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FU DAMENTOS
DECÁLCULO
FUNDAMENTOS
DECÁLCULO
1• edição
2015
Rio de Jan Iro
(2• impres o)
1 Funções 13
1.1 Definições e exemplos . 14
1.2 Monotonicidade, extremos e imagem 25
1.3 Composição de funções 35
1.4 Inversão de funções . . . 44
1.5 Gráficos de funções ... 48
1.6 Funções trigonométricas 60
2 Sequências e continuidade 67
2.1 Supremo e ínfimo .... 68
2.2 Limites de sequências .. 76
2.3 O conceito de continuidade . 92
2.4 Continuidade sequencial . . 103
2.5 O teorema do valor intermediário 112
VII
"1 ' 1 \ 1; 1e ,
VIII
B Sugestões aos Problemas
Bibliografia 551
IX
Os próximos capítulos apresentarão, em detalhe, os temas centrais concernentes a uma das
maiores sínteses intelectuais da história da civilização, o Cálculo Diferencial e Integral.
Como frequentemente ocorre com as grandes ideias científicas, a cronologia do desenvolvi-
mento do Cálculo revelou-se completamente errática, enredando-se na ordem exatamente con-
trária à que utilizaremos em nossa exposição. Após um incrível lampejo de genialidade de um
dos maiores sábios da antiguidade clássica grega, foi necessário esperar cerca de 20 séculos até
que dois outros luminares da ciência dessem o próximo passo; a este, por sua vez, seguiu-se um
século e meio de intensas pesquisas e maturação, após o qual o Cálculo pôde, finalmente, ser
colocado em bases sólidas.
Mas, de que trata o Cálculo Diferencial e Integral? esta breve introdução, tentamos res-
ponder a essa pergunta apresentando, por meio de argumentos heurísticos, os dois conceitos
que o nomeiam, quais sejam, a integral e a derivada de uma função. Em seguida, criticamos
brevemente nossas abordagens de tais conceitos, enfatizando como as deficiências que elas en-
cerram apontam para a necessidade de uma melhor compreensão do conceito de número real e
da introdução do conceito de função contínua.
Nossa história começa no século III a.C., com o grande Arquimedes de Siracusa (cf. Figura 1).
Por essa época, Euclides de Alexandria já havia sistematizado toda a geometria conhecida (à qual
nos referimos modernamente como Euclidiana) em sua magistral obra Elementos. Arquimedes,
então, considerou (e resolveu) o problema de calcular a área sob um arco de parábola, utilizando
para tanto o método da exaustão.
1
Em linguagem atual e em uma situação ligeiramente mais geral, a heurística por trás de tal
método é a seguinte: dada uma função não negativa J : [a, b]---+IR (figura 2), queremos calcular
a área da região n do plano cartesiano, situada sob o gráfico de f e acima do ei.xo das abscissa ,
de sorte que
'R, = {(x, y) E IR2 ; a< X< b e Ü < y < J(x)}.
a b X
Para tanto, dividimos o intervalo [a, b] em k intervalo iguais com o auxílio dos ponlos a =
t 0 < t1 < · · · < tk = b, de tal modo que ti - t,_ 1 = b·t, pnrn 1 < t $ k. Em seguida (Figura 3),
.
Agora, aproximamos a área de n por falta e por excesso, calculando, em cada caso, as sornas
das áreas dos k retângulos descritos no parágrafo anterior e que aproximam a área de cada
porção de 'R, também por falta e por excesso, respectivamente. Assumindo que J atinge valores
tnfnimo e máximo em cada intervalo [t,_11 t,], e denotando (também respectivamente) por m, e
M, tais valores mínimo e máximo (de modo que m 1 e J\l, sejam os comprimentos das alturas dos
2
retângulos considerados anteriormente), obtemos como resultado as somas
(1)
n, temos, então,
k
~ AI,(t, -
que
t,_ 1) = ea)~
k
k
M,. (2)
e esperamos que A(J; k) e A(f; k) aproximem A(R) cada vez melhor, à medida que aumentamos
mais e mais o número k de intervalos utilizados.
Conforme frisamos anteriormente, Arquimedes levou tal procedimento a cabo em um caso
bem particular. qual seja, aquele em que f é a porção da parábola xi--+ x 2 situada entre a= O
e b > O.
A fim de ilustrar as dificuldades em·olvidas, consideremos a situação mais geral do emprego
do método da exaustão para o cálculo da área de n quando f : [O,b] ➔ IR é a função definida
por f(x) = xn, onde n é um natural dado. Como antes, sendo k EN e O= t 0 < t 1 < • •• < tk = b
a partição de [O,b] tal que i 1 - t,_ 1 = ~ para 1 < i ~ k, temos t 1 = ~ para O < i < k. Também,
como xi--+ xn é crescente, segue que m, = f (t,-1) = t~_1 e A,f. = /(t 1) = t~. Assim,
e, analogamente,
n+l k
portanto, a diferença entre A(f; k) e A(J; k) é cada vez menor à medida que k aumenta e, pelo
menos nesse caso, concluímos que A(J; k) e A(f; k) aproximam A(R) cada vez melhor, à medida
que k aumenta.
Para calcular o valor de A(R), utilizemos o resultado do item (b) do exemplo 31, o qual
garante que
k (k l)n+l k
"'(i- ir< - < I:in.
Li=l n+l .
1-l
3
Combinando tais desigualdades com (3) e (4), obtemos
bn+l ( 1 )n+l
À(J; k) < n+
1
1- k < A(J;k). (6)
Então, fazendo k aumentar mais e mais em (6) e levando em conta que 1 - ¼aproxima-se cada
vez mais de 1 e (cf. (5)) A(J; k) - A(f; k) fica cada vez mais próximo de O à medida que k
aumenta, concluímos que
bn+l
A(n) = n + 1.
Conforme antecipamos no início desta introdução, o passo seguinte no desenvolvimento do
Cálculo teve de esperar cerca de 2000 anos, mais precisamente até o final do século XVII, para
ser dado. Isso não é de estranhar, se levarmos em conta a complexidade dos cálculos e notaçõc
que utilizamos até aqui, juntamente com o fato de que eles não estavam disponíveis a ninguém
nesse interregno de dois milênios, simplesmente porque não existiam. De fato, o hiato entre o
tempo de Arquimedes e o final do século XVII foi o tempo necessário para. que a civilização
desenvolvesse as notações e ferramentas algébricas e geométricas que possibilitaram os trabalhos
seminais de nossas próximas duas personagens, su Isaac . cwt?n e Gottfned \V1lhem Leibmz.
A fim de apreciar o grande passo adicional dado por ewton e Leibniz, consideremos o
problema de encontrar a reta tangente ao gráfico de uma função f : (a, b) ➔ R em um ponto
A(xa, /(x 0)) sobre tal gráfico (de modo que xo E (a, b)). Para tanto, tomando x 1 E (a, b) \ {xo}
-.+
e sendo B 1(x1, J(xi}), dizemos que a reta AB1 é uma secante ao gráfico de f passando por A.
-.+ t--+
Na Figura 6, consideramos ru; secantes AB1 e AB 2 ao gráfico de J.
4
Figura 5: O matemático e físico inglês Isaac ewton é considerado um
dos maiores cientistas que a humanidade já conheceu, sendo difícil men-
surar sua contribuição para o desenvolvimento da ciência. Considerado
o pai da Física moderna. ewton criou, juntamente com G. W. Leib-
niz, os fundamentos do Cálculo Diferencial e Integral, pedra angular do
desenvolvimento científico e tecnológico vivenciado desde sua época, no
final do século XVII, até os dias de hoje. Sua obra-prima, Philosophiae
Naturali.s Pnnctpta Mathcmattc.a (em português, Os Princípios Matemá-
ticos da Ftlosofia Natural - à época de • ewton, a Física era conhecida
como Filo:,ofia Natural). é considerada por muitos o livro que mais influ-
enciou o de.,envolvimcnto da ci\'ilizac;ão ocidental, por conter os alicerces
do Cálculo e da Fbica modcrnl\..,.
+--+
Um pouco de intuição gcométricn tornn rnzoA\'el supor que uma secante genérica AB deve
aproximar-se cada vez mai da tangente ao gráfico de f em A, à medida que B se aproxima de
,..\ao longo do gráfico (ou, o que é o mesmo, à medida que x se aproxima de x 0 em (a, b)).
+--+
Ob~crvc que. se .r.1 E (a, b) \ {.ro} e B(i 1, J(xi)). a secante AB ao gráfico de f é a reta de
equação
y- J(.ro) = (!(xi) - J(xo)) (x - xo); (7)
X1 - Xo
por outro lndo, a reta tangente ao gráfico de f em A, se não for vertical, deve ter equação da
fo1ma
Y - f (.,,,ui= m(x - xo), (8)
para algum m E JR.
Comparando (7) e ( ) e tendo em conta a discussão do parágrafo anterior, somos levados
a concluir que os quocientes /(zi)-/(:ro)
:r1 -zo
devem aproximar m cada vez melhor à medida que x 1
aproxima x 0 cada vez melhor. Assim. concluímos que a reta tangente ao gráfico de J em A é
- ( 8) , onde m e, o va l or limi t e d os quoc1en
a reta de equaçao • t es J(xixi>- f(xo) , à med'd
-xo 1 a que x 1 se
aproxima de x 0 mais e mais.
l\1odernamente, dizemos que tal valor limite dos quocientes f(:r;1=~~xo), à medida que x 1 ae
5
n f
1'
11
7 pr
li 1 'li
li u
(J [,, /,)
~
onde A({xo. x]) denota a área da porção da região em questão, situada entre as retas verticais de
abscissas x 0 e x.
É razoáYel supor que. para x bem próximo de x 0 . uma boa aproximação para A([xo, x]) seja a
área do trapézio com bases de comprimentos J(xo) e J(x) e que tem o segmento [xo,x] como um
de seus lados não paralelos (o trapézio hachurado, na Figura 7). Ademais, também é razoável
supor que tal aproximação seja tanto melhor quanto mais próximo .r estiver de xo, de maneira
que
A([xo. x)) ~ ( /(xo); f(x)) (x - ro). (10)
para r - x 0 pequeno.
Combinando {9) e (10), concluímo que
para , - .ro pequeno, ~cndo tal Rprox.imnçiiotanto melhor quanto mnis próximo x estiver de x 0.
f\J,t~,i-ic•
o gráfico dt• / for umn cur\':n oontúma {i.l'.. 'l'lll interrupções), então, à medida que x se
aproximn mais e mab d<.> x 0• l ...,Jh'!"lUno quC' \1\lor • /(.r) "iC aproximem mais e mais de f (x 0 ),
ele fo11111\ que o quocil•nt' A(:r-J::!z:> fiqlh'lll cnd , •z nuu::,prox1mos de f(.ro>;t<xo) = f (x 0). Em
1csumo, concluímo~ qut>, n ,-..-..l.' e so dt•,,• ~r
i\(x) - • \(xo) 0t f( . )
------ :lo' (11)
~.t- o
pmn .r - .r0 pcqUl'llO,!:>Cndotnl nprox.im ção ranto melhor quanto mais próximo x estiver de x 0 .
Em pnlm 1 n~. o nrgument o heurist ico acim, garante que podemos reobter a função f : [a, b] ---+
R qll(' d<'finc um grAfiro conlfnuo, contnnto que conheçamos a função A : [a, b] ➔ R, tal que
A(x) cnlculn n fü-cndn região ...itut da sob o gráfico de J. acima do eixo das abscissas e entre as
n•t o.-.de nb~c1·sn~ a n .r..
1\o ca..--o l'll\ que /(.r) = x".
por exemplo, ,imos que A(x) =::;,de forma que, para x - x 0
pl,qucno (e rom o nux1lio do problema 5, ç.:~:na 417),
1
A(x) - A(xo) = _l _ (x"- 1 - x0+ )
x - Xo n + 1 x - Xo
7
m linguag m mod rna dad nção n -o • f : [a b] . cujo gráfico ' um ur
cemínua diz mo qu função- •r : [a, b] ➔ • um int gral ind fimda p f d no am
(1)
d 1x
d. ª J(t)dt = J( ·) (1 )
\e·~ < intc111•gno,o conct ito de int<-grnJt ml> m gnnhou contorno bem definidos, inicialmente
1
com os t 1nbnlho d1~13. íli1111nu11. o qu • forrun p ,t riorim•ntt' c:-.lcndidos, por II. Lebesgue, a
um < 011tt•xto mnis gt:mi.
Figmn 9: Quando olh mos pMa o lcg elo de Bernhard Riemann à Geo-
rin, concluímo qu tah Cl a m<'nor de suas contribuições à Mate-
m.:>t
mnt ic- t t>nha sido uma formalização adequa.da do conceito de integral
qu~•.hojt.",lc"n ~ u nome. (Conforme o leitor atento deve ter notado, o
Cnpít ulo 6 e intitulado A Int de Riemann.) Outra das criações de
Rl •mru.m 1
o. geometria hoje conhecida como riemanniana, forneceu a A.
Em:-.tem o arcabouço teórico adequado ao desenvolvimento da teoria da
rclt\tl\ idade geral.
E te lhTo tem o duplo propo ito de colocar os conceitos de derivada e integral em bases
sólidas e fazer JUS às motivaçõe; históricas para o desenvolvimento do Cálculo, apresentando
vá.nas aplica~ões interessantes do mesmo à Física e à Geometria.
9
Desde sua criação, a grande razão para o sucesso do Cálculo como corpo de conhecimento
tem sido sua aplicabilidade a um sem-número de problemas de vários ramos do conhecimento.
De fato, o próprio Principia 2 , publicado em 1687, deixa claro que a grande motivação de 1 ewton
para a desenvolvimento dos métodos do Cálculo residiu nas aplicações dos mesmos à Física.
Após ewton e Leibniz, o século XVIII presenciou uma miríade de aplicações e extensões
dos métodos do Cálculo, capitaneada pelos igualmente geniais L. Euler e J. L. Lagrange.
10
d nvolvim n o apoiaram- m ombro d gigant .
11
t capitulo inicial apr
quai rã.o utilizado livr m nt ao longo do t xto. Para a di cu ão d m
ug rimo 1 itor on ul ar mpr qu achar conv ni n , o rnat rial e n • ant d
1-1
igur 1.2· m l m nt d qu
UI l.:.,'tu lmnt qu i 1, rt m i d um
\O 1. 1.
} fix do um 1 m nto e E Y, a função constante e
\ l 1ll) /(x) = para todo x E X.
1.2.
njunto não vazio X. a função identidade de X, denotada por ldx .
d d por Id. •(x) = x. para todo x E X.
1
Para o que segue, fixado arbitrariamente n EN, denotamos por ln o conjunto dos n primeiro
número· naturais, i.e., ln= {1,2, ... ,n}. Por exemplo, 11 = {l}, h = {1,2}, / 3 = {1,2,3} e
assim por diante.
ÇÃO 1.3.
Uma eequência (infinita) de números reais é uma função f : N ➔ R. Uma sequência
(lnlta) de númerosreais é uma função f: ln ➔ R, para algum n EN.
--------------~
Dada uma sequência f : N ➔ R (resp. 1 : ln ➔ R) é costume denotar, para k > 1 inteiro,
ak = f(k). Desta forma, obtemos a notação usual para sequências, qual seja,
a1 = f(l), a2 = 1(2), a3 = 1(3), ....
Por vezes, denotamos a sequência em questão simplesmente por (adk>1 (re p. (ad1<k<n).
De um ponto de vista matematicamente mai rigoro o, uma função é um caso particular de
uma relaçãoentre dois conjuntos, de acordo com a definição a egmr.
DEFINIÇÃO 1.4.
Dados conjuntos não vazios X e Y, uma relação de X em Y (ou entre X e Y, nessa ordem)
é um subconjunto R do produto cartesiano X x Y, i.e.. R ê um conjunto de pares ordenados do
tipo (x, y), com x E X e y E Y. Se Ré uma relação de X em X, diremos simplesmente que R
é uma relação em X.
EXEMPLO 1.5.
Se X= {l, 2, 3} e Y = {2, 3, 4, 5}, o conjunto
R = {(x, y) E X x Y; x > y}
16
sejam relacionados por R, ou não). No primeiro caso, escrevemos x Ry; no segundo, zJ(71.
símbolos,
xRy ~ (x,y) E R.
Assim é que, para a relação do exemplo anterior, temos 3 R 2 mas 2,R3, uma vez que 2 > 3 é
falso.
Dentre todos os tipos de relação que podemos considerar entre dois conjuntos não vazios, o
principal é aquele isolado a seguir.
DEFINIÇÃO 1.6.
Dados conjuntos não vazios X e Y, uma relação/ de X em Y é uma função
condição for satisfeita:
\/x E X, 3 um único y E Y; xfy.
--------~~~---------
Como antes, escrevemos / : X ➔ Y para denotar que f é uma função de X em Y e f (x) = y
para denotar que o par (x, y) E X x Y é relacionado por/, i.e., satisfaz xfy. Observe que tal
notação faz sentido> uma vez que a definição de função garante que, se (x, y 1) e (x, Y2)são pares
ordenados em X x Y tais que xfy1 e xf y2 1 então y 1 = y2 . Por outro lado, é imediato verificar
que a definição formal acima coincide com a definição informal dada no início desta seção.
O mais das vezes, trabalharemos com funções f: X ➔ Y tais que X, Y e IR..Em tais casos,
geralmente indicaremos quem é o elemento f(x) E Y associado a um elemento genérico x E X
por meio de uma f 6rmula em x, a qual explicita uma regra que a função deve satisfazer. Por
exemplo, podemos dizer: considere a função f : IR. ➔ IR.,dada por f(x) = x 2 . Isto quer dizer
que a função associa, a cada x E IR.,seu quadrado x 2 . Veja que os requisitos definidores de
uma função estão satisfeitos, uma vez que, a cada x E IR.,temos associado um único outro real
f(.--c),qual seja, x 2 . Assim é que, ainda em relação a esse exemplo, temos /(./2) = (./2) 2 = 2,
f (3) = 32 = 9 etc.
Quando X, Y e IR.e / : X ➔ Y é uma função tal que o elemento f(x) E Y associado a
x E X é dado por uma fórmula em x, denotamos por vezes tal correspondência escrevendo
f:X ~ y
X 1-----t f(x)
A im, a função do parãgrafo anterior, que associa a cada x E IR.seu quadrado x 2 , poderia ser
denotada da seguinte maneira:
/ :IR. ~ IR.
X 1-----t X 2
17
1.7.
Considere a função J: Q ➔ lR, dada por
f (x) = { J x 2 + 1, se x <O
x+l. sex>0
Certamenteque temos uma função, pois as expressões que definem J(x) têm sentido cm lR e.
apesar de devermos aplicar fórmulas diferentes, conforme o racional I satisfaça .r < O ou .r > O.
cada racional x tem uma única imagem f(x) bem definida. posto que os cn!--os.r < O e .r > O
cobrem todos os racionais. Assim, por exemplo. f ( -1) = v (-1 ) 2 + 1 - -.,/2 ( umn v--z que
-1 < O), mas J(2) = 2 + 1 = 3 (uma vez que 2 > O).
Observe que poderíamos ter definido J(.r:) escrevendo
Nesse caso, as condições x < O e .r. > O cobrem todo:-. o:-.racionnis 11uts não são mais disjuntas:
x = O satisfaz ambas; no entanto, as fórmula.., que d \ mo:s nplicnr n um e a ont1 o ca~o dão
um mesmo resultado quando x = O (umn \·cz que /O.!.+ 1 = O+ 1), afa tnnclo assim qunlqm•1
possibilidade de inconsistência.
Por vezes, dizemos que uma função J como a do exemplo anterior esta definida por partes
em alusão ao fato de que há uma fórmula para calcular J(x) quando .r E (- , Oj, e outr,1 quc1ndo
x E (O,+ ) (ou x E (O,+ ), conforme e queira).
Ao lidarmos com uma função f : X ➔ Y, é frequentemente útil denominarmos os conjuntos
X e Y, respectivamente, de domínio e contradomínio da função: nesse contexto, denotaremos
X = Dom (J). Assim é que, para a função f do exemplo 7. o domínio e o contradomínio são,
respectivamente, Q e JR.
O mais das vezes. vamos trabalhar com funçõe f : X ➔ IR ta1. que X e R. Em tais casos,
diremos que f é uma função real (em alu ão ao fato de que f assume valores reais - i.e .. de que
seu contradomínio é JR)de uma variâvel real (em alusão ao fato de que um elemento genérico
.e do domínio X de f a variável da função - é um número real).
Ainda em tais ca os, quando 05 valore f(x) forem dado por uma fórmula. como f (x) =
J :c(:c
1
, por exemplo, alvo menção· em contrário, com·encionamo tomar X como endo igual
1)
ao maior· domínio possível. De outro modo. tomamo X como igual ao maior subconjunto de R
no qual w; operações matemáticas que definem a e,X.-preão f(x) têm entido. Diremos. então.
que X é o domínio maximal de definição. ou imple mente o domínio maximal de J.
1
EXEMPLO 1.8.
A título de ilustração. encontremos o domínio maximal X e 1Rda função / : X --,
por J(x) = Jx<~-I). Temos
X = {xJR; Jx(x l - 1)
E E IR}
Como, para um produto ser positivo, ambos os fatores devem ter um mesmo sinal, devemos ter,
x > O ex - 1 >O.ou então x < O ex - 1 < O, i.e., x > 1 ou então x < O. Portanto,
o contexto de funções reais de variável real, temos maneiras padrão de construir novas
funções a partir de outras já conhecidas, utilizando as operações aritméticas do contradomínio
1Rdas mesmas. Mais precisamente, dados um conjunto não vazio X e IR, um número real e e
funções reais de uma variável real f, g: X ➔ IR(de mesmo domínio!), definimos as funções
f + g, f · g e e· f : X ➔ IR
pondo
(J + g)(x) J(x) + g(x),
(J. g)(x) - f(x) • g(x),
(e· J)(x) - e· f (x),
para todo x E X.
Algumas observações são pertinentes. Em primeiro lugar, veja que os sinais de adição na
igualdade
(! + g)(x) = J(x) + g(x)
têm significados distintos: no primeiro membro temos a definição da função f + g, ao passo que,
no segundo membro, f(x) + g(x) representa a adição usual dos números reais f(x) e g(x). Uma
observação análoga é válida para os sinais de multiplicação utilizados nas definições das funções
J. g e e. f. Em segundo lugar, assim como com números reais, omitiremos em geral o sinal de
multiplicação, escrevendo f g e cf em vez de J · g e e· J, mas isto não deve causar confusão.
É evidente que f + g, f g e cf são realmente funções de X em IR. As funções f + g e fg
são denominadas, respectivamente, a soma e o produto das funções f e g. Por outro lado, o
produto cf do número real e pela função J pode ser visto como caso particuhu· do produto de
19
1 1 '' 1 11 -
duas funçÕ<'s:tomando g como a função constante e igual a e, temos f g = cf; ainda para tal g,
denotaremos f + g simplesmente por f + e, de sorte que
(! + c)(x) = f (x) + e,
para todo x E X.
ExEMPLO 1.9.
Sendof e g as funçõesde IRem IRdadas por f(x) = r.l+i e g(x) = -x + 3, temos
X
(! + g)(x) = f(x) + g(x) = x 2 + 1 + (-x + 3)
x + (x 2 + 1)(-x + 3) -x 3
+ 3x 2 + 3
-
x2 + 1 x2 + 1
2
x -x + 3r
(Jg)(x) = f(x)g(x) = 2
• · (-x+3) = 2
•
X +1 X +1
e
( V3J)(x) = V3/(.r) = ../3. 2x - _.r_/3_3
.r +1 .z;2 T 1.
• Comutatividade: J + g = g + f; fg = gf.
• Associatividade: f + (g + h) = (! + g) + h; J(gh) = (Jg)h.
• Distributividade: f (g + h) = f g + f h.
Note que a associatividade da adição e da multiplicação de funções permite definir, de modo
inteiramente análogo, a soma ou o produto de um número finito qualquer de funções de X em
IR. Por exemplo, dadas funções f 1, h, ÍJ : X ➔ IR, definimos /1 + h , h = J1 + (f 2 + h) (ou, o
que é o mesmo, (/1 + h) + h) e !ihh = fi{hh) (ou, o que é o mesmo, (J1 h)h) etc.
Por fim, sugerimos ao leitor consultar o problema 1. para uma e>,,,'tensãoadicional da dis-
cussão sobre operações com funções.
Voltemos ao estudo do contradomínio de uma função f : X ➔ Y, é importante notar que Y
em geral nao coincide com o conjunto formado pelas imagens dos elementos de X. Ilustremos e.. a
diferc11çautilizando novamente a função f do exemplo 7. Já ob ervamos que o contradomínio
da mesma é o conjunto IRdo5 número5 reais. Por outro lado, o conjunto formado pelas imagens
20
f(x) dos elementos do domínio Q de f certamente não contém números reais menores que 1. De
fato, para um racional x qualquer, temos x 2 + 1 > 1 e, daí,
por outro lado, para um racional x > O, temos f(x) = x + l > 1, de maneira que
ote, por fim, que o intervalo [1, + ) é um subconjunto próprio do contradomínio IRde f.
Mais geralmente, dada uma função f : X ➔ Y, o conjunto imagem, ou simplesmente a
imagem, de f é o conjunto Im (/), cujos elementos são as imagens f(x) E Y dos elementos
XE X:
lm (/) = {f(x) E Y; x E X}.
Em particular, temos sempre Im (!) e Y, e a discu ão acima mostra que pode ocorrer Im (!) =J
Y.
o exemplo discutido no penúltimo parágrafo acima, mostramos que a imagem da função era
um subconjunto próprio do contradomínio da m~ma. No entanto, não chegamos a explicitar pre-
cisamente tal conjunto-imagem. Em situações específicas essa tarefa pode ser consideravelmente
difícil, como atesta o exemplo a eguir.
EXEMPLO 1.10.
Explicitemos a imagem da função f: Q \ {O}➔ Q dada por /(r) = ¼,se o racional r estiver
escrito na. formar= i, onde a E Z, b E N e mdc (a, b) = l.
Certamente a função f está definida de maneira não ambígua, uma vez que todo racional
não nulo admite uma representação única como quociente de dois inteiros primos entre si, sendo
o denominador um número natural. Por exemplo, -1 = -/ e, daí, f (-1) = ½-Por outro lado,
como b EN, vemos imediatamente que
21
( \l'l 11 1 ( 1 1 Fl'\"CJ>t-:S
Infelizmente não existe um algoritmo 1 que nos permita encontrar explicitamente a imagem
de uma função qualquer dada. Entretanto, ao longo dos capítulos subsequentes, resolveremos o
problema de encontrar o conjunto-imagem para várias funções importantes.
Terminemos esta seção discutindo o conceito de igualdade de funções. Em relação à função
J do exemplo 7, não faz sentido considerarmos J(../2), uma vez que ../2 (/. Q e f tem domínio
Q. O que poderíamos fazer seria considerar, em vez de f, a função g: 1R➔ lR, dada por
_ { J x 2 + 1, se x < O
g (X ) - .
x + l, se x > O
Apesar de as fórmulas que definem f(x) e g(x) serem as mesmas, para f elas só podem ser
aplicadas a x E Q, ao passo que para g elas podem ser aplicadas a todo x real; assim, não faz
sentido pensarmos em f e g como funções iguais, as quais apenas se encontrariam denotadas de
duas maneiras distintas.
1'.laisgeralmente nesse sentido, temos a definição a seguir.
DEFINIÇÃO 1.11.
Duas funções/: X ➔ Y e g: W ➔ Z são iguais se X= lV, Y =Z e f(x) = g(.c), para
todo x E X.
-~~-~~-----------------~--~-~----
----------------:--
·J(x) =
) Um algoritmo l! uma sequência finita e bem determinada
h~ ✓~ _✓3- vx
de procedimentos executáveis que, rigorosamente
t>eguídos, fo, 11ec·t•111 it soluçito de um certo problema Um exemplo familiar é o algoritmo que utilizamos para
divíclii dois 11ú1111•rn~ 01Jtc11clo
11aL11111is, o quociente e o resto da divisão.
22
1.3. Seja f : Q~ ➔ Q+ a função definida por J (%)= 1::~~:1, se a, b E N são primos entre si.
(a) Calcule /(1), J(lü) e f (~!)-
(b) Dentre os racionais ~~, ; 527 e ~i,quais pertencem
1
à imagem de f.
1.4. Considere a função f : lR ➔ lR definida por J(x) = x 3 - 2x2 + 5x. Prove que f(x) tem o
mesmo sinal de x, para todo real x -=/=
O.
1.5. A função f : lR ➔ lR é tal que f(l) = 2, J('1i.) = 4 e f(x + y) = J(x)f(y), para todos
x, y E lR. Calcule o valor de f (3 + '1i,).
1. 7. Seja f : lR ➔ lR uma função tal que f(x+y) = f(x) + f(y), para todos x, y E lR. Se (ak)k?,1
é uma PA de razão r, prove que a sequência (J(ak))k?,l é uma PA de razão J(r).
1.9. * A parte inteira de um real x ê definida como o maior inteiro menor ou igual a x, sendo
denotada lxJ. Por exemplo, l1rJ = 3, l-~J = -2 e llJ = 1. Explicite a imagem da
função parte inteira
l·J : lR --+ lR
(1.2)
x ~ lxJ '
que associa a cada x E lR sua parte inteira lx J.
1.10. * A parte fracionária de um real x ê o real {x}, definido por {x} - x - l.rJ, onde
lx J denota a parte inteira de x ( veja o problema anterior). Por exemplo, {1r} = 1r - 3,
{-~} = -~ - (-2) - ½ e llJ = 1 - 1 = O. Explicite a imagem da função parte
fracionária
{·}: R --+ lR
1 (1.3)
T ~ {x}
que associa a cada x E lR sua parte fracionária {x}.
1.11. * Seja f: Q ➔ Q uma função tal que J(x + y) = J(x) + f(y), para todos x, y E Q. Prove
os seguintes itens:
23
( \ 1 111 1 1 1 1 FL\<. : •
1.2 Monotonicidade, extremos e imagem
Recorde que a imagem de uma função / : X -t Y é o conjunto
Desta forma, se os valores f(x) forem dados por uma expressão (i.e., uma fórmula) que dependa
de x E X, poderemos encarar o problema de encontrar a imagem de f como aquele de encontrar
os y E 1Rpara os quais a equação f(x) = y tenha pelo menos uma solução x E X. Vejamos
alguns exemplos.
EXEMPLO 1.12.
Uma função afim é uma função f: 1R-t R tal que f(x) = ax + b para todo x real, onde a
e b são números reais dados, com a =/:O. Uma função linear é uma função afim/ como acima,
tal que b - O.
De acordo com a discussão anterior a este exemplo, a imagem de uma função afim /, dada
como acima, pode ser encontrada procurando-se o conjunto dos y E 1Rtais que a equação
a.e + b = y tenha alguma solução x E lR. Mas. como tal equação sempre admite a solução
:r = ~, concluímos que todo y E 1Rpertence à imagem de /, de sorte que Im (/) = JR.
-~~~-----'
EXEl\tPLO 1.13.
A função de proporcionalidade inversa é a função / : 1R\ {O} -t 1R\ {O} dada por
J(::r) - ¼,para todo x E 1R\ {O}.
Para encontrar sua imagem, é suficiente encontrar os y E 1Rpara os quais exista um real
x =/:O (i.e., x pertencente ao domínio de /), tal que f(x) = y, i.e., tal que ~ = y. Se y = O, tal
equação claramente não admite solução: por outro lado, se y # O, a mesma equação admite a
solução x = l,'li de sorte que Im(/) = 1R\ {G1.
DEFINIÇÃO 1.14.
Uma função quadrática ou de segundo grau é uma função / : R -+ R tal que /~
ax 2 +bx+c, para todo x real, onde a, b e e são números reais dados, com a=/:O. O diacr
~ da função / é o discriminante do trinômio de segundo grau ax 2 + bx + e, i.e., A
25 Â
<. \1·111 1( 1 1 FL,<;01-:s
PROPOSIÇÃO 1.15.
Em relação à função quadrática J(x) = ax21+
bx + e, temos que:
2 2
b - 4a(c - y) > O. Mas, como b - 4ac = ~. m;y que procuramos siio c.xatnmcntc ns soluções
da inequação de primeiro grau (em y) ~ + 4ay O.
Agora, consideramos separadamente os C8SOI n > O e a < O Se a > O, então •lnlJ + ó. 2::O#
y >- t
e segue, daí, que
Im (f) ~ } = [- 4a'
= {y E IR; y > 4a ó. +oo) •
'
Para o que falta, veja que, para y E 1m(/), as soluções da equação ax2 + bx + e _ y
(# ax2 + bx + (e - y) = O) são
-b ± Jb2 - 4a(c-y) -b ± J& + 4ay
x = 2a = 2a • (1. 4)
Portanto, a equação J(x) = y admite uma so~o única se, e só se, ó.+ 4ay = O, ou, 0 que é 0
mesmo, se, e só se, y = -t; sendo ~sse o caso, mos. a partir de (1.4), que x = - :.
2
Para o que segue, convencionamos dizer quela função quadrática f(x) = ax2 + bx + e tem
srnal constante quando J(x) > O para todo x E ou J(x) < O para todo x E IR.
26
COROLÁRIO 1.16.
A função quadrática J(x) = ax 2 + bx + e tem sinal constante se, e s6 se, ~ < O.
temos af(x) > O, para todo x E IR. De outro modo:
PROVA
Analisemos o caso a> O, sendo a análise do outro caso totalmente anâloga.
Sendo a> O e t:::.< O, segue da proposição anterior que
D.
f(x) > - a > O. V x E IR.
4
Reciprocamente, suponha que a > O e que f tem sinal constante. Pelo item (a) da proposição
anterior, a imagem de f contém números positivos, de forma que a constância de sinal de /
garante que devemos ter f(x) > O, para todo x E IR. Em particular, devemos ter
6
- =f (-.!!_) > o.
-!a 2a
Logo, t:::.< O.
OBSERVAÇÃO 1. 1.
Uma pequena modificação do argumento apresentado no corolário anterior permite concluir
que
EXEMPLO 1.17.
Dados um inteiro n > 1 e números reais a1, a2, ... , an não todos nulos e b1,i>J,... , ,
não todos nulos, considere a função quadrática
27
onde A= ªi +a~+···+ a~, B = a 1b1 + a2~ + · · · + anbn, C = bi + b~+ .. · + b~.
Uma vez que f(x) é uma soma de quadrados, devemos ter f(x) > O para todo .x E IR. Por
outro lado, como os números a 1 , a2, ... , an não são todos nulos, temos A > O, e o corolário 16
garante que 6. = 4{B2 - AC) < O. Portanto, B 2 < AC e, substituindo os valores de A, B e C
em tal desigualdade, obtemos a desigualdade de Cauchy:
Por fim, como ao menos um dos bi é não nulo, temos a -1-O e, escrevendo >.= ¾,obtemo~
!)EFINIÇÃO 1.18.
Seja/ e Rum intervalo. Uma função f: / ➔ 1Ré dita:
(a) Crescente se, para todos X1 < x 2 em /, tivermos f (xi) < f (x2).
{b) Decrescente se, para todos X1 < X2 em I, tivermos f(x1) > J(x2).
(c) Não decrescente se, para todos x 1 < x 2 em/, tivermos f(xi) < J(x 2).
{d) Não crescente se, para todos x 1 < x 2 em/, tivermos /(xi) > f(x 2 ).
28
pede-se investigar em que inten-alo J e I tem- e J crescente (resp. decrescente). Vejamos
alguns exemplos elementares. postergando uma análise mai geral para a seção 3.5.
EXEMPLO 1.19.
A função afim / : B ➔ JR. dada para x E R por J(x) = ax + b, é crescente se a > O ~
decrescent~ se a < O.
Verifiquemos tal afirmação quando a >O.sendo a análise do caso a < O totalmente anéloga.
Para números reais quaisquer x 1 < x 2 . segue de a > O que
e f é cr~cenh•.
~~-~------------------~--------~
EXJ;;MPLO 1.20.
A função f : (O,+ ) -, IR'.,dada por /(x) = ;:.2 , " crescente cm R. Para verificar tal
aíi, wação, to111~ número r<?Bi O < o < b. Ent - o,
1,2 a' l 2 2
J(b) - /(a)= -b - 2 - n+.?
-, = (a )(b + ) [b (n + 2) - a (b + 2)]
2 2
ExgMPLO 1.21.
A fun,ão f : ➔ R. dada por J(x) = x 3 + 2x. é crescente. De fato, para números reais
qnnbq\l\'r a < b, t •mos
f(b) - f(a) = (b3 + 2b) - (a 3 + 2a)
= (b3 - a3 ) + (2b - 2a)
= (b - a)(b 2 + ba + a2 ) + 2(b - a)
= (b - a)(b2 + ab + a2 + 2).
29
(. \1'111 1<> 1 Fl':,(,'ÔES
onde, na penúltima passagem, utilizamos o fato de que !ai+ a: > O, para todo a E IR.
PROPOSIÇÃO 1.22.
Sejam a, b,c E IR, com a# O, e f(x) = ax2 + bx + e.
(a) Se a> O, então J é decrescente em (-00 1 - 2:] e crescente em [- ~., +oo).
PROVA.
Façamos a prova do item (a), sendo a prova do ilcm (b) completamente análoga. Para
x2 > xi > - 2:, temos
uma vez que x2 > x1 > - 2: implica X2 - x1 > O e x2 + x1 + ~ > O. Logo, f é crescente em
[- 2:,+oo) quando a> O. De maneira análoga, mostramos que fé decrescente em (-oo,-
2
:J
(i.e., que J(xi) > J(x2) para X1 < X2 < - 2:).
DEFINIÇÃO 1.23.
.
Sejam / C R um intervalo e f : / ➔ R uma função dada. Dizemos que y 0 E IR é o valor
m(nimo de f em I se as duas condições a seguir forem satisfeitas:
30
(b) Yo E lm (/).
funções de um tipo muito importante, ditas deriváveis. Por ora, contentamo-nos com alguns
exemplos elementares, o primeiro dos quais sendo uma consequência imediata da proposição 15.
PROPOSIÇÃO 1.24.
Em relação à função quadrãtica f(x) = ax 2 + bx + e, se a> O (resp. a< O), então éo -:a
único ponto de mínimo (resp. máximo) de /. Ademais, o valor mínimo (resp. máximo) de fé
~
-10·
A proposição acima tem vãrias aplicações interessantes, duas das quais colecionadas abaixo
à guisa de ilustração.
EXE~IPLO 1.25.
Temos um semicírculo de diâmetro AB, centro O e raio 1cm (cf. Figura 1.4). O retângulo
PQRS tem o lado PQ situado sobre o diâmEltrA#Íosemicírculo e os vértices R e S situados sobre
o mesmo. Calcule o maior valor possível para sua área.
SOLl'Ç\O .
. Ião é difícil o leitor convencer-se de que OP = OQ, de forma que, sendo OQ = x e QR = y,
temos que a ãrea de PQRS é igual a 2xy. Por outro lado, aplicando o teorema de Pitágoras ao
triangulo OQR, obtemos x 2 + y 2 = 1 e, daí,
2
2xy = 2xJl - x 2 = 2Jx 2 (l - x 2 ) = 2Jx - x4 .
31
A p Q X Q B
Figura 1.4: maximizandoa ârea de PQRS.
Outra estratégia elementar, por vezes útil, para abordar o problema de encontrar os valores
máximo e/ou mínimo de uma função dada é a utilização de desigualdades. A seguir, vemos um
exemplo nesse sentido.
EXEMPLO 1.26.
Seja/: [O,+oo) ➔ R a função dada por /(z) = Z:: Qual o valor núnimo que f
1
1 . assume?
A função / assume um valor máximo?
SOLUÇÃO.
Inicialmente, note que
x2 + 1 (x 2 - x2 - 1
1) + 2 2
J(x) ----- - --
+ --
x+l x+l x+l x+l
2 2
= x - l + x + 1 = (x + 1) + x + 1 - 2.
Portanto, aplicando a desigualdade (A.6) entre as médias aritmética e geométrica para dois
/ números reais positivos, obtemos
• 2
(x + 1) + -- ✓ + 1) · -- 2 = 2v'2,
> 2(x
x+l x+l
ocorrendo a igualdade se, e só se, x + 1 = x!i, i.e., se, e só se, x2 + 2x - 1 = O. Mas, como
.r > O, couclufmos que haverá igualdade na desigualdade acima se, e só se, x = J2 - -1. Assim,
32
para x > O temos
2
f(x) = (x + 1) + x + - 2 > 2\1'2 - 2,
1
de sorte que 2 ~ - 2 é o valor minimo de f, o qual é atingido se, e só se, x = ~ - 1.
Para o que falta observe que, para n E N, temos f(n) = n - l + n!i > n - 1. Daí, J não
assume valor máximo.
2.5. * Sejam X e
IR wn conjunto não vazio, f : X -+ IR uma função dada e e E IR também
dado. Relacione as imagens das funções f e f + e. Mais precisamente, se Y = Im (!),
prove que Im (J +e)= Y + e, onde Y + e denota o conjunto
Y + e = {y + e; y E Y}.
2.6. * Sejam X e IR um conjunto não vazio, J : X -+ IR uma função dada e e E IR*também
dado. Relacione as imagens das funções f e cf. Mais precisamente, se Y = Im (!), prove
que Im (e/)= cY, onde cY denota o conjunto
cY = {cy; y E Y}.
2. 7. Motivados pela forma canônica do trinômio de segundo grau ax 2 + bx + e (cf. lema 15),
~i
diremos doravante que
33
a.r2 + b.r + e uma [unção quadrática tal que ti > O, e x 1 <
2.'-'. Sl'J,,m .f ( r) X2 as raízes de
J(:r) = O ProYc os ~cguintcs itens:
2.9. eja /(.r.) = a.1;2 + bx + e uma função quadrática. Se existe um real x 0 tal que af (xo) < O,
prove que~> O e :t:0 E (x 1,x 2), onde x 1 < x2 são as raízes da equação f(x) = O.
2.10. Dentre todos os retângulos de mesmo perímetro, prove que o de maior área é o quadrado.
2.11. A seção reta de um túnel tem o formato de um semicírculo de raio Sm, e o túnel está
dividido em duas faixas de trânsito, de sentidos contrários, separadas por um canteiro
muito estreito. Os caminhões de uma companhia de transportes têm que atravessar o
túnel para levar mercadorias de uma cidade a outra. Se o comprimento máximo permitido
de um caminhão é 18m, quais devem ser sua largura e altura a fim de que a companhia
transporte o máximo possível de carga em cada caminhão?
Prove que f assume um valor mínimo e calcule tal valor mínimo em função de a 1 , a 2 , ... , an.
2.14. Em cada um dos itens a seguir, use a desigualdade entre as médias para calcular o valor
máximo da função dada:
2.15. Em c;;ufa um dor,;it.cms a Hcguir, use a desigualdade entre as médias aritmética e geométrica
1>ara c&.lc11lar
o valor rnf11irno ela função dada:
( r+JO)(J+2)
(a) f : (O,+oo) ➔ lR dadA.por f (.r) ,,• 11
.,.:J
(h) f ; (O,-i oo) -; lR dada t)(Jr f (.r) :;:r.;:;;.
2.16. Jf_,numt,,, <>Hv:ilu1c•i,;J'l'aÍH d,, k pnrn os q11niHn l'unçno f : IR\ {-1} ➔ JR, dada pm
J(;.,)- 4 "'J;;;11.., f.c•J1l111
c·o1110 i111111.v•11111 rot,11 111e11oi:i 11m intcrvnlo da formn (-L, L).
1.3 Composição de funções
Dadas as funções f : X --+ Y e g : Y --+ z temos, em úliima análise, regras bem definidu
para, partindo de x E X via J, obter y = J(x) E Y e, via g, obter z = g(y) E Z. Parece, então,
razoável que possamos formar uma função que nos permita sair de X diretamente para Z, com
o auxílio de J e g. Este é de fato o caso, e a função resultante é denominada a função composta
de f e g, de acordo com a definição a seguir.
DEFINIÇÃO 1.27.
Dadas as funções J: X--+ Y e g: Y--+ Z, a função composta de Jeg (nessa ordem
função g o J : X --+ Z, definida, para cada x E X, por
(g o f)(x) = g(J(x)).
--------------~----- -------------~
Grosso modo, a definição acima significa que, para encontrarmos a imagem de x E X por
g o f, basLa encontrarmos a imagem de J(x) E Y por g. É fácil verificar que g o J, como definida
acima, é de fato uma função. Observe também que, para formarmos a composta de J e g,
devemos ter o domínio de g igual ao contradomínio de J. Vejamos alguns exemplos.
EXEMPLO l. 28.
Se f : X --+ Y é uma função arbitrária e ldx : X --+ X e ldy : Y --+ Y são, respectivamente,
as funções identidade de X e Y, então
f o ldx = f e ldv o f = f.
EXEMPLO 1.29.
Considere as funções /, g : IR--+ IR, dadas por J(x) = x 2 e g(x) = z2~1. Temos g o/ e/ o
funções de lR.em lR.,com
1 1 1
(g o J)(x) = g(f(x)) = /(x) 2 +1 ------
(x2)2 + 1 x4 +1
e 2
1 ) 1
(! o g)(x) = f(g(x)) = g(x)2 = ( x2 +1 = x4 + 2x2 + 1•
35
O exemplo anterior mostra algo interessante: podemos ter g o f =/-f o g. Bem entendido,
pode mesmo acontecer que possamos formar g o f, mas não f o g (ou vice-versa); basta termos,
por exemplo, f: X ➔ Y e g: Y ➔ Z, com X=/- Z. Contudo, ainda que possamos formar ambas
as funções foge g o f, o exemplo mostra que podemos ter g o f =I-f o g.
EXEMPLO 1.30.
Sejam f, g : (O,+oo) ➔ (O,+oo) as funções tais que
SOLUÇÃO.
Segue da definição de função composta que
x+2 g(x) 2 +1
-3- = (J o g)(x) = J(g(x)) = 3g(x)2 ,
d e mo do que g(x)2+1
g(x) 2 = x + 2 ou, am
. d a,
g(x) 2 + 1 = (x + 2)g(x) 2 .
Olhando essa expressão como uma equação do primeiro grau em g(x) 2 , obtemos g(x) 2 = x:i
e, daí, g(x) = ± ✓;+ 1 , para cada x > O. Mas, como g deve ter imagem não negativa, devemos
- ter g(x) = ✓;+l' para todo x > O.
PROPOSIÇÃO 1.31.
Dadasfunções / : X ➔ Y, g : Y ➔ Z e h : Z ➔ W, temos
h o (g o f) = (h o g) o j.
PHOVA.
Veja primeiro que ambas h o (g o f) e (h o g) o f são funções de X em l-V. Portanto, para tais
funções Hercrn iguais, é suficiente que elas associem, a cada x E A, um mesmo elemento de iv.
36
Para ver isto, basta notar que
(h o (g o J))(x) = h((g o J)(x)) = h(g(J(x)))
= (h o g)(J(x)) = ((h o g) o J)(x).
A proposição anterior é muito importante. na medida em que nos assegura que, se tivermos
funções f, g e h e pudermos compô-las (nessa ordem), podemos denotar a função composta
simplesmente por h o g o f, não nos preocupando com qual composição efetuar primeiro. É
também claro que vale uma observação análoga para mais de três funções.
Como caso particular da discus"ão do parágrafo anterior. sejam dados n E N e uma função
J X ➔ X Doravante, escre\·eremos JCn) para denotar a composta 3
J'">= f o f o • •o f. (1.6)
EXC\1PLO 1.32.
SeJn J: IR\ {-1, l} ➔ IR\ {-1, 1} n funç.ãodada por J(x) = ~~;.Para cada n EN, encontre
a e.xpr~são qm• define a fuuçiio J<n).
Sot l'Ç1\0.
\'PJH pri11H\iroque j<11> : lR \ {- l 1 1} ➔ \ {-1, l}. Agora,
2
1- f (x) 1- 1-x
/ >(.r) =(/o J)(.r) = J(J(x)) = -- = l+x = x
1 + /(x) 1+ !~:
hto é. J<2> = Id,, n função identidade de X= R \ {-1, 1}. Segue daí que
Logo, segue por indução que j<11> = J quando n for ímpar e J<n)= Idx quando n for par.
3Apartir do Capítulo 3. / n) também denotará a n-ésima derivada de uma função n vezes derivável. Ambas
as notações sã.o padrão, e o contex1:o encarregar-se-á de evitar potenciais confusões.
37
Dada uma função f : X ➔ Y, já vimos exemplos que mostram que nem sempre a imagem de
f é igual ao contradomínio Y. Por outro lado, também podemos ter dois elementos distintos do
domínio X com uma mesma imagem; para um exemplo, considere a função quadrática f(x) = x 2 :
para todo x E R, temos J(x) = x 2 = (-x) 2 = J(-x). A próxima definição empresta nomes
especiais às funções cujos contradonúnios coincidem com suas imagens, ou que associam imagens
distintas a elementos distintos do domínio.
DEFINIÇÃO 1.33.
Uma função f : X ➔ Y é dita:
(a) Injetora, ou injetiva, ou uma injeção, se, para todo y E Y. existir no máximo um .l~
(b) Sobrejetora, ou sobrejetiva, ou uma sobrejeção. se sua imagem for todo o conju
Y, i.e., se, para todo y E Y, existir pelo menos um .r E X tal que y = J(.r).
{c) Bijetora, Oli bijetiva, ou uma bijeção. se for ao mesmo tempo injetora e sobrejetorn.
(1.7)
é satisfeita, para todos xi, X2 E X. Da mesma forma, para garantirmos que f é sobrejetora,
_devemos ser capazes de, para cada y E Y. obter pelo menos uma solução x E X para a equação
f(x) = y. Vejamos alguns exemplos.
EXEMPLO 1.34.
Se X e Rê um conjunto não vazio e / : X ➔ X é uma função tal que J(f(x)) = x, para
todo x E X, mostre que / é bijetiva.
PROVA.
Sejam xi e X2 números reais tais que f (xi) = f(x 2 ). De acordo com (1.7), para mostrarmos
que f é injetiva é suficiente provar. que x1 = x 2 . Para tanto, observe que f (xi) = f (x2 ) implica
f (f(xi)) = J(J(x2)) e, daí, em Xi = x2, pelas hipóteses sobre f.
A sobrejetividade de J é imediata: fixado y E X e tomando x = J(y) E X, temos J(x) ==
J(J(y)) = y, de sorte que y E Im (!).
38
Segue, em particular, do exemplo anterior que a função de proporcionalidade inversa (d.
exemplo 13) é uma bijeção de R \ {O} em si mesmo.
EXEMPLO 1.35.
Seja/ : (O,1] ➔ [O.1] uma função sobrejetora, tal que 1/(xi) - f (x2)I < lx1 - x2l, para
Xi, X2 E (O.l]. Prove que há somente duas possibilidades: ou J(x) = x, para todo x E (O,
f(x) = 1 - x, para todo x E (O,1].
___ .___._._::__ ___ ~----~~-----~------~Da
PROVA.
Sejam a, b E [O,1] tais que /(a)= O e J(b) = 1 (tais a e b existem por estarmos supondo que
f é sobrejetora). Então, temos por hipótese que
PROPOSIÇÃO 1.36.
Sejam f : X ➔ Y e g : Y ➔ Z funções dadas. Então:
39
, 11 1 1 1 1 1 , 1 ri '\1,·111 "
PRO\\.
(a) Suponha que g o f é injetora. Então, para x 1 e x 2 em X, temos que
.
(g o J)(x) = g(J(x)) = g(y) = z,
10
(e) A partir dos itens (c) e (d). temos
EXEMPLO 1.37.
Se X é um conjunto não vazio e f: X ➔ X é uma função tal que f o f = Idx, enQMJ
bijetora.
SOLUÇÃO.
De fato, como a função identidade Idx • X-+ X é uma bijeção, aplicando os itens (a) e (b)
da proposição anterior à igualdade f o f = Idx. concluímos que J é injetora e sobrejetora, logo
bijelora.
3.2. Sejam J e g funções reai!:,de uma variável real, tais que f(x) = 2x+ 7 e (Jog)(x) = x 2 -2x+3
. Encontre a expre ão que define a função g.
3.3. Sejam J,g: IR ➔ IR funções tais que g(x) = 2x - 3 e(! o g)(x) = 2x2 - 4x + 1. Encontre
a expre ão que define a função J.
3.4. Sejam f e g as funções reais de uma variável real dadas por J(x) = ax + b, g(x) =ex+ d,
com ac -::/:,O. ~Iostre que
f og =g o f <=>(a - l)d = (e - l)b.
41
3.6. * Se I e IR é um intervalo e f : / -+ IR é uma função crescente ou decrescente, prove que
/ é injetiva.
3.8. * Seja / e IR uma união de intervalos, simétrica em relação a O E IR. Dizemos que uma
função J : / -+ IR é par (resp. ímpar) se f(x) = J(-x) (resp. f(x) = - J(-x)), para
todo x E /. Prove que toda função f : IR -+ IR pode ser escrita, de uma única maneira,
como a soma de uma função par com uma função ímpar.
3.9. Seja/ : IR\ {O} -+ IR uma função tal que f (V = f(a) - J(b), para todos os reais não
nulos a e b. Prove que f é uma função par.
3.10. Seja J: IR-+ IR uma função ímpar. Decida se n função f o f ê par, ímpar, ou nem par nem
ímpar. ..
3.11. Seja g : IR -+ IR uma função ímpar, tal que g(.r) > O para x > O Mostre que existe uma
função f : IR-+ IR tal que g = J o f.
(a) Seja g: IR-+ IR também periódica de período p. Se J(x) = g(x) para todo x E (O,p),
prove que J = g.
(b) Dado a E IR\ {O},prove que a função g: IR-+ IR, dada por g(x) = f (ax), é periódica
de período ~.
3.13. Seja/ : R-+ R uma função tal que, para todo real x, tenhamos J(lO + x) = f (10 - x) e
/(20 + x) = - f(20 - x). Prove que J é ímpar e encontre p > O tal que f(x + p) = J(x),
para todo x E R.
3.14. Seja f: R-+ (O,1) uma função-tal que, para um certo a E IR, tenhamos
1
f(x +a)=
2 + J J(x) - J(x) 2 ,
para todo x E IR. Prove que f (x + 2a) = J(x), para todo x E IR.
42
3.15. Dê um exemplo de uma função sobrejetora J: N ➔ N tal que, para todo n EN, o conjunto
{x EN; f(x) = n} seja infinito.
3.16. Sejam X um conjunto não yazio e/ : X ~ ..\" uma função dada. Dizemos que um elemento
Xo E X é um ponto fixo de J se f(x 0) = x 0. Se J e IR é um intervalo, prove que uma
função decrescente f : / ➔ / admite no máximo um ponto fixo.
43
1.4 Inversão de funções
Genericamente, dentre todas as funções f : X ➔ Y, o caso de uma bijeção é o melhor
possível. Realmente, nesse caso os elementos de X e Y estão em correspondência biunívoca, ou
seja, a cá.da elemento de X corresponde um único elemento de Y via f, e vice-versa. Quando
isso ocorre, podemos obter uma outra função g : Y ➔ X, simplesmente exigindo que
Uma pergunta natural a esta altura é a seguinte: por que não podemos usar a declaração
acima para definir a g se J não for bijetiva? De um ponto de vista intuitivo, se f não fosse
sobrejetiva, existiria um elemento y de Y que não seria imagem por f de nenhum elemento de
X; assim, não teríamos uma maneira natural de definir g(y) a partir de f. Por outro lado, se J
não fosse injetiva, existiriam elementos distintos xi e x 2 em X com uma mesma imagem y E Y
via f; quando tentássemos definir g por meio de J, também não haveria maneira natural de
decidirmos qual, dentre Xi e x 2 , deveria ser igual a g(y).
Voltando ao caso em que J é bijetiva, não é difícil ver que g, definida como acima, é de fato
uma função, ademais tal que (g o J)(x) = x, para todo x E X, e (J o g)(y) = y, para todo
y E Y. De outro modo, temos g o f = ldx e f o g = ldy Reciprocamente, se J : X ➔ Y e
g : Y ➔ X são funções tais que g o f = Idx e f o g = ldy, então a proposição 36 garante que
f deve realmente ser uma bijeção, e o problema 4.1 garante que g ê a única função que satisfaz
tais igualdades de composição.
Resumimos a discussão anterior na definição a seguir.
D~
Seja / : X ➔ Y uma bijeção dada. A função inversa de f é a função g : Y ➔ X tal que,
J>II'&
~EX, 11E Y, temos
g(y) =X<=} y = f(x).
44
EXEMPLO 1.39.
Sejam a e b reais dados, sendo a =f:.O, e considere a função afim / :
f(x) = ax + b. Mostre que fé uma bijeção e calcule sua inversa.
~~~----~---
PROVA.
ote inicialmente que
y-b
J(x) = y {==}ax + b = y {==}x = --.a
Esses cálculos mostram que, para cada y E IR,existe um único x E 1R(x = y:b) tal que f(x) = y;
portanto, J é sobrejetiva (pois x existe) e injetiva (pois x ê único), logo, bijetiva. Por outro lado,
a definição de 1- 1 exige que tal valor de x deve ser exatamente igual a J- 1(y), de maneira que
EXEMPLO 1.40.
Uma discussão análoga à do exemplo anterior garante que a inversa da função identidade
Iclv do conjunto X =f:.0 é ela mesma, i.e, que ( ldx )- 1 = ldx. No entanto, a inversa de uma
função pode ser ela mesma, sem que a função seja a identidade; um exemplo é fornecido pela
função de proporcionalidade inversa / : R \ {O}➔ 1R\ {O} (a qual já sabemos ser bijetiv.a).
fato, como
1 1
f(x) = y # - = y {::}X= -,
X y
argumentando como no exemplo anterior, concluímos que
-1/ '
1
/ \,7 /
X=-
y
e, daí, que 1- 1 = /.
45
e são reai dados, com a > O as propo iço 15 22 garant m qu a funçã
/(x) = ax 2 + bx + e, vi ta como funçã
D acordo com di u - qu pr
d u x mpl 3 , fim d
t
1- i : [- + ) ➔ [ - 2~ + ) d J, d v m fixar y E [- t , ) lcfc .l' E
-b + Jb 2 - a(c- y)
- 2a
onde 6 = b2 - 4ac é di rimin n d J. L
11:'tJ:.42.
cuo particular do exemplo anterior consid r a fun ão f : [ , ) [O,+ ) dada
:;s z2. Temos que f é uma bijeção, tendo como inv r a a função raiz quadrada
-1
PROVA.
Já sabemos, pelo item (e) da proposição 36, que g o f é bijetora. Por outro lado, COIDQ
(g o J)- 1 e J- 1 o g- 1 são ambas funções de Z em X, a fim de verificar que (g o J)- 1 = 1-1 o g- 1
é suficiente, pela unicidade da inversa (cf. problema 4.1), mostrar que
1
(/- o g- 1
) o (g o J) = Idx e (g o J) o (J- 1 o g- 1) = Idz.
Tal verificação é imediata e será deixada a cargo do leitor (cf. problema 4.2).
(a) Se g: Y ➔ X é uma função tal que g o f = Idx e f o g = ldy, prove que fé uma
bijeção.
(b) Prove que existe no máximo uma função g: Y ➔ X tal que go f = Idx e f og = Idy.
4.2. * Complete a prova da proposição 43, mostrando, nas notações do enunciado da mesma,
que
(J- 1 o g- 1
) o (g o J) = Idx e (g o!) o (J- 1 o g- 1 ) = Idz.
4.4. Seja f : R \ {2} ➔ IR\ {3} a função definida por J(x) = 3:~ 25 . Mostre que fé uma bijeção
e obtenha a expressão para sua inversa.
4.5. Sejam a, b,e,d E R* e f : R \ {-~} ➔ IR a função dada por J(x) = Generalize :!!-
o problema anterior, mostrando que f define uma bijeção de IR \ {- ~} sobre IR \ {~}.
Ademais, conclua que, se d= -a, então 1- 1 = f.
4.6. * Sejam n um inteiro positivo e J : :" +oo) ➔ [O,+oo) a função dada por f(x) = xn.
Admitindo que Im(f) = [O,+oo) (fato que será demonstrado no teorema 9 e no exemplo
62), prove que f é uma bijeção crescente e obtenha a expressão para 1-1 , definindo a
função raiz n -ésima.
4. 7. Dê exemplo de uma bijeção f : R ➔ R tal que f + 1-1 e f - 1-1 também sejam bijeções.
47
< • \1 • 1 1 , 1 1 1 1 F 1•:x<J>1-:s
DEFINIÇÃO 1.44.
Dada uma função / : X ➔ Y, o gráfico de f é o subconjunto G1 do produto cartesiano
X x Y, definido por
G1 = {(x,y) E X x Y; y = f(x)}. (1.8)
~----------
Quando f : X ➔ R é uma função real de variável real, com X e R uma união finita
de intervalos (possivelmente X - R), o gráfico de f reveste-se de significativa importância
geométrica, uma vez que
G1 cXxYcRxR
e, como vimos acima, esse último conjunto pode ser identificado com um plano, munido com um
sistema cartesiano de coordenadas.
Por outro lado, nem todo subconjunto do plano (munido de um sistema cartesiano xOy) pode
ser visto como gráfico de uma função. De fato, suponha dada uma função real de uma variável
(-3, O) X
4 J{ef1•1 í1111Js o Jt•ítol' H.OCapfLulo 6 de IJOI pnm umn revisão sobre sistemas cartesianos de coordenadas.
48
real f : X ➔ 1R,tal que X é uma união finita de intervalos. Se (x0 , Yo) E GJ, então :coE X,
pela definição de gy-áfico;por outro lado (e mais importante), fixado Xo E X, se A1(:co,111)e
A2(xo, Y2)são pontos sobre o gráfico de J, então, novamente pela definição de gráfico, temos
Yi = f (xo) = Y2,
de maneira que A1 = A2. Em resumo, para x 0 E IR, a reta vertical x = x 0 do sistema cartesiano
em questão intersecta o gráfico de f se. e somente se, x 0 E X; ademais, nesse caso tal reta
intersecta o gráfico em exatamente um ponto. Assim, o subconjunto C do plano cartesiano,
esboçado na Figura 1.5. não representa o gráfico de função alguma f : [-3, 3] ➔ IR, uma vez que
toda reta vertical paralela às retas tracejadas e situada na faixa cinza intersecta C em mais de
um ponto.
a direção positiva (e conforme ficará claro à medida que avançarmos nesta seção), a linha
contínua da Figura 1.6 é (cf. lá indicado) o gráfico de uma função f: [a,b) ➔ IR.
1
1
-:-- Y = Yo
1 1
x'o X
49
< • , 1•1 1 t 1 < 1 1 F 1•:--:<,·rn-:s
Y = Yo
de mínimo de f (cf. definição 23), então, para cada x E 1, o ponto (x, J(x)) não está abaixo
do ponto (x, y0). De outra forma, o gráfico de f está contido no semiplano superior fechado
determinado pela reta horizontal y = y0, tocando tal reta no ponto (x0, y0).
Observe que os conceitos de valor máximo e ponto de máximo de uma função J : / -+ lR
admitem interpretações geométricas análogas às discutidas no parágrafo anterior.
A seguir, reunimos alguns exemplos elementares, mas muito importantes, de gráficos de
funções.
EXEMPLO 1.45.
Seja f : R ➔ R a função constante e igual a e. O gráfico de f é o conjunto
i.e., o gráfico de / é a reta paralela ao eixo das abscissas e passando pelo ponto (O,e) do ei..xo
das ordenada (cf. Figura 1.8).
50
o
M L 1.46.
L mbr (cf. d finiç- 2) d qu a função id ntidad Id : IR ---+IR é tal que Ida(x) =x
par t do E . u gráfi o portanto, o onjunto
função modular a função f : IR ---+ dada por f(x) = lxl. Segue imediat,amente
d finição d módulo d um número real (cf. ub eção A.2.2) que
G1 ={(x lxl);xE }
= {(x lxl); x E IR+}U {(x lxl); x E -}
= {(x, x); X E IR+}u {(x, -x); X E ]R_}.
Como os ponto (x, -x) e (x x) ão imétrico em relação ao eixo das&Dlc:l8118a, o
função modular • obtido refl tindo, em relação ao eixo das a.bsci , a porção do
função Ida ituada no terceiro quadrante (cf. Figura 1.10).
----------------~·~~-_.....
1
<' \ 1• 1 1 1 1 1 > I F L' <:o•·s
Glda
(O,a) ---
1
1 /
/ .,.
1 /
1 /
(x,xiJ/
/
/
EXEMPLO 1.48.
Se f(x) = ax + b é uma função afim, então seu gráfico é o subconjunto do plano cartesiano
dado por
G1 = {(x,y);x,y ERey = ax + b}.
A geometria analítica básica {cf. seção A.4) garante que o gráfico de f é a reta de equação
y - ax - b = O, com coeficiente angular a e pas.5ando pelos pontos A(-~. O) e B = (O,b). A
Figura 1.11 esboça o gráfico de f no caso em que a. b > O.
--------------
Para o que segue, recorde (cf. problema 6.3.13 de [lOJ. por exemplo, ou. ainda. a discussão
da subseção A.4.3) que, dados um ponto F e uma reta d no plano. com F fJ..d. a parábola de
52
(;li\llCll"l>I 11\((>I" 1
y
G1
foco F e diretriz d (cf. Figura 1.12) é o lugar geométrico dos pontos P do plano tais que
PF = dist(P, d).
_______________ .._____ d
A seguir, mostraremos que o gráfico de toda função quadrática é uma parábola (cf. subseçfio
A.4.3). Mais precisamente, temos o seguinte resultado.
53
TEOREMA 1.49.
Parn a, b, e E JR,com a# O, o gráfico da função quadrática J(x) = ax 2 + bx + e é a parábola
de dxo {:r::= - 2:} e vértice V ( 0 , - -! ! ),
"aberta para cima" se a > O, e "aberta para baixo"
se a < O.
PRO\A.
De acordo com (A.46) - com € = 1 - e (A.48), procuremos x 0 , y 0 , k E IR tais que Yo # k e,
sendo F(x 0 , y0 ) e d a reta {y = k}, tenhamos
P E G1 <=} PF = dist(P,d).
P E Gf <=} y = ax 2 + bx + e;
por outro lado, a fórmula para a distância entre dois pontos do plano cartesiano (cf. proposição
55) garante que
P F = dist(P, d) <=} J(x - xo) 2 + (y - Yo)2 = IY - kl.
1 = a _ x0 = b Xõ 1( k)
2{yo- k) ' Yo - k ' 2(y0 - k) + 2 Yo + ~ = e,
o que é imediato: dividindo membro a membro as duas primeiras igualdades, obtemos x 0 = 0 ; -!
em seguida, substituindo a primeira igualdade e o valor de x 0 na terceira igualdade, segue que
5-1
Finalmente, uma vez que o vértice V da parábola é a interseção da reta x = -/ã com o
gráfico, sua ordenada y,, é
y,, = a (-_!!__)
2a
2
+b (-.!!_)
2a
+e= - b..
4a
O próximo resultado estabelece uma importante relação entre os gráficos de uma bijeção e
de sua inversa. Em seguida, ilustramos tal resultado na construção dos gráficos de duas funções
importantes.
PROPOSIÇÃO 1.50.
Se os conjuntos não vazios I, J e IRsão uniões finitas de intervalos e f: J ➔ J é uma bijeção,
então os gráficos de f e f 1 são simétricos em relação à bissetriz dos quadrantes ímpares do plãno
cartesiano.
PROVA.
Fixe a E / e b E J. Pela definição de função inversa, temos que
i\Ias, como os pontos (a, b) e (b, a) são simétricos em relação à reta y =x (cf. Figura 1.13 e
problema 1, página 465), nada mais há a fazer.
EXEMPLO 1. 51.
Esboce o gráfico da função raiz quadrada
f: [O,+oo) ~ [O,+oo)
X lJ.....-t vÍX
OLCÇÃO.
o exemplo 42, vimos que fé a inversa da função g : [O,+oo) ➔ [O,+oo) dada por g(x) = xi.
Como já conhecemos o gráfico de g (graças ao teorema 49), segue da proposição anterior que o
gráfico de fé obtido como o simétrico do gráfico de g em relação à reta y = 1· (cf. Figura 1.14).
55
< • , 1•1 1 1 1 ( , 1 F 1 :\ <:rn-:s
y IX H X
2
I
I
I
I ,,'
I /
I /
I ,'
II / "
I /
EXEMPLO 1.52.
Recorde que a função de proporcionalidade inversa é a função / : R \ {O}➔ R \ {O},tal que
/(x) =!,para todo x E R \ {O}.
De posse da discussão desenvolvida até o momento, podemos esboçar muito acuradamente
seu gráfico. De fato,/ é claramente decrescente em (O,+oo). Também como
56
é simétrico em relação à origem do plano cartesiano. Por outro lado, / ê a
e a proposição anterior garante que seu gráfico também é simétrico em relaçti)
quadrantes ímpares. Mostraremos na seção 3.6 que seu gráfico é emborcado
(O,+oo). Por fim, intuitivamente. J(x) = ~ se aproxima cada vez mais de zero à
aumenta (tal intuição será tornada precisa na seção 3.1).
Utilizando as observações acima e marcando, sobre o gráfico de f, os pontos auxiliares(n,
para 1 < n < 4 inteiro, chegamos ao esboço da Figura 1.15. A esse respeito, veja ~
problema 5.13.
o
X
"""
"
"""
"
5.1. Se J : [2, + ) ➔ [l. +oo) é dada por J(x) = x 2 - 4x + 5, mostre que / é uma bijeção e,
em seguida, encontre os pontos comuns aos gráficos de f e 1-1 .
57
5.2. * Sejam I C IR um intervalo e f : I -+ IR uma função dada. Prove que, se f é limitada
então o gráfico de f está contido em uma faixa horizontal do plano cartesiano, delimitadé
por duas retas paralelas
Para o próximo problema, sugerimos ao leitor reler o enunciado do problema 3.8, página
42.
5.6. Em cada um dos itens a seguir, esboce, num mesmo sistema cartesiano, os gráficos das
funções reais de uma variável real listadas:
5.8. Esboce, com justificativa, o gráfico da função parte inteira, l J : IR-+ IR (cf. problema 1.9,
página 23).
Para o próximo problema sugerimos ao leitor reler o enunciado do problema 3.12, página
42.
58
(b) use o item (a) para construir o gráfico da função parte fracionária, { } : R ➔ R (cl.
problema 1.10, página 23).
5.10. * Sejam J : lR➔ lR uma função dada e ai: O um real dado. Prove que o gráfico de:
5.11. * Esboce o gráfico da função f: lR\ {2} ➔ lRdada por f(x) = 2 ~x·
5.12. Sejam I um intervalo da reta e f : I ➔ lR urna função dada. Que relação existe entre
os gráficos de f e da função g : I ➔ lR dada por g(x) = 1/(x)I? Utilize suas conclusões,
juntamente com o resultado do problema anterior, para esboçar os gráficos das funções
abaixo listadas:
5.13. :t-.Iostreque o gráfico da função de proporcionalidade inversa é obtido pela rotação trigo-
nométrica da hipérbole de equação x 2 ,,-2= 2, do ângulo trigonométrico de i radiano.5.
50 leitor deve ter cuidado com o sentido em que a palavra. alongando é utiliza.da. aqui; para tanto, compare
oscasos0<a<lea>l.
59
< • \1·111 1< 1 1 Ft·:-.:cJ>1-:s
As propriedades básicas das funções seno e cosseno são eslabelecidru na propo içã.o a ~cgu1r,
para a qual o leitor pode achar útil recordar os enunciados do problema 3 e 3 12, pógma
página 42.
PROPOSIÇÃO 1.53.
As funções seno e cosseno têm como imagem o intervnlo (-1, l) e são periódicas ele pC'ríoclo
21r. Ademais, a função seno é ímpar e a função cosseno é par.
PROVA.
Segue imediatamente de nossas discussões anteriores, juntamente com o fato (cf. Capítulo 7
de [10] ou, ainda, problema 1, página 482) de que sen (-x) = -sen x eco (-x) = cos x.
De acordo com a proposição acima e a discussão contida no problema 3.12, página 42, a fim
de esboçarmos o gráfico da função seno, é suficiente fazê-lo no intervalo [-1r, 1r), copiando em
seguida essa porção do gráfico em cada um dos intervalos da forma [-1r + 2k1r,1r + 2k1r], onde
k E Z.
Por outro lado, uma vez que a função seno é ímpar, a fim de obtermos seu gráfico no intervalo
[-1r, 1r], é suficiente construí-lo no intervalo [O,1r); feito isto. ao refleti-lo em torno da origem do
plano cartesiano obtemos (de acordo com o problema 3.8. página 42, uma vez que a função seno
é ímpar) o gráfico no intervalo [-1r, 1r).
Provaremos na seção 2.3 (cf. exemplo 37) que o gráfico da função seno é uma curva contínua,
i.e., sem interrupções. Por outro lado, na seção 3.6 mostraremos {cf. item (c) do exemplo 62)
60
que tal gráfico é" emborcado paro baixo" no intervalo [O,1r).Assumindo por enquanto a validade
dessas afirmações, podemos finalmente esboçar o grãfico da função seno.
EXEMPLO 1.54.
Reunindo as informações de que dispomos até o momento sobre a função seno no
[O,1r),juntamente com o fato de que a mesma é crescente em [O,i] 1 decrescente em {f.
e satisfaz sen (1r - x) = sen x, a fim de esboçarmos razoavelmente o gráfico da mesma DeaN
intervalo basta tabelarmos alguns valores de senx para x E [O,i], o que fazemos a seguir:
o 7r
6
7r
4
7r
3
7r
2
o 1/2 ../2/2 /3/2 1
De posse das informações acima e utilizando a periodicidade do seno, obtemos a linha con-
tínua da Figura 1.16, primeiro no intervalo [O,1r]e, em seguida, no intervalo [-1r, 1r).
Observemos agora que, a partir das fórmulas de adição de arcos (cf. proposição 71), temos
cos x = sen ( x + ; ) .
Portanto, o item (a) do problema 5.10, página 59, garante que, uma vez esboçado o gráfico
da função seno, obtemos o esboço correspondente ao gráfico da função cosseno transladando o
gráfico da função seno de - ~ paralelamente ao eixo das abscissas. Na Figura 1.16, o gráfico
da função cosseno no intervalo [-1r, 1r]é representado pela curva tracejada, situada na faixa do
plano cartesiano entre as retas y = -1 e y = 1.
- ...1
-7r X
--------------
Vejamos, agora, um exemplo relevante de aplicação das fórmulas de adição de arcos (cf.
proposição 7.18 de (10)), o qual nos diz como proceder para esboçar o gráfico de uma soma de
múltiplos constantes das funções seno e cosseno.
61
< • \ 1•1 1 1 1 < 1 1 F L'- <JH-:s
b
Figura 1.17: definindo o ângulo a.
EXEMPLO 1.55.
Dados reais positivos a e b, seja f : IR➔ lR a função dada por
Escrevendo
acosx + bsenx = Ja 2 + b2 (
J a2 ª+ b2cosx +
✓a2
b
+ b2
senx),
observemos que
62
1-'1 '\I, 1 >I ..._ 1 Hll ,1 l'\l >\li I HI< \-._ 1
tg : D -4 1R
X f-----1 tg X
e segue de (A.51) que tg (x + 7r)= tgx, para todo x E D. Por outro lado, é imediato verificar
que não existe um real O < p < 1f tal que tg (x + p) = tg x, para todo x E D, de sorte que
a função tangente é periódica de período 7f. Ademais, uma vez que D é um subconjunto de 1R
simétrico em relação a O e
sen(-x) -senx
tg ()-x = --- = --- = -tgx
cos( -x) cos x
7f 7f 7f 7f
-2 ,-4, X
4 12
1 1 1
1 1
1 1
1 1
1 1
1 1
1 1
1 1
1 1
dos parágrafos anteriores, podemos esboçar o gráfico da função tangente no intervalo ( -1, ~)
de forma análoga ao feito no exemplo 54, obtendo aproximadamente a Figura 1.18.
Por outro lado, uma vez esboçado o gráfico no intervalo (-J, J), a periodicidade da função
tangente nos permite esboçá-lo em todos os intervalos da forma ( -J + k1f,J + k7f), com k E Z:
basta transladar o gráfico no ( -J, J) de k7f unidades paralelamente ao eixo das abscissas, para
todo k E Z.
63
(. \l'l 11 1 ( 1 1 Ft':\(_'01·:S
(a) Mostre que a restrição da função seno ao intervalo [-;, ~] define uma bijeção cres-
cente (q~e ainda denotaremos por sen, sempre que não houver perigo de confusão)
sen : [-~, ~] ➔ (-1, l]; sua inversa é a função arco-seno arcsen . (-1, 1) ➔
[- ~, ~] , a qual também é crescente. Em seguida, calcule os valore· de arc~en ½,
arcsen 1 e arcsen ( -1).
(b) Mostre que a restrição da função cosseno ao intervalo (O,1r)define uma bijeção clccrc~-
cente (que ainda denotaremos por cos, sempre que não houver perigo de confusão)
cos: (O,1r]➔ [-1, l]; sua inversa é a função arco-cosseno arccos: [-1, 1) ➔ [O,1r], a
qual também é decrescente. Em seguida. calcul arccos ½,arcscn 1 e arcscn (-1).
(c) Mostre que a restrição da função tangente ao intervalo (-i, ~) define uma biJcção
crescente (que ainda denotaremos por tg I emprc que não houver perigo de confusao)
tg : (- ~, ~) ➔ JR;sua inversa é a funçiio arco-tangente arctg : 1R➔ (- i, í), a
qual também ê crescente. Em seguidn, calcule nrctg 1. nrctg J3 e arctg 73.
=~.
Para o item (a) do próximo problema. recorde que a cotangente
número real ctg x, definido por ctg .-z:=
de x f:. k1r (k E Z) é o
64
6.4. * Sejam a e breais não ambos nulos, e J: 1R➔ 1Ra função dada por
6.7. Encontre o valor máximo assumido pela função f : [-1, l] ➔ 1Rdefinida por f(x) -
3x +4J5- x2.
6.8. Seja o um número irracional dado. Prove que a função f : 1R➔ lR, definida por f(x) =
cosx + cos(ox), para x E JR,não é periódica .
65
SEQUÊNCIAS E CONTI-
NUIDADE
(' \l 'Í 1 1 1.<> '2 SEQt·f::--:cl.\S E C'O:\Tl:\l"ID.-\DE
Neste capítulo, após discutir brevemente a completudo do conjunto dos números reais. apre-
sentamos a importante noção de limite de uma sequência (infinita). Em seguida, formalizamos o
conceito de função contínua, pensado intuitivamente como uma função cujo grãfico é uma curva
sem interrupções. Como corolário de nossas discussões, apresentamos critérios suficientes para
garantir a continuidade de uma função e, dentre outros resultados importantes. mostramos que
toda função contínua possui a propriedade do valor intermediário.
