauda: armazenamento dos espermatozóides maturados para serem ejaculados
durante a cópula
• Ducto deferente
• É a ligação da cauda do epidídimo com a uretra
• Composto por células musculares, que contraem vigorosamente e propelem o
conteúdo da cauda do epidídimo na hora da ejaculação
• Se for usada ocitocina, pode-se aumentar o número de espermatozóides
ejaculados (pois força-se os músculos do ducto deferente a contraírem mais)
• O epitélio do epidídimo possui células colunares e cuboidais com estereocílios
• Pênis
• Órgão de cópula que conduz o ejaculado para o trato genital feminino
• Garanhão
• Pênis vascular
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• Aumenta tanto em comprimento quanto em diâmetro na ereção


• Os corpos esponjosos ficam ao redor da uretra, enquanto os corpos cavernosos
são os eréteis
• Glande sofre muita dilatação; por isso deve-se remover a pressão da vagina
artificial antes de “desmontar” o animal (pois a glande dilata)
• Cópula com garanhão sempre deve ser conduzida por pessoal experiente, devido
ao risco devido à perfuração do reto da fêmea quando ocorrem cópulas indevidas
com penetração anal
• Possui processo uretral bastante desenvolvido, que é extremamente
vascularizado
• Nunca deve deixar o garanhão fazer os atos de procura de cópula sem estar com
uma bandagem na cauda da água, pois o atrito com os pelos da égua podem
levar a processos inflamatórios e inclusive inutilização do animal por lesão no
processo uretral
• Além disso, uma lesão hemorrágica no processo uretral durante a cópula inutiliza
aquele ejaculado (pois o sangue é altamente deletério para os espermatozóides)
• “Rufião japonês”: faz-se um encurtamento cirúrgico do pênis do garanhão, para
que ele possa ser usado somente como rufião (e não consiga fazer penetração
na égua)
• Touro
• Pênis fibroelástico
• Possui o “S peniano”
• O pênis não dilata na ereção
• Ocorre um relaxamento dos músculos, o S peniano desfaz e o pênis é exposto
para a cópula
• “Rufião cubano”: faz uma incisão no períneo e faz 3 ou 4 ligaduras na região do S
peniano; o S não se desfaz nem nos momentos de ereção, para que ele possa
ser usado somente como rufião
• Cão
• Presença do osso peniano
• A cópula do cão é pré-erétil; o osso peniano confere a rigidez suficiente para que
essa copula se realize
• A ereção ocorre somente quando o pênis já está inserido no trato genital da
fêmea
• O bulbo do pênis dilata e é o indicador de ereção no cão
• Varrão
• Nos testículos, cauda e cabeça do epidídimo são invertidas em relação às outras
espécies
• Glande em formato de saca rolha (espiralada)
• Isso implica que a pipeta usada na inseminação artificial da marrã deve ter esse
mesmo formato espiralado
• No fim do prepúcio possui o divertículo prepucial, que acumula urina e funciona
como reservatório de S. aureus e potencial contaminante do sêmen; por isso
deve-se sempre higienizar muito a região antes de manipular (devido à
possibilidade de contaminação)
• HISTOLOGIA TESTICULAR
• Tecido intersticial: célula de Leydig + células peritubulares
• Tecido do túbulo: célula de Sértoli + linha germinativa
• Tecido intersticial testicular
• É importante para a nutrição das células dos túbulos seminíferos, transporte de
hormônios e produção de andrógenos
• Os espaços entre os túbulos seminíferos do testículo são preenchidos com tecido
conjuntivo, nervos, vasos sanguíneos e linfáticos
• Os capilares sanguíneos do testículo são fenestrados e possibilitam a passagem livre
de macromoléculas, como as proteínas do sangue
• Células de Leydig
• Células intersticiais do testículo
• Produção de testosterona
• São células intersticiais pois ela se localiza fora do túbulo seminífero (assim como
as células peritubulares)

• Túbulos seminíferos
• Túbulos ocos contorcidos circundados por leitos capilares
• Apresentam epitélio pseudo-estratificado germinativo (epitélio seminífero)
• A continuidade dos túbulos seminíferos forma os túbulos retos
• Os túbulos retos conectam os túbulos seminíferos a canais em formas de rede,
formando a rede testicular no mediastino do testículo (ret testis)
• A continuação da ret testis forma os ductos eferentes
• SETA: tecido intersticial
• EG: epitélio germinativo
• L: lúmen do túbulo seminífero

• SETA (FIGURA ABAIXO): célula de Leydig

• Epitélio germinativo
• Bainha de tecido conjuntivo
• Lâmina muscular
• Compartimento basal
• Células peritubulares
• Também sofrem ação da testosterona
• Produzem compostos proteicos que também modulam a função das células de
Sertoli (juntamente com FSH e testosterona)
• Células de Sértoli
• São células piramidais, sendo que a sua superfície basal adere à lâmina basal
dos túbulos, e suas extremidades apicais estão no lúmen dos túbulos
• Núcleo triangular
• Permitem a espermatogênese pois nutrem e permitem o desenvolvimento
dos espermatozoides!!
• Sustentação
• Proteção e nutrição das células espermatogênicas
• Fagocitose de restos de espermátides
• Secreção contínua do fluido que é transportado na direção dos ductos genitais e
é usado para transporte de espermatozoides
• Secreção do ABP (proteína ligante de andrógeno); essa secreção é controlada
pelo hormônio FSH e pela testosterona
• Secreção de inibina (que suprime a síntese e a liberação de FSH na hipófise)
• Estabelecimento da barreira hematotesticular (conectadas por junção de
oclusão, evitando que as células produzidas entrem em contato com o sangue)

IMPORTÂNCIA DA BARREIRA HEMATOTESTICULAR: a partir do momento em que ocorre a primeira meiose,


a célula da linhagem espermatogênica se torna haplóide. Sendo haplóide, o organismo poderia reconhecê-la
como um corpo estranho; portanto, a barreira hematotesticular é fundamental para proteger as células haplóides
da linhagem espermatogênica e permitir que o processo continue sem que haja ataque do sistema imune às
células do próprio testículo

Espermatogônias

Espermatócitos primários

Espermatócitos secundários

Espermátides

Espermátides alongadas: lembram o formato de uma foice

Espermatozóides: se formam ainda sem mobilidade (flagelo inativo), que só se

tornam móveis quando o espermatozóide passa pelo epidídimo
• Índice de células de Sértoli: calcula-se o número de espermátides arredondadas
associadas a uma única célula de Sertoli, com o objetivo de avaliar a fertilidade do macho

• Ductos
• Ductos intratesticulares: túbulos retos, ret testis e ducto eferente
• Ductos extratesticulares: ducto epididimário, ducto deferente e uretra
• Ducto deferente
• Revestimento de epitélio pseudo-estratificado cilíndrico com estereocílios
• Lâmina própria de tecido de sustentação conjuntivo frouxo e camadas de
músculo liso
• Função de transportar espermatozóides da cauda do epidídimo para a uretra
• Epidídimo
• Epitélio cilíndrico pseudo-estratificado com estereocílios
• Ocorre maturação e transporte dos espermatozoides, além de secreção e absorção
de substâncias
• OBS: dura de 12 a 14 dias o trânsito do espermatozóide no trato reprodutor
• GLÂNDULAS ACESSÓRIAS
• Responsáveis pela produção de plasma seminal (que constitui a fra o l quida da
ejacula o)
• Ve culo para o transporte dos espermatozoides
• Fornecimento de nutrientes
• Limpeza da uretra
• Coagulante ap s a ejacula o
• Cada espécie possui um conjunto de glândulas particular

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• Os desenvolvimento e manutenção das glândulas acessórias dependem da produção
hormonal e de esteróides pelos testículos
• Por isso, quando o animal é castrado, as glândulas regridem (pois não há mais
produção hormonal testicular) e a avaliação clínica delas fica difícil (seja por palpação
trans-retal seja por US)
• Glândulas acessórias
• Ampolas
• a ltima por o de cada ducto deferente
• S o consideradas como gl ndulas por apresentarem gl ndulas tubuloalveolares
revestidas por c lulas epiteliais secretoras, produtoras de l quido (o qual contribui
para o transporte dos espermatozoides)
• Próstata
• Composta pelo corpo e porção disseminada
• A por o disseminada da pr stata est distribu da por todo o comprimento da
• uretra sob uma camada muscular, portanto, n o detect vel por palpa o
• Glândulas vesiculares (vesículas seminais)
• S o rg os pares localizados na cavidade p lvica
• T m forma alongada, lobulada e s o formadas por grandes l bulos
• Glândulas bulbouretrais
• S o corpos arredondados compactos em forma de noz e com uma densa c psula
• Localizam-se sobre a uretra perto da sa da da cavidade p lvica
• N o podem ser apalpadas porque est o cobertas por tecido fibroso e por parte do
m sculo bulboesponjoso ou bulbouretral
• A secre o destas gl ndulas n o faz parte da ejacula o, uma vez que a sua
fun o basicamente limpar e lubrificar a uretra para a passagem da ejacula o
(a secre o destas gl ndulas faz parte da pr -ejacula o)
• No caso do porco, considera-se que a secreção bulbouretral faz parte da
ejacula o em 15-30% e que tamb m participa na coagula o do mesmo
• No caso do gato, considera-se que 43% da ejacula o prov m destas gl ndulas
• Touro
• O touro tem todas as glândulas bem desenvolvidas
• Faz-se a palpação clinica dessas estruturas
• Nesses animais é comum ter vesiculite
• A glândula bulbo uretral no touro não pode ser acessada pela palpação retal
(somente pelo ultrassom) pois é coberta pela massa muscular do músculo bulbo
esponjoso

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• Garanhão
• A bulbo uretral não tem cobertura muscular, então pode ser palpada
• Todas as glândulas podem ser palpadas nesse animal
• Varrão
• Bulbo uretral é imensa na espécie
• O varrão não costuma ser palpado
• Todas as estruturas são andrógeno dependentes (portanto o testículo deve estar
bastante funcional para essas estruturas estarem desenvolvidas); se ele é castrado
essas estruturas
• Varrão: macho inteiro que é passado para induzir puberdade nas fêmeas
• Cachaço: macho inteiro que é usado como doador de sêmen e para monta

• Cão
• Só tem próstata (não tem as outras glândulas)
• A próstata é bífida
• Pode-se avaliar a próstata do cão tanto por ultrassom quanto por palpação
• Qualquer problema de próstata interfere na qualidade do sêmen do cão, pois ele
depende inteiramente só dessa glândula para produzir o plasma seminal

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• Patologias
• Primárias: originadas no parênquima testicular
• Secundárias: originadas no epidídimo
• Terciárias: originadas por erros de manipulação do sêmen coletado
• FISIOLOGIA GERAL DA EREÇÃO
• Existem terminações nervosas do sistema NANC (não adrenérgico e não colinérgico)
localizadas no endotélio vascular do pênis
• Essas terminações NANC liberam óxido nítrico (neurotransmissor) quando o animal é
excitado
• O óxido nítrico é usado para ativar a enzima guanilato ciclase
• A enzima guanilato ciclase irá realizar a conversão de GTP (guanosina trifosfato) em
GMP cíclico (guanosina monofosfato cíclica)
• Naturalmente, pela ação da PDE-5 (fosfodiesterase 5), sempre o GMP cíclico é
convertido em GTP (guanosina trifosfato), e a enzima guanilato ciclase fica inativada ligada
a uma proteína G; porém, quando o óxido nítrico é liberado, a guanilato ciclase é ativada e
ocorre conversão do GTP em GMP cíclico

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• O GMP cíclico é o grande responsável pelo mecanismo da ereção


• O GMP cíclico vai reduzir o cálcio das células penianas
• Na redução de cálcio, ocorre um relaxamento do músculo liso peniano; esse
relaxamento abre espaço para que ocorra ingurgitamento sanguíneo nas câmaras do
pênis
• O ingurgitamento sanguíneo resulta na ereção
• OBS: cada espécie tem suas particularidades na fisiologia da ereção; esse mecanismo
aqui é um mecanismo geral

MECANISMO DE AÇÃO DO VIAGRA (SILDENAFIL): é um medicamento inibidor da fosfodiesterase 5, portanto


ele impede a conversão de GMP cíclico em GTP, resultando no acúmulo de GMP cíclico e consequentemente na
manutenção da ereção por mais tempo

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• Coleta de sêmen
• Varrão
• No suíno a coleta também é por manipulação peniana e monta em manequim (nessa
espécie não há presença da fêmea durante a coleta)
• Primeiramente deve-se fazer higienização do prepúcio e esvaziamento da bolsa
prepucial
• Importante secar bem o pênis do animal antes da coleta (pois a água é espermicida)
• Deixa o animal em contato com o manequim para que ele possa fazer o prelúdio
• O tempo de prelúdio (cortejar o manequim) deve ser de no máximo 10 minutos
• Quando o animal fizer a monta, deve-se segurar o pênis dele (para que ele pare de
fazer os movimentos de inserção do pênis na vagina)
• Com os movimentos de inserção parados, deve-se direcionar o pênis no copo coletor
• O copo coletor deve ser aquecido (para viabilidade dos espermatozoides em
temperatura adequada) e opaco (para evitar que a luz prejudique a viabilidade
espermática)
• O tempo de ejaculação pode durar até 5 minutos
• Garanhão
• Se a coleta for feita em manequim, deve-se colocar uma égua real no cio próxima ao
animal, para ele ter o estímulo visual e olfativo
• Deixa em contato prévio com a fêmea (de preferência égua no cio)
• A monta não pode ser permitida antes do reprodutor ter a ereção completa (pois se
ele não estiver com a ereção completa e tentar montar, ele não vai conseguir
penetrar e se frustra, e começa a agredir a fêmea)
• Deve-se lateraliza o pênis com a mão espalmada e já inserir na vagina artificial
• Sinais de que a ejaculação está próxima são abanar de cauda, sapatear e pulsação
uretral
• O cavalo ejacula de 6 a 9 jatos
• Coleta-se os 3 primeiros jatos (que é a fração mais rica de espermatozóide)
• O filtro do copo retém a fração geral e direciona o esperma para o copo coletor
• Ao final da coleta, deve-se aliviar a pressão da vagina artificial para permitir que o
garanhão consiga tirar o pênis dela (devido à intensa dilatação da glande)
• Touro
• Touros de central são condicionados para saltarem em manequins que não estejam
no cio
• Faz-se um redondel de coleta; um dos animais vai para o centro para cobrir o
manequim e os outros ficam ao redor observando para ficarem excitados e serem
treinados a montarem no manequim também
• Esse treino é importante para que os animais possam montar no manequim e a
coleta de sêmen se feita através de vagina artificial
• O touro zebuíno é mais linfático e demora mais para reagir e para montar, enquanto o
europeu é mais agressivo e cobre depressa
• Zebuíno tem libido baixa em relação aos taurinos; por isso existem técnicas de
mensuração de libido diferentes para cada espécie
• No primeiro salto do animal, deve-se fazer um desvio do pênis mas sem coletar
• A coleta deve ser feita somente no segundo salto do animal, para garantir maiores
concentrações espermáticas
• Cão
• A coleta é feita por manipulação peniana manual
• Quando o animal se vira (imitando a cruza com a fêmea) deve-se fazer uma eversão
do pênis para permitir a coleta (pois há animais que só ejaculam se estiverem com o
pênis virado)
• Processamento do ejaculado
• Manipulação e processamento
• Manipulação do sêmen em temperatura adequada para que não haja choque térmico
• Análise microbiológica e microscopia
• Avaliação física: percentual de células móveis, cinética celular e contagem de células
na câmara de New Bawer
• Avaliação de possíveis patologias espermáticas e formatos teratológicos
• O programa computacional avalia a cinética das células e demais qualidades visuais
• Centrifugação
15

