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Cônicas

Introdução
De acordo com os autores do livro Geometria Analítica - um tratamento vetorial, Ivan de
Camargo e Paulo Boulos, podemos definir cônica sendo: “Fixando um sistema ortogonal de
coordenadas, chama-se cônica o lugar geométrico dos pontos X=(x,y) que satisfazem uma
equação de segundo grau g(x,y)=0 em que g(x,y)= ax² + bxy + xy² + dx + ey + f”.
Sendo apenas se ao menos um dos números (a, b ou c) diferente de zero. Dizemos que ax² +
bxy + xy² + dx + ey + f = 0 é uma equação cônica, sendo ax², bxy e xy² considerados os
termos quadráticos ( podemos diferenciar bxy dos demais o denominando de termo
quadrático misto), dx e ey sendo termos lineares e f um termo independente.
Os termos Elipse, parábola e hipérbole foram adaptados de algumas nomenclaturas
anteriores. Os seguidores de Pitágoras (pitagóricos) e de Aristóteles no século VI a.C.
utilizavam essas palavras para relacionar aos cálculos de áreas, buscando solucionar
problemas de equações de segundo grau.
Utilizando o quadrado, ao aplicar sua área para solucionar as equações desejadas, surgiram 3
possibilidades:
Faltaria área para completar o quadrado, em outras palavras, o quadrado seria menor. A essa
falta se denominava Elipse (vem do grego, significa falta ou omissão);
O quadrado possuiria exatamente a mesma área que a da figura. Chamavam essa semelhança
de Parábola (vem do grego, significa comparação ou igualdade);
E a área do quadrado seria maior que a figura, ou seja, excederia a área ao completar o
quadrado. Denominando essa sobra como Hipérbole ( do grego, significa excesso ou
exagero);

Parábola
Das três curvas que iremos estudar, a mais distinta entre elas é a parábola. Podemos
considerar de certa forma sendo a mais simples ao compararmos com a hipérbole e elipse,
pois seu tratamento algébrico é o qual estamos mais familiarizados, visto que o gráfico
formado de uma função quadrática é uma parábola.
A origem do nome veio do matemático Apolônio de Perga, ele foi o grande sucessor de
Euclides, em sua obra Seções cônicas ele sintetizou e entendeu os resultados obtidos pelos
seus predecessores. Elipse significa falta, hipérbole, excesso e a parábola vem da ideia de
justaposição.

Definição
A obtenção da parábola ocorre ao cortar um cone por um plano secante paralelo a uma
geratriz que não passa pelo centro. Conforme mostra a figura.
De acordo com o autor Paulo Boulos, essa cônica também pode ser definida como:

“Sejam r uma reta e F um ponto não pertencente a ela . O lugar geométrico P dos
pontos equidistantes de F e r chama-se parábola . F é o foco , r é a diretriz , e
chamaremos o número positivo p tal que d( F,r ) = 2p de parâmetro da parábola
( outros autores definem o parâmetro como a distância do foco à diretriz ) . A reta
que contém o foco e é perpendicular à diretriz chama - se eixo . Se H é o ponto de
interseção da diretriz com o eixo , o ponto V , ponto médio de HF , é chamado
vértice . Uma corda da parábola é qualquer segmento cujas extremidades ( distintas )
pertencem a ela . Amplitude focal de Pé o comprimento da corda que contém o foco
e é perpendicular ao eixo .”

Em outras palavras, podemos definir uma parábola sendo o lugar geométrico dos pontos do
plano que são equidistantes, ou seja, que possuem a mesma distância do ponto F com a reta d.
Como observamos na imagem a seguir.

Na figura podemos observar que há um ponto P que está situado a uma mesma distância do
ponto F e da reta d.
O ponto e a reta citados são de fundamental importância para a definição e existência da
parábola, considerando a imagem acima, denominamos eles como elementos, sendo o ponto
F chamado de Foco; a reta d como diretriz. Além disso, devemos destacar o eixo de simetria
ou simplesmente eixo, sendo a reta que passa pelo foco ( ponto F) e é perpendicular a diretriz
(reta d) e o vértice que está representando como o ponto V, sendo a interseção da parábola
com o seu eixo. E denominamos a distância entre o Foco (F) e a diretriz (reta d) de
Parâmetro.

Equação reduzida
Podemos definir que há 4 tipos clássicos de equações reduzidas da parábola, essas equações
possuem a característica do vértice se encontrar na origem do sistema cartesiano.
p
Chamando de p a abscissa do foco, temos que as coordenadas de F são ( , 0) e como
2
dist(V, F) = dist(V, A). Assim, pela definição de parábola, podemos
concluir com a fórmula da distância entre pontos e de ponto a uma
p p
reta, que : (x − )2 + y2 = |x + |. Elevando os dois membros ao quadrado e
2 2
simplificando, obtemos: y² = 2px.
Essa expressão é chamada de equação reduzida ou padrão da parábola com vértice na origem
e eixo de simetria coincidindo com o eixo x. Da mesma forma, podemos definir equações
reduzidas para as parábolas com vértice na origem e eixo de simetria coincidindo com o eixo
y. Como mostra as figuras abaixo:

Quando o vértice da parábola não possui seu eixo de simetria coincidindo com o eixo do
plano cartesiano, ou seja, seu eixo de simetria está paralelo ao eixo x ou y, substituímos o x
da equação reduzida por x-x0 e y por y-y0. Sendo x0 e y0 as coordenadas do vértice.

