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1. Prove que, se uma matriz A ∈ Mn×n (C) é diagonalizável, então o Teorema da Decom-
posição de Jordan fornece o mesmo resultado do Teorema 1.42.
3. Para cada uma das matrizes A nos pontos (i)-(ix) abaixo, responda às seguintes alı́neas
5. Determine uma condição necessária e suficiente sobre A ∈ Mn×n (C) para que os polinómios
caracterı́stico e mı́nimo de A coincidam.
7.(a) Seja D uma matriz diagonal por blocos D = diag(D1 , D2 , . . . , Dd ). Seja k ∈ N arbitrário.
Mostre que D k é também diagonal por blocos e D k = diag(D1k , D2k , . . . , Ddk ).
(b) Seja A, P ∈ Mn×n (C) arbitrárias, com P invertı́vel. Mostre que ∀k ∈ N, (P −1AP )k =
P −1 Ak P .
2 FPC
Valores e vectores próprios Ficha 2 - Soluções
1. Seja A ∈ Mn×n (C) uma matriz diagonalizável. Portanto, é semelhante a uma matriz
diagonal tendo na diagonal principal os valores próprios de A repetidos de acordo com
as respetivas multiplicidades algébricas.POu seja, sendo λi os distintos valores próprios
da matriz A, tem-se ma(λi ) = mg(λi ), i ma(λi ) = n, e A é semelhante a uma matriz
diagonal com os λi na diagonal principal.
Aplicando agora o Teorema de Decomposição de Jordan a A, podemos afirmar que A é
semelhante a uma matriz diagonal por blocos J = diag(J (1) , . . . , J (k) ), sendo que cada
bloco J (j) tem um único valor próprio λj e a dimensão do bloco é igual a ma(λj ). Sabemos
também pelo Teorema de Decomposição de Jordan que J (j) é diagonal por blocos, com
o número de blocos igual a mg(λj ). Mas como mg(λj ) = ma(λj ), e ma(λj ) é igual à
dimensão de J (j) , isto implica que todos os seus mg(λj ) blocos diagonais têm de ter
dimensão igual a 1. Ou seja, J (j) é uma matriz diagonal. Como isto se passa para todos
os blocos de J conclui-se que J é uma matriz diagonal constituida pelos valores próprios
de A (repetidos tantas vezes quanto as respetivas multiplicidades algébricas). Mas isto
é exatamente o que já sabiamos a partir do Teorema 1.42 (e que foi referido no inı́cio
desta resolução).
(A − λ0 In )P = AP − λ0 In P
= P J − P λ 0 In
= P (J − λ0 In ).
Agora observe-se que se J é uma forma canónica de Jordan, então J − λ0 In também o é,
pois continua a ser uma matriz diagonal por blocos, em que todos os blocos são os blocos
de Jordan de J com a única diferença que na diagonal principal o valor que existia em
J vem agora subtraı́do de λ0 .
Portanto, sendo J uma forma canónica de Jordan de A, uma forma canónica de Jordan
de A − λ0 In é J − λ0 In .
11 4
3.(i) Seja A = . Os valores próprios são as raı́zes do polinómio caracterı́stico
−4 3
11 − λ 4
pA (λ) = det = (11 − λ)(3 − λ) + 16 = λ2 − 14λ + 49 = (λ − 7)2 .
−4 3−λ
e escolhendo v1 = 0 tem-se o vetor próprio generalizado (0, 41 ), pelo que uma matriz de
1 0
semelhança é P = .
−1 14
1 0
Embora não seja pedido no enunciado, é fácil verificar que P = −1
e que
4 4
1 0 11 4 1 0 1 0 7 1 7 1
P AP =
−1
= = = J.
4 4 −4 3 −1 14 4 4 −7 43 0 7
5 −9 −4
3.(ii) Seja A = 6 −11 −5 . Os valores próprios são as raı́zes do polinómio caracterı́stico
−7 13 6
5−λ −9 −4
pA (λ) = det 6 −11 − λ −5
−7 13 6−λ
= (5 − λ) (11 + λ)(−6 + λ) + 65 + 9 6(6 − λ) − 35 − 4 79 − 7(11 + λ)
= (5 − λ)(λ2 + 5λ − 1) + 5 − 26λ
= −λ3
4 FPC
0 1 0
Pelo que já vimos, a forma canónica de Jordan semelhante a A é J = 0 0 1 .