• O sêmen do garanhão deve passar por centrifugação (para fazer separação do


plasma seminal dos espermatozóides, pois o plasma é tóxico para eles) antes de ser
congelado
• Congelamento
• Feito em nitrogênio líquido
• É congelado quando o propósito for de aproveitamento para inseminação artificial

16

NEUROENDOCRINOLOGIA DA
REPRODUÇÃO
• Na fêmea o desenvolvimento da organogênese é passivo (não depende de indução hormonal),
enquanto nos machos é ativo (depende de ação hormonal para se desenvolver)
• Hormônios e estímulos
• Hormônios orquestram o desenvolvimento das gônadas
• A reprodução é inteiramente dependente de estímulos, os quais são inicialmente
provenientes do sistema nervoso central
• O SNC é o responsável por estabelecer a relação entre ambiente e os sistemas dentro do
organismo
• INTERFACE CÉREBRO-HIPÓFISE
• Sistema nervoso central
• O SNC é sensível aos estímulos entero e exteroceptivos
• Estímulos exteroceptivos
• Estímulos do ambiente (externos ao organismo)
• Exemplo: luminosidade
• A luz influencia a reprodução principalmente de ovinos, caprinos e equinos
• Éguas ciclam o ano inteiro nas regiões próximas à linha do Equador, devido à
intensa luminosidade constante o ano todo
• Já em regiões mais afastadas do Equador, as éguas ciclam sazonalmente nas
épocas de maior luminosidade (primavera e verão) e entram em anestro
fisiológico nos períodos de menor luminosidade (outono e inverno)
• A atividade reprodutiva da vaca e do touro é pouco sensível a estímulos
exteroceptivos
• Já o garanhão apresenta alterações de fertilidade sazonais, sendo que fora da
estação de monta, a motilidade dos seus espermatozóides é menor e a
concentração espermática fica mais baixa
• Porém, mesmo que hajam essas alterações no garanhão, ele não fica
impossibilitado de reproduzir fora da estação de monta (diferentemente da égua)
• Estímulos enteroceptivos
• Estímulos internos ao organismo
• Exemplo: estresse
• O estresse desencadeia principalmente a liberação de cortisol, que interfere
muito na reprodução (podendo acabar levando ao anestro nas fêmeas)
• Isso é bem frequente em animais de exposição que costumam ser transportados
frequentemente e expostos em locais com muitos fatores estressores (barulho,
densidade de pessoas, etc)
• Hipotálamo
• É o núcleo responsável por iniciar as respostas fisiológicas necessárias à produção
de espermatozoides e comportamento sexual
• Responsável pela produção de GnRH (fator de liberação de gonadotrofinas)
• O GnRH é um beta peptídeo
• O GnRH é enviado à adenohipófise (hipófise anterior) e à neurohipófise (hipófise
posterior)
• Estímulos visuais e olfatórios
• É importante destacar que existe uma grande quantidade de núcleos
hipotalâmicos ligados ao quiasma óptico e ao trato olfatório, o que explica a
importância dos estímulos visuais e olfativos na libido e funções reprodutivas
• Além disso, existem diversas projeções de nervos de visão e de olfato
desembocando na hipófise também
• O boi cheira e lambe o períneo da fêmea para estimular seu sistema líbico
• Os feromônios liberados pela fêmea induzem o macho a fazer o reflexo de
Flehmenn, para comunicar os estímulos olfatórios pelo órgão vômeronasal com o
sistema límbico

17

• Essa comunicação com o sistema límbico faz com que sejam desencadeados os
elementos e comportamentos do cortejo sexual e da cópula
• Quiasma óptico + núcleo olfativo + hipófise anterior + hipófise posterior
• Hipófise
• Em resposta ao GnRH proveniente do hipotálamo, as porções da hipófise irão
secretar hormônios
• Adenohipófise
• FSH (hormônio foliculoestimulante) e LH (hormônio luteinizante)
• FSH e LH são glicoproteínas, estruturas em subunidades alfa e beta
• FSH beta confere especificidade de espécie e induz à liberação de inibina pelas
células testiculares
• LH desencadeia a esteroidogênese no macho
• O FSH tem receptores na célula de Sértoli (célula do túbulo seminífero,
responsável pela sustentação e nutrição da linhagem germinativa no túbulo)
• O LH tem receptores nas células de Leydig (célula intersticial, responsável pela
produção de esteróides no macho)
• Neurohipófise
• Ocitocina e vasopressina
• Ocitocina estimula as células mioepiteliais a se contraírem (principalmente da
camada muscular dos ductos deferentes), auxiliando a propelir os
espermatozóides
• Se for aplicada ocitocina, pode-se aumentar o número de espermatozóides no
ejaculado (pois força-se os músculos do ducto deferente a contraírem mais)
• A ocitocina está intimamente ligada ao comportamento social animal (sua
concentração aumenta muito durante interações de cortejo entre os animais)
• Vasopressina é estruturalmente muito similar à ocitocina, levando a efeitos
biológicos semelhantes aos da ocitocina

• Conexões hipotalâmico-hipofisárias
• Sistema porta-hipotalâmico-hipofisário
• Característica geral: conexão vascular
• Conecta o hipotálamo na adenohipófise
• A artéria carótida interna dá origem à artéria hipofisária superior e artéria
hipofisária inferior; além disso há uma rede de vênulas e capilares que compõem
essa rede de comunicação
• Núcleos hipotalâmicos liberam seus produtos na iminência média, e esses
produtos são direcionados à adenohipófise por meio da rede vascular

18

• Projeções de neurônios magnocelulares


• Característica geral: conexão neural
• Conecta o hipotálamo na neurohipófise
• Neurônios magnocelulares (que são altamente desenvolvidos e possuem corpo
celular grande) produzem proteínas (principalmente citocinas e vasopressinas)
• Esses produtos vão são enviados por meio dos axônios desses neurônios
magnocelulares e atingem a neurohipófise
• Posteriormente esses hormônios são liberados na corrente sanguínea
• Morfofisiologia da interface cérebro-hipófise
• O hipotálamo libera o GnRH (de forma pulsátil, contínua)
• O GnRH (um beta-peptídeo) e age na adenohipófise estimulando a liberação de FSH
e LH (que são glicoproteicos, de estrutura proteica mais complexa)
• O GnRH também age na neurohipófise, estimulando a liberação de ocitocina e
vasopressina
• O FSH estimula a produção de inibina, que promove um feedback negativo sobre a
hipófise reduzindo a produção de FSH
• MECANISMOS DE AÇÃO HORMONAL
• Hormônios proteicos
• FSH e LH
• GnRH
• O GnRH é um derivado de aminoácido, não tem estrutura proteica complexa
• Tem tempo de meia vida de 40 minutos
• Hormônios proteicos são hidrofílicos
• Não atravessam sozinhos a camada fosfolipídica da membrana plasmática, eles
obrigatoriamente necessitam de receptores
• No fígado, os receptores de hormônios proteicos, ao entrarem em contato com os
hormônios, irão ativar a proteína G (mensageiro intracelular)
• A proteína G se dissocia e se liga à adenilil ciclase
• A adenilil ciclase converte ATP em AMP cíclico
• O AMP cíclico ativa a proteína quinase A
• A proteína quinase A ativa a fosforilase, que transforma glicose-6-fosfato em
glicose propriamente dita
• Essa glicose é enviada à corrente sanguínea e utilizada (por exemplo em
situações de estresse)
• Hormônios esteróides
• Testosterona (principal esteróide produzido no macho)
• 17-beta-estradiol (principal esteróide produzido no ovário da fêmea)
• Hormônios esteróides são lipofílicos
• Sua característica lipofílica permite que eles atravessem livremente as
membranas, sem necessitarem de receptores de membrana
• Na corrente sanguínea, o esteróide circula ligado a um carreador (ex. albumina)
• O esteróide se dissocia de seu carreador e atravessa a membrana da célula alvo
• Dentro da célula, ele se une a um receptor proteico citoplasmático
• O complexo esteróide + receptor é transportado pelo citoplasma até entrar no
núcleo da célula
• No núcleo da célula, o esteróide irá induzir a transcrição do DNA,
consequentemente estimulando a produção de RNA mensageiro e a codificação
de proteínas
• O esteróide tem efeito direto na transcrição do DNA celular
• A testosterona circula na corrente sanguínea principalmente ligada à albumina sérica
• Os hormônios esteróides sofrem compartimentalização hormonal, pois há lugares em
que há maior necessidade deles no organismo do que em outros
• A testosterona é responsável por funções anabólicas (funções extra-reprodutivas),
induzindo a síntese proteica e de massa muscular
• Mecanismo de ação dos hormônios esteróides [vídeo esquemático no Campus]
• Os esteróides são lipossolúveis (não hidrossolúveis)
• Por isso são transportados na corrente sanguínea ligados a proteínas carreadoras
(ex. Albumina)
• Quando atingem as células alvo, os esteróides se dissociam dos carreadores e
passam através da membrana plasmática

19

• Alguns esteróides se ligam a receptores específicos no citoplasma da célula, sendo


translocados para o núcleo em forma de complexo ativado
• Outros esteróides são capazes de ir diretamente ao núcleo (sem a necessidade de
receptores citoplasmáticos) onde estão seus receptores
• O complexo hormônio-receptor se liga a regiões específicas do DNA chamadas de
elementos responsivos ao hormônio
• Essa união do hormônio com o DNA tem efeitos diretos na transcrição, induzindo à
formação de determinados RNA mensageiros que irão codificar proteínas no
citoplasma
• Mecanismo de ação dos hormônios proteicos [vídeo esquemático no Campus]
• Além do FSH e do LH, a epinefrina também é um hormônio proteico
• Os hormônios proteicos são hidrofílicos (não lipossolúveis), e por isso são incapazes
de atravessarem sozinhos a membrana plasmática (que é hidrofóbica)
• Dessa forma, é necessário que esses hormônios se liguem a receptores de
membrana para entrarem na célula
• No caso da epinefrina, ao se ligar a receptores beta-adrenérgicos do hepatócito,
promove a ativação de proteínas G (que ficam no interior da célula)
• Cada proteína G tem 3 partes (subunidades), e a ligação da epinefrina com o
receptor beta-adrenérgico leva à dissociação de 1 das 3 partes da proteína G
• A parte da proteína G que se dissociou carreia um GDP, e quando é ativada esse
GDP é trocado por um GTP
• Essa subunidade ativada (depois da troca pelo GTP) se liga à adenil-ciclase e ativa
ela
• Ao ser ativada, a adenil-ciclase converte ATP em AMP-cíclico
• O AMP-cíclico formado se difunde pelo citoplasma e ativa a proteína-quinase-A
• A proteína-quinase-A fosforila e ativa a enzima fosforilase, que converte glicogênio
em glicose-6-fosfato
• A glicose-6-fosfato é convertida em glicose, e fim!
• Através desse mecanismo, a epinefrina age estimulando a liberação de glicose pelo
fígado para a corrente sanguínea em situações de estresse

• ESTEROIDOGÊNESE
• Esquema da estrutura química
• Enzimas em rosa: localizadas na mitocôndria
• Enzimas em verde: localizadas no retículo endoplasmático liso
• Parte amarela
20

• Progestágenos (hormônios relacionados à progesterona)


• Progesterona é um esteróide de 21 carbonos, portanto todos os progestágenos
apresentam 21 carbonos
• Círculo roxo e verde
• Hormônios produzidos no córtex (cortisol) e medula adrenal (aldosterona)
• 21 carbonos
• Quadrado azul (embaixo)
• Andrógenos
• 19 carbonos
• Androstenediona, testosterona e di-hidrotestosterona (DHT) são esteróides
(andrógenos)
• Triangulo lilás
• Estradiol e estrógenos
• 18 carbonos
• Enzima aromatase
• Converte a testosterona (19 carbonos) em estradiol (18 carbonos)
• É uma descarboxilase
• Age transformando o primeiro anel da testosterona em um núcleo benzênico
(aromático)