Nesse caso, dizemos que 1'1 é uma cota superior pnrn X Analogamente, um co11Jtllllonõo
vazio X e lR é limitado inferiormente se e.x1stirum numero real m tnl que
X e [m,+ )
e, sendo esse o caso, dizemos que m é uma cota inferior para X Por fim, um conjunt.o não
vazio X e lR é limitado se X for simultaneamente limitado superior e inferiormente.
Dito de outra forma, um conjunto não vazio X e IRé limitado superiormente (resp limitado
inferiormente, limitado) se existir um real positi\·o a tal que
O exemplo a seguir analisa alguns subconjuntos não vazios de ll em relação à noção de ser
limitado superior e/ou inferiormente.
EXEMPLOS 2.1.
(a) O conjunto N dos naturais é ilimitado (i.e., não limitado) superiormente. De fato, para
todo M > O,existem naturais maiores que lU.
(b) O conjunto X= {1, ½,½,¾,... }é limitado superior e inferiormente. Por exemplo, 1 é uma
cota superiore O uma cota inferior para X.
68
(c) Intenralos limitados {cf. definição 6 e discussão subsequente) são conjun
sentido da discussão acima. Realmente. por definição, intervalos limitados são
tos Ide IR tais que J = (a. b), I = (a. b], I = [a. b) ou I = [a, b], para certos a,b E
um qualquer desses casos, temos, claramente, Ilimitado superior e inferiormente.
EXEMPLO 2.2.
Se um conjunto não vazio X e lR é limitado superiormente, então o subconjunto Y de R dado
por Y = {-x; x E X} é limitado inferiormente, e reciprocamente. Realmente, se X é limitado
superiormente e a > Oé tal que x < a, para todo x E X, então -x > -a, para todo x E X; mas,
como y = -x é um elemento típico do conjunto Y, concluímos que y > -a, para todo y E Y,
de sorte que Y é limitado inferiormente. Também. a ,-alidade da implicação recíproca (i.e., Y
limitado inferiormente implica X limitado superiormente) pode ser verificada de modo análogo.
Fixe um conJunlo X C IR.não ,az10 e limitado superiormente. Se Aí E lRé uma cota superior
pata X, então X e ( . J{ ~o entanto. pode ocorrer que exista Aí'< Aí que ainda seja uma
cola superior para X, 1.e., tal que X e ( .\/']. Por exemplo, se X= (1, 2), então Aí= 3 é
c:ota ~upe1ior para X. mas. tomando J\/' = ~1 temo!>que 1\/ 1 < 1\1 e Aí' ainda é cota superior
para X Po1 outro lado. se .r ( X. cntiio nenhum real JH' <. :r é cota superior para X, uma vez
que .r E X\ (- , AI' e. dai, X rt.(- H'J.
O íato íundamental acerca do conJtmto IR dos números reais é que todo conjunto X e IR,
nno , nzio e lnmtado superiormente, po~m uma cola superior mínima. Esse é o conteúdo do
axion1a da con1pletude de IR. conforme enunciado a seguir.
.\ \.10\I 2.3.
\
e.\ e IR~ não ,11zioe limitado superiormente. então X possui uma menor cota superior.
eX e
1Ré não \'azio e limitado superiormente, e 111é a menor cota superior de X I dizemos
que 1'1 é o supremo de X, e denotamos
Aí= supX.
EXE~1PLOS 2.4.
(a) Jã sabemos que o conjunto X = {1. ½,½,¼,... } é limitado superiormente, tendo 1
cota superior. Por outro lado. como 1 E X. nenhum número real menor que 1 ~
cota superior para X e. daí, sup X = 1.
69
(b) Se X = (1, 2), então 2 é cota superior para X, mas nenhum número real menor que 2 o
é. De fato, se 1 < a < 2, então o número 1 + ; ainda é maior que 1 e menor que 2, de
maneira que 1 + ; E X. Mas, como a < 1 + ~ E X, o número a não pode ser cota superior
para X. Então, segue que sup X = 2.
O exemplo anterior mostra, ainda, que podemos ter sup X E X ou sup X f/:.X. No item (a),
temos sup X = 1 E X, urna vez que 1 é o maior elemento de X. Por outro lado, no item (b).
temos sup X = 2 ff. X, refletindo o fato de que X não possui um maior elemento.
Se Y e IR é não vazio e limitado inferiormente, urna consequencia simples do exemplo 2 e do
axioma 3 (cf. problema 1.4), garante que Y admite uma maior cota inferior 1111 n q\ml ~cm
denominada o ínfimo de X. Denotamos, nesse caso.
m = inf X.
EXEMPLO 2.5.
Se X = {1, ½,½,¼,... }, então inf X = O. Renlmentc. jã ohscrvnmos anteriormente qm' O <'
uma cota inferior para X. Portanto, para mostrnr que O é n nmior cota inferior pnrn X, bnst n
mostrar que nenhum real positivo a é cota inferior pnrn X. Argumentando por contrndição,
suponhamos que, para algum a > O, fosse n < ¾,pnrn todo n E N. Entã.01 deveríamos ler
n < ¼,para todo n E N, de forma que o conjunto N dos naturais seria limitado superiormente.
Chegamos, pois, a uma contradição, o que garante que nenhum a > O é cota inferior para X.
Logo, o número O é a maior cota inferior para X.
----~--~---------
Para uso futuro, colecionamos, nos resultados a seguir, algumas propriedades úteis das noções
de supremo e ínfimo.
PROPOSIÇÃO 2.6.
Seja X C R um conjunto não vazio e limitado superiormente, com lví = sup X. Se n E N,
então existe x E X tal que
1
AI - - < x < AI.
n -
PROVA.
Como M é a menor cota superior para X e J/ - ¼< J\J, o nú.mero AI - ¼não é uma cota
superior para X. Portanto, existe x E X tal que x > .\J -¼- l\Ias, como X e (-oo, J\I],devemos
ter x < M.
70
O problema 1. traz um resultado análogo ao anterior para o ínfimo de um conjunto de
números reais não vazio e limitado infenormente.
PROPOSIÇÃO 2. 7.
Sejam X. Y e 1Rconjuntos não ,-azios. Se x < y para todos x E X e y E Y, então ~
limitado superiormente. Y é limitado inferiormente e Yale
PROVA.
Fixe y E Y qualquer Como x < y para todo x E X. temos X e (- , y], i.e., y é uma cota
superior para X. Portanto, X é limitado superiormente e, sendo 1'1 = supX (a menor cota
superior de X), temo ,\/ < y.
Observe agora que, como escolhemo y E Y arbitrariamente, o argumento do parágrafo
anlcnor mostra que. para todo y E Y temo J/ ~ y. Portanto. Y e [AI,+ ), i.e., AI é uma
cota mfonor para}' Logo. } é linutado inC')riormcnte e, endo m = inf Y (a maior cota inferior
ele Y), temos /1/ < m.
osso próximo r~ ultado fornec' umn condição suficiente para a ocorrência da igualdade na
d ~1gunlcladeda proposição antrrior.
I) HOPOSIÇ.\O- -·') .
Sl'Jnm .\,} • e 1Rconjunto!> nÃo vazios, :--cndoX limitado superiormente e Y limitado infe-
rionnentr. Suponha, ademais, que sup X ~ inf }'. Se, para todo n E N, existirem Xn E X e
.tln E } • tab que Yn - :i·n < t.
então sup X = inf Y.
PHO\ \
eJfü11 1\f = !:,Up X. m = inf Y e suponha que fosse A,f < m. Como x < M < m < y, para
todos I E X e y E Y, teríamo
y-x > m-M,
para todo!:>I E X, y E } '. ~Ias. escolhendo um natural n > m~M ( o que é possível, uma vez que
N é ilimitado uperiormente), nossas hipóteses garantiriam a existência de números reais Xn E X
e Yn E Y tais que
1
Yn - Xn < - < m - /11,
n
o que no dá uma contradição!
71
Por fim, como a suposição de que sup X < inf Y leva-nos a uma conclusão contraditória, a
única possibilidade é que seja sup X = inf Y.
Gostaríamos de terminar esta seção apresentando uma aplicação não trivial (e importante)
do conceito de supremo. Para contextualizá-la, observamos que, já no capítulo anterior. em
mais de uma ocasião (cf. parágrafo anterior ao exemplo 41, assim como problema 4.6 página
1
46), valemo-nos da existência de raízes de números reais positivos. O resultado estabelece tal
existência.
TEOREMA 2.9.
Dados um real positivo x e um natural n > 1, existe um único real positivo y tal que y" = .r.
PROVA.
Consideremos o caso em que x > 1, remetendo o leitor ao problema 1.1 e observando que o
caso x = 1 é trivial. Se
X = {a E IR;a > O e a" < x},
então X é não vazio, uma vez que O E X. Também, X é limitado superiormente, pois, para
o > x + 11 o problema 4.6, página 47, juntamente com o item (b) do corolário 2, garante que
Qn > (x + 1r > x + 1 > x; daí, a(/:. X e, assim, X C (-oo, x + 1).
Sendo não vazio e limitado superiormente, X tem supremo, digamos y. Como 1n = 1 < x,
temos que 1 E X e, daí, y > l. Mostraremos que y" = x da seguinte forma:
(i) Se yn < x, obteremos um real positivo z tal que yn < zn < x. Então, a primeira desigualdade
garantirá que y < z e a segunda (com o au.,xiliodo problema 4.6, página 47) que z E X. Com
isto, teremos y < z E X, contradizendo o fato de y ser uma cota superior para X.
(ii) Se yn > x, obteremos um real positivo z tal que x < zn < y". Agora, sendo a E X qualquer,
segue de an < x < zn < yn (novamente pelo problema 4.61 página 47) que a < z < y, de sorte
que zé uma cota superior para X e é menor que y. Mas isso contradiz o fato de que y é a menor
cota superior para X.
Uma vez demonstrados os itens (i) e (ii), não poderemos ter y" < x nem y" > x, de sorte
que a única possibilidade será yn = x.
72
Para a prova de (i), suponha que yn < x. Se z = y + ¼,com k E N, temos, novamente pelo
problema 4.6, página 47, que y" < z". Afumamos que z" < x para k suficientemente grande.
De fato, pela fórmula do binômio (cf. teorema 49), temos
mas, como (;) < 2", 1,< ¾ e y"-J < yn para todo 1 < j < n, segue que
>y n
- Ln (n.)
-y1
J k1
n-;
>y n
---;n(2y)"
k
j=l
2 2
Portanto ' z" > x se yn - n( y)"
k
> x, i.e., se k > n( y)".
yn-x
(a) Se O < x < l e n > l é natural, mostre que o número real ~ (cuja existência é
garantida pelo teorema 9, uma vez que ½> 1) é a raiz n-ésima é x.
(b) Para a, b > O e m, n > 1 naturais, mostre que v'ab= y'a v'b, ~ =~ e "'y'a =
~-
(c) Para O< a< b e n > l inteiro, mostre que y'a < v'b.
73
<. \1'111 1 t, .! S1-:q1·1-,:-,;1·1\'-, I·: <'<>:\ 1 l.'\I 11>\l>I·:
(d) Para a > O c m > n inteiros, mostre que y'a > efci,se a > 1, e y'a < efci,se
O<a<l.
(e) Da.dos x < O real e n E N ímpar, seja y = -y'=x. Prove que y" = x (o real y é
também denominado a raiz n-ésima de x) e estenda as propriedades dos itens (b),
(c) e (d) a esse caso.
(c) Sendo a> O e n E N escolhido como em (b), mostre que um dos números ~, ¾,¾,...
e um dos números 2
:/!-,'f!, 'f!,...
3
pertencem ao intervalo (a, b).
1.3. * Um número racional r E [O,1] é dito diádico se existirem k, n E 7l, tais que O < n < 2k
e r = ~- Prove que o conjunto dos racionais diádicos é denso em [O,l].
1.4. * Se Y e IR é não vazio e limitado inferiormente, prove que existe uma maior cota inferior
para Y.
1.7. Sejam
C1 = (O,1)
C2 = (O,1) \ (1/3, 2/3) = (O,1/3] u [2/3, 1)
C3 = ((O,1/3] \ (1/9, 2/9)) u ([2/3, 1) \ (7/9, 8/9)
= (O,1/9] u [2/9, 1/3] u (2/3, 7/9] u (8/9, 1).
Mais geralmente, para cada n E N, obtenha Cn+l a partir de Cn, excluindo-se os terços
ml~diosabertos de cada um dos intervalos que compõem Cn. Se C = Un~l Cn, mostre que
inf G' :::;O e sup C -:-::
1.
74
1.8. * Seja Y C R um conjunto não ,-azio e limitado inferiormente. com m = inf Y. Se n E N~
prove que existe y E Y tal quem< y < m 7 ¾-
1.10. ,,,.SeJa X e ....um conjunto não ,uio e limitado superiormente. Para e E lR, seja cX =
{ex, x E X}. ProYe que:
(a) Se ':\ e Y ...ão limit do HJ>t rionn nh:, pro,·• qu~ X · }' é limitado superiormente e
que up(X + Y) = ,upX up }'.
(b) e \ e ) ..,fiolimitodo infc>riorm~1t , prOh' qu X +Y ~ limitado inferiormente e
Q\W inf( \ - Y) = inf X+ infY.
1.13. Fncontn"' todn:-.o~ funçõ • /: -+ tai que /(1) = 1 e. para todos x, y E lR, tenhamos
75
(. \1'111 111 ..! SHl('l-::\<'I.\S F <'<l:\ rt:\l'll>.\lll·:
haja vista que o resultado da divisão de 1 por n é cada vez menor à medida que n aumenta.
esse sentido, temos a definição central a seguir.
DEFINIÇÃO 2.10.
Dizemos que uma sequência (On)n~l converge para um real l quando, fixado arbitrariamente
um erro f > O para o valor de l, existir um índice noE N tal que lan - li < E, para todo n > n 0 .
lim an = l, an ~ l ou an ➔ l.
n-++oo
Por fim, uma sequência que não converge para real algum será dita divergente.
Ainda em relação à definição anterior, é de se esperar que, ao diminuirmos o erro e > O,
tenhamos de aumentar o natural n 0 a fim de que lan - li seja menor que f para n > n 0 ; em
outras palavras, é de se esperar que n 0 dependa de f > O. De qualquer modo, o importante
para assegurar a convergência da sequência (an)n>l para l é que, fixado arbitrariamente um erro
€ > O, sejamos capazes de encontrar n0 EN tal que
No intuito de familiarizar o leitor com esse procedimento, colecionamos, a seguir, vários exemplos
elementares de sequências convergentes e divergentes.
EXEMPLOS 2.11.
(a} Se a,. = ¼,então a,. ~ O: de fato, dado f > O, a fim de que lan - OI < f basta que n > ¼;
assim, fixado noE N tal que no> ¾,temos que
1 1
n > no=>n > - =>- < f =>lan - OI < €.
f n
(b) Se a,.= (-1r, então (an)n~l diverge: realmente, os termos da sequência, sendo alterna-
damenteiguais a 1 e -1, não podem aproximar-se de um mesmo real l. Formalizando esse
76
in ui iY fi. ad l E 1w dn cl<'sigualdad
t d kE
por 1o, par tod k E N t mo lak - li > 1 ou lak+l - li > 1, d sorte qu , 1.1111111A1~
O< < l, n~ p d m tornar lan - li< para todo n ufi i nt m nte grand .
( ) ª" = 1+i=.!r.
n ntão ª" ~ 1: i o porque lan - li = ¼ de maneira que la.- li<
par n > !-
(d (an)n>l um
• quAncia con tante com an = e para todo n > 1, então a,. ➔ e.
p rqu p ra todo f > O n E N, temo lan - cl= O < f.
PRO\'.
orno ,!,> 1 pod m r 11
!= 1+ ll:' om ll:' > O. Portan o a fórmula do binômio
i rn
1
lqln = (1 + r > 1 + nll:'
d í
1 7
lan - OI= lql" < 1 + n
1
im qu r m qu lan - OI < b ta impormo qu 1+ n < ou quiv l nt m nt
n>l(l-1).
EXEMPLO 2.13.
A quência (an)n~l, dada por an = Jn + 1 - ./n, conv rg par O.
--~---...:a...a.
1
n > n0 =} Jn + 1 + ✓-ii, > Jno 1 -1 o>
~ -._:_ := ç ~7-
)
daí,
1
n > no ⇒ lan - OI = ✓ Jnn < €.
n+l+
A definição de convergência de uma sequência não deixa claro se o limite de uma sequência
convergente é único. De outra forma, em princípio, poderia ocorrer que uma certa sequência
convergisse para mais de um limite. No entanto, como mostra o resultado a seguir, isto não
ocorre.
PROPOSIÇÃO 2.14.
Se a sequência (<in)n>l convergir, então seu limite é único.
PROVA.
Por contradição, sejam l 1 e l 2 reais distintos e suponha que a sequência converge simullanc-
amente para l1 e l2. Tomando € = ½ll1 - l2 I > O, a definição de Umjte garante a existência de
n1, n2 EN tais que
o que é um absurdo.
PROPOSIÇÃO 2.15.
Seja (<in)n~l uma sequência com limite l.
(a) Se l < a (resp. l > a), então existe noE N tal que 0n < a (re.sp. 0n > a) para n > n 0 .
(b) Se a,. > a (resp. 0n < a), para todo n > 1, então l > a (re.sp. l < a) .
(e) Toda 111beequência
(<in.)A:~1de (0n)n~1 a.inda converge para l.
----~-~----~
78
PRO\A
(a) Suponha l < a (o caso l > a pode ser tratado de modo análogo), e tome e = a - l > O. A
definição de limite de sequências garante a existência de um índice n0 tal que n > no=>lan -li <:
e; em particular, para n > n0, temos
ª" < l + e = l + (a - l) = a.
(b) Segue imediatamente de (a), por contraposição.
(c) Seja dado € > O. Como an ~ l, existe nonatural tal que lan - li < e, para n > n 0 . Mas,
como n1 < n2 < n3 < · · ·, existe um índice ni na subsequência tal que n 1 > n 0; portanto,
Apesar da notação carregada, o item (c) da proposição acima pode ser resumido em palavras
de uma maneira bastante simples: basicamente, ele afirma que, se os termos de uma sequência
aproximam-se de um real l à medida que aumentamos seus índices, então, quando consideramos
somente uma parte (ainda infinita) desses termos, eles continuam se aproximando de l à medida
que aumentamos seus índices.
A proposição anterior po sui a seguinte consequência imediata, a qual fornece uma condição
suficiente para a divergência de uma sequência.
COROLÁRIO 2.16.
Uma sequência que possui duas subsequências convergindo para limites distintos é cli
PRO\\
Realmente, se a sequência inicial convergisse para l, então, pela proposição anterior, todas
as suas subsequências também convergiriam para l.
Até agora, exceto por alguns exemplos bastante simples, não vimos ainda como é p~ível
calcular o limite de uma sequência que sabemos ser convergente. Para remediar essa situação,
precisamos entender como operar com limites de sequências, problema que examinamos no que
segue.
79
Precisaremos, inicialmente, de um resultado auxiliar. Para o enunciado do mesmo, recorde
que toda sequência (an)n~l é, antes de mais nada, uma função de Nem lR. Portanto, de acordo
com a observação que precede o problema 5.2, página 57, a sequência (an)n~l é limitada se
existir Af > O tal que lanl < M, para todo n > 1.
LEMA 2.17.
Toda sequência t:onvergente é limitada.
PROVA.
Seja (an)n~i uma sequência que converge para o limite l. Então, existe n 0 E N tal que
n >no=} lan - li < 1. Portanto, segue da desigualdade triangular que
Por fim, se M = max{l + Ili, la1I,la2I,... , lano-il}, então lanl < AI para todo n EN, de modo
que a sequência em questão é limitada.
PROPOSIÇÃO 2.18.
Sejam (On)n~I e (bn)n~I sequências convergentes de números reais e e é um número real
qualquer.
(b) Se 0n -+ a e bn -+ b, então an ± bn -+ a ± b.
PROVA.
(a) Se e = O, então can = O para todo n E N, e segue do item (d) do exemplo 11 que can -+
O = ca. Suponhamos, pois, que e -:f. O, e seja dado f > O. Então, existe n 0 E N tal que
n > n0 ⇒ lan - ai< ~.
11
Logo,
80
(b) Provemos que an + bn-+ a+ b (provar que an - bn-+ a - b é análogo). Dado€> O, existem
n1, n2 EN tais que
€ €
n > n1 =>lan - ai < e n > n2 => lbn - bl < 2"
2
Portanto, tomando n > ma.x{n1, n 2} e utilizando a desigualdade triangular, obtemos
(c) Pelo lema anterior, podemos tomar L > O tal que lbnl< L, para todo n EN. Por outro lado,
dado€> O, existem n1, n 2 EN tais que
Então, para n > max{n 1, n 2} e utilizando a desigualdade triangular uma vez mais, obtemos
(d) Seja L > O tal que lbnl< L, para todo n > 1. Dado € > O, tomamos n 0 E N tal que
n >no=> lanl < f. Então, para n > no, temos
a- -b
1
= -ab.
Para o que falta, comecemos tomando n1 E N tal que lbn- bl< ~ para n > n 1 . Então, para
tais valores de n, temos (novamente com o auxílio da desigualdade triangular)
---
1 1 1 lbn - bl 1
=-·---<-·----
lbn - bl
bn b lbl lbnl - lbl lbl- lbn- bl
1 lbn- bl 2
< Íbl• lbl- lbl/2= lbl2.
lbn - bj.
81
( \1'111 111 _! ~1-:qt'F\'('l\s I" <"O\'ll'\111>\l>F
Agora, dado e > O, tomemos n 2 E N tal que n > n 2 ⇒ lbn - bl < tl~12 . Portanto, para
n > ma.."<
{ri1,112}, temos
EXEMPLO 2.19.
Seja a um real positivo. Se {Cln)n>l é dada porª"= y'ã para todo n ~ 1, então an ~ 1.
Prova.
Se a> 1, então an > 1. Escreva an = l + bn, de modo que bn > O. Como
temos O < bn < ª~ 1 . Portanto, o teorema do confronto (cf. problema 2.5) guarante que bn ~ O,
e o item (b) da Proposição 18 dá an = 1 + bn ~ 1.
Se O <a< 1, seja a~= 0
1
" = i"f,de modo que a~ ~ 1 pela primeira parte. Então, o item
(d) of Proposição 18 nos dá an ~ 1.
EXEM~ 2.20.
A sequência (an)n;?:l,dada por an= v'npara todo n > 1, converge para 1.
Prova.
Como no exemplo anterior, escreva an = 1 + bn para n > 2. Uma vez que bn > O, temos
e, daí,
2
O< b! < n - 1
82
Para o que segue, chamemos uma vez mais a atenção do leitor para o fato de que uma
sequência (C1n)n~1é simplesmente uma função f: N ➔ IR,para a qual convencionamos a notação
an = f(n). Como o domínio N da sequência é um subconjunto de IR,podemos adaptar a definição
18 ao caso de sequências, dizendo que (an)n~I é monótona crescente (resp. decrescente, não
decrescente, não crescente) se an < an+l {resp. an > an+I, ª" < an+l, ª" > an+1), para todo
n > 1.
A seguir, enunciamos e demonstramos o resultado mais importante sobre limites de sequên-
1
cias, conhecido na literatura como o teorema de Bolzano-Weierstrass .
PROVA.
Suponhamos que {an)n~I eja uma equência monótona não decrescente e limitada, i.e., que
para algum AI > O (o demais casos pod 'm r tratado de forma análoga). Então, M é uma
cota superior para o conJunto A = { a 1 • a2 • a3 , ... }, de orte que tal conjunto possui supremo,
digamos sup A - l.
Afirmamo que an ➔ l Para tanto, seJa f > O dado; como l - e não é mais cota superior de A,
algum elemento de A é maior que /-f., digamosª"º > l-e. i\las, comoª"º < ano+l < an0+2 < • • •,
concluímos que a 11 > l - e, para n > no. A 1m, para n > no, temos
EXEMPLO 2.22.
Seja a um real positivo. Se (an)n~l é dada por Cln= v'ãpara todo n ~ 1, então
PRO\\
As uma que a> 1 (o caso O< a< 1 pode ser tratado como no Exemplo 19). Então, a 1 > a1 >
a3 > • • • > 1, e o teorema de Bolzano-Weierstrass garante a existência de l = limn-.+oo0n > 1.
O item (a) da Proposição 15 dá l > 1, e o item (b) garante que toda subsequência de (On)n>l
1
Apó Bernard Bolzano e Karl Weierstrass, matemâticos alemães dos séculos XV111e XIX.
83
tnmh"m conY<'rg<' pAra /. Porlanlo, ak(k+t) ~ l. Agora, como ak{k+l) = i.*4, segue do item
(d) da Proposição 1 que
Logo,/= l.
Como o leitor pode verificar facilmente, o teorema anterior e a definição de sequência con-
vergente também garantem que, se uma sequência limitada for monótona a partir de um de-
terminado termo, então ela ainda será convergente. Exploramos essa observação no próximo
e.xemplo.
ExEMPLO 2.23.
A sequência (<1n)n~1,dada por <ln = y'n, é convergente e seu limite é igual a 1.
-----
PROVA.
Os termos iniciais da sequência são v'2, '1'3,¼, ... , e é fácil verificar diretamente que
,/2 < '1'3e ~ > ¼ > -Ys.Como 2n > n 2 para n > 4 (por indução, por exemplo), temos
~ > an para n > 4, de sorte que a sequência é limitada; portanto, se mostrarmos que ela
é decrescente a partir de seu terceiro termo sua convergência seguirá do teorema de Bolzano-
\Veierstrass.
~r
Para o que falta, dado n > 2 inteiro, temos
(2.1)
e. para k > I,
ri)~= ri! =~-n(n-I)···(n-k+l) 1 1
( k nk k!(n - k)!nk k! nk
< -<--
k! - 2k-l.
Assim,
( ] + ~)
n
n = l + (TI)
.!_+
l 11
(ri)
2_ + ... + (n)
2 n2
~
n nn
l 1 1
<l+l+-+-+···+-
2 22 2n-l
1
= 3- - - < 3.
2" 1
84
Resta mostrarmos que o limite da sequência é l. Para tal fim, observe inicialmente que a
subsequência a2k = fü também converge para l. Por outro lado, 2~
2
= 2❖12 • ffk, com
2
❖12 ~ 1. Agora, segue do problema 2.2 que JVf. ~ Jl. Portanto, aplicando o item {b) da
Proposição 1 , obtemos
EXEMPLO 2.24.
Para k E N e lal> 1, temos limn-++oo o": = O.
SOLUÇÃO.
Inicialmente, ob erve que, pelo exemplo anterior,
Portanto, fixado q E 1Rtal que !1 < q < 1, o item (a) da proposição 15 garante a existência de
n0 E N tal quen > n 0 => n 1: 1~. < q ou, ainda, ,:tn < q". Mas, de acordo com o exemplo 12,
temos que qn ~ O quando n ~ + . Portanto, verificamos facilmente que o mesmo sucede com
nl.
o" •
Por vezes, não precisaremos mostrar que uma dada sequência converge, mas somente garantir
que ela possui uma subsequência convergente. esse sentido, o teorema 26 a seguir, devido
a \,Veierstrass e conhecido na literatura coron () teorema de Weierstrass, dá uma condição
uficiente para a existência de uma tal subsequência. Antes, contudo, precisamos de um resultado
auxiliar importante em si mesmo, conhecido como o lema dos intervalos encaixantes. No
que segue, se I e IRé um intervalo finito, escrevemos III para denotar seu comprimento.
LEMA 2.25.
Sejam dados os intervalos ln = [<ln,bnl,n E N, tais que /1 :> /2 :> /3 :> • • •. Se
O, então existe um único l E R tal que íln~l ln = {l}.
~----------------
85
( • \ l 'I 1 1 1 < 1 .! SE(1l T:\C'I.\S E C'O:\Tl:\I º11>.\IH:
PROVA
Note, inicialmente, que a interseção dos ln é vazia ou unitária: de fato. se existi em reais
a < bem tal interseção, teríamos [a, b) C íln~l ln; em particular, [a. b] C ln e, daí, llnl > b - a,
para todo n EN, o que é uma contradição ao fato de que llnl ➔ O.
Por outro lado, a condição de encaixe / 1 :> 12 :> 13 :> • • • garante que a < a2 < a3 < · · · < bt,
1
PROVA.
Seja lo - [ao, b0 ] um intervalo fechado e limitado contendo todos os Lermos da sequencia
lirrútada {an)n~l- Dentre os intervalos (a 110;tii:i] e [ª ~bu,b escolha um que contenha uma
0
.
0
0
].
infinidade de termos da sequência (a 0 )ra~l• e denote tnl intervalo por / 1 . Proceda do me<,mo
modo com 11, obtendo um intervalo fechado /2 C /1, tal que II21 = ½IJil e 12 contenha uma
infinidade de termos da sequência {a11) 11~ 1. A ·im. construímos indutivamente uma sequência
11 , 12,l3, ... de intervalos fechados e limitados, tais que /1 :> /2 :> h :> • • • e lln+1I - ½llnl, para
todo n > 1. Portanto, pelo lema dos intervalos encai..xantes, existe l E R tal que íl,. ~ 1 h = {/}
Para terminar, escolha n 1 E N tal que an, E / 1. Em seguida, para cada J > 1. após ter
escolhido n 1 E N tal que an, E 11 , torne n1 +1 E N tal que n 1 +1 > n 1 e an,+i E 11+ 1 (isto é
possível, pela definição dos 11). Dessa forma, construímos uma subsequência {an.)k~l de (an)n~I
tal que an,. E h, para todo k EN. Em particular, como an•. l E h, temos
O conceito de sequência convergente tem um apelo geométrico bem forte qual seja. a ideia 1
de que os termos da sequência aproximam-se mais e mais de um certo número real, à medida
que seus índices aumentam. Por outro lado, também é de se esperar que, se os termos de uma
86
sequencia ficarem cada vez mais próximos uns dos outros à medida que seus índices a
então a sequência deva convergir. Esta ob ervação leva à definição a seguir.
DEFINIÇÃO 2.27.
Uma sequência (an)n~l é dita uma sequência de Cauchy se, para todo E> O
71iJEN tal que
m, n > no =>1am - CLn
I < e.
~~----------~----- ---------~-------~--
O teorema a seguir traz o resultado fundamental acerca de sequências de Cauchy.
TEOREMA 2.28.
Uma sequência (an)n~1 é convergente se, e só se, é de Cauchy.
PROVA.
Seja (an)n?l uma sequência convergente, com limite l. Dado e > O,a definição de convergência
garante a existência de n 0 E N tal que
e
n > no =>lan - li < 2.
Portanto, para m, n > n 0 , egue da desigualdade triangular que
e, assim endo, ê limitada. Portanto, pelo teorema de Weierstrass, a sequência (an)n~l possui
uma sub equência convergente, digamos (ank)k~1, com ank -+ l quando k -+ +oo. Provemos
que, em verdade, limn➔+ ª" = l.
Seja dado e > O. Como ª"k -+ l quando k -+ +oo, existe ko E N tal que
€
k > ko =>1ª"k - ll <
2.
Por outro lado, como a sequência é de Cauchy, existe n~ E N tal que
EXEMPLO 2.29.
Seja (<1n)n~l uma sequência de números reais tal que
para todo n E N, onde O < e < 1 é um real fixado. Mostre que tal sequência é convergente e
que, sendo l seu limite, temos
(2 2)
PROVA.
Para a primeira parte, pelo teorema 28 basta mostrarmos que (an)n~l é uma sequência de
Cauchy. Para tanto, iterando a desigualdade do enunciado obtemos, para k E N,
(2.3)
88
Logo. a sequência (o.n)n>1
- é de Cauchv. ~
Para o que falta, seja l = limn_..,..00 o.n. Fazendo m -t +oo na primeira desigualdadeem
e utilizando o resultado do item (b) da proposição 15. obtemos (2.2).
2.2. * Seja (an)n~1 uma cquéncia de reais po iti\"OScon\"ergindo para a > O. Mostre que
Fn ~ ./ã
2.3. • Dado a E IRtal que lal > L mostre que :~ ➔ Oquando n -t +
2.4. St>jam (an)n I e {bn)n2'.Jsequências de número::. re<rn,e. para cada n E N, seja tn E [O,l]
um real fu..ttdo. Denote por (c.,)n2'.l a !qu">ncindcfmida por
Em algum, t>xcmplos ao longo do texto. utilizamo por vezes o fato de que, se uma sequência
(nn)n?I atbfaz O < au < bn, onde (bn)n~l é uma sequência que converge para O, então
(a 11)n>t também converge para O. E e re:iultado é um caso particular do teorema do
confronto. que. por ua vez. é o objeto do próximo problema.
2.5. ejrun (an)n~l. {b11 )n~1 e (Cn)n~l sequências tais que ª" < bn < Cn, para todo n E N. Se
ª", cfl ➔ l, para algum l E lR, prO\·e qu ,." -t l.
n ✓ri
(a) limn-++ ~-
(b) limn-++ ( Jn 2 + an + b - n), com a. b E lR.
(c) limn-++ y'l + q", onde O < q < 1 é um número real.
(d) limn-++ v'a" + b", com a e b reais positivos tais que a > b.
89
(. \1'11111 > 2 SHJl E:\<'I \SE('():\ 11:\1'11>.\l>L
2. 7. * Este problema estende o conceito de limite de sequências para considerar limites mfimtos
Dizemos que uma sequência (an)n2!:Ide números reais converge para + (resp. - ) se,
dado /1/ > O, existe no E N tal que n > n 0 => an > M (resp. an < -/II). l esse caso,
denotamos limn-++ooan = +oo {resp. limn-++ooan = -oo) ou, ainda, an ➔ + {resp.
an ➔ -oo) quando n ➔ +oo. Em relação a esse conceito, e dadas sequências (an)n2!:le
(bn)n>l de números reais, faça os seguintes itens:
2.8. Sejam q um número real e (an)n2!:la sequência definida por a,l :,_ qn. Se q > 1, mostre que
an ➔ +oo quando n ➔ +oo. Se q < -1, mostre que (an)n>l não converge para +oo ou
-oo.
2.9. * Dados reais positivos a e q, com q < 1, mo tre que anq2n ➔ O quando n ➔ +oo.
2.10. Seja (an)n2!:luma sequência de números reais tal que, para todos os m, n E N, tenhamos
2.12. Sejam k > 1 um inteiro fixado e t 0, t 1 , ... , tk reais também fixados, tais que t 0 +t 1 +· · ·+tk =
O. Prove que a sequência (an)n2!:l,dada por
converge para O.
2.13. A scquê11cia{an)n>l é tal que Jan+i + 2 < an < 2, para todo n > 1. Mostre que an = 2,
para todo n > 1.
90
2.14. Sejam k um natural fixado e (an)n~l a sequência definida por
2.15. Para a> O fixado, seja (an)n~l a sequência definida por a 1 = 1 e, para k > 1 inteiro,
Prove que (a 11 )n~1 converge para .fã. e que ja11 - Jãl < 1
2 " _ 1 la
- li.
l l+v'S
l + ----=-- - ---
1 2
l + l
l+-
91
, ,, ' ~ I· < l t 1 '\ < 1 \" 1 < < , '\ 1 1'\ t 11, \ 1>1
-4 -3 -2 -1 O 1 2 3 X
Surge, então, a questão de obter um critério razoável para identificar a existência ou não
de tais saltos num gráfico, discernindo entre possibilidades como aquelas descritas acima. Para
desenvolvermos alguma intuição sobre como fazê-lo, restrinjamos o domínio da função x r-+ { x}
ao intervalo [¾,J], denotando a nova função assim obtida ainda por /, por simplicidade de
notação; concluímos facilmente que
Im (!) = l rn.
[o,~ U 1) ;
92
Em particular, para todo y no intervalo de extremos g(a) e g(b), existe x E [a,b) (z • ::I:~
conforme o caso). tal que g(x) = y.
Estamos, agora, em posição de generalizar a discussão acima, com a definição a seguir. Pua
tanto, em tudo o que segue, salvo menção em contrário, X denota uma união de intervalos da
reta.
DEFINIÇÃO 2.30.
Dizemos que uma função f : X ➔ R possui a propriedade do valor inte•l"l'IIIAft:
Figura 2.2) se, para todo intervalo (a, b) e X e todo y 0 pertencente ao intervalo de ex1nlllliC
J(a) e J(b), existir xo E (a, b]
-'--~---___;___:_ ______________
tal que y = f (x). ~~~__._.-
G1 y
f(a) 1
1
1
--------~--- 1 ----------- -:- - Y = Yo
1
1
a X
f(b)
A discu ão acima garante que a função / (x) = { x}, x E lR,não possui a propriedade do valor
intermediário, ao pas o que a função g(x) = x 2 , x E lR,possui tal propriedade. Desse modo, ela
aparentemente nos compele a dizer que, se uma função / : X ➔ lRpossui a propriedade do valor
intermediário, então f é uma função de gráfico contínuo, i.e., sem saltos. Todavia, o leitor pode
verificar facilmente que a função / : (O,2] ➔ ::, dada por
93
1 , 11 1, 1 ' SJ·.qt I·,\( 1 \" 1 < ()\ 11\1 11)\J))-'
P0 .r0 .f(.r0 )) E • 1 . ,1run ainda, .z; E (a, b) \ {x 0 } P(x, f(x)) E G!· Para qu o gráfico d
.f m r n - r d n minad contínuo nossa intuição g ométrica diz que para x próximo a Xo
d ~'" m - l r P próximo a Po.
G1 y
Xo b X
1---1
2ô
1ais precisamente, essa proximidade significa (cf. Figura 2.3) que, arbitrado um erro r > O
para a po ição do ponto P0 (i.e., arbitrado um disco D(P 0 • r), de centro P0 e raio r), dev mo t r
P E D sempre que a abscissa x de P aproximar O com erro suficientemente pequeno, digamo
menor que um certo ó > O (leia-se delta). Em símbolos, arbitrador > O, deve existir ô > O tal
que
lx - xol <ó ⇒ PPo < r. (2.4)
É po~ível mostrar (cf. problema 3.4) que a validade da condição (2.4) equival à seguint
descrição geométrica alternativa (Figura 2.4): arbitrado um erro f > O (lê-se épsilon) para o
valor de f em x 0 , i.e., arbitrada uma faixa horizontal
lR x (J(xo) - f, J(xo) + f)
do plano cartesiano, simétrica em relação ao ponto Po(xo,f(x 0)) (a faixa cinza da Figura 2. ))
dev xistír outro rro ô> O tal que, para x E X sati fazendo lx - xol < ó, o ponto P(x, f(x))
pert nça à faixa em que tão. Isto posto, podemos finalmente enunciar a definição formal d
função continua.
.._,_____.~~-~~~~~~~~--
x e X, lx - xol <ó=> 1/(x) - /(xo)I < f.
-~~----~-~~ (2.5)
94
Xo b X
t--------1
2ó
E EMPLO 2.32.
'D da função
PR V.
j m um r I d do f : -t funç~ n an igual a e.
r r u J ' ntínu m x 0 E a d finição d on inuidad p d qu dado e.> O
n n r m ó > O al qu p v lidad da d igualdad lx - x 0 1 < ó impliqu
lid d lf(x) - J( o)I < om 1/( ) - !( o)I = lc - cl = O, a d igualdade
lf ( ) - !( o)I < , lid ind p nd nt m n d qualqu r re trição ob 1 - oi- D
u r e rm t man u lqu r r ai p i i o mpr t r mo qu 1 - oi < ó =}
lf(x) - J( o)I < um z qu d igu ldad lf(x) - f(xo)I <e.não t m como r fal a.
(ii) Em seguida, impomos que tal erro E(ô) não ultrapasse o erro f desejado, descobrindo, então,
os valores apropriados de ô (usualmente, esse segundo passo resume-se a resolver, para ô> O, ª
inequação E(8) < €).
Uma vez executados os dois passos acima, se ô > O satisfizer E(8) < f, teremos claramente
que
xEX e lx - x0 1<ô=> lf(x) - J(xo)I < E(ô) < f,
conforme desejado.
Como uma última observação, o mais das vezes, ao longo da execução dos itens (i) e (ii), a
função E ficará subentendida. Vejamos alguns exemplos relevantes.
EXEMPLO 2.33.
A função modular (cf. exemplo 47) é contínua.
PROVA.
Fixado x 0 E IR, se lx - x0 1< ô, então, pela desigualdade triangular, temos
EXEMPLO 2.34.
Sejam a e b números reais dados, sendo a:#=O. Se f: R ➔ Ré dada por f(x) = ax + b, então
/ é contínua.
------~~------------~---------~-_____;
PROVA.
Novamente, fixado x 0 E IR, se lx - xol< 8, temos
lf(x) - f(xo)I = l(ax+ b) - (axo+ b)I = lallx- xol< lalô.
Portanto, se lalô< f (ou, equivalentemente, ô< 1: 1), teremos IJ(x)- f(x 0 )1 < f para lx-xol < 8.
96
EXEMPLO 2.35.
A função raiz quadrada f : [O.+oc) ➔ R. tal que f(x) = ./x para
PROVA.
Sexo= O e O< x < ó, então lf(x) - J(x 0 )1 = ../x< ./J. ~Ias. como ./J <e<=} ó< e2 , para
tais valores de ó> O teremos lf(x) - J(xo)I < e e lx - OI < ó.
Suponha. agora, que x 0 > O. Então. para lx - x 0 1< ó. temos
r= lx - xol 1 ó
f(x) - f(xo)I = lv.L- fiõl = ../x ftõ
x -t- xo
< ~lx -
yio
xol < r:;:-:·
yXo
Agora, observe que }zõ< e <=}ó < ftõ!. Portanto, tomando O < ó < ftõe, temos que
l:i - J.·ol< ó ⇒ IJ(x) - J(.ro)I < e, conforme de,eJado.
LE~IA 2.~lG.
Pnrn todo .r. E lR,temo lscn xi < 1:rl,
PHO\ \
Im,tremo micialmentc qm.. ~ n x < :r, para O < x < i Tal desigualdade é óbvia para x = O;
pn1n O <. .r $ i, marque, no primeiro quadrante do ciclo trigonométrico (cf. Figura 2.5), o ponto
P tnl que f(.1P) = .r.
+-+
e Q é o pé da perpendicular bruxada de P à reta AA', então
Agora, como :sen(-x) = -senx, segue imediatamente que lsenxl ~ lxl para lxl < J. Por
firn, para !-ri> ~, temo
7r
lsenxl < 1 <
2< lxl.
97
< • \ 1'I 1 1 1 ( > .! S J·:<JI T '\ < •1 \-.. I· < <l '\ 1 I '\ 1 11l \ ll I·:
A'
o Q
B'
EXEMPLO 2.37.
As funções_seno e cosseno são contfnuaa.
-------------------------~-•------'
PROVA.
Fixe xo E IR. Se lx - xol < ó, segue das fórmulas de transformação em produto e do lema
anterior que
Portanto, se ó < t, então teremos Icosx - cosx 0 1< €, sempre que lx - x0 1< 6, conforme
desejado.
Por fim, o argumento para a função seno é totalmente análogo.
Provaremos mais adiante (cf. proposição 47) que, se I é um intervalo e /, g : J --t IR são
contínuas em x 0 E I, então as funções f ± g, f · g : I ➔ IR também são contínuas em x 0.
Por outro lado, na proposição 49 mostraremos que, se g não se anula em /, então a função
lg •• l-+ IR também é contínua em xo. Por ora, assumiremos essas afirmações sem demonstração '
utilizando-as para apresentar mais alguns exemplos de funções contínuas.
98
() ( (l'\("f ))() l>F ( ()'\))'\I ))1\)11
EXEMPLO 2.38.
Dados a E R e k E H. a função x i-+ axk (de lR em lR) pode ser vista como o
função constante e igual a a por k cópias da função identidade, x i--+ x. Portanto, 08 -~
32 e 34, juntamente com a discussão do último parágrafo (estendida ao produto de k fun
contínuas), garantem que a função xi--+ axk é contínua.
Aplicando novamente a discussão do parágrafo que precede este exemplo (dessa ve-zestendida
à soma de um número finito de funções contínuas). concluímos que toda fw1ção polinomial,
i.e., toda função f: R ➔ R do tipo
EXEMPLO 2.39.
Se / : lR ---+lR é uma função polinomial (cf. exemplo anterior), dizemos que x 0 E lR é
uma raiz de / :-.e/(.r 0) = O. Prova-~c (cf. Capítulo 3 de [141, por exemplo), que o conjunto
das raíz<'-<;ele uma função polinomial ·• finito. Portanto. se f e g são funções polinomiais e
R,, - {.t·1 < .r2 < · · · < .r.k}é o conjunto das rnizes de g, o conjunto
-f : IR 1?.9 ➔ R.
g
Umn tal função é dita racional, e o exemplo anterior, juntamente com a discussão do parágrafo
que o precede, garante que funções racionais ~ão contínuas onde estiverem definidas.
99 A•
t \ 1•1 1 1 1 11 .! S i:q t 1·'\ 1 1 \--. 1 t t , '\ li'\ 1 li> \ 1>I·
2. 1.
C R - uniõ d int rvalo / :X ➔ Y g : Y ➔ R ão funçõ contínu ntão
g oJ: ,,.➔ tamb m ontínu .
R \
4
y YO
EXEMPLO 2.43.
A função / : R ➔ R, dada por
J(x) =
•
4
+ x2 + 2 + JI n xi '
1
Problemas - Seção 2.3
3.1. Prove que:
(a) A função J: IR\ {O}-+ 1Rdada por f (x) = ~ possui a propriedade do valor interme-
diário e é contínua, mas a função f : 1R-+ 1Rdada por
l sex=rfO
f(x) = x'
{ O, se x =O
não possui tal propriedade.
(b) A função f : R -+ 1Rdada por
x 2 + 1, se x > O
J(x)= { -x, sex<O
3.2. Sejam/ e IRum intervalo e f: /-+Ruma função contínua. Fixado x 0 E /, seja g: /-+ 1R
a função dada por
g(.r) = { e. e .r. = Xo .
f (x), se x # Xo
t-.lostre que g é contínua se, e só se, e= /(O), i.e., se, e só se, g = f.
3.3. Em cada um dos itens a seguir, e..xplique,com justificativa, se existe um valor de e que
torne conUnua a função / : lR -+ IR dada:
3x - 2, se x < O 3x - 2, se x < O
(a) f(:r) = e, se x = O . (e) J(x) ={ e, se x = O
{
-2, se x > O x2, se x > O
3.4. * Prove que toda função contínua no sentido da relação (2.4) é contínua no sentido da
definição 31, e vice-versa.
3.5. * Se D= 1R\ {1r/2 + br; k E Z}, use a discussão no parágrafo que precede o exemplo 38
para estabelecer a continuidade da função tangente,
tg : D --+ 1R
X 1----t tg X
101 â-
3.6. Se I e IR é um intervalo e J : J ➔ IR é uma função contínua, explique por que a função
Ili : / ➔ IR também é contínua.
3.7. Justifique a continuidade da função f: [-1, +oo) ➔ IR, dada por J(x) = c°::f:I'-
3.8. Sejam n EN e/: [O,+oo) ➔ IR a função raiz n-ésima, f(x) = fi, para x > O.
(a) Mostre que fé contínua em x 0 = O.
(b) Se x 0 > O ex> O, mostre que
_ lx - xol
IJ(x) - f (xo)I
- ( fi)n-1 + ( fi)n-2 fio+ ... + ( efxõt-1
1
< ( efxõ)n-1 • lx - xol-
f(x) ={ O, se x = O
x sen ~, se x f:. O
J(x) = { O se x f/.Q
lsexEQ
J(x) ={ O, se x f/.Q
¼,se x = r;:com m E Z+, n E N e mdc (m, n) = 1
Prove que f é descontínua nos racionais e contínua nos irracionais 3 do intervalo [O,1].
102
2. ontinuidad qu ncial
a ção r l ionamo o on i d limi d um qu • n i n rg nt e continui
d uma função. O r ul ado prin • wr qual rã utilizada diverll8
ão caracterizadas pela
d d tr formar m qu·n i onv r nt .
m udo o qu gu . I d no a um in rvalo da r ta.
TE RE 1 2.44.
m funç- f :I ➔ , ontínua . a guint condição for
aE J oda qu·n ia (an)n~l d de I temos
n
lim ª" = a =>n-+lim / (0-n)= f (a).
H V
Im i lm n , u n} u J' nt E/ >O Xl ô > O t l qu
nj m - d u ndi - im n u
1
-ai< -
n
103
' \ 1•1 1 1 1 1 1 ..: S H.J 1 1-:'\ < I \-.. I·. < .l l '\ I I '\ 1 11l \ I l I·.
Ilustremos a importância do resultado anterior em dois exemplos, o primeiro dos quais fornece
outra prova para o resultado do exemplo 19.
EXEMPLO 2.45.
Se a> Oe an = y'a, então an ~ 1.
PROVA.
Façamos a prova no caso em que a > 1, sendo a prova para o caso O < a < l totalmente
análoga. Se a > 1, então an > an+i > 1, para todo n E N. Portanto, a sequência (a,Jn;::1 é
monótona e limitada, logo convergente, pelo teorema de Bolzano-\Veierstrass.
Se l = limn-++ooan, segue do item (a) da proposição 15 que l > l. Por outro lado, a
continuidade da função x H Jx, x > O (cf. exemplo 35) e o resultado do teorema. anterior
garantem que
an ~ l ⇒ -/an~ Ji ==} a2n ~ Ji,
onde utilizamos, na última implicação acima, que Fn = a 2n. Ias, como toda subsequência
de uma sequência convergente converge para o mesmo limite, temos também que a2n ~ l, e a
unicidade do limite de sequências fornece / = Ji, de sorte que l = 1.
EXEMPLO 2.46.
Ache todas as funções contínuas / : R ➔ R, tais que / (x) + f (x2) = O, para todo x E JR.
SOLUÇÃO.
Seja f uma função qualquer satisfazendo as condições do enunciado. Fazendo sucessivamente
x = O ex= 1, obtemos /(O)= J(l) = O.
Agora, para x > O e aplicando a relação do enunciado repetidas vezes. obtemos
IJ(an)I ~ 1/(l)I = O.
Mas, como 1/(an)I = 1/(x)I para todo n, também temos que IJ(an)I ~ 1/(x)I. Logo, a unicidade
de limites de sequências implica lf(x)I = O.
104
Por fim, para x < O, temos x 2 > O; portanto, pelo que fizemos acima, /(x 2 ) = O. Ut,.... 1111!111!1!
este fato, juntamente com a relação do enunciado, obtemos f(x) = J(x) + J(x 2) = O.
Logo, a única função satisfazendo as condições do enunciado é a função identicamente n~
PROPOSIÇÃO 2.47.
Se/, g: / ➔ IR são funções contínuas em x 0 E/, então as funções/ ±g, f ·g: / ➔ R também
são contínuas em x 0.
PROVA
Seja (an)n>l uma quenc1a em /, tal que limn-++ ª" = xo. A continuidade das funções f e
g em x 0 garanle, de acordo com o teorema -14,que
105
( • \ 1' 1 1 1 1 ( 1 ..! S E(J l •E~< •1 \ :-; 1-: <•o :\ 1 1~ 1•11>\ I>E
LEMA 2.48.
Sejam J e lR um intervalo e f : I ➔ lR uma função contínua. Se x 0 E J é tal que f(xo) > O
(resp. J(x 0) < O), então existe ó > O tal que
PROVA.
Façamos a prova no caso em que f (x0) > O,sendo a prova no outro caso totalmente anúlogn
A definição de continuidade garante que, para 1: = f(~o) > O, existe ó > O tal que
J(.ro)
x E/, lx - xol <ó ⇒ lf(:r) - J(.ro)I < 1: = ~-
Por outro lado, a última desigualdade acima implica
J(.ro)
f(.r) - f(.ro) > -~
ou, o que é o mesmo, f (x) > f(~o), para todo .r E / n (.r0 - c5.. r 0 + ó).
Para o que segue, se g : / ➔ R é uma função contínua em :r 0 E J e tal que g(x 0) =/:-O, o
lema de permanência do sinal garante a existencia de c5> O tal que g não se anula no intervalo
J = I n (x 0 - ó, x 0 + ó). Portanto, restringindo g a J. se necessário, podemos supor, sem peida
de generalidade, que g não se anula em J.
PROPOSIÇÃO 2.49.
Sejam f,g : / ➔ R funções contínuas em xo E /. Se g não se anula em I, então a função
; : / ➔ Ré contínua em xo.
PROVA.
Como na demonstração da proposição anterior, se (an)n~I é uma sequência em 1, tal que
an = Xo, então
limn-++oo
106
Por fim, invocando o teorema 44 uma vez mais, concluímos que Lg é contínua em x 0.
A seguir, definimos uma noção mais f orle de continuidade para funções, a qual mostramos
ser equivalente à noção usual, para funções definidas em intervalos I = [a, b)e IR.
DEFINIÇÃO 2.50.
Uma função J : / ➔ IR é uniformemente contínua se a seguinte condição for sat
para todo f > O, existe ô > O tal que
TEOR8l\lA 2.51.
Toda função continua f: (a, b] ➔ Ré uniformemente contínua.
PHO\ \.
Por contradição, suponha que f é contínua mas que (2. 7) não seja válida. Então, existe f >O
tal que, para todo ô > O, podemos encontrar x. y E [a, b) satisfazendo
107
desigualdade triangular que
1 k
IYn1,- Xol < IYnk- Xn1,1+ lxnk - xol < -
nk
+ lxnk - xol -+ o.
Portanto, (Yn1,)k~1 também converge para x0 , e o teorema 44, juntamente com a continuidade
da função modular, assegura que
Por outro lado, como caso particular de (2.8), temos lf (xn") - f(Yn1,)I > f, desigualdade em
flagrante contradição com o limite acima.
COROLÁRIO 2.52.
Toda função contínua f : (a, b] ➔ R é limitada.
-~----~-----~-~-~---~----------"
PROVA.
Como f é uniformemente contínua, para f = 1 existe 6 > O tal que
x, y E [a, b], lx - YI <ô=} I/(x) - f(y)I < 1. (2.9)
Agora, escolha números reais a = xo < x1 < · · · < Xk = b tais que Xi - Xi-l < ô para
1 < i < k, e seja
1\1 = max{l/(xi)I, ... , I/(xk)I}. (2.10)
Para x E [a, b], existe 1 < j < k tal que x E (x,-1, x 3 ); em particular, lx-xj-il < lx 3 -x 1 _il <
6. Então, segue de (2.9) e (2.10) que
A última propriedade de funções contínuas que estudaremos nessa seção é também devida
a Weierstrass, e afirma que toda função contínua J : [a,b) ➔ lR assume valores extremos no
intervalo [a,b).
108
TEORE~IA 2.53. \VEIER.STRASS
Se J : (a, b)➔ IR é urna função contínua, então existem .r"" :r,M E [~, b) tais que
Por outro lado, a definição de ínfimo garante (por intermédio do problema 1.8, página 75) a
existência de uma sequência (xn)n~l em (a, b} tal que f(xn) ➔ m. Mas, como toda sequência
limitada possui uma subsequência convergente, podemos tomar uma subsequência (xnk)k~1 de
(xn)n~l, que converge para um real x 0 E [a, b). Então, da continuidade de f obtemos, mediante
o teorema 44, que
Por outro lado, como a sequência (f (xnk))k~l é uma subsequência da sequência (J(xn))n~I
1
(que, por sua vez, converge para m), concluímos, a partir da proposição 15, que (J(xnk))k~l
também converge param. Logo, a unicidade do limite de sequências garante que f (x0 ) = m.
4.1. Encontre todas as funções contínuas f : IR ➔ IR tais que, para todos x, y E IR, tenha.mos
J(x + y) = J(x) + J(y).
4.2. Seja f : IR ➔ IR uma função sobrejetiva, satisfazendo a seguinte propriedade: para. toda
sequência divergente (an)n~l, a sequênc11:1,
lf (an))n~l também é divergente. Prove que fé
bijetiva e que J- 1 é contínua.
4.3. * Dado um intervalo I e IR,dizemos que uma função f : / ➔ IRé lipschitziana 4 se exi tir
uma constante e > O (denominada a constante de Lipschitz de J) tal que
109
para todos x, y E /. Por exemplo, vimos no exemplo 37 que
para todos x, y E lR, de forma que as funções seno e cosseno são lipschitzianas. ambas
com constante de Lipschitz igual a 1. Prove que toda função lipschitziana f : I ~ lR e
uniformemente contínua.
4.4. Para n > 1 inteiro, mostre que a função f : IR. ➔ R. dada por f (x) = x". não é umforme-
mente contínua.
4.6. Mostre que a função f : (O,+oo) ➔ lR, dada por f(.r) = scn ~- não é uniformcmcnt'
contínua.
4. 7. O propósito deste problema é apresentar uma outrn demonstração do tc01ema 53. Pnrn
tanto, recorde que, dada uma função contrmm J : la, b] ➔ IR.,temo f limitada 1wlo
corolário 52, de sorte que existem
m = inf {f(x); x E [a. b]} e ,\l = sup{J (:r); :.r E [a, bl}.
(a) Sem ~ Im (J) e g : [a,b] ➔ IRé a função dada por g(x) = f(z;-m 1 para todo x E [a, b],
mostre que existe e> O tal que g(x) < e, para todo x E [a, b].
(b) Ainda sob as hipóteses do item (a), conclua que f(x) > m + ¼,para todo x E [a, b],
e chegue a uma contradição.
(c) Argumente de maneira análoga aos itens (a) e (b) para mostrar que Jvf E Im (J).
4.8. Dados números reais a < b, dê exemplo de uma função contínua f : (a, b) ➔ IR,a qual seja
ilimitada inferior e superiormente.
4.9. Se f : (a, b) ➔ IRé uma função contínua e P(xo, Yo) é um ponto que não pertence ao gráfico
de f, definimos a distância de P a G f, denotada d( P: G f), por
Se jy 0 -J(x 0 )1 < min{lxo-al, lxo-bl}, prove que existe A E G1 que realiza d(P;G 1), i.e.,
tal que d(P; G1) = AP.
110
4.10. • Seja J: 1R➔ lR a função polinomial dada para x E lR por
4.11. * O propósito deste problema é provar o teorema do ponto fixo de Banach 5 na reta.
Para tanto, sejam O < e < 1 real e f : IR ➔ 1Ruma função tal que
4.12. De exemplo de uma fw1ção contínua/: 1R➔ 1R,sem pontos fixos e tal que IJ(x) - f(y)I <
1-r YI, para todos x, y E IR.
111
( \f 111 f 11 ..! SHll'J-::\( 1 \'-, (· ( ()'\ 1 ('\( 11)\()F
PROVA.
Suponha, sem perda de generalidade, que /(a) < O < J(b), e seja
Como a E :A por hipótese, temos A f: 0. Por outro lado. A é limitado (uma vez que A e [a, b])
e, portanto, existe e= sup A. Mostraremos que f (c) = O.
Afirmamos inicialmente que e> a. De fato, como /(a) < O, o lema 4 (de permanência do
sinal) garante a existência de O < ô < b - a tal que f (i:) < O para :r E [a, a+ 6); logo, e > a+ ô.
Agora, suponha que fosse /(e) < O. Então, e< b (uma vez que J(b) > O) e, novam ntc pelo
lema de permanência do sinal, existiria O < ô < b - e tal que / seria negativa em (e - ô, e+ ô).
Mas, como e= sup A, podemos tomar d E (e - ô, e) n A, de sorte que f < O em [a, d]; portanto,
teríamos f < O em [a, d] U (e - ô,e+ ô] = [a, e+ ô), contradizendo o fato de ser e= sup A.
Por fim, suponha que fosse /(e) > O. Então, (uma vez mais pelo lema de permanencia do
sinal) existiria ô> Otal que/ seria positiva em (e-ô, c+EJ)n(a, b];em particular, An(c-ô, e] = 0,
e teríamos sup A < e - ô, o que é contradição.
Logo, a única possibilidade é termos f (e) = O.
~MPLO 2.55.
Se / : R ➔ R é uma função polinomial da forma
PROVA.
Dado d E R, faça g(x) = f(x) - d. Então, g: lR ➔ lR é uma função polinomial satisfazendo
as mesmas hipóteses de f e, para e E R, temos J(c) = d se, e só se, g(c) = O.
O argumento do parãgrafo anterior reduz nosso problema a garantir a existência de e E R
tal que /(e) = O, para o que utilizaremos o teorema de Bolzano. Suponhamos, sem perda de
generalidade, que ª" > O. Então, para x f:- O. repetidas aplicações da desigualdade triangular
fornecem
f(x) On-1 01 ao
=an +--+···+--+-
x" X xn-l X"
ªn-1 01 ao 1
>a
- n
- l --+···+--+-
X xn-l X"
l'\o~o próximo resulta.do é um refinamento do teorema de Bolzano, o qual mostra que funções
cont 1mm definidas em inten-alos satisfazem ? .....opriedade do valor intermediário. Por tal razão,
esse rCõultado é conhecido como o teorema do valor intermediário. Doravante, referir-nos-
emos ao mesmo simplesmente como o TVI.
113
PROVA.
Para a primeira afirmação, note que a função h = f - g é contínua e tal que h(a)h(b)
(J(a)- g(a))(J(b) - g(b)) < O. Portanto, o teorema de Bolzano garante a existência de e E (a. b)
tal que h(c) = O, i.e., tal que f (e) = g(c).
O caso particular em questão é obtido tomando g igual à função constante e igual a d.
Como primeira aplicação do TVI, mostremos que funções contínuas definida em mte1Ynlo::,
têm intervalos por imagens.
COROLÁRIO 2.57.
Se 1 C Ré um intervalo e f: / ➔ Ré uma função contínua. então n imngcm de f tnmbcm
é um intervalo. Se / = (a, b], então exist~m reais e ~ d tais que Im (!) = (e,d].
PROVA.
Suponhamos, inicialmente, que I = (a, b1 PC'lo tcorcmn de \Vc1erslras!:>53, existem .r,,., r,\/ E
[a,b] tais que J atinge seus valores mínimo e mú.\'.imoem .r111 e cm ,l',\J, re p ct1vame11te Sc11clo
f (xm) = e e J(xu) = d, ternos, em pnrticulnr. que Im (J) C (e, e/). Por outro Indo, fixado
y E [e, d], o TVI garante a existência de um real .r pe1tencentc no intervalo d extremob ;1,m e
XM, tal que f(x) = y. Em particular, Im (!)::>(e dj.
Para o caso geral, observe que todo inten-alo / pode ser c~cnto da forma I = Un~l [a11 , b,1 ],
para intervalos [an,bn]tais que [a1, bi] C [a2. b-2]C ... (por e.,xemplo,se I = (a. b), podemos tomar
an =a+! e bn = b - ¾ - os demais casos podem ser considerados de forma análoga) Agora,
sendo [Cn,dn] a imagem do intervalo [an,bn] por J. é imediato verificar que [c ,d e [c ,d e ., 1 1
]
2 2
]
de forma que Un2'. 1 [Cn,dn] é um intervalo J. Por outro lado 1 também é fácil ver que, como
[ = Un2'.1[an,bnl, temos
Im (J) = LJ(en.dn] = J.
n~l
: [O,1) ➔ [O,1) uma função contínua. Prove que existe um real O < e < 1 tal que
/ tem pelo menos um ponto fixo).
;,...<.:..~~--""---"-~----- --------~--~----~-
114
PRO\A.
Se /{O) = Oou /(1) = 1, nada há a fazer; senão, J(O) > Oe J(l) < 1. Considerandoa fuoçio
g : (O,1] ➔ lR dada por g(x) = x, temos, então, f (a) > g(a) e J(b) < g(b). Portanto, o TVI
garante a existência de O < e < 1 tal que /(e) = g(c) ou, o que é o mesmo, f (c) = e.
EXEMPLO 2.59.
Calcule, para x > O, o número de soluções da equação
1 1
- + 2 =
X X
X + VX+ ifx.
SOLUÇÃO.
Afirmamos que a equação acima admite somente uma solução. Primeiramente, note que,
para x > O e k inteiro positivo, a função x H -:,; é decrescente, ao passo que a função x H .ifi é
crescente. Mas, como uma soma de funções crescentes de mesmo domínio é crescente e uma soma
de funções decrescentes de mesmo domínio é decrescente (prove este fato!), concluímos que as
funções/, g: {O,+oo) ➔ lR, dadas por f(x) =¼+~e g(x) = x+ Jx+ ?txsão, respectivamente,
decrescente e crescente. Como as soluções da equação do enunciado correspondem aos valores
positivos de x tais que f(x) = g(x), o problema 3.17, página 43, garante que tal equação tem.
no máximo, uma solução.
Para mostrarmos que há solução, vamos usar o TVI, observando inicialmente que / e g são
claramente contínuas em (O,+oo). Para tanto, consideremos dois casos separadamente:
• para x > 1, temos ~ < ½ex > y'x > ?'x,de maneira
3
que f(x) < ~ e g(x) > 3~. Em
particular, J(x) < g(x) se ~ < 3-VX,i.e., se x > (i) 4 • Portanto, / (x) < g(x) para x > 1.
• para O < x < 1, temos -}I> ¼ex < ,/x < -Yx,~e maneira que f(x) > ~ e g(x) < 3'7'x. Em
particular, J(x) > g(x) se~ > 3ffe, i.e., se x < (i) 4 . Portanto, f (x) > g(:r) para O< x < (D¾.
Finalmente, a discussão acima garante que podemos tomar reais O < a < l < b tais que
f (a) > g(a) e f (b) < g(b), de maneira que o TVI garante a existência de e E (a, b) tal que
J(c) = g(c).
115
1\1·1111(1..! SHJlT:'-:<'I\"' 1· <'<l\ll'\111)\lll·:
SOLUÇÃO.
Suponha que exista uma tal J, e defina g : 1R➔ 1Rpor g(x) = J(x + l) - f(:r). Então, g e
contínua (pela regra da cadeia para funções contínuas) e, pela condição do enunciado, trnnsforma
todo número real num irracional. Mas, como todo inten-alo contém número!> racionms (cf
problema 1.2, página 74), a fim de não obtermos uma contradição ao TVI, a única possibiliclnclc
é g ser constante. Assim, existe um número irracional a tal que J(x + 1) - f (x) =o pnin todo
x E lR. Daí,
Terminamos esta seção utilizando o TVI para estudar a continujdade da inversa de uma
função contínua cujo domínjo ê um intervalo.
1'EoREMA 2.61.
Se I e R é um intervalo e / : / ➔ R é uma função contínua. então / é injetiva se, e só se, J
é crescente ou decrescente. Ademais, nesse caso:
la) A imagem J de f é um intervalo de mesmo tipo (i.e .. aberto. semiaberto ou fechado) que
I.
116
PRO\.\.
Se f não é injetiva, então f claramente não pode ser nem crescente, nem decrescente. Reci-
procamente, se f não é nem crescente, nem decrescente, cnlão existem o < b < e em 1 taí8 qde
/(a) < J(b) > J(c) ou f(a) > J(b) < f(c). Suponha que J(a) < J(b) > J(c) (o outro cuo ~
análogo) e escolha d E 1Rtal que
O TVI garante a existência de x 0 E (a, b) e x 1 E (b,e) (logo, x0 , x1 E J) tais que f (xo) =de
/(xi) = d, de modo que f(xo) = f(xi). Em particular, f não é injetiva.
(a) Pelo corolário 57, sabemos que J é um intervalo. Como f é injetiva, podemos supor, pelo
item (a), que/ é crescente (o caso em que f é decrescente é análogo). Suponha que I = (a. b),
com a, b E 1R(os demais casos também podem ser tratados de modo análogo).
Se Im (/) = (e, d], tome x 0 E (a, b) tal que f (x 0 ) = d. Então, como f é crescente, para
x E (xo, b) temos J(x) > f(xo) = d, o que contracliz o fato de que f(x 0 ) E Im (/). Analoga-
mente, mostramos que Im (/) -=/[e,d), [e,d], de sorte que Im (/) também é um intervalo aberto.
{b) Analisemos o caso em que I = (a, b) e Im(f) = (e, d), sendo a análise dos demais casos
totalmente análoga. Inicialmente, observamos (cf. problema 4.8, página 47), que 1- 1 é crescente.
Agora, fixado y0 E (e, d), seja x 0 = 1- 1 (y0 ). Dado E> O, queremos ô> O tal que
(2.13)
Para tanto, seja 60 = min{y0 - e, d-y 0 } e suponha, inicialmente, que O< ô < ôo (de sorte que a
condição IY-y 0 1 < ô seja suficiente para garantir que y E (e, d)). Denotando x = J- 1 (y), temos
y = J(x) e podemos reescrever (2.13) da seguinte forma: queremos O< ô< ôo tal que
Observe que podemos supor E > O tão pequeno que x 0 ± e E (a, b) (senão, diminua o E >O
dado, de forma que essa condição seja satisfeita). Lembrando que f ê crescente, tome
Então,
J(x) - f(xo) < ô =>f (x) - f (xo) < f(xo + t:) - f(l·o)
=>J(x) < J(xo + t) =>:r < .ro + t
117
( \1'111 1,, .! SE(2l'E:\<'I.\~ F <"O:\Tl:\l'll).\[)E
e, analogamente,
J(x) - J(xo) > -ó ⇒ x > Xo - €.
⇒ lx -xol < E,
conforme desejado.
Como primeira aplicação do teorema acima, damos uma prova alternativa para o problema
3.8, pâgina 102.
EXEMPLO 2.62.
Para n E N, a função potência n-ésima é a função f : IR ➔ IR dada por J(x) .rn. =
Se n é par, denote ainda por f a restrição f : [O+ oo) ➔ IR. Como f é contínua, crescente e
f(k) = k" ·> k, para todo k E N, temos pelo TVI que Im (/) = [O,+oo). Portanto, o teorema
anterior garante a boa definição e a continuidade da função
1- 1 : [O,+oo) ~ [O.+oo)
X ~ ::fi
~PLO 2.63.
A restrição da função seno ao intervalo [-~, ~], que também denotaremos por sen : [-%, ~] ➔
(,,-i, 1),é uma bijeção contínua e crescente. A função arco-seno é sua inversa arcsen : [-1, l] ➔
f-f,f], de sorte que, para x E [-1, l] e y E [-i, iL
arcsen x = y {=} sen y = x.
118
Graças ao teorema 61. a função arco-seno é crescente e contínua.
Analogamente. a inYersa de cos : [O.11]➔ (-1. l] é função ar~cosseno
(O,1r).a qual é contínua (n0\1UDente pelo teorema 61) e decrescente. Veja cmm,ei
x E [-1.1] e y E [O,,.],temos
arccosx = y ç::} cosy = x.
Por fim, a função arco-tangente arctg : R ➔ (-i- i) é a im·ersa da restrição tg : (-j, i
IRda função tangente, de sorte que é contínua e cre-cente. Também. para x E R e y E (-j,l ,
tcm1os
arctgx =y ç=} tgy = x.
) l
snt isfoz /{O) < ~ < f (2), m não e no domínio de J tal que J(c) = ~-Por que esse
cxelllplo 11iiocontrario o TVI?
r.: •)
,.) ..... 'nlc11l• o 11ú111l)JO dl• oluçõ J1"tu d e d um dns equações abaixo:
(n) 1-1+ l = x4 •
(h) r.o~ • = x 2 .
5.3. \lost H' que n full(:ão f : ➔ , dada por J(:r) = :t.3 en x. é tal que seu gráfico intersecta
1odn 1Na nno , ~rt icnJ cm um couj um o infinito de pontos.
5.4. • S1., f : [O 1) ➔ é uma função contínua. tal que J(r) > O para todo racional diádico
r E tO,l]. proYl' q1P J(x) ~ O. para todo x E [O.1).
119
( \l'l 11111 .1 SHJl'l-:\('f\-.; I·. ('<>\ 11\I 11>.\l>I·:
Mostre que X - 1.
5.6. Sejam n > 1 inteiro e a 1 , a 2 , ... , an reais positivos dados. Prove que a equação
5.7. Sejam x1,x2, ... ,Xn reais escolhidos do intervalo [O,l]. Prove que existe x E [O,l] tal que
5.8. Seja/ : JR➔ JRuma função contínua satisfazendo, para todo x E JR,a relação / (x)f (x +
2) + J(x + 1) = O. Se /(O) > O, mostre que existem infinitos valores reais de x tais que
f(x) = O.
5.9. Seja / : 1R ➔ 1Ruma função contínua tal que f(x)f (J(x)) - 1, para todo x real. Se
/(1000) = 999, calcule / (500).
5.10. Seja/ : JR➔ JRuma função tal que f (x + 1)/(f (x) + 1) + 1 = O, para todo real x. Prove
que f não é contínua.
5.11. Seja/: [O,1] ➔ [O,l] urna função contínua, tal que (/ o J)(x) = x, para todo x E [O,l].
5.12. Seja f : JR➔ JRuma função contínua que assume valores positivos e negativos. Dado k > 2
natural, prove que existem reais distintos a1, a2, ... , ak, em progressão aritmética e tais
que
5.13. As funções contínuas J,g: [O,l] ➔ [O,l] são tais que/ og = gof. Se f for não decrescente,
prove que existe O <a< 1 tal que /(a) = g(a) = a.
120
1 \1·111 11 i \ Ll\1111·.S 1-: ()1-:1<1\·_\l>.\S
osso propósito neste capítulo é colocar em bases sólidas a abordagem heurística do conceito
1
de derivada, delineada na introdução. Ao longo do caminho, mostraremos como utilizar derivadas
para resolver, pelo menos em tese, os problemas da obtenção dos intervalos de monotonicidade e
concavidade de uma função (duas vezes) derivável, bem como do esboço razoavelmente acurado
dos gráficos de tais funções. Por sua vez, a análise de tais problemas suscitará várias aplicações
interessantes do conceito de derivada a problemas de máximos e mínimos.
onde
1n = lim J(x) - J(xo). (3.2)
x~:ro X - Xo
..A«iui,a expressão do segundo membro acima representa intuitivamente o valor limite dos quo-
cientes f(xl=~~xo) à medida que x tende a (i.e., se aproxima de) x 0 , caso tal "limite' exista em
algum sentido a ser precisado.
A discussão anterior ainda se encontra num patamar relativamente vago, de forma que adi-
amos seu prosseguimento para a próxima seção, a fim definir rigorosamente a noção de limite.
Para tanto, começamos com a definição a seguir.
DBFJJfIÇÃO3.1.
Fixado a e R, uma vizinhança de a é um intervalo da forma (a - r, a+ r), onde r é um real
positivo. Nesse caso, diremos quer é o raio da vizinhança (a-r, a+r) e que todo x E (a-r, a+r)
é uma aproximação de a com erro menor que -~-----------------_J
r.
122
v z qu uma \izinhan d 0 D d Illlil
r,
E ( o - r.xo - r) {xo} <=}O< :e- xol < r.
pdm m 12 a • ( f. Firur .1).
o 3.2.
Je
1 um in rva.lo E l f: f { o} um funç- o dada. Dizem
limi L quar do nd no
lim f(x
:r.
= L. (3.3)
>Od Ir UI >0
(3. )
13
l.1\1111" 1 l li 1;1\ \1 >,__,
~119➔:sx2 = 9: seja dado E> O. Par indo d x E uj i o um rro do ipo O< lx- 1< ó
1
Analisando em retrospecto os dois exemplos acima, concluímos que, se tiverm08 uma funçio
J : I \ {xo} ➔ IR e quisermos provar que limx-+.coJ(:r) - L, então, conforme comentado na
seção 2.3, o segredo para descobrir quais ó > O funcionam para um e > O dado é argumentar da
seguinte forma: partindo de um x E I sujeito a um erro do tipo O < lx-x 0 1< ó, estimamos o erro
1/(x)-LI em termos de ó por excesso, obtendo uma desigualdade do tipo IJ(x)-LI < E(ó), onde
E representa uma certa função de ó (no exemplo do item (a), encontramos E(ó) = 2ó, enquanto
naquele do item (b) encontramos E(ó) = ó(ó + 6)). Em seguida, impomos que tal erro E(ô)
não ultrapasse o erro € desejado, descobrindo, então, os valores apropriados de ,5 ( usualmente,
esse segundo passo resume-se a resolver, para ó > O, a inequação E(ó) < e). Por fim, se ó> O
satisfizer E(ó) < €, teremos claramente que
conforme desejado.
Observe que a única diferença entre a discussão até aqui e aquela da seção 2.3 reside no
fato de que, diferentemente de lá, aqui nós temos de partir do pressuposto de que lx - x 0 1 > O,
i.e., de que x -=/-x 0 . Por outro lado, conforme explica a proposição a seguir, essa diferença não
transpareceu nos exemplos acima porque as funções x t-+ - 2x + 7 e x t-+ x2 são contínuas (em
todo x 0 E IR).
PROPOSIÇÃO 3.4.
Sejam I e IR um intervalo e/: I ➔ Ruma função dada. Para x 0 E/, temos/ continua em
x 0 se, e só se,
lim / (x)
:r-+:z:o
= /(xo)- (&5)
PROVA.
Suponha, inicialmente, que f seja contínua em xo. Então, a definição 31 garante que, dado
€>O, existe ó> O para o qual
Em particular, se x E I e O< lx - x 1 < ó, ainda teremos lf(x) - f(xo)I < f, de sorte que (3.4)
J(x) = !( o)-
ê satisfeita. Logo, limx-+:z:o
Reciprocamente, suponha que li x-+xo J(x = J(x 0 ). Então, de acordo com a definição 2,
dado € > O, existe ó > O tal que
.s. 3
{±1} ➔ Ré a função dada por/( ) = z ;;~~ 2 , u iliz mo a pr p iç- nt ri r
~•IIUII" lim:r-+lf (x). Para tanto ob rv mo ini iclm n qu l • raiz d num rc l r
llbminador da expr ão qu d fin J(x) om x 3 - 3 2 .., = (x - 1)(.r 2 - __,. - -)
(z - l)(x + 1). Por outr lado m \ {±1} m
(x - l)(x 2 - 2.r - ) x2 - .x - 2
f(x)= (x-l)(x+l) -= .r 1 •
~ que a função g:
2 2 2
\ {-1} IRdad por g(.c) = r ; ~- , e n ínua, pr p i~r o
3
lim J(x) = lim g(x) = g(l) = --
x-+l :r 1 2
1 C Rum int rvalo xo E J f: I\ {.ro} ➔ uma funç~ d da. lim:r .ro f (.r.) = L.
,!: O, então exist 6 > O tal qu
ROVA.
uponha L > O (o ). 1 d fini - d limi d do = ½> Ü. XI
6 > O tal qu
L
xEl O< 1• - rol < =>1/( ) - LI < -.
1...
Portanto. para cada um de tais x. temos-½ < J(x)-L < ½ ou, o que é o mesmo,½ < /(z) < 'f•
PROPOSIÇÃO 3. 7.
Sejam/ C Rum intervalo, x 0 E/ e f.g: I\ {x0 }-+ 1Rduas funções dadas. Se limz➔zo /(z) =
L e lim.c-.cog(x) = Af, então:
PHO\ \
Em lodo~ o item, a eguir, suponhamos dado f > O.