Aplicações

Muitas vezes acabando não percebemos, mas a parábola está presente no nosso cotidiano
sendo aplicada em diversas áreas. Como em antenas parabólicas, e seu formato ajuda na
transmissão e recepção de sinais; Faróis de carros e lanternas, sua aplicação ajuda na
transmissão da luz; Na área arquitetônica, não só por questões estéticas mas a estrutura da
parábola também otimiza espaços, ventilação e iluminação.
Problema Resolvido
1. (Exercício retirado do livro de Steinbruch) Determine a equação de cada uma das
parábolas, sabendo que:
A. Vértice V(0,0) e foco F(1,0);
B. Vértice V(0,0) e diretriz y=3

Resolução do exercício:

A. Vértice V(0,0) e foco F(1,0);

A equação é da forma: y²=2px

Analisando as coordenadas do foco, concluímos que:


p
=1 , logo: p=2
2

substituindo o valor de na equação, temos:


y²=2(2)x, portanto: y²=4x

B. Vértice V(0,0) e diretriz y=3;

A equação é da forma: x²=2py

Analisanndo a equação da diretriz, temos que:


p
=−3 , logo: p= -6
2

substituindo o valor de na equação, obtemos:


x²=2(-6)y, portanto: x²=-12y

Hipérbole
A hipérbole é formada pela união entre um plano e um cone duplo de revolução. A figura que
é resultado dessa intersecção também pode ser definida algebricamente, a partir da distância
entre dois pontos. As hipérboles, embora estejam totalmente dentro de um plano, são curvas.
Ou seja, elas não são consideradas planas.
Definição de hipérbole
Na antiguidade, a hipérbole era obtida através da junção de um um plano paralelo a um eixo
de um cone, que não tem a presença de um vértice,com as duas folhas da superfície cônica,
como é mostrado na figura abaixo.

Como a circunferência ,a elipse e a parábola, e hipérbole também é um lugar geométrico. De


uma forma mais formal, a hipérbole é definida como um lugar geométrico dos pontos do
plano para os quais a diferença de distâncias em módulo dos dois pontos fixos do plano, F1 e
F2, é um valor constante e igual a 2a, com a > 0. E a distância entre eles é dada por 2c, sendo
0 < 2a < 2c.
Elementos de uma hipérbole

F1 e F2: são os focos


O: é o centro da hipérbole
2c: distância focal
2a: medida do eixo real ou transverso
2b: medida do eixo imaginário
e = c / a: excentricidade; e > 1
OBS: Aplicando o Teorema de Pitágoras no triângulo OB1A2, obtemos: c² = a² + b²,
chamada de relação notável da hipérbole.
Equação reduzida
1º caso: hipérbole com o foco no eixo x
x² / a² - y² / b² = 1

2º caso: hipérbole com o foco no eixo y


y² / a² - x² / b² = 1

Exercícios resolvido

1 - Determine a equação reduzida da hipérbole com eixo real 6, focos F1(-5 , 0) e F2(5, 0).

Solução: 2a = 6, a = 3

F1(-5, 0) e F2(5, 0) → c = 5
Da relação notável, obtemos: c² = a² + b² → 5²= 3² + b² → b² =25 – 9 → b² = 16 → b = 4
Assim, a equação reduzida será dada por: x² / 3² - y² / 4² = 1 → x² / 9 - y² / 16 = 1

2 - Determine a distância focal da hipérbole com equação x² / 16 - y² / 9 = 1

Solução: Como a equação da hipérbole é do tipo x² / a² - y² / b² = 1, temos que a² = 16 e


b² =9 Da relação notável obtemos: c² = 16 + 9 → c² = 25 → c = 5

A distância focal é dada por 2c. Assim, 2c = 2*5 =10; Portanto, a distância focal é 10.

Referências:

WINTERLE, Paulo; STEINBRUCH, Alfredo. Geometria Analítica. Makron Books, São


Paulo, 1987.
BOULOS, Paulo; DE CAMARGO, Ivan. Geometria analítica. CEP, v. 4533, p. 004, 1987.
DIAS, Cláudio Carlos; DANTAS, Neuza Maria. Geometria analítica e números complexos.
Funções complexas elementares, EDUFRN, Natal, RN, 2006.
LAGO, Danielle Michaelsen et al. Um estudo das cônicas. 2017.
CERQUEIRA, Adriano Almeida. Parábola e suas aplicações. 2015.
SANTOS, José Cristiano Cavalcante dos et al. Parábola e suas aplicações no Ensino médio. 2016.

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