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• Definições importantes
• Esteroides
• Hormônios lipofílicos derivados do colesterol
• Principais exemplos: testosterona, estradiol, mineralocorticoides, glicocorticoides
e progesterona
• Inclui os andrógenos, estrógenos, progestágenos e corticóides
• Andrógenos
• Hormônios esteróides compostos por 19 carbonos
• Principais exemplos: testosterona e DHT
• São a etapa anterior para a geração dos estrógenos
• Função: reprodução masculina
• Estrógenos
• Hormônios esteróides compostos por 18 carbonos
• Principal exemplo: estradiol
• São posteriores aos andrógenos (resultantes da ação da enzima aromatase)
• Função: reprodução feminina e imprint cerebral nos machos
• Todos os hormônios esteróides são derivados do colesterol
• Por serem derivados do colesterol, todos os esteróides possuem grande similaridade
com a estrutura química dele
• O anel aromático herdado do colesterol está presente em todos os esteróides
• O passo que regula a eficiência da cadeia esteroidogênica é a transformação de
colesterol em pregnenolona pela enzima STAR
• As vias DELTA são espécie-específicas
• Quando a conversão de esteroides não passa pela progesterona: VIA DELTA 5
• Quando a via passa pela produção de progesterona: VIA DELTA 4
• No touro e na espécie humana a via DELTA 4 tem maior eficiência
• No garanhão a via DELTA 5 é mais eficiente
• 21-alfa-hidroxilase: enzima associada à produção de esteróides a partir da
progesterona
• Deficiência da 21-alfa-hidroxilase
• A deficiência dessa enzima é uma das causas da síndrome de Cushing
congênita (hiperadrenocorticismo congênito)
• Na ausência da enzima, ocorre ativação da via alternativa (secundária)
• Por essa via alternativa, a progesterona é convertida em DHT (di-
hidrotestosterona)
• Dessa forma, a ausência da enzima resulta na produção excessiva de
andrógenos
• Isso gera masculinização da fêmea com a síndrome de Cushing congênita
(fenótipo masculinizado na fêmea), pode resultar em genitália ambígua e
aumento das taxas de sódio e potássio

22

• Esteroidogênese é o processo de síntese de hormônios esteróides


• TESTOSTERONA
• No macho o principal esteróide é a testosterona
• Produção da testosterona
• O GnRH é liberado pelo hipotálamo e é enviado à adenohipófise
• Com o estímulo do GnRH, a adenohipófise vai liberar LH e FSH
• O LH tem receptores nas células de Leydig
• O LH é um hormônio proteico (portanto precisa de receptor para atravessar a
membrana celular)
• Nas células de Leydig o LH vai desencadear a produção de testosterona
• FSH leva a produção de inibina e proteínas que regulam a divisão celular
• A testosterona tem ações tanto reprodutivas quanto não reprodutivas
• Mecanismo de produção de testosterona [vídeo esquemático no Campus]
• O hipotálamo libera GnRH em pulsos de 60 a 90 minutos
• Isso estimula a secreção pulsátil de LH na adenohipófise
• O LH se liga aos seus receptores nas células de Leydig
• Essa ligação induz a cascata de eventos de produção de testosterona
• O LH se liga aos seus receptores nas células de Leydig e inicia os eventos
bioquímicos responsáveis pela conversão de LDL - lipoproteína de baixa
densidade (colesterol) em pregnenolona
• Em seguida ocorre uma série de reações que convertem a pregnenolona em
testosterona
• A testosterona secretada pelas células de Leydig se difunde pela circulação,
incluindo a circulação periférica para que atinja os tecidos alvo extra-testiculares
• No fígado, músculo e tecido adiposo: a testosterona se liga diretamente ao
receptor de andrógenos (AR) e exerce seus efeitos biológicos
• Já na pele, cabelo, próstata e tecido gonadal: é necessário que a testosterona
seja primeiro convertida em di-hidrotestosterona (DHT) pela enzima 5-alfa-
redutase (presente no ambiente tubular), para então se ligar ao receptor de
andrógenos (AR) e exercer sua função
• Já nos ossos e no cérebro: a testosterona é convertida em estradiol pela
enzima aromatase (pelo processo de aromatização); o estradiol se liga ao
receptor de estrógeno (E2R) para exercer sua função
• Também gera estímulo à hematopoiese e regulação da função imune
• A insuficiência de testosterona produzida pelos testículos é denominada
hipogonadismo
• Hipogonadismo primário: defeitos nos testículos (baixa produção de sptz)
• Hipogonadismo secundário: defeitos no eixo hipotalâmico-hipofisário-gonadal
• O hipogonadismo primário e secundário podem ocorrer concomitantemente no
mesmo indivíduo
• Se a quantidade de testosterona que chega aos tecidos for insuficiente, podem
ocorrer várias manifestações clínicas

23

• É convertida em DHT (di-hidrotestosterona) pela enzima 5-alfa-redutase


• Atua nos músculos, tecido adiposo e fígado
• Estimula o desenvolvimento da genitália interna (glândulas sexuais acessórias)
• É convertida em estrógeno pela enzima aromatase
• Atua no cérebro e na formação óssea
• Testosterona é convertida em estradiol pelas células de Sértoli (pois são células
com muita aromatase / capacidade aromatizante)
• Em casos de Sertolioma (tumor de célula de Sértoli) ocorre produção excessiva
de estrógeno (devido a muita conversão de testosterona em estrógeno pela
aromatase)
• As células de Sértoli também produzem o hormônio ligador de andrógenos
• No túbulo seminífero e no epidídimo as concentrações de testosterona são 25x
maiores que no sangue periférico
• Isso é necessário pois a atividade testicular é altamente dependente da
testosterona para seu funcionamento
• Isso acontece pois o hormônio ligador de andrógenos (produzido pelas células
de Sértoli) aprisiona a testosterona no ambiente testicular e impede que ela se
espalhe ao sangue periférico
• INTERAÇÕES DAS CÉLULAS TESTICULARES
FSH e testosterona tem receptor nas células de Sertoli

• Célula de Sértoli
• Tem receptores de FSH (além de receptores de testosterona)
• FSH atua promovendo feedback positivo para a espermatogênese e síntese de
inibina
• Conversão de testosterona em estradiol pela enzima aromatase (capacidade
aromatizante) - essa função é mais pronunciada no garanhão que no touro
• Síntese do hormônio ligador de andrógenos
• Síntese de ativina, inibina e outras proteínas que modulam a afinidade da célula de
Leydig
• Os produtos das células de Sertoli modulam a função das células germinativas
• Célula de Leydig
• Tem receptores de LH
• LH estimula a síntese de testosterona
• Sua testosterona modula a função das células peritubulares e das células de Sertoli
• Mecanismos de feedback negativo
• INIBINA
• Mecanismo de alça curta: atua na adenohipófise reduzindo a produção de FSH
• Mecanismo de alça longa: atua no hipotálamo reduzindo a produção de GnRH
• TESTOSTERONA
• Mecanismo de alça curta: atua na adenohipófise reduzindo a produção de LH
• Mecanismo de alça longa: atua no hipotálamo reduzindo a produção de GnRH
• Ciclinas: proteínas responsáveis por sincronizar o processo de espermatogênese

24

ORGANOGÊNESE TESTICULAR E
DIFERENCIAÇÃO SEXUAL
• O cão é a espécie mais acometida por patologias prostáticas (depois do ser humano)
• EVENTOS ANATÔMICOS DA DIFERENCIAÇÃO SEXUAL
• Fertilização
• A fertilização define o sexo genético
• Sexo genético heterogamético (XY) em mamífero define o macho
• Sexo genético homogamético (XX) define a fêmea
• O sexo do concepto é definido pelo cromossomo carregado pelo espermatozóide
(pois o ovócito só apresenta cromossomo X)
• Sexo gonadal
• É a segunda etapa da definição do sexo, depois que o sexo genético foi definido pela
fertilização
• O sexo gonadal é o sexo determinado pela produção hormonal da gônada em
desenvolvimento
• No caso do macho, o sexo gonadal é determinado pela produção hormonal de
AMH pelas células de Sertoli e de testosterona pelas de Leydig
• Desenvolvimento passivo X ativo
• O sexo gonadal feminino tem desenvolvimento passivo, pois não envolve indução
hormonal
• Já o sexo gonadal masculino tem desenvolvimento ativo, pois necessita de
indução hormonal para se diferenciar
• Mecanismo da diferenciacao do sexo gonadal masculino
• Ainda no feto, o gene SRY presente nos cromossomos induz à síntese do FDT
(fator de diferenciacao testicular)
• O FDT irá induzir à transformação da gônada indiferenciada em testículo
(estimulando a diferenciacao de células de Sertoli e células de Leydig)
• Células de Leydig produzem testosterona
• Células de Sertoli possuem receptores para o FSH, e depois de serem ativadas
passam a produzir inibina e AMH (hormônio anti-mulleriano), que são
estruturalmente muito semelhantes entre si

• Qualquer defeito nesse processo pode levar à formação de uma genitália ambígua
• A deficiência de AMH leva à geração de órgãos femininos em indivíduo XY
25

• OBS: anticorpos anti-inibina podem ser usados para estimular a produção de FSH no
organismo em protocolos de superovulação
• Sexo fenotípico
• É o sexo expressado na genitália externa do animal
• Sexo fenotípico do macho é determinado pelo DHT (di-hidrotestosterona) que
promove virilização da genitália externa e desenvolvimento das glândulas
sexuais acessórias
• A di-hidrotestosterona é produzida no testículo em desenvolvimento e é 20x mais
potente que a testosterona em si
• Se não houver di-hidrotestosterona, ocorrem aberrações de desenvolvimento e
genitália ambígua
• Síndrome da 5-alfa-reudatse: não há conversão da testosterona em di-
hidrotestosterona, gerando genitália anômala
• Imprint do sexo cerebral
• Determinação do sexo cerebral
• A testosterona produzida no testículo do feto atinge o SNC (pois ela se difunde,
sendo um esteroide, pois é lipofílica)
• O cérebro do feto tem uma atividade aromatizante extremamente pronunciada (ou
seja, grandes quantidades de aromatase)
• No SNC, como há muita aromatase, ocorre conversar dos esteroides de 19 carbonos
(testosterona) em esteróides 18 carbonos (estradiol)
• O estradiol é o responsável pela determinação do sexo cerebral, pois ele suprime o
desenvolvimento do centro de controle episódico de GnRH do hipotálamo
• Isso resulta na manutenção apenas do centro de controle tônico, mantendo a
liberação de GnRH no macho em níveis basais constantes; consequentemente
inibindo o ciclo estral no macho
• Ou seja, macho não existem os fenômenos cíclicos observados na fêmea, pois não
há liberação em picos de GnRH (portanto não há ciclo estral nem ovulação)
• Distúrbios da determinação gonadal
• Bovino tem naturalmente 60 cromossomos
• Genitália ambígua = intersexualidade
• Não se sabe ao certo a incidência da intersexualidade em bovinos
• Existem poucos estudos de incidência por grupos raciais, ecótipos e cruzamentos
• Hermafroditismo verdadeiro
• Possui as gônadas de ambos os sexos (tanto tecido ovariano quanto tecido
testicular)
• É o verdadeiro indivíduo intersexo
• Pode haver ovários funcionais juntamente ao tecido testicular, ou haver os ovotestis
(característicos do Freemartin)
• Freemartinismo
• Fêmea bovina proveniente de gestação gemelar com um macho
• As placentas sofrem anastomoses de vasos, então a testosterona produzida pelo
embrião macho passa pela circulação até o embrião fêmea
• Essa passagem de testosterona leva a vários graus de masculinização do aparelho
reprodutor da fêmea e infertilidade
• Sinal patognomônico: agenesia (não formação) da vagina cranial
• Pseudohermafroditismo
• Gônada com tecido do sexo genético, mas a genitália interna ou externa possui
características do outro sexo
• Masculino
• As gônadas são testículos
• Genitália externa ambígua
• Feminino
• As gônadas são ovários
• Genitália externa ambígua
• Disgenesia testicular
• Formação anômala do parênquima e das estruturas que compõem o testículo
• Relacionado a aberrações cromossômicas numéricas
• Síndrome da regressão testicular
• Precoce
26

• Testículos rudimentares
• No ser humano, a regressão precoce ocorre de 12 a 14 semanas de vida do feto
• Tardia
• Agenesia de células de Leydig (portanto não há hormônios responsáveis pela
diferenciação do sexo gonadal)
• Anorquidismo (não há formação do testículo)
• No ser humano, a regressão tardia ocorre a partir de 14 semanas de vida do feto
• Hipertrofia de clitóris em intersexo bovino
• Limitação da fertilidade
• Ocorre quando há deficiência da 5-alfa-redutase
• Síndrome de Klinefelter em bovinos
• Antigamente acreditava-se que a síndrome era exclusiva de humanos, porém
atualmente já se sabe da existência dela em animais domésticos
• O animal apresenta aspecto feminilizado
• Possui testículo e bolsa escrotal, porém em tamanho muito pequeno em relação ao
tamanho corporal
• Na histologia encontra-se um parênquima testicular desorganizado
• Ocorre uma disgenesia gonadal (forma a gônada, porém de forma anormal)
decorrente de uma aberração numérica de cromossomos da espécie bovina
• O bovino com essa síndrome apresenta 61 cromossomos, com trissomia no 61 (XXY)
• Síndrome de Turner em bovinos
• Monossomia (X0)
• Na espécie humana, a estatura é muito baixa e masculinizada
• Em bovinos, a estatura do animal é muito pequena; o fenótipo é masculinizado porém
o desenvolvimento sexual é feminino
• Ocorre um cariótipo 59 (1 cromossomo a menos que o normal de 60 cromossomos
da espécie bovina), com aberração X0 (ou seja, não tem o Y nem o X no par de
cromossomos sexuais)
• Intersexualidade em bovinos
• Existem diversas manifestações fenotípicas que podem acontecer em indivíduos
intersexo
• Pode haver presença de pseudo-prepúcio localizado entre um complexo mamário de
tetas rudimentares e orifício uretral largo
• Pode haver presença de músculo retrator do pênis porém com ausência do pênis em
si, e desenvolvimento do útero e ovários
• Normalmente aberrações cromossômicas numéricas estão associadas a disgenesia
gonadal
• Deficiência da enzima 21-alfa-hidroxilase
• Uma das causas da síndrome de Cushing congênita (hiperadrenocorticismo congênito)
• Ocorre produção excessiva de andrógenos pela via alternativa
• Isso resulta em masculinização da fêmea com a síndrome (fenótipo masculinizado na
fêmea)
• Distúrbios da função testicular
• Deficiência ou anormalidade de LH ou de seus receptores
• O LH é uma glicoproteína com sítios específicos de ligação; portanto uma das
anomalias estruturais que pode ocorrer é quando os sítios não tiverem a
conformação e os epítopos necessários para que ocorram as ligações com os
receptores
• Os receptores podem estar ausentes ou serem inativos conformacionalmente, o que
também impede que haja a ligação com o LH
• Nos dois casos, a ausência ou redução das ligações do LH com os receptores
atrapalha o desencadeamento da esteroidogênese
• Síndrome da persistência dos ductos de Müller
• Síndrome quando há deficiência na produção do AMH
• Isso pode resultar no desenvolvimento de estruturas tubulares similares ao útero no
macho
• Defeitos na síntese de testosterona por deficiência enzimática
• 3-beta-hidroxiesteroide-desidrogenase (3ßHSD)
• Converte os compostos da via delta 5 em seus isômeros da via delta 4