(a) Façamos a prm·a para/ +g, endo a prova para f-g completamente análoga. Como indicado
anteriormente, tentaremos estimar l(J + g)(x) - (L + M)I por excesso em termos de 1/(x)- LI
e lg(x) - ,'11.Como
(pela de igualdade triangular), a fim de que seja l(J + g)(x) - (L + M)I < f para x E / próximo
a (mas diferente de) x 0, é suficiente que tenhamos lf(x) - LI < ½e lg(x) - MI < ½·Mas, como
½> O e lim.r-+.roJ(x) = L e lim.r-+.rog(x) = iU, a definição de limite garante a existência de reais
po itiYOS81 e 82 tais que
f
x E J e O < lx - xol < 81 ⇒ lf (x) - LI <
2
127
1 1l 1 11 1 ; L 1\ 11I 1 " I 1)f- I{( \ \ I> \"
e
€
x E J e O < lx - xol < 82 =>lg(x) - MI <
2.
Portanto, sendo 8 = min{8 1 , 82}, temos 8 > O, e a concomitância das condições x E I e O< lx -
.1:ol< 8 acarreta simultaneamente 1/ (x)- LI < ½e lg(x)-Nll < ½·Assim, para O < lx-xol < 8,
temos
€ €
1(/_+ g)(x) - (L + M)I < lf(x) - LI+ lg(x) - MI<
2 2 = €,
+
conforme desejado.
(b) Novamente aqui, estimemos l(Jg)(x)-LMI por excesso, em termos de lf(x)-LI e lg(x)-1\ll.
Inicialmente, segue da desigualdade triangular que
Portanto, a fim de que seja l(Jg)(x) - LAll <€para x E J próximo a (mas diferente de) x 0 , é
sl1Ílciente que tenhamos cada uma das parcelas IJ(x)-Lllg(x)-A,ll, ILllg(x)-1"1I e l1"lllf (x)-LI
menor que ! . Para tanto, basta que tenhamos, por exemplo,
Mas, se €1 = min { /f, 3(IA;l+l)} e €2 = min { Jf, 3c1LÍ+i)}, então €1,€2 > O, e a definição de
limite garante a existência de erros 81,82 > O trus que lf(x) - LI < t:1, para todo x E J tal que
O < lx - x 0 1< 81 , e lg(x) - A,ll < €2, para todo x E I tal que O < lx - xol < 82. Portanto, se
c5= min{c5i,c52}, então c5> o e a concomitância das condições x E/ e O< lx - xol < c5acarreta,
simultaneamente, 1/(x) - LI < €i e lg(x) - Nll < €2, como necessário.
128
(c) O lema de permanência do sinal garante a existência de 60 > O tal que jg(x)I > ~ JNII&
x E J e O < lx - xol < ôo. Portanto (e conforme o parágrafo anterior à prova), consideramoe~
como a função i :J \ {xo} ➔ lR, onde J = I n (x 0 - 60 , x 0 + 60 ).
Como i = J · } , pelo item (b) basta mostrarmos que limx➔xo = ;,,. Para tanto, como
g(~) DOI
itens anteriores, estimemos I g(~) - por excesso em termos de lg(:r) - MI. Como lg(x)I > ~
)11
para x E J \ {x0}, temos
1 1 lg(x) - A,JI 2
g(x) - M = lg(x)ll1'11 < 1'12 lg(x) - MI;
f
portanto, a fim de que seja 1/x) - 1 1 < 1:, basta termos lg(x) - MI < ~ E.
2
Uma fácil indução permite estender as fórmulas dos itens (a) e (b) da proposição anterior a
uma quantidade finita de funções. Especificamente, se I é um intervalo, x 0 E I e /i, ... , fn :
I \ {Xo} ➔ lRsão tais que limz-t:i:oÍJ (x) = LJ para 1 < j < n, então
lim (/i ±
:r-tro
h ± · · · ± f n)(x) = L1 ± L2 ±···±Ln (3.6)
e
(3.7)
PROPOSIÇÃO 3.8.
Sejam/um intervalo, x 0 E/ ef,g,h: J\{xo} ➔ Rfunçõestaisqueg(z)
de extremidades f(x) e h(x), para todo x E I\ {xo}. Se limx-+zof(x) = Um• •..,
limx-+zo g(x) também existe e é igual a L.
129
( \ 1 1 1 1 1,, : LI\111 F~ 1·: 1)1-:Bl\'.\ll.\-.;
PHO\A.
Dado e> O, queremos encontrar ó> Otal que as condições x E J e O< lx-x 0 1< ó impliquem
lg(.t) - LI < e. Para tanto, se f (x) < g(x) < h(x), então J(x) - L < g(x) - L < h(x) - L e, a
partir daí, é fácil concluir que
Se h(x) < g(x) < f(x), concluímos, de modo análogo, a validade de (3. ).
Agora, invocando a definição de limite, sabemos que existem número reais Ó1 , ó2 > O, tais
que
x E J e O < lx - xol < Ó1 =>lf (x) - LI < e
e
x E J e O < lx - xol < Ó2 =>lh(x) - LI < e.
Portanto, se ó= mir1{ó1 , ó2 }, temos ó> O e
PROVA.
Como queremos calcular um limite, podemos nos restringir ao intervalo lxl < ~. Suponha,
,_ ~
primeiro, que x > O. Sendo f(AB) = x o comprimento do arco AB (cf. Figura 3.2), temos
130
o
ou ind ; x < 1. Por ou ro lado b m abido ( f. apf ulo 5 d [10), por exemplo) que a
r do tor ir ul r O B • igual a 1r • : = ! , ao p o qu a área do triângulo AOC é igual
2
a½-· por ano amb'm mo
131
1 \ 1 111 1, 1 ; L 1\ 111 I· -.; I· J) 1-:B 1\ \ I >\ s
PROPOSIÇÃO 3.10.
Sejam / um intervalo, x 0 E / e J,g : / \ {x0} ➔ 1Rfunções tais que J é limitada em J \ { xo}
e limr-u:o g(x) = O. Então, limx-+xo f (x)g(x) = O, mesmo que não exista limx-+:roJ(x).
PROVA.
Dado e > O, queremos encontrar ó > O tal que
Para tanto, se 111!> O é tal que lf(x)I < M para todo x E J \ {xo}, então lf(x)g(x)I < l\Ilg(x)I
para todo x E/\ {x0}, e basta encontrarmos ó> O tal que
€
x E/ e O< lx - xol <ó=> lg(x)I < M"
Para o que falta, é suficiente observarmos que a definição de limite, aplicada a limx-+xo g(x) = O,
garante a existência de ó > O tal que essa última implicação seja verdadeira.
• EXEMPLO 3.11.
Se/: R \ {O} ➔ Ré a função tal que f(x) = sen ¼para x-:/: O, então lf(x)I < 1, para todo
x E R \ {O}. Como limx-+O x = O, segue da proposição anterior que limz-+Ox · sen ¼= O. Observe
que esse resultado está em acordo com (3.5) e com o problema 3.10: página 102.
(i) limx-+xo- J(x) = L se, para cada e> O dado, existe ó> O tal que
(ii) limx-+;ro+J(x) = L se, para cada e > O dado, existe ó> O tal que
A Figura 3.3 fornece uma interpretação geométrica da noção de limite lateral à direita. rela,
ot>Rerveque, para O < IJ' - .T0 1 < ó, o ponto sobre o gráfico de J com abscissa x só e encontra na
faixa cinza quando .ro < :1:< x0 + ô. Deixamos como exercício para o leitor a composição de uma
132
a Xo b X
H
ó
G,,
figura que forneça a interpretação geométrica correspondente para limites laterais à esquerda.
Ainda cm relação a linut latcra1 é imediato formular e provar, para os mesmos, resultados
análogos àqucl s da propo 1çao 7 (cf. problema 1.4). Ob ervamos também que, para uma
função J : (a, x 0) ➔ IR, a.-, noçõ de limit e limite lateral à e querda de f cm x 0 coincidem.
A~sim, nc~b b c. os, cm g mi •~cre,t>1•mo lim • J(:r) - L, cm vez de limx-+xo-f(x) = L.
Ev1d nlcmcntc, obscrvaçõ análogas n , ,no , t\hclm, pnra limites e limites laterais à direita
cm .r0 , pnia funçõe:, f : (.ro,b) ➔ IR. A • • n~~P1to, v Ja também o problema 1.5.
crminamob ::,tn ção ob~crvnndo que também podemos definir noções úteis de limites
i11fimtm,e lm11te no infinito Com çcmo com o caso de limites infinitos.
DEFINIÇ.~O 3.12.
Dados / intervalo, :.r0 E / e uma função J : / \ {xo} ➔ IR, escrevemos
lim J(x) = +oo
r-+:ro
133
, 1 ,,, ; Ll\llfF-.; I•: l)f-:Hl\.\ll\S
PROPOSIÇÃO 3.13.
ejam <indos I intervalo, .r0 E / e funções /, g : I \ {x 0 } ➔ IR.
(a) Se lim J(:c:)= L > Oe lim g(x) = ±oo, então lim J(x)g(x) = ±oo.
~-+:ro r-+.ro .i: ➔xo
O protótipo de limite infinito é dado pelo exemplo a seguir, cuja demonstração também
deixamos como exercício para o leitor.
ExEMPLO 3.14.
(a) Se f: (xo, +oo) ➔ IR é dada por J(x) = x~xo, então limx-+xo J(x) = +oo.
(b) Se/: (-oo, Xo) ➔ Ré dada por J(x) = x~xo, então limx-+xo J(x) = -oo.
~EFINIÇÃO 3.15.
Para/: (a, +oo) ➔ R, escrevemos limx-++oof(x) = L se, dado e > O, existir A > a tal que
Assim como antes, deixamos ao leitor a tarefa de elaborar definições análogas à acima para
limx-.-oo f(x) = L e limx-+±ooJ(x) = ±oo. Por outro lado, observe que as proposições 7, 8 e 13
continuam válidas se trocarmos I\ {x0} por (a,+oo) (resp. (-oo,b)) e x 0 por+ (resp. - );
ademais, as demonstrações nesses casos são essencialmente as mesmas.
Vejamos um exemplo interessante (e útil) de aplicação da proposição 13.
ExafPLO 3.16.
Sejam n E N e / : R ➔ R a função polinomial tal que
134
mo n • p . limr :::: x" n ímpar
..J!.L
:r -1 ~) = an (,- rifiqu
!( X ) =X
n ( ªn-1
tln----···---+- a1 ao) ,
X xn-l x"
3.17.
' I t- um iut n l . o E / / : / { } um l qu lim.r-+.roJ(x) = ± ,
dizPm qu , 1 •t . = 0 t. 1d d f. ualogam nt , J:
(a (1 p. / : 1q J ,) = L (r p. lim.r _ f(x) = L),
l /.
1 .
( 1) J l. i 1 \11 l 1.l d fun - 11n int n· l ( -i i). D po
u d, pr 1 13 qu limr-+j tg x =
=- i 1111 1u r t :r. = ±i - íntot
\lt(i1i
2
------=2--- (3.12)
X 1 x+ l'
l i m r d f do: prim iro, traçamo
gr nt ri r uma unidad para a urda
grãfi na dir ão vertical pelo fator
ult do no ixo horizontal
X último gr fi o du unidad
13
y
(O 2)
--------------+---------------------
1
1
1
1
1
(-1 O) 1
2x
Figura 3. : gráfi o d X t--+ x+l.
7 p, n limit s IHl
• • •jam / : (a, IJ) 11rn fun ·ii 11-I! .1·0 (a b). u lim.r roJ(:r)
ffÓ ffi•, t:1:tHfrm 8tW 1911a1. s limit , lt l n is lin r .ro t- J(.r) li1 l.r .ro- J(l') d me 1 ,
J.
J>H<>BI.I \I \"' -.;I 1_ \11 ; ) t .
1.7. * Sejam -oo < a < b < +oo e f : (a. b) ➔ R uma função contínua e crescente (resp.
decrescente). Se limr-+a+ f(x) = L e limr_.b- f(x) = 1'1, com -oo < L, A1 < +oo, prove
que Im (!) = (L .. \!).
•
(a) llmx-.0 Z6eD% sen j(.x-1)
1-cosx • (d) lim.x➔l :c-1
(c) lim:r-+06e0
leu (2r)
(3:r) (f) lim
r-"O
1-~
z •
1.9. Se /, g : (a, +oo) ➔ R ~ão funções tais que / é limitada e lim.x-++oo g(x) = O, prove que
limr-++ooJ(x)g(x) = O. Em :,c.>guida
1 use este fato para calcular os dois limites abaixo: -
• :s<•nz
( a ) ) llllr-++oo --:;- .
1.10. Sejam / um intcr\"alo, :r0 E f l-./ : J \ {:r,o}-+ umn função tal que lim:i:-+xo f (x) = L. Se
(a 11 ) 11> 1 6 umn ~equênciAem/\ {xo}, tal Qlll' fim 11 ...,.+ a,. = 1·0,prove que limn-++oo/(an) =
L Conclun, a pnrtir dAf. que limr ...o ,en não e.xi te. !
1.11. * Dndn umn. func;Ão/ : (A,+ ) -+ R. dizcmoi:;que a reta y = ax + b é uma assíntota
- (ax + b)) = O. Nesse caso, prove que
oblíqua (do gráfico) de / se limr-. :,(J('.1:)
. J(x) .
a = :r:-++
hm --
.l'
e b = hm (/ (x) - ax).
:c-++oo
1.12. Em cada um dos itens a seguir, encontre as assíntotas horizontais, verticais e oblíquas (cf.
problema anterior) da função dada:
(a) f: lR\ {O} ➔ IR, tal que J(x) = x + ¼,para todo real x =/=O.
(b) /: lR\ (-a, a) ➔ lR, tal que J(x) = ~Jx2 - a2 , para lxl > a. (Observe que o gráfico
de f é a porção da hipérbole ~ - ~ = 1 situada no semiplano superior do plano
cartesiano. A esse respeito. veja também a discussão sobre hipérboles, na subseção
A.4.3.)
137
( 1111111; l.l\1111"'1· ()11(1\\l>.\:--
1.15. Seja (an)n>1 a sequência definida por a 1 - 2v'2 e, para n > l inteiro,
a. = 2" ✓2 - J+J
2 2+ ••• + vÍ2, com n sinais de raiz quadrada. A esse respeito, faça
os seguintes itens:
138
3.2 Propriedades básicas de derivadas
Tendo estabelecido firmemente o conceito de limite. retomamos, com a definição a seguirr a
discussão que levou a (3 2).
ÜEFI\'IÇÀO 3.19.
Sejam I C lR um inten-a.Jo aberto e f: J ➔ Ruma função dada. Fixado x 0 E I, •
f é derivável em x 0 se existir o limite
Ncss~ caso, tal limite ~erá denominado a derivada de f em x 0, sendo denotado por f'(xo),
Nas 11otaçocs da definição anl >rior, ob~ •n que exigir que o limite acima exista é o mesmo
qu<>exigir que exista o limite
. /(:r:o + h) - /(:r:o)
l1111 J •
h-+O 1
Reahnc11tP1 por um lado, fa7,cndo x 0 + I, = x,
mo h = .i· - .r0 ; além disso, é claro que
t
li -+ O <=>
.r -+ ,r0 . Por outro lAdo, qmrndo < 1l'\ mo /(:r.0 +h ) 1 ... t,lmos bupondo implicitamente
que h é liio pequc110qu ~ :r 0 + h t ml> m p r1t nol" /: mns, como e tamos calculando um limite
<' o dom11110/ de/ é um i11tL•n11lo nb~rlO t 1 upo-..it;-o não impõe restrição alguma à definição.
Em 1c~umo1 !-<'lido J d -irivA\l l t'lll x 0 E J, podt•mo cievcr
'( ) J(x) - f (xo) /(:1·0+ h) - J(x 0)
! :.t'o = 1.llll
:r-+:r-0
-----
x - x0
= ,,1.llll... o -------. h
(3.13)
Do1I\\Hnte, '\ mp1t• que com·-.niente, rcfetir-no::i-emo:sa uma qualquer das frações acima como
um quoci nlc d wton de / cm !ro.
O t''\. 'mplo i, ~egmr trn.z o~ primeiro~ cálculos de denYadas.
EXRMPLO 3.20.
Os it cn~ abaixo c-alculam as deri\'adas de algumas funções simples:
139
1 ,1111111: Ll\llll·: .....1-.Ih:Bl\º.\l>.\S
PROVA.
(a) Apliquemos a primeira igualdade em (3.13): sendo f(x) = e para todo x E IR,
..
(c) Se n = -m, com m > O inteiro, então
Agora, aplicando o resultado do item (b) (com m no lugar donde lá), obtemos
! '(Xo) = - - 21-
Xom
• mx m-1
0
-m-1
= -mx 0 n-1
= nx 0 .
140
,
EXEMPLO 3.21. .
As funções seno e cosseno são derh"áYeisem todo x0 E R. com sen'Zo .
...:
,._
..-~
'
\ '~ -
-sen Xo- .. ,
PROVA.
Façamo a prova para o caso da função seno. ::,endoa prO\-a para o caso da função cosseno
totalmentP. anãloga.
A"ci fórmulas de transformação em produto da Trigonometria dão-nos
Como a fu11çãoco •uo {•contínua o prop sição 7. (3.5) "o limite trigonométrico fundamental
(cf. lc•1J1a
9) fornc~m
h
, ,. 1 "i
s n:r-o = .nn~•
h-tO 2
= h-tO
hm ~ li • lim
.1 h....O
, ( ro + -")
2
. nh
-hm-•
h O I, ro = XQ.
A11h. dt:>ptt s.-.t g11ircom o d nvolvimemo da teoria, tt.~amos duas observações <iteis.
(i) Umn Hz q\h~ dl rivndas -o limit , dada uma função /: (a, b) ➔ R, podemos coDlicMrer
a
dc.~rivada lateral A direita m a. i.e., o limite
141
llUmo caso, sempre que não houver perigo de confusão, escreveremos simplesmente
f.(11) (em vez de /~(a) e J~(b)) para denotar tais derivadas. Doravante, utilizaremos
-IN!lll'lçõessem maiores comentários .
A definição de derivada, juntamente com discussão que levou a (3.2). nos permitem apresentar
outra defuµção relevante.
QÃO 3.23.
Sejam / C R um intervalo e f : I ➔ IR uma função derivável em r 0 E /. A reta tangente
00 de f no ponto (xo, f (xo)) ê a reta que passa por tal ponto e tem coeficiente angular
/'(zo)-
Segue da definição acima e de (3.1) que a reta tangente ao gráfico de f em (x 0, JCro)) tem
equaçao
Y - f(xo) = J'(xo)(x - xo). (3.14)
Ilustramos a noção de reta tangente a um gráfico no exemplo a seguir. Para o enunciado do
mesmo, o leitor pode achar conveniente reler o enunciado do problema 5.13, página 59, assim
como a discussão sobre hipérboles, na subseção A.4.3.
1,12
PIH>l'IULl>\I>I" 11\"IC \" 1>1· lll·HI\ \I>\" 1
'
o Q X
PROVA.
Evidentemente, 1i coincide com o gráfico da função f: (O,+oo) ➔ JR, tal que J(x) = ¾- Se
Xo > Oe A ê o ponto (xo, f (x0)) = (x0, ; 0),
então a reta tangente a G I em A tem equação
y - ..l..
XO
= J'(x 0)(x - x 0). Pelo exemplo 20, temos f'(x 0) = -~,XO de sorte que a equação da reta
em questão é y - ..l..XO
= -!,-(x
Xo
- x 0) ou, ainda, XõY+ x = 2x0.
SubsLituindo sucessivamente x = O e y = O em tal equação, obtemos P ( O,; 0) e Q(2x 0 , O),
ou vice-versa, e e os itens (a) e (b) seguem imediatamente:
(a) o corolário 53 garante que o ponto médio de PQ tem abscissa e ordenada respectivamente
iguais a -21 • ixo = ..l..
xo
e -21 • 2x 0 = x 0 . Portanto, tal ponto coincide com A.
PROPOSIÇÃO 3.25.
Se uma função f : I ➔ R é derivável em x 0 E J, então f é contínua em 1·0 .
143
( 1·111 11,; i.l\llll·~ F l)I.Bl\\l).\S
PROVA.
Inicialmente, note que, para x E I \ {x 0}, temos
Por outro lado, como estamos assumindo a existência de limx-+xof(xl=!~xo) = f'(:r:o), egue da
proposição 7 que •
= J(x 0) + lim
x-+xo
(f(x) - f (xo))
X - Xo
lim (x - xo)
.r-+:ro
O exemplo clássico a seguir mostra que eXI&temfunçõe contínuas que não são deriváveis e111
certos pontos de seus domínios 1 .
~ª~·A função/ :R ➔ R dada por f(x) = lxl é contínua em toda a reta mas não é derivável em
X= 0.
PROVA.
Observe que, para x =fO, temos
144
Se I e J são intervalos e/ : J ➔ J é uma bijeção, derivável em todo ponto de 1, ._ ..
proposição anterior que/ é contínua. Ademais, o teorema 61 garante que 1- 1 : J ➔ 1 ~
é contínua. i\osso próximo resultado explica quando 1- 1 é derivável.
TEOREMA 3.27.
Sejam I e J intervalos e / : I ➔ J uma bijeção, derivável em todo ponto de
Yo = f (xo) E J, temos 1- 1 : J ➔ I derivável em y0 se, e só se, /'(x 0 ) :/: O. Ac:I
o caso, temos
PROVA
Para h suficientemente próximo (mas diferente) de O,sejam x = x 0 + h, l = f(x 0 + h)- f(xo)
e y = Yo+ l. Então, y = f (xo) + l = f (x 0 + h), de maneira que
1 = !i!..'I,
[ ( J(xo + h]- J(xo)) ( 1-'(yo + li- J-'(Yo)) l
1 1
_ . (l(xo + h) - J(xo)) 1. (/- (Yo+ l) - 1- (yo))
- 1im h im l
h-+0 1-+0
= J'(:ro)(/- 1
)'(yo).
-lim( 1 )
- l-+O (J(x 0 + h) - f (xo))/ h
= J!To
( (J(xo + h/- f(xo))/h) = f'(~o)
145
( \ 1 1 1 1 111 \ LI\IITl·:S E DEIU\º.\D.\S
ExEMPLO 3.28.
Se n > 1 é inteiro e/ : [O,+oo) ➔ [O,+oo) é a função raiz n-ésima, f(x) = y'x = x 1fn,
então/ não é derivável em x = O mas é derivãvel em todo x > O, com f'(x) = l • x 1fn- 1 .
------- • ~-n------~
PROVA.
Recorde que/= g- 1 , onde g: [O,+oo)--+ (O,+oo) é a função dada por g(y) = yn. Portanto,
pelo teorema anterior, fé derivável em x = g(y) se, e só se, g'(y) =/=O. Mas, como g'(y) = nyn-l,
temos que / é derivável em x = g(y) se, e só se, y =/=O ou, o que é o mesmo, x =/=O. Nesse caso,
lembrando que x = g(y) = yn <=> y = :fx, segue de (3.15) que
J'(x) __ 1_ _ 1 1 = .!:._.Xl/n-1 _
- g'(y) - nyn-1 n( zyx)n- 1 n
•
Para uma generalização importante do exemplo anterior, veja o problema 3.4, página 158.
Terminamos esta seção apresentando ao leitor o conceito de derivada de ordem superior.
Para tanto, sejam dados um intervalo I e IR e uma função f : I ➔ IR.
Dizemos que fé duas vezes derivável em x 0 E I se existe uma vizinhança (x 0 - r, x 0 + r)
de x 0 tal que fé derivável em I n (xo - r, xo + r) e a função derivada f' : I n (x 0 - r, x 0 + r) --+lR
é derivável em x 0 E I. Nesse caso, dizemos que (f')'(x 0) é a derivada segunda de J em x 0, e
a denotamos por J"(x0 ). Se J é duas vezes derivável em todo xo E I, dizemos simplesmente que
f é duas vezes derivável em I, e definimos a função derivada segunda de f como a função
J": / ➔ JR,que associa a cada x 0 E/ a derivada segunda f"(x 0 ).
Mais geralmente, seja dado k E N e suponha que já definimos o que se entende por J ser
k vezes derivável em I, bem como o que se entende pela k-ésima derivada J<k>(x 0), de J em
x 0 E /. Denotando a função k-ésima derivada de J por J(k) : I--+ IR, definimos a (k + 1)-ésima
derivada de / em x 0 pondo
 146
Para k E N, se f : I --t 1Ré k vezes derivável em I e tal que J<k) : I --t IR é contínua em 1,
dizemos que f ê k vezes continuamente derivável em J. Por fim, se fé k vezes derivávelem
I para todo k EN, dizemos que f ê infinitamente derivável em I.
EXE~1PLO 3.29.
Se n E Z \ {O} e f : IR --t lRé a função dada por f (x) = x", segue facilmente do item (b) do
exemplo 20 e do problema 2.1 que fé infinitamente derivável em lR\ {O} (em R, se n > O), com
para todo k E N. Em particular, se n > O e k > n, então J(k) é a função identicamente nula.
EXEMPLO 3.30.
As funções sen. cos : R --t IR são infinitamente deriváveis, com
e
cos<lk} = cos, cos(.ik+i) = -:;cn. cos<·u+2 J = - cos, cos<4k+ 3) = sen,
(a) A função g : I --t IR dada por g(x) = cf(x) também é derivável em x 0 , com g'(x 0 ) =
cf'(::ro).
(b) A função h : I --t IR dada por h~.LJ = J(x) + e também é derivável em x0 , com
h'(.ro) = f'(xo).
O próximo problema estabelece um caso particular simples da regra da cadeia (cf. teorema
3.19).
2.2. * Seja / : (a, b) --t IR uma função derivável em xo E (a, b). Dado e > O (resp. e < O), seja
g : (~. ~) --t lR (resp. g : (~. ~) --t IR) a função dada por g(x) = J(cJ:). Mostre que g é
derivável em~- com g' (~) = cf'(xo).
147
, , 1·1 1 1 1 1, : L1\11n:s 1-: Dr-:u1,·.,n.,s
2.3. io exemplo 63, definimos as funções arcsen : [-1, l]-+ [-~,~]e arccos: [-1, l]-+ [O,rr]
como as inversas das funções sen : [-i, i] ➔ [-1, l] ecos : [O,rr] ➔ [-1, l], respectiva-
mente. Use o teorema 27 para provar que as restrições das funções arcsen e arccos ao
intervalo aberto (-1, 1) são deriváveis, com
1 1
arcsen 'x = ---;::::==::;: e arccos' x = - --;::==::;: ,
Jl - x 2 J1 - x 2
para todo x E (-1, 1).
2.4. Calcule as derivadas das funções abaixo nos pontos em questão (em cada caso, assuma que
a função está definida em seu domínio maximal):
2.5. Sejam l, g : (a, b) ➔ lR funções deriváveis, cujos gráficos passam por um mesmo ponto A.
• Dizemos que tais gráficos são tangentes em A se as retas tangentes aos mesmos no ponto
A coincidirem. A respeito dessa definição, faça os seguintes itens:
2.8. Da.da uma função derivável J : IR ➔ IR, dizemos que um real x 0 é uma raiz de l se
J(xo) = O. O método de Newton 3 para o cálculo de aproximações das raízes de f garante
ªTeremos mais u di1.cr tiObrc o ml!todo de Newton no problema 3.7, página 358.
118
qu, quci (a,. n
d fini • lar , qu f'(an) ':/;O)
n:
( ) p n n n
b
(b) D d a > O xpliqu om o m'todo d rn n ur l d finição da qu ncia
(an)n~l do pr bl m 2.15 p'gin 91 qu 1 on rg p r Jã,.
( ) D do o E (-R R) ( Xo J ( o))
a r a ang n ao gráfi o de f obtida de a ordo
om a d finição 23, oincid om a r a qu p a por ' p rp ndicular ao raio
o.
2.10. J m I um in J :I um função d riváv l. Dado a b E
4 uponha
qu Xl um r r ng n o gráfico d f p ando pelo ponto (a b). lo tr qu
r ng n i o gr fi d J m um pont ( o Yo) 1 qu
Yo = f(xo)
{ Yo - b = f' (xo) ( o - a)
2 .11. J 'P a p _.
rábol d fo o F dir triz d. P ' um p nt br d
qu P BP ng n i rn 'P m r qu F E B.
1
1 , 1 1, 1,, : LI\II n:s 1-: DEHl\._\ll.\s
PROPOSIÇÃO 3.31.
Se /, g : / ➔ R são funções deriváveis em x 0 E J, então:
PROVA.
(a) Provemos que f + g é derivável em x 0 , com (J + g)'(x 0 ) = f'(x 0) + g'(x 0 ) (a prova das
afirmações relativas a f - g é completamente análoga). Como
(J + g)(x) - (f + g)(xo) J(x) - J(xo) g(x) - g(xo)
-------- = ---- + ----.
X - Xo X - Xo X - Xo
para x E /\ {x0}, as propriedades operatórias de limites garantem que, se J'(x 0 ) e g'(x 0 ) existem,
então (J + g )' (x 0) também existe e
(f g)(x; =~g)(x 0
) = ( J(x; =!!xo)) g(x) + ( g(x; =:~xo)) f(xo)- (3 16)
150
u g • ontínua m xO da(,
• -- 1
lun (1---- 1) ,
=-g(xo)·--. 1
o .r - ro g( ) g(xo) g(xo)2
p, r i iJ J • llllc , jun e ffi 11 m o r ul ado do i m
(l ):
◄• ·E.1PL 3.' 2.
• ja f: funç - polinomi 1 dada . "
para tod
1 1
1 n m n q fun - an fun -
} . tal qu , .r = ~. p r t d r m u d míni .
1
2 .r.
LO 3.34.
função arctg : R ➔ (-i i) , d riv'v l, m
1 1
y- l
+ y-?'
todo 11E R.
---
Inicialm nt ob rv qu g' = 2
X -::j:.
Ü par odo x E ( - ~. ~) . r nt , p l t r lllc
1 1 1 1 1
r gy=--=
g' 2x - 1+ g 2x - 1
I .ro - {h E ; .ro h E J}
l --
então J - x 0 é um intervalo aberto contendo O. Definamos a função r : I - xo ➔ R pondo
LEMA 3.35.
Sejam 1 C IR um intervalo aberto, f : 1 ➔ IR uma função dada e x 0 E J. Se existir um
número real L tal que a função r: I - x0 ➔ IRdada por r(h) = f(x 0 + h) - f(x 0 ) - Lh satisfaz
a condição lim11 •0 r~:) = O, então a função J é derivável em x0 , com f'(x 0 ) = L.
PHO\'A.
Como r~) = f(xo+hJ-J(xo) - L, a condição li1111i-+o r~) = O equivale a
.
11m
J(xo + h) - f (xo) _ L
h-+0
h - .
153
\ 1' 1 1 1 'l ; Ll\1111·:-- 1-: 1)f-:1{(\".\().\S
R( h) = { ~, se h i=O .
O, se h = O
PROVA.
Seja Yo = g(xo). De acordo com (3.18), a derivabilidade de f em y 0 nos permite escrever
para todo t E .J - /lo, com ,r; : .J - Yo -+ 1RconLínua e lal que s(O) = O. Analogamente, a
derívahílidade de li <>m:1,·0 fornece, para /, E / - .r0 ,
F\:l'\IPI.O 3.3i .
. \ ll'!Vª cln cndcia no!:)permite calcular a deri,·ada da função cosseno a partir da derivadada
!- 'no. De foto. cos x = (::..cno g)(:r), onde g : lR -+ lR é a função dada por g(x)
f1111çilo =j - z,
pnrn todo .r E IR. Port auto. temos pela regra da cadeia que
= - cos (; - x) = -sen x.
EXEMPLO 3.38.
Podemos usar a regra da cadeia. juntamente com a regra de derivação de um prod
demonstrar a regra de derivação de um quociente. Para tanto, sejam /, g : / ➔ R
derhih·eis em I. com g(x) =I=O para todo x E J. Se T : lR \ {O} -+ R denota a
155
I.I\1111"1 l>llil\\l>\"
6 derivivel e T'(x) = -.t- 2 , para todo :r E R \ {O}. Por outro lado, temos = /(.r.) • (r o g)(x) ~f;l
paratodo x E /, de sorte que as regras de derivação de um produto e da cadeia fornecem
= 1;(~;
+ J(:r)(-g(.t)- 2
)g'(x)
J' (x )g(.r) - J(x )g'( :r:)
- g(x)2
EXEMPLO 3.39.
A regra da cadeia é a ferramenta adequada para o cálculo de cleriYaclasde funções (clcrivávcb)
definidas implicitamente. Especificamente, scJa C um conjunto de pontos do plano cartesiano,
definido por uma equação da forma E(.r., y) - O. Dado (.r0 , y0 ) E C. suponha que, parn um
retângulo R centrado em (x 0 . y0 ), tenhamos que C n 'R r o gráfico de uma função derivável f ·
~' b) ➔ R, com x 0 E (a, b). Então, dizemos que a cquaçao E(.r.. y) = O define implicitamente
y como função derivável de x, numa Yizinhança de (xo, Yo) (cf. Figura 3 6).
Por vezes, contudo, é mais fácil calcular f'('J·) diretamente a partir da equação E(:r:,y) = O,
lembrando que y = f (x) mas sem utilizar a e:\.""pressão para f (que pode ser muito complicada,
ou mesmo impossível de ser obtida expl1citamente). Sendo esse o caso, diremos que f'(.r:) foi
calculada derivando implicitamente a equação E(x, y) = O.
Por exemplo, se E(x, y) = x 2 +y2-R 2 , onde Ré uma constante positiva, então C corresponde
ao círculo de raio R, centrado na origem do plano cartesiano. Se (x 0 . y 0 ) = (O,R) e n é o
ret&ngulo de centro (O,R), base 2R e altura R, então C n n é o gráfico da função denvável
/ : (-R, R) ➔ IR, dada por f(x) = JR - x . Podemos calcular f'(x) diretamente a partir
2 2
dai (com o auxílio da regra da cadeia) ou, então. obserYando que, como x 2 + y2 = R2 , temos
(derivando implicitamente em relação a x)
?
_r + ?-Y-dy -- O.
dx
, obtemos
X :r.
J' (.r.)
namos esta seção com uma aplicação um tanto mais sofisticada da regra da cadeia.
156
y
n
1 1 1 1
I_ - - - - L - .1 - - .,
a Xo b X
Prove que a função /: R ➔ R, dada por f(x) = sen(x 2), não é periódica.
PROVA.
Primeiramente, observe que, se f : lR ➔ lRé uma função continuamente derivável e periódica,
então sua derivada /' : lR ➔ JR,além de contínua, também é periódica. Realmente, se f (x) =
J(x+p), para algum real p > O e todo x E lR,então, pela regra da cadeia, temos f'(x) = f'(x+p)
para todo x, de sorte que p também é um período para J'. Segue, daí, que
Im (!') = Im (f(io,p)),
e a continuidade de f' garante, juntamente com o corolário 57, que f' é uma função limitada.
Agora, sendo f a função do enunciado e g: lR ➔ lR dada para x E lR por g(x) = x 2 , temos
f (x) = (sen o g)(x), de sorte que a regra da cadeia fornece
Portanto, se f(x) = sen (x 2 ) fosse periódica, a discussão do parágrafo anterior garantiria que f'
seria limitada, o que, obviamente, não é o caso e nos fornece uma contradição.
157
( • \ l 'I 1 1 1 < 1 : LL\IITES E DEHl\".\D.\S
3.3. Calcule as derivadas das funções abaixo assumindo, em cada ca~o, que a função e ~un
derivada estão definidas estão definidas em seu domínios maxunah,.
3.4. Seja r um racional não nulo e f : (O.+oo) -t R a função dada por J(x) = .rr Prove que
fé derivável, com f'(x) = rxr-l para todo :r > O.
Para o próximo problema, recordemos alguns fatos sobre raízes de polinômios. Dadas uma
função polinomial f, de coeficientes reais e grau n > 1, e uma raiz real a de J, o algoritmo
da divisão para polinômios (cf. seção 3.1 de [141) garante a existência de um mteiro
1 < k < n e um polinômio g de grau n - k tais que
(3.22)
com g(a) =fO. Nesse caso, dizemos que k é a multiplicidade de a como raiz de f.
3.5. Seja f : lR---+lR uma função polinomial não constante. ~Iostre que:
(a) Se a é uma raiz de f e f (x) = (x - a)kg(x), com g(a) =fO, então, para x E IR tal que
f(x) =fO, temos
f'(x) k g'(x)
--+--
f(x) X - O: g(x).
158
(b) Se J(x) = a(x - a1)(x - 0:2) ... (x - an), com a, a:1, ... , O:n E R e a -:f O, então, perft
X ":f'U1, ... , U'n, temos
3.9. Em cada um dos itens a seguir, admita que, em uma vizinhança do ponto (x0, y 0) dado, o
conjunto-solução da equação E(x, y) = O define y como uma função derivável y = f(x) de
x. Calcule f'(x 0 ) derivando E(x, y) = O implicitamente:
Para o próximo problema, o leitor pode achar útil rever o material da subseção A.4.3.
S
3.11. Sejam E a elipse de equação + ~ = 1 e 1l a hipérbole de equação ~ - ~ = l. Dizemos
que f, e 1í são confocais se possuem os rnesmos focos. A esse respeito, faça os seguintes
itens:
159
1 \ 1·1 1 1 1 ( 1 i LI\IITl•:s E DEBl\._\()_\s
(e) Se Pé um dos pontos de interseção a que se refere o item (b), prove que as tangentes
a E e 1-lem P são perpendiculares.
2
f(x) ={ x sen ½,se x =/-O
O, se x = O
Prove que fé derivável em toda a reta, mas que f' não é contínua em O.
(b) Dados números reais x 1 < x 2 < ... < Xn, dê exemplo de uma função derivável
g : R ➔ R, tal que g' é descontínua em x 1, x 2, ... , Xn,
3.13. Prove que a função f: (O,+oo) ➔ R, dada para x >Opor f(x) = sen ./x, não é periódica.
3.14. Sejam a1, a2, ... , an reais dados e f: R ➔ R a função dada por f(x) = a 1sen x+a2sen (2x)+
• • • +_ansen (nx). Se lf (x)I < lsen xi para todo x E R, prove que la1 + 2a2 + • • • + nanl < l.
3.15. Dados reais não nulos a 1 , a 2, ... , an, mostre que a função f : R ➔ R, dada para x E R por
.. n
f(x) = I: a cos(jx),
1
j=l
3.16. * Prove a versão a seguir da regra de l'Hôpital 4 : sejam f, g : [a, b) ➔ R funções deriváveis
em a e tais que f (a) = g(a) = O. Se g =/-O em (a, b) e g'(a) =/-O, então
"Após o matemático frnnc~i; do ttl!culo XVTTGuillnumc F. Antoine, 1Iarquês de l'Hôpital Uma versão mais
refinada da regra de l'Ilôpilal 1wrl'l aprc1,c11tmlu nn proposição ,16.
lGO
3.4 O teorema de Rôlle e aplicações
Considere uma função f : (a,b] ➔ IR, a qual é contínua em (a,b], derivável em (a, b) e tal
que /(a)= J(b) = O. Suponha, ademais, que fé positiva em pelo menos um ponto do intervalo
(a, b). Argumentando heuristicamente, translademos o eixo das abscissas paralelamente a si
mesmo, até que ele tangencie o gráfico de f em um ponto (e, J(c)) (cf. Figura 3.21). Então, por
um lado, tal tangente deve ter coeficiente angular igual a f'(c); por outro, sendo paralela ao eixo
das abscissas, seu coeficiente angular deve ser igual a O, de modo que devemos ter f'(c) = O.
a e b
X
O primeiro resultado desta seção, conhecido na literatura como o teorema de Rôlle 5, coloca
a discussão do parágrafo anterior em bases rigorosas.
Seja f : (a,b] ➔ IR uma função contínua em (a, b] e derivável em (a, b). Se f (a) = f(b) = O,
então existe e E (a, b) tal que /'(e) = O.
PROVA.
Sejam e, d E [a, b]os pontos em que f atin~e seus valores mínimo e máximo, respectivamente.
Se e, d E {a, b}, então, para todo x E [a, b], temos O = J(c) < f(x) < J(d) = O. Logo, f é
identicamente nula em (a. b], e nada há a fazer.
Suponha, pois, que e E (a, b) (o caso em que d E (a, b) pode ser tratado de modo análogo).
Como J(x) > J(c) para todo x E (a, b], temos que
161
< \ 1•1 1 1 1 1 1 ; L 1\ 111 F s E 1) EH I \ •.\ (). \ "i
/'(e) = lim / (x) - J(c) > O e J'(c) = lim J(x) - f (e) < O.
• x-+c+ X - C x-+c- X - C
Logo, f'(c) = O.
EXEMPLO 3.42.
Dados a, b,e E R, mostre que a equação 4ax 3 + 3bx2 + 2cx = a + b + e tem pelo menos uma
raiz entre O e ---
1.
PROVA.
Primeiramente, note que a aplicação do TVI é inconclusiva, pois, se f (x) = 4ax 3 + 3b:c2 +
2cx - (a +·b + e), então f (O) = -(a+ b + e) e f(l) = 3a + 2b + e, de sorte que /(O) e f (1) podem
ter sinais iguais (por exemplo, para a= l e b =e= -~).
Por outro lado, se J(x) = ax 4 + bx3 + cx2 - (a+ b + c)x, então f (O) = J(l) = O. Portanto,
pelo teorema de Rôlle, existe x 0 E (O,1) tal que f'(x 0 ) = O. Mas isso é o mesmo que dizer que
x 0 E (O,1) é uma raiz da equação do enunciado.
Analisemos, agora, a situação geral correspondente àquela do iaício desta seção. Mais pre-
cisamente, consideremos novamente uma função f : [a, b) --► IR, contínua em [a, b] e derivável
em (a, b), mas tal que /(a) e f(b) podem assumir valores quaisquer. A secante ao gráfico de f
passando pelos pontos (a, f (a)) e (b,J(b)) tem coeficiente angular f(bl=~(a). Se a transladarmos
paralelamente a si mesma, até que ela tangencie o gráfico de f em um ponto (e, J(c)) (cf. Figura
3.8), então tal tangente terá coeficiente angular igual a f'(c). l\Ias, como essa tangente também
é paralela à secante inicial, a proposição 59 garante que seu coeficiente angular também deve ser
igual a /(bl=!(a) . Assim,
J'(c) = J(b) - J(a).
b-a
Esse resultado é O conteúdo do teorema do valor médio (abreviado TVM) de Lagrange,
que demonstramos no resultado a seguir.
162
y
J(b) ----------------
.,.
......
.,.
.,. .,.
f(a)
f(c)
a e X
b
PROVA.
Seja g : [a, b] -+ 1Ra função dada por
para todo x E [a, b]. (Observe que a função de x dada pela parcela entre parênteses do segundo
membro é, precisamente, a equação da secante ao grâfico de f pelos pontos (a, f(a)) e (b,J(b)).)
Claramente, g é contínua em [a, b] e derivável em (a, b), com g(a) = g(b) = O. Portanto, pelo
teorema de Rólle, existe e E (a, b) tal que g'(c~ -=-O. Mas, um cálculo fácil fornece
de sorte que
0 = g'(c) = J'(c) _ f (b) - f (a).
b-a
163
( \ 1 1 1 1 111 ; Ll\1111•:s J·: Dl-:Hl\'.\l).\S
E .• EMPLO 3.44.
Para :e.y E (- 1, !), mostre que I tg x - t,gYI > lx - YI•
PRO\.\.
Se .r. = y, nada há a fazer. Senão, segue do TVM a existência de e entre x e y, tal que
No que segue, discutimos uma generalização do teorema do valor médio de Lagrange a duas
funções, conhecida como o teorema do valor médio de Cauchy. ( ote que (3.23) reduz-se
ao TVJ\1 de Lagrange, caso tomemos g(x) = x.)
PROVA.
Seja h : [a, b] ➔ IRa função dada, para x E (a,b], por
JG4
Situações há. no Cálculo. em que temos funções contínuas f. g : [a, b) ➔ R, tais que /(a,)•
g(a) = O, e precisamos avaliar (se existir) o limite
lim J(x).
x-+a g(x).
em geral. referi-mo-nos a uma tal situação como a análise de uma indeterminação da forma g.
~o problema 3.16. página 160. vimos como abordá-la quando f e g são deriváveis em a, com
g'(a) =f O. O TV~t de Cauchy nos permite obter uma versão mais refinada desse resultado,
conhecida na literatura como a regra de l'Hôpital.
PHOV,\
Estenda J e g continuamente a [a, b), pondo f(a) = g(a) = O. Para x E (a, b), segue do TV~I
de Cauchy que
J(:t) J(.t) - J(n) f'(c(x))
(3.24)
g(.r) = g(.r) - g(a) = g'(c(:r))'
pnrn algum c(.r) E (a .. r.). Então, temos claramente que limx -+a c(x) = a. Daí (e supondo que
hm,-+o ~;~;J
: L), uma pequena modificação da <:>uge~tão dada ao problema 1.10, página 137,
·
gmanle g'(r(.r)) L P ortan t o, (3 .24) d·a-nos que 1·1m.r-+aM
que 1·1111.i-+a /'(c(:r)) g(x) -- L •
EXE\IPLO 3.47.
Podemos utilizar a regra de l'Hôpital para ~ -.ra calcular limx-+O1 -7zr
(observe que x t-+ ,li
não é deri,·ável em :r =O.de forma que não podemos utilizar o resultado do problema 3.16, página
160). Realmente, as funções f(x) = 1 - cosr e g(x) = ./x (para x > O) satisfazem as hipóteaea
da proposição anterior e são tais que
165
, \ 1 1 1 1 1, 1 : L1\11·11-:s E DEHl\'.\l>.\S
4.2. * Se I é um intervalo e f : I ➔ IR é uma função duas vezes derivável e tal que J" é
constante, pr<;>ve
que ou f é identicamente nula ou é um polinômio de grau menor ou igual
a 2. Mais precisamente, se x 0 E I, mostre que ('
lr'(x)
f(x) = f(xo) + J'(xo)(x - xo) +
,.. 2
° (x - xo)2 .
4.4. Se ao, a1, ... , an são números reais tais que~+ T; ·· ·+ nª_;1 = O, mostre que o polinomio
ao+ a1x + • • • + anx" tem pelo menorm~ raiz real.
4.5 . .Moske que a equação x 2 = x sen x + cos x tem exatamente duas raízes reais.
4.6. Refaça o problema 2.7, página Í'48;' dessa vez supondo que f : I ➔ IR é continuamente
derivável em I.
(a ) limx-+0 1-cosx .
(C) 1lffix-+0 ✓cosx-~
zl • xl .
4.8. Sejam J,g: {O,i) ➔ IR as funções dadas por f(x) = x 312 sen ~ e g(x) = x 113 - cosx + 1.
• t'Ir, l'lffix-+0
e alCUle, se eXIS /(x)
g(x).
4.9. Se J: (a, b) ➔ 1Ré uma função duas vezes derivável, mostre que, para todo x 0 E (a, b),
4.10. Seja J:
[a, b) ➔ lR uma função duas vezes continuamente derivável no intervalo (a,b), com
J(o.) = O e J"(a) # O.
(a) Mostre que existe e E (a, b) tal que f (x) - (x - a)f'(x) # O, para todo x E (a, e).
(b) Calcule lím.i-+a /(A~,~'.)~g},(J)cm função dos valores de JCJ.>(a),
para O< k < 2 (o item
anterior garaute que o denominador da fração tem sentido no intervalo (a, e)).
1G6
.11. Prov a guio - d r gr 1 Hôpi al par ind rminaçõ S em + :
a > O Jg : (a, ➔ . - d ri,á 1 t • qu g g' =f O em (a,+ ).
limx J(x) = limx g(x) = O pro qu
.12. J
f (x) = an n + ªn-1Xn-l + ... + a1 + ao
bn n + bn-1 n-l + · · · + b1 + bo
167
t \ 1 1 1 1 111 : Ll~ll'I r-:sE DEHl\',\f),\S
DEFINIÇÃO 3.48.
Dada uma função f : J ➔ IR, dizemos que x 0 E J é ponto de máximo local (resp.
mínimo lócal) para/ se existe ó > O tal que J(x 0) > f(x) (resp. J(x 0) < f (:r;)), para todo
X E / n (Xo - ô, Xo + ó) .
. ra Figura 3.9, os pontos x 0 , x~ ex~ são pontos de mínimo local para a função f : (a, b) ➔ R
cujo gráfico é esboçado. Observe que, em vizinhanças de cada um desses pontos, os valores da
função são maiores ou iguais que os valores assumidos nos pontos em questão (conforme indicam
os t:rês segmentos pontilhados horizontais). Também, x~ é o único ponto de mínimo global (i.e.,
um ponto onde f assume o menor valor em (a, b)), enquanto x 0 e x~ são pontos de mínimo
locais mas não globais. Por fim, veja que f possui dois pontos de máximo local (você consegue
identíficâ-los?), mas nenhum ponto de máximo global.
Genericamente, um ponto de máximo ou mínimo local para uma função f : I ➔ R é deno-
mina.do um ponto extremo local de f. Se I é um intervalo aberto e f : / ➔ IR é derivável,
mostraremos a seguir que os pontos extremos locais de f são zeros de sua derivada. Entretanto,
urna vez que tais ZPros desmnpcnharão papel preponderante na discussão subsequente, antes de
apresentarmos a prova d<•ssc> rcHtiltnclointroduzimos uma nomenclatura relevante.
LG8
a Xo X
novamente I um intervalo aberto, segue de (3.14) que os pontos críticos de uma função derivável
/ : I ➔ IRsão precisamente aqueles em que a reta tangente ao gráfico de f é horizontal.
Podemos, agora, enunciar e provar o seguinte resultado fundamental, conhecido como o teste
da primeira derivada para pontos extremos locais. Apesar da demonstração ser bastante
similar à do teorema de Rôlle, a repetiremos aqui para a comodidade do leitor.
PROPOSIÇÃO 3.50.
Se I C IR é um intervalo aberto e f : / ➔ IR é uma função derivável, então todo ponto
extremo local de f também é ponto crítico.
-----~-~~---------------'
PROVA.
Analisemos o caso em que x 0 E / é um ponto de mínimo local para /, sendo a prova no outro
caso totalmente análoga.
Tome ó> O tal que (x0 - ó, x 0 + ó) C I (lembre-se de que I é aberto, logo um tal ó sempre
existe) e
O < lx - xol <ó=} f (x) - J(xo) > O.
169
1 \ 1 , ,, ; LI\IITl·:s E DEBl\'.\l>.\s
Como corolário do t<.'s(cela primeira derivada, lemos o seguinte crilério de pesquisa de pontos
l'X t l'l'lllO '.
COROLÁRIO3.51.
Seja / : / ➔ R uma função contínua cm I e derivável no interior de I. Se / atinge um
valor extremo (máximo ou mínimo) em I, então o ponto extremo correspondente é uma das
extremidades de / ou um ponto crítico de f.
PROVA.
Suponhamos que f atinge um valor mínimo em I (o caso em que f atinge um valor máximo
pode ser tratado de modo análogo). Seja x 0 E / tal que f (x 0 ) = min{/(x); x E I}. Se xo é
uma extremidade de I, nada mais há a fazer. Senão, x 0 pertence ao interior de/; mas, como o
interior de I é um intervalo aberto, o teste da primeira derivada garante que x 0 é ponto crítico
de f.
Conforme o exemplo a seguir deixa claro, o corolário anterior dá informação suficiente para
encontrarmos os valores extremos de funções / : [a,b] ➔ IR,contínuas em [a,b] e deriváveis em
(a. b). contanto que saibamos encontrar as raízes da equação f'(x) = O.
~3.52.
EDMlwtno valor máximo da função f: [O,1] ➔ IR,dada por f(x) = x - x 1.
SOLL'ÇÂO.
Como f é contínua em [O,l], sabemos, pelo teorema 53, que f assume um valor má.ximo em
[O,lj. Pelo corolário anterior, o ponto de máximo correspondente é O, 1 ou um ponto crítico de
f. Agora, como f' (.r) = 1 - 4:r3, temos que 774é o único ponto crítico de f, com f ( ~) = V4.
Por fim, como J(O) = f (1) = O< ~' segue que o valor máximo de J é i·
A proposição a ACguir,conh<'<fllP!lCÍa
cio TVM de Lagrange, nos ensina como obter os intervalos
de monotonícidade <fouma função derivnvcl. Doravante, nos referiremos a ela como o estudo da
primeira variação de urna fuuçao dcrivávclu.
•r-aterminologm 11lu<1,•
w> pa1wl pn•pu11dl'1n11It• dn pn111cirndei ivadn 110rc~ultado em que:;tão, bem como uo
fitode que, claMlc1&11.cutc, ele•,ivncl11dP 111111L
11pri11111lrn c\ciivftvcl c111clC'nommndnsun pm11eira uarzação.
í1111c:no
170
PROPOSIÇÃO 3.53.
Se f : I -> IRé uma função contínua em / e derivável no interior d~ então.
{b) Se f' > O no interior de /, então f é crescente em I, mas a recíproca não é válida.
(d) Se f' < O no interior de J, então f é decrescente em I, mas a recíproca não é válida.
PROVA
Provemos somente os itens (a) e (b). sendo a prova dos itens (c) e (d) inteiramente análoga.
(a) Suponha, primeiro, que fé não decrescente em /. Para um ponto x no interior de/, tome 0
f(.i::)-/C:ro)
r-:ro
> O e1 fazendo x ➔ x O+, obtemo
-
Reciprocamente, suponha que /' > O no interior de /. Se a, b E I são tais que a < b, a
cont inuidadc de f cm / garante suc1continuidade também em (a, b]. Por outro lado, como (a, b)
está conLido no interior de /, temos f derivável em (a, b), de sorte que o TVM de Lagrange
garante a existência de e E (a, b) tal que
(b) Suponha que f' > Ono interior de J, e «-,:)1<\lll a< b dois pontos quaisquer de/. Novamente
pelo TV~l de Lagrange, existe e E (a, b) tal que
171
uir m lrc m u iliz r pr p - 5 p r b rd r pro 1 m nv lv ndo
mínim d fun - fl
o.
f ting um valor mínimo m [O + ) o or lário 1 gar n qu al o orr m O ou m
um ponto rí i o d f. al uland pnm ir d riv da d f bt m
J'( ) = 2 (X + l) - ( + 3) • 1
2
= _x2__ _
(x + 1)2 (
A seguir aplicamo o tudo da prim ira variação d uma função para d r um d mon raç -o
elementar da desigualdade entre as m •dias aritm 'tica g om - rica.
3.55.
um inteiro n > l e reais positivo a 1 a2 ... an, t m
igualdade
PROVA.
Façamo índuç- br n > 1, L 71 = dm n r d n x mplo J dado
> 2 in iro suponha, p r hip L e d iguald d d nun 1 do
uaisqu r k - 1 r ais p , i iv m i u ld f r m do iguai .
...•-·••• k r is po itiv, a1, ... ,ªk-J a,.., J J: ( ) e fun ; d d p x> p r
17..,
.\ l'Hl\11.IH \ \ \l<I \<, \< > l>I 1 \I \ 1 t \.<, \< 1 1
Se mostrarmos que f (x) > Opara todo x > O,com igualdade se, e só se, a 1 = · · · = ªk-t = x,
concluiremos em particular que J(ak) ;:> O, com igualdade se, e só se, a 1 = • • · = ªk-1 = ak,
conforme desejado. Para tanto, observe que fé derivável, com
para todo x > O. Portanto, sendo x 0 = k-.ya1 ... ªk-l, temos J' < O em (O,x0 ), f'(xo) = O e
f' > O em (x 0 • +oo), de maneira que, pela proposição 53, fé decrescente em (O,x 0 ] e crescente
em [xo,+oo). Logo, f atinge seu valor mínimo em x = x 0 , sendo f(x) = f(xo) se, e só se, x = xo,
Por firn, uma simples substituição fornece
(3.25)
COROLÁRIO 3.56.
Sejnm I um intervalo aberto, f: / ➔ Ruma função duas vezes derivãvel e x 0 E/ um ponto
crítico de f. Se f" > O (resp. J" < O) em/, então xo é o único ponto de mínimo (resp. máximo)
global para f. Em particular, x 0 é o único ponto crítico de f.
PROVA.
Suponha J" > O em / (o caso /" < O em J é totalmente análogo). Como f" = (!')', o item
(b) da proposição 53 (aplicado a f', no lugar de /) garante que f' é crescente em /. Mas, como
f'(x 0 ) = O, segue que f'(x) < O para x < xo e f'(x) > O para x > x 0 . Então, os itens (b) e
(d) da proposição 53 (desta feita aplicada a J) garantem que fé decrescente em I n (-oo, x 0 ] e
crescente em I n [x0 , +oo). Logo, x 0 é o único ponto de mínimo global para/ e, como tal, seu
único ponto crítico.
173
( 1 '' ; Ll\111 FS I·: lh:Ul\'.\l).\S
ExBMPLO 3.57.
São dadosuma região angula.r LAOB, tal que AÔB < 90º (cf. Figura 3.10), e um ponto P
-+ -+
em seu interior. Escolha pontos X E O A e Y E O B tais que X, P e Y sejam colineares. Mostre
-+
que existe uma úníca posição de X sobre OA que minimiza o comprimento do segmento XY.
PROVA.
Medindo todos os ângulos envolvidos em radianos, sejam AÔP = a, BÔP = f3 e OXY = 0,
de sorte que a e f3 são conhecidos e 0 é variável (i.e., depende da posição de X). Como a soma dos
.-..
ângulos do triângulo OXY é igual a 1r radianos, temos O < 0 < 1r - a - f3 e OY X = 1r - a - f3- 0.
Aplicando a lei dos senos (cf. seção 7.3 de [10]) aos triângulos XOP e YOP, obtemos
PX sen a PY sen f3
--=--e--=------
0P sen 0 OP sen (a + f3 + 0) '
de forma que
XY = PX + py = OP (sena+ sen/3 ) .
sen0 sen (a+ f3 + 0)
Portanto, sendo f: (O,1r - a - /3) ~ IRa função dada por
bastamostrarmmi que existe um único 0 E (O,1r - a - /3) tal que f atinge seu valor mínimo em
8.
 174
O teste da primeira derivada garante que, se J tiver um ponto de mínimo global, entio tal
ponto ê crítico. Por outro lado, um cáleulo fácil fornece
!'( 0) = _sena
cos 0 _ sen .Bcos(o + .B+ 0).
sen 20 sen 2 (o + .B+ 0)
Daí, pondo 'Y = 7r - o - .B,obtemos facilmente que
lim J'(0) = -oo e lim J'(0) = +oo,
8➔0 8➔~
de sorte que o TVI garante a existência de 00 E (O,-y) tal que !'(0 0 ) = O. Agora,
!"( 0) = sen a{l + cos2 0) + sen,8(1 + cos2 (o + .B+ 0)) > 0
3
sen 0 3
sen (o + .B+
0) '
uma vez que o, {3,0, o+ .B+ 0 E (O,7r). Portanto, o corolário 56 garante que 00 ê seu único ponto
crítico, o qual é um ponto de minimo global.
PRO\r\.
Sejam a < b em I e d um real pertencente ao intervalo de extremidades /'(a) e f'(b). Que-
remos garantir a existencia de e E (a, b] tal que f'(c) = d. Para tanto, consideremos dois casos
!:>Cparadamente:
(i) f'(a) < O < J'(b) (ou vice-versa): se / não é injetiva em (a, b], então existem o < .Bem
(a, b] tais que /(o) = J(,B). Pelo TV11 de Lagrange, existe e E (o, .B)(logo, e E (a, b)) tal que
f'(c) = [<PJ=!(o) = O. Se f ê injetiva em [a, b], segue do teorema 61 que/ ê monótona em [a, b].
Portanto, pela proposição anterior, temos /' > Oem (a, b] ou J' < Oem [a, b], o que não é o caso.
(ii) /'(a) <d< J'(b) (ou vice-versa): se g: I ➔ IR é a função dada por g(x) = f(x) - dx, então
g é derivável, com g'(x) = J'(x) - d para todo x E /. Portanto, g'(a) < O < g'(b), ou vice-versa,
de forma que, pelo item {i), existe e E (a, b) tal que g'(c) = O. Mas isso é o mesmo que termos
f'(c) = d.
175
, ,, : Lt\llTt•:s t•: Dt-:Bl\ •.\l>.\s
5.2. Em cada um dos itens a seguir, encontre, se houver, os valores máximo e mínimo das
funções dadas:
5.3. Para a, b, e E lR, seja f : IR --+ lR a função dada por f (x) = x 3 + ax 2 + bx + e. Discuta a
primeira variação de / em termos de a, b e e.
2
5.4. ~lostre que sen x < x e cos x > 1 - ; , para todo x > O.
5.5. Em um quadrado ABCD, de diagonais AC e BD, os lados têm comprimento 2. Marque
o ponto médio P do lado AB e, em seguida, um ponto Q E AD e um ponto R E CD tal
que PQR = 90º. Encontre a posição de Q sobre o lado AD, tal que a área do triângulo
PQ R seja a maior possível.
5.6. Sejam f : (a, b) --+ IR uma função derivável e P(x 0 , y0) um ponto que não pertence ao
gráfico de f. Se existe A E G1 que realiza a distância de P ao gráfico de f, i.e., tal que
5.7. Sejam f : (a, b) --+IRe g : (e, d) --+lR funções deriváveis cujos gráficos não se intersectam.
Se existem pontos A(o, /(a,)) e B(f3,f ((3))que realizam a distância entre os gráficos de f
e g, Le., tais que
A l3 = mi11{ A' B 1; A' E G J e B' E G9}, (3.26)
mostre que J'(a,) = !l((-J).
DadaH cforiváveiHJ: (a, b) --+ IRe 9 : (e, d) --+IRcujos gráficos não e intersectam, o
fuuc;õc,)ff
resultadodo prol))t•111n
a11tcrior garn11toque o problc111ade encontrar pontos \ E G 1 e B E
17G
G9 satisfazendo (3.26) equivale ao problema de minimizar a função F: (a, b) x (e, d) ➔ R
dada por
F(x, y) = (x - y) 2 + (J(x) - g(y)) 2 ,
sujeita ao vínculo f'(x) = g'(y). Contudo, as funções J,g: (O,+oo) ➔ R, dadas por
J(x) = ~ e g(x) = O, mostram que nem sempre existe um tal par de pontos A e B. O
próximo problema aplica a discussão acima em um caso positivo.
5.8. Calcule a distância entre os gráficos das funções f, g : 1R ➔ 1R tais que f (x) = x 2 e
g(x) = 1-{x-3) 2 , admitindo (fato geometricamente plausível, se esboçarmos os gráficos em
questão) que existem pontos sobre tais gráficos que realizam e distância entre os mesmos.
5.9. Na Figura 3.11, temos BC = 2 BH. Calcule o maior valor possível da medida do ângulo
BÂC.
H B c
Figura 3.11: maximizando o ângulo BÂC.
5.10. ABCD é um trapézio isósceles de bases AD e BC, com AD> BC, e lados não paralelos
AB e CD. Se BC = a e AB = CD = b, calcule qual deve ser a medida dos ângulos
BÂD = ADC para que ABCD tenha a maior área possível.
5.11. São dados uma região angular LAOB, tal que AÔB < 90° (cf. Figura 3.10), e um ponto P
-+ -+
em seu interior. Escolha pontos X E C ~ e Y E OB tais que X, P e Y sejam colineares.
Mostre que o produto P X • PY é mínimo se, e só se, o triângulo O XY é isósceles, de base
XY.
+--+ +--+
5.12. a Figura 3.12, temos AA', BB' J_r, AA' = a, BB' = b e A' B' = l. Se l < J2(a 2 + b2),
mostre que existe um único ponto P E r tal que AP · BP assume seu valor mínimo.
Mostre, também, que P E A' B'.
177
' 1 1 ,, ; LI\IITl-:s F DEBl\.\ll b
A
1
1 B
ai
1
1 :b
A' l B' r
5.14. Para cada real k > 1, calcule o m nor valor po 111' l" 1/, li i' f 1/ S l 1 ' \IS
.1 i
5.16. Em um triângulo B . n2J
2
,:1 ~ = ...'11 ª-' ... :2• 1J d
17
3.6 A segunda variação de uma função
esta seção. continuamos a estudar como o comportamento da derivada de uma função
influencia o formato de seu gráfico. Em tudo o que segue. I e R denota um intervalo.
DEFINIÇÃO 3.59.
Uma função f : I ➔ Ré convexa se, para todos a. b E / e t E [O,l], tivermos
f(b) ---------------- -
(1 - t)/(a) + tf(b}
/((1 - t)a j~i~
ª (l - t )a + tb b
Qunndo f , t 1 in. de O a 1, um pouco d Geometria Analítica (cf. proposição 52) garante que
o~ ponto~ do forma (1 - t)(a, /(a))+ t(b. f(b)) percorrem o segmento da secante ao gráfico de f,
trnçndn pelo~ pontos (a, /(a)) e (b, f(b)). Portanto, concluímos que f : I ➔ Ré convexa se, e
só M.\ pnrn todo~ a , b em /. a porção do gráfico de f situada entre as retas x = a e x = b não
lsh\ ncinm da r~ta que p~ pelo ponto (a, f(a)) e (b. f(b)).
De outro forma. ~endo
179
e 1 1 1 1 1 1 , : L 1\ 11 1 I· '-i 1-: i )f.: H 1\ •.\ 1) \"
DEFINIÇÃO 3.60.
Uma função / : / -+ IR é estritamente convexa se, para todos a, b E / distintos e todo
te (O, 1), tivermos
f ((1 - t)a + tb)) < (1 - t)J(a) + tf (b).
ExBM_PLO3.11.
Toda função afimé convexa, mas não é estritamente convexa. De fato, se f : IR -+ IR é dada
por /(x) = Ax+B, com A, BE R, é imediato verificar que J((l -t)a + tb) = (1- t)J(a) + tf(b),
para todos a,b E R e t E (O,l].
No corolário 65 mostraremos que, se 1 é um intervalo aberto, então uma função duas vezes
derivável f: J-+ IRé convexa se, e só se, f"(x) > O, para todo x E J. Mostraremos também que
fé estritamente convexa se f"(x) > Opara todo x E J. Assumindo momentaneamente a validade
desses resultados, elencamos, a seguir, alguns exemplos de funções convexas e côncavas (observe
que, anteriormente, ao esboçar os gráficos de tais funções, estávamos assumindo implicitamente
que se tratavam de funções convexas ou côncavas - conforme o caso).
180
(b) Para n > 1 inteiro, a função f : (O,+oo) ➔ R dada para x > Opor /(z)
convexa, uma vez que J"(x) = n(n - l)xn- 2 > O.
(e) A função seno é estritamente côncava no intervalo (O,1r) uma vez que sen"z •
1
em (O,7r).
(d) A função tangente é estritamente convexa no intervalo (O,~), uma vez que tg'z
tgxsecx > O em (O,~).
-~-----~-~--~~--~-~-----
OBSERVAÇÃO 3.1.
Se f : / ➔ IR é convexa, então, fazendo t = ½ na definição 59, obtemos /(ª! 6) < t<•>;JC•>,
para todos a. b E /. Reciprocamente, se f é contínua e tal que /(ª~b) < f(a>;J(I,),para todos
a, b E /, é possível mostrar (cf. problema 6.8) que f ê convexa. Da mesma forma, também
é possível mostrar (cf. problema 6.9) que uma função contínua / : I ➔ R é estritamente
convexa se f ( a;b) < f(a>;f(b), para todos a, b E J distintos. Essas observações nos permitem
deduzir. de maneira elementar (i.e., com o simples uso de desigualdades elementares), o caráter
(estritamente) convexo ou côncavo de várias das funções com as quais usualmente nos deparamos
no Cálculo. A esse respeito, veja o problema 6.11.
181
, , ',,; l,l\1111"1 1)11<1\\11\"
para todos a < .r < b cm /, então (b - x)(J(x) - f(a)) < (x - a)(J(b) - f (x)) ou, ainda,
secantes 80 gráfico de f.
A seguir, utilizamos a discussão anterior para mostrar que uma função convexa, definida em
um intervalo aberto, é contínua.
PROVA.
Fixe x 0 E J e a< xo < b também em I. Para x E (x 0 , b), a primeira desigualdade em (3.28),
x-xo -< J(b)-J(xo)
com x O no lugar de a , garante que f(x)-J(xo) b-xo '• a segunda desigualdade em (3.28) ' com
x O no lugar de x ex no lugar de b' garante que J(x)-J(xo)
x-xo
> f(xo)-f(a).
- xo-a
Combinando essas duas
desigualdades, obtemos
f(xo) - /(a)) (x - xo) < J(x) - f(xo) < (f(b) - f(xo)) (x - xo).
( xo - a b- x 0
Fazendo x ➔ xo+, segue das desigualdades acima e do teorema do confronto (cf. proposição
8) que
lim J(x)
x-+xo+
= f (xo)-
Argumentando de modo análogo, concluímos que lirn:r-+xo-f(x) = f (x0). Portanto, o problema
1.5, página 136, garante que limr-+roJ(x) = J(To), e segue da proposição 4 que f ê contínua em
Zo·
L82
derivada. Isto será uma consequência imediata do seguinte resultado, no qual se supõe que /
seja somente derivável.
TEOREMA 3.64.
Se I é um intervalo aberto e / : I ➔ IRê derivável, então:
PROVA.
Suponha, inicialmente, que/ é convexa em/. Dados a< bem I ex E (a, b), segue de {3.28)
que
f (x) - /(a)
___ J(b) - J(a) < ----.
_.;,..< ---- J(b) - f(x)
x-a - b-a b-x
Mas, como / é derivável em J, fazendo x ➔ a+ na primeira desigualdade e x ➔ b- na segunda
desigualdade, obtemos
183
1
1 1 1 1 1 1 : I, 1\ 111 1 ..., 1 I ) l·.Ii 1\ \ 1) \...,
conforme desejado.
Se /' é crescente em I, o argumento acima, nesse caso, garante que
J(x) - J(a) = !'(a) < J'(f3) = J(b) - J(x).
x-a b-x
Portanto, temos uma desigualdade estrita em (3.29), para todos a < x < bem /, e f é estrita-
mente convexa.
.
: {-\1'2, v'2} ➔ R a função dada por J(x) = 2 ~:i 2 . Encontre os intervalos em que
tiltritámellte
convexa e estrita.mente côncava.
SOLUÇÃO.
Calculando a primeira e a segunda derivadas de f, obtemos J'(x) 2+2:2
(2-x2)2
e J"(x) -
(2 -x 2 ffc
6 +:c2). Portanto,
2
x > Oe 2 - x > O { O< x < J2
ou {::> ou
x < O e 2 - x2 < O x < -../2.
Portanto, / é estritamente convexa em cada um dos intervalos (-oo, -/2) e (O,/2). Analoga-
mente,/ é estritamente côncava em cada um dos intervalos (-../2,0) e (../2,+oo).
 184
O corolário anterior é conhecido como o estudo da segunda variação de uma função
\·ezes derivável. A seguir. obtemos um_aconsequência geométrica importante de tal resultado,
para a qual precisamos. inicialmente. de uma definição.
DEFI~JÇÃO 3.67.
Sejam J um inten-alo aberto e f : J ➔ 1Ruma função contínua. Um ponto Xo
denominado um ponto de inflexão de f se existir ô> O tal que/ é convexa em /n(z 0 -6,
e• côncava cm / n (x x 0 + ô), ou vice-versa.
---------~~---------
.
0
COROLÁRIO 3.68.
Sejam / um intervalo aberto e / : J ➔ R wna função duas vezes derivável. Se zo E / é um
po11tode inflexão de/. então /"(x 0) = O.
f>RO\'A
Suponha que/ é com·e.....-:a 0 + ô), com ó > O escolhido tão
cm {x0 - '5,:c.0 ) • cõnca,,, cm (.r0 , :1·
pequeno qu' (.r0 - ô,.r 0 + 6) C / (o outro ~ pod' , r tratado de forma análoga). Então, pelo
c01oláiio 65, temos /"(x) > O cm (x-0- 6,.r 0) /"(x) < O cm (.r-0. x 0 + ó).
Suponha qm' /"(:r < O, l"> fixt">m oitr 1
0
) a E (:1·
0 - ó, .r
iru1ll'ntl' de sorte que J"(x 0 ) <
0
),
O < J"(a) Como J"(.r 0 ) < ~ < /1'(0) o H~I 'llH\ de Dnrbou.x 5 garante a existência de
lJ E=(a,.r 0
tnl que J"(b) = ~ < O. las, como b E (a,:io) =} b E (xo - ó,x
)
2
deveríamos ter
0
),
185
: , 1"; l.1\1111·"1 ))FHI\\I>.\...,
PRO\'\.
Suponhrunos que f é estritamente convexa (o casos em que f é meramente convexa é total-
mente ru1álogo)e façamos a prova da desigualdade de Jensen por indução sobre n > 1. O caso
n = 2 segue da definição de convexidade estrita de f, uma vez que a condição t 1 +t 2 = 1 equivale
a que t 1 = t e t 2 = 1 - t.
Suponha que, para um certo n > 1 e todos X1, ... , Xn E / e t 1, ... , tn E (O,1), com t1 + · · · +
t'fl = 1, tenhamos tix1 + · · · + tnXn E / e
com igualdade se, e só se, x 1 = • • • = Xn- Consideremos elementos x 1 , ... , Xn, Xn+t E / e
t1, •.. 'tn, tn+l E {O,1) tais que t1 + ... + tn + tn+l = 1. Defina
t1X1 + · · · + tnXn
Y = ------ = S1X1 + · · · + Sn X n,
1 - tn+l
de modo que s1 E (O,1) para 1 < j < n. Portanto, segue da hipótese de indução que y E / e,
daí,
t1X1 + · · · + tnXn + tn+lXn+l= (1 - tn+dY + tn+1Xn+lE /.
Agora, utilizando a convexidade estrita de f, obtemos
186
ocorrendo a igualdade se, e só se, y = Xn+1 e x 1 = • · • = Xn· Por fim, é imediato verificarque
tais condições equivalem a x 1 = • • • = Xn = Xn+1, conforme desejado.
O mais das vezes, utilizamos a desigualdade de Jensen na forma do corolário a seguir, que
enunciamos para conveniência do leitor.
PROVA.
Faça t1 = t2 = • • • = tn = ¼no teorema anterior.
Deixamos ao leitor a tarefa de enunciar a desigualdade de Jensen (nas formas (3.30) e (3.31))
no caso em que f é côncava (resp. estritamente côncava). A seguir, apresentamos algumas
aplicações intere santes da me ma.
EXEl\fPLO 3. 71.
Dados n > 1 reais positivos a 1 , a2 , ... , ª", prove que
____ n ___
ª1 + ª2 + • • • + an
=f (ª1 + a2 +n·.. + ªn)
< /(ai)+ f(a2) + • • • + f(an)
n
l/a1 + l/a2 + • • • + 1/an
- n
187
1 ,, : Ll\1111'-I· l)J,'1{1\\1>\"
ocorrendo a igunldade se, e só se, a 1 = a 2 = · · · = ªn· Agora, basta notar que a desigualdade
Nosso próximo exemplo utiliza a desigualdade de Jensen para resolver um interessante pro-
blema de geometria .
..._.__,l' um semicírculo de raio R e diâmetro A0 A 1 . Para cada inteiro n > 2, mostre que existe
um 6nico n-égono AoA1A2 ... An-l satisfazendo as seguintes condições:
SOLUÇÃO.
Considere a Figura 3.14 como representativa da situação do problema. Sejam O o centro
der e .ÂiÔAi+I = ai, para 1 < i < n - l (com a convenção de que An = A0), de forma que
a: 1 + a: 2 + · · · + a:n-l = 7T'. Aplicando a fórmula do seno para a área de um triângulo (cf. seção
7.3 de [10)), obtemos (novamente convencionando An = A0)
..
A(AoA1 ... An-1) =~
L...,A(AiOAi+1) = ~l
L..., R 2 sen AiOAi+1
2
---
i=l i=l
n-1
= 21 R 2"'
L...,sen ª'i·
i=l
Agora, uma vez que a função seno é estritamente côncava no intervalo [O,7r),segue de (3.31)
que
n-1 ( 1 n-1 )
'°'sena, < (n - 1)sen "' a, = (n - l) sen _7T'_,
L..J n-1L..J n-l
í=l i=l
188
Ao o
Figura 3.14: polígono de ãrea máxima in crito em um midrculo.
6.2. jam I, J e int rvalo /: I J uma bijeção contínua. e/ é stritamente conv xa,
prov qu 1- 1 : J I ou tritaro nte conv a ou tritaro nt côncava em J.
6. . j f :I ➔ uma contínua tal qu f(:r~ 11) < J(:r);f(y), para tod x, y E I (r p ti-
m nt J(:r~y) > f(:r);f(y), para todo x, y E I). Prove qu / é conv xa (r p ti m nt
côncava).
19
1 , '" : l,J\1111 ..._1 1)J·.HI\ \1, \"
6.10. f : (O,+ ) --; IR é uma função contínua, crescente (resp. não decrescente) e convexa
(rc p. estritamente convexa), prove que a função g: (O,+oo)--; IR,dada por g(x) = xf(x),
também é estritamente convexa.
6.11. Use os resultados dos problemas 6.8 e 6.9 para estabelecer os caracteres (estritamente)
convexo ou côncavo de cada uma das funções do exemplo 62.
6.12. Sejam I um intervalo aberto e f : J --; IR uma função convexa e duas vezes derivável.
Mostre que, para todo x 0 E J, o gráfico de f está situado acima da reta tangente ao
mesmo em x 0 . Mais precisamente, mostre que, para todos x, x 0 E /, temos
(a) Se O não pertence ao interior de A 1A 2 ... An, use um argumento geométrico para
mostrar que há n-ágonos convexos inscritos em r e com área maior do que aquela
de A1A2 ... An.
(b) Use a desigualdade de Jensen para mostrar que, dentre todos os polígonos convexos
de n lados inscritos em r, os regulares são os únicos de área máxima.
6.15. Sejam dados um círculo r, de centro O e raio r, e um inteiro n > 2. Dentre todos
os n-ágonos convexos A 1A 2 ... An circunscritos a r, prove que os regulares são os de
perímetro mínimo.
190
6.17. Sejam n > l inteiro e x 1 : x 2 : .... Xn reais positivos com soma igual a 1. Prove que
t x, • >
Jl - x- -
✓ n > /Xi+ •••+ Jx.
n- l - Jn - l '
~· l
191
1 l11: l,J\l(fl'-,J [)fl(J\\J)\'-,
3. 7 Construindo gráficos
cjam dados um intervalo I e uma função contínua f : / ➔ IR, duas vezes derivável no
int crior de /. A teoria desenvolvida até aqui nos fornece, a princípio, uma quantidade suficiente
de informações para construir um esboço razoavelmente acurado do gráfico de f. Senão, vejamos:
(i) A utilização dos resultados do problema 5.10, página 59, pode reduzir o problema do esboço
do gráfico de / a um intervalo J e I.