0 0 0
Como só existe um vetor próprio de A linearmente independente, a cadeia de Jordan
baseada neste vetor próprio é facilmente calculada:
5 −9 −4 v1 1
(A − 0I3 )v = (1, 1, −1)T ⇔ 6 −11 −5 v2 = 1
−7 13 6 v3 −1
5 −9 −4 v1 1
⇔ 0 1 1 v2 = 1
0 0 0 v3 0
v1 2 − v3
⇔ v2 = 1 − v3 ,
v3 v3
e que se tem
0 1 0 5 −9 −4 1 1 5 0 1 0
P −1AP = 6 −11 −5 6 −11 −5 1 0 0 = 0 0 1 = J.
−1 2 1 −7 13 6 −1 1 6 0 0 0
4−λ 1 1
pA (λ) = det −2 1 − λ −2
1 1 4−λ
= (4 − λ)(λ2 − 5λ + 6) − (2λ − 6) + (λ − 3)
= −λ3 + 9λ2 − 27λ + 27
= −λ3 + 3 · 3 · λ2 − 3 · 32 · λ + 33
= (3 − λ)3 .
Conclui-se, portanto, que λ = 3 é um zero triplo (ou seja, com ma(3) = 3) de pA . Para
determinar a multiplicidade geométrica de λ = 3 podemos recorrer à relação mg(λ) =
n − rank(A − λIn ), que neste caso resulta em mg(3) = 3 − rank(A − 3I3 ). Atendendo a
que
1 1 1 1 1 1
−2 −2 −2 → 0 0 0
1 1 1 0 0 0
conclui-se que rank(A − 3I3 ) = 1 e, portanto, mg(3) = 2. Isto significa que existirão dois
vetores próprios linearmente independentes, ou seja, duas soluções linearmente indepen-
dentes de
1 1 1 u1 0 u1 −u2 − u3
0 0 0 u2 = 0 ⇔ u2 = u2 .
0 0 0 u3 0 u3 u3
Tendo dois graus de liberdade na escolha dos dois parâmetros u2 e u3 podemos escol-
her, digamos, (u2 , u3 ) = (1, 0) ou (u2 , u3 ) = (0, 1). Destas escolhas obtêm-se os vetores
próprios u = (−1, 1, 0)T e v = (−1, 0, 1)T , e portanto E3 = h(−1, 1, 0)T, (−1, 0, 1)T i.
6 FPC
observar que
1 1 1 v1
Im(A − 3I3 ) = −2 −2 −2 v2 : ∀v1 , v2 , v3 ∈ C
1 1 1 v3
v1 + v2 + v3
= −2v1 − 2v2 − 2v3 : ∀v1 , v2 , v3 ∈ C
v1 + v2 + v3
1
= (v1 + v2 + v3 ) −2 : ∀v1 , v2 , v3 ∈ C
1
Portanto
pelo que é sobre um destes vetores próprios que se constroi a cadeia de Jordan correspon-
dente ao bloco de Jordan de dimensão 2. Um vetor próprio generalizado dessa cadeia é
obtido como solução de
1 1 1 w1 1
T
(A − 3I3 )w = (1, −2, 1) ⇔ −2 −2 −2
w2 = −2
1 1 1 w3 1
1 1 1 w1 1
⇔ 0 0 0 w2 = 0
0 0 0 w3 0
w1 1 − w2 − w3
⇔ w2 = w2 ,
w3 w3
0 − 21
0
P −1 = 1 1 1 .
0 12 1
3.(iv)
3.(v)
3.(vi)
3.(vii) Seja A a matriz dada no enunciado. Os seus valores próprios são as raı́zes do polinómio
caracterı́stico
1−λ −1 0 −1 0
2
−2 − λ 0 −1 0
pA (λ) = det
1 −1 −1 − λ 0 0
2 −1 0 −2 − λ 0
2 −1 0 −1 −1 − λ
1−λ −1 −1
= (−1 − λ)(−1 − λ)det 2 −2 − λ −1
2 −1 −2 − λ
= (λ + 1)2 (−λ3 − 3λ2 − 3λ − 1)
= −(λ + 1)5 .
