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Valores e vectores próprios Ficha 2 - Exercı́cios

Valores e vectores próprios: forma canónica de Jordan:

1. Prove que, se uma matriz A ∈ Mn×n (C) é diagonalizável, então o Teorema da Decom-
posição de Jordan fornece o mesmo resultado do Teorema 1.42.

2. Conhecendo a forma canónica de Jordan de uma matriz A ∈ Mn×n (C), determine a


forma canónica de Jordan de A − λ0 In , para λ0 ∈ C.

3. Para cada uma das matrizes A nos pontos (i)-(ix) abaixo, responda às seguintes alı́neas

(a) Determine os valores próprios de A e as suas multiplicidades algébrica e geométrica.


(b) Determine os seus espaços próprios e espaços próprios generalizados.
(c) Escreva uma forma canónica de Jordan de A.
(d) Determine uma matriz de semelhança correspondente à forma canónica de Jordan
de A que escreveu na alı́nea anterior.
   
  5 −9 −4 4 1 1
11 4
(i) , (ii)  6 −11 −5 , (iii) −2 1 −2 ,
−4 3
−7 13 6 1 1 4
   
3 1 0 0 5 1 −1 −1
0 2 1 0  1 5 −1 −1
(iv)  0
, (v)  1 1 3 −1 ,

0 2 1
−1 −1 −1 1 1 1 −1 3
 
  1 −1 0 −1 0
4 1 1 1 2 −2 0 −1 0 
−1 2 −1 −1  
(vi)    , (vii) 1 −1 −1 0 0 ,
6 1 −1 −1 
2 −1 0 −2 0 

6 −1 4 2
2 −1 0 −1 −1
   
−3 1 0 0 0 0 3 6 1 1 0 0
−3 0 1 0 0 0  0 0 4 0 1 0
   
−1 0 0 0 0 0  −1 −2 −3 0 0 1
(viii) 
 , (ix)  0
  .
 0 0 0 0 0 −1   0 0 3 6 1 

 0 0 0 1 0 −3 0 0 0 0 0 4
0 0 0 0 1 −3 0 0 0 −1 −2 −3

4. Para cada uma das matrizes A no Exercı́cio 3, determine o polinómio caracterı́stico, pA ,


o polinómio mı́nimo, µA , e verifique que este é um divisor daquele.

5. Determine uma condição necessária e suficiente sobre A ∈ Mn×n (C) para que os polinómios
caracterı́stico e mı́nimo de A coincidam.

21003 - Álgebra Linear II 1


6. Uma matriz N diz-se nilpotente se existir um número natural k tal que N k = 0.

(a) Mostre que qualquer célula elementar de Jordan é nilpotente.


(b) Prove que uma matriz N é nilpotente se e só se todos os seus valores próprios são
nulos.

7.(a) Seja D uma matriz diagonal por blocos D = diag(D1 , D2 , . . . , Dd ). Seja k ∈ N arbitrário.
Mostre que D k é também diagonal por blocos e D k = diag(D1k , D2k , . . . , Ddk ).

(b) Seja A, P ∈ Mn×n (C) arbitrárias, com P invertı́vel. Mostre que ∀k ∈ N, (P −1AP )k =
P −1 Ak P .

(c) Seja J um bloco de Jordan. Calcule J k , onde k é um qualquer natural.

(d) Calcule A100 para as matrizes A no Exercı́cio 3.(ii) e 3.(vii).