(ii) O teste da primeira derivada garante que os pontos extremos de f são ou extremidades de
/ ou as soluções da equação J'(x) = O.
(iii) O estudo da primeira variação de / garante que os intervalos em que f é crescente (resp.
decrescente) são os intervalos-solução da inequação f'(x) > O (resp. f'(x) < O).
(vi) As retas tangentes ao gráfico de f em seus pontos de inflexão ajudam a esboçar melhor o
gráfico numa vizinhança de cada um desses pontos.
(vii) A definição 17 e o problema 1.11, página 137, ensinam como procurar, se existirem, as
assíntotas ao gráfico de f.
(viíí) O cálculo dos limites limx-+±oof(x), se fizer sentido, ajuda a entender o comportamento
do gráfico de J para valores grandes de lxl.
(i.x) A marcação de alguns pontos sobre o gráfico (para além dos eventuais pontos extremos e
pontos de inflexão) pode auxiliar em muito a construção do esboço do gráfico de f.
à guisa de ilustração, a seguir uUlizamos o programa delineado acima para esboçar os gráficos
de algurnaBfunções.
----=-----
' :: .
'\~
• •1
1
'
,··
' ' ; k E Z}, esboce o gráfico da função secante, sec : D ➔ IR.
 192
(i) Inicialment que· u.fici n boçar o gráfi o d m (-i i)U(i, 3;), poi , m
co • p riódica de período 21r t mo tamb'm p riódi , d p ríodo 21r. Por outro lado, como
co (x + 1r)= - co para odo E , t mo (x + 1r) = - x, para todo x E D; portanto,
o probl m 5.10 pâgina 59, garant que o gráfico d no interv lo (i 3;) obtido a partir
do grãfi o d no int rvalo ( - i ; ) por m io de uma r flexão em torno do ixo d ab ci as
guida d uma translação de 1r unidad parai lament a tal eixo.
Logo, li =/.o, n- h ponto de infl xão. Por ou ro lado, como c tritaro nt coo x
11x >O o qu por ua vez ocorr 6 co x > O, con luímo qu
6
tri m n on xa m ( -i ~).
( ii) • p riódi a, u grâfi o não contêm íntot horizont i ou oblíqu . Por outro
1 do im di to qu lim.r-+i- x = limx-+-i + x =+ , d modo qu r t X= ±21f -
ín ot rti ai do gráfico d
193
1 ,,, ; l.l\111('-,f l)ff!l\\11\"
Rc~ta r:-unir ns informações acima e esboçar o gráfico de sec. Fazemos isso na Figura 3.15,
destacando a porção do gráfico em (-i, ~) U (;, 3;) (i.e., a porção que se repete).
y
1 1
1 1
1 1
1 1
1 1
1 1
1 1
1 1
1 1
1 1 1 1
____ J _____
y = l --t---- 1
l _____
1
L_
1
1 1 1
1 1 1
_Jr 1
2,
o .?r 1
2 1
'K
1
3,r 1
2 1
X
y = -1 --+----- ----7----
1 1
- - - -,-
1
-
1 1 1
1 1 1
1 1 1
1 1 1
·'
1
1
1
1
1
1 1 1
1 1 1
1 1 1
1 1 1
SOLUÇÃO.
(iv) e (v) Como /"(x) = 12:r + 8, temos que Jé est,rit,amente convexa em um intervalo J se,
e IÓ 1e, /"(x) > O em /. Logo, f é cst,rit,amcnt,e convexa em (-j, +oo) e, analogamente, f é
194
estritamente côncava em (-oo, -}). Por fim, o ponto x = -} é o único ponto de inflexão do
gráfico de J.
(vi) Veja que !(-}) = -~~, e que a reta tangente ao grâfico de f em tem coeficiente
x = -}
angular f'(-i) = -l Sendo (O,e) o ponto em que tal reta tangente intersecta o eixo vertical,
2 d e
temos c-(-31/27) _
0 _, _ 213 ) - -
_ 43
3 , e 1orma que e - - 27 .
(vii) Como f está definida em toda a reta, seu grâfico não possui assíntotas verticais. Por outro
lado, como limx-+±oo/~) = limx-+±oo(2x 2
+ 4x + 2 - ¾) = +oo, segue do problema 1.11, pâgina
137, que o gráfico de f também não possui assíntotas oblíquas.
(ix) Como /(O) = -1, segue de (viii) e do TVI que / tem uma raiz positiva a. Calculando
f(x) para x = -~, -1, -½, O, ¼,½, ½ e 1, marcamos sobre o gráfico de/ os pontos(-!, -i),
-J
{-1, -1), (-½, -~~), (O,-1), (¼, 2), (½, 2\), (½,¾)e (1, 7). (Recorde que, no item (vi), já
obtivéramos o ponto (-i, -~~) sobre o gráfico.) Em particular, concluímos que a E (¼,½).
Por fim, como no exemplo anterior, reunimos as informações obtidas acima para esboçar o
grâfico de J. Fazemos isso na Figura 3.16.
EXEMPLO 3.75.
Esboce o gráfico da função/: R \ {-1} ➔ R, tal que f(x) = x2 + x!i.
SOLUÇÃO.
(iv) e (v) Como J"(x) = 2 + (x.;l)3, temos que/ é estritamente convexa em um intervalo I e, e
só se, f"(x) > O em I ou, ainda, se, e só se, x~I > -1 em/. Portanto,/ é estritamente convexa
em cada um dos intervalos (-oo, -2) e (-1, +oo), e estritamente côncava em (-2, -1). O único
195
( ,1·1111,1: LI\1111•:s I·. DFHl\\ll\,
ª
4
1
1
1
1
1
1 .!
X
43
-=,--27
-4
ponto de inflexão de J é x = - 2.
(vi) Veja que J(-2) = 3, e que a reta tangente ao gráfico de f em x = -2 tem coeficiente
angular f'(-2) = -5. Sendo (O,e) o ponto em que tal reta tangente intersecta o eixo vertical,
temos 0 ~,!2) = -5, de forma que e= -7.
(vii) Como f só não está definida para x = -l, a reta de abscissa -1 é a única candidata
a assíntota vertical de seu gráfico. Esse é de fato o caso, uma vez que limx-+-l- f (x) = -oo
e limz-+-1+f (x) = +oo. Por outro lado, como lim:r-+±oo/~z) = limx-+±oo( x + :c(z~l)) = ±oo,
segue do problema 1.11, página 137, que o gráfico de f não possui assíntotas oblíquas.
(ix) Calculando J(x) para x = -~, -!, -?, -¾, -½, -¾, O, ¼,½,1 e 2, marcamos sobre o grá-
fico de J os pontos(-~,~~),(-!,-~),(-¾,-~~),(-¾, i!),
(-½, ?), (-¼,~~),(O, -1), (¼, 2), -J
3
(½, !), (1, J) e (2, \ ). (Recorde que, no item (vi), já obtivéramos o ponto (-2, 3) sobre o gráfico.)
Mais uma vez, reunimos as informações obtidas acima para esboçar o gráfico de f, na Figura
3.17. Para uma melhor visualização qualitativa do mesmo, utilizamos uma escala 2: 1 nos eixos
196
horizontal e vertical, respectivamente.
y
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
- - .i1 -
1
1
1
1
-2 \ ,1 Q X
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
Problemas - Seção 3. 7
7.1. Esboce o gráfico da função cossecante, csc: IR\ {k7r; k E Z} ➔ IR, tal que cscx = IM!~:r·
7.2. Em cada um dos itens a seguir, esboce o grãfico da função dada (definida em seu domí-
nio maximal), calculando ou estimando, quando for o caso, pontos críticos, intervalos de
monotonicidade, pontos de inflexão, retas tangentes nos pontos de inflexão, intervalos de
convexidade ou concavidade, assíntotas e comportamento no infinito:
197
1 ,,, ; l,l\lllf>,Ll)FHl\\l>\"
7.3 . .. .,<'.IHf : (a, b) ➔ IR uma função duas vezes derivável em x 0 E (a, b), com J"(xo) :/- O.
Como fé, cm particular, derivável em x 0 , a reta r, tangente ao gráfico de f em A(xo, J(xo)),
núo é vertical. Definimos o círculo osculador ao gráfico de f no ponto A como o círculo
r 1 t migcntc a r em A e que melhor aproxima o formato do gráfico de f numa vizinhança
de .t 0 , no seguinte sentido: tomando e E (a, x 0 ) e d E (x0 , b) tais que um dos arcos de r
situado entre as retas .t = e e x = d é o gráfico de uma função g : (e, d) ➔ IR, temos
g(.to) = J(.r 0)', g'(x 0) = f'(x 0) e g"(x 0) = f"(x 0). A esse respeito, faça os seguintes itens:
(a) Seja O(a, /3) o centro de r. Se f'(x 0) = O, mostre que a = x 0; se f'(x 0) :/- O, mostre
que fJ-f(xo) = __ 1_
o-xo f'(xo) •
(g) Se R > Oe f: (-R, R) ➔ lR é a função dada por J(x) = J R2 - x 2 (de forma que o
gráfico de / 6 um semicírculo de raio R), mostre que o raio de curvatura do gráfico
de J l>constante e igual a R.
Como ílWJtração, a Figura 3.18 esboça o círculo osculRclorao gráfico de f(x) = ~. :r > O,
no ponto A.
198
y
7.4. O objetivo deste problema é esboçar o gráfico da função f : 1R➔ 1Rdada por
f(x) = { O, se x = O
x sen ½, se x O
=/=,
199
1
1
111
', Li\1I1I--1 1)1I:I\\I)\'-
plot x sin(l/x).
• ~-\ ~ 200
• r "'\
·-..:
3.8 Algumas aplicações à Física
Esta seção utiliza as ferramentas de· que dispomos até agora para discutir algumas aplic~
simples do Cálculo à Física.
Em tudo o que segue, adotamos o sistema de unidades MKS (também conhecido como
sistema internacional- abreviado SI), no qual as unidades padrão de distância, massa e tempo
são, respectivamente, o metro (m), o quilograma (kg) e o segundo (s). Comecemos recordando
a segunda lei de !ewton e as equações dos movimentos retilíneos uniforme e uniformemente
variado.
EXEMPLO 3. 76.
Considere um obJeto pontual (i.e.. um objeto cujas dimensões e formato sejam irrelevantes
cm relação ao fenomeno físico sob consideração) de massa m, movendo-se ao longo de uma
1cta r. Adote um sistema de coordenadas em r, de origem O e coordenada x, de forma que r
scJa identificada com uma reta real. Denote por x(t) a posição objeto pontual no instante t, e
suponha que a função t ~ .c(t) é duas \'ezcs derivável.
Fixado um instante t 0 > O, a velocidade v(t 0 ) do objeto no instante t0 é definida como a
tara temporal de vari.ação de sua posição. calculada no instante t 0 , i.e.,
. x(t) - :r(to) ,
1•(t0) = t-+to
luu ----
f - f0
= x (to)-
Da mesma forma, a aceleração a(t 0 ) do objeto no instante t0 é definida como a taxa temporal
de variação de sua velocidade. calculada no instante t 0 , i.e.,
v(t) - u(to) = v '( t ) = x "( t ) .
a(f 0) = lim ---- 0 0
t-+to f - to
Portanto, a~ funções velocidade e aceleração do objeto pontual são dadas por v(t) = x'(t) e
a(t) = v'(t) = :r"(t), para todo t > O. 'o que concerne unidades, a discussão acima deixa claro
que vclocidadel:>são medidas em metros por segundo (m/s) e acelerações em metros por segundo
ao quadrado (m/s 2 ).
Suponha. agora. que o objeto se move sob a ação de uma força F, de direção paralela ar,
cujos sentido e magnitude só dependem do valor de x. Então, temos F = F(x), para alguma
função xi--+ F(x), a qual supomos contínua. A segunda lei de Newton garante que F imprime
ao objeto uma aceleração a(t), de mesma direção e sentido que F em cada instante, tal que
F(x(t)) = m • a(t).
Então, uma vez que a(t) = x"(t). obtemos a equação diferencial
x"(t) = .!_F(x(t)).
m
201
1 1 1 1,, : Ll\111 F~ t·: Dt-:HI\ \I> \-.;
A unidade de força no sistema MKS é o Newton (abreviado N), de forma que, pela segunda lei
de Newton, lN = 1 ~t.
No caso particular em que F é constante em sentido e magnitude, a segunda lei de Newton
(3.33) garante que a aceleração a(t) do objeto também é constante. Denotando simplesmente
J;)Ora tal constante, concluímos que x" é constante e igual a a. Se o objeto parte da posição
inicial xo no instante t = O, com velocidade inicial v0 , segue do problema 4.2, página 166, que
• 1 1
x(t) = x(O) + x'(O)t + 2x"(0)t 2 = Xo + vot + 2at 2 . (3.35)
Logo,
v(t) = x'(t) = vo + at. (3.36)
Di7.emosque as fórmulas acima descrevem as equações do movimento retilíneo e uni-
forme, se a= O, e uniformemente variado, se a f. O.
--------'---------
0
é uma EDP.
Nestas notas, abordaremos vários aspectos elementares da teoria de EDOs, mas não teremos
espaço para discutir EDPs. Ao leitor interessado, sugerimos a referência (19].
202
EXEMPLO 3.77.
Em um terreno plano. temos um canhão apontado com ângulo de elevação a em
horizontal. o qual atira um projétil que sai do mesmo com velocidade escalar v0 . Despr
força de resisténcia do ar durante o movimento subsequente do projétil, concluímos que a única
força que atua sobre ele é sua força peso F = mg. orientada verticalmente para baixo, onde m
é a massa do projétil e g"' 9. 8 m s2 é o ,-alor da aceleração da gravidade nas proximidades da
superfície da Terra.
y
1F= mg
....
........
--------- --
Vo,.......... ----....
....
v 0 coso
l'oS<ll O X
203
1
(3.38)
- ~ (
2
y(x) = (v0 sena:) x x )
vo cosa 2 v0 cos a
(3.39)
9 2
= (tga:)x - 2 (v cosa )2 x •
0
iu-.-------~- ---------~-----~
Antes de continuar com a Física, precisamos discutir alguns fatos elementares sobre EDOs,
o que fazemos a partir de agora.
Para o que segue, observe que, se f(x) = senx e g(x) = cosx, então J"(x) + f(x) =
i'(x) + g'(x) = O, para todo x E IR. Res11mimos isso dizendo que senx e cosx são soluções da
EDO y'' + y = O. Aqui, y = y(x) é a função-incógnita y : IR ➔ IR, a qual supomos duas vezes
clerivé.vel. Mostraremos, no teorema 79, que essas são, essencialmente, as únicas soluções dessa
• diferencial. Antes, contudo, precisamos de um resultado auxiliar.
204
LEMA 3.78.
Se /, g : IR ➔ IR são funções deriváveis e tais que f'(x) = g(x) e g'(x) • -'
x E IR, então f(x) = /(O) cosx + g(O)senxe g(x) = g(O)cosx - /(O)senz, para
PROVA.
Sendo h(x) = f(x)senx + g(x)cosx e l(x) = J(x)cosx - g(x)senx, temos h(O) = g(O),
l(O) = /(O) e
Analogamente, l'(x) = O para todo x E IR, de forma que, pelo problema 4.1, página 166, h e
l são constantes. Então, temos
As igualdades acima formam um sistema linear de equações em f (x) e g(x). Podemos resolvê-
lo sem dificuldades, obtendo f(x) = /(O) cosx + g(O)senx e g(x) = g(O)cosx - /{O) senx.
TEOREMA 3. 79.
Se/: IR ➔ IR é uma função duas vezes derivável e tal que f"(x) + f(x) = Opara todo z e R,
então
f (x) = J(O)cos x + /'(O)sen x,
PROVA.
Sejam g, h : IR ➔ IR as funções dadas por g(x) J(x) - J(O)cosx e h(x) = g'(x) -
J'(x) + /{O) sen x, para todo x E IR. Como
segue do lema anterior que g(x) = g(O)cosx + h(O)sen x = f'(O) en x. Portanto, f(x) -
/(0)cosx = f'(0)senx, conforme desejado.
205
' 1 1 '1 1 1 1 11 1: 1 '1
um tr m n ma1 g r 1 d
PR \
J g : ~ a fun - d d por g( ) = /(-J-;_). P 1 r gr d ad i , g , du V Z
d ri , 1 al qu g'( ) = ~ •f'(Jx)
amb'm para odo x E . B a agor ob ; ar qu g(O) = J(O) g'(O) = 1Jl_) f(x) = g(v'>:x).
Agora, prendemos um bloco de massa m à outra extremidade da mola (que supomos ter
massa desprezível em relação a m). de forma tal que o sistema massa-mola resultante repouse
horizontalmente numa superfície plana. a qual suporemos tão polida que nos permita negli-
genciar, na análise de eventuais movimentos, quaisquer efeitos resultantes de atrito estático ou
cinético. Em seguida. elongamos lentamente a mola de um comprimento x 0 (puxando ou empur-
rando o bloco de massa m, conforme o caso) para, por fim, imprimir ao bloco uma velocidade
instantânea v0 e deixar o sistema massa-mola o~cilar li\Temente.
Suponha que tal movimento oscilatório se dê ao longo de uma reta, e denote por t o tempo
transcorrido a partir do instante inicial t0 = O. Também, seja x(t) a elongação da mola no
instante /, e suponha que a função ti-+ .r.(t) é duas vezes derivável.
o exemplo 76, \'imos que a velocidade v(t) e a aceleração a(t) do bloco no instante t são
dadas re~pcctivamente por v(t) = ::r'(t) e a(t) = x"(t). Portanto, aplicando a lei de Hooke a
(3.34), obtemos m:r"(t) = -k.t(f) ou. ainda.
k
x"(t) + -x(t) = O,
m
com .r(O) = .ro e .r'(O) = v(O) = vo.
Fazendo w /F-i
concluímos, com o auxílio do corolário 80, que
Vo
x(t) = x 0 costwt + - sen (wt). (3.41)
vJ
A expressão acima, juntamente com o resultado do problema 6.4, página 65, garante que a
função t i-+ x( t) é periódica, de período 2;. Portanto, o movimento do sistema massa-mola é
periódico, de período (i.e., o menor intervalo de tempo necessário para urna oscilação com-
pleta) T = 2;. Por sua vez, a frequência do sistema massa-mola (i.e., o número de oscilações
completas por unidade de tempo) é w = 2-;.No sistema ~1KS, frequências são medidas em
Hertz9(abreviado Hz). onde 1 Hz = 1 ciclo/s.
------------~-~----------
207
55, juntam nt m o it m (e) d pr bl ma .3 p gina 64, garante qu
il õ , do i t ma m ·a-m la m qu -o (i.. , a longa ã máxima d
2
o
2·
w
d pr m quiv rn ia n r o
pnn ipto d Fi nn at l i d r fl x~ d m' ri .
A' p B'
Figura 3.22'. o printfr ia d •rn1't.
o
1
Aqui, nosso objetivo é deduzir, a partir do princípio de Fermat, n lei da reftexio da.
Geométrica, que afirma que os ângulos de mcidê11c1.oe refle:z:aoem P I/Jm medidas íguaía.
subproduto de nossa análise, mostraremos também que o percurso de A a B, tocando a reta f'
no ponto P tal que AP A' = BP B', é, efetivamente, aquele de tempo rnfnimo (dentre todoe OI
percursos que partem de A, tocam a reta r e chegam em B).
Para tanto (cf. Figura 3.22), sejam a e b, respectivamente, as distáncias dos pontos A e B à
reta r, APA' = o e BPB' = /3,com 0:,/3E (0,1r) (observe que, se tivéssemos desenhado o ponto
P à esquerda do ponto A', teríamos o > %; analogamente, se tivéssemos desenhado o ponto P
à direita do ponto B', teríamos /3> i)-
Uma vez que a velocidade da luz em um meio homogêneo é constante e o movimento entre
d01s pontos (sem interrupções) é retilíneo e uniforme, o problema de minimizar o tempo de
percurso de A a B equivale àquele de minimizar o comprimento AP + P B.
Seja e - A' B'. Se P = A', segue do teorema de Pitágoras que AP + P B = a+ Jb2 + c2 : se
P = B'. temos analogamente que AP + P B = b + J a2 + c2 . Em geral, calculando os senos de
o e ;3 nos triângulos retângulos AP A' e BP B', obtemos
- - a b
AP+PB=--+--.
seno sen/3
Analogamente, supondo P =I=A', B', obtemos, a partir de A' P + B' P = e, a igualdade
a b
- + - =e (3.42)
tgo tg/3
(mesmo nos casos em que o> ~ ou /3> ~).
Agora, observe que /3 é uma função contínua de o. Por outro lado, a partir de {3.42) e
considerando separadamente os casos em que P está à esquerda de A', entre A' e B' ou à direita
de B', concluímos que, nesses casos, í3é uma função derivável de o. Por exemplo, no caso em
que P está entre A' e B', temos /3= arctg ( b/( e - t;o)).
Então, resta minimizar
a b
d(o) = seno + sen f3' (3 •43 )
com f3 definido por (3.42).
Pelo teste da primeira derivada, sabemos que os pontos de mínimo de d, se existirem, são
pontos críticos. Derivando (3.43) e lembrando que /3= /3(0:),obtemos
d' (0 ) = _ a cos o _ b cos /3 . /3'(0 ) 1
sen2 a sen 2 {3
de forma que d'(o) = O se, e só se,
2
/3'(0 ) = _ a . cos o sen j3
b cos ,Bscn 2 o
209
l.l\1111"1 l>IHl\\ll\~
2
/3'(o) = -~ . sen /3.
b sen 2a
do as duas expressões acima envolvendo /3'(o), concluímos que
, cosa
d (a) =O<=> - = 1 ç:> a= /3.
cos 13
d"(a) = ª
sen 3 a
(l+cos 2
a)+ \
sen 13
(1+cos 2
/3) > O.
Portanto, o corolário 56 garante que o único ponto crítico de d ê o úruco ponto de mínimo global,
dentre todas as posições de P sobre r, com P -::j:.A', B'.
Veja agora que, na posição em que a= /3.temos, a partir de (3.42) e (3.43),
a+b a+b
d(a) = -- e -- = e.
sena tga
Segue daf e do problema 4, página 482, que
a+b = -- e = cl✓
d(o:) = -- + tg 2 a
sena cosa
2
= e 1+ + b)
(~ = Jc2 +(a+ b)2 .
210
Problemas - Seção 3.8
8.1. Prove a equação de Torricellf se t i--+ x(t) é a equação horária de um movímento
retilíneo uniformemente variado de velocidade li--+ v(t) e aceleração a, então
8.2. Na situação descrita no exemplo 77, suponha que o canhão está situado no pé de uma
colina que tem o formato aproximado de uma rampa retilínea, inclinada em relação ao
solo de um ângulo agudo 0. Qual deve ser o ângulo o de elevação do canhão em relação
à horizontal, a fim de que os projéteis por ele arremessados atinjam a maior distância
possível colina acima?
8.3. Nas notações do exemplo 81, mostre que a amplitude A das oscilações de um siste~a
massa-mola de frequência w é tal que
v(t) 2
A= x(t)2 + -2-,
w
para todo t > O.
8.4. A lei de Snell-Descartes da refração afirma que um raio de luz, ao atravessar uma
superfície plana que separa dois meios homogêneos (cf. Figura 3.23) o faz de maneira tal
que
sen o 1 sen 02
-----
V1 V2
onde o 1 e o 2 são os ângulos do raio incidente e do raio refratado com a normal n e v1 e v 2
são as velocidades da luz nos meios de origem e de destino, respectivamente. Deduza a lei
~n
º'
•
211
AI TEGRAL DE RIE-
MA
( \ 1 1 1 1 1 1 l 1 .\ 1:\ 1 u ;1( \ (, 1>1·:H li·:\ 1.\ :\ \;
&tt> capítulo formaliza a primeira das ideias descritas heuristicamente na introdução, qual
:-ejn. o cálculo <lnúrcn ::;obo gráfico de urna função não negativa f : [a, b] ➔ R; mais precisamente,
concluímo::; que uma tal área pode ser calculada quando, além de não negativa, J for uma
função mtcgrável. Dentre outros subprodutos da discussão do conceito de integral, estudamos
A~ propriedades de duas das mais ubíquas funções da Matemática, as funções logaritmo natural
e c.xponencial.
de (a, b]. Fixadas uma tal partição e uma função limitada (mas não necessariamente não negativa)
f : [a.b] ➔ R, denotaremos sistematicamente
e
Mi = sup{f(x); x 1 -1 < x < x;} := sup f.
[x,-1,x,)
Observe que os números mi e Mi estão bem definidos, graças à limitação da função J.
Os análogos das aproximações inferior e superior para a área sob o gráfico de f, discuti-
das na introdução, são a soma inferior e a soma superior de J em relação a P, definidas
respectivamente por
k k
s(f; P) = L m (x
1 1
- Xj-1) e S(f; P) = L !vl (x1 1
- XJ-d-
Fixada a partição P, certamente temos mí < A/1 para todo j, de forma que s(f; P) < S(J; P).
Portanto, continuando o paralelo com a discussão da introdução, gostaríamos de declarar a
função / como ínteg,-ávelse
sup{s(J; P); Pé partição de [a, b]} = inf {S(J; P); Pê partição de [a, b]}.
Contudo, há CjU(! se>f cr cuidado, pois a desigualdade s(J; P) < S(J; P) (a qual só vale para uma
me,ma partição P) wlo nccc.'lsar,,amenle implica uma rcla,ão entre o supremo e o ínfimo acima.
21'1
Isto se dá porque não há vínculo algum entre a partição genérica P que declara o conjunto do
primeiro membro e aquela que declara o conjunto do segundo membro; a escolha de uma mes~
letra para denotá-las foi uma questão de mera conveniência.
Assim, para prosseguir em direção a uma definição coerente de integral, temos que comparar
s(J; P) e S(J; Q), para duas partições quaisquer P e Q de [a,b]. Fazemos isso no lema a seguir,
cuja demonstração pode ser omitida numa primeira leitura.
LEMA 4.1.
Seja/ : [a,b] ~ R uma função limitada. Dadas partições P e Q de [a, b], tais que P Q (I
temos
s(J; P) < s(f; Q) e S(J; Q) < S(J; P).
--------------'
PROVA.
Seja P como em {4.1). Considere inicialmente o caso em que Q = P U {x'}, com x' f:.
xo, x1, ... , xk, e tome o único índice t E {l, 2 ..... k} tal que x,_ 1 < x' < xi. Então,
t 1
S(J; Q) = L Af,(x,
J=l
- x,_i) + ( sup f)(x' - x,_ 1)
[r,-1,z'I
k
(4.2)
+ ( sup J)(x, - x') +
1r' .r,)
L lvl (x
J=t+l
1 1 - x1 _i).
de forma que
( sup J)(x' - Xi-i) + ( sup J)(x, - x') < M1(x' - x,_i) + M,(x, - x')
[r, -1,:r') (:r',:r,)
215
' 1 1 'l 1 .\ I'\ 11-.(;f<.\I. f>f·: Hll·.\f \\\
Cem 1<l<'re1 agora, unrn parLição qualquer Q contendo P. Como Q ê um conjunto finito,
po<l'mos pa,' 'ar de P a Q em um número finito de passos, ajuntando a P um ponto de Q \ P
por vez. A~"im fnzendo, obtemos partições P = P1 e P2 e • • • e Pt = Q, tais que, para
2 < i < 11 obtemos P, adicionando exatamente um ponto a Pi-l· Então, segue da primeira parte
da demonstração que
S(J; P) = S(J; Pi) > S(J; P2) > · · · > S(J; Pt) = S(J; Q).
Por fim, a demonstração da desigualdade envolvendo as sornas inferiores é análoga, e será
deixada ao leitor (cf. problema 1.1).
Como consequência imediata do lema anterior, dadas uma função limitada f : [a,b] ➔ IR e
partições quaisquer P e Q de [a,b], temos
Conforme veremos a partir de agora, essas desigualdades é que nos permitirão desenvolver ade-
quadamente a teoria de integração.
Seja / : [a, b] ➔ IR uma função limitada. Fixada uma partição Q de [a, b), as desigualdades
(4.3) garantem que S(f; Q) é uma cota superior para o conjunto {s(f; P); Pé partição de [a,b]}
das somas inferiores de f. Portanto, o axioma' 3 garante que tal conjunto possui um supremo, o
qual será denotado por supp s(f; P):
sups(J; P)
p
= sup{s(J; P); Pé partição de [a,b]}.
Agora, como o supremo de um conjunto limitado superiormente é a menor de suas cotas
superiores(uma das quais é S(J; Q)), concluímos que
Mas, como a partição Q foi escolhida arbitrariamente, essa última desigualdade é válida para
toda partição Q de [a,b]. De outra forma, o número supps(f;P) é uma cota inferior para
{S(/; Q); Q é partição de [a, b]}, o conjunto das somas superioresde f. Portanto, segue do pro-
blema 1.4, página 74, que tal conjunto possui um ínfimo, o qual será denotado por infQ S(J; Q):
ínf S(J;Q)
Q
= inf{S(J;Q); Q é partição de [a,b]}.
Por fim, como o ínfimo de um conjunto limitado inferiormente é a maior de suas cotas inferiores
(uma daHquaiR é RUJ)p s(f; P)), couclufmos que
(4.4)
21G
Estamos finalmente em condições de apre entar a definição central deste capítulo.
sup s(f; P)
p
= inf
p
S(J; P).
Conforme antecipamos no primeiro parágrafo desta seção, funções contínuas e funções mo-
nótonas com domínio [a,b] são exemplos de funções integráveis. Contudo, com o material de
que dispomos até aqui, é mais conveniente apresentar, inicialmente, o exemplo clássico de uma
função não integrável.
EXEMPLO 4.3.
Recorde (cf. problema 3.11, página 102) que a função de Dirichlet é a função/: [O,1] ➔ R
tal que
f(x) = { O se x ~Q .
lsexEQ
Fixada uma partição P = {O = x 0 < x 1 < x 2 < · · · < Xk = 1} do intervalo [O,1], segue do
problema 1.21 página 74, que todos os intervalos [x,_1 , x 1 ] contêm números racionais e irracionais.
Portanto, para 1 < j < k, temos m 1 = O e A,/1 = 1, de forma que
k
s(f; P) = L m (x 1 1 - Xj-d =O
J=l
e
k k
S(f; P) = L Afj(x 1
- x 1
-1) = L(x 1
- Xj-i) = 1.
Então,
sup
p
s(J; P) =O<,-. 1 = inf
p
S(f; P),
e f não é integrável.
-------~~-~-------------~~---
A fim de apresentar de maneira mais transparente os exemplos prometidos de funções in-
tegráveis, é interessante, inicialmente, reelaborar a definição de função integrável conforme o
resultado a seguir, o qual também encontrará utilidade na próxima seção. Tal re~ultado é co-
nhecido como o critério de integrabilidade de Cauchy, e sua demonstração tmubém pode
ser omitida numa primeira leitura.
217
1 ' '1 111 1 .\ 1\ 11·.Li( \1. Ili·. Bll·.\I \:\:\
PROVA.
Suponha, inicialmente, que fé integrável, de sorte que supp s(f; P) = infp S(f; P). Denote
tal valor comum por I, e seja dado € > O. Como I = sup p s(f; P) é a menor cota superior
para o conjunto da somas inferiores de f e I - ½ < I, existe uma partição P 1 de [a,b] tal que
I - ½< s(f; P1). Analogamente, como I = inf p S(f; P) é a maior cota inferior para o conjunto
da somas superiores de f e I + ½> I, existe uma partição P2 de [a,b] tal que S(f; P2) < I + ½-
Pondo Pc = P 1 U P2, segue de (4.3) que
S(f; P,J - s(f; Pc) < S(f; P2) - s(f; Pi)< (1+ ~) - (1- ~)= €.
O < inpfS(J; P) - sup s(J; P) < S(J; Pc) - s(f; Pc) < €.
p •
Mas, uma vez que€> O foi escolhido arbitrariamente, segue que infp S(J; P)-supp s(J; P) = O,
conforme desejado.
PROVA.
Suponha que f ê não decrescente, sendo o caso em que f é não crescente totalmente aná-
logo. Observe que f ê claramente limitada, com imagem contida no intervalo [J(a), J(b)]. Para
estabelecer a integrabilidade de f ê suficiente, pelo critério de Cauchy e dado € > O, encontrar
uma partição P = { a = xo < xi < · · · < Xk = b} de (a, b] tal que a condição (4.5) seja satisfeita
para P,. = P.
Para uma partição qualquer P como acima, segue do fato de f ser não decrescente que
218
()(()'\ll))()J)) )'\)11,)!\I 1 1
Sendo ó = ma.x{x1 - x 3 -1; 1 < j < k}, segue da última igualdade acima e da fórmula (A.27)
para somas telescópicas que
k
S(J; P) - s(J; P) < L(f(x;) - f(xi_i))ó = ó(J(b) - J(a)).
j=l
Portanto, basta escolhermos a partição P de tal forma que ó(f (b) - J(a)) < E; isso ocorre se,
por exemplo, o< /(b)-Í(a)+l, i.e., se
TEOREMA 4.6.
Toda função contínua / : (a, b) ➔ R é integrável.
PROVA.
O corolãrio 52 garante que uma tal f é limitada. Portanto, novamente pelo critério de
Cauchy e dado f > O, para estabelecer a integra.bilidade de fé suficiente encontrar uma partição
P ={a= x 0 < x 1 < · · · < Xk = b} de (a,b) tal que (4.5) seja satisfeita para Pi= P.
Como na demonstração do exemplo anterior, temos
k k
S(J; P) - s(J; P) = L M1 (xj - x3 -1) - L mj(x 1 - x1 -1)
j=l j=l
k
(4.6)
= L(M 1
- m )(x 1 3
- xj_ 1
).
j=l
Lá, também tínhamos m 3 = M3 -1, uma vez que f era não decrescente. Para uma funçiio
contínua mas não necessariamente não decrescente, esse não é, em geral, o ca o. Contudo,
podemos utilizar a continuidade de f para controlar o fator Ali - m;, em vez do fator J'J - .r:1-t ·
219
'. \1·111111 1 .\ I'\ 11-.CH \1. Ili-: HIE\I.\:\:\
Como f tem por domínio um intervalo fechado e limitado (a,b], o teorema 51 garante que f
é uniformemente contínua. Logo, consoante a definição 50, dado É > O, existe ô> O tal que
Portanto, começando com uma partição P tal que x 1 - Xj-l < ô para 1 < J < k, concluímos que
Mas, uma vez que MJ = sup{f(x); Xi-I < x < xi} e m 1 = inf{f(y); x1 -1 < y < x1 }, segue
facilmente da desigualdade acima que
(<!.7)
Por fim, sendo Puma partição tal que x 1 - x 1 _ 1 < 8 para 1 < J < k, segue de (4.6), { 1.7) e
novamente da fórmula (A.27) que
k
S(f; P) - s(f; P) = I).\/ 1 - m 1 )(i·1 - x 1 _i)
J-1
k
< L l(.1· 1 - .1·1 _i) = l(b - a).
J=l
•
Logo, para que S(J; P) - s(f; P) < t, basta começarmos com E'= 2 (b~a).
Se f : [a, b] -+ 1Ré uma função integrável, denotamos a integral de f sobre o intervalo [a, b]
'
t
\
escrevendo
J(x)dx. (4.8)
Vale observar que a notação acima, devida a Leibniz, tem sua razão de ser: o símbolo J lembra
um S estilizado, e está presente para recordar que o cálculo do valor da integral envolve um
processo de aproximação por somas; os números a e b recordam o domínio da função f que está
sendo integrada; dx recorda que as somas que aproximam o valor da integral envolvem diferenças
Xi - x,_ 1 de elementos de uma partição P de [a, b], diferenças estas que, classicamente, eram
denotadas por óx,. Note, ainda, que tanto faz denotarmos a integral de f sobre o intervalo [a, b]
como em (4.8) ou escrevendo
[ J(t)dt.
De fato, uma tal mudança de notação equivale a mudarmos o nome da variável que denota os
elementos do domínio [a, b] da função f, o que certamente não afeta o valor de sua integral.
220
Em que pese a densidade do material desta seção, infelizmente ainda não dispomos de um
procedimento geral para calcular, para-funções f : (a,b] ➔ 1Respecíficas, o valor de J,;J(.r)rl.r.
Remediaremos essa situação na seção 4.4. Contudo, veja os problemas 1.2, 1.4, 1.5 e 1.10.
1.2. * Se J: [a, b) ➔ 1Ré uma função constante, digamos f (x) = e para todo x E [a, b), mostre
que
l f(x)dx = c(b - a).
1.4. * Para uma função não negativa J : [a, b) ➔ IR, verifique que as aproximações
por falta e
por excesso (1) e (2) para a área da região 'R, são casos particulares de somas inferiores e
superiores de f. Em seguida, use esse fato, (6) e o resultado do problema anterior para
mostrar que, dados n E N e b > O, temos
b bn+l
1 0
xndx= --.
n+l
e
1 2
2( vu+ vv)(u - v) < 3(u,/ü - v\l'v).
221
\ 1 1 , , ,1 1:11 1 ,
e
./b-Ja 2 r,-
s( Jx;Pk) + k < (bv b - ava).
2 3
(e) Conclua que J:./x dx = ~(b./b- aJa).
1.6. Admita que f01 ✓:+i dx = 2( ./2- 1). (Calcularemos esta integral no item (d) do problema
4.1, página 259.) Se an = 7n(Ji~n + ✓21+n + · · · + ¼n)para n E N, mostre que a
sequência (an)n>l converge para 2( v'2- 1).
1.8. Sejam f : (a, b] -+ lR uma função limitada e a > O um real dado. Se, para cada k E N,
existe uma partição Pk de [a,b] tal que S(f; Pk) - s(f; Pk) < i, mostre que f ê integrável
e que
J.J(x)dx =
ª
b lim s(f; Pk) = lim S(f; Pk)-
k-++oo k-++oo
Para o próximo problema, o leitor pode achar conveniente reler o enunciado do problema
4.3, página 109.
1.9. Sejam f : [a,b] -+ lR urna função lipschitziana, com constante de Lipschitz e, e Pk = {a=
x0 < x 1 < · · · < Xk = b} uma partição equiespaçada do intervalo [a, b].
2
(a) Mostre que S(f; Pk) - s(f; Pk) < c(b~a.> .
(b) Para 1 < j < k, escolha um real t.kJ E [xj-1, xj] e defina a soma E(J; Pk; t,k) por
E(J; Pk; t.k) = Í:~=l f (t.ki)(x 3 - X1-1). Prove que
J.
ª
b J(x)dx = lim E(J; Pk;t,k)-
k-++oo
sen 2
h
2
222
lllilll:11\I\'- "-.!1\1111 ,
f(x) = { O, se x = O ou x ~ Q
~, se x = '; com m, n E N e mdc (m, n) =1
Prove que f é integrável.
223
, 1 \ 1 1 11 1 , , 1 .\ [\: 1 H ; 1<\ 1. ll l·. H IF \ 1 \ :\ :\
I. O mais das vezes, a apresentação da integral nos cursos de Cálculo faz uso do conceito
de somas de Riemann 1 . Mais precisamente, dada uma função limitada J : [a,b] ➔ IR, define-
se f como integrâvel (a Riemann) se existir um número real J (a integral de Riemann
de J) satisfazendo a seguinte condição: dado t: > O, existe ô > O tal que, para toda partição
P ={a= Xo < x1 < · · · < Xk = b} de [a,b] e toda escolha de pontos ç1 E [x1 -1,x 1 ], 1 < j < k,
tenhamos
k
max{lx 1 - Xj-1 I; 1 < j < k} < ô=> L J(çi)(x 1 - x 1 _i) - I < t:. (4.9)
J=l
Nas notações acima, dizemos que max{lxi - xi-d; 1 < J < k} é a norma da partição P e
que E~=l J(çi)(xi - xi-d é a soma de Riemann de f com respeito a P e ao pontilhamento
ç = (çi)i$i$k de P. Denotando
k
resumimos (4.9) dizendo que I é o limite das somas de Riemann E(J; P; ç), quando IPI ➔ O e
para todo pontilhamento ç de P. Ademais, nesse caso, escrevemos simplesmente
,,.,.JAA 4. 7. RIEMANN
Uma função limitada/ : [a, b] ➔ R é integrável (no sentido da seção anterior) se, e só se,
ate o limite limlPl➔O E(/; P; {) de suas somas de Riemann, para todo pontilhamento ç de P.
-ai•~ neaaecaso, tem-se
1Após
1
a
b
224
Apesar do fato de a introdução da integral por meio de somas de Riemann ter sido a maneira
pela qual a teoria se desenvolveu historicamente, a abordagem por meio de somas superiores"
e inferiores torna tecnicamente bem mais simples a discussão do material da próxima seção.
Entretanto, conforme veremos a partir de agora, a caracterização da integral dada pelo teórema
de Riemann nos permite alicerçar a discussão heurística da introdução, acerca do cálculo de
áreas.
Dada uma função limitada e não negativa f : [a, b] --t IR, denote (como na introdução) por
n a região sob o gráfico de f (e situada acima do eixo das abscissas e entre as retas x = a e
X= b):
Seja Pk = { a = Xo < x1 < · · · < Xk = b} uma partição equiespaçada de [a, b), i.e., tal que
x 1 - x 1-1 = b-,_a,
para 1 < j < k.
Se f é conUnua, então, pelo teorema 53, para 1 < j < k existem Çkj, ç1iE [x3 _ 1 , xj] tal que
Portanto, as aproximações por falta e por excesso A(J; k) e A(f; k) para a área de 1?.,{definidas
por (1) e (2), página 3)) coincidem, respectivamente, com as somas de Riemann E{/; Pk; çk) e
E(f; Pk; (D (observe que, aqui, Çk e ç1denotam pontilhamentos do intervalo [a, b), em vez dos
elementos de um pontilhamento). Mas, como IPk1 = ¼,segue do teorema de Riemann que
e, analogamente,
fb J(x)dx = lim A(J; k).
Ía k-++oo
225
( \llilli, 1 .\ l'\IILH\I Ili BII\I\'\'\
~--------------
A(R) = t f (x)dx.
-----------~~-----
a próxima s ção, a definição acima fornecerá argum nto h urí ico p r pi u 1 ilid d
algumas das propriedades operatória da integral d Riemann.
4.9.
Dw.emos que X e Ré um conjunto de medida (de Lebesgue) nula , dado f > O,
existem intervalos abertos 11, /2, /3 ... tais que
e LJI, L 111<
j~l
e
j~l
1 f,
226
pontos de descontinuidade de funções contínuas ou seccionalmente contínuas são finitos (logo,
certamente de medida nula), tais função são integráveis. Por outro lado, é possível provar que
[O.l] não tem medida nula, mas Q tem medida nula; isso explica o fato de a função de Dirich1et
não ser integrável (uma vez que o conjunto de seus pontos de descontinuidade é todo o intervalo
[O,l]), bem como o fato de a função do problema 1.11, página 223, ser integrável (posto que o
conjunto de seus pontos de descontinuidade é Q n [O,l]).
É possível provar que o conjunto ndos números irracionais contidos em um intervalo qualquer
não tem medida nula. Portanto, uma função f : [a, b] ➔ 1R.cujo conjunto dos pontos de
descontinuidade seja [a, b]n Il não é integrável. Mas, uma função com um tal conjunto de pontos
de descontinuidade pode existir? Pode-se provar que não, mas a demonstração também foge ao
escopo dessas notas.
Para uma discussão detalhada dos fatos acima, sugerimos novamente ao leitor consultar uma
das referências (l], [20], (26) ou (27).
III. Posteriormente a Riemann, no início do século XX, uma versão mais flexível do conceito
de integral foi introduzida pelo matemático francês H. Lebesgue. A fim de apreciar a diferença
entre tais conceitos, precisamos da definição a seguir.
DEFINIÇÃO 4.10.
A função caracterlstica de um conjunto A e R é a função X,4 [a, b) ➔ R, tal que
XA(x) = 1, se x E A, e O, se x </.A.
onde m 1 = inf1x,_1 ,:r1 J f e M1 = SUP(x,_ 1 ,x1 J f. ~:~.--próximaseção, mostraremos (cf. exemplo 19)
que tais funções são integráveis a Riemann, com
J. J.
b k b k
JP, (x)dx = ~ m1 (x1 - x,-1) e ÍP,+(x)dx = ~ AI,(x1 - x,-1).
227
< \1'111 1, 1 1 .-\ IYI u;JL\I. IH·: HIE\I.\\'\
Se os conjuntos Ai não forem muito complicados (num sentido que não nos interessa aqui),
mostramos que é possível associar a cada Aj um número real não negativo m(A 1), denominado
a medida de Lebesgue de A,, de uma maneira tal que, se A 1 for um intervalo, então m(AJ)
coincide com o comprimento de A,; nesse caso, dizemos ainda que A 1 ê um conjunto mensu-
rável (a Lebesgue). Em seguida, supondo que cada A 1 ê mensurável, consideramos a função
simples
k
ÍQ = L
j=l
Y1-1XA)
(4.10)
Por fim, se para toda partição Q de [O,L] todos os conjuntos A 1 definidos como acima forem
mensuráveis, dizemos que f ê uma função mensurável; nesse caso, definimos a integral de
Lebesgue de f, denotada Íia,b) f, por
Apesar de termos considerado somente o caso de funções li.mitadas e não negativas na discus-
são acima, é possível considerar a noção de integral de Lebesgue no contexto de funções limitadas
e mensuráveis f: [a,b] ➔ lR quaisquer. (De fato, podemos considerar também o caso de funções
não limitadas, mas isso não vem ao caso aqui.)
É possível mostrar que a integral de Lebesgue é mais abrangente do que a integral de Riemann,
de duas maneiras: por um lado, toda função f : [a,b] ➔ lR (li.mitada e) integrável a Riemann
é também integrável a Lebesgue, e os valores das integrais de Riemann e de Lebesgue de f
228
coin id m· por o -
int • L b a fun - iri
- 5.4 ( f. o gu t mbém
dispõ d teo m d con erg-nc ·a uj d mo raçõ h no ont 'to da int gral
d Ri mann. r Y 1am impr cindi,· • para o tudo d d m • profundas d
cqu-nc d funç - . m últim an • • raz p 1 quai
am gu m ad u da do qu al d muit propó ito
u apli"°""'v~ tr am nto mod rno da
dit r n i •
r p udam dir t u nt m gr 1 d
raz o qu . por um 1 do m qu
,
p int r 1 d Lb gu
111 ral d Rim 111
( 'Ili ( 1.11) d
p r d1 mui itu -
Pnt d r 11 u 1-7]p um in r du - b nt
1 IP111 •11t 1 1 int 1 1 1
r l 11 .2
'....1. 11 m ( ) i p bl u .l u fol X n(1r )d =l 1f
f l )l 1 n)n;?:l n rg limn + an = 1.
f.ªf(x)dx + J.'r 1
(x)dx > ab
p t r n n tiv a b.
22
( \ l 'I 1 1 1 ( l 1 :\ '\:TECI{.\(, I>E H IE\I.\\:\:
PROPOSIÇÃO 4.11.
Se/, g.: [a, b]➔ R são funções integrá.veis e tais que f < g, então 1:J(x)dx < 1:g(x)dx.
PROVA.
Sendo P = { a = Xo < x1 < · · · < xk = b} uma partição de [a, b], segue imediatamente de
f < g que M;(J) < M 3 (g), para 1 < j < k. Portanto,
k k
S(J; P) = L M;(J)(x; - x3 -1) < L J\ll (g)(x; -
3 Xj- 1) = S(g; P).
para toda partição P de (a, b]. Assim, 1:J(x)dx é uma cota inferior para o conjunto das somas
superiores S(g; P), de forma que
 230
Consideremos, agora, uma função integrável e não negativa f: [a, b] ➔ lRe um real p08ítívoe.
O problema 5.10, página 59, garante que a região 'Rc/ sob o gráfico da função cf pode ser obtida
da região 'RJ sob o gráfico de / por meio de uma dilatação vertical por um fator e; esperamos,
pois, que A('Rcf) = cA('R1 ). Por outro lado, se g : [a,b] ➔ lR é outra função integrável e não
negativa, então, para cada x 0 E [a,b), o segmento da reta x = x 0 contido em 'R1+u (a região
sob o grãfico de / + g) tem comprimento igual à soma dos comprimentos dos segmentos de tal
reta contidos em n 1 e 'R9 ; isto sugere que 'R1+9 pode ser obtida colando 'R9 acima de n 1 e que,
portanto, devamos ter A('R 1+9 ) = A('R 1) + A('R 9 ).
A seguir, veremos que as duas propriedades da integral sugeridas pelos argumentos heurísticos
do parágrafo anterior são realmente vâlidas. Doravante, nos referiremos a tais propriedades
respectivamente como a linearidade e a aditividade da integral de Riemann.
PROPOSIÇÃO 4.12.
Se f, g : (a, b) ➔ IRsão funções integráveis e e E IR,então:
PROVA.
(a) Corno na prova da proposição anterior, seja P ={a= x 0 < x 1 < · · · < Xk = b} uma partição
de (a, b].
Se e > O, é imediato verificar (cf. problema 1.10, página 75) que
e
inf S(cf; P) = inf(cS(/; P)) = e inf s(f; P) = clb f(x)d:r.
p p p a
231
< \1111 1,, 1 .\ 1:\11-:c;B\I. Ili·: Hll-:\1\'-.\
, 'e< O, a demonstração das duas relações acima é inteiramente análoga, bastando observar,
sue'· ·ivmnente, que mi(cf) = e 1'vl
1 (f), Mi(cf) = cmi(f), s(cf; P) = e S(f; P) e S(cf; P) =
e ·(/; P), de forma que
sups(c/; P)
p
= sup(cS(/;
p
P)) = e inf
p
S(J; P) = cf.b
a
f(x)dx
.
e, analogamente, infp S(cf; P) = e J:f(x)dx.
Em qualquer caso, temos infp S(c/; P) = supp s(cf; P) = e J:f(x)dx. Logo, cf é integrável,
com
J.bcf(x)dx =
a
inf S(cf; P)
p
= cf.b
a
J(x)dx.
(b) Sejam P e Q partições de [a,b] tais que P U Q = {a = x 0 < x1 < · · · < Xk = b}. Segue
prontamente do problema 1.11, página 75, que
ou, ainda (em relação à partição P U Q) Mi(!+ g) < Mj(f) + Ali(9), Portanto,
k
S(f + g; P U Q) = E Mi(!+ g)(xj - x 1 -1)
= S(J; P u Q) + S(g; P u Q)
< S(J; P) + S(g; Q).
Mas, como infR S(J + g; R) < S(J + g; P U Q), segue das desigualdades acima que
inf S(f + g; R) < inf {S(J; P) + S(g; Q); P, Q partições de [a, b]}
R
~ inf S(f; P) + inf S(g; Q)
P Q (4.12)
= J.ºJ(.r)d:r+ jb g(~r)dx.
h h
232
Argumentando de forma análoga ao que fizemos até aqui, obtemos sucessivamente m1 (J+g) ~
m1 (f)+mí(g), s(f +g: PUQ) > s(f; P).+s(g; Q) e supR s(J+g; R) > s(f; P)+s(g; Q). Portanto,
utilizando uma vez mais o resultado do problema 1.11, página 75, obtemos
Um corolârio óbvio da propo ição anterior é que. e /, g : [a.b}➔ IR são funções integráveis,
então J - g : [a, b1 ➔ IR também é integrável, com
Realmente, o item (a) garante a intcgrabilidadc da função - /, ao passo que o item (b) garante
aquela de f - g-= f + (-g). A relação (4.14). egue, agora, das fórmulas dos itens (a) e (b) da
proposição anterior:
Se f : [a, b}➔ IR é uma função contínua, a regra da cadeia para funções contínuas garante
que Ili = l · Io f: [a, b}➔ IRtambém o é; em particular, l/1também é integrável. No que segue,
e tabelecemo a integrabilidade de lf I supondo que / é simplesmente integrável. Obtemos, ainda,
uma de igualdade muito útil entre as integrai~ de / e de 1/1, conhecida como a desigualdade
triangular para integrais.
PROPOSIÇÃO 4.13.
Se J : [a, b}➔ R, é uma função integrável, então a função 1/1: [a, b] ➔ R tambéuié
e vale a desigualdade abaixo:
[ J(x)dx < [ lf(x)ldx.
233
< \1·111111 I .\ 1'--111,1:\I 1>1 Hll\l\'\\
PROVA.
Sejam f +, f- : [a, b) ➔ [O,+oo) as funções dadas por
f +(x) = ma.x{f(x), O} e J_(x) = - min{J(x), O}.
= t IJ(x)ldx
(Para uma outra prova de (4.15), sugerimos ao leitor o problema 3.7.) Analogamente, mostramos
que
- [ J(x)dx = [<-J)(x)dx < [ 1(-J)(x)ldx = [ IJ(x)ldx,
de sorte que
- [ lf(x)ldx < [ J(x)dx < [ u<x)ldx,
o que por sua vez equivale a (4.15).
Resta demonstrar a integrabilidade de f+• Para tanto, seja P ={a= x0 < x 1 < ... < xk =
b} uma partição de [a, b). Se J(x) > O para algum x E [x1 -1, x1), então M1 (J+) = M1 (J); por
outro lado, como f + > J, temos m 1 (J+) > m 1 (J), de sorte que
234
Em qualquer caso, temos 1'13(f +) - m 3(J+) < li/ 1(/) - m 3(J), de forma que
k
S(f+; P) - s(J +; P) = L(1'1 1 (f+) - m 1 (f+))(x 3 - x 1 -1)
;=l
k
< L(i\tl 3(J) - m3(J))(x 3 - x3_ 1)
J=l
Agora, como fé integrável, o critério de Cauchy garante que, dado t > O, podemos tomar a
partição P de tal forma que S(J; P) - s(J; P) < t. Mas, sendo esse o caso, segue dos cálculos
acima que S(J +; P)-s(J +; P) < t. Portanto, novamente pelo critério de Cauchy, f + é integrável.
EXEMPLO 4.14.
Dada uma função f: [a, b] ➔ R, pode muito bem ocorrer que 1/1seja integrável sem que/
o seja. O exemplo clássico é fornecido pela função/: (O,l] ➔ R, tal que
f(x) ={ -1, se x ~Q .
1, se X E Q
Um argumento análogo ao do exemplo 3 garante que/ não é integrável. Por outro lado, 1/1é a
função constante e igual a 1, logo, integrável.
235
<. \l'l 11111 I .-\ )\ 1 F<;f<.\L rn-: HIE\I.\\\
PROPOSIÇÃO 4.15.
Scjnm dados uma função f : [a,b] -t IR e um real e E (a, b). Se as restrições de f aos
intervalos [a, e) e [e, b) são funções integráveis, então f também é integrável, com
PROVA.
Denote por f1(a,c) e f1[c,b)as restrições de f aos intervalos [a, e) e [e,b), respectivamente. Dado
€ > O, as integrabilidades de !l[a,c) e Íl(c,b) garantem, por intermédio do critério de Cauchy, a
de forma que, invocando uma vez mais o critério de Cauchy, concluímos pela integrabilidade de
•
f.
Para o que falta, seja ó. = J:J(x)dx - J:f(x)dx - fcb J(x)dx. as notações da discussão
acima, temos
= S(111.,,1;P) + S(111,,,1;
Q)- [ f(x)dx - l J(x)dx
Logo, 16.I< t:. Por fim, como t: > O foi escolhido arbitrariamente, concluímos que 6. = O.
236
• ão ant ri permi irá ar m mpl d funções
in gráv i on udo. an d faz· lo. prtÃ.i.:><1ll.lO
do ruint r ult do uxiliar.
LE 1A .16.
f. g: [a. b) ➔ - funçõ ais que f • int grá\ l f = g em (a, b) então g é integral
J:f(x)d;1, = J:g(x)dx.
pq \' .
ini i lm n o e o m qu f = g m (a b). r m t ndo o l itor ao probl ma
3 p r g ral.
P - {a = Xo < 1 < ··· < x = b} • um p tiç- d {a, b) in id"n ia d f g m
[:.r.ox -1J f rn
= ( (:rinf
-• 1
J- inf
(:r -a.:r
g)(.rk - ·k 1)
237
< \1'1111(1 1 .\ J'..:ILCH\l.1>1-. Htl-:\1.\.'\\
Para a igualdade das integrais de J e de g, note que (novamente pelos cálculos acima)
Escolhendo a partição P de forma tal que b- xk-l < 2(1f(b)-Eg(b}l+l} e S(g; P) - J:g(x)dx <½
(esta última escolha sendo possível graças ao critério de Cauchy), obtemos
Por fim, trocando os papéis de / e g no raciocínio acima (o que é perfeitamente lícito, uma
vez que já estabelecemos a integrabilidade de g), obtemos a desigualdade contrária à última
desigualdade acima, o que demonstra a igualdade das integrais.
PBmUÇÃO4.17.
Umá função / : [a, b] ➔ R é seccionalmente continua se existem a = x 0 < x 1 < • • • <
a:,•b tail,,que / 6 contínuano intervalo(x;- 1 , x;}, para 1 < j < k, e existem os limites laterais
1.._, t.+ /(s), Hm11 •b-- /(x) e limz-+z,± /(x}, para 1 < j < k.
A Figura 4.1 esboça uma função seccionalmente contínua f : (a,b] ➔ IR,a qual é descontínua
em exatamente três pontos.
238
y
a b X
PROPOSIÇÃO 4.18.
Se f . [a, b] ➔ IR é uma função seccionalmente contínua, então / é integrável, com
(' k rr,
Ía f(x)dx = L, Ír f(x)dx. (4.17)
o J•I r,-1
PHO\ \
Se Íi: [.r1 -1ix,) ➔ Ré tal que J, = J em (x,-1,x,) e Jj(x 1 _i) = limx--+x,1 +f(x), J1 (x1 ) =
lim~-+,,- /(.t), então J, e contínua, logo intcgrAvel. Agora, o resultado do lema 16 garante que
n rest11ção de / ao inter\"alo [:r,-1, x,l também é integrável, com fx'
:r,-1
f(x)dx = J:rj-1
rx, J1 (x)dx.
Po1 fim, repetidas aplicações da propo ição 15 garantem que J ê integrável em [a, b], e que vale
(4.17).
Para o exemplo a ~eguir, o leitor pode acr~..útil rever o conceito de função característica de
um conjunto, à definição 10.
EXEMPLO 4.19.
Sejam a = x0 < x 1 < • • • < x,. = b uma partição do intervalo [a, b], e J : (a, b) ➔ R •
definida por
1c
/(x) = L CjX[:r,_ 1 ,z,],
J=l
239
\ 1 1 '
1
\ 1 '1 1: 1 1 1
\
R, para 1 < j < k. Uma vez que fé claramente seccionalmente contínua, a proposição
,prante sua integrabilidade, com
b k rx 1
J.J(x)dx L lx
a
=
J=l x 1 -1
f(x)dx.
O próximo resultado, o qual estabelece a recíproca da propo 1ção 15, será de crucial impor
tância para o cálculo efeti'~o de integrais, na próxima s ção.
PROPOSIÇÃO 4.20.
Se f : (a, b) ➔ R é uma função integrável e a < e < b, então as restrições de f aos intervalos
(a, e) e [e, b)(as quais serão denotadas simpl~mente por f) também são integrávei5, com
PROVA.
240
l
S(fl[a.cJ; P) - s(fl[a,ci:P) = L/AI 1 (f) - m 1 (f))(xj - X 1-1)
;=1
k
< L(Al 1 (f) - m3 (J))(x 1 - x1 _ 1 )
J=l
O último resultado desta seção mostra que o produto de duas funções integráveis é também
integrável. Entretanto, conforme mostra o problema 3.10, o valor da integral do produto das
funções não guarda uma relação simples com os valores das integrais dos fatores. (Veja, contudo,
o problema 3.12.)
PROPOSIÇÃO 4.21.
Se/, g: [a, b] -+ R são funções integráveis, então f g: [a, b]-+ R também é integrável.
PRO\'A.
Suponha que já mostramos que o quadrado de uma função integrável é integrável. Então,
(J +g) 1 e g2 são integráveis, de forma que, como f g = ½((f+g)
2
,
2
f -g repetidas aplicações
2
-
2 2
),
Para tanto, note inicialmente que 12 é certamente limitada. Agora, dada uma partição P =
{a= x 0 < x 1 < · · · < xk = b} de [a, b], segue do problema 1.12, página 75, que
241
( \1111 111 1 .\ hllC:H\I. )))·: HIF\I\\:\:
k
< 2 sup f · I)M 1 - m1)(x1 - x1_i)
(a,b) J=l
Invocando o critério de Cauchy uma vez mais, dado f > O e graças à. integrabilidade de f,
podemos supor que S(f; P) - s(J; P) < 2(sup /b /)+l. Logo, os cálculos acima garantem que
1 1
2 2
S(/ ; P) - s(/ ; P) < 2(sup /) • 2( € /) < f.
(a,b) SUP[a,b) +1
Portanto, também pelo critério de Cauchy, / 2 é integrável.
3.2. Seja f : [a, b] ➔ 1Ruma função contínua, com um número finito de zeros no intervalo [a, b],
digamos x 1 < x 2 < · · · < xk. Se
Rj = {(x, y) 2
E 1R ; a < x < b e O < y < f (x)}
e
prove que
J.
a
b f(x)dx = A(Rj) - A(R 1).
Para o próximoproblema, dadas funções contínuas f, g : [a, b] ➔ JR,tais que g(x) < J(x)
para todo x E (a, b],seja
242
a região do plano situada entre os gráficos de f e g. Definimos a área ele Riu por
3.3. Prove o princípio de Cavalieri: parai= 1, 2, sejam fi, 9i : [a,b] ➔ IR funções contínuas,
tais que g,(x) < !t(x) para todo x E [a,b]. Se, para todo x E [a,b], o segmento que une
os pontos (x, /1 (x)) e (x, g 1 (x)) tem comprimento igual ao segmento que une os pontos
(x, h(x)) e (x, g2(x)), então A(R1i9 J = A(R1292 ).
3.4. Seja L·J: 1R➔ 1Ra função parte inteira (cf. problema 1.9, página 23). Para n EN, calcule
lonlxJdx.
3.5. Seja{-}: IR ➔ IR a função parte fracionária (cf. problema 1.10, página 23). Para n EN,
faça os seguintes itens:
3.6. * Sejam J,g: [a,b] ➔ IR funções contínuas, tais que J(x) < g(x) para todo x E [a,b]. Se
1:J(x)dx = 1:g(x)dx, prove que J = g.
3.7. Seja f : [a, b] ➔ IR uma função integrável. Admitindo que 1/1também
é integrável, use o
fato de que -IJ(x)I < J(x) < lf(x)I, para todo x E [a,b), para deduzir (4.15).
3.8. * Complete a demonstração do lema 16, analisando o caso em que f = g em (a, b).
3.9. Dados O < a < b e n E N, calcule 1:xndx. Em seguida, calcule 1:f(x)dx, onde f(x) =
E7=o a1x 1 , com ao, a1, ... , an E IR e an =f O.
3.10. Dê exemplo de funções contínuas e não negativas /, g; [a,b] ➔ IR tais que 1:J(x)dx > O,
1:g(x)dx > O mas 1:J(x)g(x)dx = O.
3.11. * Seja f : [a, b] ➔ IR uma função integrí...":. Para O < € < b;a, mostre que
b-< 1b
lim
<➔O J.
+t
J(x)dx =
a
f (x)dx.
J. b
J(x)g(x)dx <
(
J.b 2 )
f(x) dx
1/2 (
J. b
g(x) 2dl·
) 1/2
243
f e g são contínuas mostre qu a igualdad ocorre se ó E
tal que J(x) = Àg(x), para todo x E [a b].
244
4.4 O teorema fundamental do Cálculo
O propósito principal desta seção é tomar rigoroso o argumento da introdução que levou a
(11). página 7. Ao longo da mesma, salvo menção E!Àrplícita em contrário, denotamos por / um
intervalo da reta e por/: / ➔ Ruma função integrável em todo intervalo [a,b] e/.
Para e E / e [a,b] e I. definimos
A partir daí, utilizando a segunda parte da proposição 20. é imediato verificar que
ÜEFINlÇÃO 4.22.
SeJam I C IR um intervalo e / : / ➔ uma funçüo integrável em cada intervalo [a, b) e /.
[·1xado e E /. a integral indefinida dt."'/ baseada cm e é a função F : I ➔ R definida por
para todo a, b E /.
Agora, podemos enunciar e provar o result"-4') principal desta seção, o qual se constitui em um
do~ mah, importantes resultados básicos do Cálculo e é conhecido na literatura como o teorema
fundaiuental do Cálculo. (Por vezes. abreviado TFC).
245
<. \1'111 1< > I :\ (\; ru;H.\L DE HtE:\I.\\\
PROV\.
Fixe .t E J\ {x0}. Aplicando sucessivamente (4.20), o resultado do problema 1.2, página 221,
a aditividade da integral e a desigualdade triangular para integrais, obtemos
1 !.X
-o (J(t) - J(x 0 ))dt
lx - xol ~
(Na última igualdade acima, o módulo fora da integral deve-se ao fato de que, se x < x 0 , então
fx:lf(t)
- f(xo)ldt = - J:ºIJ(t) - f(xo)ldt.)
A continuidade de f em x 0 garante que, para E > O dado, existe ô > O tal que
Portanto, .para O < lx - x0 1 < ô, temos lt - x0 1 < ô para todo t pertencente ao intervalo de
extremidades x 0 ex, de modo que IJ(t)- f(xo)I < E. Segue, pois, da monotonicidade da integral
e novamente do resultado do problema 1.2, página 221, que
•
J.
x lf(t) - J(xo)ldt < J.:r Edt = Ejx - xol•
XQ Xo
Por fim, os cálculos acima garantem que, para x E J tal que O< lx - x 0 1 < ô, temos
F(x) - F(x 0 ) 1
- f (xo) < IX I • Ejx - xol = E.
X - Xo - Xo
O TFC é a peça que faltava para podermos calcular efetivamente e de maneira simples as
integrais de várias funções usuais. Antes de fazê-lo, contudo, precisamos de urna definição.
l)JWINlÇÃO4. 24.
Sejasn J C Rum intervalo e/ : /--+Ruma função integrável em todo intervalo [a,b] e I.
IYa para/ em/ é uma função derivável F: /--+ R, tal que F' = f em I.
Em termos da definição anterior, o TFC garante que toda integral indefinida de uma função
contínua f: l--+ Ré uma primitiva de f em I. De fato, sendo F : J--+ R a integral indefinida
246
de F baseada em e E I, segue do TFC e da continuidade de J em I que F' (x) = J(x), para todo
x E/. De outra forma, temos que:
f contínua =}
d 1xe J(t)dt
dx = J(x). (4.21)
O próximo resultado garante que, mesmo para uma função meramente integrável, não há
outras primitivas possíveis para f. De outra forma, ele garante que, para/ meramente integrável,
não há outras soluções possíveis para (4.24).
TEOREMA 4.25.
Sejam I e 1Rum intervalo e f : I ➔ 1Ruma função integrável em todo intervalo [a, b) C J.
Se F : I ➔ 1Ré urna primitiva de f, então, fixado x 0 E I, temos
PROVA.
Suponha x > x 0 ( o caso x = x 0 é trivial e o caso x < x 0 pode ser tratado de modo análogo,
levando-se em conta que fx: J(t)dt = - J:ºJ(t)dt).
Seja P = {x 0 < x 1 < · · · < xk = x} urna partição de (x0 , x]. Como F é derivável em I, F é
contínua em cada intervalo [a, b] e I. Portanto, pelo TVM de Lagrange, existe E,3 E (x3 _ 1 , x 1 )
tal que
F(x 1 ) - F(x 3 _i) = F'(E,1 )(x 1 - x3 -1) = J(E,i)(xi - Xj-1),
para 1 < j < k. Segue, pois, que
k
F(x) - F(xo) = I:)F(x 3) - F(x;-1))
J=l
k
= L f(E,1 )(x 1 - x 1 -1)
i=l
= E(J; P; E,).
Recorde agora que, de acordo com o teorema de Riemann 7, temos
247
( \ 1•1 1 1 1 1 i 1 :\ 1\ 1 Ee; H. \ L 1>E H 11-:
:\ 1.\ \' \'
l' umn função f : 1 -+ IR tem primitiva, então, graças ao teorema anterior, é costume
J
dcnot.u· umn primitiva genérica de J escrevendo J(t)dt. Bem entendido, o leitor deve ficar
atento pnrn não confundir as notações f J(t)dt e J:J(l)dt: enquanto a primeira notação refere-
se a uma. função de J em IR cuja derivada coincide com f em /, a segunda denota um número
1'!!.al. Observe, ainda, que o teorema anterior garante que, se J
J(t)dt é uma primitiva de f em
J, então as primitivas de f em I são as funções da forma
J f(t)dt + C,
COROLÁRIO ·4.26.
Se / : [a, b) ➔ R é uma •função integrável e F : [a, b] -+ IR é uma primitiva de f, então
1
b • lx-b
/ (t )dt = F (X) :r=a. (4.23)
0
PROVA.
Faça x 0 = a ex= bem (4.22).
Conforme antecipamos, o corolário anterior fornece uma estratégia geral para o cálculo do
valor de J:J(t)dt:
basta conseguirmos visualizar o integrando f como a derivada de uma função
F, aplicando (4.23) em seguida, para obter J:J(t)dt = F(b) - F(a). Por isso, é costume
escrevermos (4.23) como
b l:r-b
 2,18
para reais a < b, que
.
rb f(t)dt = F(x)1.r=b=
}0 x:a
t
i=O
~(b1+l
J +1
- aj+l).
EXEMPLO 4.28.
Calcule J01r sen x dx, f 011' sen2 x dx e f 011' cos2 x dx.
SOLUÇÃO.
Como a função - cos é uma primitiva da função sen, segue do corolârio anterior que
1O
1r
sen x dx = - cos x
1x-7r
x=O
= - cos 1r + cos O = 2.
Quanto à segunda integral, como sen2 x = ½(1 - cos 2x) e fx sen 2x = 2 cos 2x, temos, novamente
pelo corolârio anterior, que
71'
sen2 x dx = 1 /.71' (1- cos 2x )dx = 1 ( x - 1 sen 2x ) 1X=71'
x=O= 1í
.
/. 0 2 0 2 2 2
Por fim, como sen2 x + cos2 x = 1, temos
Uma outra maneira de refrasear (4.21), a qual é de grande importância para a teoria de
EDOs, é colecionada na proposição a seguir.
PROPOSIÇÃO 4.29.
Sejam / e 1Rum intervalo e f : / --+ 1Ruma função contínua.
problema de valor inicial
y' = J(x)
{ y(xo) = Yo
249
\ I'\ 11 (,1: \I Ili 1:11 '1 \'
RO\'.
m luç~ d ( .2 ) ' um fun - d riv 1 F : I ➔ ai qu F'( ) = f(x) para
tod x E / F(. 0 ) = y0 . orno f , on ínu ( .21) g ran qu a funç~o F d finid m
(4.2 ) uma oluç~o d (4.24). r u r 1 do F 1 F2 : I ➔ ( .2 ), n o
F{ = f = F~• lo o o pr bl m .1 p gin 16 g r n qu F 1 - F2 , on an mo
(F1 - F2)(.ro) = Yo- Yo= O n luím u F1 - F2 = O, i .. F1 = F2.
1
t , -t
v(t) = Vo+ ad •= vo + a = vo + at.
O • =0
Agora, como t ....+x(t) resolve o problema d valor ini ial { y' = (t) apli ando ( .25) nova-
y(O) = xo
mente, obtemos
5
Oll<>Hl\l\ll'\l>\\ll'\I\IIH>('\1<11<> 1 1
PROPOSIÇÃO 4.31.
Se f, g : [a, b] ➔ R são funções deriva.veise com derivadas integráveis, então
PROVA.
Primeiramente, observe que as integrais em ambos os membros de (4.26) estão bem defini-
das. Realmente, as funções f e g, sendo deriváveis, são contínuas; portanto, como f' e g' são
integráveis, a proposição 21 garante que f' g e f g' também são integráveis.
Agora, como (/ g )' = f' g + f g', segue do corolário 26 que
Por fim, para obter (4.26), basta aplicar a aditividade da integral ao primeiro membro da última
igualdade acima.
EXEMPLO 4.32.
Calcule as integrais f 0,r x sen x dx e f 0,r x2 cos x dx.
SOLUÇÃO.
Para a primeira integral, fazendo f(x) = -cosx e g(x) = x em (4.26), obtemos
= 1r +
1
11"
o
cos x dx :::;:1r + sen x
lx-,r
x=O
= 1r.
251
Observe que, em termos de primitivas, a fórmula de integração por partes garante que
COROLÁRIO4.33.
Se f: [a, b] ➔ Ré uma função derivável e com derivada integrável, então
!.
a
b
f (X)dx = XJ (X) 1a
b
-
!.b
a XJ' (X)d:r. ( 1 27)
PROVA.
1 a
b
J(x)g'(x)dx = J(x)g(x)j
b
0
-
1b
ª J'(x)g(x)dx.
34.
e ln= f0w/2(cosx)"dx, mostre que:
252
PRO\".\.
(a) Para n > 2, segue da fórmula de integração por partes que
1
1r/2 J.1r/2
ln = O (cosxr- 1 cosxdx = O (cosx)11-1sen'xdx
1 7r /2 /.7r/2
= (cosxr- senx
l O - O (n- l)(cosxr- 2
(-senx)senxdx
1r/2
= (n - 1)
J. 0
/2
7r
(cosxt- 2
(1 - cos2 x)dx
/.7r /2
= (n - 1) (cosxt- 2
dx - (n - 1) cos" xdx
/. 0 0
= (n - l)In-2 - (n - l)In.
Portanto, nln = (n - l)In-2·
{b) É imediato que 10 = f 01r/2 dx = xi::: = ~- Por hipótese de indução, suponha que I2m =
·~,para
(2<~:),~2 algum inteiro m > O. Fazendo n = 2m+2 na recorrência do item (a) e utilizando
a hipótese de indução, obtemos
_ 2m + 1 . _ 2m + 1 {2m)! 1r
12m+2 - 2m + 2
12
m - 2m + 2. (2mm!)2 2
(2m + 2){2m + 1) (2m)! 1r
(2(m + 1))2 (2mm!)2 2
(2m + 2)! 1r
-
{2m+1(m+ 1)!)2 2 •
Portanto, a primeira parte de (e) é vâlida para todo k > O.
Por fim, a prova da validade da segunda parte é totalmente análoga, e será deixada como
exercício para o leitor.
TEOREMA 4.35.
Seja / : [a, b] ➔ R uma função contínua. Se g : [e, d] ➔ (a, b) é derivê.vel,
integrável, então
g(d) /.d
J(t)dt = J(g(s))g'(s)ds.
/. g(c) e
253
< \1 1: 1 1,, 1 .\ 1\ 11-:c;H \1. l>I·: H11·:\1 \\\
PHO\'\.
Pnra calcular a integral do primeiro membro, comecemos tomando uma primitiva F : [a, b] -+
R para J, a qual existe, pelo TFC. Então, graças ao corolário 26, obtemos
J.
g(c)
f(t)dt =
g(c)
F'(t)dt = F(x)
x=g(c)
(F o :)(s)
I
s-d
s=c = lde (F o g)'(s)ds = lde f(g(s))g'(s)ds.
OBSBRVAÇÕES 4.36.
Ainda em relação ao teorema de mudança de variáveis, temos:
(i) A derivada g' de uma função derivável g : [a, b] -+ 1Rpode não ser integrável. Para um
exemplo, veja o problema 3.1, página 242.
(li) Para uma variante do teorema anterior, aplicável ao caso em que a função f ê seccional-
~ c.outfnua,veja o problema 4.15.
O corolário a seguir traz um caso particular bastante simples, mas muito útil, da fórmula de
integração por substituição.
254
() 1 I· 1 li i 1 \ 1 \ 1 1 '\ 11 \ \ 11 '\ 1 \ 1 1><1 ( ' \ 1< 1 1 1 1 < , 1, ,
PROVA.
Para >. > O é suficiente, no teorema 35, tomar g [a, b] ➔ [>.r,,,
>.b]dada por g(s) - À-!1.
Realmente, com tal escolha, temos
Para >. < O, tome g : [a, b] ➔ [>.b,>.a) dada por g(s) = >.s. Então, argumentando como no
caso anterior e lembrando que Jbª = - J: e J:bª = - f>.~,obtemos
= - [ f(g(s))g'(s)ds = l J(>.s)>.ds.
Por vezes, nos referiremos a (4.28) como a fórmula de integração por substituição,
nomenclatura que explicamos heuristicamente a seguir.
Para calcular a integral J:J(t)dt com o auxílio do TFC, para alguma função contínua
f : [a, b) ➔ lR, precisamos obter uma primitiva para F. Nesse sentido, após examinarmos
com cuidado a fórmula que define f(t), podemos eventualmente notar que ela resultará bem
mais simples se operarmos uma substituição de variável, trocando t por uma expressão g(s),
dependente de uma nova variável s. Mas, como f está definida no intervalo [a, b],para que uma
tal troca tenha sentido é necessário que g(s) pertença ao intervalo [a, b]quando s varia em algum
intervalo (e,d]; para identificar um tal intervalo [e,d), a melhor maneira é, via de regra, resolver
as inequações a < g(s) < b, descobrindo, assim, quais devem ser e e d para que elas tenham
sentido. Agora, derivando fonnalmente a igualdade t = g(s), obtemos dt = g'(s) ds, de forma
que a integral original deve ser corrigida com o fator g' (s), antes de ser transformada numa nova
integral.
Em resumo, executando as duas passagens descritas nas igualdades a seguir, obtemos a
fórmula de integração por substituição em cada caso específico com o qual nos defrontemos:
Por fim, observamos que, para que a última integral acima tenha sentido, a função 8 ~
f(g(s))g'(s) deve ser integrável, de forma que (como vimos na demonstração do teorema) é
natural supormos que g é derivável em [e,d), com derivada integrável nesse intm vnlo.
255
1 1i 111 1 ') 1 :\ I\' I 1-:(;I{,\[. IH: BIE\I \\'\:
A ' guir, ilustramos como a discussão informal dos dois parágrafos anteriores simplifica o
emprego do fórmula de integração por substituição.
E EMPLO 4.38.
Calcule J:f
tsen (t2) dt.
SOLUÇÃO.
Operando a substituição t = Js, obtemos
Ainda em relação ao exemplo anterior, observe que, à luz do teorema 35, todas as passagens
que executamos são lícitas. De fato, o que estamos realmente fazendo é usando a função g .
[7r,47r) ➔ [..fii,2..fii} tal que g(s) - vs,
e tal função é derivável e tem derivada g'(s) = 2 ~
integrâvel no intervalo [7r,47r].
SOLUÇÃO.
