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6.

6 EXEMPLO DE APLICAÇÃO

Cálculo dos esforços horizontais (longitudinais e transversais) nos pilares


de uma ponte de estrado contínuo.

Característica da ponte de estrado contínuo:

• Pilares engastados na seção de transição do pilar para o tubulão (Hipót. simplificadora)

• Largura da pista de rolamento: b = 12,8 m

• Comprimento longitudinal da ponte: L = 75 m

• Classe da ponte: 36 (NB6/1960)


Veículo tipo: 36 tf; Faixa principal: 0,5 tf/m2; Faixa secundária: 0,3 tf/m2
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CÁLCULOS NECESSÁRIOS

• Forças Longitudinais
✓ Aceleração e Frenagem
✓ Vento
✓ Empuxo (cortina)

• Forças Transversais
Vento

• Esforços nos pilares devido


a uma Variação de Temperatura de ± 25oC

• Esforços nos pilares devido


ao Empuxo de Terra nos pilares P1 e P4
A. ACELERAÇÃO E FRENAGEM

Aceleração: para o estrado com a carga uniformemente distribuída


Fac = 5% (0,5 x 3 + 0,3 x 9,8) x 75 = 16,65 tf
Frenagem: para o estrado com a carga do veículo-tipo isolado
Ffr = 30% 36 = 10,8 tf

Observação: para dimensionamento ficamos com


Fac = 16,65 tf

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B. VENTO
1. Componente transversal

Hipóteses:
1. Ponte descarregada:
• Altura da viga: 2,25 m
• Altura da barreira: 0,80 m
• Norma: p = 0,15 tf/m2

Fvt = 0,15 x (2,25 + 0,8) x 75 ≅ 34,3 tf

2. Ponte carregada:
• Altura da viga: 2,25 m
• Altura do revestimento: 0,10 m
• Altura do veículo: 2,0 m
• Norma: p = 0,10 tf/m2

Fvt = 0,1 x (2,25 + 0,1+ 2) x 75 ≅ 32,6 tf


2. Componente longitudinal
AASHTO (American Association of State Highway and transportation Officials):
• Vento na superestrutura: 25 %
• Vento na carga móvel: 40 %
Hipóteses:
• Altura da viga: 2,25 m
1. Ponte descarregada: • Altura da barreira: 0,80 m
• Norma: p = 0,15 tf/m2

Fvl = 0,25 x 0,15 x (2,25 + 0,8) x 75 ≅ 8,6 tf

• Altura da viga: 2,25 m


2. Ponte carregada: • Altura do revestimento: 0,10 m
• Altura do veículo: 2,0 m
• Norma: p = 0,10 tf/m2
Fvl = 0,25 x 0,1 x (2,25 + 0,1) x 75 + 0,4 x 0,1 x 2,0 x 75 ≅ 10,4 tf

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C. EMPUXO: cortinas
1. Empuxo de Terra
1 1 ϕ
Expressão Geral (Teoria de Rankine): E A = K A γ b h 2 = tg 2 (45 − ) γ b h 2
2 2 2
onde: EA = Empuxo ativo do solo; KA = Coeficiente de empuxo ativo;
ϕ = Ângulo de atrito interno do solo; γ = Peso específico do solo
b = Largura da superfície de contato; h = Altura da superfície de contato

No caso: KA ≅ 1/3; γ ≅ 1,8 tf/m3; b = 13,0 m; e h = 2,25 m


Assim: 1 1 1
E A = K A γ b h = x x 1,8 x 13 x (2,25) 2 ≅ 20 tf
2
2 2 3

2. Empuxo devido à CARGA MÓVEL


Expressão Geral: EA = K A q h b q
b

No caso: KA ≅ 1/3; b = 12,8 m; e h = 2,25 m

Assim: EA = 1/3 x (0,5 x 3 + 0,3 x 9,8) x 2,25 h

EA ≅ 3,3 tf
Ka q
Observação:

No caso da ponte não apresentar juntas de


dilatação no estrado, é usual considerar que os empuxos
devidos aos aterros se equilibram, adotando-se para o
cálculo dos pilares apenas o empuxo diferencial devido
a carga móvel aplicada sobre o aterro, em um dos
extremos da ponte, no caso, EA = 3,3 tf

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D. DISTRIBUIÇÃO DOS ESFORÇOS LONGITUDINAIS
ENTRE OS PILARES
Forças longitudinais:

• Aceleração: Fac = 16,65 tf

• Empuxo diferencial: EA = 3,3 tf


• Vento: FVL = 10,4 tf

Força resultante: F = 30,35 tf

Ki
EXPRESSÃO GERAL: Fi = F
∑ Ki
onde:
3 E Ii 1
Ki = ou Ki =
Li 3 L3i hN
[ + ]
3 EI i G N A N
CÁLCULO DA RIGIDEZ DE CADA PILAR