2 FPC
Valores e vectores próprios Ficha 2 - Soluções

1. Seja A ∈ Mn×n (C) uma matriz diagonalizável. Portanto, é semelhante a uma matriz
diagonal tendo na diagonal principal os valores próprios de A repetidos de acordo com
as respetivas multiplicidades algébricas.POu seja, sendo λi os distintos valores próprios
da matriz A, tem-se ma(λi ) = mg(λi ), i ma(λi ) = n, e A é semelhante a uma matriz
diagonal com os λi na diagonal principal.
Aplicando agora o Teorema de Decomposição de Jordan a A, podemos afirmar que A é
semelhante a uma matriz diagonal por blocos J = diag(J (1) , . . . , J (k) ), sendo que cada
bloco J (j) tem um único valor próprio λj e a dimensão do bloco é igual a ma(λj ). Sabemos
também pelo Teorema de Decomposição de Jordan que J (j) é diagonal por blocos, com
o número de blocos igual a mg(λj ). Mas como mg(λj ) = ma(λj ), e ma(λj ) é igual à
dimensão de J (j) , isto implica que todos os seus mg(λj ) blocos diagonais têm de ter
dimensão igual a 1. Ou seja, J (j) é uma matriz diagonal. Como isto se passa para todos
os blocos de J conclui-se que J é uma matriz diagonal constituida pelos valores próprios
de A (repetidos tantas vezes quanto as respetivas multiplicidades algébricas). Mas isto
é exatamente o que já sabiamos a partir do Teorema 1.42 (e que foi referido no inı́cio
desta resolução).

2. Sendo J uma forma canónica de Jordan de A tem-se AP = P J para alguma matriz


invertı́vel P . na posse de apenas esta informação e pretendendo obter uma forma de
Jordan para A − λ0 In faz sentido tentar ver qual o efeito da matriz P sobre A − λ0 In já
que sabemos que o produto de matrizes é distributivo relativamente à adição:

(A − λ0 In )P = AP − λ0 In P
= P J − P λ 0 In
= P (J − λ0 In ).

Agora observe-se que se J é uma forma canónica de Jordan, então J − λ0 In também o é,
pois continua a ser uma matriz diagonal por blocos, em que todos os blocos são os blocos
de Jordan de J com a única diferença que na diagonal principal o valor que existia em
J vem agora subtraı́do de λ0 .
Portanto, sendo J uma forma canónica de Jordan de A, uma forma canónica de Jordan
de A − λ0 In é J − λ0 In .
 
11 4
3.(i) Seja A = . Os valores próprios são as raı́zes do polinómio caracterı́stico
−4 3
 
11 − λ 4
pA (λ) = det = (11 − λ)(3 − λ) + 16 = λ2 − 14λ + 49 = (λ − 7)2 .
−4 3−λ

Conclui-se, portanto, que λ = 7 é um zero duplo (ou seja, com ma(7) = 2) de pA . Os


vetores próprios de A correspondentes a este valor próprio são os elementos de N (A−7I2 ),
ou seja, são os vetores (u1 , u2 ) tais que
    
4 4 u1 0
= ⇔ 4u1 + 4u2 = 0 ⇔ u2 = −u1
−4 −4 u2 0

21003 - Álgebra Linear II 3


ou seja, N (A − 7I2 ) = h(1, −1)i. Portanto mg(7) = 1.
O espaço próprio de A correspondente ao valor próprio 7 já foi calculado: E7 = N (A −
7I2 ) = h(1, −1)i. O espaço próprio generalizado é N (A − 7I2 )2 . Como, neste caso, a
matriz tem dimensão 2 é evidente, mesmo sem fazer cálculos, que N (A − 7I2 )2 = C2 .
De facto, calculando conclui-se que (A − 7I2 )2 = O e portanto N (A − 7I2 )2 = C2 .
 
7 1
Pelo que já vimos, a forma canónica de Jordan semelhante a A é J = .
0 7
Como só existe um vetor próprio de A linearmente independente, a cadeia de Jordan
baseada neste vetor próprio é facilmente calculada:
    
4 4 v1 1 1
= ⇔ 4v1 + 4v2 = 1 ⇔ v2 = − v1 ,
−4 −4 v2 −1 4

e escolhendo v1 = 0 tem-se o vetor próprio generalizado (0, 41 ), pelo que uma matriz de
1 0
semelhança é P = .
−1 14
 