No exemplo 34, calculamos ln = f0'11'12(cosxtdx. Mostremos que f0'11'12(sen x)ndx = ln tam-
bém. Para tanto, recordando que cosx = sen (~ - x), e fazendo a substituição x = ~ - y (de
sorte que dx = ,-dy), obtemos
256
Os eÃ'iremos corretos da última integral podem ser obLidos facilmente, notando que O <
i - y ~ se, e só se, O y
< conLüdo, há que se Ler cuidado, uma vez que x =O=> y = J e
< < ~;
J. 1r /2
(senx)"dx = -
!.º (cosy)»dy =
J.1r
/2
(cosy)"dy = Ín.
O 1r/2 O
De um ponto de vista mais formal, observe que a substituição empregada no exemplo anterior
reduziu-se à utilização da função g: [O,i] ➔ [O,~] tal que g(x) = ~-x. Como g(O) = !, g(í) = O
e g'(x) = -x, temos
/2 !,º
J.
1r J.g(O)
(senx)"dx = (senx)"dx = (seng(x)tg'(x)dx
o g(i) i
= -1 o
2
(sen (1r/2 - x))"dx = J.~
2
(cosx)"dx.
Dependendo da expressão algébrica que define J, a última integral acima pode ser mais simples
de calcular do que a integral inicial.
A discussão acima encerra um sem-número de variações, as quais não podem ser listadas
uma a uma. Vejamos, contudo, um exemplo que mostra, em um caso específico relevante, como
utilizar uma substituição trigonométrica adequada para calcular uma integral.
EXEMPLO 4.40.
Calcule f01 1).r2 dx.-------
PROVA.
Se recordarmos (cf. exemplo 34) que!, arctgx = 1.;:i:2, podemos utilizar o TFC para obter
1 1 1::t=l 7r
dx = arctgx = arctg 1 = .
/. o 1+X 2
.t:=O 4
257
\ 1 1 1 ' '1: \ 1 111 1:11 ' 1\
1 1
1+ x2
dx = 1¾ 1 +
O
1
tg 2t
• tg'tdt = 1¾ -\-
O sec t
·sec 2 tdt
= 1o
¾1 dt = t It= ¾ =
t=O
1r .
4
onde C é wna constante real. Um caso específico relevante é isolado no exemplo a seguir.
(4.31)
/(z) tr 1/(-z) 1
tr- 1 dt =-;: +e= -:;.f(xr + C;
/
~~~;.c;ufmos'esta seção observando que, para além dos problemas reunidos a seguir, veremos
exemplos relevantes de integrações por substituição trigonométrica na próxima seção,
DOIproblem88 d88 seções 4.6 e 4.7.
258
PHOl\11 \I \'-- '"'' ( \() 1 1 1
4.2. Em cada um dos itens abaixo, calcule as primitivas pedidas, explicitando os intervalos em
que as mesmas têm sentido:
1o
2
"'
sen(mx) sen(nx)dx = 1o
2
"'cos(mx) cos(nx)dx = { O1 se m =,fn
1r, sem= n
4.4. Em cada um dos itens a seguir, resolva o problema de valor inicial dado, no maior intervalo
I e 1Rpossível.
y' =
(a) { y(l)
vx
=2
(b) { y' = sec x
2
Y(l) = 1
e f_2! cos(1rj)
1
l sen(1rr)d dX.
4 ,6 , Cal cule J -1 1+:rl X l+:r
2
4. 7. Use a fórmula de integração por substituição para reobter a equação de Torricelli (cf.
problema 8.1, página 211).
4.8. * Sejam g, h: [e, d) ➔ 1Rfunções deriváveis e/ : (a,b] ➔ 1Ruma função contínua. Mostre
que
d lh(:r)
- f (t)dt = f (h(x))h'(x) - f (g(x))g'(x).
dx g(x)
259
< \l'I 11 1 e, I :\ IYI EC:H.\I. DE H11-::\I.\\:\:
4.9. Seja J : IR.➔ IR.uma função contínua e periódica, de período p > O. Prove que J:+P J( t)dt =
JtJ(t)dt, para todo a E IR..
4.10. Seja f : [a, b1➔ IR.a restrição de uma função afim ao intervalo [a, b). Se f é não negativa,
a região Ri é um triângulo ou um trapézio. Mostre que, em um qualquer de tais casos, o
valor obtido para a área de R 1 ao utilizarmos o TFC coincide com o valor obtido mediante
o emprego das fórmulas usuais da Geometria Euclidiana.
4.12. Generalize a fórmula para a área de um círculo, provando que a área de uma elipse de eixo
maior 2a e eixo menor 2b é igual a 1rab.
4.13. Seja f : (a, b) ➔ IR.uma função contínua, não negativa e crescente (resp. decrescenle).
Prove que toda integral indefinida de f (cf. definição 22) é estritamente convexa (rcsp.
estritamente côncava,).
4.14. Se f : [a, b) ➔ [a, b) é uma bijeção cr scente e derivável, calcule os possíveis valores de
J:(J(x) + 1-1 (x))dx.
4.15. Prove a seguinte versão do teorema 35: se f : [a, b) ➔ R é seccionalmente contínua e
g : [e, d) ➔ [a, b) é crescente (resp. decrescente) e derivável, com derivada integrável, então
g(d) 1d
J.
g(c)
J(t)dt =
e
f(g(s))g'(s)ds.
4.16. Prove o teorema do valor médio para integrais: dada uma função contínua f: [a, b) ➔
R, existe e E [a, b) tal que
1 J.b
b _ a ª J(x)dx = J(c).
4.17. O objetivo deste problema é utilizar o material desenvolvido nesta seção para estabelecer
a irracionalidade de 1r. Para tanto, faça os seguintes itens:
2
(a) Mostre que é suficiente estabelecer a irracionalidade de 1r .
260
u. Se O < x < 1, então O< /(x) < -\.
n.
lll. Para todo k > 1, as k-ésimas derivadas /Ck)(Q)e JCk)(l) de / nos pontos O e 1
são números inteiros.
(e) Suponha que 1T
2
= ?, com a, b EN. Se
mostre que
(e) Por fim, obtenha uma contradição mo trnndo que, se n for escolhido inicialmente de
forma tal que 1ra"< n!l então
261
( \ 1 '1 1 1 1 1 1 1 .\ "' 1 1 ( • I{ \ 1. )) I·. H I F \ 1.\ \ \
A('/?.)= [ J(x)dx
Nesta seção, colecionamos mais algumas aplicações do conceito de integral à Geometria. Iais
precisamente, abordamos os três problemas a seguir:
(I) como definir e calcular o comprimento do gráfico de uma função f : [a, b) ---+R;
(II) no caso em que fé positiva, como definir e calcular o volume do s6lido de revolução gerado
pela rotação da região sob o gráfico de J em torno do eixo das abscissas;
(III) ainda no caso em que fé positiva, como definir e calcular a ârea da superfície de revoluçao
gerada pela rotação do gráfico de f em torno do eixo das abscissas.
Comecemos analisando o problema (I), para o que consideramos uma função J : [a, b) ---+R,
contínua em [a, b] e continuamente deriváv~l em (a, b). Fixe (cf. Figura 4.2) um intervalo
[e, d) e (a, b), uma partição P = {e= x 0 < x 1 < · · · < xk = d} de [e, d) e denote ó.x 1 = x 1 -x 1 -1,
para 1 < j < k.
...
e= x 0
Para IPI suficientemente pequena, é razoável supor que o segmento que une os pontos
(x1_ 1 , J(x 1_i)) e (x1, J(x1)) seja uma boa aproximação para a porção do gráfico de J situada
entre as retas x = x 1 _ 1 e x = x;. Portanto, é também razoável supor que o comprimento e1 de
tal segmento constitua uma aproximação razoável para o comprimento da porção do gráfico de
/ situada entre tais retas.
262
A fórmula (A.36) para a distância entre dois pontos fornece
é uma aproximação razoável para o que gostaríamos de definir como o comprimento do gráõco
da restrição de f ao intervalo [e.d] Ademais, esperamos também que tal aproximação torne-se
cada vez melhor, à medida que IPI-4 O.
Por outro lado, como (4.32) coincide com a oma de Riemann
E( J1 + (!')2; P; ç).
DEFINIÇÃO 4.42.
Seja f : [a, b] ➔ R uma função contínua em [a,b) e continuamente derivivel
existe o limite 1>-(
263
Ainda cm relação à definição anterior, observe que, se f for derivável em [a, b) e J1 + f'(x) 2
for integrável em [a,b), então o problema 3.11, página 243, garante que
t
e= ✓1 + f'(x) 2
dx. (4.34)
4.43.
a r um círculo de centro O e raio R, e escolha um sistema cartesiano de coordenadas
0(0,0). Se f: [-R,R) ➔ Ré a função dada por f(x) ,_ JR 2 - x 2 , então o gráfico
1 o aemicfrculo de r situado no semiplano superior do plano cartesiano. Observe que f é
ua em (-R, R) e continuamente derivável em (-R. R). Portanto, de acordo com ('1.33), o
fCbmp:rimentoder é igual ao dobro do limite
✓n f'(x) ✓1 + ( JR2-x-
2
2
R
= )
x2 JR2 - x2
arccos( 1- fi)
JR 2
-
2
R cos t 2
• (- R sen t) dt
=-
larccos( -1+-h)
Rdt
264
Em que pese o exemplo anterior, a inLegralem (4.33) é, cm geral, difícil (ou mesmo imposa(vel
- cf. problema 7.5, página 299) de calc~lar exaLamente. Vejamos um exemplo ilustrativo.
EXEMPLO 4.44.
Dado b > O, calculemos o comprimento e da porção da parábola y = x 2, situada entreOI
pontos (O,O) e (b, b2 ). Com f(x) = x 2 , segue de (4.34) que e=J:JI + 4x 2dx.
A fim de calcular essa integral, façamos a substituição trigonométrica x = ½tg t. Como
1 + tg 2 t = sec2 t, Ít tg t = sec2 t e O < x < b # O < t < arctg (2b), segue da fórmulade
integração por substituição que
arctg (2b) ,--- arctg (2b)
e= 10
J1 + tg t · sec2 tdt =
2
1 0
sec3 tdt.
Contudo, o cálculo da última integral acima terá de esperar até a seção 4. 7 (cf. problema 7.3,
página 298, e problema 7.4, página 298), pois que precisamos, antes, conhecer as propriedades
básicas da função logaritmo natural.
Voltemo-nos, agora, aos problemas (II) e (III) elencados no início desta seção. Para a análise
dos mesmos, seguiremos essencialmente as discussões das seções 9.1 e 10.2 de [8).
Sejam a< b números reais dados e f : [a, b)-+ IRuma função contínua em [a, b)e positiva em
(a, b). Fixe, em um plano do espaço, um sistema cartesiano com eixo das abscissas e, e seja 9
o gráfico de f em tal sistema. A superfície de revolução de eixo e e geratriz 9 (cf. Figura
4.3) é o conjunto S(e; 9) dos pontos do espaço, obtidos pela rotação de 9 em torno de e, de tal
forma que, para x E [a, b), o ponto (x, J(x)) E 9 descreve o círculo de raio f(x), centrado no
ponto de e com abscissa x e contido no plano que passa por x e é perpendicular a e.
O sólido de revolução definido por S(e; 9) (cf. Figura 4.4) é a região limitada do espaço,
delimitada pela união de S( e; 9) com os discos delimitados pelos círculos gerados pelas rotações
dos pontos (a, J(a)) e (b,J(b)) em torno de e. Doravante, sempre que não houver perigo de
confusão, denotemos simplesmente por S o sólido de revolução definido por S(e; 9).
Para u < v em [a, b] e r > O, seja C(u, v; r) o cilindro sólido de raio r, tendo por bases os
discos de raios J(u) e J(v), centrados respect: .:.mente nos pontos (u, O)e (v, O)e perpendiculares
a e (cf. Figura 4.5). Considere uma partição P = {a = Xo < X1 < · · · < Xk = b} de [a, b] e
denote ~x 3 := x3 - x1 _1, para 1 < j < k. Se
m
1
= min{J(x); x E [x3 -1, x
1
]} e M = max{f(x);
3
x E [x3 -1, x
3
]},
265
( ' 1 1 1 1 1 ' 1 .\ h 1 1-.<; H \ 1. 1>1-:H ti-:\ 1.\ :\ :\
g
' 1\
, 1\ /\
, 1 1 I 1
' 1 1 I 11
' 1 1 I 1
1
l I 1 I 1
1
' 1 1 1 1
1
' 1 1 1
1
,af ,
1 1 1 • 1
61 1 e
1 I 1 1 1 1
1 I 1 1 1 I
1 1 ' 1 1 I
1 1 ' 1''
1 ' / li I
\ 1/ \/
\ 1'
onde V(-) denota o volume do sólido declarado entre parênteses. las. como o volume de um
cilindro de raio da base R e altura h ê igual a 1rR 2 h, segue das desigualdades acima que
k k
L 1rm;ó.xj < V(S) < L 1r1\J;ó.x 1.
j=l 1=1
Agora, observe que o primeiro e o terceiro membros das desigualdades acima são, respecti-
vamente, iguais às somas inferior e superior, em relação à partição P. da função 1rf 2 . Portanto.
266
s
,r J.'f(x) 2
dx < V(S) < ,r J.'f(x) 2
dx.
Portanto, concluímos que 1rJ:f (x) 2 dx é a única definição razoável para o volume de S, o
que nos leva à definição a seguir.
DEFINIÇÃO 4.45.
Se f : [a, b] ➔ IR.uma função contínua em [a, b] e positiva em (a, b), então
V= ,r 1.•f(x) 2
dx, (4.35)
EXEMPLO 4.46.
Seja/: [-R, R] ➔ R a função dada por J(x) = v'R2- x2, de sorte que o a6liclo
gerado pela rotação do gráfico de / em tomo do eixo das abscissas é uma bola ,
Como
267
1 , 1
1 1,, 1 .\ 1\ I I-:CH.\I. l>I·. HII-:\1 \.\\
Voltemo-nos, agora, ao problema do cálculo da área da superfície de revolução S(e; 9). Para
tanto, dados números reais e, d E (a, b), com e< d, seja (cf. Figura 4.6) S[c,d] a porção de S(e; 9)
ituada entre os planos perpendiculares ao eixo e nos pontos de abscissas e e d.
Para definir a área de S1c,d), considere a partição P ={e= x 0 < x1 < • • • < Xk = d} de [e,d]
e denote 6.x 1 = x 1 - Xj-l, para 1 < j < k. Para IPIsuficientemente pequena, é razoável supor
que o tronco de cone de revolução de raios f (x 1 _i) e f (x 1 ) e altura 6.x 1 seja uma aproximação
bastante satisfatória para a porção de S1c,d] situada entre os planos que passam por x 1 -1 e x 1 e são
perpendiculares ao eixo de rotação e (cf. Figura 4.6). Portanto, é também razoável supor que a
área A1 da superfície lateral de um tal tronco de cone constitua uma aproximação razoável para
a área da porção de S1c,d] situada entre os planos em questão. Nesse ponto, a fim de continuar
9
'1 \
1 1\ I\
1 I 1
1 I 1 /' 1li 1
1 I 1 1 1 1
1 I 1 1 1 1
' 1 1 1 1 1
1 1 , , 1 e
e= ~o , '
1
d= Xk
1 I 1 1 1 1
1 1 ' 1 1 1
1 I 1 1 1 1
1 I 1 1 1/
1 1 , \ li
\ 1 1 \/
\ 1'
268
V
laterais) é igual a
onde Pn é o perímetro de A1 A2 ... An. Agora, à medida que n ➔ +oo, a união das faces laterais
da pirâmide forma uma aproximação cada vez melhor para o cone de revolução em questão.
Portanto, a área lateral da pirâmide constitui uma aproximação cada vez melhor para o que
gostaríamos de definir como a área lateral A do cone revolução de raio R e altura h. Mas, como
Pn ➔ 21rR e ª" ➔ g quando n ➔ +oo, definimos tal área lateral por
1
A= · 21rRg = 1rRg.
2 (4.36)
Ainda nas notações da figura 4.7, trace, à distância d< h do plano da base do cone e entre
tal plano e V, um segundo plano, que intersecta o cone segundo um círculo r', de raio R'. A
porção do cone de revolução situada entre os planos der e f' é o tronco de cone de revolução
de bases r e r' (ou raios R e R') e altura d. O lema a seguir utiliza (4.36) para calcular sua área
lateral.
LEMA 4.47. .,
A área lateral A de um tronco de cone de revolução de raios R e Ir e altura d é u,.....-.
PROVA.
Segue de (4.36) que A = 1r(Rg- R' g'), onde g e g' são, respectivamente, as geratrizes do cone
t-+
dado e daquele de base f'. A seção de tais cones por um plano que contém V O é mostrada na
269
figura 4.8. Nela, XY e X'Y' são diâmetros dos círculos r e r', respectivamente, de sorte que a
X o y
+--+
Figura 4.8: seccionando os cones por um plano que contém VO.
2 2 2
g =-IR2+·h2= R2+--- R d -- Rd J(R--- R') +1
V (R - R')2 = R - R' • d
e, analogamente, gt = R'd
R-R' ·1✓ + (R-R'
-d-
)2. Logo,
'
2 2 2
Voltando à discussão sobre como definir a área da superfície de revolução S(e; Q), recorde
que denotamos por A1 a área lateral do tronco de cone de revolução de raios J(x 1 _i) e f(x 1 ) e
altura Ãx; = x; - x;_ 1 . Portanto, segue do lema anterior que
Suponha, doravante, que f é continuamente derivável em (a, b). Então, pelo T\11'1 de
Lagrange, existe e,·E (x1·-1, x 1·) tal que J(x,)-J(x
XJ-XJ-1
1 -d = f'(E,1). Por outro lado, levando em
270
conta que f varia muito pouco no intervalo (x3 _ 1 , xj] para !PIsuficientemente pequena, temoe
J(x 1 -1), J(x 1 ) ""J(ç 1) e, daí,
Adicionando as aproximações acima para as áreas dos k troncos de cone assim obtidos,
concluímos que
k
L21rf(f, 1)J1 + f'(ç 1)2 (x1 - x 1_1 ) (4.37)
j=l
é uma aproximação razoável para o que gostaríamos de definir como a área de S[c,dJ· Ademais,
também esperamos que tal aproximação torne-se cada vez melhor, à medida que IPI➔ O.
Por outro lado, como (4.37) coincide com a sorna de Riemann
u
(c,d)C(a,b)
S[c,d) = S(e; Ç) \ (C1LJrb),
onde r ª e rb denotam os círculos gerados pelas rotações dos pontos (a, J(a)) e (b,J(b)) em torno
de e, temos a definição a seguir.
DEFINIÇÃO 4.48.
Seja J: (a, b] ➔ lR uma função contínua em [a, b], a qual é positiva e continuamen•
em (a, b). Se existe o limite
b-i
A= lim 21r
f ➔O J.a+E
f (x)Jl + f'(x) 2 dx,
271
Em rela,ão à definição anterior, observe que, se f for derivável em [a, b] e J1 + f'(x) 2 for
integrável em [a, bj, então o problema 3.11, página 243, garante que
ExEMPLO 4.49.
Na discussão anterior, seja / : [- R, R] -+ 1Ra função dada por f (x) = J R 2 - x 2, de sorte
que S(e;íi) é uma esfera E, de raio R. Como f'(x) = ✓R'i~x 2 para !xi < R, temos que J é
oontinuamente derivável em ( - R, R). Como
temos que
.
Portanto, ·oonforme esperado, concluímos que a área de uma esfera de raio R é igual a 41rR 2 .
, -----
I
I r
1
\
\
' ...
o t T 1T 21r X
(a) Fixe uma posição de r e denote por O seu ponto de tangência com a reta r. Em
1
seguida, escolha um sistema cartesiano xOy, tendo r como eixo das abscissas e tal
quer esteja sempre situada no semiplano superior em relação ar. t-.Iostre que, após
r rolar para a direita (i.c., no sentido positivo do eixo das abscissas) por t radianos
272
-
a partir de O, o ponto O ocupará uma posição P(x(t), y(l)), com x(t) =t - sente
y( t) = 1 - cos t.
(b) Observe, agora, que a função t f--t x(t), de [O,21r]em si mesmo, é uma bijeção derivável,
com inversa x f--t t(x) derivável em (O,21r). Portanto, se f: [O,21r]➔ IRé a composta
f(x) = y(t(x)), o gráfico de f ê a porção da cicloide contida na faixa do plano
cartesiano definida pelas desigualdades O < x < 21r. Tal porção é denominada um
passo da cicloide. Mostre que a área A da região situada abaixo do passo da cicloide
(e, como sempre, acima do eixo das abscissas) é igual a 31r.
(c) Use (4.33) para calcular o comprimento de um passo da cicloide.
5.2. Um segmento esférico é o sólido obtido pela interseção de uma bola com a região deli-
mitada por dois planos paralelos. Os raios dos discos de interseção dos planos com a bola
são os raios do segmento esférico, ao passo que a distância entre os planos é sua altura.
Mostre que o volume V de um segmento esférico de raios r 1 e r 2 e altura h é dado por
5.3. Generalize a definição 45 para o sólido de revolução gerado pela rotação, em torno do
eixo das abscissas, da região situada entre os gráficos de duas funções /, g : [a, b] ➔ IR,
satisfazendo as seguintes condições: / e g são contínuas em [a, b] e tais que O < g < f
em (a, b). Mais precisamente, mostre que a única definição razoável para o volume de tal
sólido é
2
,r 1.•(f(x) - g(x) 2 )dx.
5.4. Sejam dados, em um plano, uma retare um círculo r, de centro O e raio R, estando O
situado à distância d > R der. Se S é o sólido gerado pela rotação de r em torno der,
calcule o volume de S em termos de R e d (o sólido S é denominado o toro de revolução
de raios R e d).
Para os problemas 5.5 a 5.10, precisamos de uma pequena digressão física. Dada uma
região simples 'R.,no plano, queremos definir o que se entende pelo bancentro de R. Para
tanto, imaginemos 'R.,como uma chapa fina de metal, de massa me homogénea (i.c., com
densidade superficial de massa constante). Então, o baricentro ou centro de gravidade
G de 'R.,é o ponto de aplicação do vetor m onde g( g
ê o vetor aceleração da gravidade)
para fins de momento de n. De outro modo, isso significa que, particionando 'R em wn
273
1 11,1 1,, 1 .-\ l'\1u;1u1, 1>1-:HIE\I\\::\
o vetor nulo.
5.5. Sejam f : [a, p) ➔ R uma função contínua em [a, b) e positiva em (a, b), e n a região sob
seu gráfico. Mostre que o ponto G(xc, Yc) tal que
Xc
_ 1:bxf(x)dx
-
_ ½1:f(x) 2 dx
e YG - b
la f (x)dx la f(x)dx
é a única definição razoável para o baricentro de n.
5.6. Dado no plano um triângulo ABC, suponha, sem perda de generalidade, que Ê, ê < 90º.
Considere um sistema cartesiano de coordenadas de origem B, tal que C(a, O), com a> O,
e A(b, h), com O < b < a e h > O. Em um tal sistema, mostre que a região triangular
delin:tltada por ABC coincide com a região n sob o gráfico da função f : [O,a) ➔ R, dada
por
hx seO<x<b
J(x) = { ~;-a) -b <- < .
, b-a , se _ X _ a.
Em seguida, mostre que o baricentro dê ABC, conforme usualmente definido nos livros de
Geometria Euclidiana (cf. parágrafo que precede o exemplo 54), coincide com o baricentro
da região 'R, calculado com o auxílio das fórmulas do problema anterior.
5. 7. Generalize o problema 5.5 ao caso da região n situada entre os gráficos de funções J,g :
[a, b] ➔ R, contínuas em [a, b] e tais que g < f em (a, b).
5.8. Prove o teorema de Pappus: nas notações do problema anterior, se g > O, e denota
o eixo das abscissas e d a distância do baricentro de n a e, então o volume do sólido de
é é
revolução obtido pela rotação de n em torno de e 21rAd, onde A a ârea de n.
5.9. Utilize o teorema de Pappus, juntamente com o resultado do exemplo 46, para calcular a
posição do baricentro de um scmidisco de raio R.
5.10. Utilize o teorema de Pappus para calcular novamente o volume do toro de revolução de
raios R e d, com d > R.
Adaptandoa discussão que precede o problema 5.5, podemos definir o que se entende pelo
de uma fu11ção.Mais precisamente, sendo f : [a, b] ➔ R uma função
baríe,eritT'{J do g1·áfir:o
 274
contínua e Ç o gráfico de f, definimos o baricentro ou centro de gravidade G de Odo
seguinte modo: imaginamos Ç como um fino fio de metal, de massa me homog~neo(i.e.,
com densidade linear de massa constante). Em segujda, definimos G exatamente como
g
feito anteriormente, i.e., como o ponto de aplicação do vetor m para fins de momento de
Ç. Como antes, isso significa que, dividindo Ç em um número finito de pequenas porções
91 de fio, de massas m 1 e baricentros (supostos conhecidos) G1, devemos ter a validade de
(4.40). A esse respeito, faça os problemas 5.11 a 5.15.
5.11. Seja J : [a, b] ➔ 1Ruma função contínua em [a, b], a qual é positiva e continuamente
derivável em (a, b). Mostre que a única definição razoável para o baricentro de Ç é o ponto
G(xc, Yc) tal que
limE-+O J:;EExJl + f'(x)2dx
XG = b
limE-+0 fa+cf J1 + f'(x) 2dx
e
limc-+O J:;:J(x)Jl + f'(x)2dx
Yc= b E ,
~-+O fa+< ✓l + f'(x) 2dx
contanto que tais limites existam.
5.12. Generalize o problema anterior ao caso em que Ç é a união dos gráficos das funções f, g:
[a, b] ➔ JR,contínuas em [a, b], continuamente deriváveis em (a, b) e tais que g < f em
(a, b).
5.13. Prove o teorema de Pappus: nas notações do problema anterior, se g > O em (a, b), e
denota o eixo das abscissas e d a distância do baricentro de Ç a e, então a área da superfície
de revolução obtida pela rotação da união dos gráficos de f e g em torno de e é 21rfd, onde
eê a soma dos comprimentos dos gráficos de f e g.
5.14. Utilize a versão do teorema de Pappus dada pelo problema anterior, juntamente com o
resultado do exemplo 49, para calcular a posição do baricentro de um semicírculo de raio
R.
5.15. Utilize a versão do teorema de Pappus dada pelo problema 5.13 para calcular a área do
toro de revolução de raios R e d, com d > R.
275
1 , 1, 1 1,, 1 .\ l'\11-:<;1<\f. llF HIF\I\'\'\
DUINIQÃO 4.50 ..
A função logaritmo natural, log: (O,+oo) ➔ JR,é a função definida por
x 1
logx =
1
1
-dt.
t
Segue prontamente da definição acima que log 1 = O, log x > O se x > 1 e log x < O se
O < x < 1. De outra forma, sendo f : (O,+oo) ➔ IRa função de proporcionalidade inversa, i.e.,
a função tal que f(x) = ~ para todo x > O, então, em termos de área da região do primeiro
quadrante situada sob o gráfico de f (cf. Figura 4.10), temos
A(f111,x]), se x > 1
logx ={ O, se x = 1
-,1.(fl(x,1]), se X< 1
o 1 X t
276
Pelo TFC, temos que log é uma função derivável, com
/ 1
log x = -.
X
Daí, log é infinitamente deriYáYele, como log' > O, o estudo da primeira variação de funções
garante que log é uma função crescente. Também, como
,, 1
log x = --x2 < O l
PROPOSIÇÃO 4.51.
Para x. y > O, temos
log(xy) = logx + logy. {4.41)
PROVA
Para a primeira parte, a ad1t1vidadc dn integral garante que
=1 12'"JI 1xy-dt.
7
1 1 1 1
log xy = rt1
-dt -dt + -dt = log x +
1) f lf r f X t
Agora, se g : (1, y) ➔ [x, xy] é a função dadn por g(t) = xt, o teorema de mudança de variâveis
35 fornece
1 ZIJ 1
-dt =
t
1g(y) 1
-dt =
1JI
-
1
· g'(s)ds =
1" -
1
· xds
r
=
1" g( 1)
1
1
i
- • ds = log y.
s
l 9 (S) l XS
COROLÁRIO 4.52.
Para x > O e r E Q, temos logxr = r logx.
PRO\'A.
Aplicando (4.41) y = x, obtemos logx 2 = 2logx. Agora, se logxk = klogx para um certo
k EN. então, fazendo y = xk em (4.41), obtemos
log xk+l = log(x · xk) = log x + log xk
= log x + k log x = (k + 1) log x.
277
( • 1 1' 1
1 1 1 1 :\ I '\ 1 I·.( ,l<.\I. 1>J·: H 11·.:\I.\\\
Portanto, cgue por indução que log x" = n log x, para todo n E N.
Agorn, aplicando essa igualdade com x 1/n no lugar de x, obtemos
ou, o que é o mesmo, log x 1/n = ¼log x. De posse dos casos particulares acima e sendo r = ';:,
com m, n EN, temos
1
log xr = log xm/n = log(x 1ln)m = m log x 1ln = m. - log X= r log X.
n
Para estender essa igualdade aos racionais negativos, faça primeiro y = x- 1 em (4.41) para
obter
O= log 1 = log(x · x- 1) = logx + logx- 1
PROVA.
Fixe a> 1. Como log a> O, segue do corolário anterior que
Por fim, os limites acima e o fat,o de que log é crescente garantem que limx-+O+log x =-
e límz-++oolog x 1= +oo.
Para o que falta, segue do problema 1.7, página 137, que Im (!) = IR.
278
l.1H,\lill'\1h 1 1 \\'11\\ \1 1\1'-
EXEMPLO 4. 54.
Sejam dados um inteiro n > 2 e reais positivos x 1, x 2, ... , Xn. Como log : (O,+oo) ➔ Ré
estritamente côncava, a versão do corolário 70 para funções estritamente côncavas dá--noe
com igualdade se, e só se, x 1 = x2 = • • • = Xn. Mas, como log é uma função crescente, segue daí
que
DEFINIÇÃO 4.55.
O número e é o único real positivo tal que log e = 1.
~-----------------_J
e rv 2, 71828, (4.44)
com cinco casas decimais corretas. Por ora, o resultado a seguir dá uma intepreta.,ão mais
tangível para o número e.
3 Como o leitor deve suspeitar, o outro é o número 1T.
4 Para conhecimento do leitor, informamos que os números e e 1Tsão, de fato, transcendentes, i.t'., e e 1r não
são raízes de polinômio algum de coeficientes inteiros. Uma prova desse fato fogt.•no t-':icopo dt'.,tt\., notas, wa.1
pode ser encontrada em l22J.
279
( \ 1 '1 1 1 1 1 1 1 .\ ('.; 1 )-( ; I{ \ 1. 1) t: I{ 1 (· \ 1 .\:\ \:
TEOREMA 4.56.
e= limn-++oo (1+ ¼f-
PROVA.
Inicialmente, observe (cf. Figura 4.11, onde esboçamos a porção do gráfico de t H ¾ situada
de t = 1 a t = 1 + ! ) que
1 n
n+l
1 1 + ln
1 > 11+¼ -- 1 dt = -- n
log ( 1 + -1) = 11+¼ -dt · -1 = --.1
n 1 t 1 1+~ 1 n+l n n+l
Portanto,
-- 1 < log ( 1 + -1) < -,1 (4.45)
n+ 1 n n
de modo que n~l < n log (1 + ¼) < 1. O teorema do confronto (cf. problema 2.5, página 89)
garante, então, que limn-++oon log (1 + ¼)= 1 ou, ainda, que
lim log
n-++oo
(1+ n .!.)n = 1.
Mas, como log é crescente e contínua, segue daí que limn-++oo( 1 + ¾)" existe, e
log lim
n-++oo
(1+ n .!.)n = lim log
n-++oo
(1+ n .!.)n = 1.
Logo,limn➔+oo (1 + ¼f= e.
280
y
,, y =X
,,,,
,, log
,,,,
,,
1 --~----- ,,,, 1
,, 1
,,
fJ e X
Reunindo as informações que obtivemos atê aqui sobre a função logaritmo natural, esboçamos
seu gráfico na Figura 4.12.
O esboço do gráfico da função logaritmo natural sugere que ela cresce muito lentamente. O
teorema a seguir quantifica essa suspeita.
TEOREMA 4.57.
P ara n > 1 m • t emos 1·
• t erro, log:z:
o/%= Ü.
1m:z:-++oo
PROVA.
Inicialmente, observe que t > t 1- 2~ para t > 1. Portanto, lt < -:-1-r
t -rn
1
para t > 1, de forma
que, para x > 1,
log x =
l l
x-dt
1
t
< 1:z:
1
-- 1
t 1-2n 1 dt = lx
1
1
trn- 1dt
1
trn 1t=x
= -- = 2n( 2y'x - 1) < 2n 2y'x.
l/2n t=l
281
1
1 , 1 1 1 1 1 .\ 1" 1 1-,c; 1<\ 1. 1 li·. H 11·.\ 1 \""
Umn ,·cz que a função logaritmo natural log (O,+oo) ➔ IR é uma bijeção contínua e
crescente, podemos considerar sua inversa
denominada a função exponencial. Observe que exp também é uma bijeção contínua e cres-
cente. Assim, para x, y E JR,sendo x > O, temos
logx = y ~ x = exp(y);
em particular, segue de log 1 = O e log e= 1 que exp(0) = 1 e exp(l) = e.
Por outro lado, como log' x = ¾ =f O, o teorema 27 garante que exp é uma função derivável;
ademais sendo x > O e y = log x, temos
1
exp'(y) = -1,-
log x
= - -
1/x
= x = exp(y),
exp' = exp;
.
em particular, exp é infinitamente derivável. Também, como exp" = exp > O, segue do corolário
65 que exp é uma função estritamente conveta .
•
A proposição a seguir traduz, para a função exponencial, as propriedades da função logaritmo
natural expressas na proposição 51 e no corolário 52.
t) = exp(x). exp(y).
PROVA.
(a) Sendo a= exp(x) e b = exp(y), temos a,b > O e Ioga= x, logb = y. Portanto, segue da
proposição 51 que
x + y =Ioga+ logb = log(ab),
282
(b) Como log e exp são inversas uma da outra e log e = 1, segue da proposição 51 que
logexp(r) =r = loger.
exp(x) = ex,
frisando que o segundo membro acima coincide com o sentido usual de e:r:quando x E Q. Por
outro lado, nessa nova notação, o item (a) da proposição anterior pode ser escrito como
e
log ar = log(e:rlogO ) = x log a, (4.48)
ptU·ntodos x, y E IR.
Por outro lado, ser E Q, digamos r = ';, com m E Zen EN, segue do corolário 52 que
em outras palavras, para x = r E Q, a definição (4.47) concorda com o sentido que temos
atribuído a ar até agora. Em particular, temos a 0 = 1 e a 1 = a.
Se a = 1, segue de (4.47) que a:r = 1 para todo x E IR. Por outro lado, fixado um real positivo
a =/:-1, a função exponencial de base a é a função la : lR.➔ (O,+oo) tal que J0 (x) = ax.
A relação (4.47), juntamente com as propriedades da função exponencial e a regra da cadeia,
garante que / 0 é uma bijeção derivãvel, com derivada
283
< ,111111 \ 1 .\ I\ r1-:c1<.\L 1>1-:H11-::\I.\\\
f(x)g(x) = eg(x)log/(.i:)_
Observe que a exigência de que f(x) seja positivo dá sentido a tal definição. Também, o segundo
membro da igualdade acima, juntamente com a regra da cadeia, garante que a função x E J 1-t
f(x)g(x) é derivável se f ego forem. A esse respeito, veja também o problema 6.15.
PodeID:os,agora, enunciar e provar urna extensão útil do teorema 56.
~-
e=~➔+oo (1+ ~r-
PROVA.
Um argumento análogo ao utilizado na prova do teorema 56 garante que, para x > O, temos
Agora, segue de (4.48) que log (1+ir= x log(l + ¼)-Portanto, multiplicando as desigualdades
acima por x > O, obtemos
_x_ < log (1 + .!.):r
< 1,
x+l x
e o teorema do confronto (cf. problema 2.5, página 89) garante que
lirn log
:r-t+oo
(1+ !):r=
X
1.
284
A seguir, utilizamos o teorema 57 para mostrar que a função exponencial cresce mais rapi-
damente que qualquer polinômio, à medida que x ➔ +oo.
TEOREMA 4.60.
Se p é um polinômio, então limz-++oo~ = O.
PROVA.
Seja p(x) = amxm + ªm-1Xm-l o. Como
+ · · · + a1x + ao, comam=/:-
basta mostrar que limx-.+ :: = O, para todo n E N. Para tanto, fazendo y ez, temos
x = log y e, daí,
xn = (logy)n = (logy)n
ez y efy
Por fim, como y ➔ +oo quando x ➔ +oo, segue do teorema 57 que
lim ::_n
x-++oo eX
= lim
y-++oo
(1ogy
efy
)n= ( limy-++oo
1ogy
efy
)n= O.
foi definida como a inversa da função la : IR ➔ (O,+oo), tal que !a(x) = az, para x E R.
Prove que log0 é uma bijeção infinitamente derivável, com
logx , 1
logo x = -1oga
- e loga x = x loga , (4.50)
285
1 Ili l(l 1 .-\ 1\11-:c:U.\L Ili·: HII-:\1.\\\
para todos O < a, x =/-1. Ademais, dados reais positivos a, b, e, x, y, com a, b, e=/- 1, prove
também que:
6.3. Explique, com justificativa, qual dos números e1f ou 1reé o maior.
•
6.8. Use o corolário 52, juntamente com o resultado do problema 6.8, página 189, para dar uma
outra prova do fato de que log é estritamente côncava.
6.9. * Prove que a função f : (0,1r) ➔ IR, dada para x E (0,1r) por J(x) - logsenx, é
estritamente côncava.
6.11. Dados reais positivos a, b e e, prove que aªbbcc > (ª+~+cr+b+c,com igualdade se, e SÓ se,
a= b = e.
6.14. Sejam o;/: O um número real e f: (O,+oo) ➔ IR a função dada por f(x) = xº. Mostre
que f'(x) = ox 0 - 1 , para todo x > O.
6 Ap68 Wílliam H. Young, matemático inglês dos séculos XIX e XX.
286
Dados um intervalo I e funções deriváveis / : I ➔ (O,+oo), g : I ➔ R, calcule a derivada
da função h : I ➔ IR dada por h(;t) = f (x )g(x).
6.16. Dados a, b > O, seja f : (O,l] ➔ IR a função dada por J(x) = xª(l - x) 6 . Calcule o valor
máximo de/.
Prove que a equação x 2 = 2x tem exatamente três raízes reais, uma das quais é irracional.
6.22. * As funções seno hiperbólico e cosseno hiperbólico 6 são as funções senh, cosh : IR➔
IR, definidas por
eX - e-X eX + e-X
senhx = 2
e coshx =
2
Faça os seguintes itens:
(a) Mostre que cosh2 x - senh 2 x = 1, senh 'x = cosh x e cosh' x = senh x.
{b) Mostre que cosh é uma função par e estritamente convexa, com imagem (1, +oo), tal
que coshx = 1 <=>x = O.
(c) Mostre que senh é uma função ímpar e estritamente crescente, com imagem lR. ~fos-
tre, também, que senh é estritawi:>nt convexa em (O,+oo) e estritamente côncava
em (-oo, O), e que x = O é seu único ponto de inflexão.
(d) Esboce os gráficos das funções seno hiperbólico e cosseno hiperbólico em um mesmo
sistema cartesiano de coordenadas; esboce ainda, nesse mesmo sistema, os gráficos
das funções x H ½e:r(x > O) ex H ½e-:r, x H -½e-::c (x < O).
6A razão para tal nomenclatura é explicada pelos itens {a) e (b): graças a eles, a aplicação t H (cosh t, senht)
uma parametnzação para o ramo da hipérbole equilâtera x 2 - y 2 = 1 situado no primeiro e quarto quadrantes
o plano cartesiano.
287
1 \l'I' 1 l 1) 1 .-\ [:\; 11-:(;({.\(, Ili·: HIF\I.\:'\'\
(e) O gráfico da função cosseno hiperbólico é uma curva conhecida como catenãria 7 .
Para x 0 E lR, mostre que a curvatura da catenária em x 0 ( cf. problema 7.3, página
198) é k(xo) = cos~2xo.
(f) Para x 0 f:. O, calcule o comprimento da porção da catenária situada entre os pontos
de abscissas O e x 0 .
O próximo problema explica o porquê dos nomes seno e cosseno hiperbólicos. Para colocâ-
lo em contexto, recorde (cf. Figura 4.13, à esquerda) que a área do setor circular de raio
1, contido no primeiro quadrante do plano cartesiano, centrado na origem do mesmo e
delimitado pelos raios que unem a origem aos pontos (1, O) e (cos t, sen t) é igual a ½-
_ (cos t, sen t)
6.23. Para todo t E lR, observe que o ponto (cosh t, senh t) pertence ao ramo direito da hipérbole
x 2 -y 2
reta y = (tanht)x, onde tanht = :S~~-
= 1e à Fixado t > O, seja A a área da
porção limitada do plano cartesiano, delimitada pelo eixo das abscissas, pelo ramo direito
de x 2 - y 2 = 1 e pela reta y = (tanh t)x (cf. Figura 4.13, à direita). Mostre que A= ½-
7A Duperficie 4e revolução gerada pela. rotação da catenária em torno do eixo das abscissas é um exemplo de
wna •uperf(cie m(nima, nesse c&BOo catenoide. Esse tipo de superfície tem muitas propriedades interessantes
dentre u ql.UiÍ8 algumu aplicações à const.ruçiio civil. Para mais sobre superfícies em geral, e superfícies mínimas
em particular, 1ugerir110Hao leitor o excelente livro 1181.
288
obr d
.
lil
-
gr çao
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um pou m obr • ru d in !IT - m um duplo prop ito: por
nd m d ixar 1 o o import p p 1d p nh d p 1 fun õ log xp m
i ui - : por outro. o d.is u irm o m todo d d ompo ição
or um conjun o ma compl to d ni d in gração
ulo d in prim.i i\ d
n o nal ão. di limi d t
á - b n • pl qu n qu p n r ·pr
J )d - )- / (l
1
)•-d.r
- )-J·(- n ( l g x)) • 1
dx)
u ld illl d
l
J )d = -· n(l :I) - (l )) +e.
ul b n • • 1• 1m nt qu
lill
d r,;
d.:rv x = 2 rz.
1 Ent-ao,
Ainda em relação a (4.51), chamamos a atenção do leitor para o fato de que, em princípio,
podemos emprega.r tal fórmula ao cálculo de primitivas da forma Jef(x>g(x)dx. r esse caso,
supondo que f'(x) # O em I, empregamos (4.51) seguida por uma integração por partes:
• J
ef(x)g(x)dx = f ef(x)J'(x) • g(x) dx
f'(x)
= ef(x) . g(x) -
f'(x)
J ef(x) . .!!:_( g(x))
dx f'(x)
dx
Com sorte, a última integral pode ser mais simples de calcular do que a primeira.
Continuando nossas discussões, definamos a função L: JR.•➔ R pondo, para x # O,
(A Figura 4.14 mostra o gráfico de L.) Se x > O, temos L(x) = log x, de forma que L'(x) = ~; se
,.
Figura 4.14: gráfico de L : R* ➔ R.
x < O, temos L(x) = log(-x), e a regra da cadeia fornece L'(x) = !x · (-1) = ~- Em qualquer
caso, temos L'(x) = ;, de sorte que L é uma primitiva para a função de proporcionalidade
inversa x i-+ l,% definida para x # O. Assim,
L' (x) = -l
X
⇒ J- l = L( x)
X
+ e.
Agora, seja I um intervalo e f :I ➔ R \ {O} uma função derivável, com derivada integrável
em todo intervalo [a, b] e /. Como f é em particular contínua, o TVI garante que J > O em I
290
ou f < O em I. Portanto, pela regra da cadeia, a função Lo f = log 1/1é tal que
(Lo f)'(x) = L'(J(x))J'(x) = j[;;. (4.52)
7 7.
Por outro lado, escrevendo = /' · e utilizando as hipóteses sobre /, segue da proposição
21 que 7 é integrável em todo intervalo [a,b] e I. Portanto, Lo f = log 1/1é uma primitiva
para 7em I, de modo que
tgx = senx
--
COSX
= cos' x
---.
COSI
o k E Z, faça I = (-~ + krr, ~ + kír) e tome f(x) = cosx em I. Segue de (4.53) que, em
m x 1, ... , xk E IRreais distintos, z1, ... , Zt E C\IR complexos distintos e m1, ... , mk, n 1, ... , n 1 E
+· E crevendo ::1 = a1 + ibj, com a1 , b1 E IR, temos z1 = a1 - ib1 e, daí, (x - z1 )(x - zi) =
2
z - 2a1 x +(a;+ b;). Portanto, a partir de (4.54), obtemos para g a fatoração alternativa
k l
g(x) =ª"II(x - x 1 )mJ • II (x 2 + a x + /3)"J,
1 1 (4.55)
J=l j=l
291
( \1'1\1 \11 1 :\ l:\(H;f{.\f. f)(-' ({ff-:\1.\:\:\
ond<.'o 1 ,/31 E lR são tnis que :r2 + a,1 x + (31 não tem raízes reais.
e f,g: lR ➔ lR são funções polinomiais dadas e (como acima) x 1 , ... . xk são as raízes reais
d g, dizemos que; : lR\ {x1, ... , xk} ➔ IRé uma função racional. Se8J > 89, o algoritmo da
dwtsão para polinômios garante a existência de funções polinomiais únicas q e r, (efetivamente
calculáveis e) tais que J(x) = g(x)q(x) + r(x) para todo x E lR, com r = O ou O < 8r < 8g.
- e caso, temos
J(x) _ ( ) r(x) (4.56)
g(x) - q x + 9(x)'
para todo x =j:.x1, ... , Xk-
Elabora.ndo um pouco mais a discussão anterior, pode-se provar o seguinte teorema de de-
composição em frações parciais para funções racionais.
TEOREMA 4.64.
Sejam r, g : R ➔ 1Rfunções polinomiais não nulas dadas, com O < 8r < 89
(a.) Se g está fatora.da como em {4.55), então, para x =j:.x 1, ... ,xk, temos
onde r 1, ... , rk, s 1, ... , s, são funçõ~ polinomiais tais que r 1 = O ou O < 8r 1 < m 1 para
•
1 < j < k, e Sj = O ou O < asj < 2nj para 1 < j < l.
. r 1 (x) Lmi C t
(b) Para 1 < J < k ex=! Xj, temos (x-x )m] = (x-x 1 )t, com Cj 1 , ... , Cjm
] E IR.
J t=l J
. Sj(X)
( e) Para 1 < J < l, temos (X 2 + Q·X + (3·)ni
J J
e;., E R. ,.
A discussão que fizemos até aqui nos permite explicar, de maneira relativamente simples, a
filosofia por trás da técnica de integração por decomposição em frações parciais: dadas funções
polinomiais não nulas J,g : lR ➔ IR,suponha que somos capazes de obter efetivamente as funções
q, r, r 1, ... , rk, s 1, ... , s1 de (4.56) e do item (a) do teorema anterior. Então, temos
J f (:r)
g(~r)dx
f
=. q(:r)d1·+
j r(x)(x) dx
9
L j ----r (.r)
k
Lj
1
J r(.c)d
--
q(;,:)
'
1' =
• .
r=-1
(.r -
1
.1· )mJ
J
d'.l' +
•
J= L
s1 (x)
-----------
(x2 + a ·X+ (3 )ni
J
dX
•
l
292
\I \I" ....,,>111<1-1 l.t "\11 • \'.-- 1>1. I"\ 11 t ,H \<,' \< > 1 ,
--~---d.
j
umindo a or qu om paz d ob r f iv m n o r
(b) ( ) do eor m an rior mo
( .57)
Q
1(x)
1X f3·)n, X=
d ~1
L...,, (x2
d1tX+ 1t d
+ Q 1X+ {31)t X. ( .5 )
1 t=l
2
J x
X2 + 0 1X
1 /3 dx
+ 1
= lbg(x 2 + 1x + /31) +
2
(ii) t > 1 ntão f z ndo r = 1 - t J(x) = + 1 + /31 m ( . 1) bt m
J (x 2
2x + a-1
+ 0 1X + f31i
dx = _1_(
1- t
2+ 1
x + /3 )1-t +
1
(
! X
2
+ 1 +f3)Ldx,
2
( \l'l 11 1 e 1 1 :\ (\; ru;tL\I. f)E HIE:\I.\\"\"
com t > l e a, /3E R tais que x2 + ax + f3 não tem raízes reais. Para tanto, note primeiramente
2
que o 2 - 4/3 < O, de sorte que, pondo k = f3 - : , temos k > O. Completando quadrados e
utilizando a substituição y = Tk (x + ~), obtemos sucessivamente
/ 2
1
dx =
(x + ax + f3)L
J l
((x + o/2) 2 + k) 1
dx
1 / 1
= kL 2 t dx
( ( *(x + o/2)) + 1) (4.59)
=
1 /
kL
-/Te
(y2 + l)L dy.
Resta, pois, calcularmos as primitivas
/
1 d - y f
d (( 2
(y2 + l)t-1 Y - (y2 + l)t-1 - • Y. dy Y + l
)1-t)d
Y
y
= (y2 + l)t-1 + 2(t - 1)
J y2
(y2 + l)tdy
1 d 1 y ( 2t - 3) / 1 , (4.60)
/ (y2 + l)t y = 2(t - 1) • (y2 + l)t-1 + 2t - 2 (y2 + l)t-1 dy.
A ideia por trás da fórmula acima é que, se pudermos calcular f (y2 +;)t-i dy, então podemos
J
calcular c112~i)t dy. Como, de inicio, fomos capazes de calcular Y2~ 1 dy, segue que podemosJ
calcular J(
112~ 1>,dy, para todo t E N.
Resumimos a discussão anterior com o resultado a seguir. Para o enunciado do mesmo, dize-
mos que / : / ➔ R é uma função elementar se / pode ser obtida a partir de funções racionais,
trigonométricas, logarítmicas e exponenciais, pela aplicação de um número finito de operações
usuais sobre funções (quais sejam, adição, subtração, multiplicação, divisão, radiciação, compo-
sição e inversão).
294
TEORE~lA 4.65.
Se J.g : 1R ➔ 1Rsão funções polinomiais não nulas, então a primitiva f ~~=~clx pode _..
calculada explicitamente em termos de funções elementares. Ademais, a expressão que a define
em termos de tais funções vale em 1R\ {x 1, ... , xk}, onde x 1, ... , x1csão as raízes reais de g.
A execução do item (i) é sempre viável, uma vez que, como deve ser familiar ao leitor, sempre
podemos dividir polinômios de coeficientes reais, obtendo como resultado um quociente e um
resto polinomiais satisfazendo as condições desejadas {i.e., sendo r o resto, temos r = O ou
O< ar< ag).
A execução de (ii) é imponderável; de outra forma, não existe um algoritmo simples para
fatorar g como em {4.55). Portanto, a obtenção de uma tal fatoração para g deve ser analisada
caso a caso.
Por fim, se conseguirmos cumprir o item {ii), a execução de (iii) é sempre possível, sendo
conhecida como o método dos coeficientes a determinar. Para entender como ele funciona,
suponha dadas funções polinomiais r e g, tais quer= O ou O < ar < ag. Então, o teorema 64
garante que
r(x)
g(x)
(4.61)
para certas constantes reais c1 t, d1 t e e1 t. Como já executamos (ii), estamos supondo que, na
última expressão acima, conhecemos os coeficientes der e x 1 , ... , Xk, a1, /31, ... , a,, /31. Portanto,
para encontrar os reais c1 t, d1 t e e1 t, temos simplesmente que: (a) reduzir a expressão após a
segunda igualdade em (4.61) a um mesmo denominador; (b) igualar os coeficientes dos monômio
de mesmo grau do numerador obtido e der; (c) resolver o sistema linear de equações resultante
(e cujas incógnitas são exatamente os coeficientes c1 t, d1 t e e1 t). (Observe que tal si tema ~cmpre
admite soluções, exatamente porque o teorema 64 garante a existência dos reais CJt, dJt e C;t·)
295
1 , 1• 1 1 1 1 1 , 1 .\ I'\ 1 1·<: B \ 1. 1>I·: H 11·.\ 1.\ .\ .\
ExEMPLO 4.66.
Obtenha as primitivas da função racional
SOLUÇÃO.
De acordo com (4.61), temos k = l = 1 e devemos começar procurando reais C1t, d11 e elt tais
que
R( )
x
'°' 2
'°' d1tx + eu
= 8 (.x+ l)t + 8 (x2 + 2x + 3)t.
C1t
2
Escrevendo simplesmente Ct, dt e et no lugar de C1t, d1t e e1t, segue da igualdade acima que
devemos ter
4
1:0x + 42x3 + 85x2 + 84x + 16 = c1 (x + l)(x 2 + 2x + 3)2 + c2 (x 2 + 2x + 3)2
+ (dix + ei)(x + 1)2 (x2 + 2x + 3)
+ (d2x + e2)(x + 1)2.
•
Comparando os coeficientes dos monômios d~ mesmo grau em ambos os membros da igualdade
acima, obtemos claramente um sistema linear de cinco equações e cinco incógnitas, cuja solução
(faça os cálculos para obtê-la!) é c 1 = O, c2 = 3, d1 = O, e1 = 7, d2 = 2, e2 = -5. Portanto,
3 7 2x - 5
R (x) = -- 2 + ---+----.
2 2
(4 62)
(x+1) x +2x+3 (x +2x+3) 2 •
2
x' + 2x + 3 = (x + 1) + 2 = 2 ( ( x-;/ )' + 1),
1 d 11 l2 d 11 ./2 d
,/ x 2 + 2x + 3 x =2 ( xÃl) + 1 x =2 y2 + 1 y
(4.6-1)
= ~arctgy +C = ~ arctg (x;/)+e.
296
Por fim,
f (x !\:!3)2dx =f
2 Cx' !\!! 3)2 - (x' + ;x + 3)2) dx
1
= - x 2 + 2x + 3 -
J 7
(x 2 + 2x + 3)2 dx
(4.65)
J 1 d _li
(x 2 + 2x + 3)2 x - 4
.,/2, d
(y 2 + 1)2 y
-- J2 ( y
4 2(y2 +
!J
1) + 2
1 d)
y2 + 1 y
(4.66)
x+l 1 (x+l) C
= 4(x2 + 2x + 3) + 4/2 arctg J2 + •
Gostaríamos de terminar esta seção com um comentãrio muito importante sobre as limitações
das técnicas de integração que estudamos ao longo deste capítulo.
Apesar de todos os esforços que engendramos para calcular exatamente integrais e primitivas
de funções contínuas, observamos que há funções contínuas bastante simples cujas primitivas não
podem ser construídas explicitamente a partir de funções elementares. Um exemplo relevante
dado pela função de Jacobi 8
j J 1 + k sen t dt,
2 (4.67)
297
( \1'111 11 l 1 :\ l'\ 1 f,,(;(L\I. l>F Hll-:.\1.\:\:\
2b 11r 1+ (~)2
sen t dt. 2 (4.68)
Problemas - Seção 4. 7
7.1. Em cada um dos itens a seguir, calcule as primitivas pedidas, explicitando os intervalos
em que as mesmas têm sentido:
7.3. O propósito deste problema é calcular é\5primitivas da função ti--+ sec3 t, onde sec denota a
restrição da função secante a um intervalo da forma ( -i + br, i + k1r), com k E Z. Para
tanto, faça os seguintes itens:
e, daí,
/ sec3 t dt = ~ (sec t • tg t - log Isec t - tg ti) + C.
7.4. Use o resultado do problema anterior para completar o exemplo 44. Mais precisamente,
mostre que o comprimento do arco da parábola y = x 2, situado entre os pontos (O,O) e
(b, Ir), com b > O, é igual a
1
bJl + 4b2
2log( ✓1 + 4b
- 2 - 2b).
298
7.5. Seja E uma elipse de eixo maior AA' e eixo menor BB', com AA' = 2a e BB' - 2b.
Fixado o sistema cartesiano tal que A'(a, O) e B'(O, b), é bem sabido que E tem equação
~ +· ~ = 1. A esse respeito, faça os seguintes itens:
(a) Se f: [-a,a] ➔ 1Ré a função tal que J(x) = ~Ja2 - x2, mostre que o gráfico de f
é a porção de E situada no semiplano superior em relação ao eixo das abscissas. Em
seguida, conclua que o comprimento de E é dado por limE-+O 2 J~~~E 1 + a2c";:.x2) dx. J
(b) Faça e = J a2 - b2 e x = a cos t, com O < t < 1r. Em seguida, use a fórmula de
integração por substituição para mostrar que o comprimento de E é dado por (4.68).
R(x ) = """
L...O$i,j$m
a·•J xiy 3
,y """ b-iJ'
(4.69)
L...O$iJ$n 13X Y
7.6. Se J(t) = R(cos t, sen t), dizemos que R é uma função racional de cos t e sen t. Para
calcular
j J(t)dt = j R(cos t, sen t)dt,
l-s 2
(a ) Se s = t g 2t , most re que cos t -_ 1+s2 e sen t _- 2s
1+s2·
{b) t-.Iostre que a substituição t = 2 arctg s (o que equivale as= tg ½)garante que
J(
2
J J(t)dt = R
1- s
l+s 2
,
2s )
l+s 2
2
l+s 2
ds.
(Observe que s ~ R ( ~~:;, 1!:2) 1_;8 2 é uma função racional ordinária de s, de forma que,
em princípio, podemos obter suas prim: ~: BSvia decomposição em frações parciais.)
J sec t dt = j-cost dt = j
1
-
2
1 - s2
ds
1- s 1 - tg .!:.
= log -- + C = log ; + C.
1+s 1 + tg 2
Em seguida, mostre que o resultado coincide com aquele do item (b) do problema 7.3.
299
( \l'I 11 1 ( 1 1 .\ h I 1-.CB \(. Ili·: Hti-:\1 \:\:\
7.8. Se R(x, y) é como em (4.69), adapte o procedimento descrito no problema 7.6 para reduzir
o problema do cálculo de
j R(t, Ja 2 - t2 )dt
J R (a(l - s
1 + s2
)
'
2as ) 2a d
1 + s2 (1 + s 2 ) 2 s.
2
Em seguida, use a primeira parte para calcular J :/~3:r dx.
indefinite integral
. of \sqrt{4-x-2}/x-3.
300
4.8 Integração imprópria
Jesta seção, estendemos a integral de Riemann ao caso de funções f : 1 ➔ R, não necess&r
riamente limitadas e definidas em um intervalo arbitrário J.
Se 1 C 1Ré um intervalo, então J é de uma das formas [A, B], (A, B), [A, B), (A, B], (A, +oo)
[A, +oo), (-oo, A), (-oo, A] ou (-oo, +oo) = JR,com A, BE JR. A fim de não precisarmos con-
siderar uma definição de integral para cada um de tais casos, adotamos as seguintes convenções:
(i) referimo-nos aos números reais A, B ou aos símbolos -oo e +oo como as extremidades de
I (muito embora -oo e+ sejam simplesmente símbolos formais, e não números reais),
as quais serão genericamente denotadas por o e /3;
1.
o
/3f (t) dt = lim 1:r:ºf (t) dt +
:r:-+o :r:
lim
11➔/3
1 11
:ro
/ (t) dt,
301
<. \ l 'I 1 1 1 t > I :\ h:TE<:B.\L DE ílIE:\l.\~X
xó 1xo 1:z:ó
lim J(t) dt = lim J(t) dt + J(t) dt.
X-+Q 1 X x-+o X ~
= 1:z:º+ 1
11
lim
y-+{3 1 y
x'o
J(t) dt
x'o
f (t) dt lim
11-+/J xo
f (t) dt.
Iim
x-+o 1x
xó
f (t~ dt + lim
y➔/3
1 Y
:i:ó
f (t) dt = lim
.r_.o
1.ro
-.r
J(t) dt + lim
y-+/3
1!1
xo
J(t) dt.
a definição usual de integral. Para verificar isso, seja f : [A,B) ~ IR (limitada e) integrável, e
fixe x 0 E (A, B). Corno f ê, por hipótese, integrável em todo intervalo fechado e limitado, Lemos
f integrável em [A, e, para x E
xo] (A, xo),
Sendo M uma cota superior para lfl em [A,B], segue da desigualdade triangular para integrais
e da proposição 11 que
L:z:f(t) dt < Lx lf (t)ldt < J\1/(x- A),
xo
lim
x➔ A
J(t) dt = 1xoA J(t) dt - lim
1x
f (t) dt = 1:z:o f (t) dt.
1x x-+A A A
Como f também é integrável em [xo, B], um argumento análogo ao acima permite concluir que
lim
y-+B lxo
fYJ(t) dt = fª J(t)
lxo
dt - lim
y➔B
1ª f (t) dt =
y
1 8
xo
J(t) dt.
302
Por fim, invocando a proposição 20, obtemos
lim
z-+A J.
~
zo
J(t) dt + lim
y-+B
J.Y
J(t)• dt = 1zo
A
J(t) dt + J.B
J(t) dt = 1B
J(t) dt.
A
• zo xo
EXEMPLO 4.68.
A integral imprópria J/ 00
e-t dt converge. :t,.Iaisprecisamente, temos J/ 00e-t dt = l.
PROVA.
Para x > O, segue do TFC que
:r -tdt ,,-:r
1O
e = -e -t
t=O
= 1- e -x .
A mtcgral J/ 00
tº dt converge se, e só se, a: < -1.
-------~-~-~~~----------'
PRO\.\
Para x > 1 e a-=/- -1, observe que
:r 1 1t=:r 1
/,1
tº dt = --t 0
+1 = --(xº+l - 1). (4.71)
O:+ 1 lt=l Q + 1
Agora, como x 0 +1 = e(o+l) logx, temos (novamente pelo teorema 60) que
. o+l O, se a: + 1 < O
hm x
z-++oo
={ +oo, se a:+ 1 > O
.
Portanto, existe o limite (finito) do segundo membro de (4.71) quando x ➔ +oo se, e só se,
a+ 1 < O, i.e., se, e só e, a:< -1.
303
1 \ 1 1 1 1 11 1 1 .-\ J\: 1 1-:c; H , 1, r>r-: B rr:\ 1 , :\ :\
J 00
se, e só se, o < -1, costumamos dizer que 1+ tº dt converge se, e só se, xº decai para zero mais
rapidamente do que x- 1 , à medida que x -+ +oo. A esse respeito, veja também o problema 8.3,
1
que trata o caso 0 tºdt. f
ExEMPLO 4. 70.
Seja / : (a, b) -+ R uma função contínua em [a, b] e continuamente derivável em (a,b)
É imediato verificar que o limite que define o comprimento e do gráfico de f (cf. definição
42), res~e-se à integral imprópria J: JI + f'(x)2 dx. Assim, e existe se, e só se, tal integral
imprópria converge, em cujo caso temos e = J: J1 + f'(x) 2 dx. Também, se f é positiva em
(a, b), então o limite que define a área A da superfície de revolução gerada pela rotação do
•
gráfico de / em torno do eixo das abscissas (cf. definição 48) resume-se à integral imprópna
21rJ:f(x)JI + f'(x) 2 dx. Então, a área A pode ser calculada se, e só se, tal integral imprópria
• b
converge, e, nesse caso, temos A= 21rfa f(x) JI + f'(x)2 dx.
TB0REMA 4. 71.
Seja/: (A, +oo)-+ Ruma função integrável em todo intervalo [a, b] e [A, +oo). Então, as
ammações a seguir são equivalentes:
(a) /1 00
f(t) dt converge.
P•• todo t > O,existe M > A tal que Xi, X2 > !vi => lfx~2 J(t) dtl < E.
L e R tal que, para toda sequência (xn)n~l em [A, +oo), com limn-++ooXn = +oo,
=~--~-----,
J;"f(t) dt = L.
Jlm..-.+oo
304
l'\11.<;H\f,·\11 l\ll'B<>l'lil\ 1
PRO\'.
ja F: [A + ) -+ a função da por F(x) = fz:f(t) dt.
(a)=} (b): uponha qu J; f(t) dt con erg com J+ J(t) dt = L. Então por d finição, t mo
limx + F(x) = L d modo que dado > O I > O tal qu
€
x > I ⇒ IF(x) - LI < 2.
Port nto para x 1 x 2 > 1 gu da d igualdad triangular qu
30
ÜBSERVAÇÃO 4.1.
É imediato adaptar o resultado anterior ao caso de uma função f : [A, B) ----+IR,integrável em
todo intervalo [A, b] tal que A < b < B. Mais precisamente, e conforme o leitor pode verificar
facilmente, as seguintes afirmações são equivalentes:
{e) Existe L E 1Rtal que, para toda sequência (xn)n~l no intervalo [A, B), com limn-++ .c,1==
B, temos limn-++ooJ;nJ(t) dt = L.
~----
A seguir, estabelecemos uma importante consequencia do teorema anterior, conhecida na
literatura como o teste da comparação para integrais impróprias.
PROPOSIÇÃO 4.72.
Sejamf,g: [A,+oo)----+1Rfunções tais que IJ(i·)I < g(.1:),para todo .e E [A,+oo). Se f e
g são integráveis em todo.intervalo [a,b] e [A,+oo) e J...7g(t)dt converge, então J...~f(t)dt
00 00
converge e
PROVA.
Inicialmente, observe que g(x) > O para todo x > A, de forma que J: g(t) dt > O. Então,
00
Agora, a desigualdade triangular para integrais, juntamente com a proposição 11, garante
que, também para x 1 , x2 > /'vl, temos
2 2
fx J(t) dt < fx IJ(t)ldt < {X'J g(t) dt < f.
Íxi Íx1 Íx1
Então, novamente pelo teorema 71, concluímos pela convergência das integrais J: 00
J(t) dt e
J:00
1/(t)I dt.
306
Por fim, segue do que fizemos acima e das propriedades de limites de funções (cf. seção 3.1)
que
ÜBSERVAÇÀO 4.2.
Como na observação anterior, a adaptação da proposição 72 ao caso em que I = [A,B) é
iuwdiata. Mais precisamente, se as funções J,g : (A.B) ➔ 1Rsão tais que 1/(x)I < g(x), para
todo :r E [A,B), e se J e g !:>ãointcgrá\'cb em todo intervalo [A, b], com A < b < B, então a
convcrgência de J::g(t) dt acarreta aquela de J: /(t) dt: ademais, nesse caso vale a desigualdade
1
{11 {º
l~ J(t)dJ < }A g(t)clt.
Exg~tPLO 4. 73.
Utiliz<.'mosa propo~ição anterior para estabelecer a convergência da integral de Dirichlet
sen t
1
+
-dt.
o t
Parn tanto, obsen·e inicialmente que, pelo limite trigonométrico fundamental (cf. lema 9), a
função/ H -f1 estende-se continuamente a O. Portanto, é suficiente estabelecer a convergência
de f1+< • ;" dt.
Parn o que falta, para x > 1. segue da fórmaj, de integração por partes que
1
:csent
-dt =--
COS f 1t=z
-
1z COS
-dt2
t
l f
= cosl
t t=l
cosx
- --
X
-
1z 1
1
t
cost
--dt.
t2
Como lcos xi < 1 para todo x, concluímos dos cãlculos acima que J1+ -:1'
00
dt converp
307
1 1 1 1 1 1 1 ' 1 \ 1'\ 1 1 ( , I: \ 1 1) 1 1~ 1(· \ 1 \ '\ '\
1
Por fim, é suficiente aplicar a proposição anterior, observando que 1~:r 1 < zi e que (cf.
exemplo 69) J1+ fI dt converge.
00
• 1.0
• 0.5
-80 o
-0.5
308
1 , 11 <,li\< \« 1 l\ll'Ht ll'lil \
EXEMPLO 4 74.
A função Gama é a função r: (O:+oc) ➔ (O.+oc), definida por
Corno
I' ,-•t'- 1
dt. = J.',-•e- dt.+ 1~,-•1r-l
1
00
dt,
para ver que f(x) está bem definida é suficiente mostrar que as duas integrais impróprias do
segundo membro acima convergem.
Para o que falta. observe inicialmente que. como x > O. o problema 8.3 garante a convergência
de Jd 1:r:-l dt. Portanto. como c-tF-
1
< rz:-1 para O < t < 1, a observação 2 (modificada de
maneira ób,·ia, a fim de er aplicada ao intervalo (O.1)) garante a convergência de f0 e-ttr-l dt.
1
Por outro lado, fixado x > O. afirmamo. que e-tt,z- 1 < Ce t 2 • para t > 1, onde C é uma
constante positiva que só depende de x. De fato. sendo n um natural maior que x + 1, segue do
tcor<>maGOque
t"
lim
t-+
.J/"'
(:;" -
= O.
Portanto, existe C' > O tal que c~j
2 < C, para todo t > 1. Ma.-,,sendo assim, ternos
r(x)
309
' \1·111 111 1 .\ f\:IJ·:<;JL\I. 1>1·:HIJ-:\1.\:'\:\
Agora, de Reore.locom o teorema 60, temos lims-++oo~e- 8 sx = O. Portanto, segue dos cálculos
adma que
Então,
r(x + 1) = Xr(x)
para todo x > O, e segue por indução, a partir de r (1) = 1, que r (n) = (n - 1)!, para todo
nE N.
" 1
(a) .J!½ sec t dt. (c) Ío lo~t dt.
00
{b) J0+ e-t sen t dt .. (d) +oo i dt
f-oo l+t 2 •
+oo J,+oo
J.
g(B)
J(t) dt =
B
J(g(s))g'(s) ds.
8.3. * Mostre que f0 tº dt converge se, e só se, a > -1. Em seguida, para a < O, conclua que
1
f01 t° dt converge se, e só se, xº cresce para +oo mais lentamente do que x- 1 , à medida
que X ➔ 0+.
00
8.4. É possível mostrar que J/ e_ 8:2 ds = Yf-.(Veja, por exemplo, o capítulo 8 de (27].) Use
esse fato para calcular r( ½)= .J,rr.
8.5. Mostre que, para x > O, a integral J/00e-t ,x-l log t dt ê absolutamente convergente.
310
8.6. Sejam I e R um intervalo de extremidades a e /3,f, g : I ➔ (O,+oo) funções intcgrávcís
(no sentido impróprio) e p, q > o.tais que !p + !q = 1.
1 f3
J(t)g(t) dt <
(
1 /3
J(t)P dt
)1/p (
1
f3
g(t)q dt
)1/q
(4.74)
311
.\ 1\11<,li\l. Ili 1{11 \I\\\
EMPLO 4.75.
O decaimento_ radioativo é um procPsso pelo qual um núcleo de um átomo instável perde
energia, emitindo radiação ionizante (i.e., ondas eletromagnéticas de certos níveis de frequência).
'Ia.isradiações incluem, por exemplo, partículas alfa, partículas beta e raios gama. Um decai-
mento radioativo pode ocorrer como resultado de uma colisão de um feixe de prótons de alta
energia (i.e., movendo-se a velocidades muito próximas da velocidade da luz) com um núcleo de
um átomo pesado. Isso é o que ocorre em todo acelerador de partículas, como, por exemplo, no
LHC - Large Hadron Collider , localizado em Genebra, Suíça). Contudo, há substancias, dilas
radioativas que emitem radiação ionizante espontaneamente, como, por exemplo, o Urânio 239,
que decai para Plutônio 239 com a emissão de partículas beta (por isso, dizemos que se trata de
um decaimento beta).
No início do século XX, E. Rutherford 10 verificou experimentalmente a validade da lei física
hoje conhecida como a lei de decaimento radioativo de Rutherford: a taxa temporal instan-
tânea segundo a qual uma certa substância radzoativa decai é diretamente proporczonal à massa
•
de substância presente. Ademais, a constanJ,e de proporcionalidade só depende da substancrn
em questão. Tal constante de proporcionalidade é denominada a constante radioativa da
substância.
Suponha que urna certa substância radioativa tem constante radioativa k > O, e denote por
M(t) sua massa no instante t, medido a partir de t 0 = O. A taxa temporal média de decaimento
da substância entre os instantes t 1 = t e t 2 = t + íit > t 1 , é definida por
fvl(t2) - A,f (ti)
10ErDHt Rutlwrford, físico n<.'07<•1a11cl~s dos i.éculos XIX e ~X, ganhador do prêmio. obel de Qwmica de 190 ,
por sua J>CHClllÍHBttt,lm• f1•11ô111t•11osrndioat ivos.
312
Supondo que a massa da substância radioativa presente no instante inicialto•
a M0, queremos calcular M(t) em funçffe,o
de t.
y' + ky = O
{ y(O) = Yo
é um problema de valor inicial associado à EDO y' + ky = O. Por sua vez, esse problema é
um caso particular de uma situação ainda mais geral, resolvida pelo teorema a seguir.
TEOREMA 4.76.
Sejam I um intervalo aberto, x 0 E /, Yo E R e / : / ➔ R uma função contfnua dada. O
problema de valor inicial
y' + f(x)y = O
{ y(xo) = Yo
tem como única solução a função y : / ➔ R tal que
(4.75)
Heuristicamente, para resolver a equação y' + J(x)y = O, supomos que a solução y é positiva
em uma vizinhança de x0 , de forma que
y'(x) = - f(x).
y(x)
Em seguida, integramos ambos os membros da igualdade acima entre x 0 e x (o que tem sentido,
uma vez que estamos supondo f contínua), para obter, com o auxílio do TFC,
:r 1x y'(s) 1:r
logy
l
xo
=
:ro
-ds
y( S)
= -
:ro
f(s)ds.
313
< \1·11111) 1 .\ I\ 11-:c;JL\I. l>I·: HIE:\l.\.\.\
Observe que, uo final das contas, se y0 > O, então a solução dada por (4.75) é realmente
positiva. e está definida em todo o intervalo I. Contudo, como chegamos à solução nos apoiando
cm hipóteses que não sabíamos serem satisfeitas, a discussão acima não constitui uma prova.
Apesar disso, vereinos a seguir que ela dá uma pista muito boa sobre como provar o teorema.
Portanto, o resultado do problema 4.1, página 166, garante que Y é constante e, como Y(x 0 ) =
y(xo) = Yo,concluímos que Y(x) = y0 , para todo x E I. A partir daí, é imediato que y é dada
como em (4.75).
Reciprocamente, sendo, y dada como em (4.75), é imediato verificar que y' + J(x)y = O e
y(x 0 ) = y 0 . Portanto, tal função realmente resolve o problema de valor inicial do enunciado.
Podemos, agora, voltar ao exemplo anterior, observando que, naquele caso, a função f é
constante e igual a k. Assim, de acordo com (4.75), a solução do problema de valor inicial
1\1'+ kAI = O
{ l\tl(O) = lHo
é a função
(4.76)
Voltando à discussão sobre equações diferenciais ordinárias, situações físicas há (conforme
veremos no próximo exemplo) em que se faz necessário considerar problemas de valor inicial do
tipo
y' + J(x)y = g(x) ,
{ y(xo) = Yo (4.77)
r
onde g : I ➔ ~ são funções contínuas dadas e Xo E I' YoE IR.
Uma tal equação pode ser facilmente integrada (i.e., resolvida) com o auxílio do teorema
anterior e de um método heurístico conhecido como variação dos parâmetros. Tal método
314
\1 \I" \l'l.11 \1, 1 >I..., \ I· 1"1' \ 1
consiste no seguinte: inicialmente, multiplicamos ambos os membros de (4.77) por uma função
auxiliar derivável e não nula h : J ➔. IR (à qual nos referiremos como o fator integrante),
obtendo
h(x)y'(x) + f(x)h(x)y(x) = g(x)h(x);
em seguida, procuramos h de tal forma que o primeiro membro da igualdade acima seja a
derivada da função hy.
Se isto for possível, deveremos ter
ou, ainda,
y(x) = htx) ( h(xo)y(xo)+ 1: g(s)h(s)ds) . (4.79)
Portanto, para fazer o método de variação dos parâmetros funcionar e terminar de resolver
(4.77), resta mostrarmos que é possível escolher uma função derivável e não nula h : / ➔ IR tal
que (cf. (4.78))
(4.80)
315
<. \l'l 11 111 I A l~TEGH,\L DE HIE~IA~~
EXEMPLO 4 77.
Grosso modo, um circuito elétrico é um dispositivo formado pela ligação de vários elemen-
tos elétricos, tais como resistores, indutores, capacitares, fontes de tensão, fontes de corrente e
interruptores, conectatos entre si de modo a formarem pelo menos um caminho fechado para o
füLxode corrente elétrica.
Por exemplo, um circuito elétrico simples, alimentado por pilhas, baterias ou tomadas, sempre
apresenta uma fonte de energia elétrica, um aparelho elétrico, fios ou placas de ligação e um
interruptor para ligar e desligar o aparelho; estando ligado, o circuito elétrico estará fechado e
uma corrente elétrica o atravessará; por sua vez, essa corrente pode produzir efeitos os mais
variados, como luz, movimentos, aquecimentos, sons etc.
Em um circuito elétrico, a tensão elétrica U entre as extremidades de um elemento é a
diferença de potencial elétrico entre as mesmas, i.e., a diferença de energia elétrica potencial,
por unidade de carga elétrica, entre os dois pontos em questão. No SI, a unidade de energia é
o Joule (abreviado J) e a unidade de carga é o Coulomb (abreviado C). Portanto, a unidade de
medida para tensão elétrica é J/C, também conhecida por volt (abreviado V), em homenagem
a Alessandro Volta, físico italiano dos séculos XVIII e XIX. Assim, dizer que a tensão existente
entre as extremidades de um elemento de um circuito é de 1V é o mesmo que dizer que 1C de
carga que atravessa esse elemento transmite lJ de energia.
Em um circuito elétrico, a corrente elétrica que atravessa um de seus elementos (dito,
então, um condutor) é o fluxo de elétrons observado no mesmo. A intensidade i(t) dessa
corrente, calculada no instante t, é a taxa de variação temporal inst~tânea· da quantidade ó.q
de carga elétrica que atravessa o circuito entre as extremidades do condutor em questão:
. ó.q dq
i(t) = hm - = -.
~t-+o ó.t dt
Assim, medindo cargas em Coulombs e intervalos de tempo em segundos, concluímos que a
unidade de medida de corrente é C/s, também conhecida como Ampere (abreviado A), em
homenagem a Adrien-Marie Ampere, físico francês dos séculos XVIII e XIX.
Um resistor é um elemento elétrico condutor utilizado em circuitos com uma de duas fun-
ções básicas: transformar energia elétrica em energia térmica ou limitar a corrente elétrica que o
atravessa (oferecendo, para tanto, resistência à passagem de carga). Resistores satisfazem a pri-
meira lei de Ohmll: uma tcusão U(t), aplicada às extremidades de um resistor, é diretamente
proporcional à intcm~idade i(t) da corrente que o atravessa. Denotando por R tal constante de
proporcionalidade, temos
(4 81)
316
\I \I"- \l'LW \<:<>!·." .\ FhW.\ ,
1
317
( \1'11 t 111 I t\ l:'\TEC:H,\L DE HIE:\L\:'\~
horário a pnrtir do nó inferior esquerdo, concluímos, com o auxílio de (4.81), (4.82) e da lei das
malhas que U(t) - Ri(t) - L~~ = O.
