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Atraindo as forças

de Exu Pantera Negra


Uma iniciativa da Casa de Pantera – TQMBEPN 49

Introdução
“Não há criatura no continente fora do alcance delas:
aves, peixes, repteis, grande antas, ágeis roedores, primatas
acrobatas. Onças são a manifestação mais clara e requintada
do poder criativo da natureza a oeste do Meridiano de
Greenwich. Suas pintas são como a impressões digitais: não
existe uma igual a outra em qualquer rincão isolado, boca de
mata, beira de rio, zoológico.

Bicho solitário, andarilho, errante. Capaz de não se cansar.


Capaz de enxergar na escuridão, não vê fronteira nem cerca,
não toma partido em conflitos fundiários nem em dilemas
fronteiriços. Não reclama e nem depende de ninguém. O
que a onça quer é ser onça.” (GAMBARINI, Adriano,
Duarte, Laís, Haberfeld, Mario e Cunha de Paula,
Rogério. Panthera Onça – à sombra das florestas. Ed.
Avisbrasilis).

A onça certamente é o animal mais enigmático das


florestas sul-americanas. Dentro de algumas etnias,
esses grandes felinos já foram homens e mulheres. Para
os Xavantes, a onça era a portadora original do fogo e
os guerreiros roubaram dela, mas essa história é ainda
mais complexa e linda, porque segundo os nativos a

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onça nasceu a partir de uma corda de fibra de embira
(rabo) e uma esteira de taboa transformou-se na
cabeça. Os tupinambás alegam que se transformavam
em onça para que suas raízes se tornassem menos
brancas e mais selvagens, assim como é natureza da
própria onça.

Consideradas deuses ou deusas, demônios e


encantados, certo é que o homem primitivo aprendeu
a caçar observando os felinos, copiando-os e isso fez
com que se tornassem exemplos de força e poder.

Na Amazônia, principalmente a Peruana, os


guerreiros jaguares gozavam de prestígio e respeito
das autoridades e dos próprios xamãs. Os Matis, por
exemplo, fazem modificações faciais para se parecer
como uma onça a fim de impor medo e respeito aos
oponentes. Inclusive, essa etnia crê que a onça só ataca
quando alguém manda e existe até magias negras que
estão envoltas nessa crença.

Antes mesmo da chegada de Colombo (invasor


estrangeiro), os governantes maias eram retratados em
tronos esculpidos em forma de jaguar ou decorados
com sua pele, aliás, usar a pele desse animal era
considerado um código de autoridade em muitas
civilizações. Existiram povos que consideravam a onça/
pantera como símbolo dos homens mais importantes,
pois tratava-se de um animal que representava a
escuridão, o ventre da própria mãe terra, que gera
novos frutos e vida.

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Historicamente, a onça representou no nosso território
um importante símbolo de força, poder, virilidade,
que atuava dentro do mundo dos vivos e vigiava
a consciência das pessoas para que fossem sendo
lapidadas, mas cm a chegada do homem branco e seu
deus crucificado, a crença nesse deus vivo e guerreiro
acabou sendo destruída junto com seus próprios
povos, mas a guerra persistiu no mundo espiritual e
persistirá enquanto homens e mulheres acreditarem
na força desses espíritos guardiões.

Toda essa introdução visa demonstrar as pessoas a


importância da onça/pantera na formação da cultura
da nossa terra antes de chegarem deuses estrangeiros.
Através do sincretismo com outros povos que também
cultuavam os grandes felinos, nasceu o conceito de
era possível incorporar um desses espíritos jaguares e
dessa forma nasce o Exu Pantera Negra.

Temos um lindo relato sobre a lenda africana de


Kpòssún (homem pantera), fruto da união da princesa
Álígbònò com uma pantera chamada Gbèkpò. Essas
lendas/histórias apenas enriquecem e fortificam a ideia
de que existem relações enormes dos homens com os
grandes felinos e que são capazes de compartilhar
corpos.

Todas essas informações, somadas as que já estão


publicadas no livro “Quimbanda – O Culto da Chama
Vermelha e Preta” mostram que todos os atos praticados

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pela LTJ 49 são muito estudados e praticados antes de
serem entregues ao público.