1 0
Embora não seja pedido no enunciado, é fácil verificar que P = −1
e que
4 4
        
1 0 11 4 1 0 1 0 7 1 7 1
P AP =
−1
= = = J.
4 4 −4 3 −1 14 4 4 −7 43 0 7
 
5 −9 −4
3.(ii) Seja A =  6 −11 −5 . Os valores próprios são as raı́zes do polinómio caracterı́stico
−7 13 6
 
5−λ −9 −4
pA (λ) = det  6 −11 − λ −5 
−7 13 6−λ
  
= (5 − λ) (11 + λ)(−6 + λ) + 65 + 9 6(6 − λ) − 35 − 4 79 − 7(11 + λ)
= (5 − λ)(λ2 + 5λ − 1) + 5 − 26λ
= −λ3

Conclui-se, portanto, que λ = 0 é um zero triplo (ou seja, com ma(0) = 3) de pA . Os


vetores próprios de A correspondentes a este valor próprio são os elementos de N (A −
0I3 ) = N (A), ou seja, são os vetores (u1 , u2, u3 ) tais que
    
5 −9 −4 u1 0
 6 −11 −5 u2  = 0 .
−7 13 6 u3 0

Resolvendo este sistema obtém-se N (A − 0I3 ) = h(1, 1, −1)i. Portanto mg(0) = 1.


O espaço próprio de A correspondente ao valor próprio 0 acabou de ser calculado: E0 =
N (A − 0I3 ) = h(1, 1, −1)i.
Como, neste caso, a matriz tem dimensão 3 e o seu único valor próprio é λ = 0 com
ma(0) = 3 e mg(0) = 1 o espaço próprio generalizado é N (A − 0I3 )3 e é evidente,
mesmo sem fazer cálculos, que N (A − 0I3 )3 = C3 . De facto, calculando conclui-se que
(A − 0I3 )3 = O e portanto N (A − 0I3 )3 = C3 .

4 FPC
 
0 1 0
Pelo que já vimos, a forma canónica de Jordan semelhante a A é J = 0 0 1 .
0 0 0
Como só existe um vetor próprio de A linearmente independente, a cadeia de Jordan
baseada neste vetor próprio é facilmente calculada:
    
5 −9 −4 v1 1
(A − 0I3 )v = (1, 1, −1)T ⇔  6 −11 −5   v2 = 1 
 
−7 13 6 v3 −1
    
5 −9 −4 v1 1
⇔ 0 1 1  v2  = 1
0 0 0 v3 0
   
v1 2 − v3
⇔ v2  = 1 − v3  ,
v3 v3

escolhendo, por exemplo, v3 = 1 obtém-se o vetor próprio generalizado v = (1, 0, 1)T, e


prosseguindo na cadeia de Jordan:
    
5 −9 −4 w1 1
(A − 0I3 )w = (1, 0, 1)T ⇔  6 −11 −5 w2 = 0
   
−7 13 6 w3 1
    
5 −9 −4 w1 1
⇔ 0 1
 1  w2 = 6
 
0 0 0 w3 0
   
w1 11 − w3
⇔ w2  =  6 − w3  ,
w3 w3

escolhendo, digamos, w3 = 6 obtém-se o vetor próprio generalizado w = (5, 0, 6)T.


A matriz de semelhança é, então,
 
1 1 5
P =  1 0 0 .
−1 1 6

Embora não seja pedido no enunciado, podemos facilmente calcular a inversa de P ,


 
0 1 0
P −1 =  6 −11 −5
−1 2 1

e que se tem
     
0 1 0 5 −9 −4 1 1 5 0 1 0
P −1AP =  6 −11 −5  6 −11 −5  1 0 0 = 0 0 1 = J.
−1 2 1 −7 13 6 −1 1 6 0 0 0

21003 - Álgebra Linear II 5


 
4 1 1
3.(iii) Seja A = −2 1 −2 . Os valores próprios são as raı́zes do polinómio caracterı́stico
1 1 4

 
4−λ 1 1
pA (λ) = det  −2 1 − λ −2 
1 1 4−λ
= (4 − λ)(λ2 − 5λ + 6) − (2λ − 6) + (λ − 3)
= −λ3 + 9λ2 − 27λ + 27
= −λ3 + 3 · 3 · λ2 − 3 · 32 · λ + 33
= (3 − λ)3 .