U(t) --==-
obtemos uma equação como aquela em (f 77), com variável t e y(t) = i(t), J(t) = ~. g(t) =
tU(t).
Por (4.80), o fator integrante de (4.83) é
rt Rds Rt ,.
h(t) = eJo r = er.
Se U(t) = sent, então, integrando por partes duas vezes (cf. item (d) do problema 7.1, página
298), obtemos
1 1(ersen n, 1 eTR• R ( t
L1
efi(t) - i(O) = - sds = - • --::---2 -sens - coss) 1,
o L ( ~) + 1 L o
de formaque
318
\I\I" .\1'1.1('\(,'()(·:S \ 1-'hl('\ ,
Portanto, após algum tempo a corrente sobre o circuito é essencialmente igual à corrente
estacionária .
~-----~~-~----
i,(t) ~ L2 1 (1
R2 sen t - cost).
-----------~
A análise matemática do problema físico de que trata o próximo exemplo levar-nos-á a
mergulhar um pouco mais no fascinante mundo das equações diferenciais.
EXEMPLO 4. 78.
Considere novamente as condições descritas no exemplo 81 e suponha que, além da força
restauradora da mola, atua sobre o corpo de massa m uma forma de amortecimento de intensi-
dade proporcional à velocidade do corpo, com constante de proporcionalidade e > O, a qual só
depende dos materiais de que são feitos o corpo e a superfície sobre a qual ele desliza. Então,
nesse caso, a segunda lei de Newton fornece a equação
319
, \1·111 11 i 1 _.\ [.'\ ri-:c:H.\L IH·: B1t-::\L\:'\\
LEMA 4.79.
a2
0
Se y'' + ay' + by = O eu= e : y, então u" - !u = O, onde ô= - 4b.
PROVA.
A prova é um cálculo imediato de derivadas. Entretanto, é instrutivo aproveitarmos a opor-
tunidade para perceber o argumento heurístico por trás do fator e ª2.r. Para tanto, faça y = uv,
com u e v deriváveis, de forma que
O = y" + ay' + by = (uv)" + a(uv)' + b(uv)
= vu" + (2v' + av )u' + (v" + av' + bv)u.
Agora, impondo que 2v' + av = O, obtemos (a partir do teorema 76) v(x) = e-ª{ como uma
possibilidade. Com tal escolha, temos
,, , a2 a2 uA
v + av + bv = -v - -v + bv = - -v ..
4 2 4
e, daí, O= v (u" - tu). Mas, como v(x) =/O para todo x E lR, segue que u" -1u = O.
TB0RBMA 4.80.
As soluções da equação diferencial y" + ay' + by = O são da forma
y(x) = e-9f (c1u1(x) + c2u2(x)),
320
PROVA.
O lema anterior garante que, pondb u = eª{ y, obtemos y = e-ª{ u e u" - ¾u = O. Portanto,
basta mostrar que u(x) = c1u 1 {x) +c 2 u 2 (x), onde u 1 e u 2 são como em (a), {b) ou (c), conforme
seja 6. = O, 6. > O ou 6. < O.
O que falta segue do problema 4.2, página 166 (no caso 6. = O), do item (c) do problema 9.2
(no caso 6. > O) e do corolário 80 (no caso 6. < O).
Como - 2: + f < O, ainda temos que x(t) ➔ Oquando t ➔ +oo. Nesse caso, o amortecimento
do sistema é dito supercrítico.
(iii) Sem > 1~,então 6. < O e (uma vez mais graças ao teorema anterior)
quando t ➔ + Nesse caso, o sistema ainda oscila à medida que o amortecimento se processa,
razão pela qual tal amortecimento é denominado subcrítico.
este ponto, observamos que meramente tocamos a superfície do mundo das EDOs. Ao leitor
interessado em saber mais sobre as mesmas, sugerimos as referências (4]ou (211,dentre outras.
321
1 \1 1' 1 1 '1 1 .-\ )\" 1 F<:H \1. Ili·: H11·:\I \\"\
(a) Se J, g : IR ➔ IR são funções deriváveis e tais que f'(x) = g(x) e g'(x) = f (x) para
todo x E IR, então J(x) = J(O)coshx + g(O)senhx e g(x) = g(O)coshx + J(O)senhx,
para todo x E IR.
(b) Se J: IR➔ IRé uma função duas vezes derivável e tal que J"(x) - J (x) = O para todo
x E JR,então
J(x) = J(O) coshx + J'(O)senhx,
para todo x E IR.
(c) Se À> O e f : IR➔ IRé uma função duas vezes derivável e tal que J"(x) - Ãf (x) =O
para todo x E IR, então
.
f(x) = J(O) cosh(Y'Àx)+ f~\enh (v'>:x), (4.86)
9.3. Um corpo de massa m, solto a partir do repouso nas vizinhanças da superfície da Terra,
experimenta, na ausência de ventos apreciáveis, um movimento retilíneo de queda sob a
ação da força de atração gravitacional exercida pela Terra e da força de resistência do ar.
A lei de forças da força resistiva exercida pelo ar sobre o corpo afirma que sua magnitude é
diretamente proporcional à velocidade escalar do corpo. A esse respeito, faça os seguintes
itens:
(a) Mostre que a força resultante F sobre o corpo é tal que F = mg-kv, onde g denota a
aceleração da gravidade, v a velocidade do corpo e k a constante de proporcionalidade
a que aludimos acima.
(b) Use a segunda lei de Newton para concluir que, sendo v = v(t), temos v'(t) + v = g. !
~, .
(e) Mostre que h(t) = em é um fator mtegrante para a equação diferencial do item (b).
{d) Mostre que, partindo do instante inicial / 0 = O, temos
322
l '1;1 >l\1.1 \I \" ~I <,' \( > 1 'l t
9.4. A lei de resfriamento de Newton afuma que a taxa temporal segundo a qual um corpo
troca calor com o ambiente é cliretamente proporcional à diferença entre as temperaturas
do corpo e do ambiente. A esse respeito, faça os seguintes itens:
(a) Se y(t) denota a temperatura do corpo no instante t, mostre que existe uma constante
positiva k tal que y'(t) = -k(y(t)-T(t)), onde T(t) denota a temperatura do ambiente
no instante t (suposta conhecida) e o sinal - após a igualdade indica que o calor flui
do corpo mais quente para o mais frio.
(b) Mostre que h(t) = ekt é um fator integrante para a equação diferencial do item (a).
(c) Mostre que, medindo temperaturas a partir do instante t0 = O, temos
y(t) = e-• 1y(O) + ke-• 1 J.'e••r(s)ds.
(d) o caso em que o ambiente é mantido a uma temperatura constante T0 , mostre que
y(t) ➔ T0 quando t ➔ +oo, o que condiz com nossa experiência.
9.5. Dados a, b E 1Re uma função contínua g : I ➔ IR, o objetivo deste problema é aplicar o
método de variação dos parâmetros para resolver a equação diferencial
(d) Pelo item anterior, se conseguirmos encontrar l 1 , l2 : J ➔ IR, duas vezes deriváveis e
tais que
323
' < ,1·11, 1( 1 1 ..\ l:\·11-:c;fL\I. ni-: HIE:\1.\:\':\'
teremos sucedido em encontrar uma solução particular y = l1v1 + l2v2 de (4. 7).
Mostre que poderemos encontrar tais funções l1 e l2 se, e só se, a função ll' : IR~ IR,
dada por
W(x) = det [ v1(x) v2(x) ] ,
vi (x) v~(x)
for tal que W =/-O em I. Sendo esse o caso, mostre que
l (x) =
1
-jx g(t)v2(t) dt
W(t)
l (x) =
e 2
jx g(t)vi(t) dt.
W(t)
(e) Para mostrar que W =/-Oem IR (e não somente em I), use o fato de que (cf. lema 79)
Vi e v2 resolvem a equação y" + ay' + by = O para calcular
Então, conclua que W(x) = W(O)e-ax em JR,de forma que vV =/-O em lR se, e só se,
W(O) =/-O. Por fim, analise as várias possibilidades para v1 e v2 (cf. teorema 80) para
concluir que
se~= O
• { 1
vV(O)= ~, se~< O
-/K, se~> O
..
9.6. Resolva, em lR, a equação y" + 4y = sen x, com y(O) = 1r, y'(O) = -1.
324
SÉRIES NUMÉRICAS E
DE FUNÇÕES
Este último capítulo apresenta a noção adequada de convergência para sequências e séries
de funções, com ênfase no estudo de séries de potências. Após discutirmos alguns fatos básicos
·obre séries de números reais, examinamos a série de potências naturalmente associada a uma
função infinitamente derivável, dita a série de Taylor da função. Em seguida, discutimos, nas
seções 5.4 e 5.5, as teorias básicas de séries uniformemente convergentes de funções e séries de
potências. Por fim, na seção 5.6, apresentamos algumas aplicações da teoria desenvolvida.
Lªk = s. (5.1)
k2:l
Em outras palavras, quando escrevemos Ek2:i ak = s, estamos dizendo que as somas finitas
Sn= + a2 + · · · + ªn
a1 aproximam-se mais e mais s, à
do número n➔
real medida que +oo. É
nesse sentido que a igualdade (5.1) deve ser pensada, como um limite.
Por vezes, teremos em mãos uma sequência (an)n2:o de números reais, em cujo caso a série
correspondente será denotada por Ek2:o ªk· Deixamos ao leitor a tar~fa (im~diata) de adaptar
as discussões acima e porvir a tal situação.
Nosso interesse primordial nesta seção é encontrar critérios que permitam decidir se uma dada
série é ou não convergente. Caso não o seja, diremos que se trata de uma série divergente.
Comecemos examinando o caso de uma série geométrica, i.e., uma série da forma Lk2:i qk- 1,
para um certo real não nulo q. Conforme veremos ao longo deste capítulo, séries geométricas
são, sob vários aspectos, fundamentais para o desenvolvimentq da teoria.
PROPOSIÇÃO 5.1.
Dado q e R \ {O},a série geométrica E1:2:i q"- 1 converge se, e só se, O < lql < l. Xesse
6ltimo C880, sua soma é igual a 1~ 9 •
PROVA.
Sendo s" = 1 + q + · · · + q"- 1 , segue da fórmula para a soma dos termos de uma PG que
1 - qn l q"
Sn = --- = -- - --
1- q 1-q 1-q
326
Agora, se O < lql< 1, o exemplo 12 garante que limn-.+ qn = O. Portanto, temos
lim
n-+1"""00
Sn ~ (-1 -
= n-+-'-oo
1
q
- L)
l - q
=--
1-q
1
Por outro lado. se jql> 1, então limn-.-oc lq"I= + , de forma que a sequência (sn)n2:1 não
converge em IR. Portanto, nesse caso a série geométrica em questão é divergente.
PROPOSIÇÃO 5.2.
Se L1,;2:1 ak e LJ.-, 1 bk são séries conYergentes e e é um número real qualquer, então:
(h) a série Lk~ 1 (ak + bk) conYerge e Lk2: 1 (a,. + b,:) = LA:2:la1i:+ E1i:2:ib1c.
---~--~~~~
PHO\,\
(a) Se -"n é a n-ésimc ~oma parcial dn ~ nc LA->1 ak. então a n-ésima soma parcial da série
Lq I cak é e n• Portanto, pelo item (a) da proposição 1 , Lk2:i cak converge, com
(b) e -'>n e ln ..ão, re!>pectivamente, as n-é:;imas somas parciais das séries L1i:2:iak e L1i:2:ib1i:,
rntãoan- ima omaparcialda éneLk2: 1(ak+b1i:)ésn+tn. Portanto,oitem(b)daproposição
1 ganrnte a convergencia de Lk2:l (ak + bk) e fornece
EXEMPLO 5.3.
M~tre que a série E1i:2:i( 1.,+!:+3.,) converge e calcule sua soma.
327
'"'01 l! Ç \O.
1,1
Como O <....½, < 1, a proposição 1 garante a convergência das séries geométricas Lk~l (¼)k,
Í:1.:::1 (½)1' e Lk~i(¾)k. Portanlo, aplicando duas vezes o item (b) da proposição 2, obtemos
Dada uma série Lk~l ak, referimo-nos a an como o termo geral ou, ainda, o n-ésimo
termo da série. A proposição a seguir dâ uma condição necessária para a convergência de uma
série em função de seu termo geral.
PROPOSIÇÃO 5.4.
Se a série Ek~l ak é convergente, então limn➔+oo <ln= O.
----~~~-~----------~~-_____J
PROVA.
Dado € > O, queremos garantir a existência de n 0 N tal que n > n 0 ⇒
E lanl< €. Seja
l = Lk~l ªk· Pela definição de convergência de uma série, existe n 0 E..N tal que
€
> no⇒ 1Sn
n - li <
2,
onde Sn = a1 + a2 + · · · + an, Então, an = Sn - Sn-1 para n > 1, e segue da desigualdade
triangular que, para n > n 0 ,
A recíproca da proposição anterior não é válida, i.e., há séries divergentes Lk~l ak para as
quais lín1n-.+ooª" = O. O exemplo clássico é fornecido pela série harmônica Lk~l ¼,cuja
divergência será estabelecida logo mais. Anles, contudo, precisamos de um critério para a
convergência de séries de termos positivos.
I
328
PROPOSIÇÃO 5.5.
Se (an)n~l é uma sequência de termos não negativos. então Et~l ª• COlffl
eequência (sn)n~l de suas somas parciais é limitada.
---------,----------'
PROVA
Inicialmente, recorde que, por definição, Lk~l ak converge e, e só se, (sn)n~1 converge. Como
jâ sabemos que toda sequência convergente é limitada, concluímos que, se Lk~l ak converge,
então (sn)n~l é limitada.
Reciprocamente, suponha que (sn)n~l é limitada. Como ak > O para todo k > 1, temos que
s1 < s2 < s3 < .... Portanto, (sn)n~l é uma sequência monótona e limitada, logo convergente,
EXEMPLO 5.6.
A série harmônica Lk~l t dh·crge. Por outro lado. para todo real r > 1, a eêrie Et~l .~
converge.
PHO\A
Sejam Sn - L~ 1 f e tn = L~ 1 /r. Pela propo ição anterior, é suficiente provar que a
!-)<'qucncia
(,.,n)n>l é ilimitada, ao passo que a ~cquenc1a(tn)n~l é limitada.
Pnrn mostrar que ( n)n~l é ilmutada. ob er\'e que, por {4.45), temos¼ > log (1 + ¼)- Por-
tanto,
1 " ( 1)
rl
n- L k > L log 1 + k = Ln (log(k + 1) - log k) = log(n + 1),
k 1 k·-1 k-1
ln< l+ G 1
+ ;,) +···+ C2m~l)' +···+ {2m~ 1)')
1
. m 1 1
<1+2--+4·-+···+2
2r 4r
- •---,-----,-
2(m-l)r
1 1 1
= 1+ -2r-l + 4r-l
- + ... + ----,-----,-
2(m-l)(r-l)
1 1
<L 2(r-l)k =L (2r-l )k •
k~O k~O
329
Ainda cm relação ao exemplo anterior, apesar de termos garantido que a série Lk>l k1r
converge quando r > 1, não temos a mínima ideia sobre o valor numérico e.xato de sua soma.
Essa é uma situação recorrente para séries, e não deve dar ao leitor a sensação de que a teoria
que está sendo desenvolvida é, de alguma forma, deficiente. Pelo contrário, veremos em vârias
outras partes desse capítulo que a simples garantia da convergência de uma série (que é uma
conclusão meramente qualitativa) pode gerar consequências quantitativas importantes.
ÜBSERVAÇÃO 5.1.
A título de curiosidade, informamos que Lk>l k1r = ((r), onde ( : (1, +oo) ➔ R denota a
2
famosa função zeta de Riemann. Para um cálc~o elementar de ((2) = ~ • referimos o leitor
ao problema 4.7, página 367, ou, ainda, à seção 4.3 de [13J. Observe, contudo, que, parn um
natural m > 1 ímpar, a obtenção do valor numérico exato de ((m) é um problema cm aberto,
i.e., ainda não resolvido.
TEOREMA 5.7.
Sejam dados no E N e uma função monótona e decrescente f : [no, +oo) ➔ R, tal que
limz-++ooJ(x) = O. Então, ..
J: 00
PROVA.
Sejam g, h: [no, +oo) ➔ IRas funções dadas, no intervalo µe,k + l) (para cada k > n 0), por
g(x) = J(k + l) e h(x) = f(k).
As condições sobre / garantem que O < g(x) < f (x) < h(x), para todo x > n 0 . Portanto,
segue do critério de comparação para integrais impróprias (cf. proposição 72) que
+oo /.+oo
J(t) dt converge => g(t) dt converge
/. no no
e
I 1+00 J.+oo
h(t) dt converge => J(t) dt converge.
no no
330
Por outro lado, para um inteiro n > n0 , temos
[
no
g(t)dt = t
k=no+l
f(k) e [
no
h(t) dl = f
k=no
f(k).
Por fim, apliquemos a equivalência (a) <=>(c) do teorema 71, com Xk = k para todo k > no:
00 00
(i) Se Ín: J (t) dt converge, então fn: g(t) dt converge e, daí,
1 +00
g(t) dt = n➔+oo
lim
l" g(t) dt = n➔+oo
lim L- '"°'J(k) = L
n
J(k).
no no k=no+l k~no+l
1 +oo
h(t) dt = n➔+oo
lim
l" h(t) dt = n➔+ooL-
lim '"°'
n-1
f(k) = '"°'
L-
J(k),
no no k=no k~no
00 00
de modo que fn: h(t) dt converge. Portanto, fn: J(t) dt converge, pelo que vimos acima.
EXEMPLO 5.8.
O teste da integral permite estabelecer facilmente a divergência da s6tie
convergência da série Lk~l f,., para todo real r > 1. No caso da série IW'IDGU)
f: [l, +oo) ➔ IRdada por f(x) = ~. temos
00
1 1
+ 1
- dt
t
= z➔+oo
lim
/.%
1
1
- dt
t
= z➔lim
+oo
log x = +oo
i
1
+oo .!_dt = lim
tr z➔+oo
iz
1
.!_dt = lim - 1- (_!__ -
tr z➔+oo 1- r xr-1
--~--
1)
Vejamos um exemplo mais interessante.
ExEMPLO 5.9.
Examine a convergência da série E.~2 u!ct·
331
OLUÇÀO.
Se f : (2,+oo) ➔ 1R é a função dada por f(x) = xl~x' então J é claramente monótona,
decrescente e tal que limx-++ooJ(x) = O. Pelo teste da integral, Lk> - 2 k/ og k converge se, e só se,
Jt J(t) dt também converge.
Para o que falta, observe que a substituição de variável s = logt (cf. problema 8.2, página
310) fornece
12
00
+
f (t) dt = .
1+t 0g t
2
00
l1
log 2 S
dt = l,+oo -1 ds
Portanto, Jt
00
J(t) dt diverge, de sorte que Lk>
-2
1
kl k
og
também diverge.
A definição a seguir isola uma classe de séries cuja convergência, em princípio, é mais fácil
de ser estabelecida.
DEFINIÇÃO 5.10.
Uma série EA:?:lak é absolutamente convergente se a série Ek?:l lakl é convergente.
PROPOSIÇÃO 5.11.
Toda série absolutamente convergente é convergente.
PROVA.
Seja Lk?:l ak uma série absolutamente convergente e, para cada n > l, sejam sn = E~=l
ak
lsm - snl = L
k=n+l
ak < L lak1 = tm - tn.
k=n+l
Como a sequência (tn)n2:1 converge, ela é de Cauchy. Portanto, dado f > O, existe n 0 EN tal
quem> n >no=> tm - tn < t. Com tais feno, segue da desigualdade acima que
332
A recíproca da proposição anterior não é Yálida, quer dizer, há séries convergentes que
são absolutamente conYergentes. Antes de podermo apresentar um exemplo, precisao:MJI de
resultado conhecido na literatura como o critério de Leibniz para convergência de séries.
ROPOSIÇÃO5.12. LEIB~IZ
Se (<1n)n2:ié uma sequência não crescente de reais positivos, tal que llm.-++oo
série Lk2'.l (-1)k- 1ak é conYergente.
PROVA.
Para cada n E N. seja sn = a 1 + a2 + · · · + a 11 • A condição a 1 > a2 > a3 > · · · > O garante
facilmente que
1 > 3 > 5 > ... > 6 > -l > 2· (5.2)
Por outro lado, para cada m E N. temo
Por sua. vez, em conjunção com (5.2), , com· rgt>ncingarante claramente que a sequência
(s,,),.2:1 é de Cauchy. Logo, (~n)n2:I l'• com=rg.:>ntl•, conforme de ejado.
5.13.
EXEMPLO
Pelo CI i t éiio dl• Lt i bn iz, a s(•rit.. Lk>
1
l (-l r I
converge. Por outro lado, tal aêrie DãDl.. ...
utai11t'ntt com·l rgt"nh•1 uma vez que a ~rie LA:2:I 1(-it-•
1 1
1é a série hannõnica, que
di\'c:>l'g('llt
l'.
POSIÇÃO5.14.
Sejam (0n)n~1 e (bn)n~l sequências de números reais tais que < b,.,
lt.1nl
~ 1 b1r converge. então Lt~•a,. é absolutamente convergente e tal que
333
'°'i 1:11" \1 11 1:11 \~ 1 111 11 ,, 111"
'
PROVA.
Sejam Sn = I:~_1 ak e tn = I:;=1 bk. Param> n > l, temos
m m m
lsm - Snl = L ak < L lakl < L bk = tm - tn.
k=n+l k=n+l k=n+l
Agora, como a sequência (tn)n~l é convergente, ela é de Cauchy. Portanto, dado e > O,
existe noE N tal que m > n > n 0 =} tm - tn < e. Logo, segue das desigualdades acima que
m > n > no =} lsm - snl < e, de sorte que (sn)n>l também é de Cauchy. Então, pelo teorema
28, (sn)n>l converge.
Por fim, analogamente às desigualdades acima, concluímos que lsnl < tn para todo n > l.
Fazendo n ➔ +oo e utilizando o resultado do problema 2.1, página 89, obtemos
8KBMPoo5.15.
Existe uma sequência (an)n~1 de números reais positivos tal que ambas as séries Lk~l ak e
~ 1 • . ?
L.,i~l ir.;' CODVU'J&m.
SOLUÇÃO.
Se tal fosse o caso, o item (b) da proposição 2 garantiria a convergência da série I: (ak + k 2~ ) .
k~l "
J
Mas, pela desigualdade entre as médias, temos ak + k 2~1c > 2 ak • k 2~,. = de forma que o teste í,
da comparação garantiria a convergência da série Lk~l í,
o que é um absurdo.
A seguir, apresentamos uma elaboração muito útil do teste da comparação, a qual dá uma
condição suficiente para a convergência absoluta de uma série de termos não nulos. O resultado
a seguir é conhecido na literatura como o teste da razão.
334
SI HII-, l>I '\I \li J:11-, HI \J-.. ,
PROVA.
Provemos inicialmente que. se l < ·l. a série Lk~l ak é absoluta.mente convergente. Sendo
l < 1, podemos tomar um número real q tal que/ < q < 1. Tomando€= q-l > O, a convergência
~::t·~ l garante
1 a existência de Tio E N tal que n > Tio ~ 1lj::t' - li < € = q - l. Em
particular. para n > Tl<J.segue da desigualdade triangular que
lan.....
11 lo.n..ql
-- < -- - l +l <q- l+l = q.
lan1 fanl
EXE\lPLO 5.17.
1
Dados um natural me um real q > 1, a série Lk~l (-1l- ~ converge ou diverge? Justifique
::.uaresposta.
~~--~----------~-~~----~--~~-----~
335
1
Sou;ç.,o.
Fazendo an = (-1)"- 1
~; para n > 1, temos
Portanto, pelo teste da razão, a série dada é absolutamente convergente, logo, convergente.
TaôREMA 5.18.
Sejam Li2:l ~ e Li2:l b1 séries absolutamente convergentes. Se
k-1
ck = L
i+j=k
a,b = L a.bk-,
1
1=1
PROVA.
É suficiente mostrar que, dado € > O, existe no E N tal que, para n > n 0 , temos
336
Denotemos por A, B e C, respectivamente, a primeira, segunda e terceira parcelas do segundo
membro acima, de forma que
n
B = L Cli L bj e e = La, L b)
A sequência (I:;=1 b1) n~l , sendo convergente, é limitada; logo, existe M > O tal que
IE;=lb)1 < M, para todo n > 1. Por outro lado, como as séries Li~I a, e í::1 ~ 1 b1 conver-
gem, temos
n
l
--:------:- - -
3 IEi>l ªi' 3
Quanto a A, observe inicialmente que
max(,,J}>n
t+j$2n
2n 2n
< L
max(,,J}>n
la,b;I < L Lla,llb1I+
i=n+l j$n
L Llaillbil
t+j$2n
Para estimar A, podemos supor L,~1 la,I =/-O e Í:: 1~ 1 lb1 I =/-O. Agora, como as séries L,~1 lail
e í: 1 ~ 1 lb1 1convergem, as sequências (I:~=I la,l)n~I e ( í::7=
1 lb1 1)n~l são de Cauchy; portanto,
337
'-,f f;ff ~ \1 'lf 1:1< \~ f f1I 11 < Ili
Por fim, pondo no= max{n 1 , n 2, n 3 , n 4 } e tomando n > n 0, todas as estimativas anteriores
sã.o vá.lidas, de forma que
f
< A+B +C < 3• = f.
3
1.3. Seja (Cln)n~l a sequência de números reais positivos definida por a 1 = ½ e an+l = a!+ an,
para n E N. Prove que a série E1c~i ªt~l converge, com E1c~ 1 0 .,~ 1 = 2.
-
1.4. Decida se a série L1c>i
-
J k+v'k7=I
1
converge ou diverge.
15P
• . ''"
rove que a serie 1
L.,k>lOOO ✓1cL1Cxxi1c:i converge.
1.6. Se (an)n~l é uma PA infinita e não constante de termos positivos, prove que:
1.7. * Dada uma sequência (a 1, a2, a3, ... ) de algarismos, prove que existe um único elemento
x E R satisfazendo a seguinte condição: fixado um erro máximo ~ro , com n 0 E N, temos
1
o< X - (ro+ W'+ ... + i°cfn) < l~'ll, para todo natural n > no, Nesse caso, como o leitor
deve sUBpeitar, escrevemos x = O,a1a2a3 ....
1.8. Mostre que todo real x E (O,1) admite uma única expansão decimal da forma x
O,a1iL2a3... , com a,t =/:-O para infinitos valores de n. Em seguida,
construir um exemplo de função sobrejetora f: [O,1] ➔ [O,l] x [O,l].
338
l 1 1i I l ) \ 1 1 \ 1 \ '-- '-i 1 1 \ 1 1 -, I r
1.9. Seja (an)n~1 uma sequência de números reais positivos, Lal que a série Lk~J aiconverge,
Prove que, para todo real r > ½,,a série Lk~l ~ também converge.
1.10. Seja (an)n~l uma sequência de números reais positivos, tal que a série Lk~l a1c converge.
Prove que a série Lk~l ✓akak+l também converge.
1.12. Examine a convergência das séries abaixo, onde a> O é um real dado:
1.13. Seja (an)n>1 uma sequência de números reais tal que a série Lk~l ak é absolutamente
convergente, com Lk~l ak = O. Mostre que a série
1.14. Seja A um conjunto finito de naturais da forma 2ª3b5C,para algum terno (a, b, e) de inteiros
não negativos. Prove que LxeA ~ < 4.
1.15. Sejam (an)n~l uma sequência de reais positivos tal que ~-+ l.
O critério de convergência de séries dado pelo caso l < 1 é conhecido na literatura como o
teste da raiz para a convergência de séries.
339
1.16. Sejam (on)n~l e (bn)n~l duas sequências de números reais satisfazendo as seguintes condi-
ções:
1.18. O objetivo deste problema é dar uma outra demonstração da convergência da integral
J/00
~t dt (cf. exemplo 73). Para tanto, faça os seguintes itens:
(b) Conclua, a partir do critério de Abel (cf. problema 1.16, página 340), que é suficiente
mostrar que a sequência (sn)n~l, definida para n EN por Sn = E~=l sen k, é limitada.
sen !!.se n !!.±!
(c) Aplique o resultado do problema 1.10, página 222, para mostrar que Sn = 2
sen 21
2
(a) Mostre que pelo menos um dos números lsen nl, lsen (n + i)I ou lsen (n + 2)1 é maior
ou igual a ½-
(b) Conclua que a série Lk~l lse;kldiverge.
(c) Mostre que J/ 00
se~t dt não é absolutamente convergente.
(e) Mostre, a partir dos itens (a) e (b), que 1=;= 1 ¼< e E'k= 1 2
Pk.
340
5.2 Algumas aplicações
Esta seção coleciona algumas aplicações relevantes da teoria de séries de númeroe reail,
conforme apresentada na seção anterior.
Começamos utilizando (4.45) para estabelecer uma estimativa, devida a Euler, para o tama-
nho de logn.
PROVA.
Inicialmente, observe que
n l n l n-1
L k - logn = L k - L(log(k + 1) - logk)
k=I k=I k=l
~ ( k1 -
= n-l ( 1))
log 1 + k
1
+ n.
(5.5)
341
- --- ==========================----------------
-·--:..,.;-~--=-=- ·- - ·----------------------
nio se sabe se 'Y é um número racional ou irracional, muito embora suspeite-se que 'Y deva ser
irracional.
Observe que, a partir de (5.4), temos
n 1
log n "' L k - 'Y,
k=l
PROVA.
Uma vez que Ek~o t, é uma série de termos positivos, a proposição 5 garante que, para
estabelecer a convergência dessa série, basta mostrarmos que ela é limitada. Para tanto, como
k! > 2k-l para todo inteiro k > 2, temos, para n > 2 inteiro, que
n. 1 n 1
Sn =2+L k! < 2+ L 2k-1 = 3,
k=2 k=2
onde utilizamos a fórmula para a soma de uma série geométrica na última igualdade acima.
Seja l = Ek~o tr. Para mostrarmos que l = e, o teorema 56 garante ser suficiente mostrarmos
que l = limn-++oo(l+ ¼)". Para tanto, seja o.n= (1 + ~)". Como no exemplo 23, capítulo 2 (cf.
(2.1) e cálculos subsequentes), temos
an = 2 + L (n)
n
k=2
k
1
nk e
(n)2_ __ _.!_. n(n- 1) ... (n- k + 1)
k nk k! nk '
de sorte que
n 1 n 1 1
< 2+ L
k=2
k! =L
k=O
k! < L
k~O
k! = l.
342
.\L<;l .\1 \'-- \l'I H \< 1 li'-- 1
e= lim an > n➔
n-++oo
lim
+oo
(1 - n .!.)(1 - n ... (1 - m n-
~)
1
) (2 + t
k=2
k ,)
1
.
Mas, como m E N foi escolhido arbitrariamente. concluímos que e > 0 para todo z:=;:t,,
m E N. Então, fazendo m ~ +oo e invocando novamente o item (b) da proposição 15, obtemos
finalmente
e> lim
- m➔+
TEOREMA 5.21.
O número e é irracional.
PROVA
Seja sn = L~=O ~!. Para naturais m > n > 1, temos
m 1 1
Sm - Sn = L
k=n+l
k! < L
k::!:n+l
k!
1 ( 1 1 ) (5.6)
= (n + 1)! 1 + n + 2 + (n + 2)(n + 3) + • • •
1 1 1 n+2
< (n + 1)! L (n + 2)k = (n +
k::!'.0
1)! • n + l'
343
onde utilizamos, uma vez mais, a fórmula para a soma de uma série geométrica na última
igualdndc.
Porhmto 1 ainda para naturais m > n > 1, temos a partir dos cálculos acima que
m 1 1 n+2
Sm = Sn +
k=n+l
L k! < Sn + (n + 1)! • n + 1'
344
com cinco casas decimais corretas.
Para motivar o que vem a seguir, seja n E N. A desigualdade entre as médias arit
geométrica (cf. exemplo 54, capítulo 4) nos dá
1+2+···+n)"
n l• = 1·2· • • • ·n< ( ------ = (n+l)n
-- 2
n •
Assim, para n suficientemente grande, temos
nl ( 1 )n
(n/~)n < 1+ n ,..__,
e.
Por outro lado, como n + 1 < 2(n - 1) < 3(n - 2) < • • • para n > 3, nós obtemos
lim bn - oan = O,
n-++oo an
345
, ,, , , S(l<ll·.S :\1 \li· 1<1< \" I·. l>I. 1-'1 .\<.'< >Fs
n!"' J27rn
(~)".
PROVA.
Temos de mostrar que limn-++oo( n"e:~v'n) = J; ou, o que é o mesmo, que
• 1og (n"e-"J2irn)
1rm = 1og--. 1
n-++oo • n! ,/2i
Inicialmente, mostremos que o limite do primeiro membro acima realmente existe. Para
tanto, observe que
n"e-"..fii,) n! 1 (n!) 2
log ( n! = nlogn - n - log ..fii,= (nlogn - n) -
2 log ~'
com
n-1
= L
n-1
k=l
lk+l
k
logxdx -1
•
= ~ logk + log(k + 1)
~ 2 •
k=l
Portanto,
1og ( n"e-"..fii,)
1
=~
~
(1k+l logx d x- logk + log(k + 1)) -1.
------ (5.10)
n. k=l k 2
1
Para k > 1, faça ak = f11:k+Iogxdx - logk+l~(k+l)_ Pelo problema 3.13, página 244 (com
a= k, b = k + 1 e / = log, que é côncava), temos
ak = 1 k
k+l I d
og x x -
log k + log(k + 1)
2
> O.
Por outro lado, aplicando sucessivamente o resultado dos problemas 6.5, página 286, e 6.25,
página 288, temos
Logo
ak < l g ( k +• 1) - l
2 2
2
=~l (k+½) 1 (1 1 )
2 k( + 1) = 21 g + k(k + 1)
1 1 1 (1 1 )
< 2 •4k(k 1) =- k - k + 1 •
n-1 n-1 1 ( 1 1 ) 1
Lªk<L- --- =-.
k=l k=l k k +l
rm Lk~l ak , converg nte, segue de (5.10) que xi t
n -n../n) n-1
lirn log ( n n = lirn ~ ak - 1 = ~ ak - 1.
n-++ n. I n-++ ~ ~
k=l k~l
Para o cálculo efetivo do limite eja e > O tal qu Lk~l ak - 1 = log e. Corno
lim log (
n"e-n../n)= log e
n-++ n. 1
terno
= n-++oo
lim
nn -n../n) .
( --- n!
gu d (5.9) (comª"= n" -n..fii,, bn = n! = ¾)qu
7
para todo inteiro k > l. Portanto,
I2k ((2k)!)2 2k 7r
I2k-l 24 k(k!)4 2
[(¼+ o(l)) (2k)2ke- 2kv121cr2k. 1r
EXEMPLO 5.23.
Para n EN, o número binomial (2:) é o maior dos 2n + 1 coeficientes da expansão binomial
de (x + y)2". Isto nos dã
!2
de forma que (2:) > 2 ; 1 . A fórmula de Stirling melhora essa estimativa consideravelmente.
Realmente, com a ajuda dela, obtemos
1 1
-+-+···+-<- 1 1( 1 1 1)
10! 11! n! 10! 1 + -11 + 112 + • •• + 11n-lO •
(b) Use o item (a), juntamente com o fato de que 10! > 2 . 106 , para provar que O <
e - í:!:i ¼r< 10- 6 •
348
(c) Conclua, a partir de (b), que 2,71828 é uma aproximação de e com cinco casM decimais
corretas.
L
k~l
G- log( k + 1) + log k) .
Para tanto, seja f: [1, +oo) ➔ IRa função tal que f(x) = ~ -log(x+ 1) +logx para x > l,
e faça os seguintes itens:
➔
1
1
(d) Mostre que 1;' = n~l ( 1:~ 1)- . Em seguida, faça n = 2k +oo para obter
fof1 = 1.
1
(e) Conclua que f0 = l 1 = 1 e, a partir daí, que limn-++oo J;1 = 1.
349
5.3 Séries de Taylor
Começamos esta seção apresentando mais uma generalização do TVM de Lagrange, a. fór-
mula de Taylor 4 com resto de Lagrange. Para seu enunciado, recorde (cf. seção 3.2) que
uma função f : [a, b] ➔ lR é n vezes continuamente denvável em [a.b] se f é 11 ,·eze derivável
em [a,b], com /Cn) : [a, b] ➔ lR continua.
PROVA.
Inicialmente, suponha que x 0 < x, e ja g : (x0 . x) ➔ n função dndn por
onde a E lR é escolhido de tal forma que g(x 0 ) = O (e,;dentemente, lHila tal-escolha é possível).
Como fé n vezes derivável em / e (xo,x] C /, é imediato que g é derivável em [x0 , x]. Como
g(x 0 ) = g(x) = O, segue do teorema de RôUe a existência. de e E (x 0 , x) tal que g'(c) = O. Por
outro lado, um cálculo simples fornece
a - f(n>(t)
g'(t) = ---(x- tr- 1,
(n - l)!
de forma que, para e E (x0 , x), temos g'(c) = O se. e só se, a= j<n>(c).Portanto,
k=O
k! (x - xo)
k
-
j(n>(c)
n! (x - xof,
conforme desejado.
Agora, suponha que x < x 0 e seja J = xo+x-l = {xo+x-t; t E/}. Então, J é um intervalo
e I = x 0 +x-J, de forma que fica bem definida a função h: J ➔ R, dada por h(s) = f(x 0 +x-s).
4
Após Brook Taylor, matemático inglês do século xvm.
350
Pela regra da cadeia, h ê n vezes derivável em J, com Mk>(s) = (-l)"J(k)(:r 0 + x - s), para
O< k < n. Portanto, aplicando (5.11) .ah e s0 < sem J, obtemos
h(s) = L h(k)(s
n-1
k=O
) h(n)(c)
k! o (s - sot + n! (s - sor,
n-1 ( )kJ(k)(
Xo + x - so (
) ( l)nf(n)( e) (
f (xo + x - s) = L'"' -1
k'
.
s - s0
)k
+ -
n.1
)n
s - so ,
k=O
para algum e E (s 0 , s). Por fim, fazendo s0 =x e s = x 0 (veja que realmente temos s0 < s nesse
caso), obtemos (5.11) quando x < x 0 .
a= x 0 b= Xn
351
TEOkEMA 5.25.
Seja f : (a, bJ➔ 1Ruma função duas vezes derivável (mas não necessariamente positiva). Se
{ n = x 0 < :r1 < · · • < Xn = b} é uma partição equiespaçada do intervalo [a, b), então
/. a
b
f (x) dx - I: 2
n 1 (b -
(J(xk) + f(xk_i)) ~
ª) < (b - a) n
4 2
3
• sup lf"I.
k=l [a,b]
PROVA.
Para 1 < k < n, seja 9k : [xk-l, xkJ ➔ 1Ra função dada por
n n (5.13)
- L9k(xk)
k=l
< L Wk(xk)I,
k=l
Mas, como ;r,k - X1t-l = b~a, segue dos cálculos acima que
2
luk(xk)I = }lf''(ck)llck - xk-1l(xk - xk-1)
1 3
< 41/"(C1,;)liXk - Xk-1 13 = 1f "(Ck)1(b -n 3a)
4
352
Por fim, substituindo essa expressão na estimativa (5.13) para Â, obtem01
Em última análise, obtivemos no teorema anterior uma aproximação numérica, com erro
controlado, para o cálculo de uma integral. Conforme evidenciado pelo problema do cálculo do
comprimento de uma elipse (veja o final da seção 4.7), isso é, por vezes, o melhor que podemos
conseguir.
O problema 3.3 discute o emprego da regra do trapézio para o cálculo numérico aproximado
do comprimento de uma elipse. Para saber mais sobre a utilização dos métodos do Cálculo para
a obtenção de tais tipos de aproximações numéricas, sugerimos ao leitor o capítulo 15 de [4].
Voltando ao desenvolvimento da teoria, suponha agora que f : I ➔ lRé uma função infinita-
mente derivável. Para x 0 E /, dizemos que a série
~ f (k)( Xo) ( )k
L.J k! x - xo
k~O
f (x) = L J(k>(xo)
k! (x - xo) ,
k
k~O
a todo x E/.
PROVA.
Fixados x E/ e n E N, segue da fórmula de Taylor com resto de Lagrange que
n-1 J(k)( ) j(n)( )
J(x) = L k!xo (x - xol + n! e (x - xo)'\ (5.14)
k=O
353
para algum e entre x 0 ex. Agora,
j(n)(c)
-(x-xo)
n (Clx - xolr n o
--
1n. < n.1 --t '
onde utilizamos o resultado do problema 2.3, página 89, na última passagem acima. Logo, basta
fazer n ➔ +oo em (5.14) para obter o resultado desejado.
EXEMPLO 5.27.
Como lsen<21>x1= lsen xi < 1 e lsen<2.1- 1>x1= 1cosxl < 1, segue da proposição anterior que
- ""' ( -1 )1 2J
COSX - L- (2 ')! X ,
J~O J
para todo x E R.
-~-~---------------~~------------
A seguir, utilizamos a fórmula de Taylor com resto de Lagrange p,.aramo~trar que a série de
Taylor da função exponencial converge para tal função em toda a reta.
TEOREMA 5.28.
Para x E R, temos
(5.15)
PROVA.
Fixado x E R, segue do teorema 24 (com x 0 = O) que
e=
:z: I: -+e•-
n-1
X
k
e Xn
(5.16)
k=O
k! n!'
para algum e entre O e x. Utilizando agora o fato de que a função exponencial é crescente,
juntamente com o resultado do problema 2.3, página 89, obtemos
354
Portanto, segue do teorema do confronto que limn-Hoo ec • ~·; = O. Por fim, fazendon
em (5.16), obtemos o resultado de ejado.
rote que o teorema anterior generaliza largamente o teorema 20. Para uso futuro, observamoe
que, trocando x por ax em (5.15), obtemos
k
ax ~ a k
e = ~ k!x , (5.17)
k~O
EXEMPLO 5.29.
A função x ~ log(l + x) está definida em (-1, 1) e é infinitamente derivável nesse intervalo.
Denotando f(x) = log(l + x) para lxl < 1, é imediato verificar que J<k>(x)= <-1~:~;~-l)!, para
todo k E N. Portanto, j<k)(O)= (-1)k- 1 (k - l)!, e segue imediatamente que a série de Taylor
de log(l + x), centrada em O, é dada por
(5.18)
I
Como 1(-lr xkl < lxlke Ek~l lxlkconverge quando lxl < 1, o teste da comparação ga-
rante que (5.18) converge em todo x E (-1, 1). Entretanto, estimando o erro em (5.11) como
teriormente, só conseguimos concluir que
a x E[-½, 1). De fato, segue de (5.11) que, para O< !xi< 1, temos
k=O
a algum e entre O e x. Se O < x < 1, então O < e < x < 1, e segue que
355
<%< O, então -1 < x < e < O, de forma que 1 + e > 1 + x > O. Logo,
Remediaremos situações como a do exemplo anterior na seção 5.5. Por ora, mostremos que
pode mesmo ocorrer que a série de Taylor de uma função infinitamente derivável J : R ➔ 1R,
centrada em x 0 E IR, não convirja para f em nenhum intervalo aberto centrado em .r0 . :\rssc
sentido, o exemplo a seguir é clássico.
ExEMPLO 5.30.
Se / : R ➔ R é a função dada por
e-l/x, sex>O
J(x) = { O, se x < O
então/ é infinitamente derivável, com J(k)(Q) = O para todo k > O. Em particular. a sêne de
•-i1n,r de / centrada em O é identicamente nula.
-------~~---
PROVA.
e-l/x = O, de forma que J é contínua em O, logo, contínua em toda
Evidentemente, lim:r--+O+
a reta. Também evidentemente, f é infinitamente derivável em (O,+ ) e em (- , O), com
JCn>(x)= O se x < Oe n E Z+.
Afirmamos que, para n E Z+, existe um polinomio p11tal que
(5.19)
para todo r / O. V<'rífiquemos a afirmação por indução, sendo o caso n = Oóbvio. Por hipotc..,e
de indução, 1mpo11haqu<', pnnt um certo k > O, exista wn polinomio Pk tal que J'")(:r) ==
356
Pk(l/x)e- 1
/r, para todo x > O. Então, segue da regra da cadeia que, para ~J: > O,
1<•+1>(x)
= : 2 (P• G)- G))
p~ ,-i/, = Pk+i(1/x)e 1I ',
onde Qk(x) = xpk(x), um polinômio; então, novamente pelo teorema 60, temos
3.3. Seja e(&) o comprimento da elipse E, de eixo maior 2a, eixo menor 2b e distância focal 2c
Use a regra do trapézio para mostrar que
onde k =f
357
( \l'l 11 1 < 1 -, SÉRIES :\'l":\li::nl<'.\S E DE Ft·xçôEs
3.4. Obtenha as séries de Taylor das funções senh e cosh. Em cada caso. mostre que a :::ienede
Taylor converge para a função correspondente em toda a reta.
3.5. Se I é um intervalo e f : / ➔ IRé uma função n vezes derinh·el e tal que /<11> é con:::.tante,
prove que fé ou identicamente nula ou um polinom10 de grau menor ou igual a n ~ltus
precisamente, se x 0 E /, mostre que
f j)(xo)
=L .
n
J(x) 1
(x - xo)1.
1=0 J.
3. 7. Seja / : [a, b] ➔ IR urna função contínua cm [a. b) e dun'""v "Z ::; cont inunm 'lll ' clcrivi\velcm
(a, b), com!', J" > O em (a. b). Suponhn, ad mni, que f(n) <O< f(b), e s<'jn o 11 únicn
raiz de J no intervalo [a,b] (cf. problema 2."", phginn M ). Fnçn os seguinte~ ill'ns:
(iii) Suponha que a < e < d < b são tais que d - e < 1 e J(c) < O < J(d) Se
L...
À = ma.x[c,d]
21, e começarmos com 01 = d, use (ii) para concluir sucessivamente
que O< On+1 - o < >.(an- o) e O<ª" - a < >.n(d- c) para todo n > l.
2
2
",
Ainda em relação ao problema anterior, note que o problema 2.9, página 90, garante que
).."(d - c)2 n ➔ O quando n ➔ +oo. Portanto. o resultado do item (iii) acima estima o
erro com que an aproxima a. Note também que podemos obter resultados anãlogos ao
do problema anterior supondo que /' > O e /" < O em (a. b), bastando começar com
a E [a, o). O mesmo vale se supusermos que f' < O e f" < O (resp. /" > O) em (a. b),
1
3.8. O polinômio f(x) = x 3 - 2x - 5 é tal que /(2) = -1 e/(!)=~- Portanto, o TVI garante
a existência de uma raiz a E (2, ~) para/. Aplique os resultados do problema anterior
para estimar o com cinco casas decimais corretas.
35
5.4 Séries de funções
O material desta seção é um prelúdio ao e tudo das séries de potências e estende, a sequêll
e séries de funções. alguns conceitos e resultados das seções 2.2 e 5.1. Comecemos definindo o
conceito de limite de uma sequência de funções.
Em tudo o que segue. salvo menção em contrário, I denota um intervalo.
DEFINIÇÃO 5.31.
Para cada n E N, seja dada uma função fn : I ➔ R. Se, para todo x E 1,
limn •. 00 fn(x), definimos o limite pontual da sequência de funções (/n)n2'.l como a função
J •I ➔ IRtal que
J(x) = lim /n(x), (5.20}
n-++ ,
para lodo .r E / Nesse caso. dizemos que (fn)n>l é uma sequência de funções pontualmente
convergente ou. ainda, que (/n)n 1 converge pontualmente para/.
E:\l·.\IPLO 5.32.
Col<'c101uunos.aqui. dob t•xemplos ilustrando o fato de que o limite pontual de uma sequência
de funçocs pontualmente convergente não é necessariamente uma função bem comportada.
(a) Para cadn 11 E N, seja /,. : (O,l] ➔ R a função tal que J,.(x) = x", para todo x E [O,1).
Segue do exemplo 12 que o limite pontual de (f ,.)n2:1é a função / : (O,1] ➔ R tal que
f(x) = { O. se x E [O,1) .
1, se x = 1
Em particular. esse exemplo deixa claro que o limite pontual de uma sequência de
contínuas pode ser wua função descontínua.
(b) Para cada n E N. seja J,.: [O.l] ➔ 1Ra função tal que fn(x) = nx(l - z2}n, para
[O,l]. Como O< x < l ⇒ O< l-x 2 < 1, segue do exemplo 24 que limn➔+ao n:t(l-r)•
se O < x < 1. Também, como fn(O) = /n(l) = O para todo n E N, conclufmoeiq
o limite pontual da sequência (fn)n?.l, e que esse limite é a função identi,"'4c-~.,~·
359
f: [O,1) ➔ R; em particular, fé integrável, com f01 f(x)dx = O. Observe agora que, pelo
TFC, temos
1 n(l - x2t+l ,x=l n
/.
Ín(:r)d:r= - 2(n + 1) :c=O = 2{n + 1) •
0
A seguir, introduzimos um conceito de limite para sequências de funções que é mais restritivo
do que a noção de limite pontual. Contudo, conforme veremos em seguida, sob la! restrição
adicional as patologias ilustradas nos exemplos anteriores não terão mais lugar.
DEFINIÇÃO 5.33.
Uma sequência (fn)n~l de funções fn: I ➔ R converge uniformemente para uma função
J : I ➔ R se a seguinte condição for satisfeita: dado € > O, existe n0 E N tal que
n > no => IJn(x) - f (x) 1 < €. V x E J. (5.21)
Em palavras, uma sequência {fn)n~1 de funções reais com domínio J converge unjformemente
para/ : / ➔ R se pudermos tornar o erro lfn(x)- f (x)I menor que€ simultaneamente para todo
x E /, bastando, para tanto, tomar o índice n suficientemente grande (n > n 0 , nas notações da
definição anterior).
EXEMPLO 5.34.
Para n E N, seja Ín : R ➔ R a função dada por fn(x) = ( 1.;.r:2)". Então, (/ n)n~I converge
uniformemente para a função identicamente nula.
----~~----~---~--------~
PROVA.
Como 1);;2 < ½ para todo x E R, temos lfn(x) - OI= l/n(x)I < 2~, para todo x E R. De
posse dessa desigualdade, e dado€> O, escolha no E N tal que 2~ < f para n > n 0 . Então, para
n > no, temos lfn(x) - OI< f para todo x E R, conforme desejado.
360
COROLÁRIO 5.35.
Se uma sequência (/ n)n'?.l de funções fn : / ➔ lR converge unitor:me
então_a sequência (fn)n'?.l converge pontualmente para/. ________ __._ ...........
ln
a b X
TEOREMA 5.36.
Se uma sequência (fn)n'?.l de funções contínuas fn : I ➔ R converge
uma função f : I ➔ lR, então f é contínua.
PRO\'A.
Para x 0 E / e n E N, segue da desigualdade triangular que
361
Agora) pnrn f > O dado, a convergência uniforme de (/ n)n'?.l para / garante a existencia
de no E N tnl que n > no ::::} lfn(x) _ J(x)I < t, para todo x E /. Portanto, escrevendo a
dc:-.igualdade anterior para n = n 0 , obtemos
Por outro lado, a continuidade de fno garante a existência de ô > O tal que
é
x E J, lx - xol <ô=} lfn0 (x) - fno(xo)I <
2-
Portanto, para x E / tal que lx - x 0 1 < ô, temos
é é é
IJ(x) - f (xo)I < + lfn0 (x) - fno(xo)I < 2 + 2 = é,
2
de forma que fé contínua em x 0.
Por fim, como x 0 E I foi escolhido arbitrariamente, segue que a função J é contínua em I
TEOREMA 5.37.
Seja (fn)n'?.l uma sequência de funções contínuas f n : [a, b] ➔ IR,que converge uniformemente
para uma função J : [a, b] ➔ IR. Sendo 9n, g: [a. bj ➔ R as funções definidas por
PROVA.
Para x E [a, b], segue da desigualdade triangular para integrais (cf. proposição 13) que
Agora, a convergência uniforme de (fn)n'?.l para/ garante que, dado é > O, existe no E N tal
que
é
n >no::::} lfn(t) - J(t)I < b _a,
para todo t E [a, b]. Portanto, para n > no ex E [a, b], segue das desigualdades acima que
e
1
.r é é
l_q,,(,r)- _q(.r)I< -b- dt = -b- • (x - a)< -- • (b - a)= é.
11 -a -a b-a
362
Para a segunda parte. lembre-se de que convergência uniforme acarreta convergênciapont~
Portanto, 9n(b) ➔ g(b) quando n ➔ +oo. o que é o mesmo que (5.22).
OBSERVAÇÃO 5.2.
Nas notações do enunciado do teorema anterior, suponha que as funções /n são
mas que (f n)n'?.l converge pontualmente para uma função integrável a Riemann / : (a, bJ
Se existe L > O tal que
lfn(x)I < L. V x E [a.b]. n EN, (5.23)
é possível mo::;trar que (5.22) ainda é ,·erdadeira. Esse é o conteúdo do teorema da convergên-
cia dominada (abreviamos TCD) de Lebesgue. mas sua demonstração foge ao escopo destas
notas. Para o leitor intercs ado. sugerimo!:>16Iou 1271
Por fim, note que o item (b) do exemplo 32 mo:-.traque a condição (5.23) é necessária para a
validade <loTCD. Por outro lado, o problema 4.4 deixa claro que mostrar a validade de (5.22)
cm urn caso particular. na au:-.ênciad• conY~rgência uniforme mas sem o auxílio do TCD, pode
tart>fa difícil.
..,l'I' 11111a
DEFINIÇ,\O5.3'"'.
Dada uma ~cqu(~ncia(fn)n'?,l dt• fu11çõ• /n : J ➔ IR. definimos a série de funções
como n ~cqnência (,,n)n"?.I de funçõc~ ~,. : J ➔ IR, tal que sn = E~=l Ík, para todo n > 1.
:\a~ notnçõc da definição acima. dizemos que Ek'?.l Ík converge pontualmente (resp. unifor-
memente) cm/ para uma função J: / ➔ IR se a sequência (sn)n"?.l converge pontualmente (resp.
uniformemente) para f. Xes e caso, escrevemos
363
COROLÁRIO 5.39.
Para cada n > 1, seja f n : [a, b] ➔ IR uma função contínua. Se a série Lk~l A converge
uniformemente em [a, b] para uma função f : [a, b] ➔ IR, então:
(a) f ê contínua.
PROVA.
(a) Se Sn = I:;=1 fk, então Sn é uma soma finita de funções contínuas, de sorte que sn é contínua.
Mas, como sn ➔ f uniformemente, o teorema 36 garante que f é uma função contínua.
(b} Como sn ➔ f uniformemente, segue do teorema 37, juntamente com a aditividade da mtcgral,
que
10
b
J(x}dx = lim
n-++oo
1O
b
sn(x}dx = lim /.
n-++oo 0
b n
L !1.(x)dx
k=l
L1
n b b
= n~~oo
k=l o
J,.(x)dx = L J.fk(x}dx.
k~l a
O corolário anterior somente será útil se tivermos uma maneira eficiente de discernir, nos casos
de interesse, quando uma série de funções é uniformemente convergente. O teorema a seguir.
conhecido na literatura como o M-teste de Weierstrass, preenche essa lacuna, apresentando
uma condição suficiente simples para a convergência uniforme de uma série de funções. Observe
que o" M' no nome M-teste de Weierstrass refere-se a maJoração.
(a) Para cada n > 1, existe Mn > O tal que lfn(x)I < Aln, para todo x E J.
364
PRO\'A.
Fixado x E J, como lfn(x)I < Aln para todo n > l e Ek2:I M1c converge, o teste da coa~
ração para séries de números reais (cf. proposição 14) garante a convergência absoluta da .eíie
Ek2:I Ík(x). Portanto, fica bem definida a função f : I ➔ IR, tal que
f (x) = L !k(x), V x E J.
k2:l
Para estabelecer a convergência uniforme de Ek2:l Ík para f, seja Sn = E;= 1 !,,. Para x E/
e n EN, temos
(5.24)
k>n k>n k>n
Agora, dado € > O, a convergência da sequência (E;= 1 Mk)n2:l para Ek2:l Mk garante a
existência de n 0 E N tal que
n
L Mk - L A1k < t, V n > n 0.
k2:l k=l
para todo x E J. Portanto, (sn)n2:1 converge uniformemente para/, e isso é o mesmo que dizer
que Ek2:l Ík converge uniformemente para f.
EXEMPLO 5.41.
A série de funções Ek2:l -bsen(kx) converge uniformemente em R. De fato,
1 para todos k > l ex E R, temos
1 1
2 sen(nx) < 2n ,
n
Acidentalmente, o exemplo anterior mostra que, dada uma série Ek2:l Ík de funções deriváveis
fn : I ➔ R, uniformemente convergente em I, não necessariamente a série Ek2:l fÍc ê conver-
gente, mesmo pontualmente, em todo o intervalo I. Para um exemplo, veja que L1c2:i j,sen(kz)
365
conYcrgc uniformemente em lR, mas
4.1. Prove que a série Lk~l ( 1;:r 2 )k converge uniformemente em 1Re calcule sua soma.
4.2. Prove que as séries de Taylor das funções ex, sen x e cos x convergem uniformemente para
tais funções, em cada intervalo da forma (-a, a], com a > O.
4.3. Para n E N, seja fn : [O,1] ➔ .IRa função dada por fn(x) = nxe-nx. Prove que (J11 )n~1
converge pontualmente, mas não uniformemente, para O Iostre também (sem apelar para
1
f
o teorema da convergência dominada) que 0 fn(x) dx ➔ O quando n ➔ +
4.4. Para n > O inteiro, seja fn: [O,1] ➔ 1Ra função dada por fn(x) = x"e-x. Faça os seguintes
itens:
(a) Mostre que (fn)n>o converge pontualmente para a função f [O,1] ➔ lR, tal que
J (x) = { O~se x-::: 1 _
e 1 , se x = 1
(b) Mostre que, para cada n > O inteiro, existem naturaisª" e bn tais que f01 fn(x) dx =
ª" - bne- 1 , com ao = bo = 1 e ª" = nan-1 e bn = nbn-1 + 1, para todo n E N.
(c) Use o resultado do item anterior para concluir que ª" = n! e bn = n! I:;=0 ~!' para
todo n EN.
(d) Use o resultado dos dois itens anteriores para mostrar que, quando n ➔ +oo, temos
J0 fn(:r) d.e ➔ O.
1
4.5. Seja (/n)n?l uma ~cquência de funções deriváveis Ín : [a, b] ➔ lR, tal que IJ~(x)I < 1'1n
para todos n E N e x E [a, b), onde Lk~I Ah é uma série convergente. Se existe x 0 E [a, b)
tal que a série L1.->i J,..(To) converge absolutamente, mostre que a série de funções Lk~i Ík
c:or1vc•rgc?
1mifon11cmc11te no intervalo [a, b].
366
4.6. Seja J: R ➔ R wna função seccionalmente contínua e periódica, de perfodo211'.A ..
de Fourier 5 de / é a série de funções
onde
ak(!) = 1r1 /_71'
-11' J(x) cos(kx)dx e bk(!) = 1r1171'
-11' f (x) sen (kx)dx
Prove que at(g) = at(f) para l > O e b1(g)= b1(J) para l > 1.
4. 7. O teorema de convergência de Fourier afirma que, se f : R ➔ R é contínua, periódica de
período 21r e derivável, com derivada seccionalmente contínua, então a série de Fourier de
f converge para/ em toda a reta. Admitindo a validade dessa afirmação, faça os seguintes
itens:
(a) Se f : IR ➔ IR é periódica de período 21r e dada no intervalo [-,r, 1r]por f(x) = x~,
calcule a série de Fourier de f.
{b) Use o teorema de Fourier para mostrar que Ek~l tJ= ~ 2
•
5
Após Joseph Fourier, matemático e físico francês do século XIX.
367
Para uma prova. do teorema de convergência de Fourier, juntamente com urna discussão
de muitas outras propriedades interessantes de séries de Fourier, sugerimos ao leitor as
referências [19] ou [27).
4.9. Em relação à série de funções Lk;::i fsen (kx), faça os seguintes itens:
(a) Use o critério de Abel {cf. problema 1.16, página 340), juntamente com a discussão
dos itens (b) e {c) do problema 1.18, página 340, para concluir que a série dada
converge pontualmente no intervalo (O,21r).
{b) Revisite a prova do critério de Abel, conforme delineada no problema 1.16, página
340, e nas sugestões ao mesmo, para mostrar que a identidade de Abel garante que
a convergência do item (a) é uniforme em todo intervalo da forma [ó,21r- ó), para
o< ó< 1í.
tJPara uum provu C>)erncutnrdo teorema de aproximação de Weierstrass, sugerimos ao leitor as referências 17],
[20J ou [27J.
368
5.5 Séries de potências
.
a seção 5.3, vimos exemplos de funções infinitamente deriváveis, definidas em um •
aberto e que coincidem com suas séries de Taylor em tal intervalo.
A série de Taylor de uma função infinitamente derivável é um caso particular de uma série
de potências, i.e., uma série de funções da forma
TEOREMA 5.42.
Dada a série de potências Lk~o ak(x - x 0 )k, existe O< R < +oo tal que a série:
PROVA.
ote primeiramente que a série Lk~o ak(x - xo)k converge absolutamente no intervalo (x 0 -
R, x 0 +R) se, e só se, a série Lk~O akxk converge absolutamente no intervalo (-R, R). Da mesma
forma, a série Lk~O ak(x - xo)k converge uniformemente no intervalo [x0 - r, x 0 + r) se, e só se,
a série Lk~o akxk converge uniformemente no intervalo [-r, r). Portanto, podemos supor que
Xo = Ü.
Analisemos primeiramente o item (a).
Afirmação 1: se a série Lk~o akxk é convergente quando x = a =/O, então ela é absolutamente
convergente, qualquer que seja x E (-a-, a-).
De fato, para um tal x, temos
(5.26)
Mas, como Lk>o akok converge, a proposição 4 garante a existência de no E N tal que n > no *
lano-nl < 1. Po;tanto, segue de (5.26) que lakxkl 1! lk < j; jk para k > no. Então, uma ve-J que a
369 Â
:-iéricgeométrica Lk~no l!lk
é convergente (posto que l!I
< 1), o teste da comparação garante
que o mesmo se passa com Lk~no lakxkl e, logo, com Lk~o lakxkl-
Afirmação 2: se a série Lk~o akxk é divergente quando x = /3 =/:-O, então ela é divergente,
qualquer que seja x E 1Rtal que lxl > 1/31-
Realmente, para um tal x, se Lk~o akxk convergisse, então, pela afirmação anterior, tal con-
vergência acarretaria a convergência absoluta (e, logo, a convergência) da série Lk>O ak/3k, o que
é um absurdo.
As afirmações 1 e 2 garantem que, em relação à série Lk~O akxk, uma das tres possibilidades
a seguir ocorre: (i) ela só converge quando x = O; (ii) ela converge absolutamente, para todo
x E lR; (iii) existem a, /3 =/:-O tais que lol < 1/31e a série em questão converge , bsolutamcnte
quando lxl < o e diverge quando lxl > 1/31-
Se um dos casos (i) ou (ii) ocorrer, nada mais há a fazer Se (iii) ocorrer, fica bem definido
o real positivo
Afirmamos que Lk~o akxk converge absolutamente quando !:ri< R e diverge quando lxl > R
Para tanto, consideremos dois casos separadamente:
(i) Se lxl < R, tome r tal que lxl < r < R e L1.~o akuk converge absolutamente quando lul < r.
Então, em particular, Lk~O akxk converge absolutamente.
(ii) Se R e Lk~o akxk convergisse, então, tomando R tal que R < R < lxl, seguiria da
lxl >
afirmação 1 que Lk~o akuk converge absolutamente quando lul < .R.Mas isso claramente con-
tradiz a definição de R. Logo, Lk~O akxk diverge.
Para o item (b), dado O < r < R, segue do que fizemos acima que Lk~O lakrkl converge.
Então, fazendo Mk = lakrkl, temos, para lxl < r, que lakxkl < lakrkl = Arlk. Portanto, pelo
M-teste de Weierstrass, a série Lk~o akxk converge uniformemente no intervalo [-r, r].
Nas notações do teorema anterior, dizemos que O < R < +oo é o raio de convergência da
sé>ricde potências (5.25).
O corolário do teorema anterior demonstrado a seguir mostra que, em certas circunstâncias,
podc•1110scalcular facilrncnlc o raio de convergência de uma série de potencias. ~esse ponto.
370
sugerimos ao leitor reler a demonstração do teste da razão (cf. proposição 16), o
ela continua válida se supusermos que { = + ~
COROLÁRIO 5.43.
SeJa dada uma sequência (an)n>O de reais não nulos. Se existe O < R <
limn-.+oo1~ 1 = R. então a série d; potências Lk>O ak(x - xot tem raio de coo
n+I -
---~-~----~---------
PRO\A.
Como
an.J-1 (x - Xo)n+l lx - xol n lx - xol
an(X - xo)" - ,~1 --t R
o teste da razão garante que a séne Lk~o ak(x - x 0)k converge absolutamente se ix;ol < 1 e
diverge se 1.r Rxoi > 1. De outra forma. L1.>o ak(x - x 0 )k converge absolutamente se lx - xol < R
e diverge se l.r.- xo 1 > R Portanto. o teorema anterior garante que o raio de convergência da
:,é11eLk~o ak(x - :rol é igual a R.
EXE~1PLO 5.'14.
(a) A sede de potência-, Lk 1k
! .rk tem raio de conYergfmcia1, uma vez que I 1/(n+l)
l/n 1 = !!±!
n
➔1
quando 11 ➔ +
(h) A sénc ~
~A ~1
kl••rk tem mio de convergência O' pois 1____!!1_
(n+l)!
1 = -n+l1- ➔ O•
(c) A série Lk'>I b(:r - 2)" tem raio de convergência +oo, pois l 1A~~'
1,, 1 =n+1 ➔ +oo
quando 11 ➔ +
(cl) O C'orolárioanterior não se aplica a série I:,.~1 i,x 2 k, uma vez que ela tem uma infinidade
de termo~ com coeficientes iguais a O.
(e) Dado a -=/=O. o corolário anterior garante que a série Lk~ 0(ax)k tem raio de conver~
1
!
pois 10 ~: 1 1 =
1
,
1
!
para todo n > O. Pela proposição 1, temos, para lxl < for,
1
, que
1
"(ax)k
L,_
= 1- QX
.
k~O
A eguir, colecionamos outra consequência do teorema 42, a qual será de crucial importância
para a demonstração do resultado subsequente.
371
PROPOSIÇÃO 5.45.
Se a série de potências Lk~o ak(x - x 0 l tem raio de convergência R > O. então:
(a) A função/: (x 0 - R,x 0 + R)-+ IR, dada por /(x) = Lk~oak(x - .rol, é contínua.
PROVA.
Seja Ík : (xo - R, Xo + R) -+ IR a função dada por fk(x) = ak(x - .r.0 l. Pelo tcorcmn 42.
temos J = Lk~I !k em (xo - R, x 0 + R), sendo tal convergência uniforme cm [.i.:o
- r . .1o+ r], pnrn
todo O < r < R. Como Ík é contínua, os itens (a) e (b) da propo ição gu m. imcdintnmcntc,
dos itens (a) e (b) do corolário 39.
O próximo teorema é o segundo rc':iultado ccntrnl cln tcorin de ~ ~rir" cl, potêncins.
TEOREMA 5.46.
Se a série de potências Lk~o ak(x - x 0)k tem raio ele convergência R > O, então:
(a) A função / : (xo - R, Xo + R) -+ R, dnda por J(x) = Lk~O ak(.r - .r0)\ e infinitamente
derivâvel.
(b) Para todo n EN, temos J<">(x) = Lk~n (k~~),-ak(x-xo)k-n, para todo x E (.r0 R r.0, R).
e a série que define /Cn) também tem raio de conYergência R.
PROVA.
Como na demonstração do teorema anterior. podemos supor. sem perda de generalidade 1 que
x 0 = O. Provemos primeiro que, sendo R o raio de convergência da série Lk>l kakxk- 1 , temos
R = R e f'(x) = Lk~I kakxk-i, para todo x E (-R, R). - '
Observe inicialmente que lkakxkl > lakxkl, para todos k > 1 inteiro ex E R. Portanto, se a
série Lk>l kakxk-l converge absolutamente, então o mesmo se passa com Lk>l ka,,_xk e, logo,
com Lk;o akxk. Assim, R < R. -
Agora, para O < x < R e O < h < R - x, temos
372
Surn-:s ()(·. ('()( l.'\<"I \S /
Por outro lado, pelo TVM de Lagrange, para cada k > 1 existe Ck E (:e,:r+ h) tal que (:r+l•r-;rl,=
kct- 1 . Portanto,
f (X + h) - f (X) ""' k k-1
h = ~ akck ,
k~l
de forma que a série Lk~i kakc~- 1 converge absolutamente e, como lkakxk-ll < lkakcZ- 1 1,o teste
da comparação garante que Lk~o kakxk-l também converge absolutamente. Analogamente, tal
série converge absolutamente se -R < x < O, de forma que R > R.
A discussão até aqui garante a boa definição da função g : (-R, R) ➔ JR,dada por g(x) =
Lk~o kakxk-l. Pelo item (b) da proposição anterior, temos
Para o que falta, suponha, como hipótese de indução, que já mostramos que f é m vezes
derivável, com J<m>(x)= Lk~m (k~~>'• ak(x - xo,)k-m, e que essa última série também tem raio
de convergência R. Então, pela primeira parte, /Cm)é derivável e a série de potências que define
(/Cm))'= J<m+l) tem raio de convergência Reé tal que
k!
J'm+l)(x) = "°' --- · (k - m)ak(x - xot-m-l
~ (k-m)'
k~m+l •
k•
_ ""' ' . ( _ )k-(m+l)
- ~ (k _ (m + l))! ak x xo •
k~m+l
ras notações do item (b) do teorema anterior, observe que a expansão em série de potências
de J<n>é obtida derivando termo a termo, n vezes, a expansão de f em série de potências.
Realmente, denotando a n-ésima derivada de uma função por fxn», um cálculo imediato fornece
dn ( )k k! ( )k-n
dxn x - Xo = ( k - n) ! x - Xo •
A seguir, colecionamos duas consequências úteis do teorema anterior, a primeira das quni
refina a análise do item (b) da proposição 45.
373
COROLÁRIO 5.47.
Se a série de potências Lk~o ak(x - x 0 )k tem raio de convergência R > O. então a série de
potências Lk>O k°ti (x - x 0 )k+l também tem raio de convergência R.
PROVA.
Como Lk~O ak(x - xo)k = Í:rLk~O k°.ti(x - xo)k-Ll,o item (b) do teorema anterior garnnle
que ambas as séries do enunciado têm um mesmo raio de com·ergêncit1.
COROLÁRIO 5.48.
Suponha que a série de potências L1.:~oak(.i::- .r0 )k tem mio ele convcrgêncin R > O, e' ::-cja
J : (xo - R, xo + R) ➔ lR a função dada por f (.r) = I::,..::ook(:r - .rot. Então:
(a) an = fC">(xo)
n! , para todo n >
- O•
PROVA.
O item (b) segue prontamente de (a). Pnrn (a), auc cio item (b) do teorema antcrio1 que
f (n) (x O) = _,i!_
(n-n)!
. an = n !an,. portanto 1
an = f(n)(zo).
11 ,
A seguir, veremos que os resultados discutidos até aqui nesta seção permitem reobter, por
meio de uma abordagem unificada, algumas das e.'\.-pansõesem séries de Taylor discutidas na
seção 5.3. A esse respeito, veja também o problema 5.2.
EXEMPLO 5.49.
O item (e) do exemplo 4-1garante que i.!x = Lk~ 0 (-l)kxk. com raio de convergência igual
a 1. Portanto, o item (b) da proposição 45. juntamente com o corolário 47, garante que
374
EXEl\IPLO 5.50.
A respeito da função a.rctg : lR ➔ •( - ~, Í), observe que, para lxl < 1,
arctg .r. =
;r 1
dt =L J.:r
( - 1l t2k dt
2
/.O 1 + t k~OO
x3 xs x1
=x--+---+ .. ·.
3 5 7
~o problema 5.5. mostraremos que a igualdade acima continua verdadeira para x = 1.
EXEl\tPLO 5.51.
Segue facilmente do corolário 43 que a série Lk~o f!xk tem raio de convergência +oo. Se
J(x) = Lk>o f,xk para x E JR,o item (b) do teorema 46 fornece
! '(x ) = ~ 1
L- (k _ l)!x
k-1 ~ 1 k
= L- k!x =
j( )
x •
k>l k2:'.0
Portanto,
d
dx(e-xf(x)) = c-:r(-f(x) + J'(x)) = O,
de sorte que a função x H e .xf(x) é constante. Por fim, como f(O) = 1, segue que e-:rf(x) = 1
e, daí, f (.r) = ex.
Terminamos esta seção aplicando o teorema 46 para desenvolver a função f (J·) = (1 + x )º,
a i- O, em série de potências quando lxl < l. Para tanto, dados a- E lRe n > O inteiro. definimos
o número binomial generalizado (~) pondo (~) = 1 e, para n > 1,
(ª) =
n
a-(a-l)(a-2)
n!
... (a-n+l)_
(5.28)
O lema a seguir estabelece algumas propriedades úteis dos números binomais generalizados. A
propriedade do item (a) também é conhecida como a relação de Stifel.
LEMA 5.52.
Dados a E lR e n EN, temos:
375
(b) *(~) = (~=D,para todo o# O.
(e) 1(~) 1 ~ 1, para lol < l.
PROVA.
O item (a) é um cálculo fácil:
1
= 1n. o(o - l)(o - 2) ... (o - n + 1)
1
- 1 (o- l)(a-2) ... (a -n)
n.
= 1n.1 (o - l)(a - 2) ... (o - n + l)(a - (a - n))
1
(n _ l)! (a - l){a - 2) ... (o - 11 + 1)
= (ª -1).
n-l
O item (b) segue imediatamente de (5.28)
Por fim, para o item (c), sendo lal < 1, egue de (5 28) e da de igualdade triangular que
(º)
n -
< lol(lal + l)(lal + 2) ... (lal + n - 1) < 1 • 2 • ..
n! - n!
·71
= l.
PROVA.
Suponhamos inicialmente que O < lal < l. Como
n+l n
----+ 1,
1o-n 1
376
o corolário 43 garante que a série ~k~o (~)xk tem raio de convergência igual a 1. Portanto,
teorema 46, a função f: (-1, 1) ➔ JR,.dada por f(x) = ~k~o (~)xk, é derivável, com
onde utilizamos o item (c) do lema anterior na última igualdade. Segue daí e do item (a) do
referido lema que
= a/(x).
de sorte que g é constante no intervalo (-1, 1). Mas, como g(O) = 1, segue que (1 +x)- 0 f(x) = 1
para lxl < 1, conforme desejado.
Para o caso geral, suponha que (l+x)º = ~k~o (~)xk para um certo a-:/ Oe todo x E (-1, 1).
Iostremos que valem fórmulas anâlogas para a - 1 e a + 1 (e para todo x E ( -1, 1)):
(a) Para a - 1: o teorema 46, juntamente com o item (b) do lema 52, garante que, para lxl < 1,
temos
377
(b) Para o+ l: o item (a) do lema 52 dá-nos
Por indução, concluímos que (5.29) vale para todos o-=/-O e lxl < 1.
COROLÁRIO 5.54.
Para o, /3 f:. O, temos
PROVA.
Basta aplicar (5.29), com {3x no lugar de x. observando que IJ3xl
< 1 <=>lxl < l~I"
EXEMPLO 5.55.
Como aplicação do corolário anterior, observe que, para lxl < ½,temos
com
(~
2
) =~,(-D(-~_
1) ___(-~ -n+ 1)
( - 1t 1 3 5 2n - 1
- n! 2 2 2 2
(-1)" (2n)!
- n! 2" • 2 • 4 • • • (2n)
(-1)" (2n)! = (-1)" (2n)
n! 2" · 2"n! 4" n •
378
Portanto, para lxl < ½,temos
5.2. Utilize a abordagem do exemplo 51, juntamente com o resultado do lema 78, para mostrar
que
1
" (-1l- 21.·-l "(-1/ 2k
senx = L (2k _ l)!x e cosx = L (2k)! x •
k~O k~O
;(o4k(2k1 + l) (2k)
arcsen x -- " k x 2k+l •
5.5. ovamente a respeito da função arctg : IR ➔ (-~, ~), faça os seguintes itens:
1 (-l)"x2n
-- = 1- x2 +x4 -x6 + ... + (-1r-1x2n-2 + ---.
2
1+ x 1 + x2
(b) Integre ambos os membros da igualdade do item (a), de Oa 1, para deduzir a fórmula
de Leibniz para 1r:
1r 1 1 1
-=1--+---+ ....
4 3 5 7
5.6. A fórmula do exemplo 49 pode ser modificada de modo a calcular log a, para todo a > O.
Para tanto, faça os seguintes itens:
379
(a) Mostre que, para x E (-1, 1), temos
1 (l+x)
-log -- ~ ~
=x+-+-+-+···. ~
2 1-x 3 5 7
380
5.6 Mais aplicações
Nesta seção, discutimos brevemente a utilização de séries de potências em Álgebra e COIUM-
natória, utilização essa que consiste na aplicação do poderoso método das funções gerrul.om,.
DEFINIÇÃO 5.56.
7
A função geradora (ordinâria) de uma sequência (an)n~o de números
potências
A definição anterior sugere que a grande diferença entre a teoria de séries de potências e
o método das funções geradoras é de enfoque. o primeiro caso, estamos primordialmente
interessados em examinar as propriedades da função f, definida pela série (5.31); no segundo
(conforme veremos logo mais), queremos utilizar as propriedades de f para inferir conclusões
sobre os termos da sequência (an)n~o- Comecemos apresentando duas aplicações interessantes à
Combinatória.
EXEMPLO 5.57.
Calcule o número de soluções inteiras e não negativas da equação
SOLUÇAO.
otc que, para x real não nulo, temos a 1 + a 2 + · · · + ak = m se, e só se, xª 1 xº 2 ... xº" = xm;
portanto, há tantas soluções (a 1 , a 2 , ... , ak) da equação do enunciado quantas forem as maneiras
de obter uma parcela xm no produto
(De outro modo, tomando xª 1 no primeiro fator, xª 2 no segundo fator, ... , xº" no k-ésimo
fator, obtemos xm no produto.) Mas, para lxl < 1, segue do item (e) do exemplo 44 que
7
Em contraposição às funções geradoras exponenciais, cf. capítulo 4 de l12j.
381
onde utilizamos, na última igualdade, o resultado do problema 5.3, página 379. Logo, a resposta
de no so problema é o coeficiente de xm na série acima, i.e., (k+;;:-1).