A Corrente LTJ 49 entende que ao abrir certos


mistérios alcançará um público que sente a necessidade
de exercitar as práticas desenvolvidas e aprimoradas
por nós. Nem sempre as ritualísticas são complexas,
mas isso não tira delas o brilho e a potencia que
necessitam ter e emanar. Dentro da feitiçaria da
Quimbanda ciência e resultados positivos são os dois
grandes alicerces que sustentam a alma do feiticeiro
(a), portanto, esperamos que as pessoas realmente
dispostas ao trabalho em egrégora conosco sigam os
caminhos descritos e possam ainda acrescentar mais
elementos conforme seu conhecimento teórico e
prático permitirem.
Estimulamos a prática solitária por dois grandes
motivos:

- Fortalecimento interior;
- Destruição das fobias paralisantes.

O aprimoramento da magia leva muitos anos e torna-


se uma bagagem pesada, por esse motivo, as vezes
devemos deixar algumas para trás, porém, nas nossas
cabaças individuais sempre existirá o pó daquilo que
já percorremos e é assim que fortalecemos nossa
existência mágica.

O Ritual que descreveremos tem por objetivo gerar


uma grande egrégora para que esses espíritos-jaguares

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possam nos ajudar, corrigir, disciplinar, conceder
coragem, dons mágicos e curas psíquicas. No dia 27
de maio celebramos o assentamento do Exu Pantera
Negra em nossas vidas. Seu primeiro assentamento
foi feito em dezembro de 2000, portanto, cremos
que nesses 23 anos de convivência a presença dele foi
fundamental para que a Corrente LTJ 49 nascesse e
que muitas outras pessoas fossem agraciadas. Todos
(s) que decidirem se conectar conosco poderão seguir
as instruções sem receio algum e de certa forma
despertarem dentro de si as fagulhas desses guerreiros
maravilhosos.

O Ritual
Prepare um ambiente onde você possa praticar
o que iremos propor tranquilamente. Limpe-o
espiritualmente através de tinturas, pós mágicos ou
até mesmo um pano embebido em cachaça. Acenda
um defumador e acrescente arruda seca e folhas ou
cascas de jatobá. Deixe o ambiente propício para sua
entrega.

Entre as 20:00 até as 24:00h você conseguirá acessar


nossa egrégora, dessa forma, administre bem o tempo.

Recomendações: Faça um banho macerado ou quinado


com peregun-roxo, guiné e peregun-verde do ombro para
baixo. Essa alquimia vai ajuda-lo (a) sentir melhor as
forças espirituais.

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Vamos descrever o passo a passo para que vocês não
errem e aprendam ao mesmo tempo.

Materiais necessários:

• 04 velas palito cor branca (pode ser usada vermelha


e preta ou verde e preta);
• Um coitê feito de cabaça (compre a cabaça, corte-a
ao meio, retire as sementes e a película);
• Uma dose de cachaça misturada com mel;
• 01 alguidar tamanho 01 (lavado com agua e imantado
com cachaça – seco na sombra);
• 01 pedaço de costela bovina ou suina que caiba no
alguidar;
• Oléo/Azeite-de-dendê (epô);
• 7 sementes de pimenta-da-costa;
• 1 charuto ou cachimbo para baforar na oferenda
• Um giz escolar de lousa (normal).

Recomendações:

» Limpe as velas com tintura ou aguardente.


» Desenhe o Ponto Riscado da Legião de Pantera
Negra por dentro do alguidar com o giz escolar.

Como fazer esse ritual?


Leve todo material para o ambiente onde você poderá
ritualizar com tranquilidade. Coloque as sete sementes
de pimenta na boca e mastigue. Enquanto pratica
esse ato, pense em tudo que você necessita mudar

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na sua vida, peça coragem, força, astúcia e que se
torne invisível aos seus inimigos. Quando estiver bem
ardido, coloque um pouco da bebida adoçada com mel
na boca e sopre com força dentro do alguidar. As vezes
chega até apagar parcialmente o ponto, mas não se
preocupe com isso, porque astralmente estará abrindo
o portal.

Acenda as velas nas pontas adequadas as quatro velas


que representarão as quatro direções:

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Sussurre as seguintes palavras: “Quatro são as direções
que a grande onça pode percorrer, quatro é a minha razão,
assim, peço que essas chamas sagradas me alinhem para um
caminho onde eu possa prosperar, ter boa caça, dormir com
tranquilidade, encontrar água fresca, ter tudo em abundância
e não ser cercado e morto por inimigos vivos ou mortos. Que
Exu Pantera Negra seja meu guia pela Mata Escura onde
apenas seus olhos são capazes de enxergar o melhor caminho.
Que eu encontre o que preciso, desejo e anseio. Laroyê Exu
Pantera Negra!”