Conclui-se, portanto, que λ = 3 é um zero triplo (ou seja, com ma(3) = 3) de pA . Para
determinar a multiplicidade geométrica de λ = 3 podemos recorrer à relação mg(λ) =
n − rank(A − λIn ), que neste caso resulta em mg(3) = 3 − rank(A − 3I3 ). Atendendo a
que
   
1 1 1 1 1 1
−2 −2 −2 → 0 0 0
1 1 1 0 0 0

conclui-se que rank(A − 3I3 ) = 1 e, portanto, mg(3) = 2. Isto significa que existirão dois
vetores próprios linearmente independentes, ou seja, duas soluções linearmente indepen-
dentes de
        
1 1 1 u1 0 u1 −u2 − u3
0 0 0 u2  = 0 ⇔ u2  =  u2 .
0 0 0 u3 0 u3 u3

Tendo dois graus de liberdade na escolha dos dois parâmetros u2 e u3 podemos escol-
her, digamos, (u2 , u3 ) = (1, 0) ou (u2 , u3 ) = (0, 1). Destas escolhas obtêm-se os vetores
próprios u = (−1, 1, 0)T e v = (−1, 0, 1)T , e portanto E3 = h(−1, 1, 0)T, (−1, 0, 1)T i.

Tendo A apenas um valor próprio, λ = 3, o qual tem multiplicidade algébrica 3 e


geométrica 2, concluı́mos que A é semelhante a uma forma canónica de Jordan com dois
blocos de Jordan. Como a dimensão de A é 3, a ’unica possibilidade é que um dos blocos
de Jordan tenha dimensão 1 e o outro dimens ao 2. Portanto, uma possı́vel forma de
Jordan correspondente a A é
 
3 1 0
J =  0 3 0 .
0 0 3

É fácil calcular que (A − 3I3 )2 = O e, portanto N (A − 3I3 )2 = C3 , ou seja ν = 2 (o que


aliás já sabiamos, visto que concluı́mos acima que o maior bloco de Jordan tinha de ter
dimensão 2).

Para determinarmos o vetor próprio generalizado que com os vetores apropriados de


h(−1, 1, 0)T, (−1, 0, 1)T i constituem a base relativamente à qual A é escrita como J pode-
mos recorrer ao Algoritmo 1, mais propriamente ao seu primeiro passo: Comecemos por

6 FPC
observar que
   
 1 1 1 v1 
Im(A − 3I3 ) =  −2 −2 −2   v2 : ∀v1 , v2 , v3 ∈ C

1 1 1 v3
 
  
 v1 + v2 + v3 
=  −2v1 − 2v2 − 2v3 : ∀v1 , v2 , v3 ∈ C

v1 + v2 + v3
 
   
 1 
= (v1 + v2 + v3 ) −2 : ∀v1 , v2 , v3 ∈ C
 
1
 

= h(1, −2, 1)Ti.

Portanto

N2 = N (A − 3I3 ) ∩ Im(A − 3I3 )


= h(−1, 1, 0)T, (−1, 0, 1)T i ∩ h(1, −2, 1)Ti
= h(2, −2, 0)T, (−1, 0, 1)T i ∩ h(1, −2, 1)Ti
= h(1, −2, 1)T, (−1, 0, 1)T i ∩ h(1, −2, 1)Ti
= h(1, −2, 1)Ti

pelo que é sobre um destes vetores próprios que se constroi a cadeia de Jordan correspon-
dente ao bloco de Jordan de dimensão 2. Um vetor próprio generalizado dessa cadeia é
obtido como solução de
    
1 1 1 w1 1
T
(A − 3I3 )w = (1, −2, 1) ⇔ −2 −2 −2
   w2 = −2
 
1 1 1 w3 1
    
1 1 1 w1 1
⇔ 0 0 0 w2  = 0
0 0 0 w3 0
   
w1 1 − w2 − w3
⇔  w2  =  w2 ,
w3 w3

escolhendo, digamos, w2 = 0 = w3 obtém-se o vetor próprio generalizado w = (1, 0, 0)T.