EXEMPLO 5.58.
O conjunto dos naturais é particionado em m progressões aritméticas infinitas e não cons-
tantes, de razões d 1 , d 2 , ... , dm. Prove que
PROVA.
Se f(x) = Ek~l xk e a 1 é o termo inicial da PA de razão d,, então a condição do cnuncindo,
juntamente com o item (e) do exemplo 44, garante que, para l:rl< 1, temos
para lxl < 1. Agora, note que ambos os membros dessa igualdade definem funções contínuas
em (O,1], as quais coincidem em [O,1); portanto, tais funções coincidem também para x = 1, de
sorte que, fazendo x = l em (5.32), obtemos E:: 1 = 1. J
1. Utilizar os valores iniciais da sequência, bem como a recorrência por ela satisfeita, para
concluir que a função geradora converge em algum intervalo da forma ( -r, r).
II. Novamente com o auxílio dos valores iniciais e da recorrência satisfeita pela sequência,
realizar operações apropriadas com a igualdade f (x) = Lk~o akxk para obter uma forma
fechada (i.c., uma fórmula) para f (x).
382
III Desenvolver a forma fechada obtida no item II em série de Taylor.
IV. Usar a unicidade da representação em série de potências, dada pelo corolé.rio 48,
concluir que an é igual ao coeficiente de x" na expansão obtida na etapa III.
LEMA 5.59.
Seja (an)n~o uma sequência de números reais. Se existirem reais positivos e e 1,1;
lanl < cAI" para todo n > O, então a série de potências Ek>O akxk converge, para
(- lf. lt) · -
PRO\'A.
Como lanx"I = lanllxln < c.t\lnlxl" = cl.Alxl" e a série geométrica Ek~O IMxlk converge
1
quando lxl < 111 (cf. item (e) do exemplo 44), o critério de comparação para séries garante que
a série de potencias Ek~O a,_xk converge quando lxl < ;, .
O exemplo a seguir utiliza o procedimento composto pelas etapas I a IV para obter uma
fórmula posicional para o n -ésimo número de Fibonacci.
EXEl\lPLO 5.60.
Seja (Fn)n~l a sequência de Fibonacci, i.e., a sequência dada por F 1
2 = Fk+l + Fk- para todo inteiro k > 1. Calcule Fn em função -~---~--..__,...__
F1.:+ de n.
~OLL'Ç\O
eja J(x) = Ek~i Fkxk a função geradora correspondente à sequência de Fibonacci, e cum-
pramo as etapas I a IV de critas anteriormente.
Etapa I. Observe inicialmente que, por uma fácil indução, temos Fn < 2n para todo n > 1.
Portanto, o lema 59 garante que, para todo x E (-½,½),a série Ek~l Fkxk converge.
383
Etapa II. Para x E ( -½, ½), podemos escrever
= x +x 2 L
• F1,;_1 + F1.:-"1)x"
k~3
l ( 1 1 )
f(x) = "5 l - X - l - X •
contanto que l,rl< min { ~ . J1} = ¼-l\Ia.s, como ½ < ¼,segu que
(5.33)
Etapa IV. Por fim. pelo corolário 4 . a . érie de potências que representa f é única, de forma
que, a partir da igualdade acima. obtemo.::,Fn = º";{', para todo n > 1.
3 -l
Continuando, utilizaremos uma abordagem similar à do exemplo anterior para
seguinte resultado geral.
TEOREMA 5.61.
Dados u. v E 1R,com v -=/=O, seja (an)n~I wna sequência tal que Ot+2 = U4
todo k ~ l Suponha, ademais, que a equação de segundo grau x 2 - ux - v = O
o. e {3.
(a) Se o. -=/=/3.então ª" = Ao."- 1 ,- B{3"- 1 para n > l, onde A e B são as soluções
_
deequaço~ { A+ B = a1 .
o.A+ {3B = a2
PROVA.
Comecemos mostrando que existe q > O tal que lan1 < q", para todo n > l. Realmente, se
lakl < qk e lak+il < qk+i, então, pela desigualdade triangular, temos
de fo1ma que lak+2l < qk+ 2 se lulqk•'-1+ lvlq" < qk+2 ou, equivalentemente, se lulq + lvl < q2.
~Ias, como a maior raiz de x 2 - lulx - lvl = O é Xo = ½(!ui+ Ju 2 + 4lvl), temos lulq + lvl < q2
se q > x 0. Portanto, teremos lanl < q" para todo n > l se lail< q, la21 < q2 e q > x 0, para o
que basta tomarmos q > max{lail, Jia;T,xo}.
Fixado um tal q, segue de lanl < q" para n > 1, via lema 59, que a série Lk>l akxk
converge no intervalo(-¼,¼)· Portanto, podemos definir uma função f: (-¼, ¼)➔ 1R-pondo
J(x) - Lk~i akxk, para lxl < ¼·
Para obter uma fórmula fechada para f(x), utilizemos a recorrência satisfeita pela sequência,
nos molde do que fizemos no exemplo da sequência de Fibonacci:
3 5
Logo, (1 - vx 2 )J(:c) = a 1x + (a
11:r - ua )x para todo x E
2
-
1
2
, (-¼,¼).
Agora, como a e /3 são as raízes de x 2 - ux - v = O, segue do item (b) da proposição 16 que
a+ /3 = u e o/3 = -v. Portanto, 1 - ux - vx 2 = (1 - ox)(l - f3x) e, daí,
2
J(x) = a1x + (a2 uai)x
-
(1 - ox)(l - f3x)
• 1x 1 < mm
prua • {l'q, lol'
l 1}
IPI .
Consideremos os casos (a) e (b) separadamente:
(a) Se a -::f./3, podemos decompor a expressão que define f em frações parciais, obtendo f(x) =
-1 A:r + com A e B tais
Bz . que { A + B = ª1 . ('T"
.1al sistema
. tem uma so1uçao
- umca,
, •
_ 1 _ 13 ,
oz x {3A + aB = ua1 - a2
uma vez que a -::f./3.)
Expandindo 1_10 x e 1_1Pz em séries geométricas, conseguimos
= L(Aak + B/3k)xk+1
k>O
= L(Aak-1 + B/3k-1)xk.
k~l
2
(b) Se o = /3, temos 2a = u, a 2 = -v e J(x) = ª 1r~f~;x)~i)x • De acordo com o teorema 64,
podemos decompor a expressão que define f em frações parciais da forma f(x) = 1 ~~ + ci!o-:)2,
A+ B = a1 .
com A e B tais que { . (Novamente, o sistema tem uma solução única, uma
aA = uai - a2
vez que v -::f.
O=} o -j. O.)
Expandindo 1_10 x e (l ~r):1 em séries de potências (para a segunda, com o auxílio do resultado
do problema 5.3, página 379), obtemos
k>O
= L(A + Bk)ak-Ixk.
J,. 1
386
Por fim, comparando essa última expressão com o falo de que f(x) -
ak = (A+ Bk)ak-i, para todo inteiro k > l.
O teorema anterior pode ser visto como uma versão discreta de um resultado similar da teoria
de EDOs, o qual utiliza séries de potências para resolver EDOs da forma
admite uma única solução y = J(x), com f (x) = Ek~o akxk definida no intervalo (-R, R).
Para mais detalhes sobre a demonstração desse resultado, bem como para aplicações interes-
santes, referimos o leitor às seções 6.17 a 6.24 de [4J ou, ainda, ao Capítulo VI de (25J.
Nosso último exemplo fará uso do resultado a seguir.
PROPOSIÇÃO 5.62.
Se as funções /, g : (xo - R, Xo + R) ➔ IR têm expansões em séries de potências /(x) =
Ek~O a1,;(x-xol e g(x) = E,~0 b,(x-xo) , então a função J g: (xo-R, xo+R) ➔ R tem expansão
1
PROVA.
Pelo teorema 42, as séries de potências que definem f e g convergem absolutamente no
intervalo (x 0 - R, x 0 + R). Portanto, pelo teorema 18 e para x E (xo - R, x 0 + R), temos
J(x)g(x) = (L
k~O
ak(x - xot) (L
/~O
b,(x - xo)')
= L (L
n~O k+l=n
akb,) (x - xot = L en(x -
n>O
i·oY',
387
s 'ndo que (também por aquele resultado) a convergência da última série é também absoluta no
intcrwlo (,r0 - R, x 0 + R).
EXEMPLO 5.63.
Seja (an)n~o a. sequência tal que a0 = 1, a 1 = -1 e
SOLt:ÇÀO.
Sendo f(x) = Ek~O akxk a função geradora da sequência, cumpramos novamente as etapas I
a IV anteriormente descritas.
1
portanto, teremos lakl < ak se 0
:- + 2ak- 2 < ak, ou, equivalentemente, se
Uma vez que tal desigualdade é verdadeira para a = 2 e todo k > 2, e laol < 2°, la 1 1 < 21 ,
segue por indução que lanl < 2n, para todo n > 1. Portanto, o referido lema, juntamente com o
teorema 46, garante que a função f está definida e é derivável no intervalo ( -½, ½).
Etapa II. Escrevendo a recorrência do enunciado como kak = -ak-l + 2kak_ 2, para k > 2, temos
J'(x) = L kakxk t = a1 + L kakxk-t = a1 + L(-ak-l + 2kak_ 2 )xk-l
k~I k?2 k~2
388
11as. como a1 +ao= O, obtemos f'(x) = (4x - 1)/(x) + 2x/'(x) ou, ainda,
Para integrar a equação diferencial acima, note inicialmente que / é positiva num intervalo
(-r, r), para algum O < r < ½ (uma vez que /(O) = a0 = 1 > O e / derivável ⇒ / contínua,
logo, positiva numa vizinhança de O). Portanto, para lxl < r, podemos escrever
1
f (X) = _ 4x - 1 = _2 _ 1
f ( x) 2x - 1 2x - 1
e, daí, para lxl < r < ½,
log / (x)
t-x
= log J(t) lt=O =
1:rJ'(t)
!( ) dt
o t
=- (x (2 + 1 ) dt
J0 2t - 1
1
= -2x - - log{l - 2x).
2
Assim, para lxl < r < ½,temos
(5.34)
Etapa III. Inicialmente, note que o desenvolvimento em série de potências de e- 2:r é dado por
{5.17), com a= -2, e vale em toda a reta:
Portanto, segue do exemplo 55 e da proposição 62 que, para f dada como em (5.34) e lxl < r < ½,
temos
389
Etnpn TV Comparando a expansão acima com J(x) = En~o anxn, segue que
an =
2
n n
L 41(n -
(-l)n-l (2l)
l) ! l •
l-0
6.2. Calcule, com o auxílio de funções geradoras, o número de soluções inteiras e não negativas
da equação a1 + a2 + a 3 + a4 = 20, tais que a1 > 2 e a3 < 7.
e a soma acima se estende a todas as k-uplas (i1, ... , ik) de inteiros não negativos tais
que i1 + · · · + ik = n.
6.4. Nas notações do exemplo 58, se a 1 , a2, ... , am são os termos iniciais das progressões, prove
que
6.5. Resolva a recorrência a1 2 e ak+l = ak + (k + 1), para k > 1, por meio de funções
geradoras.
6.6. A sequência (o,,),.~o é dada por ao = 1 e an 1-1 = 2an + n, para n > O. Para calcularª" em
função de n, faça os seguintes itens:
(a) s,,t1,, .,,, n 11 1 mo1:,Lrcque a,.+1 < on+i, contanto que an(o - 2) > n; conclua que
fJ 11 .,,, ;111 . parn todo n > O.
390
{b) l\Iostre que a função geradora de (a,,) 11~ 0 convcrgl' no int.erw1lo (-!i, ~),.é dadr.1,r,or
f( 'l·) -_
2
l-2:rf2.r
(l-.r) 2 {l-2.r)'
1 - 2.r + 2.r2 A B C
------ - --- + -- + --.
(1 - .,;)2(1- 2x) (l - .r,) 1 :,: l - 2.r
2
(d) Expanda em série de potências cada uma das funções do segundo membro da. igual da.de
acima para concluir que an = 2n+1 - (n + 1), para n > O.
6. 7. Seja (an)n~o a sequência tal que ao= 1, a 1 = -3, a2 = 5 e ak+3 = ak+2+ ½ak+1-½ak, para
todo inteiro k > O. O propósito deste problema é mostrar que (an)n>O converge e calcular
seu limite. Para tanto, faça os seguintes itens:
(a) Mostre que lanl< 5n, para todo inteiro n > O. A partir daí, conclua que a série de
potências Lk~o akxk tem raio de convergência maior ou igual a ½..
{b) Se J : ( -½1 ½)➔ R é dada por J (x) = Lk>O akxk, use os valores iniciais e a recorrência
satisfeita pela sequência para obter f(x) - (~s~:)c!t~i),para lxl < 1.
{c) Aplique o método de decomposição em frações parciais para obter
A B C
J(x)=-+x-1 x- v'2+
2 x+ /2'
2
B+(=__lr-1c , n
(d) Conclua que an = -9 - (J2)n+i para n > O e, dai, que a 11 ---+ -9.
391
ALGUNS PRÉ-
REQUISITOS
Este primeiro apêndice coleta, por completude e para a conveniência do leitor, fatos essenciais
n praticamente todos os desenvolvimentos do livro. As demonstrações que omitiremos podem
ser encontradas nas referências [9], [10] e [13].
Para além dos assuntos discutidos nas próximas seções, assumimos do leitor certa familia-
ridade com o uso de argumentos lógicos, com as definições e conceitos básicos sobre conjuntos
e com fatos elementares de geometria euclidiana. Para maiores detalhes, sugerimos ao leitor as
referências [10], [17] e [29].
Q = {~- o. b E Z. b :/;O}
Se a divide b, dizemos ainda que a é um dnnsor de b, ou que b é divisível por a; nesse caso,
denotamos a I b. Se a não divide b (ou, equivalentemente, se ~ (/:.Z), denotamos a f b Um
inteiro n é par se 2 1 n; caso contrário, o inteiro n é ímpar. Assim, O, ±2, ±4, ±6, ... são os
inteiros pares, ao passo que ±1, ±3, ±5, ... são os inteiros ímpares.
Dados naturais a e b, com a:/; O, é bem sabido que existem únicos inteiros q e r satisfazendo
as seguintes condições:
b = aq + r e O < r < a. (A.1)
A relação acima é conhecida como o algoritmo da divisão, e os inteiros q e r são denominados, res-
pectivamente, o quociente e o resto da divisão de b por a. As condições (A.l) são frequentemente
resumidas no diagrama
b~
r q
1
Rcnwternos o leitor no capftulo 1 de ll3j para uma discussão sistemática do que segue.
394
m particular para a b na ur • n no açõ irna a I b qui al rmo r = O q = !-
Doi m iro não nulo a b mpr ·m um maior ctivi or po i i o omum u máximo divisor
comum (d no ado mdc (a b))· a b ão primo ntre i quando mdc (a b) = 1. um r ion 1
não nulo r admi -o fracionária r = mn com m n int ir n ão implificando
o fator, comu m i.. c c lando o fa or mdc (m n) m m m n), obt mo uma
r pr n ação fr ionári irredutível para r. Por • mplo o r cional -;12 t m a r pr ntação
fr 10nãria irr d í el -/ ob ida can elando o f or 6 = mdc ( -12 1 ) do numerador do
d no minador.
m int ir p > 1 • primo úni itiv for m 1 p· d outro modo, um
in iro p > l ' primo par E
EE =} a = 1 ou p.
a
2 11, 1 1 1 2 1 7 1 3 7, 53
7. 71 7 . 7 . 97.
.1.1 n m m
tum m n ar núm r racionai m notação decimal. Para o racional ! por
.• mpl , r v mo ! = O 125 orno uma abr vi ção para a igualdad
39
Racionais há, entretanto, com representações decimais mais complicadas. Tomemos como
~-cmplo o racional /2 , para o qual usualmente escrevemos
1
12 = 0,08333 ....
O que significa a igualdade acima? Imitando o caso do racional ½,somos tentados a dizer que a
igualdade acima é uma abreviação para
(A.2)
Esse é, de fato, o caso, contanto que interpretemos corretamente a soma com um número infinito
de parcelas do segundo membro. Rigorosamente falando, a igualdade (A.2) significa que, fixado
a priori um erro máximo 1~" = o,po..:.. 01,,,temos
n
1 (8 3 3 3) 1
O < 12 - 102 + 103 + 104 + ••• + lOk < 10n
para todo natural k > n; de outro modo, a igualdade (A.2) significa que todos os números
¾ + ~ + ~ + · · · + ~, com k > n, são aproximações por falta de 112 com erro menor ou
igual que O,po..;...
01,,.De fato, seguirá da proposição 27 que
n
e, portanto, o erro na aproximação por falta acima de 112 será 3 _;0 ,., o qual é menor ou igual
que o erro máximo 1~", sempre que k > n. É nesse sentido que devemos pensar na igualdade
1~ = 0,08333 ....
De posse da discussão acima, uma pergunta que se coloca naturalmente é a seguinte: dada
uma sequência 3 qualquer (a 1 , a2 , a 3, ... ) de algarismos, podemos pensar em
como a representação decimal de algum número racional, nos moldes da discussão acima?
É possível provar que a resposta a tal pergunta será sim se, e só se, a sequência (a 1 , a2, a3, .. .)
for, a partir de um certo ponto, periódica, i.e., da forma
(A.3)
p p 'P
'fConfomic ,wrá. visto no capítulo 1, uma sequência de números reais é uma função/: N ➔ R. Entretanto, para.
11<>8808propósitos atl! lá, podemos pensá-la como uma lista ordenada de números reais, i.e., uma lista de números
reais na qual c.>Bpt-cifica1110H
quem é o primeiro número da lista, quem é o segundo, o terceiro etc. Discutiremos
1tlg11111M H<>quôncias
HÍJ3temati<.:auwut,• clcmcnlares importantes na seção A.3.
396
(Em particular, para o racional / 2 a sequência em questão é (O,8, 3, 3, 3, ... ), a qual6, clM
periódica.)
Entretanto, há sequências de algarismos que não são periódicas a partir de ponto algum.Vii
exemplo é fornecido pela sequência
(III) A toda sequência (a1, a2, a3 1 ••• de algarismos corresponde um único elemento x E JR,
)
no sentido da discussão do início desta subseção, o qual será denotado x = O,a 1a2 a3 .. ..
Reciprocamente, a todo x E 1Rcorrespondem um único inteiro m e uma única sequência
(a1, a2, a3, ... ) de algarismos, tais que x = m + O,a1a2a3 ... , onde+ representa a operação
de adição em JR.
exemplo, l26J, ou, para urna abordagem mais profunda, 1161}.Nestas notas, optamos por uma abordagem que
fosse a mais próxima. possível da experiência prévia do leitor.
397
l o que segue, detalhamos o que cada um dos itens (I), (II) e (III) realmente significa.
Começando por (I), postulamos que o conjunto R dos números reais é munido com duas
operações, denotadas + e • e respectivamente denominadas (por analogia com as operações
correspondentes em Q) adição e multiplicação, as quais satisfazem os axiomas ( 1) a (7) a seguir:
(1) Consistência: para a, b E Q, o resultado a+ b da adição de a e b é o mesmo, quer
consideremos a adição usual de Q ou a operação correspondente em Ilt Analogamente,
o resultado a • b da multiplicação de a e b é o mesmo, quer consideremos a multiplicação
usual de Q ou a operação correspondente em R.
(3) Associatividade: as operações+ e• são associativas, i.e., são tais que a+(b+c) = (a+b)+c
e a· (b • e) = (a· b) · e, para todos a, b, c E R.
(5) Existência de elementos neutros únicos: os números racionais O e 1 são elementos neutros,
respectivamente, para as operações de adição e multiplicação em IR, i.e., tem-se O+ a= a
e 1 • a = a, para todo a E IR.
398
(ii) unicidade do inverso multiplicativo: para a E IR,a -::/O, se b, b' E IRsã.o tais q,w a· b = 1
e a· b' = 1, então b = b'. A prova deste fato é totalmente análoga à do item anterior
(cf. problema 3, página 400). Doravante, denotaremos o inverso multiplicativo de a E R,
a# O, por a- 1 , como é usual para os racionais.
(iii) Para a E lR, tem-se a· O = O: a fim de verificar essa igualdade, denote a · O = e. Pela
distributividade da multiplicação em relação à adição, temos
e = a • O = a • (O+ O) = a • O+ a • O = e + e.
Por outro lado, usando o fato de que O é elemento neutro da adição e que tal operação é
associativa, obtemos
com b-::/O neste último caso; ainda nesse caso, sempre que não houver perigo de confusão com
a representação fracionária do racional i escrevemos a/b ou %como sinônimos de a-;- b.
Problemas
1. Estabeleça as seguintes propriedades de proporções: se a, b, e e d são inteiros não nulos,
tais que i = á,então
a e a± e
b-d-b±d"
6 Rigorosamente falando, a validade dessa afirmação deveria ser demonstrada como um tcorcmn, o que pode
ser feito com o auxilio do princípio de indução finita (cf. subseção A.3.3).
399
2. Dada uma. sequência (a 1 , a2 , a3, .. .) de algarismos, prove que o número real 0,a1a2a 3 ...
representa a expansão decimal de um racional se, e só se, a sequência (a 1 , a 2 , a 3 , .. . ) é
periódica, no sentido de (A.3).
3. Prove a unicidade do inverso multiplicativo em lR. Mais precisamente, prove que se a =J. O
é um número real e b, b' E IRsão tais que a· b =a• b' = 1, então b = b'.
400
A. 1. 2 A relação de ordem em IR
Voltemo-nos, agora, à discussão detalhada do item {II).
Em IR, postulamos também a existência de uma relação de ordem (i.e., uma ma
comparar elementos de IR), denotada, por analogia com a relação correspondente em Q, > (
maior ou igual que) e satisfazendo os axiomas {1') a {5') a seguir:
PROPOSIÇÃO A.1.
Sejam a, b, e, d E IR.
401
(d) a > b =>a + e > b + e.
PROVA.
Provemos somente alguns dos itens acima; os demais ficam como exercícios (veja o problema
1, página 404).
(i) Como a e b têm um mesmo sinal, segue de (b) e (c) que ab > O. Assim, ;b > O pelo item (h)
e, de b - a< O, segue de (b) ou (c) que
1 1 b-a 1
- - - = - = (b- a)· - < O.
a b ab ab
Por sua ve-.t,(6') garante que a relação acima equivale a ¼< ¼-
402
Os itens (b) e (c) da proposição anLcrior são colcLivamculc conhecicloHeomo as regru de
sinal para a multiplicação de números reais.
Para o que segue, recorde que, dado r E IR, definimos o quadrado de r, de>notado r 2 (lê-se
também r ao quadrado), como o número real r 2 = r · r, e o cn bo de r, denotado r3 {lê-se também
r ao cubo), como o número real r 3 = r • r · r. Mais geralmenlc, para um dado n E N, definimos
a nª (lê-se n-ésima) potência der, denoLada r 11, como sendo r, Ca.'30 n = 1, ou o número real
obtido multiplicando-se r por ele mesmo n vezes, caso n > l:
Tn = '---v--'
T • T • • • • • T.
n
Aqui, cumpre chamar a atenção do leitor para o fato de que a associatividade da multiplicação
de números reais, juntamente com o princípio de indução finita (cf. subseção A.3.3), permite
provar que o resultado do segundo membro da igualdade acima independe da ordem em que
efetuemos as multiplicações, de sorte que o número rn é bem definido. Os números reais r _ r2.
r 3 , ... são conhecidos coletivamente como as potências de expoentes naturais do número real r.
O problema 4, página 404, lista algumas propriedades operatórias úteis de tais números reais.
Uma consequência importante das propriedades da relação de ordem em IR elencadas na
proposição anterior é aquela constante do corolário a seguir.
COROLÁRIO A. 2.
Sejam r um real positivo e m e n naturais, com m > n. Então:
PROVA.
(a) Como ré positivo, multiplicando por r ambos os membros da desigualdade r < 1, obtemos
r 2 < r. Multiplicando ambos os membros dessa última desigualdade novamente por r, segue que
r 3 < r 2 e, daí, r 3 < r 2 < r. Prosseguindo dessa maneira, chegamos ao resultado desejado, i.e.,
(b) A demonstração é essencialmente a mesma que aquela do item (a), com a. diferença de que,
inicialmente, temos r > l.
403
COROLÁRIO A.3.
Para a, b E JR,tem-se a 2 + b2 > O, ocorrendo a igualdade se, e só se, a = b = O.
PROVA.
Pelo item (g) da proposição 1, temos a2,b2 > O. Portanto, segue do item (d) daquela
proposição que a 2 + b2 > O. Suponha, agora, que a # O. Novamente pelo item (g) da proposição
referida, temos a 2 > O. Por outro lado, como b2 > O ainda é verdade, o item (e) da proposição
garante que a 2 + b2 > O.
Problemas
1. Prove os itens (b), (c) e (g) da proposição 1.
404
5. Parar real não nulo e n natural, estendemos a noção de potências de expoentes naturais
definindo r-n = /n. Por exemplo. r- 1 = ¼,r- 2 = ~ etc. Definindo também r 0 = 1, prove
que, para todos m, n EN. tem-se r:r = rm-n_
6. Se x =/=O é um número real e n EN. proYe que x" ê positivo se n for par, ex" tem o mesmo
sinal de x se n for ímpar.
405
A.1.3 A completude do conjunto dos reais
Postulamos, por fim, que a toda sequência (a 1 . a 2 , a3 ... . ) de algarismos corresponda um único
elemento x E R, no seguinte sentido: fixado um erro má..ximo1~", n E N. temos
a1 a2 ak ) 1
O< X - ( 10 + 102 + ••• + l0k < l0n 1
406
1'IH>BLE\I.\S
Do ponto de ,ista aritmético, uma grande vantagem do conjunto dos números reais, em
comparação com o conjunto dos racionais. é a possibilidade de extrairmos raízes de números
reais positivos. 1'Iais precisamente. dados x > O real e n E N, é possível provar (e o faremos
no teorema 9) que existe um único real positivo y tal que yn = x. Tal real positivo y será,
doravante, denotado y = .ifx e denominado a raiz n-ésima (lê-se enésima) de x ou, ainda, a
raiz de índice n de x. Assim.
Os casos n = 2 e n = 3 ocorrem com tanta frequência que merecem nomes especiais. Quando
n = 2 (e x > O), escrevemos simplesmente Jx, em vez de ?;'x, e dizemos que Jx é a raiz
quadrada de x; quando n = 3. dizemos que ifx é a raiz cúbica de x.
Intuitivamente, podemos entender por que existem raízes de números reais positivos exa-
2
minando um exemplo simples. Por definição, temos ./2 = 2. Assim, como 12 < 2 < 22 ,
segue do problema 2, página 404. que 1 < ./2 < 2; como 1,42 < 2 < 1,52 , segue novamente
do referido problema que 1.4 < ./2 < 1.5; analogamente. como 1,412 < 2 < 1,422 , temos que
1,41 < ./2 < 1,42 e, prosseguindo de<. a maneira. obtemos uma única lista (4, 1, 4, ... ) de algaris-
mos, tal que~= 1.414 .. (\'eJa também o problema 7. página 447). Denominamos radiciação
à operação de obtenção de raízes de um real po iti\'o.
Voltemo-nos, agora. a potêncins de números naturais. Um quadrado perfeito é um número
nntmal que pode r escrito nn forma m 2 . para algum m E N; assim, os quadrados perfeitos
sno Ol:>númcrol:>12 = 1. 22 = 4, 32 =- 9, •t'2 = 16 etc. Um cubo perfeito é um natural que
pode ser escrito na forma m 3 . para algum m E N; os cubos perfeitos são os números 13 = 1,
23 - , 33 = 27, 4 3 = 61 etc 1Iais geralmente, um natural n ê uma potência perfeita se
ex1stirem k > 1 int c1ro e m E N tais que n = mk. 1csse caso, dizemos que n é urna k-ésima
potência perfeita, i.e., um dos naturai& 11', 2" 1 3", 4k etc. Equivalentemente, dizer que n E N
é unrn k-ésima potência perfeita é o mesmo que dizer que sua raiz k-ésima, -1-n, é um número
naturnl
O rc ultado a seguir fornece inúmeros exemplos de números irracionais. Para uma prova do
mesmo, referimo o leitor ao exemplo 1.23 de [13J.
PROPOSIÇÃO A.4.
Dados números naturais n e k, com k > 1, ou n é uma k-ésima potência perfeita ou ~ é
um número irracional.
De acordo com a proposição acima, números como v'2,--YJ,q'1Õ etc. são todos irracionais
(posto que 2 não é um quadrado perfeito, 3 não é um cubo perfeito e 10 não é uma quinta
potência perfeita).
407
Parn terminar nossa discussão sobre números racionais e irracionais, note que o conjunto
dos números irracionais não é fechado em relação às operações aritméticas. De fato, dado r
irracional, temos que -r também é irracional, muito embora r + (-r) = O, um número racional.
Por outro lado, fazendo r = ~ temos r • r = r 2 = 2, também racional. Finalmente, se r -=/:O,
então o quociente de r por si mesmo é igual a 1, novamente um número racional.
Problemas
1. Sejam a e b números racionais e rum número irracional. Se a+br = O, prove que a= b = O.
2. Seja r um real positivo e k um inteiro maior que 1. Se r é irracional, prove que os números
~ e ifF também são irracionais.
4. Seja p E N um número primo e k > 1 um natural. Prove que o número ifjJ é irracional.
408
A. 1.4 A representação geométrica
Uma maneira bastante útil de pensar geometricamente no conjunto dos números racionais é
a seguinte: escolhemos uma reta r e marcamos sobre ela um ponto O; em seguida, escolhemos
uma das semirretas que O determina sobre r, a qual chamamos positiva, sendo a outra a
semirreta negativa, e um segmento f. como padrão de comprimento. Agora, associamos cada
número racional a um ponto de r do seguinte modo: primeiro, associamos O ao ponto O; em
seguida (cf. Figura A.l), dado um racional i, com a, b E N, marcamos, a partir de O e sobre
a semirreta positiva, um segmento OA de comprimento ae (i.e., OA é obtido justapondo-se,
consecutivamente, a segmentos-padrão). Se b = l, associamos I = a ao ponto A. Se b > l,
particionamos O A em b segmentos iguais, marcando b - l pontos sobre O A; sendo B o ponto da
partição mais próximo de O, associamos i ao ponto B. Não é rufícil mostrar que a construção
descrita acima é consistente, no sentido de que, trocando i por outra fração equivalente, obtemos
um mesmo ponto B sobre r (a esse respeito, veja o problema 1, página 411). Uma construção
O B A r
análoga pode ser feita para os racionais negativos, marcados sobre a semirreta negativa.
Ocorre que, ao assim fazermos, sobram muitos pontos sobre r, os quais não estão associados
a nenhum número racional. Para exemplificar, considere o ponto A associado ao número 1 e
construa um quadrado OABC, como na Figura A.2. Em seguida, marque, com um compasso,
C.---_B
[2h
o AE r
um ponto E sobre a semirreta positiva, tal que OE= OB. Como OA = 1, segue do teorcnm
de Pitãgoras 8 que OE= OB = ../2.Mas, como ../2é irracional (cf. proposição 4 ou problcmn
3, página 408), segue que E não está associado a nenhum número racional.
8 Pitágoras de Samos foi um dos maiores matemáticos da escola grega.. O teorema quo le,1\ seu nome, e
409
'
\1·1 \1111 1 \ :\ua·~s P1<i::-HEQl·1s1Tos
Duas perguntas naturais colocam-se neste ponto: é possível marcar sobre r todos os números
reais? Supondo que a resposta à pergunta anterior seja sim, após marcarmos todos os pontos
de IR sobre r ainda sobram em r pontos não marcados? Um dos a.xiomas da construção da
Geometria Euclidiana plana 9 , enunciado a seguir, garante que as respostas a tais perguntas são
respectivamente sim e não.
AXIOMA A.5.
Existe uma correspondência biunívoca entre os pontos de uma retare o conjunto dos numeros
reais, a qual fica totalmente determinada pelas seguintes escolhas:
(b) Uma semirreta, dentre as que O determina sobre r, onde são marcados os reais positivos.
(c) Um ponto A sobre a semirreta do item (b), ao qual corresponderá o número real 1.
Se fixarmos sobre uma reta r escolhas como as e pecificada pelo axioma acima, diremos que
ré a reta numerada (cf. Figura A.3).
Para uso posterior, estabelecemos a definição a egmr.
DEFINIÇÃO A.6.
Para reais dados a < b, definimos10 :
(i) [a,b]={xEIR;a<x<b}.
(iv) (a,b)={xER;a<x<b}.
(v) [a,+oo)={xEIR;a<x}.
(vii) (-oo,a]={xER;x<a}.
410
l 1IH >BLl-:\1.\S
ÜBSER\'AÇÕES A. 7.
1. É importante frisar que os símbolos +oo e -oo (lê-se, respectivamente, maia infinito e
menos infinito) não representam números reais. Tais símbolos servem, meramente, para
significar que um intervalo de um dos tipos (v), (vi), (vii) ou (viii) a.cimaengloba todos 08
números reais maiores ou iguais (resp. maiores) ou menores ou iguais (resp. menores) que
a.
o a b lR
Figura A.3: o intervalo aberto à direita [a,b).
Problemas
1. Em relação à interpretação geométrica dos números racionais, discutida nesta sul>sc~no,
sejam dadas frações positivas i e ~. com a, b, e, d E N. Se i = ~. explique por que n
10Chamamos a atenção do leitor para as notações menos comuns [a, b[ em vc~ dr [a, b), Jo, bJ no lugt\r dl' ]o, b],
]a, b[ em vez de (a, b), [a, +oo[ em vez de [a, +oo) e] - 00 1 a[ 110 lugur de (- , o).
411
construção dada no texto associa a tais frações um mesmo ponto da reta numerada.
412
A.2 Álgebra elementar
Esta seção revisa diversas ferramentas de Álgebra elementar, utilizadas livremente ao lodp
do texto.
é uma expressão algébrica que tem sentido para todos os reais x, y, z tais que y > Oe z ::/: O. Em
particular, toda variável pode ser vista como uma expressão algébrica. Denotaremos expressões
algébricas em geral por meio de letras latinas maiúsculas, por exemplo E, F etc.
Dizemos que uma expressão algébrica E é um monômio se E for o produto de um número
real não nulo dado por potências de expoentes inteiros não negativos de suas variáveis. Por
exemplo, os monômios em x, y são as expressões da forma axkyl, onde a ::/: O é um real dado e
k, l > O são números inteiros (convencionamos aqui que xk = 1 caso k = O, adotando convenção
análoga quanto a yl - veja o problema 5, página 405). Para um monômio qualquer, o real não
nulo dado que faz o papel de a em axkyl é o coeficiente do monômio. Assim, os monômios em
x, y com coeficiente 2 são aqueles da forma
2, 2x 2y, 2x 2
, 2xy, 2y 2
, 2x 3
, 2x y, 2xy
2 2
, 2y
3
, etc
413
exemplificar, consideremos a expressão algébrica E= (x + y) 2 . Pelas propriedades básicas das
operações de adição e multiplicação de números reais (i.e., comutatividade e associatividade da
adição e multiplicação, distributividade da multiplicação em relação à adição) temos
E =(x+y)(x+y)=x(x+y)+y(x+y)
= (x2 + xy) + (yx + y2 )
= x 2 + 2xy + y 2 ,
para todas as variáveis reais x e y. Portanto, pondo F = x2 + 2xy + y 2 obtemos a identidade
algébrica E= F, i.e.,
(x + y) 2 = x 2 + 2xy + y2, (A 4)
à qual nos referiremos doravante como a f 6rmula para o quadrado da soma de dois números
reais.
A proposição a seguir coleciona algumas identidades algébricas importantes, as quais dc,·em
ser guardadas para uso futuro.
PROPOSIÇÃO A.8.
Para todos os x, y, z E R., temos:
(a) x 2 - y2 = (x - y )( x + y).
2 2 2
(b) (x±y) =x ±2xy+y .
PROVA.
Deixamos as provas dos itens (a), (b) e (c) como exercícios, observando que a identidade do
item (b), com o sinal +, foi estabelecida em (A.4) (veja o problema 1, pâgina 416). Provemos
em (d) a identidade para (x + y)3, sendo aquela para (x - y) 3 totalmente anâloga: utilizando a
distributividade da multiplicação em relação à adição e a identidade (A.4), obtemos
(x+y) 3
= (x+y)(x+y) 2
=x(x+y)2 +y(x+y) 2
414
Para (e), apliquemos (b) com x + y no lugar de .r e z no lugar de y:
(x + y + z)2 = [(x + y) + z]2
= (.r + y) + 2(x + y) z + z 2
2
ÜBSERVAÇÂO A. l.
Alternativamente, é costume denominarmos produto notâvel a uma identidadeE= Fl
que E é um produto de (pelo menos dois) polinômios e F a soma dos monômios resultantesda
expansão desse produto. Assim, frequentemente referir-nos-emos às identidades dos itens (b),
(d) e (e) da proposição acima como produtos notáveis. Por outro lado, uma identidade E= F
na qual E é um polinômio e F é um produto de (pelo menos dois) polinômios é usualmente
denominada uma fatoração. As identidades dos itens (a) e (c) da proposição acima são exemplos
de fatorações. Doravante, utilizaremos as nomenclaturas alternativas acima para identidades
envolvendo polinômios sem maiores comentários.
O exemplo a seguir utiliza (A.4) para deduzir uma desigualdade simples, mas importante.
EXE~1PLO A.9.
Identidades algébricas também podem ser utilizadas para estabelecer algumasdesigualdades
úteis. Por exemplo, dados x. y E IR sabemos que (lxl - IYl) 2
> O, com a igualdade ocorrendo
se, e só se, lxl = IYI-Se desenvolvermos a expressão entre parênteses, chegamosà d~
lxl2 + IYl2 > 2lxyjou, o que é o mesmo,
x2 + y2
2 > lxyl,
com a igualdade se, e só se, lxl = IYI.
Por outro lado, partindo de dois reais positivos quaisquer a e b e fazendo x =-..fã~ O?.
y = ./b > O, segue de (A.5) que
a+b r-;b
-- 2 >- vao 1
415
Um produto notável por vezes útil, mas não contemplado pela proposição 8, é o dado pela
igualdade
(x - y)(x - z) = x2 - (y + z)x + yz. (A.7)
Observe que no segundo membro aparecem a soma S = y + z e o produto P = yz de y e z. Uma
expressão do tipo x Sx + P, onde S e P representam respectivamente a soma e o produto
2
- y) (
X Z), X - X - (A.8)
onde S = y + z e P = yz. A fatoração acima é por vezes denominada fórmula de Viête 11 .
Uma variante útil da fórmula de Viête, de verificação imediata, é a fatoração para a expressão
2
x + Sx + P, onde, como antes, S = y + z e P = yz:
2
x + Sx + P = (x + y )( x + z). (A D)
Trocando, em (A.8), S, y e z respectivamente por -S, -y e -z, vemos imediatamente que (A.9)
é realmente equivalente àquela fatoração, de maneira que é bastante fácil lembrarmo-nos de mais
essa identidade.
Problemas
1. Prove os demais itens da proposição 8.
4. Para reais positivos e distintos x e y, prove que são válidas as seguintes racionalizações12:
11
François Viête, matemá.tico francês do século XVI. Por seu pioneirismo na utilização de letras para representar
variáveÍIJ, Viête l! por vezes conhecido como o pai da Álgebra moderna.
11
De uma rnan<>irainformal, podemos pensar numa operação de racionalzzaçàocomo o emprego de arguroeoto:>
de á.lgchra clemeutflr parn retirar ra(zcs do denominador de uma fração.
416
i>H<>HI.I.\I ,.._
1
(b) ~±W _ ~=F~+w
- x±y
() 1 _ ~±W
e ~=F~+W - :dy •
417
A.2.2 Módulo e equações modulares
Dadas expressões algébricas E e F, em uma mesma variável x, digamos, a equação a uma
variável E = F é o problema de encontrar todos os valores reais de x para os quais as expressões
E e F tenham sentido e a igualdade E = F seja verdadeira. Se E = F é uma equação na variável
x, dizemos que x é a incógnita da equação; os valores reais de x que resolvem a equação E= F.
i.e., que tornam E= Fuma igualdade verdadeira, são as raízes da equação; por fim, o conjunto
solução é aquele formado por todas as raízes da mesma.
No restante desta seção, discutiremos alguns tipos importantes de equações a uma variá-
vel. Para começar, dados números reais a e b, com a :/- O, podemos considerar a equação de
primeiro grau ax + b = O. Como a:/- O, temos
b
ax +b = O ç:::>ax = -b ç:::>x = --,
a
de maneira que - ~ é a única raiz da equação.
A fim de examinar nossa segunda classe de equações, necessitamos inicialmente da seguinte
DEFINIÇÃO A.10.
Para x E R, o módulo de x, denotado lxl, é definido por
lxl = { x, se x > O .
-X, se X< 0
Para exemplificar a definição acima, urna vez que -5 < O temos 1 - 51 = -(-5) = 5;
analogamente, 1- J31= -(-J3) = J3 etc. Mais geralmente, uma consequência imediata da
definição é que lxl > O para todo real x, ocorrendo a igualdade se e só se x = O. Ademais, tem-se
sempre
x < lxl = 1- xi,
com igualdade se, e só se, x > O. Note, ainda, que
Representando os números reais como pontos da reta numerada, é fácil ver que o módulo de
um número real x ê simplesmente a distância de x a O (cf. Figura A.4). Mais geralmente, dados
x, y E R, podemos olhar lx - YI como a distância entre os pontos x e y na reta. De fato, como
lx - YI = IY- xi, podemos supor que x < y. Então,
lx - YI = y - x = distância de x a y na reta.
418
lxl
X o IR
Figura A.4: módulo de um número real.
lx - ai= b,
com a e breais dados. Como lx - ai > O, tal equação não admite raízes quando b < O. Quando
b > O, segue da definição de módulo que deve ser x - a= b ou x - a= -b, donde temos as raízes
x = a+ b,a- b.
O exemplo a seguir mostra como resolver uma equação mais elaborada envolvendo módulos.
EXEMPLO A.11.
Resolva a equação lx +li+ lx - 21+ lx - 51 = 7.
SOLUÇÃO.
ole primeiro que
x+ 1, se x > -1
lx + 11= {
-X -1, se x < -1
x-2 , se x > 2
lx-21 ={ -x+2, se x < 2
e
x-5, se x > 5
lx - 51= { -x+5, se x < 5
Agora, uma vez que a interseção das condições x < -1 ou x > -1, x < 2 ou x > 2, x < 5 ou
x > 5 particiona a reta nos intervalos (-oo, -1), [-1, 2), [2, 5) e [5, +oo), faz-se mister considerar
separadamente x em cada um de tais intervalos, a fim de simplificar o primeiro membro da
equação. Procedendo dessa maneira, obtemos
-3x + 6, se x < -1
-x + 8, se - 1<x<2
lx + li + lx - 21 + lx - 51 =
x + 4, se 2<x <5
3x - 6, se x >5
Por fim, note que
419
•-3x + 6 = 7 {::::}
x =-½;como a condição-½ < -1 não ê satisfeita, não há soluções neste
caso.
Problemas
1. Dados números reais a e b, com a =/:-O, mostre que
0, se b < O
{x E IR; lx - ai < b} = {a}, se b = O
(a - b, a+ b), se b > O
(a) x 2 + Slx - li + 11 = O.
(b) lx2 - 3xl =x - l.
420
A.2.3 A desigualdade triangular
Uma inequação é uma sentença de uma das formas E> F, E> F, E< F ou E S
E e F são expressões em uma ou mais variáYeis. Resolver uma inequação significa en
todos os valores da(s) Yariável(is) que a tornem uma desigualdade verdadeira.
Uma inequação não necessariamente torna-se uma desigualdade verdadeira para todos 08
valores reais possíveis das variáveis. Para exemplificar, considere a inequação
X + X 3 + 1 > 5x 4 .
Ao atribuirmos à variável x o valor real 2, a desigualdade resultante 11 > 80 é falsa. Por outro
lado, conforme o corolário 3, a inequação x 2 + y 2 > O se torna uma desigualdade verdadeira
quaisquer que sejam os valores reais atribuídos a x e y.
Doravante, sempre que não houver perigo de confusão, denominaremos desigualdades (al-
gébricas) às inequações que se tornam desigualdades verdadeiras para todos (ou quase todos 13 )
os valores possíveis das variáveis
A desigualdade da proposiçao a seguir é conhecida como a desigualdade triangular.
PROPOSIÇÃO A 12.
Para todos o::;reais não nulo:s a e b, temo:s
(A.11}
o que é claramente verdadeiro. Segue também dos cálculos anteriores que la+ bl= lal+ lblse,
e 6 e, ab - jabl, o que por sua vez ocorre se, e só se, ab > O. Mas como a, b # O, teremos
igualdade e, e 6 e, ab > O.
13 0 s1gnificado da expressão quase todos nesse contexto ficarâ claro à me<Hdaque prosseguirmos nosso estudo.
421
COROIJÁRIO A.13.
Para todos a e b reais, temos
llal - lbll < la - bl,
ocorrendo a igualdade se, e só se, a e b têm um mesmo sinal.
PROVA.
Aplicando a desigualdade triangular com a - b no lugar de a, obtemos
e daí lal - lbl < la - bl. Repetindo agora o argumento acima, trocando os papéis de a e b, segue
que lbl - lal < la - bl. Segue, então, que
Dados números reais não nulos a, b e e, podemos aplicar a desigualdade triangular duas vezes
para obter
(A.12)
i.e., para obter a desigualdade para três números reais
(A.13)
análoga àquela obtida em (A.11), e que, portanto, chamaremos também de desigualdade trian-
gular.
Se a igualdade ocorre na desigualdade acima, devemos ter também a igualdade em todas
as desigualdades em (A.12), donde em particular em la+ bl < lal + lbl. Portanto, segue da
proposição 12 que a e b têm sinais iguais. Ocorre que podemos também escrever
122
de maneira que, se a igualdade ocorre em (A.13), então os números b e e também devem ter
sinais iguais. Reciprocamente, se a, b e e têm todos um mesmo sinal, digamos a, b, e < O (o C880
a, b, e> O é análogo), então a+ b +e< O, de maneira que
tvlostramos, pois, que há igualdade em (A.13) se, e só se, a, b e e têm todos um mesmo sinal.
Analogamente, uma fácil indução (cf. subseção A.3.3) permite estabelecer a seguinte genera-
lização da discussão acima, também conhecida na literatura como a desigualdade triangular.
TEOREMA A.14.
Para números reais não nulos a 1 , a 2 , ... , an, temos
{A.14)
Ademais, a igualdade ocorre se, e só se, a 1 , a 2 , ... , antiverem todos um mesmo sinal.
Problemas
1. Faça os seguintes itens:
423
A.2.4 Equações polinomiais
Consideremos inicialmente a equação de segundo grau
ax
2
+ bx + e = O, (A.15)
onde a, b e e são reais dados, sendo a :/- O. Por motivos que ficarão claros mais adiante (veja
a discussão que culmina com a fatoração (A.18)), o primeiro membro de (A.15) também é
denominado o trinômio de segundo grau associado à equação (A.15), e a, b e e são seus
coeficientes.
Dada uma equação de segundo grau como acima, denotamos por 6 (leia-se delta) o número
6 = b2 - 4ac.
LEMA A.15.
Dados a, b, e E R, com a :/- O, tem-se
2
2
ax + bx + e = a [ (x + ~) - ~] • (A.16)
2a 4a 2
PROVA.
Basta ver que
ax
2
+ bx + e = a ( x 2 + ~x + ~)
=a b 2 b b
( x + -xa + -4a2 - -4a2 + -a
2 2
e)
2 2
=a [ (
X
2 b
+ -X+ -b 2 ) - -b 2 + -4acl
2
a 4a 4a 4a
2
=a[(x+~) 2a -~]-
4a 2
424
.2.
id i , mar u tr ir rt t rm uma x
quadrado, gunda i uald d na prov d
d\. m ip d truque alg brico
p b m orno n r l
.1 .
om ai, O.
PR V.
(a) gu d ( .1 ) qu
a
2
+ bx + =Ü<=>( b )2
+-2a -- ~ ( .17)
- 4a 2 •
-b - -/E -b + -/E b
----
2a 2a a
(
-b-
2a
-/E)
(-b+-/E)
2a
= (-b)
2
a2
.- ~ = -.
a
- - ...... -
ÜB ER AÇÕE A.17.
~~,..
1. Quando ~ > O, a fórmula -bi/A para raíz da equação d ; ., •
-
1 • •
'
' í.'
-
' ' /
1
11. As fórmulas do item (b) da proposição acima são também conhecidas como fórmulas de
Viete.
iii. Nas notações do item (a) da proposição acima, se ô = O, diremos que a equação ax 2 +
bx +e= O tem duas raízes iguais.
~----
Terminemos nossa discussão sobre equações de segundo grau com a seguinte observação: se
a f:. O e ax 2 + bx +e= O tiver raízes reais a e /3 (não necessariamente a f:. /3),então teremos a
fatoração
ax 2 + bx +e= a(x - a)(x - /3). (A.18)
onde n > l é inteiro e a 0 , a 1 , ... , an são reais dados, com an f. O. Observe que, quando n =
1 ou n = 2, voltamos respectivamente às equações de primeiro e segundo graus discutidas
anteriormente.
Aqui, contentar-nos-emos em discutir alguns casos particulares e tecer alguns comentários
que, acreditamos, serão úteis ao leitor. Para um estudo mais sistemático, recomendamos [14].
Primeiramente, para equações polinomiais de graus n = 3 ou 4, fórmulas há, construídas em
termos dos coeficientes ao, a1, ... , an da equação e que fornecem as raízes da mesma. Conforme
o Capítulo 4 de (30], tais fórmulas derivaram dos trabalhos dos matemáticos italianos Scipione
del Ferro, Girolamo Cardano, Niccolõ Tartaglia e Lodovico Ferrari. Elas são, porém, demasia-
damente complexas para serem úteis e, portanto, não as discutiremos aqui.
14
Uma homenagem ao matemático indiano do século XII Bhaskara II, também conhecido como Bhaskaracharya
(Báskara, o prof~or).
426
Para equações polinomiais (A.19) de grau n > 5. Abel e o matemático francês Évariste
Galois 15 . ambos do século XIX. prm-aram independentemente que não existe fórmula, construída
em termos dos coeficientes da equação. que forneça as soluções reais da mesma. Bem entendido,
não importa quão inteligente alguém seja; eles prm-ararn que é impossível descobrir uma tal
fórmula, simplesmente porque a mesma não e.'\iste!
Alguns tipos particulares de equações de grau -1ou 6 são suficientemente simples para me-
recerem certa atenção. especialmente porque substituições de \'a.riável apropriadas as reduzem
imediatamente a equações de segundo grau. Para equações biquadradas, por exemplo, i.e.,
equações do tipo
ax 4 + bx2 + e = O,
c:om a =/,O, a sub tituição de YariâYely = x 2 a transforma na equação de segundo grau ay 2 +
ÓIJ r e = O. Portanto. para cada raiz real não negati\'a y = a dessa última equação, resolvendo
2
c1 equação .r =a, obtemo~ o par de raíz•· rcai x = ::r:../Õpara a equação biquadrada original.
Hec1procame11le. .e: = f3 é uma rniz da equação b1quadrnda original, então é imediato que
y /Jl é urna rnfa real não ncgntivn d equaçilo d , •gundo grau ay2 + by +e= O.
Probl n1as
l . D11doum , c~ru
a # O, cnrout Ir todo XE tais que .r 2 = a 2, sem recorrer à fórmula
x 3 + ax 2 + bx + e = (x - a) (x 2 + ux + v).
Condun. a partir daí. que a equação polinomial em questão tem no máximo três raízes
reni::. X ~> caso. ·endo o. f3 e 1 tais raízes, mostre também que:
x 3 + ax 2 + bx + e = (x - a) (x - {3)(x - , ) .
15 A d~peito de sua morte prematura. Galois é considerado um dos maiores matemáticos que já existiu. Seus
trabalho ~obre equações polinomiais de grau n ~ 5 e teoria dos grupos constituíram a base do que hoje é
conhecido como a Teona de Galois. sub-ramo da ÁJgebra com aplicações em vârias partes da matemática.
427
(b) Se o = /3-/-'Y, então x:1 + ax 2 + bx +e= (x - a)2(x - ,).
(e) Se o= /3= 'Y, então x 3 + ax 2 + bx +e= (x - a) 3 .
Esse rc~u}tado generaliza a forma fatorada (A.18) de uma equação de segundo grau e é um
caso particular do algoritmo da divisão para polinômios 16 .
f"Para 1JlJ1ÍOre1
dt~talheH acerca deRRCponLo, nt1Rim como pnrn a generalização do resultado do problema -1,
remeterOO#o leitor at> Capitulo 4 ,fo IJ.-11.
'128
A.3 Sequências e indução
Esta seção revisa alguns resultados sobre sequências elementares e apresenta o princf.,~,"""'
indução e a fórmula do desenvolvimento binomial de Newton. Como antes, seu conte6do '1
utilizado livremente, ao longo do texto.
EXE\tPLO A 18.
. ..
.•
·-
:
A sequencia (ak)k~l dos quadrados perfeitos é a sequência (12 ,2 2 ,3 2 , >.
-·-
.....
a1 = 12 , a2 '- 22 , a 3 = 32 e, mais geralmente, ak = k2 para k > 1 inteiro.
Para sequencias definidas por fórmulas posicionais, é frequentemente útil listar os termos da
mesma a partir de lero, i.e., denotar a sequência por (ak)k>O· Tal notação pode parecer estranha
a princípio. uma vez que o primeiro termo da sequência seria a 0 , o segundo seria a 1 etc. No
enlanto, vezes há em que, a fim de snnplificar a fórmula posicional que define os valores dos
termos da sequencia, é desejãvel fazer-se assim. Com tal notação alternativa, a sequência dos
quadrados perfeitos, por exemplo, ::,eriadada por ak = (k + 1)2 , para todo k > O.
Uma alternativa a fórmulas posicionais para os termos de uma sequência é uma definição
recursiva, ou por recorrência, dos mesmos. Tal procedimento consiste em especificar um ou
mais lermos iniciais da sequência, bem como uma receita para calcular certo termo em função
dos (i.e., recorrendo aos) lermos anteriores a ele.
EXE~IPLO A.19.
Considere a sequência (ak)1,:~
1 definida recursivamente por a 1 = 2, ai=
É importante notar que só fomos capazes de calcular o valor do termo a3 porque conhecfamoe
de antemão, além da recorrência (A.20), os valores dos dois primeiros termos, a 1 e a 2 ; conhecer
somente o valor de a 1 não bastaria, uma vez que (A.20) calcula cada termo em função dos c:lou
429 Â
termo· imediatamente anteriores. Por outro lado, se mudássemos os valores de a 1 e a2 (mas
mant iYésscmos a recorrência acima), em geral mudaríamos os valores dos termos subsequentes
da sequência (faça o 1 = 1 e a2 = 2 para a recorrência acima, por exemplo, e calcule o novo valor
do terceiro termo).
Observe também que há outras formas equivalentes de escrevermos a recorrência anterior.
De fato, chamando k - 2 de j em (A.20), obtemos k = j + 2, e daí
(uma vez que k > 3). Esse procedimento evidencia que o nome que damos ao índice de uma
sequência (i.e., j, k, etc.) não é relevante para sua definição; poderíamos mesmo escrevê-la como
Uma pergunta natural a esta altura é a seguinte: se uma certa sequência está definida
recursivamente, como podemos obter uma fórmula posicional para seus termos? Responderemos
essa pergunta em dois casos simples a partir de agora, remetendo o leitor interessado à seção 5.6,
ao Capítulo 3 de (12] ou, ainda, às seções 3.5 e 6.2 de 114],para a análise de casos mais gerais
DEFINIÇÃO A.20.
Uma sequência (ak)k~l de números reais é uma progressão aritmética (abreviamos PA)
se existir um número real r tal que a recorrência
(A.21)
~POIIÇAO A.21.
Umatequência (al)l~t de números reais é uma PA se e só se
(A.22)
------~-~~-~--------
430
PRO\A.
Por definição, a sequência é uma PA se e só se a 2 - a 1 = a3 - a 2 = · · ·, i.e., se e só se,
para todo k > 1 inteiro, tivermos ak+2 - ak+l = ak+I - ak, que é uma maneira equivalente de
escrevermos (A.22).
O próximo resultado ensina mais algumas propriedades interessantes e úteis de uma PA; em
particular, ele ensina como obter uma fórmula posicional para os termos de uma PA. O leitor
deve se esforçar para guardar as fórmulas nele constantes.
PROPOSIÇÃO A.22.
Se (ak)k>I é uma PA de razão r, então:
PROVA.
(a) Para chegar a ak a partir de a 1 , são necessários k - 1 passos, onde cada passo resume-se a
somar r a um termo, a fim de obter o próximo _termo. Logo, para obter ak temos de somar, ao
lodo, (k - l)r a a 1 , de maneira que ak = a 1 + (k - l)r.
(b) É imediato que a1 +an = (a2 -r) + (an-1 +r) = a2 +an-1, a2 +an-1 = (a3 -r) + (an-2 +r) =
a3 + an-2 etc. Logo, sendo S = a1 + a2 + • • • + ª", temos
e a fórmula segue.
As fórmulas dos itens (a) e (b) da proposição anterior são conhecidas respectivamente como
a fórmula para o termo geral e a fórmula para a soma dos k primeiros termos de uma PA.
Vejamos um exemplo de aplicação das mesmas.
431
EXEMPLO A.23.
Calcule a soma dos k primeiros inteiros positivos ímpares.
SOLUÇÃO.
Os inteiros positivos ímpares formam a PA 1, 3, 5, 7, ... , de razão 2. O k-ésimo termo da
mesma (o k-ésimo inteiro positivo ímpar!) é, pela fórmula para o termo geral de PAs, igual a
1 + (k - 1) · 2 = 2k - 1. Logo, a soma dos k primeiros inteiros positivos ímpares é, pelo item (b)
da proposição anterior, igual a k[l+(;k-I)! = k 2 .
Outra classe bastante útil de sequências é a formada pelas progressões geométricas, de aco1do
com a definição a seguir.
DEFINIÇÃO A.24.
Uma sequência (ak)k~l de números reais é uma progressão geométrica (abreviamos PG)
se existir um número real q tal que a recorrência
(A.23)
Assim como com PAs, o real q que aparece na definição de uma PG é a razão da mesma.
Observe que, se q = O,então ak = Opara todo k > 1. Por outro lado, se q = 1, então ak = a 1 para
todo k > 1. Também como com PAs, uma PG (ak)k~l só estará completamente determinada se
dela conhecermos o primeiro termo a 1 e a razão q.
EXEMPLO A.25.
Fixado um real não nulo q, a sequência (ak)k~i, dada para k > 1 por ak = qk (i.e., a
sequência formada pelas potências de q com expoentes naturais) é uma PG de razão q. Se q < O,
o problema 6, pégina 405, garante que ak = qk é positivo se e só se k for par; se O < q < 1, o
corolário 2 garante que a1 > a2 > a3 > · · · > O; se q > 1, novamente aquele resultado garante
que O< a1 < ~ < a3 < • • •.
-------------
Uma outra caracterização recursiva útil para (quase todas as) PGs é a dada na proposição a
seguir, cuja prova deixamos ao leitor.
432
PROPOSIÇÃO A.26.
Uma sequência (ak)k~l de números reais não nulos é uma PG se, e só se,
Mantendo nosso paralelo com o desenvolvimento da teoria das PAs, o próximo resultado traz
as fórmulas para o termo geral e para a soma dos k primeiros termos de uma PG. Também
corno com PAs, tais fórmulas devem ser guardadas para uso futuro.
PROPOSIÇÃO A.27.
Se (ak)k>l é uma PG de razão q, então:
PHO\A.
(a) Para chegar a ak a partir de a 1 • são necessârios k - 1 passos, onde cada passo resume-se a
mulLiplicar um termo por q, a fim de obter o próximo termo. Logo, ternos de multiplicar a 1 por
q um lolal de k - 1 vezes, e dai ak = a 1 • qk-i.
(b) Denote por Sn a soma desejada, i.e., Sn = a1 + a2 + · · · + an; segue, pois, de (A.23) que
Portanto,
(q - l)Sn = qSn - Sn
= (a2 + a3 + • •• + an + ªn+1) - (a1 + ª2 + • •• + an)
= (a2 + a3 + · · · + an) + On+I - a1 - (a2 + · · · + an)
433
Problemas
1. :'+
cja (an)n>l uma sequência de reais posiLivossatisfazendo a recorrência ak+l = 30 1 , para
k > 1. Se (bn)n~l) é a sequência definida para n > 1 por bn = 01n, obtenha uma recorrência
satisfeita pela mesma.
3. Seja (ak)k~1 uma PG de razão q. Prove que, para n > 1 inteiro, temos
4. A sequência (ak)k~1 é uma progressão aritmético-geométrica se, para cada inteiro k > 1,
tivermos ak = bkck, onde as sequências (bk)k~l e (ck)k~l são respectivamente uma PA e
uma PG. Se q =/=1, calcule, em função de n, b1 , c1 e das razões q e r, respectivamente da
PA e da PG, o valor da soma dos n primeiros termos de uma tal sequência (ak)k>l·
)'H<)BU-\1 \" \
DEFINIÇÃO A.28.
Dada urna sequência (ak)k~I- escre,·emos L]=ia; para denotar a soma a 1 + "2 +··•+~e
lemo~ o somatório dos a,, para 1 < j < n. Assim.
,sen=l
se n > 1
Corno c,iso particular d dcfiniçiio ~cima , (a )k>I for umn "equência constante, digamos
<<JIII(11 = e pai" todo k > 1 h•n•mo clnrn.m m
\ J e= nc.
JD 1 •
c 1\111 l> \IM) da 1101 n,~ o _ ,.,:-.ntgunldnde pod ,cr ,.,cri(,1 d forma bem mais compacta, como
(A.25)
<I::= L
"
J=l
ª1
J=l
n
caj. (A.26)
Em ontrfk> pahwra~. e po 1vel partir um somatón.o de somas em do1.s outros somatórios, bem
como pôr uma con,tante em evidência em um somatório.
435
\ 11 1, 1, 1 \ . \ 1 <, 1 \...., 1 • l l l - 1{ I· < l l f-.;1 1 < >s
EXEMPLO A.29.
Calcule o valor da soma E;=1(2k + 1) em função de n EN.--~--------~---.
SOLUÇÃO.
Aplicando as propriedades acima, obtemos
n n n n
L(2k+l) = L2k+ I:1=2I:k+n
k=l k=l k=l k=l
n(n
= 2 • ---
+ 1) + n 2
= n + 2n,
2
onde a penúltima igualdade segue da fórmula do item (b) da proposição 22.
obtemos an - a1 como resultado. Com o uso da notação E, podemos escrever a igualdade acima
como
n-1
Uma fórmula equivalente (obtida da fórmula acima escrevendo n + 1 no lugar de n), que serã
por vezes utilizada no lugar de (A.27), é
n
L(ªJ+l - a}) = ªn+i - ª1• (A.28)
J=l
Uma qualquer das fórmulas (A.27) ou (A.28) é conhecida como a fórmula para uma soma
telescópica. A ideia por trás do nome é a seguinte: assim como olhando num telescópio
encurtamos a imensa distância de um corpo celeste a nossos olhos, a fórmula acima encurta o
caminho entre uma soma inicial de muitas parcelas e o cálculo do resultado da mesma.
A fórmula da soma telescópica é uma das principais vantagens da notação E. Vejamos dois
exemplos.
436
SOLUÇÃO.
Se a sequência (ak)k~l é uma PA de razão r, então (A.28) fornece
n-1 n-l
EXEMPLO A.31.
Dados inteiros positivos k e n, prove que:
(1 +l)n+l n+l
(a) Jn < n+l-J < (j + l)n, para todo j EN.
PROVA.
1
Para o item (a), fatoramos (j + 1r+ - j"+l com o auxílio do resultado do problema 5, página
417, obtendo
n+l
(j + 1r+I - jn+l = L(j + 1r+l-if-l
i=l
n+l
< I:u + ir+1-,(j + 1)'-1
i=l
= (n + l)(j + lt.
Analogamente, (j + 1r+ 1 - jn+l > (n + l)jn.
Quanto ao item (b), segue de (a) e da fórmula para somas telescópicas que
+ l)n+l
k-1
LJn < I:
k-1 ( •
J
n+l
-1
·n+l
----<--.
kn+l -
n+l
1 k"+l
n+l
3=1 3=1
~k ·n kn+J
Ana 1ogamente, ~;=l J > n+I •
Também podemos introduzir uma notação bastante útil para representar produtos, conforme
ensina a definição a seguir.
'137
DEFINlÇÂO A.32.
Dada uma sequência (akh~1, escrevemos TI;=l aj para denotar O produto a1a2 · · · an, e lemos
o produtório dos ai, para 1 < j < n. Assim,
se n = 1
rrªi =
i=l
n { a1
a1a2 •.. an
,
se n > 1
Assim como com somatórios, a utilidade da notação TIreside no fato dela comutar Jormal-
mente com os símbolos de multiplicação e divisão. De fato, dados um número real e e sequências
(ak)k~l e (bk)k~l, temos
a1a2 • • • an a1 a2 an
----=--···-
b1b-i• • • bn b1 b2 bn
e
(a segunda igualdade acima desde que os b1 sejam todos não nulos). Escrevendo ambos os
membros dessas identidades usando produtórios, obtemos as igualdades
n n
e cn IIªi = IT(cai).
j=l J=l
PROPOSIÇÃOA.33.
Se (at)t~l é uma sequência de reais não nulos, então
(A.29)
438
PI« >BLE\I.\S ,
PRO\A.
Como com somas telecópicas, basta observarmos que os fatores intermediários do produto
do primeiro membro acima se cancelam. Em súnbolos,
EXEMPLO A.34.
Para simplificar n;=l (2+ f), observe inicialmente que
n ( + k1)= (")
TI 2 1 g gn( 2 • 1)
1+ k TI
= 2" n(k+l)
-k- •
Problemas
1. Seja (ak)k~ 1 a sequência definida por a1 = 1 e an+l = an + 3n-1 para todo inteiro positivo
n. Calcule, em função de n, o n-ésimo termo dessa sequência.
439
A.3.3 Indução finita
Várias são as maneiras de demonstrarmos uma proposição. Podemos fazer uma prova direta
ou uma prova por contradição, por exemplo. O princípio de indução será, para nós, mais uma
ferramenta para demonstrações, ademais muito útil.
Para entender como ele funciona, considere um conjunto A C N tal que 1 E A. Suponha
ainda que saibamos que toda vez que um certo natural k estiver em A, então k + 1 também está
em A. Então, 1 E A assegura que 2 E A. Por sua vez, 2 E A nos permite concluir que 3 E A.
Assim por diante, concluímos que A contém todos os naturais, ou seja, A = N. A discussão
intuitiva acima pode ser formalizada no seguinte axioma de indução, também conhecido como
o primeiro princípio de indução.
AxlOMA A.35.
Seja A e N um conjunto satisfazendo as seguintes condições:
(a) 1 E A.
(b) Se k E A, então k + 1 E A.
Então, A= N.
Uma pergunta natural nesse momento seria: como aplicar o princípio de indução para de-
monstrar algo em Matemática? Para responder esta pergunta, suponhamos dada uma propne-
dade P(n) do natural n, a qual queremos provar ser verdadeira para todo n E N. Definimos um
conjunto A pondo
A= {k EN; P(k) é verdadeira}
e observamos que
A= N ~ (P(n) é verdadeira para todo n EN).
Assim, a fim de mostrarmos que P(n) é verdadeira para todo n E N, basta mostrarmos que
A= .N, ou ainda, pelo primeiro princípio de indução, que
• 1 E A;
• kEA ~ k + 1 E A.
Por sua vez, a definição de A garante que mostrar os dois itens acima é o mesmo que mostrar
que
• P(l) é verdadeira;
440
• P(k) verdadeira ⇒ P(k + 1) verdadeira.
A discussão acima pode ser resumida na seguinte receita para demonstração por
PROPOSIÇÃO A.36.
Dada uma propriedade P(n) do natural n, temos P(n) verdadeira
se, as duas condições a seguir forem satisfeitas:
Para entender na prática como funciona uma demonstração por indução, vejamos os dois
exemplos a seguir.
EXEMPLO A.37.
Para cada n EN, a soma dos n primeiros naturais ímpares é igual a n 2 .
--------~~
PRO\",\.
Como o k-ésimo natural ímpar é o número 2k - 1, a propriedade P(n) é, nesse caso,
n
P(n) : L(2J - 1) = n 2 .
1-l
A verificação dei. é imediata: o primeiro natural ímpar é 1, o mesmo que 12 . Para provarmos
ii., supomos que P(k) é verdadeira, i.e., que
1 + 3 + · · · + (2k - 1) = k2
Mas, uma vez que estamos supondo a validez de P(k), segue que
441
EXEMPLO A.38.
Para cada n EN, a soma dos n primeiros quadrados perfeitos é igual a
1
n(n + 1)(2n + 1).
6
PROVA.
Como o k-ésimo quadrado perfeito é o número k2 , a propriedade P(n) é, nesse caso,
n 1
P(n) : Lj2 = n(n + 1)(2n + 1).
;=l
6
Como antes, para fazer uma demonstração por indução temos de verificar que:
i.P(l) é verdadeira.
Como estamos supondo a validez de P(k), podemos verificar a igualdade acima do seguinte
modo:
k+l k l
2
El = El + (k + 1) = 6k(k + 1)(2k + 1) + (k + 1)2
J=l J=l
1 1
= 6(k + l)[k(2k + 1) + 6(k + 1)] = 6(k + l)(k + 2)(2k + 3).
Portanto, por indução P(n) é verdadeira para todo n EN.
Uma forma ligeiramente mais geral do primeiro princípio de indução pode ser enunciada
como abaixo.
442
l 'H< >BLl-:\1 \ '-
AXIOMA A.39.
Sejam a EN e AC {a, a+ 1. a+ 2, ... } um conjunto satisfazendo as •
(a) a E A.
(b) Se k E A, então k + 1 E A.
Essa variante do princípio de indução dá mais versatilidade a sua aplicação como método de
demonstração. Mais uma vez, suponhamos dada uma propriedade P(n) do natural n, a qual
queremos demonstrar ser verdadeira para todo natural a partir de um certo a (ou seja, para todo
natural n > a). Para isso definimos o conjunto
e observamos que
A= {a.a+l,a+2, ... }
t
P(n) é verdadeira para todo n > a natural.
Obtemos, assim, a seguinte variante mais geral da receita de demonstração por indução.
PROPOSIÇÃO A.40.
Dados a E N e uma propriedade P(n) do natural n, temos P(n) verdadeira para todo natural
11 ~ a, se, e só se, as duas condições a seguir forem satisfeitas:
E a forma mais geral de demonstração por indução é, por vezes, realmente necessária, e o
próximo exemplo ilustra esse ponto. Para o enunciado do mesmo, para n EN denotamos por n!
(lê-se n fatonaQ o produto de todos os inteiros de 1 até n; assim, 1! = 1, 2! = 2, 3! = 6, 4! = 24
etc.
EXEMPLO A.41.
Para todo natural n > 4, temos n! > 2n.
443
PHO\'\.
Observe primeiro que temos realmente de começar com pelo menos n = 4, pois a desigualdade
não é válida para n = 1, 2, 3. A propriedade P(n) que desejamos provar é:
Para uma. demonstração da mesma por indução, temos de provar que P( 4) é verdadeira e
que P(k) verdadeira=> P(k + 1) verdadeira. A validade de P(4) segue de 4! = 24 > 16 ==24.
Suponhamos agora que P( k) é verdadeira para um certo k E N, ou seja, que
Queremos deduzir a veracidade de P(k + 1), i.e., que (k + 1)! > 2k+ 1. Para isso veja que, pela
veracidade de P(k), temos
(k + 1)! = (k + 1) · k! > (k + 1) • 2\
(na verdade, essa última desigualdade vale para todo inteiro k > 1). Portanto, combinando as
duas últimas desigualdades acima, obtemos que (k + 1)! > 2k+1, i.e., que P(k + 1) é verdadeira.
Logo, por indução P(n) é verdadeira para todo inteiro n > 4.
Antes de apresentar outro exemplo, façamos uma pequena observação quanto à terminologia.
numa demonstração por indução, o passo P(k) => P(k + 1) é, em geral, denominado passo de
indução. Para executá-lo, supomos que P(k) é verdadeiro (o que constitui nossa hipótese
de indução) e, então, deduzimos que P(k + 1) também é verdadeiro. Assim, uma prova por
indução nos moldes da proposição 40 pode ser resumida do seguinte modo:
444
Uma \·ez que a propriedade P(n) e tá, em geral, bastante clara no enunciado de
blema, urna pro\·a por indução utiliza. via de regra, o últimos três itens do esquema IMIIIAI
se fazendo menção e>..-plicitaa P(k) ou ao passo P(k) :::} P(k + 1).
Há, ainda. uma outra forma importante de indução, o segundo principio de ind
(também chamado princípio de indução forte). que pas amos a descrever agora.
AXI0\1A A.42.
"e a A e N wn conjunto satisfazendo as seguintes condições:
(a) 1 E A.
ponto, o uso do segundo princípio de indução em demonstrações deve estar claro para
N<>~..,l<'
o lc•itor \ tJamos mais dob exemplos, à guisa de ilustração.
EXEt-.tPLO A.43.
~[o!Stn'que, para todo n E N, o número (i -t -1\/'3)"+ (7 - 4J3)n é um inteiro pau
PHO\''\.
Se u = 7 -t •ht3 e 11 = 7 - -h/J. então u + u = 14 e uu = 1. Segue, pois, que u e v são as
nuzcs da t>quaç,wde segundo g1ãu J· 2 - 14:.r+ 1 = O Segue daí que u2 = 14u - 1 e v 2 = 14v - 1,
clP modo que, para todo k > 2 inteiro.
cndo ., = u' + 1.,J e '>ornando as duas relaçõe::.acima, obtemos, para todo inteiro k > 2, que
Agora, .s0 = 2 e s 1 = u + v = 1--lsão inteiros. Suponha, por hipótese de indução, que s1ce Z
para todo 1 < k < n. Então, a recorrência acima fornece
Sn = 14Sn-l - Sn-2,
445
(i.c., ou são ambos pares ou ambos ímpares). Mas, uma vez que s 0 e s 1 são ambos pares, segue
novamente por indução que Sn é par para todo n natural.
EXEMPLO A.44.
Todo número natural pode ser escrito de uma única maneira como soma de potências de 2
com expoentes inteiros não negativos e dois a dois distintos, dita sua representação binária.
PROVA.
PrQvemos por indução forte que, para cada n natural, existe uma única representação binária
de n. Para n = 1, temos 1 = 2°, e obviamente essa é a única representação possível. Suponha
agora que o resultado desejado seja verdadeiro para todo natural menor que n.
Mostremos inicialmente que existe uma representação binária de n. Para tanto, tome a maio1
potência de 2 menor ou igual a n, digamos, 2k. Então,
- n < 2k+l,
2k <
de maneira que O< n - 2k < 2k. Se n - 21.= O, nada mais há a fazer. Senão, 1 < n - 2k < n, e
por hipótese de indução existem inteiros não negativos O < ao< a 1 < · · · < a1 tais que
Mas, como também temos n - 2k < 2k (veja acima), segue que 2°0 + 2°1 + ••• + 2ª 1 < 2k, e daí
a1 < k. Portanto,
n = 200 + 2°1 + · · · + 2°1 + 2\
com O < ao< a1 < · · · < a, < k.
Mostremos, agora, que a representação binária é única. Para tanto, suponhamos que
com O < ao< a 1 < · · · < a1 e O < bo< b1 < · · · < b,. Então,
446
de modo que 2°, < 2b,+l e, portanto, a1 < b1 + 1, i.e., a1 < b1. Trocando os papéis de a1 e b, na
discussão acima, concluímos analogamente que b1 < a1 , e daí aj = b1. Denotando a 1 = bt = k,
digamos, segue que
Utilizando agora a parte de unicidade da hipótese de indução, segue de n-2k < n que j-1 = l-1
e ao = bo, a1 = b1, ... , a1 -1 = b,_1 , como desejado.
Problemas
1. Prove por indução que a soma dos n primeiros naturais é igual a n(n~t1>.
2
2. Prove que, para n EN, temos 13 + 23 + ... + n 3 = ( n(~+ 1>) .
3. Mostre que, para cada inteiro n > 1, temos
1
1 • 2 + 2 • 3 + · · · + (n - l)n = -(n
3
- l)n(n + 1).
5. A sequência (an)n;:: 1 de reais é definida por a1 = 2 e, para n > 1 inteiro, an+l = a~ - ª" + 1.
Prove que, para todo inteiro n > 1, temos:
6. Seja x um real não nulo tal que x + x- 1 E Z. Prove que xn + x-n E Z, para todo inteiro n.
7. Fixado um número real a > 1, seja (xn)n>l uma sequência tal que va< X1 < va+ 1 e
Xk+I = ½( xk + xªA:),para iodo k > 1. Pro~e que, para todo n ~ 1, temos
1
Ja < Xn< Ja + 2n-l •
447
A.3.4 A fórmula do binômio
Comecemos relembrando a definição de fatorial. estendida ao mte1ros não negat1\·os
1_ { 1, se n = O
n. - n;=l
j, se n > 1 •
Em princípio poderia parecer mais razoável definirmo O!= O, mm ns rnzõc:-.pnrn n com· •nçiio
O!= 1 logo ficarão evidentes.
DEFINIÇÃO A.46.
Dados inteiros n e k, com O< k < n, definimo~ o número bino111ial (~) por
(11) n!
k = k!(n - k)!.
É de fâcil verificação que, parn todo n E . t m-s (~) = l, (';) = 11e (~) -
n(n 1)
2 Por
outro lado, para lodos o inteiros n e k tnb (111 O < Á: < n, tem-
Observe que (~), (';) e G) (e· e último em \ irtude do fato ele que o produto de dois intei-
ros consecutivos é par) ão todo numeros naturais Por outro lado, a igualdade de números
binomiais acima garante que (~) = (~).C _ ) = {i) e (n: ) = (;) também são todos naturais.
1 1 2
Cumpre, pois, perguntarmo-no se (~) é natural para todas as escolhas de inteiros n e k, tais
que O< k < n. Tal é de fato o caso. e erá deduzido mab adiante como consequência da relação
(A.31) a seguir. conhecida como a relação de tifel1-
PROPOSIÇÃO A.47.
Se n e k são inteiro::;tais que O < k < n, então
(n)= (n - 1)
+ (n - 1)
. (A.31)
k k k-1
4-!
PRO\\
(n -k
1)+ (n - 1)
k-1
(n - 1)! (n - l)!
k!(n - 1 - k)! + (k - l)l(n - k)!