• Pilar P2:
3 E I2
K2 = 3 onde: L2 = 10 m; d = 1 m;
L2 E = 2,1 x 106 tf/m2; e
I2 = π d4/64 = π 14/64 = 4,91 x 10-2 m4

Assim: 3 x 2,1 x 106 x 4,91 x 10 −2


K2 = 3
≅ 309,3 tf / m
10

• Pilar P3:
3 E I3
K3 = 3
onde: L3 = 8 m; d = 1 m;
L3 E = 2,1 x 106 tf/m2; e
I3 = π d4/64 = π 14/64 = 4,91 x 10-2 m4

Assim: 3 x 2,1 x 106 x 4,91 x 10 −2


K3 = 3
≅ 604,2 tf / m
8
116
• Pilar P1:
1
K1 = onde: L1 = 8 m; d = 1 m;
 L13 
 hN  E = 2,1 x 106 tf/m2; e
+
 3 EI 1 G N A N  I1 = π d4/64 = π 14/64 = 4,91 x 10-2 m4
  An = 2181,4 cm2 = 2181,4 x 10-4 m2
hn = 2 x 1,2 = 2,4 cm = 0,024 m
Gn = 10 kgf/cm2 = 100 tf/m2
Assim:
1
K1 = ≅ 362 ,9 tf / m
 3 
8 0 ,024
 6 −2
+ −4 
 3 x 2 ,1x10 x 4 ,91 x10 100 x 2181 , 4 x10 

• Pilar P4:
1
K4 = onde: L4 = 5 m
 L43 
 hN 
+
 3 EI 4 G N A N 
 
Assim:
1
K4 = ≅ 664 ,8 tf / m
 3 
5 0 ,024
 6 −2
+ −4 
 3 x 2 ,1x10 x 4 ,91 x10 100 x 2181 , 4 x10 
Ki
Pilar Ki (tf/m) ∑ Ki Fi (tf) Fi (tf)/fuste

1 362,9 0,19 5,77 2,89


2 309,3 0,16 4,86 2,43
3 604,2 0,31 9,41 4,71
4 664,8 0,34 10,31 5,16

∑ 1941,2 1 30,35 15,18

Observações:
• Os esforços calculados atuam longitudinalmente em cada par de
pilares; para dimensionamento de cada fuste dos pilares, toma-se-
á a metade do esforço
• Os pilares deverão ser verificados para o empuxo de terra
unilateral na cortina extrema, cujo efeito pode ser combinado
apenas com as cargas permanentes da estrutura
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E. DISTRIBUIÇÃO DOS ESFORÇOS TRANSVERSAIS ENTRE OS PILARES
Observações:

• Neste exemplo, o único esforço transversal atuante é o vento: Fvt ≅ 34,3 tf

• É considerado que a rijeza transversal de cada pórtico é proporcional


à rijeza relativa de seus pilares (simplificação)

Passos:

1. Tomar um dos pilares como origem das abscissas


2. Calcular a distância do centro de gravidade do tabuleiro ao pilar de referência

3. Calcular a excentricidade e da ação do vento em relação ao


C.G. G das rijezas
4. Calcular os coeficientes de influência

5. Calcular as forças
Passos
1. Tomando o pilar P3 como origem das abscissas
x

G
k1 k2 xg k3 k4

Rijeza Distância Distância ao


Pilar ao pilar P3 kx k x2 ponto G
relativa k

1 0,19 45,0 8,55 384,75 39,25


2 0,16 25,0 4,00 100,00 19,25
3 0,31 0,0 0,00 0,00 -5,75
4 0,34 -20,0 -6,80 136,00 -25,75

∑ 1 5,75 620,75

118
2. Distância do centro de gravidade do tabuleiro G ao pilar P3

xg =
∑ k x 5,75
= = 5,75
∑k 1

3. Calcular a excentricidade e da ação do vento em relação ao Centro de Gravidade G das rijezas


e =12,5 - xg = 12,5 - 5,75
e = 6,75 m

4. Calcular a força transversal em cada pórtico


 
 1 e 
Fi = Fres K i  ± x  = Fres ϕ i No caso: Fres = Fvt
∑ Ki ∑ Kixi 
2

4i i 4 4 43
14 442 4
ϕi
 6,75 
ϕ1 = 0,191 + 39,25 ≅ 0,28 F1 = ϕ1Fvt = 0,28 x 34,3 ≅ 9,6 tf
 587,7 
 6,75 
ϕ 2 = 0,161 + 19,25 ≅ 0,20 F2 = ϕ 2 Fvt = 0,20 x 34,3 ≅ 6,9 tf
 587,7 
 6,75 
ϕ 3 = 0,311 − 5,75 ≅ 0,29 F3 = ϕ 3 Fvt = 0,29 x 34,3 ≅ 10,0 tf
 587,7 
 6,75  F4 = ϕ 4 Fvt = 0,24 x 34,3 ≅ 8,2 tf
ϕ 4 = 0,34 1 − 25,75 ≅ 0,24
 587,7 
Observação:
Distribuição do esforço total de forma proporcional aos
comprimentos dos vãos (CRITÉRIO SIMPLIFICADO, usado no caso
de uma ponte com superestrutura isostática):