Usando agora o par de vetor próprio e vetor próprio generalizado (1, −2, 1)T e (1, 0, 0)T
e um outro vetor próprio linearmente independente deste, digamos (−1, 0, 1)T , para
colunas (nesta ordem) da matriz de semelhança P temos
 
1 1 −1
P = −2 0 0  .
1 0 1

Embora não seja pedido no enunciado, podemos facilmente calcular a inversa de P ,

0 − 21
 
0
P −1 = 1 1 1 .
0 12 1

21003 - Álgebra Linear II 7


e daqui comprovar-se facilmente que se tem
0 − 12 0
     
4 1 1 1 1 −1 3 1 0
P −1 AP = 1 1 1 −2 1 −2 −2 0 0  = 0 3 0 = J.
0 12 1 1 1 4 1 0 1 0 0 3

3.(iv)
3.(v)
3.(vi)
3.(vii) Seja A a matriz dada no enunciado. Os seus valores próprios são as raı́zes do polinómio
caracterı́stico
 
1−λ −1 0 −1 0
 2
 −2 − λ 0 −1 0  
pA (λ) = det 
 1 −1 −1 − λ 0 0 

 2 −1 0 −2 − λ 0 
2 −1 0 −1 −1 − λ
 
1−λ −1 −1
= (−1 − λ)(−1 − λ)det  2 −2 − λ −1 
2 −1 −2 − λ
= (λ + 1)2 (−λ3 − 3λ2 − 3λ − 1)
= −(λ + 1)5 .
Conclui-se, portanto, que λ = −1 é um zero quintuplo (ou seja, com ma(−1) = 5)
de pA . Para determinar a multiplicidade geométrica de λ = −1 vejamos a que é igual
rank(A − (−1)I5 ) = rank(A + I5 ):
   
2 −1 0 −1 0 2 −1 0 −1 0
2 −1 0 −1 0 0 0 0 0 0
   
A + I5 = 1 −1 0 0 0 → 
 
1 −1 0 0 0 

2 −1 0 −1 0 0 0 0 0 0
2 −1 0 −1 0 0 0 0 0 0
donde rank(A + I5 ) = 2 e portanto mg(−1) = 5 − 2 = 3. Isto significa que o bloco
correspondente ao valor próprio −1 na forma canónica de Jordan tem dimensão 5 (=
ma(−1)) e é composto por 3 (= mg(−1)) blocos de Jordan. Ou seja: apenas com esta
informação podemos concluir que a forma canónica de Jordan correspondente a A tem,
ou dois blocos de dimensão 1 e um de dimensão 3, ou um bloco de dimensão 1 e dois de
dimensão 2.
Para decidir qual destas formas é que é, efetivamente, a relevante para o presente caso
vamos calcular os diversos espaços nulos N (A + I5 )k : como (A + I5 )2 = O tem-se que
todas as potências superiores são também nulas e portanto ν = 2, ou seja: a dimensão
do maior bloco de Jordan é igual a 2 e portanto a matriz de Jordan semelhante a A é
 
−1

 −1 1 

J =  −1 ,

 −1 1 
−1

8 FPC
onde os elementos não explicitamente escritos são iguais a zero. Claro que qualquer
outra matriz obtida desta por permutação destes blocos é também semelhante a A.