Conclui-se, portanto, que λ = −1 é um zero quintuplo (ou seja, com ma(−1) = 5)
de pA . Para determinar a multiplicidade geométrica de λ = −1 vejamos a que é igual
rank(A − (−1)I5 ) = rank(A + I5 ):
2 −1 0 −1 0 2 −1 0 −1 0
2 −1 0 −1 0 0 0 0 0 0
A + I5 = 1 −1 0 0 0 →
1 −1 0 0 0
2 −1 0 −1 0 0 0 0 0 0
2 −1 0 −1 0 0 0 0 0 0
donde rank(A + I5 ) = 2 e portanto mg(−1) = 5 − 2 = 3. Isto significa que o bloco
correspondente ao valor próprio −1 na forma canónica de Jordan tem dimensão 5 (=
ma(−1)) e é composto por 3 (= mg(−1)) blocos de Jordan. Ou seja: apenas com esta
informação podemos concluir que a forma canónica de Jordan correspondente a A tem,
ou dois blocos de dimensão 1 e um de dimensão 3, ou um bloco de dimensão 1 e dois de
dimensão 2.
Para decidir qual destas formas é que é, efetivamente, a relevante para o presente caso
vamos calcular os diversos espaços nulos N (A + I5 )k : como (A + I5 )2 = O tem-se que
todas as potências superiores são também nulas e portanto ν = 2, ou seja: a dimensão
do maior bloco de Jordan é igual a 2 e portanto a matriz de Jordan semelhante a A é
−1
−1 1
J = −1 ,
−1 1
−1
8 FPC
onde os elementos não explicitamente escritos são iguais a zero. Claro que qualquer
outra matriz obtida desta por permutação destes blocos é também semelhante a A.
2 −1 0 −1 0 u1
2 −1 0 −1 0 u2
Im(A + I5 ) = 1 −1 0 0 0 u3 : ∀uj ∈ C
2 −1 0 −1 0 u4
2 −1 0 −1 0 u5
2u1 − u2 − u4
2u1 − u2 − u4
= u1 − u2 : ∀uj ∈ C
2u1 − u2 − u4
2u1 − u2 − u4
α
α
= β : ∀α, β ∈ C
α
α
Portanto
N2 = N (A + I5 ) ∩ Im(A + I5 )
\
= (1, 1, 0, 1, 0)T, (0, 0, 1, 0, 0)T, (0, 0, 0, 0, 1)T (1, 1, 0, 1, 1)T, (0, 0, 1, 0, 0)T
\
= (1, 1, 0, 1, 1)T, (0, 0, 1, 0, 0)T, (0, 0, 0, 0, 1)T (1, 1, 0, 1, 1)T, (0, 0, 1, 0, 0)T
e podemos tomar como vetores próprios base das cadeias de Jordan os vetores (1, 1, 0, 1, 1)T
e (0, 0, 1, 0, 0)T.
10 FPC
e daqui comprovar-se sem qualquer dificuldade (mas necessitando de alguma paciência...)
que se tem
2 −2 0 −1 1 1 −1 0 −1 0 0 1 1 0 1
−2 2 0 1 0 2 −2 0 −1 0 0 1 1 0 0
P AP =
−1
2 −1 0 −1 0 1 −1 −1 0
0 0 0 0 1 0
0 0 1 0 0 2 −1 0 −2 0 0 1 0 0 2
1 −1 0 0 0 2 −1 0 −1 −1 1 1 0 0 0
−1
−1 1
= −1
−1 1
−1
= J.
3.(viii)
3.(ix)
4.(i) Atendendo aos resultados apresentados na resolução da questão 3 tem-se o polinómio
caracterı́stico pA (λ) = (λ−7)2 . Como (A−7I2 )2 = O tem-se que qualquer outra potência
superior é também a matriz nula, pelo que os núcleos de (A − 7I2 )ν são todos iguais a
C2 para todos os ν > 2. Isto permite escrever o polinómio mı́nimo: µA (λ) = (λ − 7)2 .
Naturalmente que, como neste caso µA e pA são iguais, o primeiro é um divisor do
segundo.
4.(ii) Atendendo aos resultados apresentados na resolução da questão 3 tem-se o polinómio
caracterı́stico pA (λ) = −λ3 . Como se conclui facilmente que A2 6= O e A3 = O, tem-
se que qualquer outra potência de A superior a 3 é também a matriz nula, pelo que
os núcleos de Aν são todos iguais a C3 para todos os ν > 3. Isto permite escrever o
polinómio mı́nimo: µA (λ) = λ3 . Naturalmente que, como neste caso µA e pA são iguais,
o primeiro é um divisor do segundo.