27

• Essa enzima converte pregnenolona em progesterona; além disso, converte


DHEA em androstenediona
• Portanto, sem essa enzima não há o funcionamento da cadeia esteroidogênica
• 20,22-desmolase (nomenclatura nova: CYP11A - citocromo 11 A)
• 17-alfa-hidroxilase (nomenclatura nova: CYP17 - citocromo 17)
• A ausência de qualquer uma dessas enzimas (também do esquema abaixo) prejudica
a esteroidogênese, resultando em aberração no desenvolvimento sexual e
aparecimento de genitália externa ambígua

• Distúrbios dos tecidos-alvo dependentes de andróginos


• Deficiência de 5-alfa-redutase tipo 2
• Nomenclatura nova: SRD5A2
• Enzima responsável pela conversão da testosterona em DHT
• A DHT é a responsável pela determinação do sexo fenotípico (virilização da genitália
externa no macho)
• Na ausência da 5-alfa-redutase, o DHT não é formado, levando a distúrbios no
desenvolvimento sexual
• O diagnóstico da deficiência da 5-alfa-redutase é por análise da presença do gene
que codifica ela

28

• Síndrome da insensibilidade androgênica (AIS)


• Os receptores de andrógenos são expressados por genes em uma região específica
do cromossomo X
• Nessa síndrome, tais receptores não se formam
• Há uma ausência de receptores de andrógenos, especialmente nas glândulas
acessórias
• Quando não há receptores para os andrógenos nos órgãos sexuais e acessórios, não
há desenvolvimento adequado
• Forma completa (CAIS)
• Forma parcial (PAIS)
• BASES ANATÔMICAS DA DIFERENCIAÇÃO SEXUAL
• As células da linhagem germinativa tem origem nos anexos embrionários, e fazem
migração
• Inicialmente as gônadas são bipotenciais
• Se não houver indução hormonal, as gônadas irão naturalmente se diferenciar em
ovários (de forma passiva)
• Para desenvolver o testículos, o gene SRY deve codificar o FDT (fator de
diferenciação testicular), com isso a anatomia da genitália passa a se diferenciar de
modo ativo (com indução hormonal)
• Estímulo para o desenvolvimento masculino
• Os testículos iniciam seu desenvolvimento próximos aos rins
• As células de Sértoli produzem o AMH (hormônio antimulleriano), que promove
regressão dos ductos Mullerianos (ductos paramesonéfricos)
• As células de Leydig produzem testosterona
• A testosterona irá estimular a diferenciação dos ductos de Wolff (ductos
mesonéfricos) em epidídimo e ducto deferente

• Ação do DHT (di-hidrotestosterona)


• Participação fundamental no desenvolvimento das glândulas sexuais acessórias
• Promove a sutura da rafe da bolsa escrotal (proveniente da fusão dos lábios
vulvares)

29

• Atividade do parênquima gonadal


• No parênquima testicular, ocorre desenvolvimento da porção medular (enquanto seu
córtex é praticamente inativo, a gametogênese ocorre internamente na região
medular do testículo)
• No ovário é a cortexina que estimula a atividade cortical, enquanto no testículo é a
medularina que estimula a atividade medular
• A medularina promove a diferenciação dos cordões sexuais primários; esses
cordões que vão gerar o parênquima testicular propriamente dito (túbulos
seminíferos)

30

• Espermatogênese
• As células germinativas primordiais (gonócitos primordiais) têm origem nos anexos
embrionários (saco vitelínico)
• Essas células realizam uma migração do saco vitelínico até o testículo em
desenvolvimento e são as primeiras a colonizarem ele

• Híbridos e o conceito de esterilidade


• Mula: crina, cauda e orelha intermediários
• Bardoto: cabeça mais parecida com cabeça de equino
• Cruzamentos
• Jumento (asinino macho) X Égua: burro e mula = híbridos
• Garanhão X Jumenta (asinino fêmea): bardoto e bardota
• Esterilidade
• O burro e a mula são estéreis desde o nascimento, ou seja, já nascem sem
capacidade de reprodução
• Porém existem relatos de mulas que deram cria
• A égua tem 32 pares de cromossomos (31 pares de autossômos e 1 par de sexuais)
• O jumento (asinino macho) tem 31 (30 pares de autossômos e 1 par de sexuais)
• Como se explica o cruzamento interespecífico entre o jumento e a égua?

• Como é possível mulas (que são estéreis) conceberem cria?

31

ULTRASSONOGRAFIA NA
SEMIOLOGIA DO REPRODUTOR
• Nos machos, a ultrassonografia é mais usada para avaliação de próstata e testículos
• Exame físico e de imagem
• Exame físico não deve ser dispensado (o US deve complementar o exame físico)
• Inspeção e palpação são fundamentais
• Exames de imagem promovem avaliação dos aspectos normais e da morfologia e
extensão das anormalidades
• Utrassonografia
• Técnica indolor, não ionizante e minimamente invasiva
• Detecção de anormalidades que comprometem a fertilidade e que comprometem a vida
dos pacientes
• Possibilitam o diagnostico precoce e diagnostico de processos em estágios avançados
• Anatomia
• Próstata fica caudal à bexiga
• A uretra pélvica não consegue ser visualizada no US
• Próstata e porções do trajeto da uretra podem ser avaliados
• Testículos
• Túnica albugínea (forma o mediastino)
• Túbulos seminíferos (reti testis)
• Epididimo
• Ductos deferentes
• PRÓSTATA
• Parâmetros avaliados da próstata
• Formato: ovoide e bilobulado
• Em cão macho castrado é mais ovóide
• Em cão filhote é escura e alongada
• Margem e contorno: regulares
• Ecotextura: homogênea
• Espessura da parede
• Simetria entre lobos
• Tamanho
• Muito variável
• Medir comprimento, largura e altura
• Pode-se calcular o volume com as medidas
• Topografia e localização
• Ecogenicidade: isoecogênica ao baço
• Uretra prostática
• Área central anecogênica
• Avaliar se a uretra está dilatada ou normal
• Cápsula: hiperecogênica
• Sulcos
• Podem estar dilatados quando o macho estiver sendo estimulado
• O sulco do cólon é importante de ser avaliado; se a “cinturinha” da próstata
estiver achatada, é sinal de que a próstata já está comprimindo o cólon (pode
resultar em tenesmo e fezes em fita pelo animal)
• Gatos
• A avaliação prostática neles é mais difícil
• A prostatopatia é incomum em gatos (muito mais comum no cão)
• Cães
• Mesmo que o cão seja castrado, ainda é fundamental a avaliação prostática (pois as
prostatopatias ocorrem em animais castrados também, e com mais frequência em
castrados)

32

• O crescimento hiperplásico da próstata é normal em animais de 6 a 10 anos, e acima


de 11 anos de idade ela sofre involução senil
• A hiperplasia deve ser normal, não pode ser cística
• Se o macho estiver sendo estimulado, os ductos podem aparecer mais dilatados
• Sempre importante perguntar a “situação reprodutiva” do animal (se tem contato com
fêmeas no cio, etc)
• Particularidades técnicas
• A avaliação da próstata é na região paraprepucial
• Sempre fazer a varredura em 2 planos (cortes longitudinal e transversal)
• Varredura começa pela localização da bexiga
• A próstata felina é muito interna na região pélvica, o que dificulta a visualização
• Raça Scotch terrier tem próstata relativamente grande em comparação ao restante
das especies
• A técnica de contraste por microbolha é útil para próstata
• Elastografia (ARFI): mede o impulso acústico do tecido, avaliando o grau de “rigidez” do
tecido
• IMPORTANTE: considerar alterações apenas no tamanho subestima o diagnóstico de
estágios iniciais de hiperplasia prostática benigna; o mais importante é avaliar a presença
de cistos ou sua ausência
• Cisto X abcesso
• Cisto: cápsula fina e conteúdo líquido anecogênico
• Abcesso: parede rugosa e conteúdo heterogêneo
• Mineralização de próstata em macho castrado é CERTEZA que é tumor
• TESTÍCULOS E PÊNIS
• Avaliação
• Epidídimo: estrutura hipoecogênica em relação ao parênquima testicular
• Vascularização do plexo pampiniforme: pode ser avaliada com o doppler; se
estiver torcido, a vascularização fica alterada
• Corpo cavernoso: aparência heterogênea
• Osso peniano: hiperecogênico
• Parênquima testicular: isoecogênico
• Mediastino e envoltórios testiculares: hiperecogênicos
• Principal indicação para ultrassonografia de testículo: criptorquidismo (testículo ectópico)
• Até 6 meses a 1 ano: deve haver o fechamento do anel inguinal
• O criptorquida tem maior chance de desenvolver tumor naquele testículo ectópico
• Presença de linha mediastinal confirma o diagnóstico de testículo ectópico
• Brucelose canina é importante causa de orquite e epididimite (principalmente em cães de
zona rural)
• Tumores testiculares podem gerar condições metabólicas hormonais graves (pode
confundir com hiperadreno, etc)
• Ecogenicidade
• O parênquima testicular é isoecogênico
• O mediastino e os envoltórios testiculares são hiperecogênicos

33

MECANISMOS GENÉTICOS DA DIFERENCIAÇÃO


SEXUAL E PATOLOGIAS DO CROMOSSOMO Y

• MATERIAL GENÉTICO
• Cromossomos
• Localizados no núcleo da célula
• São estruturas de DNA altamente condensado
• O alto grau de contentamento garante o armazenamento de grandes quantidades de
informações genéticas num pequeno espaço da célula
• Histonas: proteínas responsáveis pela estruturação do DNA em nucleossomos;
cada nucleossomo contém 8 histonas enovelando (em espiral) um segmento de DNA
• O cromossomo condensado é resultante da espiralização dos nucleossomos
• O cromossomo se organiza somente durante a divisão celular

• Nomenclatura cromossômica estrutural


• Metacêntrico: centrômero divide as duas cromátides em metades iguais
• Submetacêntrico: centrômero divide as cromátides em porções desiguais, uma
menor (p) e uma maior (q)
• Acrocêntrico: centrômero está localizado praticamente na extremidade do
cromossomo, fazendo com que exista somente uma cromátide

34

• O cromossomo sexual X é do tipo submetacêntrico


• O cromossomo sexual Y é do tipo acrocêntrico
• Nomenclatura citogenética
• Braço curto do cromossomo: braço p
• Braço longo do cromossomo: braço q
• Localização de determinado gene no cromossomo
• Exemplo: gene CFTR; localização cromossomas 7q31-2
• 7: cromossomo 7
• q: braço longo
• 3: região do braço longo
• 1: banda
• 2: sub-banda

• Meiose e crossing over [vídeo esquemático no Campus]


• O processo de “crossing over” durante a meiose permite a recombinação e troca de
genes entre cromossomos homólogos
• O crossing over ocorre mais frequentemente durante a prófase 1 da meiose, quando
cromossomos homólogos associam-se entre si em uma estrutura chamada de
“tétrade"
• Considera-se que um dos cromossomos homólogos desse par é proveniente da mãe,
enquanto o outro é proveniente do pai
• Sem o crossing over, cada célula haplóide produzida herdaria um cromossomo com a
mesma combinação de alelos conforme estava nos cromossomos dos pais (não
havendo alteração na combinação dos genes), havendo portanto apenas 2 opções
de combinações genéticas (se forem considerados 2 genes, por exemplo)
• Por outro lado, com a ocorrência do crossing over e se considerando 2 genes,
surgem 4 combinações genéticas diferentes (sendo 2 exatamente iguais aos
parentais e 2 recombinantes)
• Dessa forma, o crossing over permite que haja recombinância dos genes e aumento
da variabilidade genética
• As recombinações genéticas ocorrem tanto em autossomos quanto em cromossomos
sexuais
• ALTERAÇÕES CROMOSSÔMICAS ESTRUTURAIS
• Uma mutação cromossômica é uma alteração substancial na estrutura de um ou mais
cromossomos [vídeo esquemático no Campus]
• Pode ocorre por deleção, duplicação ou inversão de fragmentos que compõem um mesmo
cromossomo
• Essas alterações podem ocorrer devido a anormalidades ou erros na etapa de
crossing over na prófase 1 da meiose
• Deleção
• Região do cromossomo é eliminada
• Resulta em menos material genético restante naquela cromátide
• Duplicação
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• Uma cópia extra da região cromossômica é incluída na cromátide