Seguidamente, encoste o coité na boca e sussurre:

“Exu Pantera Negra, lhe sirvo o fogo liquido doce para


que percorra meu corpo e dizime todas as fraquezas,
doenças, fobias e medos. A cabaça é o grande útero dos
meus pedidos, portanto peço que (faça seus pedidos
pessoais).”

Após esse ato, coloque o coite dentro do pentagrama


para que brilhe e alcance toda Legião.

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O próximo ato é servir a carne (que já está dentro do
alguidar). Se o adepto (a) desejar, pode temperá-la
com coentro e óleo/azeite-de-dendê fervendo, porém,
pode ser usada crua mesmo sem problema algum. Só
evite coloca-la gelada.

Deixe-a em temperatura ambiente. Caso só encontre


congelada, descongele-a e moderadamente a asse
temperada.

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Esse prato montado será colocado na representação
da mata, dos altos e baixos que existem e na força de
superação que necessitamos.

Nesse instante sussurramos: “Pai da Mata, Exu Guerreiro


e feiticeiro que habita nas sombras, Rei dos Yamapumas,
oferto a carne para que que meus caminhos sejam abençoados,
sempre fartos e abundantes. Que a intensão maligna dos
meus oponentes seja desviada e que seus mentais caiam nos
labirintos verdes. Que as armadilhas feitas para mim sejam
desarmadas com vossa sabedoria e que a coragem que habita

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em sua essência seja compartilhada comigo, pois ainda estou
na matéria e necessito muito dessa força. Que seja levada
toda doença, praga, maldição, mal-olhado, inveja, ódio,
rancor, magias e feitiçarias que visam me destruir. Confio
no esturro e mais ainda nas suas presas e garras. Laroyê
Pantera Negra!”

O ultimo elemento é relacionado ao ar. Acenda o


charuto ou o cachimbo e vá baforando dentro do
símbolo. Mentalmente peça que sua oferenda chegue
aos seus ancestrais e ao Povo Pantera. A cada baforada
vá falando coisas que gostaria que mudassem. Sopre
com vigor no ponto, porque isso fará Exu Pantera
Negra receber com a mesma intensidade. Essa é a
ultima pratica. Não existe oração para o tabaco, suas
intensões devem carregar a fumaça que baterá no chão
e subirá, ou seja, alcançará os ancestrais que estão nas
cidades profundas e aqueles que se movem através do
Cruzeiro do Espaço.

Sentindo que a energia está propícia, inicie uma


meditação. Feche seus olhos e permita que sua mente
se sinta livra. Combata pensamentos limitantes e se
puder visualize aquilo que deseja que aconteça. Essa
parte do ritual é fundamental, pois é a ligadura, o
rasgo no véu entre vivos e mortos.

O ritual falará o momento que você pode se despedir


das forças. Você sentira uma diminuição da energia e
essa é a mensagem que você pode deixar a oferenda
em repouso para que Exu Pantera Negra drene o que

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necessita. Deixe aceso até as velas acabarem.

Como despachar?
A carne deve ser despachada na natureza, portanto,
a envolva em um papel de seda ou mesmo em um
pedaço de tnt, pois ambos não agridem a natureza.
Coloque um pouco de álcool no alguidar e ateie fogo.
Isso servirá para fechar o ponto. Depois disso, lave-o
convencionalmente e o limpe com a solução salina.
Ele servira para outros rituais.

A bebida do coité deve ser despachada na terra.


O mesmo também será lavado e guardado para
próximos rituais. Se o adepto (a) optar pelo uso do
charuto, deschave-o e despache junto com a carne. Se
ocorrerem sobras no cachimbo, use-as para defumar o
ambiente quando necessário.

As borras de vela vão para o lixo convencional.

A força desse trabalho em egrégora conosco trará no


vos caminhos e boas perspectivas. Faça corretamente,
amplie através de seus conhecimentos, mas não deixe a
oportunidade passar em vão. Exu Pantera nos ensina:

“Perde-se a caça por erro do caçador”

Amor, Verdade e Justiça.

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