4.(iii) Atendendo aos resultados apresentados na resolução da questão 3 tem-se o polinómio
caracterı́stico pA (λ) = (3 − λ)3 . Como se conclui facilmente que (A − 3I3 )2 = O, tem-se
que qualquer outra potência de A − 3I3 superior a 2 é também a matriz nula, pelo que
os núcleos de (A − 3I3 )ν são todos iguais a C3 para todos os ν > 2. Isto permite escrever
o polinómio mı́nimo: µA (λ) = (λ − 3)2 . Consequentemente, pA é divisivel por µA (λ) no
anel dos polinómios C3 [λ].
4.(iv)
4.(v)
4.(vi)
4.(vii) Atendendo aos resultados apresentados na resolução da questão 3 tem-se o polinómio
caracterı́stico pA (λ) = −(λ + 1)5 . Como se concluiu que (A + I5 )2 = O, tem-se que
qualquer outra potência de A + I5 superior a 2 é também a matriz nula, pelo que os
núcleos de (A + I5 )ν são todos iguais a C5 para todos os ν > 2. Isto permite escrever
o polinómio mı́nimo: µA (λ) = (λ + 1)2 . Consequentemente, pA é divisivel por µA (λ) no
anel dos polinómios C5 [λ].
4.(ix)
5.
6.(a) Relembrando a definição de célula elementar de Jordan (de dimensão q > 1), podemos
escrever (
(1) (1) 1, se n = m + 1
Jq = jm,n , onde jm,n =
0, em todos os outros casos.
Agora determinemos Jq2 :
" q #
X
Jq2 = jm,n
(2) (1) (1)
:= jm,p jp,n ,
p=1
(1) (1)
atendendo à definição anterior, o valor de jm,p jp,n será diferente de zero se e só se p = m+1
e n = p + 1, ou seja, se e só se n = m + 2, ou seja,
(
(2) 1, se n = m + 2
jm,n =
0, em todos os outros casos.
Mas isto implica que Jqlq = O porque os únicos elementos desta matriz que poderiam ser
diferentes de zero seriam os das linhas m e columas n que satisfizessem n = m + q > q,
mas isto é impossı́vel pois sendo Jq de dimensão q qualquer das suas potências também
não tem mais de q colunas. Portanto, as matrizes elementares de Jordan são nilpotentes,
com a menor potência k tal que Jqk = O igual à dimensão da matriz: k = q.
Note-se que a potência Jqq−1 não é a matriz nula: é uma matriz que tem todos os
elementos nulos exceto o elemento na linha 1 e coluna q (o do extremo superior direito
da matriz) que é igual a 1.
Uma observação importante que se conclui desta alı́nea é a seguinte (suponha k suficien-
temente grande):
12 FPC
• Jkk é a matriz nula.
(b) Pretendemos provar que N é nilpotente se e só se todos os seus valores próprios são
nulos.
Comecemos com a condição suficiente (o “se”, correspondente à implicação ⇐).
Suponhamos que N tem todos os seus valores próprios nulos. Então N = P −1 JP
onde J é uma forma canónica de Jordan onde os blocos são, ou [0], ou uma célula
elementar de Jordan de dimensão q. Seja q̃ a dimensão da maior célula de Jordan de
J. Pelo que provámos na alı́nea anterior podemos concluir que J q̃ = O e portanto
N q̃ = P −1 J q̃ P = P −1 OP = O, pelo que N é nilpotente.
Consideremos agora a condição necessária (o “só se”, correspondente à implicação ⇒).
Seja N uma matriz nilpotente se seja k tal que N k = O.
Comecemos por observar que se (λ, u) é um par de valor e vetor próprio duma matriz
A então (λ2 , u) é um par de valor e vetor próprio de A2 : de facto, se Au = λu então
Como por hipótese N k = O e como todos os valores próprios da matriz nula são iguais
a zero, conclui-se que todos os valores próprios de N são λ tais que λk = 0, e portanto
λ = 0 é o único valor próprio de N.
7.(a)
(b) Para k = 1 nada há a provar. Assuma-se a hipótese de indução (P −1AP )k = P −1Ak P .
Então, (P −1 AP )k+1 = (P −1AP )k (P −1 AP ) = (P −1Ak P )(P −1AP ) = P −1 Ak (P P −1)AP =
P −1 Ak AP = P −1 Ak+1 P. Portanto, por indução finita, o resultado é válido para todos
os valores de k.
(c)
(d)