• Resulta em mais material genético presente naquela cromátide
• Inversão
• Ocorre quando a cromátide é fragmentada em 2 locais e os pedaços são
recolocados de forma invertida em relação à ordem normal
• Não há alteração da quantidade total de material genético daquela cromátide
• Tanto inversões quanto translocações podem levar à deficiências gerais e duplicações do
material genético depois da meiose
• Podem ocorrer também alterações em diferentes cromossomos, alterados entre si
(chamadas de translocações)
• Translocação simples: uma única parte de um cromossomo se desprende e se liga
a outro cromossomo
• Translocação recíproca: segmentos distintos de dois cromossomos diferentes são
trocados entre si
• Translocações não alteram a quantidade total de material genético do cromossomo
• Microdeleções do cromossoma Y
• São amplamente estudadas no ser humano e já foram identificadas em alguns
animais (camundongos e cães)
• No braço longo (q) do cromossomo Y existem 3 fatores azospérmicos (AZF)
• AZFa, AZFb e AZFc
• Determinadas deleções nessas áreas podem levar à infertilidade masculina
• Normalmente essas alterações condicionam baixa concentração de
espermatozóides e pode inclusive haver ausência total da produção de
espermatozóides
• DIFERENCIAÇÃO SEXUAL EM MAMÍFEROS
• Histórico de descobertas e genes importantes
• Antígeno HY
• Até a década de 80 acreditava-se que indivíduos HY positivos eram do sexo
masculino
• O antígeno HY tem estrutura muito similar ao inibidor dos ductos de Muller
• Já em meados de 1985 foi descoberto em animais de laboratório que animais
negativos ao antígeno HY eram do sexo masculino, e que existiam hamsteres
fêmeas positivas para o antígeno HY
• Portanto foi recusada a teoria de que o antígeno HY era o responsável pela
diferenciação sexual
• Gene Zinc Finger
• Posteriormente acreditou-se que o responsável pela diferenciação sexual poderia
ser o gene Zinc Finger, que é expresso nas gônadas indiferenciadas no embrião
• Gene SRY
• Em meados da década de 90, Sinclair foi o responsável pela descoberta do gene
SRY
• O gene SRY está localizado no braço curto do cromossomo Y e existe apenas
nesse cromossomo
• Esse gene leva à expressão de determinadas proteínas, sendo uma delas a TDF
(ou FDT = fator de determinação testicular)
• Basta que haja o gene SRY para que o indivíduo se diferencie em macho, ou
seja, não é necessário o cromossomo Y íntegro para o indivíduo se tornar macho
• Isso explica certas aberrações e anormalidades sexuais em determinados
indivíduos; por exemplo um animal de cariótipo XY que tiver o gene SRY
“nocauteado” (deletado) se desenvolve como fêmea (devido à ausência do gene
determinador do sexo)
• O cariótipo em si não é suficiente para explicar a determinação do sexo do
indivíduo (mesmo que seja um indivíduo com aberrações sexuais ou
anormalidades de genitália); é necessário mapear a presença do gene SRY
• Determinação sexual pelo gene SRY
• No braço curto do cromossomo Y está presente o gene SRY
• Uma das proteínas transcritas por estímulo do gene SRY é o TDF (fator de
diferenciação testicular)
• O TDF se une ao DNA e leva à ativação e expressão de genes relacionados ao
desenvolvimento dos testículos

36

• A primeira ação estrutural proporcionada pelo TDF é uma curvatura de 82º no DNA
(alterando sua conformação condensada), o que expõe sítios ativos para a expressão
e ativação de genes necessários à diferenciação testicular
• Simultaneamente, o gene SRY silencia genes relacionados à promoção do
desenvolvimento dos ovários
• Outro gene relacionado ao SRY é o gene SOX9, que leva à inibição dos genes
ovarianos (genes DAX1 e WNT4alfa) e expressão dos genes de diferenciação
testicular
• No camundongo, a expressão máxima do gene SRY ocorre aproximadamente no dia
11 pós coito
• O gene SRY e SOX9 levam ao desenvolvimento das células de Sertoli e Leydig, que
produzem o Fator Esteroidogênico 1 (SF1)
• A incorporação de biotecnologias (tais como a sexagem de embriões) no sistema de
produção permite que se reduza o tempo de melhoramento e seleção genética para as
características desejadas
• Para o desenvolvimento do sexo genético de modo correto é necessário que haja uma
harmonia entre expressão gênica e ação hormonal
• Diferenciação do sexo feminino [vídeo esquemático no Campus]
• A gônada indiferenciada (que é bipotencial) expressa, entre outros, os genes SF-1 e
WT-1
• Na ausência da expressão do gene SRY, ocorre passivamente o desenvolvimento
ovariano
• Com a expressão do gene DAX-1 no cromossomo X, ocorre diferenciação das
camadas da teca e da granulosa
• Com a diferenciacao das células da camada de teca e granulosa é iniciado o
processo de esteroidogênese e síntese de estrógeno
• Com a produção do estrógeno, ocorre regressão dos ductos mesonéfricos (Wolf) e
desenvolvimento dos ductos paramesonéfricos (Muller)
• Com a regressão dos ductos mesonéfricos (Wolf), sobram apenas resquícios
embrionários desses ductos na fêmea (estruturas chamadas de epoóforo e
paraoóforo)
• Com o desenvolvimento dos dutos de Muller, ocorre diferenciação e
desenvolvimento da genitália tubular (útero e tuba uterina) e porções superiores
da vagina
• Diferenciação do sexo masculino [vídeo esquemático no Campus]
• O gene SRY (presente no braço curto do cromossomo Y) e o gene SOX-9 são
expressos
• A expressão do SRY estimula o desenvolvimento testicular
• A expressão do SOX-9 (juntamente com a expressão dos genes WT-1 e SF-1)
estimula a diferenciação das células de Leydig e de Sértoli
• Ocorre silenciamento do gene DAX-1
• As células de Sértoli produzem AMH (hormônio anti-mulleriano) e o antígeno HY
• Com essa produção hormonal, ocorre regressão dos ductos paramesonéfricos
(Muller), restando apenas resquícios embrionários deles depois
• Com a diferenciação das células de Leydig e expressão do gene SF-1, ocorre
produção de testosterona
• A testosterona promove desenvolvimento dos ductos mesonéfricos (Wolf), que
dão origem ao ducto epididimário e glândulas vesiculares
• A testosterona é convertida em di-hidrotestosterona (DHT) pela enzima 5-alfa-
redutase, o que permite o desenvolvimento da genitália externa e bolsa escrotal
(sutura da rafe escrotal); portanto o DHT promove virilização da genitália externa
(o que define o sexo fenotípico)
• Quando há ausência da 5-alfa-redutase na cadeia esteroidogênica, o animal pode
vir a apresentar genitália externa ambígua

37

PATOLOGIAS DAS GLÂNDULAS


SEXUAIS ACESSÓRIAS
• PLASMA SEMINAL
• Produzido pelas glândulas sexuais acessórias
• Importância do plasma
• O plasma seminal garante a viabilidade dos espermatozóides
• Tem a função de transporte, nutrição e proteção deles
• O plasma seminal é o veículo de transporte e manutenção dos espermatozóides
desde o processo de ejaculação até sua deposição no trato genital feminino
• Modificações no aparelho feminino
• Ao entrar em contato com o trato genital feminino, o sêmen sofre alterações
• Entrando na fêmea, o plasma seminal se torna um gel (solidifica) e fica sólido por
certo tempo
• Essa gelificação é importante para que os espermatozóides não saiam do trato
reprodutor da fêmea e para protegê-los contra o sistema imune feminino, o que
favorece a fertilização
• Propriedade reológica do sêmen: ele volta a ficar líquido depois de certo tempo
que gelificou
• As criptas da cérvix são boas e importante nesse processo, pois permitem que o
sêmen solidifique (gelifique) e tenha onde aderir
• A mucina forma canais que facilitam a progressão dos espermatozóides em grupo (o
que os protege contra as adversidades do útero e permite que haja uma reserva
energética deles)
• Depois do plasma seminal voltar ao seu estado líquido, inicia-se a etapa de
transporte rápido do sêmen, na qual os espermatozóides progridem através dos
canalículos de muco e atingem as tubas uterinas para fecundar o oócito
• Funções do plasma seminal
• Tamponamento do sêmen
• Manutenção do pH, tendo em vista que os espermatozóides são altamente
sensíveis a variações de pH
• Normalmente a responsável por essa função é a secreção da glândula
bulbouretral
• A uretra masculina é extremamente ácida; dessa forma, os líquidos pré-seminais
limpam os canais e equilibram o pH, tanto da uretra masculina quanto do
aparelho genital
• Manutenção dos processos metabólicos espermáticos
• Normalmente a responsável por essa função é a secreção da glândula
bulbouretral
• Permite a manutenção da correta motilidade dos espermatozóides (que é a
principal característica de viabilidade espermática!!)
• Permite mudanças de estados físicos do ejaculado (alterações reológicas)
• Interações dos espermatozóides com o trato genital feminino
• Marcadores moleculares de fertilidade
• Podem ser relacionados para avaliação de proteínas relacionadas a fertilidade
• Vitalidade e habilidade de fertilização espermáticas
• Metabolismo da frutose (processo frutolítico)
• É uma das principais vias de obtenção de energia para a combustão (mobilidade) e
viabilidade espermáticas
• Mecanismo de funcionamento
• A frutose é o principal substrato de metabolismo anaeróbico nos
espermatozoides
• O processo frutolítico se inter-relaciona com a via glicolítica
• Essa relação entre os dois tipos de metabolismo (frutolítico e glicolítico) ocorre
por meio da di-hidroacetona-fosfatada e do gliceraldeído-3-fosfato

38

• A di-hidroacetona-fosfatada e o gliceraldeído-3-fosfato (principalmente) funcionam


como substratos comuns na via glicolítica
• O gliceraldeído-3-fosfato é empregado como parte do ciclo do ácido cítrico
(ácido tricarboxílico)
• O ciclo do ácido cítrico é o responsável pela geração de energia

• Frutose e as glândulas sexuais


• Pode-se dosar a frutose no plasma seminal para diagnóstico funcional das
glândulas vesiculares
• No touro e no garanhão, as glândulas vesiculares são as responsáveis pela
produção de frutose e acido cítrico
• O touro e o garanhão têm predisposição ao desenvolvimento de vesiculite
(crônica ou não), portanto a predisposição a processos patológicos pode ser
avaliada pela palpação da glândula vesicular
• A vesiculite gera falta de frutose e de ácido cítrico (devido ao comprometimento
da glândula, que é necessária para a produção desses compostos)
• A falta de frutose e de ácido cítrico resulta em astenozoospermia (baixa
motilidade espermática)
• No cão, a astenozoospermia também é uma das consequências de prostatite
bacteriana
• Modulação da gestação em espécies domésticas pelo conteúdo do plasma seminal
• Fatores de modulação da gestação e fatores de crescimento
• O plasma seminal é rico em fatores de crescimento que modulam a gestação
• Exemplos TGF-beta, prostaglandinas e CD38
• O contato do sêmen com o endométrio leva à produção de citocinas relacionadas
ao embrião
• Essas citocinas podem vir a promover alterações fenotípicas e de
desenvolvimento do embrião
• Ativação de neutrófilos no endométrio pelas proteínas do plasma seminal
• Isso resulta na geração de um processo inflamatório
• Esse processo permite remodelação tecidual e auxilia na seleção dos melhores
espermatozóides para fecundação do oócito
• Ativação de citocinas e quimocinas

39

• As quimocinas alteram as características químicas do ambiente uterino e


direcionam os espermatozóides para o local correto da tuba uterina para que haja
a fertilização
• Além disso, o desenvolvimento de ondas foliculares não para durante a gestação,
(o que também ocorre, em partes, devido à ativação de determinadas citocinas
pelo plasma seminal)
• Indução à tolerância imune
• A TH1 é uma resposta inflamatória deletéria, típica de processos inflamatórios e
abortivos
• A gestação só vai a cabo quando a resposta imune é TH2
• Nos camundongos e no ser humano, o plasma seminal desvia a resposta imune
do processo inflamatório (tipo TH1) para o tipo TH2, para que a gestação possa
ser bem sucedida
• O interferon que faz o reconhecimento de gestação na vaca é o interferon tau
(mediador do processo de imunologia da gestara, inibindo a luteólise durante a
gestação)
• Interferons são citocinas com propriedades anti-virais
• A égua produz tanto interferon delta quanto interferon gama, que são
considerados abortivos nas outras espécies

• PATOLOGIAS DAS GLÂNDULAS SEXUAIS ACESSÓRIAS


• Anatomia comparada
• Próstata
• Única glândula presente no cão
• O exame da próstata no cão é feito basicamente por palpação retal e por
ultrassonografia
• No touro e no garanhão, a próstata não tem importância patológica (quase não
ocorrem casos de patologias prostáticas)
• No touro e no garanhão ela é casa apenas como ponto de referência na
palpação retal (forma uma “saliência” logo à frente da base do pênis / uretra
peniana)

40

• Glândula vesicular (vesícula seminal)


• As glândulas vesiculares são palpáveis tanto no touro quanto no garanhão
• No touro e no garanhão a glândula vesicular é o foco mais importante de
patologias (nessas espécies o único problema importante é a vesiculite,
problemas de outras glândulas são insignificantes)
TOURO
• Glândulas vesiculares fibrosas, tubulares e lobuladas
• Os grandes lóbulos são separados por septos musculares
• Cada lóbulo consiste de estruturas ramificadas que se abrem em ductos excretórios mais estreitos, que
dão origem ao ducto excretor principal (na região caudal da glândula)
• No ultrassom: as glândulas têm superfície regular, com lóbulos isoecóicos separados por regiões
hipoecóicas, ducto central anecóico e região mais externa hiperecóica

GARANHÃO
• Glândulas vesiculares têm formato piriforme e tamanho variado
• As glândulas comunicam com a uretra pélvica pelo colículo seminal
• É difícil palpar as glândulas do garanhão
• O tamanho e a quantidade de conteúdo no interior são afetados pelo
estímulo sexual do animal
• No ultrassom: as glândulas são como uma bolsa, com “cápsula”
hiperecóica e centro anecóico

• Bulbouretral
• Muito desenvolvida no varrão (porém regride drasticamente quando o animal é
castrado)
• Possível de ser palpada apenas no garanhão
• Não pode ser palpada no touro (pois é menor e está escondida sob a massa do
músculo bulbo esponjoso); no touro pode ser avaliada apenas por ultrassom
• Ampola do ducto deferente
• No touro, a ampola tem porção glandular (portanto é considerada uma glândula
também)
• A massagem das ampolas pode ser feita para obter ejaculado (para análise
espermática) quando não se tem sucesso no processo de coleta de sêmen
convencional ou eletroejaculação (quando massageadas fornecem ejaculado com
concentração suficiente de células para análise espermática)