Atendendo à matriz A + I5 escrita acima tem-se facilmente o seguinte espaço próprio


correspondente ao valor próprio −1:

(u1, u2 , u3 , u1, u5 )T : u1 , u3, u5 ∈ C



N (A + I5 ) =
(1, 1, 0, 1, 0)T, (0, 0, 1, 0, 0)T, (0, 0, 0, 0, 1)T .


=

Para determinar os vetores próprios generalizados que com os vetores apropriados de


N (A + I5 ) constituem a base relativamente à qual A é escrita como J podemos recorrer
ao Algoritmo 1, mais propriamente ao seu primeiro passo: Comecemos por observar que

   

 2 −1 0 −1 0 u1 

2 −1 0 −1 0 u2 

     


Im(A + I5 ) = 1 −1 0 0 0 u3  : ∀uj ∈ C
  


 2 −1 0 −1 0 u4  


 
2 −1 0 −1 0 u5
 
  

 2u1 − u2 − u4 

2u1 − u2 − u4 

   


=  u1 − u2  : ∀uj ∈ C
 


 2u1 − u2 − u4  


 
2u1 − u2 − u4
 
  

 α 

α

 
 
 

= β  : ∀α, β ∈ C
 


  α 


 
α
 

(1, 1, 0, 1, 1)T, (0, 0, 1, 0, 0)T .




=

Portanto

N2 = N (A + I5 ) ∩ Im(A + I5 )
\

= (1, 1, 0, 1, 0)T, (0, 0, 1, 0, 0)T, (0, 0, 0, 0, 1)T (1, 1, 0, 1, 1)T, (0, 0, 1, 0, 0)T


\

= (1, 1, 0, 1, 1)T, (0, 0, 1, 0, 0)T, (0, 0, 0, 0, 1)T (1, 1, 0, 1, 1)T, (0, 0, 1, 0, 0)T

= (1, 1, 0, 1, 1)T, (0, 0, 1, 0, 0)T



e podemos tomar como vetores próprios base das cadeias de Jordan os vetores (1, 1, 0, 1, 1)T
e (0, 0, 1, 0, 0)T.

A cadeia de Jordan correspondente ao primeiro destes vetores é constituida pelo vetor

21003 - Álgebra Linear II 9


próprio generalizado
    
2 −1 0 −1 0 w1 1
2 −1 0 −1 0 w2  1
    
(A + I5 )w = (1, 1, 0, 1, 1)T ⇔ 
1 −1 0 0 0  w3  = 0
   
2 −1 0 −1 0 w4  1
2 −1 0 −1 0 w5 1
   
w1 1 + w4
w2  1 + w4 
   
⇔ w 3
  
 =  w3  ,

w4   w4 
w5 w5

e escolhendo, digamos, w3 = w4 = w5 = 0 obtém-se o vetor próprio generalizado w =


(1, 1, 0, 0, 0)T.
Agora para o outro vetor próprio, a cadeia de Jordan correspondente é calculada do
mesmo modo:
    
2 −1 0 −1 0 w1 0
2 −1 0 −1 0 w2  0
    
(A + I5 )w = (0, 0, 1, 0, 0)T ⇔ 
1 −1 0 0 0 w3  = 1
   
2 −1 0 −1 0 w4  0
2 −1 0 −1 0 w5 0
   
w1 1 + w2
w2   w2 
   
⇔ 
w3  =  w3  ,
  
w4  2 + w2 
w5 w5

e escolhendo, digamos, w2 = w3 = w5 = 0 obtém-se o vetor próprio generalizado w =


(1, 0, 0, 2, 0)T.
Escolha-se agora um vetor próprio de A linearmente independente dos utilizados para
construir as cadeias de Jordan, digamos (0, 0, 0, 0, 1)T.
A matriz de semelhança entre a matriz A e a forma canónica de Jordan J escrita acima, P,
tem por colunas os vetores próprios e os correspondentes vetores próprios generalizados:
 
0 1 1 0 1
 0 1 1 0 0
 
P =  0 0 0 1 0 .