P1 5 + 10 = 15 m → 20 % → F1 = ϕ1 Fvt = 0, 20 x 34 ,3 ≅ 6,9 tf

P2 10 + 12 ,5 = 22 ,5 m → 30 % → F2 = ϕ 2 Fvt = 0,30 x 34 ,3 ≅ 10 ,3 tf

P3 10 + 12 ,5 = 22 ,5 m → 30 % → F3 = ϕ 3 Fvt = 0,30 x 34 ,3 ≅ 10 ,3 tf

P4 5 + 10 = 15 m → 20 % → F4 = ϕ 4 Fvt = 0, 20 x 34 ,3 ≅ 6,9 tf

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F. ESFORÇOS NOS PILARES DEVIDO A UMA
VARIAÇÃO DE TEMPERATURA DE ± 25O C

Esforço em cada pilar: Fi = Ki αT ∆T x i

onde: αT = coeficiente de dilatação térmica (10-5)


∆T = variação de temperatura (± ± 25o)
xi = distância do pilar i ao C.G.

Pilar Distância ao
C.G. Ki (tf/m) Fi (tf)

1 39,25 362,9 3,6


2 19,25 309,3 1,5
3 -5,75 604,2 - 0,9
4 -25,75 664,8 - 4,3

∑ 1941,2 -0,1
G. ESFORÇOS NOS PILARES DEVIDO AO EMPUXO DE TERRA ATUANTE
DIRETAMENTE NOS PILARES
Observações:
1. P1 e P4 estão sujeitos ao empuxo de terra dos taludes de acessos
2. Considerar:α = ϕ; δ = 0; KA = 1

3. Considerar:γ = 1,8 tf/m3


4. Largura majorada do pilar (Norma Alemã): bi = 3 x 1,0 = 3 m

1 1 2 ϕ
Empuxo ativo nos pilares P1 e P4: E A = K A γ b h = tg (45 − ) γ b h 2
2
2 2 2

1 2
• P1: 1
E = x 1 x 1,8 x 3 x 4 ≅ 43,2 tf
2

1
• P4: E 4 = x 1 x 1,8 x 3 x 3 2 ≅ 24,3 tf
2

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Análise do Pilar P1
Momento fletor na base do pilar: E a  a a 2 
Mb = 2 − 2,25 − 0,6 2
3  L L 

No caso: 43,2 x 5  5 5 2 
Mb = 2 − 2,25 − 0,6 2 ≅ 25,9 tfm
3   8 8 

Assim, a reação R1 é dada por (REAÇÃO FICTÍCIA):


5 1 25,9
R 1 = 43,2 x x − ≅ 5,76 tf
3 8 8
 Como o pilar está apoiado elasticamente no APOIO DE NEOPRENE:
G NAN 21,814
* KN hN 0,024
R 1 = R1 = R1 = 5,76 ≅ 3,46 tf
(K N + K P ) G N A N 3EI 6
21,814 3x 2,1x10 x 0,0491
+ 3 +
hN L 0,024 83

 Reação efetiva no topo do pilar P1::


* * K1 
R 1ef = R 1 1 −  = 3,46[1 − 0,19 ] ≅ 2,80 tf
 ∑ K 
121
Assim, o momento fletor na base do pilar vale:
43,2 x 5
Mb = − 2,8 x 8 ≅ 49,6 tfm
3

Esforços nos pilares intermediários:

*  K2 
P2 F2 = R 1ef   = 2,8 x 0,16 ≅ 0,5 tf
 ∑ K 

*  K3 
P3 F3 = R 1ef   = 2,8 x 0,31 ≅ 0,9 tf
 ∑ K 

*  K4 
P4 F4 = R 1ef   = 2,8 x 0,34 ≅ 0,95 tf
 ∑ K 
H. QUADRO RESUMO DOS ESFORÇOS NOS TOPOS DOS PILARES

Pilar P1 P2 P3 P4

Frenagem + Emp. Diferencial + 2,89 2,43 4,71 5,16


Vento longitudinal
Variação de temperatura 3,6 1,5 0,9 4,3
Empuxo de terra (P1 e P4) 2,8 0,5 0,9 *

Hlong por fuste de pilar ∑ 9,3 4,4 6,5 *

Htransv por pórtico 9,6 6,9 10,0 8,2


(vento)

(*) Fazer a análise do pilar 4 para o empuxo de terra

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