41




• Palpação das glândulas
• Quando se castra o macho, todas as glândulas anexas regridem (devido à retirada do
estímulo hormonal); portanto é ideal palpar quando o animal for inteiro (pois as
estruturas estão em tamanho normal)
• Perguntas na palpação da vesícula seminal
• São simétricas? (assimetria indica processo patológico)
• A lobulação é evidente? (inflamação gera perda da lobulação devido ao edema)
• Vesiculite seminal no touro
• Os achados de palpação devem ser associados aos achados no exame microscópico
do ejaculado
• Teste de penetração em muco cervical: avalia a capacidade dos espermatozoides de
penetrarem no muco de vaca
• Perda de lobulação da vesícula ocorre por inflamação (devido ao edema)
• A inflamação vai resultar na presença de células polimorfonucleares (piócitos) no
ejaculado
• Vesiculite juvenil
• Problema de rebanho que acomete apenas o touro (principalmente gado de
corte)
• Na época da desmama, os bezerros são separados das fêmeas e passam a
desenvolver comportamento de cópula entre si
• Esse comportamento de cópula entre os tourinhos leva à fricção do pênis com a
região perineal (que é altamente contaminada, principalmente por E. coli)
• Isso resulta na propensão a infecções ascendentes nas glândulas vesiculares
• Patogenias da vesiculite no touro
• Infecção ascendente (via uretra)
• Infecção descendente (via testículos, epidídimos, próstata ou ampola do ducto
deferente)
• Infecção hematógena (a partir de outros locais de inflamação; ex. sistema
digestório)
• Anomalias congênitas que afetam a função normal do colículo seminal
(resultando em refluxo da urina para dentro das glândulas vesiculares)
• Vesiculite seminal no garanhão
• Patogenias da vesiculite no garanhão
• Desconhecidas
• Possíveis vias de contaminação
• Ascendente pela uretra
• Descendente pelo trato urinário
• Hematógena e linfática
• Invasão direta do tecido periglandular
• Ao ver uma égua no cio, o garanhão tem aumento da glândula vesicular (por encher-
se de fluido), o que facilita a coleta e é um sinal que indica bom funcionamento
• O exame clínico e US devem ser feitos tanto antes quanto depois do garanhão entrar
em contato com a fêmea no cio (para avaliar o preenchimento da glândula vesicular e
seu funcionamento)
• Tanto no garanhão quanto no touro, processos de vesiculite podem resultar em
astenozoospermia ou limitação de combustão espermática (tendo em vista que as
glândulas vesiculares são fundamentais para a produção de frutose e ácido cítrico, usados
como substrato do metabolismo espermático)
• Afecções de próstata em pequenos animais
• Principais patologias
• Hiperplasia de estroma da prostata canina
• Infiltrado linfocitário em prostatite bacteriana
• Adenocarcinoma prostático
• Cisto prostático
• Cisto paraprostático
• Abcesso prostático em cão
• Tratamento de prostatite bacteriana: necessita de tratamentos caros prolongados e
mesmo assim dificilmente atingem-se concentrações necessárias de antibiótico na
próstata, por conta da barreira hemato-prostática

42

PATOLOGIAS DE TESTÍCULO E EPIDÍDIMO

• EPIDÍDIMO
• Anatomia do epidídimo
• Ductos eferentes
• Cabeça do epidídimo
• Corpo do epidídimo
• Cauda do epidídimo
• Ducto deferente
• Possui uma camada muscular muscular muito desenvolvida ao redor dos ductos
epididimários
• No momento da ejaculação, essa camada muscular se contrai vigorosamente,
permitindo a condução e propulsão dos espermatozoides que estão armazenados
na cauda do epidídimo até a uretra

• Deferentectomia (“vasectomia”)
• Forma de esterilização do macho por meio de secção de parte do ducto
deferente, o que impede que os fluídos espermáticos do epidídimo atinjam a
uretra na ejaculação
• Portanto o indivíduo passa a ter ejaculação apenas de fluídos das glândulas
acessórias, sem presença de espermatozóides
• Técnica mais realizada em seres humanos, porém também costuma ser realizada
em cordeiros

43

• Desvantagem do uso dessa técnica na veterinária para a produção de rufiões:


essa técnica não inibe o coito, então não impede que o rufião transmita doenças
sexualmente transmissíveis durante a monta
• Vantagem do uso dessa técnica para novilhas de corte: a presença de um rufião
defrenectomizado antecipa a puberdade das novilhas, devido ao estímulo sexual
da presença do macho no rebanho e à possibilidade de cópula
• Histologia das porções do epidídimo
• A organização histológica varia em cada segmento do epidídimo
• Na anatomia o epidídimo é dividido em 3 porções (cabeça, corpo e cauda), porém a
classificação histológica determina 8 porções histologicamente distintas no touro

• Dentro do epidídimo existem concentrações altíssimas de andrógenos (é tão rico


quanto os túbulos seminíferos em concentração de testosterona)
• Tipos de células ao longo do epidídimo
• Células principais
• Células basais
• Células colunares
• Células “de limpeza” (clear)
• Células dendríticas
• Epididimossomos: enzimas específicas auxiliam nas transformações moleculares
de membrana e de motilidade que eles sofrem ao longo do epidídimo
• Estereocílios: promovem atrito mecânico com os espermatozóides, auxiliando na
aquisição de motilidade e desenvolvimento da capacidade fertilizante
• Fisiologia do epidídimo e maturação espermática
• Quando o espermatozóide é formado nos túbulos seminíferos dos testículos ele não
possui motilidade
• Pela contração das células mióides que envolvem os túbulos seminíferos, esse
espermatozóide sem motilidade é espermiado a partir do epitélio do túbulo seminífero
e atinge passivamente a ret testis (mediastino)
• A partir do mediastino, esses espermatozóides são conduzidos aos ductos eferentes,
que se unem e compõem a cabeça do epidídimo

44

• Ao longo do epidídimo ocorrerá o PROCESSO DE MATURAÇÃO ESPERMÁTICA,


caracterizado pela aquisição de motilidade e desenvolvimento da capacidade
fertilizante dos espermatozóides
• Na cabeça ocorre uma reabsorção intensa de líquidos e gravidade específica do
núcleo espermático aumenta
• Com isso, na transição da cabeça para o corpo do epidídimo os espermatozóides
adquirem seu primeiro movimento (os espermatozóides iniciam o seu primeiro
batimento flagelar)
• Na cabeça os espermatozóides passam a se estruturar e mudar suas
características de membrana (principalmente)
• Por ação de determinadas enzimas específicas, os espermatozóides remodelam
sua composição de membrana (em relação ao modo como ela foi gerada no
testículo) e reorganizam seu aparelho de Golgi
• No corpo do epidídimo, os ribossomos dos espermatozóides passam a se tornar
ativos e produzir proteínas especiais relacionadas ao citoesqueleto
espermático
• Ao atingirem a cauda do epidídimo, os espermatozóides já têm sua estrutura
celular formada e seu potencial móvel desenvolvido
• Esse potencial móvel ainda não está plenamente desenvolvido e também ainda
não possuem seu potencial de fertilização completamente desenvolvido
• De qualquer forma, se for considerado somente o aparato masculino, é na região
da cauda do epidídimo que os espermatozóides possuem sua maior motilidade e
maior capacidade fertilizante (posteriormente essas características sofrerão
maturação somente dentro do trato reprodutivo da fêmea)
• Por conta disso, é na cauda do epidídimo que se fazem as coletas de sêmen
para reprodução de animais selvagens em programas de conservação
[questão: por que se faz a coleta de sêmen na cauda do epidídimo da onça-
pintada para fertilização in vitro? Porque é nessa região que os espermatozóides
já possuem motilidade e capacidade fertilizante]

• OBS: gota citoplasmática (protoplasmática)


• Estrutura presente na região proximal dos espermatozóides sem motilidade
• Obrigatoriamente existente em todos os espermatozóides localizados na cabeça
do epidídimo (quando ainda não possuem motilidade)
• Porém, quando está presente na região proximal nos espermatozóides do
ejaculado, é considerada uma condição patológica
• Conforme o espermatozóide adquire mobilidade, a gota citoplasmática se desloca
da região proximal para a região distal da cauda

45

• Maturação X capacitação espermática


• Maturação espermática: fenômeno que ocorre no trato genital masculino durante
o trânsito epididimário dos espermatozóides
• Capacitação espermática: fenômeno que ocorre no trato genital feminino (na
tuba uterina, na reprodução in vivo) quando os espermatozóides já estão na
iminência de fertilizar o oócito
• É na tuba uterina que os espermatozóides terminam o desenvolvimento de um
potencial de fertilização pleno por meio do processo de hiperativação
• Após a hiperativação, o padrão de batimento do flagelo e movimentação do
espermatozóide é alterado em relação ao que tinha sido estabelecido na cauda
do epidídimo
• A capacitação espermática pode ser induzida com progesterona (similar ao
que ocorre na tuba uterina da fêmea) ou com heparina (que é o mais comum de
ser feito na fertilização in vitro)
• Métodos de avaliação da maturação espermática
• Avaliação direta: análise do desenvolvimento de movimento flagelar e
hiperativação do espermatozóide após o processo de capacitação no trato genital
feminino
• Avaliação indireta e preliminar: análise da capacidade do espermatozóide de se
ligar ao oócito
• Trânsito epididimário
• Para a aquisição de mobilidade e capacidade fertilizante, é necessário que o
espermatozóide fique certo tempo no epidídimo
• Esse tempo é tanto devido ao atrito com os estereocílios quanto pela exposição aos
fatores enzimáticos e alta concentração de andrógenos do ambiente epididimário
• Em média (variando de acordo com cada espécie) o tempo total de trânsito
espermático é de 12 a 14 dias
• 2 dias de passagem na cabeça
• 2 dias de passagem no corpo
• 10 dias de armazenamento na cauda
• Patologias epididimárias
• Anomalias congênitas
• O epidídimo é o órgão do trato reprodutor masculino mais susceptível a
anomalias congênitas, principalmente as aplasias
• As aplasias podem ser totais (do epidídimo inteiro) ou segmentares (que
acometem porções específicas do epidídimo, como a cabeça, corpo ou cauda)
• Tipos: aplasia do epidídimo, aplasia dos ductos eferentes e aplasia do ducto
deferente
• Qualquer um desses tipos leva à infertilidade do animal
• Epididimite
• Processo inflamatório caracterizado por infiltrados linfocitários
• Pode evoluir para quadros necróticos e granulomas espermáticos
• Como consequência desses quadros podem-se formar processos obstrutivos
no epidídimo
• A obstrução epididimária resulta em azoospermia (ausência de espermatozóides
no ejaculado)
• Demais patologias epididimárias
• Cistos
• Agenesia
• TESTÍCULOS
• Anatomia testicular
• A morfologia testicular e da bolsa escrotal varia entre as espécies e entre os
indivíduos da mesma espécie
• A morfologia e aspecto externos do testículo devem ser examinados no exame
andrológico do animal
• De modo geral testículos pigmentados são menos susceptíveis a patologias de pele
• Anomalias congênitas do testículo
• Malformação vascular do cordão espermático
• Resulta em involução testicular, devido à deficiência de suprimento sanguíneo às
estruturas em desenvolvimento

46

• Monorquidismo e anorquidismo
• Uma das etiologias para essas anomalias é a deficiência de receptores de LH ou
deficiência na própria produção do LH pela hipófise
• Se não há ação do LH o processo de esteroidogênese não se completa, o que
resulta na má formação ou mesmo não formação de nenhum testículo
• Monorquidismo: apenas 1 testículo se forma X Anorquidismo: nenhum testículo é
formado
• Criptorquidismo
• Trata-se de uma deficiência no descenso testicular (de um ou ambos os
testículos)
• Os testículos são formados normalmente na região mesonéfrica adjacente aos
rins no feto, porém não ocorre seu deslocamento correto para a bolsa escrotal
• Portanto o criptorquidismo trata-se de um distúrbio na migração do testículo,
ficando alojado em outro local do organismo (por exemplo dentro da cavidade
abdominal)
• No criptorquidismo, o testículo não é palpável (diferentemente do testículo
ectópico, que é possível de palpar o testículo deslocado)
• Criptorquidismo verdadeiro: o animal possui ambos os testículos formados,
mas um deles está fora do lugar
• Pseudocriptorquidismo: o animal possui apenas 1 testículo (o outro não existe),
sendo então um caso de monorquidismo
• Poliorquidismo
• Anomalia na qual há formação de mais de 2 testículos (normalmente um segundo
testículo surge adjacente ao testículo “principal” daquele lado)
• Incidência maior no suíno
• Testículos ectópicos
• É uma condição em que os testículos se alojam em locais do corpo que não
sejam a bolsa escrotal, normalmente ficando no subcutâneo do abdômen
• Nessa condição é possível de palpar os testículos fora do lugar (diferente do
criptorquidismo, em que o testículo normalmente está alojado dentro da cavidade
abdominal e não pode ser acessado a não ser via cirurgia)
• A ectopia testicular é um problema mais frequente em cães
• O testículo ectópico tem alta incidência de Sertolioma
• Além disso é comum que o testículo ectópico aumente de volume e/ou sofra
torções, o que pode levar o animal a um quadro e choque e óbito
• Por conta das possibilidades de complicações à vida do animal, o tratamento
para essa condição é a abordagem cirúrgica para remoção testicular
(orquiectomia)
• OBS: andrologia equina no que diz respeito às patologias testiculares é muito complexo no
Brasil
• Não há nenhuma seleção genética para fertilidade nas raças equinas
• Além disso, há pouca literatura a respeito de deiscência testicular e anomalia
testiculares na espécie (principalmente nas raças do sul de Minas)
• O tempo para deiscência testicular nos equinos varia muito entre as raças equinas
• Existem linhagens em que a descida testicular ocorre aos 2 anos, enquanto outras
são muito mais tardias
• Portanto é necessário muito cuidado ao examinar equinos para não se dar falsos
diagnósticos de anomalias e patologias testiculares
• Métodos para o estudo da espermatogênese
• A estimativa do número de espermatogônias existentes nos túbulos seminíferos
permite que se estime matematicamente a quantidade de espermatozóides que
podem ser produzidos a partir da linhagem de espermatogônias existente
• Fórmula X=2n
• Essa fórmula permite calcular teoricamente o número X total (estimado) de
células derivadas de uma célula mãe
• n = número de divisões celulares que ocorre durante o processo da
espermatogênese
• No caso da imagem abaixo, ocorrem 12 divisões celulares; portanto 212 = 4096