 0 1 0 0 2
1 1 0 0 0

Embora não seja pedido no enunciado, podemos facilmente calcular a inversa de P ,


 
2 −2 0 −1 1
−2 2 0 1 0
 
P =
−1
 2 −1 0 −1 0 ,

0 0 1 0 0
1 −1 0 0 0

10 FPC
e daqui comprovar-se sem qualquer dificuldade (mas necessitando de alguma paciência...)
que se tem
   
2 −2 0 −1 1 1 −1 0 −1 0 0 1 1 0 1
−2 2 0 1 0 2 −2 0 −1 0  0 1 1 0 0
   
P AP = 
−1
 2 −1 0 −1 0  1 −1 −1 0
 0   0 0 0 1 0
 
0 0 1 0 0 2 −1 0 −2 0  0 1 0 0 2
1 −1 0 0 0 2 −1 0 −1 −1 1 1 0 0 0
 
−1

 −1 1 

=  −1 

 −1 1 
−1

= J.

3.(viii)
3.(ix)
4.(i) Atendendo aos resultados apresentados na resolução da questão 3 tem-se o polinómio
caracterı́stico pA (λ) = (λ−7)2 . Como (A−7I2 )2 = O tem-se que qualquer outra potência
superior é também a matriz nula, pelo que os núcleos de (A − 7I2 )ν são todos iguais a
C2 para todos os ν > 2. Isto permite escrever o polinómio mı́nimo: µA (λ) = (λ − 7)2 .
Naturalmente que, como neste caso µA e pA são iguais, o primeiro é um divisor do
segundo.
4.(ii) Atendendo aos resultados apresentados na resolução da questão 3 tem-se o polinómio
caracterı́stico pA (λ) = −λ3 . Como se conclui facilmente que A2 6= O e A3 = O, tem-
se que qualquer outra potência de A superior a 3 é também a matriz nula, pelo que
os núcleos de Aν são todos iguais a C3 para todos os ν > 3. Isto permite escrever o
polinómio mı́nimo: µA (λ) = λ3 . Naturalmente que, como neste caso µA e pA são iguais,
o primeiro é um divisor do segundo.
4.(iii) Atendendo aos resultados apresentados na resolução da questão 3 tem-se o polinómio
caracterı́stico pA (λ) = (3 − λ)3 . Como se conclui facilmente que (A − 3I3 )2 = O, tem-se
que qualquer outra potência de A − 3I3 superior a 2 é também a matriz nula, pelo que
os núcleos de (A − 3I3 )ν são todos iguais a C3 para todos os ν > 2. Isto permite escrever
o polinómio mı́nimo: µA (λ) = (λ − 3)2 . Consequentemente, pA é divisivel por µA (λ) no
anel dos polinómios C3 [λ].
4.(iv)
4.(v)
4.(vi)
4.(vii) Atendendo aos resultados apresentados na resolução da questão 3 tem-se o polinómio
caracterı́stico pA (λ) = −(λ + 1)5 . Como se concluiu que (A + I5 )2 = O, tem-se que
qualquer outra potência de A + I5 superior a 2 é também a matriz nula, pelo que os
núcleos de (A + I5 )ν são todos iguais a C5 para todos os ν > 2. Isto permite escrever
o polinómio mı́nimo: µA (λ) = (λ + 1)2 . Consequentemente, pA é divisivel por µA (λ) no
anel dos polinómios C5 [λ].

21003 - Álgebra Linear II 11


4.(viii)

4.(ix)

5.

6.(a) Relembrando a definição de célula elementar de Jordan (de dimensão q > 1), podemos
escrever (
 (1)  (1) 1, se n = m + 1
Jq = jm,n , onde jm,n =
0, em todos os outros casos.
Agora determinemos Jq2 :
" q #
X
Jq2 = jm,n
(2) (1) (1)
 
:= jm,p jp,n ,
p=1

(1) (1)
atendendo à definição anterior, o valor de jm,p jp,n será diferente de zero se e só se p = m+1
e n = p + 1, ou seja, se e só se n = m + 2, ou seja,
(
(2) 1, se n = m + 2
jm,n =
0, em todos os outros casos.

Por indução finita é imediato concluir que se tem


(
(ℓ) (ℓ) 1, se n = m + ℓ
Jqℓ = jm,n
 
, onde jm,n =
0, em todos os outros casos.

Mas isto implica que Jqlq = O porque os únicos elementos desta matriz que poderiam ser
diferentes de zero seriam os das linhas m e columas n que satisfizessem n = m + q > q,
mas isto é impossı́vel pois sendo Jq de dimensão q qualquer das suas potências também
não tem mais de q colunas. Portanto, as matrizes elementares de Jordan são nilpotentes,
com a menor potência k tal que Jqk = O igual à dimensão da matriz: k = q.
Note-se que a potência Jqq−1 não é a matriz nula: é uma matriz que tem todos os
elementos nulos exceto o elemento na linha 1 e coluna q (o do extremo superior direito
da matriz) que é igual a 1.
Uma observação importante que se conclui desta alı́nea é a seguinte (suponha k suficien-
temente grande):

• Jk tem todos os elementos nulos exceto os da diagonal acima da principal (n =


m + 1) que valem 1
• Jk2 tem todos os elementos nulos exceto os da segunda diagonal acima da principal
(n = m + 2) que valem 1
• Jk3 tem todos os elementos nulos exceto os da terceira diagonal acima da principal
(n = m + 3) que valem 1
• ...
• Jkk−1 tem todos os elementos nulos exceto os da (k − 1)-ésima diagonal acima da
principal (n = m + k − 1) que vale 1 (esta “diagonal” é constituida por um único
elemento da matriz!)

12 FPC
• Jkk é a matriz nula.

Ou seja: à medida que se se calculam potências maiores de uma célula elementar de


Jordan a diagonal não nula da matriz resultante vai “subindo” até que desaparece! É
este comportamento muito simples das potências das células elementares de Jordan que
constitue a grande vantagem computacional das formas canónicas de Jordan.

(b) Pretendemos provar que N é nilpotente se e só se todos os seus valores próprios são
nulos.
Comecemos com a condição suficiente (o “se”, correspondente à implicação ⇐).
Suponhamos que N tem todos os seus valores próprios nulos. Então N = P −1 JP
onde J é uma forma canónica de Jordan onde os blocos são, ou [0], ou uma célula
elementar de Jordan de dimensão q. Seja q̃ a dimensão da maior célula de Jordan de
J. Pelo que provámos na alı́nea anterior podemos concluir que J q̃ = O e portanto
N q̃ = P −1 J q̃ P = P −1 OP = O, pelo que N é nilpotente.
Consideremos agora a condição necessária (o “só se”, correspondente à implicação ⇒).
Seja N uma matriz nilpotente se seja k tal que N k = O.
Comecemos por observar que se (λ, u) é um par de valor e vetor próprio duma matriz
A então (λ2 , u) é um par de valor e vetor próprio de A2 : de facto, se Au = λu então

A2 u = AAu = Aλu = λAu = λλu = λ2 u.

Como por hipótese N k = O e como todos os valores próprios da matriz nula são iguais
a zero, conclui-se que todos os valores próprios de N são λ tais que λk = 0, e portanto
λ = 0 é o único valor próprio de N.

7.(a)

(b) Para k = 1 nada há a provar. Assuma-se a hipótese de indução (P −1AP )k = P −1Ak P .
Então, (P −1 AP )k+1 = (P −1AP )k (P −1 AP ) = (P −1Ak P )(P −1AP ) = P −1 Ak (P P −1)AP =
P −1 Ak AP = P −1 Ak+1 P. Portanto, por indução finita, o resultado é válido para todos
os valores de k.

(c)

(d)

21003 - Álgebra Linear II 13

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