47

• OBS: essa fórmula é uma estimativa meramente teórica, pois podem ocorrer
diversos eventos no meio do processo que reduzam a quantidade real de células
geradas pela espermatogênese (como apoptose celular programada, estresse,
etc)
• Um dos grandes problemas para avaliar a fertilidade em análises de sêmen é a
concentração espermática, portanto essa fórmula é importante para que se possa
ter uma noção geral de qual o potencial de produção de espermatozóides que
aquele animal tem
• Análise histológica da puberdade e desenvolvimento sexual
• No desenvolvimento fetal (logo após a organogênese do testículo): observa-se
histologicamente apenas o cordão sexual primário; cordões sólidos constituídos
de células de Sértoli e células de Leydig fora do túbulo seminífero; não há células
da linhagem espermatogênica diferenciadas
• À medida que o animal se aproxima da puberdade: observa-se uma maior
variedade de núcleos celulares diferenciados; há pequenos espaços em
formação, correspondentes ao início da abertura do lume dos túbulos
seminíferos; a abertura do lume dos túbulos seminíferos é característico do início
da puberdade, e se iniciam as multiplicações celulares
• Ao atingir de fato a puberdade: observa-se lume dos túbulos seminíferos bem
desenvolvido; epitélio mais alto e com diferentes núcleos de espermatócitos em
diferentes estágio; a característica da puberdade é que começam a surgir os
primeiros espermatozóides no ejaculado
• Análise da proporção volumétrica dos componentes estruturais do testículo
• Pode ser feita tanto manualmente na microscopia quanto por softwares
• Os softwares fornecem imagens tridimensionais que permitem uma análise mais
aplicada da função testicular
• Já a técnica manual é feita por meio da análise microscópica do parênquima
testicular com retículos nas oculares dos microscópios

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• Esses retículos formam pequenos quadrados no campo do microscópio, e deve-


se registrar as células existentes em cada ponto em que as linhas dos quadrados
se cruzam
• Conta-se 500 pontos por cada campo do microscópio, e a partir disso faz-se uma
relação da quantidade de células que estão compondo o parênquima testicular
daquele animal
• Análise do diâmetro dos túbulos e altura do epitélio seminífero
• Essas análises são feitas por medição na própria microscopia da lâmina do
epitélio seminífero
• Essa análise é importante pois uma das características da puberdade é a altura
do epitélio seminífero em relação ao diâmetro do túbulo
• Quantificação da espermatogênese
• Índice de células de Sértoli: é a razão existente entre essas células e o nu1mero
de espermatozóides arredondados no estágio 1 do ciclo do epitélio seminífero; é
considerado o melhor indicativo da eficiência funcional dessas células
• É possível mensurar de maneiras diretas e indiretas a eficiência reprodutiva dos
machos
• Degeneração testicular
• Patologia degenerativa do testículo de etiologia variada
• É um processo limitante da fertilidade, porém é um processo adquirido (e que,
portanto, dependendo do grau, pode ser revertido)
• Tipos
• Unilateral (diagnóstico facilitado) ou bilateral (diagnóstico mais difícil,
especialmente ainda no começo do quadro)
• Focal (se for uma degeneração focal pequena, o diagnóstico é dificultado) ou
difusa
• Principalmente devido à altas temperaturas no Brasil!
• O testículo é altamente sensível a variações de temperatura
• A elevação da temperatura do testículo acima do normal pode levar à produção
de células patológicas e redução da concentração espermática
• Características
• No exame clínico: a principal característica inicial da degeneração é o aumento
da flacidez testicular (exceto nos casos graves, em que ocorre rigidez testicular
ao invés de flacidez)
• Na histopatologia testicular: a altura do epitélio seminífero fica muito baixa em
relação ao diâmetro do lume
• Na análise do sêmen: baixa concentração de espermatozóides no sêmen; em
casos graves pode haver presença de células gigantes no ejaculado (pois o
grau intenso de degeneração do epitélio seminífero faz com que as células basais
de núcleo grande fiquem mais próximas do lume do túbulo e eventualmente
sejam ejaculadas)
• Na ultrassonografia: aparecem áreas hiperecogênicas entremeadas no
parênquima testicular (que deveria ser isoecogênico)
• Causas
• Calor ou frio intensos
• Radiação (RX)
• Ultrassom (excesso de ultrassonografias, principalmente em camundongos)
• Deficiências nutricionais
• Idade
• Lesões traumáticas
• Orquite e periorquite
• Infecções bacterianas (principalmente Brucelose)
• Infecções virais (principalmente IBR e BVD)
• Orquite granulomatosa de etiologia indeterminada
• Graus de degeneração
• Leve (1): prognóstico favorável; se for removido o fator estressante que causou a
degeneração, o animal pode retornar à sua produção espermática normal
• Moderado (2): prognóstico reservado

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• Grave (3): prognóstico desfavorável; nessa degeneração, há intensa proliferação


de tecido conjuntivo, os testículos reduzem de tamanho e a consistência fica
excessivamente rígida
• Em centrais de reprodução, quando se observa que a produção espermática está
caindo e nota-se grau leve de degeneração, pode-se fazer duchas frias no testículo
na tentativa de retornar ao conforto térmico e reverter o quadro
• A degeneração pode acometer também o tecido intersticial, o que leva a prejuízo na
produção de testosterona (além da disfunção na produção espermática)
• Hipoplasia testicular
• É um processo patológico genético (diferentemente da degeneração, que é
adquirida)
• Proveniente de um gene autossômico recessivo (só se manifesta em homozigose,
porém o reprodutor heterozigoto é capaz de transmitir essa característica) de
penetrância incompleta no rebanho
• Pode ser uni ou bilateral, total ou parcial
• Hipoplasia total: túbulos seminíferos apresentam apenas células de sustentação
(células de Sértoli); o animal é infértil
• Hipoplasia parcial: alguns túbulos não apresentam células germinativas, e os outros
apresentam vários graus da espermatogênese; o animal é subfértil (e pode
transmitir o gene recessivo para sua descendência, por isso deve ser retirado da
reprodução)
• Características
• Assimetria intensa entre os testículos na hipoplasia unilateral
• Concentração baixíssima de espermatozóides no ejaculado
• Espermatozóides com baixa motilidade e elevados índices de patologias
espermáticas
• Ocorre espermatogênese imperfeita
• Na histologia percebe-se deficiência de células da linhagem germinativa
(eventualmente nota-se apenas a presença de células de sustentação)
• É difícil de diferenciar a hipoplasia da degeneração testicular apenas pela análise
espermática
• A hipoplasia testicular pode ser considerada um tipo de disgenesia gonadal
• Pode ocorrer por alterações numéricas cromossômicas (como síndrome de
Kleinefelter)
• Pode ocorrer por Translocação Robertsoniana (envolve o par cromossômico 1 e
29 na ovelha)
• Neoplasias testiculares
• Maior frequência em pequenos animais
• Leydigocitoma (tumor de células intersticiais)
• No cão: aumento da produção de andrógenos (devido ao acometimento das
células de Leydig pelo tumor) e da produção de estrógenos (pelas células de
Sertoli, num mecanismo compensatório em relação ao excesso de andróginos
produzidos)
• No touro: concentração baixa de espermatozóides no sêmen e patologias
espermáticas elevadas; a incidência desse tipo de tumor em touros é muito baixa
• Seminoma (tumor de células germinativas)
• Mais frequente no cão
• A célula mais comum de ser acometida é a espermatogônia
• O principal sintoma é um aumento de volume da gônada afetada
• Sertolioma (tumor de células de Sertoli)
• Mais frequente no cão
• Tem maior ocorrência em testículos localizados na cavidade abdominal
• ATENÇÃO: no cão o testículo já deve estar na bolsa escrotal aos 45 dias (espera-
se no máximo até 180 dias); se o testículo não desceu depois disso, deve-se
fazer laparotomia para castrar
• Devido à produção exacerbada de estrógeno, ocorre feminilização e tentativa dos
outros machos de cobrirem o animal acometido
• Alopecia característica no abdômen

50

O ESPERMATOZÓIDE

• ATENÇÃO: Limites, defeitos e quando se pode admitir esses limites no sêmen comercializado
(segundo o professor essa questão vai OBRIGATORIAMENTE CAIR na prova)
• Pleiomorfismo da célula espermática
• A diversidade existente de espermatozóides entre as espécies é imensa
• As estratégias de reprodução dos animais foram mudando ao longo da evolução das
espécies
• Os espermatozóides possuem grande diversidade estrutural e morfológica
• Isso implica que deve-se calibrar corretamente o aparelho ao analisar o sêmen de cada
espécie (devido às grandes diferenças entre os espermatozóides de cada espécie)
• O espermatozóide do cavalo é muito pequeno, elíptico e difícil de ser analisado e
manipulado (diferentemente do espermatozóide do touro, que é maior e melhor
visualizado)
• Técnicas de microscopia especiais para avaliação dos espermatozoides
• As colorações auxiliam a identificar morfologia normal ou possíveis patologias
• Coloração de esfregaços
• Coloração de Williams: ideal para avaliar espermatozóide bovino (além da
coloração vermelho “cromo”?)
• Coloração de Carras: ideal para avaliar espermatozóide equino
• Técnica de interferência de fase
• Esfregaço para microscopia de luz
• Preparação úmida
• Fornece uma aparência tridimensional
• Permite avaliar membrana e estruturas sem usar coloração
• Fluorocromos (sondas fluorescentes)
• Boa para ver integridade de acrossomo (dá uma noção melhor das possíveis lesões)
• OBS: não existem limites máximos de defeitos quando são usados os fluorocromos
• Coloração fluorescente de vivos e mortos: verde tá vivo e laranja tá morto
• Técnica de cometa: corrida do espermatozoide em gel de agarose (como uma
eletroforese); fragmentos quebrados do DNA (quando o DNA esta degenerado)
formam uma imagem de cauda de cometa, permitindo a avaliação da integridade do
DNA
• Citometria de fluxo
• Avalia subpopulações espermáticas por absorção de comprimentos de onda,
fornecendo analises altamente precisas de subpopulações celulares no ejaculado
• Diferenças das características físicas do ejaculado entre as espécies
• Aves e ruminantes têm uma concentração elevada de espermatozoides em relação
as outras espécies
• Nos ruminantes a cópula é intra-vaginal (pré-uterina) e nas aves é na cloaca
• Não há penetração uterina (como ocorre no garanhão e nas demais espécies)
• Por isso a concentração de espermatozoides é maior em ruminantes e aves, para
garantir maiores chances de fertilização
• Além disso a intensidade (velocidade) de movimento do espermatozóide dessas
espécies é muito alta = motilidade em massa (turbilhonamento)
• Garanhão e cão têm concentração espermático mais baixa, pois a deposição do
esperma é em local mais interno (mais proximal ao útero)
• O estresse oxidativo é a principal causa de problemas de fertilidade na espécie humano, que
causa desintegração e degeneração do DNA
• ESTRUTURA DO ESPERMATOZÓIDE
• Estrutura básica: cabeça e cauda

51

• Fossa de implantação
• Ponto de união do centríolo entre a cauda e a cabeça
• Deve estar alinhada com o eixo longitudinal da cabeça (se ela estiver torta, o centro
de gravidade da célula muda e a motilidade fica comprometida)
• CABEÇA
• Região acrossomal
• Segmento apical (crista): no garanhão e no cão ocorre edema desse segmento
durante o congelamento, o que diminui a fertilidade do espermatozoide
• Segmento principal
• Segmento equatorial: primeiro local onde ocorre a reação de adesão ao oócito
na fertilização, pois é onde existem os epítopos para identificar a membrana do
oócito (reconhecimento imunológico)
• Região pós acrossomal

• O DNA do espermatozóide é altamente compactado e preenche praticamente toda a


cabeça do espermatozóide (praticamente não tem citoplasma)
• O DNA aparece como regiões escuras na ME de varredura, pois é eletrodenso
• ACROSSOMO
• Vesícula derivada do aparelho de Golgi (o que implica que ele é composto de
uma membrana interna e uma externa)
• A membrana do acrossomo possui enzimas (principalmente hialuronidase e
acrozima) que são fundamentais para que ocorra a penetração do oócito
• Qualquer defeito no acrossomo é classificado como “defeito maior” porque
prejudica gravemente o processo de fertilização
• Durante o processamento do sêmen, o acrossomo é a membrana mais perecível
(lesionável)
• PEÇA INTERMEDIÁRIA
52

• A bainha de mitocôndrias é a sede de processos oxidativos e anaeróbios


necessários à motilidade do espermatozóide
• Qualquer lesão na bainha de mitocôndrias é um defeito de alta relevância para a
viabilidade dos espermatozóides
• Existe sonda fluorescente JC1 para avaliar especificamente atividade metabólica
da bainha de mitocôndrias da peca intermediária (se ficar vermelho indica alta
atividade metabólica do espermatozóide)

• As bainhas de mitocôndrias se posicionam de forma espiralada em torno das colunas


de fibras densas da peça intermediária


• 1 par de microtúbulos central, rodeado por 9 pares de microtúbulos radiais
• Cada coluna de fibras densas está associada a 1 par de microtúbulos radiais, e todo
esse conjunto está rodeado por conjuntos de mitocôndrias

53

• A bainha de mitocôndrias fica disposta de forma espiralada em volta das colunas de


fibras densas
• PEÇA PRINCIPAL (CAUDA)
• Axonema
• Termo que se refere ao citoesqueleto do espermatozóide
• É a estrutura de microtúbulos e fibras densas compreendida desde o início da
peça intermediária e se prolonga pela cauda do espermatozóide
• Na peça intermediária e na peça principal há a presença das colunas de fibras
densas associadas aos 9 pares de microtúbulos radiais
• Já na peça terminal não há presença das colunas de fibras densas, há
apenas os pares de microtúbulos

• Estrutura do axonema
• Normalmente os pares de microtúbulos radiais ficam separados um do outro
• Para que ocorra a motilidade, os pares de microtúbulos se unem através dos
braços de dineína (internos e externos)
• A DINEÍNA é uma proteína estrutural com alta atividade ATPase (degradação de
ATP), e gasta grandes quantidades de ATP para unir os microtúbulos
• Quando o flagelo vai começar a se movimentar, os pares de microtúbulos radiais
se unem aos pares adjacentes
• A NEXINA é outra proteína estrutural que também auxilia a fixar os pares de
microtúbulos por meio de uma conexão estrutural dos braços de dineína (mas no
momento do batimento flagelar a dineína ainda é mais importante que a nexina)
• BRAÇOS (PEDÚNCULOS) RADIAIS são as estruturas que unem o par de
microtúbulos radiais ao par central
• Teoria do deslizamento
• No momento da motilidade, os braços de dineína conectam os pares de
microtúbulos radiais entre si (que antes estavam separados)
• Cada par de microtúbulos radiais está associado a uma coluna de fibra densa, e
para ocorrer a motilidade as colunas de fibras densas deslizam entre os
braços de dineína
• Por outro lado, os braços radiais promovem uma força de resistência
contrária ao deslizamento das colunas
• A associação entre o deslizamento das colunas (subfibras A e B) e a resistência
promovida pelos braços radiais é o que resulta na dobra da cauda do
espermatozóide, que caracteriza o movimento de batimento flagelar
• Movimento retilíneo progressivo uniforme
54

• Movimento que ocorre em uma determinada direção, em um único sentido e com


uniformidade
• O espermatozóide é considerado uma célula móvel apenas quando apresenta
esse movimento
• Esse movimento do tipo retilíneo progressivo uniforme é ocasionado pela
movimentação helicoidal da cauda do espermatozóide
• OBS: depois da hiperativação do espermatozóide no aparelho reprodutor
feminino, ele passa a se movimentar com outro padrão e com maior intensidade

• Síndrome de Kartagener e a motilidade espermática


• Acomete cães (raro na espécie humana também)
• Nessa síndrome, todas as estruturas ciliares do organismo ficam prejudicadas
incluindo as estruturas que compõem o axonema do espermatozóide
• Na síndrome parcial, há ausência do braço externo ou interno da dineína
• Na síndrome total, ambos os braços de dineína ficam ausentes, então todos os
espermatozóides ficam patológicos e sem mobilidade
• Além dos problemas de fertilidade, o animal apresenta sintomas respiratórios,
cardiopatia do lado direito e hepatopatia do lado esquerdo
• ESPERMATOGÊNESE
• No mínimo são feitos 2 exames para avaliar a qualidade do reprodutor, antes de se poder
descartá-lo ou não
• Deve-se esperar 60 dias para repetir o exame andrológico, pois a base fisiológica de
duração da espermatogênese são 60 dias
• 45 dias de espermatocitogênese
• 3 a 4 dias de espermiogênese
• 12 a 14 dias de trânsito epididimário
• Necessário 60 dias pois se houver algum problema de estresse que levou o primeiro
exame de sêmen a ter concentração espermática baixa, esse tempo é suficiente para
que o animal tenha recuperação da produção de espermatozóides e regulação da
espermatogênese normal
• A espermatogênese é a sequência de eventos por meio da qual o gonócito primordial
(espermatogônia primordial) dá origem aos espermatozóides
• Quanto menos diferenciadas as células, mais próximas elas estão da membrana basal; à
medida que se dividem, elas vão se aproximando da luz do túbulo seminífero
• Etapas da espermatogênese
• Espermatocitogênese
• Etapa em que há divisão celular (meiose reducional)
• Dura 45 dias no touro e no garanhão
• Considerada até a segunda meiose (até chegar em estágio de espermátide
arredondada)

55

• Primeiro ocorrem proliferações por mitose


• Nos espermatócitos primários ocorre duplicação de DNA e não há redução
• Quando ocorre a primeira divisão, os espermatócitos secundários ainda são
diplóides (2N)
• Aí ocorre uma divisão reducional sem duplicação de DNA, resultando nas
espermátides arredondadas (que são haplóides = N)
• As espermátides arredondadas são as primeiras células haplóides na
espermatogênese
• Espermiogênese
• Etapa em que há apenas diferenciação metamórfica das espermátides (e não
mais diferenciação celular)
• Dura 3 a 4 dias no touro
• A partir daqui as espermátides já são haplóides e não fazem mais divisão celular,
só se diferenciam
• Ocorre diferenciação das espermátides arredondadas em espermátides
alongadas, e depois de espermátide alongada em espermatozóide
• No touro, ocorrem 14 fases na espermiogênese, de acordo com as modificações
estruturais que vão ocorrendo nas espermátides (essa quantidade de fases varia
entre as espécies)
• Espermiação
• Lançamento em grupos dos espermatozóides na luz do túbulo seminífero
• Na sua estrutura há a presença da gota citoplasmática proximal

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• Ciclo do epitélio seminífero (CES)


• É um CONCEITO CRONOLÓGICO (temporal) envolvendo a evolução de
associações celulares típicas durante a espermatogênese
• Existem diversos tipos celulares em diferentes graus de desenvolvimento convivendo
conjuntamente em cada área do epitélio do túbulo seminífero
• As associações celulares típicas (associações entre os tipos de células) são sempre
as mesmas em cada estágio do túbulo seminífero
• As associações de cada estágio são fixas para cada espécie
• No touro são 12 tipos de associações celulares (no camundongo são 8)
• Portanto, o conceito de ciclo do epitélio seminífero define o tempo necessário
para que a onda espermatogênica percorra do estágio 1 ao estágio 12 (no touro)

• Os estágios são descritos em algarismos romanos


• Em determinado segmento do túbulo seminífero, ocorre o estágio I (com sua
associação celular característica)
• No segmento seguinte ocorre o estágio II, no segmento posterior ocorre o estágio III
e assim sucessivamente até o XII
• No touro e no garanhão, o ciclo do epitélio seminífero inteiro (para ir do estágio I ao
estágio XII leva 13,5 dias)
• Onda espermatogênica
• É um CONCEITO TOPOLÓGICO (espacial) dos estágios do ciclo seminífero dentro
do túbulo
• A organização espacial dos estágios do ciclo no túbulo seminífero é determinada
onda espermatogênica
• A característica da onda é que essa organização é sempre sequencial (e não
aleatória)
• Ou seja, cada segmento do túbulo vai ser sucedido pelo número seguinte (sempre na
ordem numérica 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11 e 12, nunca pular de um número para
outro aleatório)

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• Local de inversão: eventualmente pode ocorrer determinado local onde um estágio


anterior se repete posterior ao seu estágio seguinte (por exemplo: ordem 1, 2, 3, 4, 3)
• Área de modulação: área que ficou com a ordem alterada após o local de inversão

• Associações celulares no ciclo do epitélio seminífero do touro


• Estágio I (circulado de vermelho)
• Espermatogônia A (verde)
• Espermatogônia intermediária (amarelo)
• Paquíteno em fase 3 (branco)
• Espermátide arredondada na 1ª fase da diferenciação (roxo)
• Espermatozóide quase formado em estágio 13 da espermiogênese (azul)
• E assim por diante, ao longo dos 12 estágios do ciclo do epitélio…

58

• Essa tabela mostra as mesmas informações da imagem anterior, mas a vantagem é


que pode ser lida tanto na vertical quanto na horizontal
• Com base nessa tabela do touro, pode ser observado que só nos estágios IV, V e VI
é que vai ter associação com espermatozóides formados (nos outros estágios não
tem)
• A cronologia deve sempre ser associada às variações espaciais! Por isso ambos os
conceitos (de ciclo e de onda) existem

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PATOLOGIA ESPERMÁTICA

• Métodos de colheita do sêmen


• Vagina artificial
• Método de eleição para coleta, pois fornece um ejaculado mais puro e mais próximo
possível do natural
• É possível em animais que sejam mansos e condicionados
• A limitação desse método é em animais agressivos e animais selvagens
• Eletroejaculação
• Método que pode ser utilizado em animais agressivos e animais selvagens (que não
aceitam a manipulação peniana)
• Bom para bovinos e pequenos ruminantes
• Também é útil para cães, especial em diabéticos (que não possuem ereção)
• Consiste em emitir impulsos elétricos de baixa tensão para simular os impulsos
nervosos que levam à ejaculação
• A limitação desse método em cães e na espécie humana é que normalmente ocorre
contaminação com a urina
• Para esse método funcionar em lobo-guará (que é cão porém é silvestre), deve-
se primeiro passar um catéter urinário para esvaziar a bexiga e depois proceder
para a coleta do sêmen
• Como a eletroejaculação estimula muito as glândulas vesiculares, normalmente na
análise física não ocorre o turbilhonamento (pois o sêmen sai muito diluído em fluido
das glândulas vesiculares)
• Massagem das ampolas dos ductos deferentes
• Técnica usada para touros mais arredios (principalmente aqueles que não se
adaptam ao método da eletroejaculação)
• Fornece um ejaculado com volume e concentração espermática mais baixos que o
ejaculado natural da espécie
• Particularidades do garanhão
• O cavalo NÃO responde bem ao método de eletroejaculação!
• Nos cavalos deve ser feito o método da vagina artificial ou indução farmacológica da
ejaculação
• Devem ser coletados 2 ejaculados no garanhão (2 coletas com no mínimo 1 hora de
diferença entre elas)
• ANÁLISE DO SÊMEN
• Características físicas
• Volume
• Gel
• Garanhão e varrão possuem grande quantidade de gel
• O gel deve ser separado da amostra de sêmen (filtrado) e mensurado
• Deve-se levar um filtro especial na coleta de sêmen dessas espécies, pois se o
gel for mantido em contato com a amostra, ele entope os pipetadores e ponteiras,
impedindo a deposição nas paletas para congelamento
• Turbilhonamento
• Motilidade em massa
• Avaliada sem lamínula e no menor aumento do microscópio
• Escalada de 0 a 5
• 2 características necessárias para que haja turbilhonamento: concentração
elevada de células e vigor intenso
• Essas 2 características necessárias ao turbilhonamento são prejudicadas quando
o método de coleta é por eletroejaculação
• É um dos critérios de avaliação de aspectos cinéticos do sêmen
• Motilidade individual
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• Avalia o percentual (%) de células móveis presentes no ejaculado analisado


• Escalada em %
• A amostra deve ser diluída para poder avaliar a motilidade individual, pois se
estiver concentrado fica difícil a visualização
• A motilidade pode ser avaliada por análise computadorizada (o que facilita o
processo)
• No percentual de motilidade individual avalia apenas motilidade progressiva
retilínea uniforme (se o espermatozóide está com movimento errático/patológico
ele é considerado célula imóvel)
• É um dos critérios de avaliação de aspectos cinéticos do sêmen
• Vigor
• Intensidade de movimentação das células móveis
• Escalado de 0 a 5
• Se for avaliado por análise computadorizada, o programa já fornece a velocidade
das células em micrômetros
• É um dos critérios de avaliação de aspectos cinéticos do sêmen
• Concentração
• A amostra de sêmen é diluída em uma substância específica e enviada ao
laboratório, para avaliar a concentração espermática em câmara de NewBawer
• Padrões de motilidade
• Touros em monta natural (touro de campo)
• Motilidade progressiva: 70%
• Vigor: 3
• Turbilhonamento: 3 (OBS: sempre considerar o método de coleta utilizado; se for
feita eletroejaculação normalmente o turbilhão é pequeno ou inexistente)
• Doadores de centrais (sêmen congelado)
• Volume da dose: mais de 0,25ml
• Motilidade progressiva: mínimo de 30% para que o sêmen possa ser
comercializado (é menor que do touro de campo porque muitas células morrem
ou têm sua motilidade prejudicada pelo congelamento)
• Vigor: 3
• Turbilhonamento: sêmen congelado NÃO TEM turbilhonamento
• Análise de características morfológicas em laboratório
• Esfregaço
• Preparação de 2 lâminas
• Microscopia de luz convencional
• Aumento de 1000x a 2000x
• Analisados DEFEITOS DE FORMA (por exemplo formato anormal)
• Preparação úmida
• Preparação do ejaculado em 480 µL de formol-salina (até ele ficar turvo)
• Microscopia de contraste de fase ou interferência
• Analisados DEFEITOS ESTRUTURAIS (por exemplo lesão no acrossomo, defeito
na bainha de mitocôndrias, defeito de cauda, defeito de membrana, etc)
• CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE ASPECTOS MORFOLÓGICOS DO SÊMEN
• Classificações
• Classificação de Blom
• A classificação dos defeitos é feita de acordo com o prejuízo que esses defeitos
causam na capacidade fertilizante do espermatozóides
• Defeitos maiores
• Defeitos menores
• Defeitos totais
• Classificação baseada em percentual de células normais e patológicas
• Na veterinária, o animal é considerado fértil quando apresentar pelo menos 70%
de células normais (no máximo 30% de patológicas apenas)
• No ser humano, é aceitado 15% de normalidade e 85% de patológicas
• Defeitos de forma
• Maiores
• Subdesenvolvimento
• Cabeça isolada patológica
• Estreito na base
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• Piriforme
• Pequeno anormal
• Contorno anormal
• Formas teratológicas
• Menores
• Cabeça delgada
• Pequeno normal
• Gigantes, curtos e largos
• Abaxial, retroaxial e oblíquo
• Defeitos de estrutura
• Maiores
• Acrossoma
• Gota citoplasmática proximal
• Pouch formation
• Peça intermediária em sacarrolha
• Pseudogota
• Outros defeitos de peça intermediária
• Cauda fortemente dobrada ou enrolada
• Menores
• Acrossoma desprendido
• Gota citoplasmática distal
• Causa dobrada (incluindo gota anexa)
• Cauda enrolada
• Cabeça isolada normal
• Outros elementos avaliados da análise do sêmen
• Medusas
• Células primordiais
• Células gigantes
• Leucócitos
• Hemácias
• Células epiteliais
• DIRETRIZES PARA ANÁLISE E LIMITES DE PATOLOGIAS
• Tabela de limites para BOVINOS
DEFEITOS INDIVIDUAIS TOTAIS TOTAL DE DEFEITOS
Sêmen
6 milhões (importado) 10 milhões (brasileiro)
Maiores 5% 20%
20% 30%
Menores 10% 20%
Máximo de defeitos maiores 10% 20%
Defeitos de acrossoma em contraste de fase 20% 20%
Motilidade Vigor Turbilhonamento Após Teste de Termo Resistência
Sêmen in natura 70% 3 3 ——
Sêmen congelado 30% 3 —— 15% de motilidade

OBS: Padrões para comercialização


6 milhões X 10 milhões
O sêmen produzido no Brasil deve ter pelo menos 10 milhões de espermatozóides
viáveis em cada dose inseminante
Já o sêmen importado (produzido no exterior) deve ter pelo menos 6 milhões de
espermatozóides viáveis em cada dose inseminante
Teste de Termo Resistência (TTR)
É um tipo de teste complementar feito no sêmen congelado
Deve-se colocar o sêmen congelado numa estufa a 38ºC por 5 horas
Após essas 5 horas, examina-se o sêmen novamente
Na análise após o TTR, o sêmen deve ter 15% de motilidade 62

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