(n-1)! (1 1 )
= (k - l)!(n - 1 - k)! k + n - k
(n - l)! n
- (k - l)!(n - 1 - k)! k(n - k)
Com os números binomiais acima definidos construímos uma tabela numérica triangular, o
triângulo de Pascal 18 , do seguinte modo: Contamos a..c.linhas e colunas a partir de O, sendo
as linhas numeradas de cima para baixo e as colunas da esquerda para a direita; a entrada (i.e.,
o número) da nª linha e kª coluna é o número binomial (:). Mais especificamente:
• As entradas da coluna O, lidas de cima para baixo, são respectivamente iguais aos números
binomiais (~), (~), (~), (~), .... Como já vimos, todos esses números são iguais a l.
• A linha zero é formada somente pelo número binomial (~) = 1. A linha 1 é formada pelos
binomiais (~) e G), ambos também iguais a l.
18
Após Blaise Pascal, matemático francê~ do século XVII.
449
\1 1 \1111 1 \ .\1,C,1 '\'-, l'l!l·.-H1.q1 l'-ill<>S
Triângulo de Pascal
(~)
(~) G)
(~) e) (;)
(~) (~) (~) (~)
(~) (1) (~) (;) (!)
(~) G) (~) G) (!) (!)
(~) (~) (~) (~) (!) (:) (~)
Em relação ao triângulo de Pascal, a relação de Stifel diz que, ao somarmos, na linha n - 1,
as entradas da coluna k - l e da coluna k, obtemos a entrada da linha n e coluna k. Isto é
mais difícil de dizer do que entender e verificar, e permite obtermos recursivamente os valores
numéricos dos números binomiais (:) . A tabela a seguir mostra os valores numéricos do números
binomiais G) para O < n < 6, obtidos com o auxílio da relação de Stifel.
1
1 1
1 2 1
1 3 3 1
1 4 6 4 1
1 5 10 10 5 1
1 6 15 20 15 6 1
Mais geralmente, desde que para todo inteiro n > O temos (~) = 1 e (~) = 1, não é difícil
o leitor 6C convencer de que, para todos os inteiros n e k tais que O < k < n, temos G) E N.
Damos a seguir uma prova formal desse fn.to no corolário a seguir.
~ A,48,
P•• todas OI inteir01 n e k ta.is que O< k ~ n, temos (~) EN.
) 'H< lBLI \I \"
PROVA
Façamos indução sobre n > O, sendo o caso n = O óbvio: o único número binomial nessas
condições é (~) = 1.
Suponha. por hipótese de indução, que (n;-1)é natural para todo O < j < n - 1, e consi-
deremos um número binomial da forma G). Há dois casos a considerar: se k = n, então já
observamos que (~) = L um natural; se k < n - 1, então, por hipótese de indução, temos que
(";1) e G=!)são ambos naturais, e a relação de Stifel garante que (;) = (n; 1) + (:=D
EN.
TEOREMA A.49.
Para n E N, temos
{A.32)
PRO\\.
Façamo· uma demonstração por indução sobre o e>..-poenten do binômio. Para n = 1, temos
(.r + y)l = .t + y =(~)xi+ G)y•.
Suponha, por hipótese de indução, que {A.32) é verdadeira quando n = k, i.e., suponhamos
que (.r.+ Yl = E~=o (:)xk-JyJ. Então, para n = k + 1, temos
Façamos, na última expressão acima, as seguintes trocas nos índices dos somatórios: no
primeiro omatório troque j por l e no segundo somatório troque j + 1 por l; desse modo, no
451
egundo omatório temos .7 = l - l e O < j < k - l 1
<=:>- < l < k. Assim procedendo, obtemos
onde na última igualdade utilizamos a relação de Stifel. Por fim, desde que (kt1) = (!!!)= 1,
podemos escrever a última linha acima como
( o 1)
k+
X
k+l ~
+L.J
(k+l 1)
X
k+l-1 t
y+
(k+ 1)
k+l y
k+l
'
l=1
ou, o que é o mesmo, E7:/ (k·t)xk+ 1- 1y 1, exatamente a expressão que desejávamos obter. Logo,
temos por indução que (A.32) é verdadeira para todo n E N.
No que segue, colecionamos alguns exemplos de aplicação da fórmula do binômio, bem como
algumas consequências importantes da mesma.
COROLÁRIO A.50.
Para n EN, temos (x - y)n = E;=
0 (-l)
1 (;)xn-,y7.
PROVA.
Basta aplicar (A.32), trocando y por -y.
O item (a) do corolário a seguir é conhecido como o teorema das linhas do triângulo de
Pascal.
COROLÁRIO A.51.
Para n e N, temos
452
f>B<>BLl-.\1 \-.;
PROVA.
Para o item (a), basta fazer x = y = l na fórmula do desenvolvimento de (x + y)n. Quanto
a (b). fazendo inicialmente x = l e y = -l na fórmula do binômio, obtemos (verifique!)
O= L
0:SJ:Sn
(n)- L (n)·
J 0:SJ:Sn J
211 21ó
A+B = 2n
{ A-B = O
Problemas
1. Prove o teorema das colunas do triângulo de Pascal: na coluna n, a soma das entradas
das linhas n, n + 1, ... , n + k - l é igual à entrada situada na coluna n + 1 e linha n + k.
Em símbolo ,
3. Para n > O inteiro, a diagonal n do triângulo de Pascal ê formada pelos números binomiais
(~), (n; 1), (n;2), (n;3), . . .. Prove o teorema das diagonais do triângulo de Pascal:
453
A.4 Geometria Analítica e Trigonometria
Recordamos, aqui, alguns fatos elementares sobre Geometria Analítica e Trigonometria, os
quais são utilizados com relativa frequência ao longo do texto. Para uma discussão mais apro-
fundada, sugerimos ao leitor a referência [l0J.
: y
A' Ay
---~----------
1
1
1
1
: 22 Quad. 12 Quad.
1
Â:rl Q X
, 32 Quad. 4 Quad.
2
1
Dado um ponto qualquer no plano (A, por exemplo), trace por A uma reta perpendicular
à reta x e outra perpendicular à reta y, as quais intersectam tais retas respectivamente nos
pontos Ax e Ay. Reciprocamente, escolhidos arbitrariamente sobre x e y pontos Ax e Ay, as
perpendiculares traçadas a x por Ax e a y por Ay intersectam-se em um único ponto A do plano.
Portanto, dar um ponto A no plano é o mesmo que dar suas projeções ortogonais Ax e Ay sobre
as retas x e y, respectivamente.
454
C:1-:0:--.11-:'11<1.\.\:\\I.ÍII<"\ I·. THICl>"\1>\II 11,1\
Por outro lado, uma vez que as retas x e y estão sendo consideradas como cópias de R, às
projeções Â:r e Ay do ponto A sobre x e y correspondem números reais XA e YA, respectivamente,
os quais determinam completamente o ponto A (haja vista XA e YA determinarem os pontos Az
e A 11). Nesse caso, convencionamos escrever A = (xA, YA) ou, ainda, A(xA, YA). Na Figura A.6,
marcamos os pontos A(-3, 2), B(2, 1), C(-4, -3/4) e D(l, -J2).
y
A(-3, 2)
~---------
B(2, 1)
------,
1 o 1
X
C(-4, -3/4)
~------------- 1
1
--~
D(l, -/2)
455
\ 1 •1 , 1 11< 1 \ .\ 1( ,1 '\" 11 1: 1 1{ 1 ( JI 1-.,1 1 1 >-...
PROPOSIÇÃO A.52.
São da.dosum real t E (O,1) e os pontos A(xA, YA) e B(xs, Ys). Se P(xp, yp) é o ponto sobre
o segmento AB tal que AP = t • AB, então
PROVA.
Provemos que Xp = (1 - t)xA + txB, sendo a prova da outra relação do enunciado totalmente
análoga. Se XA = x 8 , então o segmento AB é vertical e, dai,
Se XA # XB, suponha, sem perda de generalidade, que XA < XB (o caso XA > x 8 é análogo).
Sendo A', P' e B' as projeções ortogonais respectivamente de A, P e B sobre o eixo das abscissas
{cf. Figura A.8), segue do teorema de Thales da Geometria Euclidiana que
A'P' AP
==-==t.
A'B' AB
Mas, como A'(xA, O), P'(xp, O) e B'(xB, O), com P' E A' B' (posto que P E AB) temos A' P' =
Xp - XA e P' B' = x 8 - xp. Substituindo tais igualdades na relação acima, obtemos xe-xA
Xs-XA
=t
ou, o que é o mesmo, xp - XA = t(xB - XA)- Logo,
20 Não confundir ordenada com coordenada;a ordenada de um ponto é uma de suas coordenadas.
456
(;EO'.\IETHI.\ .\:'\.\I.Íll<'\ 1-: TBIC(l'\(>\11 llil\
y
B(xB, YB)
X
A' O P' B'
COROLÁRIO A.53.
Dados pontos A e B no plano, as coordenadas do ponto médio M do segmento AB são as
médias aritméticas das coordenadas respectivas de A e de B. Mais precisamente, se A(xA, YA) e
B(xB, YB), então AI e·6~ 7 Bl ~ ).
PRO\\
Sendo 1\/ o ponto médio de AB, temos A1\/ = ½AB. Portanto, basta fazer t = ½em (A.33)
para obter as coordenadas do ponto .A/.
P = {1 - t)A + tB {A.34)
EXEMPLO A.54.
Mostre que, em todo triângulo, as medianas concorrem no baricentro do triângulo e que o
mesmo divide cada mediana, a partir do vértice correspondente, na razão 2 : 1.
457
PROVA.
Seja ABC um triângulo qualquer, Mo ponto médio do lado BC e C o ponto sobre a mediana
Ali/ tal que AC= 2 CM. Então, AC= j AJvl e segue de (A.34) (com t = ~) e do corolário 53
que
(A.35)
Cálculos análogos com as demais medianas mostram que todas elas passam por esse mesmo
ponto.
DedUzimos, agora, uma fórmula extremamente útil para o cálculo da distância entre dois
pontos do plano em função de suas coordenadas, conhecida como a fórmula da distância.
PROPOSIÇÃO A.55.
Para pontos A(xA,YA)e B(xs, YB) do plano, temos
(A.36)
PROVA.
Temos que considerar quatro casos separadamente: XA ~ XB e YA < YB; XA < XB e YA > YB;
XA > XB e YA < YB; XA > XB e YA > YB· Contudo, uma vez que a análise de cada um de
y B(c, d)
1
B(c, d) T 1
1 1
1 1
1 A(a, b) - - - - - - _. C (e, b)
A(a, b) t
o X
458
a< e e b < d. Se a= e (possibilidade à esquerda, na Figura A.9), então temos claramente
Como o caso b = d é análogo, suporemos, então, que a < b e e < d (possibilidade à direita
na Figura A.9). Trace, por A, uma paralela ao eixo das abscissas e, por B, uma paralela ao
eixo das ordenadas, e marque o ponto C de interseção das mesmas. Como C tem a mesma
ordenada que A e a mesma abscissa que B, temos C(c, b). Ademais, como os eixos cartesianos
são perpendiculares, o triângulo ABC é retângulo em C. Portanto, pelo teorema de Pitágoras e
pelos dois casos acima, temos
2 2
AB = AC + BC 2 = (e - a)2 + (d - b)2 = (a - c)2 + (d - d)2 ,
Problemas
1. Dados números reais a e b, prove que os pontos (a, b) e (-a, -b) do plano cartesiano são
simétricos em relação à origem.
2. Dado um sistema cartesiano xOy, considere um outro sistema cartesiano x'O'y', onde o
novo eixo das abscissas é a reta y = y0 do sistema antigo e o novo eixo das ordenadas é
a reta x = x 0 do sistema antigo. Se um ponto A do plano tinha coordenadas (x, y) no
sistema antigo, prove que suas coordenadas no sistema novo são (x', y'), com x' = x - x 0
e y' = y- Yo-
459
A.4.2 Retas no plano cartesiano
Como frisado anteriormente, em tudo o que segue, supomos fixado um plano e um sistema
cartesiano de coordenadas no mesmo. Estudamos, a partir de agora, o problema de como repre-
sentar retas do plano em um tal sistema; nesse sentido, temos o seguinte resultado fundamental.
TEOREMA A.56.
Toda reta do plano cartesiano pode ser vista. como o conjunto dos pontos (x, y) do mesmo
que satisfazem uma equação da forma
ax + by +e= O, (A.37)
# O ou b # O.
onde a, b e e são números reais tais que a
~-~~---~--~~~--------
PROVA.
Seja O a origem e r uma reta do plano cartesiano. Suponha, inicialmente, que O ~ r. Se
460
, PHOBLE\1.\~
Suponhamos, agora, que O E r (cf. figura A.11) e, sobre a reta perpendicular a r traçada
por O, marquemos um ponto qualquer A(a. b). Como no primeiro caso, um ponto B(x, y) do
plano está sobre r se, e só se, AÔ B = 90º. Portanto, novamente pelo teorema de Pitágoras e
sua recíproca, temos
2 2 2
(x,y) E r # OA + OB = AB
# (a2 + b2) + (x2 + y2) = [(x - a)2 + (y - b)2]
# ax + by = O,
com (graças a A f/.r) a -:f.O ou b -:f.O. Segue quer é o conjunto das soluções (x, y) da equação
a.r + by + e = O, com e = O.
Nas notações do teorema anterior, dizemos que (A.37) é a equação da reta r, o que indi-
camos escrevendo
r : {ax + by + e = O}.
OBSERVAÇÃO A.3.
Para todo real k i=O, também é lícito dizermos que
é a equação da reta r; de fato, não é difícil verificar que toda equação da reta ré d~ forma.
461
Doravante, utilizaremos tal observação sem maiores comentários.
COROLÁRIO A.57.
Se r é a reta do plano cartesiano com equação ax + lYy+ e = O e s é a reta perpendicular a r
e passando pela origem, então s tem equação -bx + ay = O.
PROVA.
De acordo com o teorema anterior, a retas tem equação da forma ex+ dy = O, para certos
e, d E lR, não ambos nulos. Entretanto, como r tem equação ax + lYy+ e = O, segue da prova do
teorema anterior que (a, b) E s. Portanto, ca+ db = O e, pela observação acima, podemos tomar
e= -b,.__d= a.
COROLÁRIO A.58.
Se a, b e e são reais tais que a :/:Oou b :/:O,então o conjuntersolução da equação ax+lnJ+c = O
representa uma reta no plano cartesiano.
PROVA.
Suponhamos que e =/-O, sendo a análise do caso e = O totalmente análoga. Escolha uma
solução arbitrária x = xo, y = Yo da equação ax + by +e= O, de maneira que ax 0 + 1Yy
0 +e= O
Se s é a reta passando por (O,O) e (a, b), então s tem equação -bx + ay = O. Seja r que
passa por (xo, Yo) e é perpendicular a s, digamos no ponto (ka, kb) (cf. Figura A.12). Pelo
462
corolário anterior, r tem equação da forma (ka)x + (kb)y +d= O, para algum d E R, ou, ainda,
f
ax + by + d' = O, onde d' = (como e f O, temos que (O,O) ~ r, de sorte que k f O). M88,
como (xo, Yo) E r, temos ax 0 + by0 +d'= O e segue do que fizemos acima que
Para o que segue, observe que uma reta ax + by + e = O é vertical no sistema cartesiano
escolhido se, e só se, b = O. Portanto, se uma reta r de equação ax + by + e = O não for vertical,
então podemos escrever sua equação equivalentemente como y = -i x - f ou, mais sucintamente
(escrevendo a no lugar de -! e b no lugar de -f),
y = ax + b.
De posse do comentãrio acima, o próximo resultado apresenta a condição necessária e sufici-
ente usual para o paralelismo de duas retas em termos de suas equações.
PROPOSIÇÃO A.59.
Duas retas não verticais r e s são paralelas se, e só se, têm equações da forma 'li= ~ + b e
y = ax + b', para certos números reais a, b e b', com b =/:f/.
PROVA.
Suponha, inicialmente, que r 11 s, e que r tem equação y = ax + b ou, o que é o mesmo,
ax - y + b = O. Pelo corolário 57, a reta t, de equação x + ay = O é perpendicular ar. Mas,
como r li s, também temos s..Lt e, daí, mais uma aplicação do corolário 57 garante que s tem
equação da forma ax - y + b' = O, para algum b' E IR.
Reciprocamente, se r e s têm equações da forma y = ax + b e y = ax + b', com b f b', então
é imediato que o sistema de equações
y = ax + b
{ y = ax + b'
não possui soluções, de sorte que r li s.
463
cartesiano. Concentramo-nos somente no caso não trivial em que nenhuma das retas em questão
é vertical ou horizontal em relação ao dito sistema.
PROPOSIÇÃO A.60.
Duas retas não verticais r e s, de equações respectivamente y = ax +be y = a'x + b', são
perpendiculares se, e só se, aa' = -1.
-------------------~----~
PROVA.
Sabemos, pelo corolário 57, que a reta t, de equação x + ay = O, (ou, equivalentemente,
y = -¾x) é perpendicular ar. Por outro lado, como r ..Ls<=> t li s, segue da propo ição anterior
que r l_s se, e só se, a equação de t é da forma y = a' x + e, para algum e E IR. Por fim,
comparando as equações y = -¾x e y = a'x + e para t, concluímos que a equação de t lcm n
forma y = a'x + e se, e só se, e= O e a'=-¼, i.e., se, e só se, aa' = -1.
Em relação a um sistema cartesiano fixado, se r é uma reta não vertical, de equação y - a.z:+b,
dizemos que a é seu coeficiente angular. Daremos uma mterpretação geométrica do coeficiente
angular na proposição 69 (veja também o parágrafo subsequente à demonstração da mesmA)
Por ora, observamos que, de posse desse conceito a propo ·ição anterior diz, em palavras, que se
1
r e s são retas não verticais do plano cartesiano, então r e s são perpendiculares se, e só se, o
produto de seus coeficientes angulares é igual a -1.
Ainda em relação à discussão do parágrafo anterior, seja y = ax + b a equação de uma reta
não vertical r. Então, se A(x 1 ,y 1 ) e B(x2,Y2) são pontos distintos sobre r, temos y1 = ax 1 +b e
Y2 = ax2 + b, com X1 # x2. Daí,
de maneira que
Y2 -y1
a=---. (A.38)
X2 - X1
PROPOSIÇÃO A.61.
No plano cartesiano, sejam ruma reta de equação ax + f,y +e= O. Se P(x 0, y 0) é um ponto
quàlquere d é a distAncia de P a r, então
d = laxo + i,yo + cl
(A.39)
✓a2+b2 •
464
l 'IH >BLE:'\I.\S
PRO\A
Suponha quer não é vertical nem horizonLal (para os casos em quer é vertical ou horizontal,
veja o problema 7). Então, a, b =/=O, de maneira que podemos escrever a equação der da forfna
y = -ix - ~- Ses é a vertical ar passando por P, então s também não é vertical, de forma que
podemos escrever sua equação como y = ax + (3, para certos a, (3 E IR.
Como r ..ls, a proposição anterior garante que (-i)a = -1. Como P E s, temos também
que Yo = axo + (3. Portanto, a= ~ e (3 = y 0 - ax 0 = ªYo~bxo.
Se Q(x1, yi) é o ponto de interseção de r e s, então x = x 1 e y = y1 é a única solução do
sistema
a e
y = -bx - b '
{ y = QX + (3
de forma que
_ e+ (3b _ b2x 0 - aby0 - ac
X1 - ----- ------
a+ ab a 2 + b2
e
-ac + (3a -abxo + a2 y 0 - bc
Yi = a+ ab - a 2 + b2
Portanto,
a(axo + byo + e) b(axo + byo + e)
Xo - X1 = a2 + b2 e Yo - Y1= a2 + b2
e, daí,
-2 2 2
PQ = (xo - xi) + (Yo - Y1)
a2 (axo + byo + c)2 b2 (axo + byo + c)2
=-------+-------
(a2 + b2)2 (a2 + b2)2
2 2
(axo + byo + c) . (a 2 + b2 ) = (axo + byo + c)
(a2 + b2)2 a2 + b2
Problemas
1. Dados números reais a e b, prove que os pontos A(a, b) e B(b, a) do plano cartesiano são
simétricos em relação à bissetriz dos quadrantes ímpares.
2. São dados os pontos distintos A(a, b), B(c, d) e a reta vertical r, formada pelo conjunto
dos pontos de abscissa x 0 . Prove que A e B são simétricos em relação a r se, e somente
se, b = d e Xo = ªIc.
465
\ i 1 \ 1 1 1, 1 \ '\ 1 ' ' 1 '\"' l 11, 1 - 1{ 1 ( 11 '"' 1 1 ( )'-i
3. ào dado' O' pontos A(a, b), B(c, d) e a reta horizontal r, formada pelo conjunto dos pontos
d' ordenada y = y0 . Prove que A e B são simétricos em relação a r se, e somente se, a = e
"Y o --ili 2 •
4. t um sistema cartesiano de origem O, temos pontos A(a, b) e B, tais que A está no primeiro
quadrante e B no segundo. Se AÔB = 90º e OA = OB, prove que B(-b, a).
5. r o plano cartesiano, mostre que a equação da reta que passa pelos pontos (xo, O)e (O,Yo),
com xo, y 0 =/:O, é 3..
xo
+ JL
!/O
= 1.
6. Dados, no plano cartesiano, os pontos A e B, seja Pt = (1 - t)A + tB, com t E R.
+--+ +--+
(a.) Prove que Pt E AB e que para todo P E AB existe um ú~ t E R tal que P = Pt.
(b) Discuta a posição do ponto Pt sobre a reta ÃÊ em funçã6 dos valores de t.
/
+--+ +--+
A descrição acima dos pontos da reta AB é denominada a equação paramétrica de AB,
com parâmetro t. ,
Podemos examinar círculos do pont.o de vista analít.ico como aplicação direta da fórmula
(A.36). Para tanto, lembre-se de que o círculo r(C; R) do plano é definido como o conjunto dos
pontos A do plano cuja distância ao centro C é igual a R.
y
r~-.A(x, y)
C(xo, Yo)
o X
Fixado no plano um sistema de coordenadas cartesiano como na Figura A.13, sejam C(x 0, y 0)
e A(x, y) um ponto qualquer. Segue de (A.36) que
2
AE r # AC = R # AC = R 2
# (x - xo)2 + (y - Yo)2 = R 2
2 2 2
# x + y - 2xox - 2yoy + (x6 + yi - R ) = O.
x2 + y 2 + ax + by +e= O, (A.-11)
tem como solução, no plano cartesiano, o conjunto dos pontos de um círculo? Veremos que, snlvo
nos casos em que tal equação não possuir solução alguma ou possuir no mA.ximoumn soluçúo
(x, y), a resposta é sim! Para tanto, comecemos completando quadrados em x 2 + a:r e y 2 + by,
467
\
\ 1 1 '1' 1 \ .\ 1 ( '' '\" l '1 \ 1 1: ' ( J' , ...,' 1 ( )'-,
obtendo
2
x + y 2 + ax + by .+ e =
(
Sendo C (- ~, -! ),
segue daí e da fórmula (A.36) para a distância entre dois pontos quc o
conjunto dos pontos A(x, y) do plano cartesiano que satisfazem (A.41) coincide com o conjunto
{
A· AC2
1
= ª2 +4 b2 - e} •
, • ª
2
!be < O: nesse caso, é imediato que não há ponto A tal que AC
2
-
2
=ªt 2 2
- e, de
sorte que o conjunto de pontos procurado é vazio.
tb -
e já sabemos que a única possibilidade nesse caso é x = -~, y = -!, i.e. A= C. Portanto,
o conjunto de pontos procurado tem um único elemento.
2 2
• ª tb - e > O: os pontos A procurados são aqueles tais que
468
TEORE:\fA A.62.
No plano cartesiano, a equação
x + y2+ ·ax + by + e = O
2
ÜFFINIÇÃO A.63.
SeJam dados, no plano. pontos F 1 e F2 e um segmento de comprimento 2a, com
A elipse de focos F 1 e F2 e eixo maior 2a é o lugar geométrico dos pontos P d~
A Figura A.l.J esboça a elipse da definição acima. A fim de justificar seu formato, comecem~\l
\i~ (i-t
y (){+Gl
.J.69
pr vand prop 1 ao guir a qu l iden ifica a lip da d finição an rior m coord nad
um i t m car iano d coord nad particular.
x2 y2
a2 + b2 = 1, ( .43)
PRO A.
endo P(x,y) gue da fórmula (A.36) pra adi t~n i ntr doi p n qu
PF1 + + c)2 + y 2 = 2a - J( - e)
PF 2 = 2a ç::> J(x
=> (x + c)2 + y 2 = (2a - J( - c)2
X1_+:) ti ~
~ i I~ -1
ló_ ...'>-- 0+
~ l # aJ( - c)2 + y2 = a2 - ex
/'=> a2((x - c)2 + y2) = (a2 - cx)2 /, \)"
a2[(x - c)2 + y2] = (a2 - ex)2 ç::> aJ(x - c)2 + y2 = la2 - exl
=> aJ(x -c) 2 +y 2 = a2 - ex
70
PHOl3LE~I.\S
conforme desejado. Para o que falta. basta observar que J(x - c)2 + y = PF 2 < PF 1 + PF2 =
2
2a.
De acordo com (A.43), a elipse em questão passa pelos pontos A 1 (-a, O), A2(a, O), Bi(O, -b)
e B2(0. b) e está inteiramente contida no retângulo de lados paralelos aos eixos coordenados e
+--+ +--+
passando por A1, A2, B 1 e B2 . Também, ela é simétrica em relação às retas A 1A2, e B1B2 e ao
ponto médio de A A2. Realmente, como (A.43) permanece inalterada ao trocarmos x por -x ou
1
y por -y, o problema 2, página 465, garante que a elipse é simétrica em relação à reta x = O, a
+--+
qual coincide com B1B2, e o problema 3. página 466, garante que a elipse é simétrica em relação
+--+ +--+
à reta y = O, a qual coincide com A 1 A 2 . Por fim, sendo simétrica em relação à reta A 1A 2 e à
+--+
sua mediatriz (que é a reta B B a elipse deve, necessariamente, ser simétrica em relação ao
1 2
),
ponto médio O de A1A 2 . Graças a esse resultado, dizemos que a elipse é uma cônica central,
de centro O, eixo maior A 1 A2 e eixo menor B 1 B 2 .
DEFINIÇÃO A.65.
SeJam dados, no plano, pontos F1 e F2 e um segmento de comprimento 2a, com 2a < F1 F2 .
A hipérbole de focos F 1 e F2 e eixo maior de comprimento 2a é o lugar geométrico dos pontos
P do plano tais que
1 PF1 - PF2I = 2a. (A.44)
Na Figura A.15, a hipérbole em questão é a união das duas curvas contínuas que passam por
A 1 e A 2. A fim de justificar seu formato, escolha um sistema cartesiano de coordenadas tal que
F 1 = (-e, O) e F = (e, O). Um raciocínio análogo ao executado no caso de uma elipse garante
2
onde b2 = Jc 2 - a 2 . Em particular, ela passa pelos pontos A 1 (-a, O) e A 2 (a, O), mas, diferente-
mente da elipse, não passa pelos pontos B1(O,-b) e B2(0, b). Por outro lado, assim como ocorre
com a elipse (e com uma demonstração análoga), a hipérbole da definição anterior é simétrica em
+--+ +--+
relação às retas A A e B B logo, também é simétrica em relação ao ponto médio O de A A
1 2 1 2
,
1 2
.
Então, assim como com a elipse, dizemos que a hipérbole em questão é uma cônica central de
471
y
centro O, eixo maior A 1A2 e eixo imaginário B 1B 2 (observe que, no caso de uma hipérbole,
não necessariamente temos b < a).
Como não há ponto algum da hipérbole sobre a reta x = O, concluímos que a hipérbole
consiste de dois pedaços, denominados seus ramos. Ainda nas notações da Figura A.15, observe
que as retas r e s que contêm as diagonais do retângulo tracejado têm equações respectivamente
iguais a y = ~x e y = -~x. Portanto, um cãlculo fácil garante que tais retas não intersectam a
hipérbole, e o problema 1.12, página 137, quantifica a suspeita de que tais retas aproximam-se
mais e mais dos ramos da hipérbole, à medida que lxl aumenta. As retas r e s são as assíntotas
da hipérbole. Se a= b (ou, equivalentemente, se as assíntotas são perpendiculares), dizemos que
a hipérbole é equilâtera.
A definição a seguir fornece um modelo comum para o estudo de elipses e hipérboles, bem
como introduz as parábolas.
DEFINIÇÃOA.66.
Sejam dados um ponto F e uma reta d, tais que F (Í. d. Para e > O também dado, definimos
a c6nica de foco F, diretriz d e excentricidade e como a curva formada pelos pontos P do
plano tais que
PF =e· dist(P; d), (A.46)
iW.fliat.•P;d)denota a distãncia de P à reta d. O parAmetro da cônica é a distância p de F
472
'
l 11« IBl.l·.\I \'-,
y d
Po(xo, y)
o V X
0
- c)x + y 2
= (ex0 ) 2 - c
2
A última equação acima deixa claro que a cônica que estamos descrevendo é simétrica em
relação à reta e que passa por F e é perpendicular a d (e que, no sistema de coordenadas
escolhido, coincide com o eixo das abscissas), e passa pelo ponto V O). Doravante, diremosU~~,
que e é o eixo e V é o vértice da cônica em questão.
Se e = 1, a cônica de foco F e diretriz d é denominada uma parábola. Nesse caso, pelos
cãlculos acima (e substituindo p = xo-c), concluímos que sua equação no sistema de coordenadas
escolhido é y 2 = -2px+p(x 0 +c). A partir daí, trocando os papéis dos eixos x e y (o que equivale
a uma mudança de sistema de coordenadas), obtemos a equação y = - 2~ x 2 +~+e para a parábola
em questão. Invertendo o sentido positivo no eixo-y (o que equivale a trocar y por -y, na última
equação acima), obtemos finalmente a equação
1 2 p
Y = 2px - 2 - e,
473
para a p r bola, em r lação à qual s u foco é o ponto F(O, -e) e sua diretriz é a reta d : {y ==
-xo}, com xo >e> O. A ess respeito, veja também o teorema 49.
oltando a (A.47) suponha, doravante, que E =J1. Transladando o eixo d ord nada da
po ição atual para a po ição da reta x = a, egue do problema 2, página 459 qu a nova quaçào
da cônica é
(1 - E
2
)(x + a) 2 + 2(rxo - c)(x +a)+ y 2 = (Exo)
2
- c2 .
Escolhendo a= _ E:~1:? (a fim de anular o coeficiente de x) e substituindo p = Xo-c concluímo
facilmente que a equação acima se torna
E2p2
(l _ E2)x2 + Y2 = --.
1- f.2
(A. )
com os sinais + ou - e colhidos conform ja, re pec ivam nte O < < 1 ou E> 1.
Denotando a= 11~F21, b =
E
p
ll-i 2
e verificando, separadamente, o casos O < < 1
J
>l 1
conclua que a2 =Fb2 = c2 , onde e= 1~~ é a nova abscissa do ponto F. Portanto a quação da
cônica em questão assume uma das formas
x2 y2
a2 ± b2= 1,
com os sinais + ou - escolhidos conforme seja, respectivamente, O < E < 1 (elip es) ou >1
(hipérboles).
Problemas
1. Prove que a excentricidade da elip e ~ + ~ = 1 mede seu achatamento na direção y ou,
equivalentemente, seu alongamento na direção x. fais precisamente, prove que, fixado
o eixo maior A 1A2 1 quando E se aproxima cada vez mais de 1 (por valor menores que
1), a elipse fica cada vez mais parecida com o segmento A1 A2 , ao passo que, quando E e
aproxima cada vez mai de O, a elipse fica cada vez mais parecida com o círculo de diâmetro
A1A2.
47
[ >B<>BI.L\I \ ..._
A.4.4 Trigonometria
o plano cartesiano, o ciclo trigonométrico é o círculo r da Figura A.17, centrado na
origem 0(0, O), com raio 1 e comprimento 21r.
y
B
o X
B'
Como as abscissas e ordenadas dos pontos de r são menores ou iguais a 1 em módulo, temos
Reciprocamente, fixado um real a E [-1, 1], a reta paralela ao eixo das abscissas traçada pelo
ponto {O,a) intersecta r em pelo menos um ponto P; sendo P(sen e, cose), é imediato que
senc = a. Em outras palavras, todo número real no intervalo [-1, 1] é o seno (e, analogamente,
o cosseno) de algum arco.
Para k E Z, é imediato que a extremidade final de um arco de 2k1r radianos coincide com o
ponto A de r. Mais geralmente, fixado e E lR, a extremidade final de um arco de comprimento
475
e+ 2k1rcoincide com aquela de um arco de comprimento simplesmente igual a e, de maneira que
para todo k E Z.
A proposição a seguir é conhecida como a relação fundamental da trigonometria.
PRC>PóSIÇÃO A.67.
Para todo e e R, temos
sen 2 c + cos2 e = 1. (A.50)
-----------------
PROVA .
.......
Seja AP = e (cf. Figura A.17). Como P(cosc,senc) e 0(0,0) segue da fórmula (A.36) e de
AP = 1 que
J(cos e - 0)2 + (sen e - 0)2 = l.
A tangente de um arco tem uma interpretação geométrica bastante útil, explicitada na pro-
posição a seguir.
......
,,aura A.18, se AP= e é um arco do primeiro ou terceiro quadrantes, então
6 UPl arcodo segundo ou quarto quadrantes, então tg e = - AP'.
476
PRO\A.
Façamos a prova no caso em que e é um arco do segundo quadrante (a prova nos demais C8808
é completamente análoga). Seja P" o pé da perpendicular baixada de P ao eixo das absci8888.
Pela semelhança dos triângulos PP" O e P' AO, temos ~;,~ = ~ . Mas, como PP" = sen e,
P"O = - cose e AO = 1, ao efetuar essas substituições na igualdade acima, obtemos
-- PP"· AO
P'A = --==-- = -tgc
P'A '
que é precisamente a relação do enunciado.
y
B
A' A X
P" O
P'
B'
Uma consequência imediata da proposição anterior é o fato de que, se dois arcos diferem por
um múltiplo inteiro de 1r, então suas tangentes são iguais. Em símbolos, tg (1r + e) está definida
se, e só se, tg e também estiver; nesse caso, temos ainda
tg (1r + e) = tg e. (A.51)
Para o que segue, estabelecemos a seguinte convenção: dado um ângulo (), com 0° < () < 360º,
definimos o seno, o cosseno e a tangente de() como sendo respectivamente iguais ao seno, o cosseno
e a tangente do arco correspondente a () em radianos, i.e., do arco e = 21r • ~. Por e.xemplo,
para () = 20º, o arco correspondente é e = i radianos. Assim, temos, por definição, que
7T" 7T" 7T"
sen 20º = sen , cos 20º = cos e tg 20º = tg .
9 9 9
477
A proposição a seguir encerra um importante corolário do resultado anterior.
PROPOSIÇÃO
A.69.
Dada, no plano cartesiano, uma reta não vertical de equação y = ax + b, o número real a =/O
é igual à tangente do ângulo trigonométrico que o eixo das abscissas forma com a reta. Mais
precisamente, nas notações da Figura A.19, temos a= tgo.
~~-~~~-----------
PROVA.
Na Figura A.19, o círculo representa o ciclo trigonométrico. Pela Proposição 59, a rela
paralela à reta y = ax + b e passando pela origem tem equação y = ax. Como o ângulo
trigonométrico que o eixo das abscissas forma com tal reta também é o, egue da proposição
anterior (e das convenções acima) que a tg o é igual à ordenada do ponto comum às relas de
equações y = ax ex= 1 da Figura A.19. Para tal ponto comum, temos x = 1 e y =a· 1 = o.
y
x=l
y = ax
Graças à proposição acima, se uma reta não vertical tem equação y = ax + b, dizemos que a é
o coeficiente angular da reta. Colecionamos, no exemplo a seguir, uma aplicação importante
da noção de coeficiente angular.
478
EXEl\tPLO A. 70.
Em um certo sistema cartesiano, temos um ponto (x0 , y 0 ) e um ângulo o tal que 0'-
180º. Encontre a equação da reta que passa pelo ponto dado e forma ângulo trigononl6t
com o eixo das abscissas.
PROVA.
Se o= 90º, então a reta é vertical, logo, tem equação x = x 0 . Se a=/:- 90º (cf. Figura A.20),
podemos supor que sua equação é da forma y = ax + b, para certos a, b E IR. Pela proposição 69,
temos a= tgo. Por outro lado, como o ponto (x0 , y0) pertence à reta, devemos ter
y = ax + b
X
Yo = axo + b = ( tg o)xo +b
e, daí, b = y0 - ( tga)x 0. Portanto, a equação da reta ê
y = ( tga)x + Yo - ( tga)xo.
as notações do exemplo acima, vale frisar que é costume escrever a equação obtida para a
reta em questão na forma
y-yo
--- = tgo. (A.52)
X- Xo
Continuando nossa revisão de Trigonometria, deduzimos, a seguir, as fórmulas de adição
de arcos.
479
PROPOSIÇÃO A. 71.
Para a, b E R, temos:
PROVA.
Mostremos, inicialmente, a fórmula para cos(a + b). Suponha, sem perda de generalidade,
b > Oe marque, sobre o ciclo trigonométrico, os pontos P, Q e R tais que AP = a, AQ = -b e
a,,...,.
AR= a+b. Então, P(cosa,sena), Q(cos(-b),sen (-b)) = (cosb, -senb) e R(cos(a+b),. n (n f-
b)).
........ ........
Como os arcos AR e QP (medidos no sentido anti-horário) são ambos iguais a a+b radianos,
as cordas subentendidas AR e PQ têm comprimentos iguais Portanto, as igualdades
2
AR = (l - cos(a + b)) + scn 2 (a + b) 2
e
-2 2
PQ = (cosa ?
- cosb)· +(sena+ senb)
dão-nos
( 1 - cos(a + b)) + sen a + b) = (cos a - cos b) + (sen a + sen b)
2 2
(
2 2
conforme desejado.
Quanto às demais fórmulas, veja que, pelo problema 1, temos
480
Ademais, uma dedução análoga nos permite obter a fórmula para sen (a- b) (veja o problema2,
página 482). Por fim,
_ rosa
sena+ côs'b _ t ga + tgb
senb
-----
- 1- ~senb - 1 - tgatgb'
cosa cosb
valendo, também aquj, uma dedução anãloga para tg (a - b) (cf. problema 2, página 482).
Fazendo b = a nas fórmulas com sinal + da proposição 71, obtemos as fórmulas do corolário
a seguir, as quis são conhecidas como as fórmulas de arcos duplos.
COROLÁRIO A. 72.
Para todo real a: temos:
PROPOSIÇÃO A. 73.
Para todos os a, b E R, temos:
(d) t g Q ± t g b = cosaCOlb
sen(a±b).
---~~-~-~~--------------------!
PROVA.
Façamos as deduções das fórmulas para sen a + sen b e tg a + tg b, sendo os demais casos
totalmente anãlogos (cf. problema 5, página 482).
481 â-
Fazendo x = ªt e y = ª 2 b, temos a= x + y e b = x -y, de maneira que
2 2
(ª-
= 2senxcosy = 2sen ( -a+ -b) cos - -b) •
Problemas
1. Para todo e E IR, prove que:
2 cos2 a - 1
3. Para a E IR, prove que cos 2a = .
{ 1 - 2 sen 2 a
6. Sejam xOy e x'Oy' sistemas cartesianos de coordenadas com mesma origem O, tais que o
semieixo positivo das abscissas do sistema x'Oy' faz (nessa ordem) um ângulo trigonomé-
trico de(} radianos com o semieixo positivo das abscissas do sistema xOy. Se um ponto P
do plano tem coordenadas (xo, Yo) no sistema xOy e (x~, y~) no sistema x'Oy', prove que
482
(a) Se (x, y) é um ponto sobre a mesma, prove que existe um único 0 E [O,2,r) para o
qual x = acos0, y = asen 0, e reciprocamente. As equações x = acos(J, y = asenO,
0 E [O,21r),são as equações paramétricas da elipse, e podemos interpretá-las como
uma descrição da traJetória de uma parLícula que parte no instante 0 = O do ponto
A, percorre a elipse no sentido anti-horário e volta ao ponto A no instante 0 = 2,r.
(b) Defina os círculos diretores da elipse como os círculos de equações x 2 + y 2 = a 2
e x 2 + y 2 = b2 . Pela origem O, trace um raio de tais círculos, formando um ângulo
trigonométrico /3 com o eixo das abscissas. Suponha que tal raio intersecta os círculos
diretores acima nos pontos Se Q, respectivamente. Se P(x, y) é o ponto obtido como
a interseção da paralela por Q ao eixo das abscissas com a paralela por S ao eixo
das ordenadas (cf. Figura A.21), prove que P pertence à elipse (note que o processo
A(a, O)
acima permite construirmos com régua e compasso tantos pontos da elipse quanto
queiramos).
483
SUGESTÕES AOS PRO-
BLEMAS
1.1
1. m •t r - 1 ~ O 3 - x > O d forma qu x E [l, 3).
2. m t r x ~ O, 3 - .fi, ~ O, ~ - J3 - -Ji ~ O ½- J-
~ J3 - .fi,. O domínio maximal d
f o conjunto form do p l int r çõ do conjunto - olução de cada uma de as in qu çõ .
-
2
= P r fim ui 3
57
-
2 2 2 2 2 2
a - b = 101k e a + b = 9k, para algum k E ntão a = 95k b = -6k d f rm u
2 2 2 2
(ab) = -570k ; b - a = 101k a 2 +b 2 = 9k, concluímo an l am n qu (ab) 2 = -570A·2
m qualquer o, eh gamo a um ab urdo, um z qu (ab)2 >O> -570k 2 .
5. Comec faz ndo x = 1 e y = v12na rei ção d d par calcular f(l + v12).
6. Ob rv qu ªk+l = ak + r calcul J(ak+i) = J(ak + r) = J(ak)f(r).
Para o quo i n ,fr pomo ,., = {x E • g(x) :/aO} e definimo ; : ' ➔ por L(
g
) =M
g(x)'
para todo x E '
9. Por definição, lxJ E Z, de forma que imagem d l·J é um ubconjunto d Z. Por outro 1 do,
para n E Z, é claro qu o maior int iro menor ou igual a n • o próprio n d forma qu ln J = n
e, as im, n E Im(l·J). Logo Im(l·J) = Z.
10. lxJ = n, então nê o maior int iro menor ou igual a x, de forma que n $ < n 1. Portanto
O$ x-n < 1 , daí, {x} = x- lxJ = x-n E [O 1). egue qu Im({·}) e (O,1). R ipro am nt,
O$ o< 1, ntão loJ = O d modo que {o} = o - loJ = o. Logo E Irn({·}) p todo
oE(0,1),d formaqu [O l)clrn({·}). Então Im({·})=[0 1).
11. Para o it m (b), us ( ); p ra (e), onsid re inicialm nte o e o k E , i indução; por fim,
apliqu o r ultado d (e) p ob r (d) o re ult do d ( ) ( ) para b er ( ).
ÃO 1.2
3 Observe inicialmente que x + ½~ 2, para todo x > O, ocorrendo a igualdade se, e só se, x = 1.
Em seguida, conclua que a imagem pedida é lR\ (-2, 2).
5. Para Yo E Y, tome xo E X tal que J(xo) = YO· Então, pela definição da função /+e, temos
(f + c)(xo) = J(xo) +e= Yo + e, de sorte que Yo + e E Im (J + e). Mas, como Yo+ e ê um elemento
típico do conjunto Y + e, concluímos que Y + e e Im (J + e). Agora, se Y1 E Im (J + e), então,
por definição, existe x 1 E X tal que (J + c)(xi) = y 1 ou, o que é o mesmo, f(x1) +e= Yt· Então,
J(xi) = Y1 - e, de forma que Y1 - e E 1m (/) = Y. Assim, Y1 = (Y1 - e)+ e E Y + e e, como isso
é válido para todo Y1 E 1m (J + e), segue que Iro (J + e) e Y + e. Logo, Im (/+e)= Y + e.
7. Consideremos o caso em que a> O, sendo o caso a< O totalmente análogo. Para y E R, temos
2
J(x) = y se, e só se, (x + ;0 ) - {:r = ~ ou, ainda, se, e só se,
2
b) y 6 4ay + t!1
(x + 2a = ~ + 4a2 = 4a 2 •
---
2
Como (x + 2~) ~ O, essa equação tem solução se, e só se, 4ay + 6 ? O; mas, como a> O, tal
condição equivale a y ? - fa,.Portanto, existe x E IR tal que f(x) = y se, e só se, y ? - de t,
sorte que 1m (!) = [- fa, +oo).
8. Use a forma canônica de J (cf. problema anterior) para obter, no caso em que a> O,por exemplo,
# (x + ~)
2a
2
< ~2
4a
~~-...,....2ª
lx + ~, < ./E#
2a
- ../"K< x +
2a
~
2a
< ./E
2a
-b- -/E J-b+ó
~ <x< 2 .
2a a
af(xo) = a
2
[(xo
+ ..!!.._)
2a
2
- ~i
4a 2 '
487
Mas, como (xo + 2~) ~ O, devemos ter
2 2
de forma que af(xo) < Ose, e só se, (xo + ;0 ) -~<O.
O$ (xo + ;0 ) < ~ e, daí, ó.> O. Para a segunda parte, use o resultado do problema anterior.
2
10. Se um retângulo de perímetro 2p tem dimensões x e y, então x + y = p. A partir daí, mostre que
sua ârea depende de x de acordo com a função quadrãtica f(x) = -x 2 + px e apllque o resultado
da proposição 24.
11. Sendo l a largura e h a altura do caminhão (medidas em metros), é imediato que o volume de
carga que o mesmo pode transportar é igual a 18lhm 3 ; portanto, temos de ma.xnnizar o produto
lh. A fim de que o caminhão possa entrar no túnel, sua seção reta ( um retângulo de lnd~ medmdo
l e h) deve ter diagonais de comprimento d, com d$ 5m, mas, como d= J/ 2 + h 2, temos que
Pondo x = l 2 , concluímos que basta ma.ximizru-a função J(x) = 25.r.- 2 • com O< x < 5.
:..r
12. Mostre, inicialmente, que devemos procurar o menor real po:;itivo o tnl que f('J·) $ "' parn
todo x E R; equivalentemente, I.S::íOé o m mo qu, procumr o menor real pos1t1vo ci tnl que
ax 2 - 5x +(a+ 1) ~ O para todo :r E R.
Agora, mostre que todo x E (ak, Ok+1) satisfaz J(x) = L;:k+l a 1 - L;=l a 1 . Por fim, o caso em
que n é ímpar pode ser tratado de modo análogo.
14. Para o item (a), aplique a desigualdade entre as médias aritmética e geométrica ao denominador
da expressão que define a função. Para o item (b), escreva f(x) = 2-,- :r~~ 1 e, em seguida, proceda
como em (a).
e, em seguida, aplique a. desigualdade entre as médias para obter f(x) ~ 2/§-+- 10 = 16. Para
(b), aplique a desigualdade entre as médias ao denominador para obter x 4 Ta ~ 2x2va e, daí,
f(x) $ 2 7a-
488
16 Comece escrevendo
4x2 4(x2- l) 4
f(x) =--+k=---+--+k
x+l x+l x+l
4 1
= 1) + - - + = 4
4(x
x+l
- + 1 + - -)
x+l
k (x + (k - 8).
Portanto. sendo g(x} = x+l+ z_: 1 temos f(x) = 4g(x)+(k-8). Agora, o resultado do problema
2.3, Juntamente com o fato de g ser ímpar. implica que Im (g) =IR\ (-2, 2), de modo que (pelo
resultado do problema 2.6) Im (4g} = lR\ (- . 8). Agora, o resultado do problema 2.5 garante
que 1m (/) = \ (k - 16. k). de sorte que de,·emos ter k - 16 = -L e k = L.
SEÇÃO 1.3
1 >
1 Observe primeiro que, para todo .::E R. temos l.:: .::se, e só se, z < O. Portanto, queremos que
g(f(r)) < O. Fazendo y = f(x). ~egue do problema 2.8, página 34, que g(y) <O<=>y 2 - ¼ <O<=>
-! < y < ½·M . como y = f(x), queremo que-½ < x - ~ < ½ou, ainda, 3 < x < 4.
41. Como f o g o g têm do111fnio cont1 domínio. iguais, temos f o g = g o g <=>(f o g)(x)
g =
(g o/){ r.) ~ /(g(r.)) = g(f(.r.)). D ~rn, o orn, calcular f(g(x)) = (ac)x + (ad + b) e g(f (x)) =
(ac).r.+ (bc + d) e igualar o~ r ·ultndo .
pnrtir• d m,• cone 1ua que d evemos t er (a+l ab+a = x para t od o x E IR, exceto por no máximo
r+ a+t,:i
b+l x~ •
quatro ,-n.loresde x. Portanto, e..xcetopor tais valores de x, temos (a+ l)x + (ab + a) = (b +
1):r.2 +(o+ b2 )x Conclua, então, que b + 1 = O.)
6 Supondo que f é crescente (o caso em que f é decrescente pode ser tratado de modo análogo),
bnsta observar que, se X1,x2 E/, então x1 =fix2::::}/(xi) =fif(x2). Por sua vez, a fim de verificar
a validade dessa 1mphcação, note que x1 =fix2 implica X1 < x2 ou x 1 > x2. Caso seja x 1 < x 2 ,
segue do fato de f ser crescente que /(xi) < f(x2) e, então, /(x1) =fif(x2). Argumente de modo
análogo no caso em que x1 > x2.
7. Analisemos o caso em que f e g são crescentes, deixando ao leitor a análise dos outros dois
caso . Para x 1 < x 2 em I. segue do fato de / ser crescente que f(x 1) < f(x 2). Mas, como
/(x 1), f(x 2 ) E J e g também é crescente, temos g(f(xi)) < g(f(x 2 )).
489
Comece supondo que f = 9 + h, onde 9, h : I ➔ IR são tais que 9 é par e h é ímpar. Em
::;eguida, use as definições de função par e ímpar para concluir que 9(x) = ½U(x) + J(-x)) e
h(x)½(f(x) - f(-x)).
9. Inicialmente, mostre que /(1) = O. Em seguida, faça a = 1 e b = -1 para calcular f (-1). Por
fim, faça b = -a.
10. Basta calcular (J o f)(-x) = J(J(-x)) = J(- J(x)) = - J(f (x)) = -(! o f)(x), onde utilizamo~
o fato de que f é ímpar segunda e terceira igualdades.
12. Para o item (a), comece mostrando que todo x E IRpode ser escrito da forma x = kp + o, com
k E Z e o E [O,p). Em seguida, faça indução sobre k para mostrar que f(x) = J(x - kp) Para
o item (b), observe primeiro que 9 ( x + far)
= f(ax ± p) = f(ax) = g(x), para todo x E IR;em
seguida, note que, se p' > O satisfaz 9(x + p') = 9(x) para todo x E R, então f(ax + ap') = f(ax)
para todo x E JR.A partir daí, conclua que lalp' = lap'I ~ p.
13. A fim de mostrar que J é ímpar, comece observando que /(20 + x) = /(10 + (10 + x)) =
J(lO - (10 + x)) = J(-x) e, analogamente, /(20 - x) = f(x). Em seguida, use o fato de que
J(20+x) = - !(20-x). Para a segunda parte, calcule J(40+x) = J(20+ (20+x)) = - f(20+x) =
f(x).
14. Fazendo 9(x) = f(x) +½,mostre que 9(x +a)= J~- g(x) 2 e, daí, que g(x + 2a) = 9(x), para
todo x E JR.
15. Encontre uma partição de N da forma N = A1 U A2 U A3 U ... , com An infinito, para todo n EN.
Em seguida, defina/ pondo f(x) = n, para todo x E An.
16. Supondo que x1 < x2 são pontos fixos de/, segue do fato de f ser decrescente que f(xi) > f(x2).
Mas, como /(xi)= xi e J(x2) = x2, temos uma contradição.
17. Se existissem x1 < x2 em I tais que /(xi) = 9(xi) e J(x2) = 9(x2), então, como J é decrescente
e 9 é crescente, teríamos /(xi) > f(x2) = 9(x2) > 9(xi) = /(xi), um absurdo.
18. Observe inicialmente que x = 4 é uma solução dessa equação. Em seguida, veja ambos os membros
da equação como funções de (O,+oo) em si mesmo e aplique o resultado do problema anterior
para concluir que x = 4 é a única solução.
SEÇÃO 1.4
1. Para o item (a), use a proposição 36. Para o item (b), suponha que 91,92 : Y ➔ X satisfazem
g, o f = ldx e f o g, = ldy, parai = 1, 2. Use a proposição 31 para obter 91 = 91 o Idy =
91 ° (/ 0 92) = (91 ° f) 0 92 = Idx O 92 = 92·
490
2. Use repetidas vezes o resultado da proposição 31, juntamenle com o falo de que 1- 1 o f = Idx,
Jof- 1 = ldy.909- 1 = Idz eg- 1 09= ldy.
5. Para a primeira parte, note que a equação ~~ = y tem, para todo y f. ~. a solução única
X= -dy+b_
cy-a
6. Para a primeira parte, basta ver que, para O $ x 1 < x2, temos x2 - x 1 > O; portanto, pelo item
(a) do problema 5, pâgina 417, temos
de maneira que J(xi) < J(x2) e f ê crescente, logo injetiva. Para a segunda parte, dado y E
[O,+ ), como estamos assumindo que Im(J) = [O,+oo), existe x E [O,+oo) tal que y = xn;
então, obtemos x = r:Jypor definição da raiz n-ésima de y, de sorte que 1- 1 (y) = ylij.
7. Se J(x) = 2x, temos 1- 1(x) =!,de forma que (J + 1- 1)(x) = 5{ e (J - 1- 1)(x) = 3;,as quais
são duas bijeções de R em IR.
8. Suponha que f ê crescente (o caso em que f ê decrescente é inteiramente análogo). Dados y 1 < Y2
em J, tome os elementos x1,x2 E J tais que J(x1) = Y1 e J(x2) = Y2· Se x 1 = x2, então
Y1 = f(x1) = J(x2) = Y2, o que não é o caso; se x2 < xi, então segue de f ser crescente que
Y2 = J(x2) < /(xi) = Y1, o que também não ê o caso. Logo, x 1 < x2 ou, o que é o mesmo,
J 1(yi) < 1- 1(y2). l\1as, como os elementos Y1< Y2 em J foram escolhidos arbitrariamente, isso
garante que / 1 também é crescente.
SEÇÃO 1 5
1. Para a segunda parte, mostre que as abscissas dos pontos comuns aos gráficos são as soluções da
equação J(x) = x. Em nosso caso, a única solução é x = ~-
2. Se lf(x)I $ l'vl para todo x E J e (xo, Yo) E GJ, então IYol = 1/(xo)I $ M, de sorte que
-1'1 $ y0 $ M. Portanto, (xo, Yo) pertence à faixa horizontal do plano cartesiano, delimitada
pelas retas paralelas y = - Jvf e y = M.
3. Como a bissetriz dos quadrantes ímpares do plano cartesiano é o conjunto dos pontos (x, y) do
mesmo tais que x = y, concluímos que xo E J é ponto fixo de f se, e só se, f(xo) = xo, i.e., se, e
só se, (x 0 ,x 0 ) E G 1 . Portanto, os pontos fixos de J são exatamente as abscissas dos pontos onde
o grâfico de J intersecta a bissetriz dos quadrantes ímpares do plano cartesiano. a Figura B.l,
supondo que J é crescente para x < x1 e decrescente para x > x3, temos que os pontos fi..xosde
J são x 1 , x 2 e x 3 , os quais são as abscissas dos pontos A, B e C, respectivamente.
491
X
4. Um ponto (x, y) ê comum aos grâficos de f e g se, e só se, x E / e y = f(x) = g(x). Portanto,
para identificar tais pontos, ê suficiente resolver, para x E J, a equação f(x) = g(x).
5. Façamos a prova do item (a), sendo a prova do item (b) totalmente análoga. Se f ê par, temos
J(x) = f(-x), para todo x E /. Portanto, para x E J, temos (x, y) E Gf {=} y = J(x) {:} y =
f(-x) {:} (-x, y) E Gf, Mas, como os pontos (x, y) e (-x, y) são simétricos em relação ao eixo
das ordenadas, concluímos que o mesmo sucede com Gf.
6. AI, funções h e f 4 são sempre não negativas e só se anulam em x = O. Também, é claro que
são funções pares, de forma que, pelo problema anterior, seus gráficos são simétricos em relação
ao eixo vertical do sistema cartesiano. Por outro lado, à medida que lxl aumenta, é evidente
que h(x) = x 2 e f 4 (x) = x 4 tornam-se cada vez maiores e, eventualmente, ultrapassam qualquer
valor predefinido. Por último, lxl < 1 ::::}x 4 < x 2 , lxl > 1 ::::}x 4 > x 2 e lxl = 1 ::::}x 4 = x 2 = 1,
justificando o fato de o gráfico de /4 estar situado abaixo do gráfico de h no intervalo ( -1, 1)
e a.cima fora do intervalo [-1, 1] (veja a Figura B.2). As funções h e / 5 são positivas para
x > O, negativas para x < O e se anulam em x = O. Também, ê claro que são funções ímpares, de
forma que (novamente pelo problema anterior) seus gráficos são simétricos em relação à origem do
sistema cartesiano. Agora, à medida que lxl aumenta é evidente que 1/J(x)I = lx3 1e 1/s(x)I = lx5 1
tornam-se cada vez maiores e, eventualmente, ultrapassam qualquer valor prefixado. Por último,
lxl < 1 ::::}lx5 1< jx3 1,lxl > 1 ::::}lx5 1> lx3 1e lxl = 1 ::::}lx5 1= lx3 1,justificando o fato de o
gráfico de /s estar, no intervalo ( -1, 1), mais próximo do eixo horizontal do que o gráfico de h e
mais distante de tal eixo fora do intervalo [-1, 1] (veja a Figura B.3).
7. Observe que fé a inversa da função g: IR-+ IR, tal que g(x) = x 3 , para todo x E IR. Em seguida,
aplique o resultado da proposição 50 ao esboço do gráfico de g = h, construído no problema
anterior.
492
y
x2
o X
8. Verifique que tal gráfico é a união dos conjuntos (n, n + 1) x {n}, quando n varia em Z.
9. Para o item (a), observe inicialmente que, para x E [O,p), a periodicidade de f garante que
J(x + kp) = f(x), para todo k E Z. Portanto, (x, y) E G I <=? y = f(x) <=? y = f(x + kp) <=?
(x + kp,y) E e,. Então, sendo F = e,
n ((0,p) x JR),temos G1 = Ukez(F + k), onde F + k
denota a translação de F segundo o vetor (k, O). Para (b), note que {x} = x para x E (O,1).
Como {·} é periódica de período 1, segue de (a) que a Figura 2.1, página 92, esboça o gráfico de
{·}.
10. Para o item (a), basta mostrarmos que (x, y) é um ponto do gráfico de f se, e só se, (x - a, y)
é um ponto do gráfico de g. De fato, se (x, y) pertence ao gráfico de J, então f(x) = y e, daí,
g(x -a) = J((x - a) +a) = y, quer dizer, (x - a, y) pertence ao gráfico de g; provamos a recíproca
do mesmo modo. Para o item (b), basta mostrarmos que (x, y) é um ponto do gráfico de f se,
e só se, (x,y + a) é um ponto do gráfico de g. De fato, se (x,y) pertence ao gráfico de J, então
J(x) = y e, daí, g(x) = J(x) +a= y + a, quer dizer, (x, y + a) pertence ao gráfico de g; provamos
a recíproca do mesmo modo. Os demais itens podem ser analisados de forma similar.
11. Em princípio, pode parecer que não podemos usar o resultado do problema. anterior, haja vista que
a função em questão não tem por domínio o conjunto dos reais. Contudo, como 2,:x = .r 2 2 = ,:!
-1- x.:. 2
, podemos raciocinar como naquele problema, esboçando o gráfico de f do seguinte modo
(deixamos ao leitor a tarefa de esboçar as figuras correspondentes aos passos descritos a eguir):
primeiro, traçamos o gráfico de x i--+ i; em seguida, transladamos o gráfico anterior duas unidach:.
para a direita, obtendo o gráfico de x i--+ :z:~2; agora, alongamos o gráfico anterior na dir~oo
vertical, pelo fator 2, obtendo o gráfico de x i--+ x.:. 2 ; refletimos o resultado no eixo horizontal,
obtendo o gráfico de x ._. - x.:. 2 ; por fim, transladamos o gráfico assim obtido umn unidade para
493
\ 1 1,1, 1 1: SI LI ..,l<>I.., \<>.., i>H<>III.I.\I.\S
y x3
12. Para a primeira parte, mostre que, de posse do gráfico de f, obtemos o gráfico de g refletindo, ao
longo do eixo das abscissas, a porção do gráfico de f situada abaixo de tal reta. Para os itens de
{a) a (c), aplique esse procedimento às funções f(x) = x 2 -4, f(x) = xii e f(x) = x 2 - lx+21 + 2,
respectivamente. Observe que, de acordo com o problema 5.10, o gráfico de f(x) = x~I pode
ser obtido transladando-se o gráfico de x H ½ uma unidade para a esquerda. Quanto ao gráfico
de f(x) = x 2 - lx + 21+ 2, para esboçá-lo analise separadamente os casos x $ -2 e x > -2,
observando que lx + 21 é respectivamente igual a -x - 2 ex+ 2.
13. Aplicando uma rotação de -¾ radianos ao sistema cartesiano original (o que equivale a rotacionar
a hipérbole x 2 - y 2 = 4 de f radianos), obtemos, pelo resultado do problema 6, página 482, a
2 2
curva de equação ( x72 ) - ( :x:J?) = 2/2 ou, ainda, xy = l.
SEÇÃO 1.6
494
problema 4. , página 47, é crescente. A primeira parte do item (b) pode ser tratada de modo
fato de que, para x E (-i, i), tg x ê a ordenada do ponlo de interseção da semirreta OA com a
reta vertical passando por A.)
-
análogo, observando que cos x ê a abscissa de P. Por fim, a primeira. parte do item (e) segue do
2. Para o ilem (a), observe que ctg x = - tg (x + i) e utilize os resulLados do problema 5.10, página
59. Para os itens (b) a (d), utilize o resultado da proposição 50.
3. Para os itens (a) e (b), referimos o leitor à discussão do exemplo 55, mais precisamente à equação
(1.9). Quanto ao item (c), sugerimos ao leitor rever os itens (a) e (e) do problema 5.10, página
59.
4. Argumentando como no exemplo 55, obtenha f(x) = J a2 + b2 cos(.Xx- a:), onde cosa:= ✓a.f+&'i
e sena= ✓a.f+i/1. Agora, mostre que f tem período m·
5. Para o item (a), comece utilizando as fórmulas do arco duplo para obter J(x) - -2sen 2; +
2 sen x + 1. Em seguida, observe que a função quadrática y ......+-2y 2 + 2y + 1 assume seu valor
máximo em y = ½,sendo crescente em [-1, ½]e decrescente em [½,1]. O item (b) segue da
expressão acima obtida para/, juntamente com o fato de que a função seno tem período 21r. Por
fim, para o item (c), esboce os grâficos de x ......+2 sen x ex......+cos(2x) no intervalo [O,21r)e em um
mesmo sistema cartesiano; em segwda, some as ordenadas dos pontos desses dois grâficos para
obter o esboço do gráfico de f.
8. Suponhamos, por contradição, que f fosse periódica, de período T > O. Então, deveria ser
j(T) = J(O) = 2. Mas, aí, 2 = f(T) = cosT + cos(a:T) $ 1 + 1 = 2, uma vez que o cosseno de
qualquer número real é no máximo 1. Assim, deve ser cos T = cos(a:T) = 1. Para tanto, devem
existir inteiros (não nulos) k, l tais que r = 2k1r e a:r = 2l1r. Dividindo membro a membro essas
duas igualdades, chegamos a a:= t E Q, o que é uma contradição.
SEÇÃO 2.1
(c) segue imediatamente dos resultados dos problemas 4.6 e 4.8, pâgina 47. Por fim, parn (d),
segue do problema 4.6, página 47, que v'ã > v'ã se, e só se, a11 > a 111; então, o resto segue do
corolário 2.
495
2 Para o item (a), suponha que temos a validade do resultado quando a ~ O. Se b ~ O, então
-b ~ O e, por (a), existem r E Q e a E lR\ Q tais quer, a E (-b, -a). Portanto, -r, -a E (a, b),
com -r E Q e -a E lR\ Q. Se a ~ O < b, mostre que basta aplicarmos o resultado que supomos
conhecido ao intervalo (O,b). Para o item (b), basta tomar n E N tal que n > 61 • Por fim,
quanto a (c), note que m > nb => mp > ';: > b; mostre em seguida que, se m for o menor
natural satisfazendo mp> b, então m > 1 e (m-~)v'2 E (a, b).
9. Use a proposição 6, juntamente com o resultado do problema 1.8, para concluir pela existência
de Xn E X e Yn E Y tais que a - 2~ < Xn < a e a < Yn < a + 2~.
10. Para o item (a), mostre que, se a (resp. {J) é uma cota superior para X (resp. para cX), então
ca (resp. ~) é uma cota superior para cX (resp. para X). Os outros casos podem ser tratados
de modo análogo.
11. Para o item (a), comece mostrando que, se a e /3 forem cotas superiores respectivamente para
X e Y, então a+ /3 é uma cota superior para X+ Y; a partir daí, conclua que sup(X + Y) ~
supX +sup Y. Em seguida, mostre que se fosse sup(X + Y)-supX < sup Y, então Y teria uma
cota superior menor do que sup Y.
13. O resultado do problema 1.11, página 23, garante que f(x) =x para todo x E Q. Agora, se
x,y E JR,com x < y, e a =/ O for tal que y - x = a 2 , aplique (a) e (b) para concluir que
f(y) - J(x) = J(y) + J(-x) = J(y- x) = f(a 2 ) = J(a) 2 > O, de sorte que fé crescente. Por fim,
supondo que existe a E lR tal que /(a) < a, use a densidade de Q em lR {cf. problema 1.2) para
escolher r E Q tal que /(a) < r < a; em seguida, use o caráter crescente de f para chegar a uma
contradição. Conclua, analogamente, que não se pode ter /(a) > a.
SEÇÃO 2.2
L Adapte o argumento da demonstração do item (a) da proposição 15, mostrando que, se fosse
a > b, terfamOR,eventualmente, ª" > ªIb > bn,
496
2 Basta ver que IFn - vai = ~~J;i < 7alan - ai.
3. Para n > 16a2 , mostre que I~~ < (~~q < (~)n< 2~.
4. Escrevendo l = (1 - tn)l + tnl, use a desigualdade triangular para obter len- li = 1(1- tn)(On -
l) + tn(Cn - l)I $ (1 - tn)lan - li+ tnlbn - li, de sorte que lan - li, lbn - li < l impliquelen- li ~
{1 - tn)f+ tnl = f.
5. Note primeiro que bn = (1 - tn)an + tnCn, com tn = ~ Cn-On
E (O,l], se an < Cn, e tn = O, se
an = Cn- Em seguida, aplique o resultado do problema anterior.
✓ 2 an+b a+!
n + an+ b-n = - --;==="==---
Jn 2 + an + b + n j 1+ ~ + ~ + 1
Para o item (c) observe que, se an = y'l + qn, entãoª"> 1 e, pelo item (a) do problema 5, página
1
417, O < ª" - 1 = Onn-r +an:32-+ ··+an+1 < Ç-.Por fim, para (d), escreva v'a" + b" = a ~l + (~)"
e use o resultado do item anterior.
8. Para a primeira parte, escreva q = 1 + a., com o > O,e note que an = (1 + o)" ~ 1 + no, de modo
que an > M para n > M;; 1 .
9. Seja b = ½,de sorte que b > 1. Use a primeira parte do problema anterior para concluir pela
existência de k E N tal que bk > a. Em seguida, mostre que 2" > kn para todo n suficientemente
grande e conclua, a partir daí, que anq2n = (p;)" · b2n:kn
➔ 0 quando n ➔ +oo.
10. Para k E N, use a desigualdade triangular para mostrar que Iam - anl < m;~t:2
+ n?~t2 . Em
seguida, faça k ➔ +oo.
11. Observe que an+l = Jl + an, para todo n ~ 1. A partir daí, conclua sucessivamente que
ª~+l - a~ = ª" - an-1 e que (an)n~1 é crescente. Em seguida, note que ª~+l = 1 + an implica
an+l = ilia.
On+I
< l+an+t
On+l
< 2, e aplique o teorema de Bolzano-Weierstrass para garantir a existência
de l = limn--++ooan. Agora, faça n ➔ +oo na relação an+l = Jl + ª" e utilize o item (a) do
problema 2.2, juntamente com o item (b) da proposição 18, para obter a equação l = ✓f+I.
497
Por fim, faça n ➔ +oo.
13. Faça a substituição trigonométrica an = 2 cos 0n, com 0n E [O,~], e use um pouco de Trigonometria
para concluir que 0n+l 2::20n, para todo n 2::1. A partir daí, mostre que 0n ~ ",l,.2'"
~ 2,'"+1, para
8
14. Mostre, sucessivamente, que a~ = k + ªn-l e a~+l - a~ = an - an-l, e conclua, a partir daí, que a
sequência (an)n2:l é crescente. Use agora que a~ < k + an para concluir que an < ½(1+ J4k + 1)
para todo n 2::1, de sorte que a sequência em questão é convergente. Por fim, faça n ➔ +oo em
a~ = k + ªn-1 para mostrar que an ➔ ½(l + J4k + 1) quando n ➔ +oo. A partir dai, os itens
(b) e (c) são relativamente imediatos.
15. Comece usando indução para concluir que ªk+l 2::Ja,, para todo k 2::1. Agora, faça k ➔ +oo na
recorrência do enunciado para mostrar que, se (an)n2:i for convergente, então seu limite é igual a
Ja,. Para o que falta, use a desigualdade triangular para obter
para k > 2. A convergência de (an)n2:1 e a estimativa para lan - vai seguem do exemplo 29.
e use o resultado do exemplo 29 para concluir pela existência de l E IR tal que an ➔ f quando
n ➔ +oo. Por fim, fazendo n ➔ +oo em an+l = 1 + ...L, mostre que l = 1+2/s.
ª"
SEÇÃO 2.3
L Paraa segunda parte do item (a), observe que, se a < O < b, então a imagem do intervalo [a, b]
por /éa união (-oo, ¾)U {O}U {¾, +oo). Para o item (b), comece calculando a imagem do
intervalo [-!,O] por f,
498
2 Suponha que g é contínua, e seja g(xo) = e. Para x E / \ {:ro},segue do dcsig1mldodc tríangular
que lc - /(xo)I $ lc - g(x)I + lg(x) - /(xo)I = lg(xo) - g(x)I + IJ(.r) - J(:ro)I, Agora, use o fato
de que f e g são contínuas para concluir que lc - /(xo)I < e, para todo e> O.
3. Para os itens (a) e (b), use o resultado do problema anterior. Para os itens (c) e (d), use a
definição de continuidade para concluir que não existe valor de e que torne contínua a função
dada - esboçar o gráfico da função em questão pode ajudar.
4. Comece observando que o conjunto (xo - ó,xo + ó) x (f (xo) - t, f(xo) + e) é um retângulo aberto
centrado em Po(xo,J(xo)) e de lados paralelos aos eixos. Em seguida, lembre-se de que todo disco
centrado em Po contém um retângulo aberto centrado em Po e de lados paralelos aos eixos, e
vice-versa.
8. Para o item (a), adapte, ao presente caso, a demonstração da continuidade da função raiz quadrada
em xo = O. Para (b), faça y = y'x e Yo = yÍXÕ e aplique o item (a) do problema 5, pãgina 417
para obter
IYn- YÔI
1y-yo 1 = .
yn-1 + yn-2yo + ... + YÔ-1
Por fim, para o item (c), use o resultado de (b) para adaptar, ao presente caso, a demonstração
da continuidade da função raiz quadrada em xo.
10. Use a regra da cadeia para mostrar que J é contínua em xo, para todo xo I O. Em seguida, use
a definição de continuidade, juntamente com o fato de que lx sen ½I $ lxl, para mostrar que f é
contínua em O.
11. Fixado xo E [O,1], tome e= ½e suponha, por contradição, que f ê contínua em xo. Pela definição
de continuidade, existe ó> O tal que x E (O,1] e lx - xol < ó implicam lf(x) - f(xo)I < ½•Agora.
considere separadamente os casos xo racional e xo irracional, e use o resultado do problema 1.2,
pâgina 74, para chegar a uma contradição.
12. Para mostrar que fé descontínua em todo racional do intervalo [O,1), argumente como na sugt.'Stuo
dada ao problema anterior, utilizando o resultado do problema 1.2, página 74. Se i·o E [O.1) é
um número irracional e no E N, mostre que existe ó > O tal que as rcpresentn~õc-~frndon1\rias
de todo racional pertencente ao intervalo (xo - ó,xo + ó) têm denominadores mniorcs que o 0 ; t'm
o,
seguida, conclua que 1/(x) - /(xo)I < ~o, para todo x E [O,1] n (J·o - .i:o + ó).
499
SEÇÃO 2.1
1. Inicialmente, recorde que, pelo problema 1.11, pâgina 23, temos J(x) = f(l)x, para todo x E Q.
Em seguida, fixado x 0 E IRirracional, use o resultado do problema 1.2, pâgina 74, para garantir a
existência de uma sequência (an)n~I em Q, tal que an --+ x 0 quando n--+ +oo. Por fim, aplique
o teorema 44.
2. Comece utilizando a segunda hipótese do enunciado para mostrar que f é injetiva; para tanto,
tome x, y E lR distintos e considere a sequência divergente (an)n~l tal que a2k = x e a2k-1 = y,
para todo k ~ 1. Por fim, use as hipóteses sobre f para mostrar que 1- 1 transforma sequências
convergentes em sequências convergentes.
3. Dado f > O e sendo e a constante de Lipschitz de J, mostre que podemos tomar ô= ~ na defimçào
de continuidade uniforme.
4. Note que, para todo ô> O, existem x, y E IRtais que lx-yl < ô mas lf(x)- J(y)I ~ 1; por exemplo,
tomando x > O e y = x + ô, segue da fórmula do binômio que lf (x) - J(y)I = (x + ô)n - .e" ~
nôxn- l ~ nôx.
5. Se / fosse uniformemente contínua, ao f > Odo enunciado corre::iponderia um ô > Ocomo em (2. 7)
Agora, como lan - bnl --+ O quando n--+ +oo, poderíamos escolher n E N tal que lan- b,.I < ô,
portanto, deveríamos ter 1/(an) - J(bn)I < e, o que é uma contradição.
7. Para o item (c), considere g : [a, b] --+ IR tal que g(x) = M-~(z), para todo x E [a, b].
8. Basta tomar /: (a, b) --+1Rtal que /(x) = (r-a) 1(:r-b), para todo x E (a, b).
Para (b), observe que !xi ~ 1 implica lxl $ lxl2 $ · •· $ lxln-l_O item (c) segue de (b). tomando
A = max { 1, a~,E"]:;la1 1}e observando que xn > O para x =/=O, uma vez que n é par. Por fim,
para o item (d), use o resultado de (e), em conjunção com o teorema 53 e o fato de que a0 = J(O).
500
Su; \< > '2.--,
11. O item (a) segue imediatamente de (2.11). Quanto a (c), por um lado temos
/(a) = f( n-++oo
lim Xn) = lim /(xn)
n-++oo
= n-++oo
lim Xn+l = a;
por outro, se {3 E IR for tal que / (/3)= {3, então as desigualdades la- .BI= 1/(a)- / (.B)I $ ela- PI,
juntamente com O <e< 1, garante que la - /31 = O, conforme desejado.
12. Pondo /(x) = ½(x + Jx 2 + 1), temos claramente f(x) < x para todo real x. Ademais, aplicando
a desigualdade triangular, obtemos
1 x2 - y2
lf(x) - J(y)I - X - y + --;::::::;==----;::=:===
2 J x2 + 1 + J y2 + 1
= !lx -yl 1+ x +y
2 Jx 2 + 1 + J y2 + 1
< !lx _ YI
- 2
(l +
✓x2
lxl+ IYI )
+ 1 + J y2 + 1
< lx-yl.
SEÇÃO 2.5
1. Para que o TVI fosse aplicável, deveríamos ter [O,2] contido no domínio de/, o que não é o caso.
2. Use o TVI em cada caso. Esboçar os gráficos das funções envolvidas pode ajudar.
3. Se y = ax+b é uma reta não vertical, i.e., tal que a-::/; O, basta provarmos que a função g: R.--+R.,
dada para x E IR por g(x) = x 3senx - ax - b, é tal que g(x) = O para infinitos valores reais de x.
Para o que falta, suponhamos a > O (o caso a < O pode ser tratado de modo análogo). Mostre
que, para todo k E N suficientemente grande, temos g(2kn) < O < g(2kn + ;); em seguida,
aplique o TVI.
4. Por contradição, suponha que existisse x E [O,1] tal que f(x) < O. Utilize o lema 48, juntamente
com o problema 1.3, 74, para chegar a uma contradição.
5. A prova desse resultado é uma adaptação do argumento da prova do teorema de Bolzano. :Ma.is
precisamente, suponha / = [a, b] (os outros casos podem ser tratados de modo análogo), fixe
a E X e defina A = {x E [a, b]; [a.,x] C X}, de sorte que A -::j;0. Se e = sup A, tome uma
sequência (an)n2!l em A tal que an --+ e e use a condição (ii) para mostrar que e E A. Se e < b,
use a condição (i) para escolher O < o < b - e (correspondente a x 0 = e) para concluir que
e+! E A, o que é uma contradição. Por fim, mostre, analogamente, que [a,xo]e X.
6. Como x = O não é solução, podemos reescrever a equação cm questão como f(x) = O, onde
f : (O,+oo) --+ IR é a função dada por f(x) = I:~ 1 J-fi
+ 7 - n. Assim, devemos mo.,trnr que
501 ~
J p~sui exatamente uma raiz positiva. Para tanto, como a função x H /ti+ 7 é contínua e
decrescente, e como J é uma soma finita de funções desse tipo, segue que f ê também contínua e
decrescente, o que implica dizer que J tem no máximo uma raiz positiva. Por outro lado, ternos
f(l) = E:=l Jl + a, - n > O. Também, /ti+ 7 < l se x > max{ ./2,2a,}, de modo que
f(x) < O se x > max{ ./2,2a 1, ... , 2an}- Assim, segue do TVI que J possui exatamente uma raiz
positiva.
7. Seja f : [O,1] ---+IR a função dada por J(x) = ¼I:~ 1 lx - x1 I. Basta garantirmos a existência de
x E [O,1] para o qual f(x) = ½- Para tanto, note que J(0) = ¾I:~ 1 Xi e J(l) = 1 - ¾I:~ 1 x,,
de modo que /(O)+ /(1) = 1. Se /(O) = /(1) = ½,nada hâ a fazer. Senão, podemos supor, sem
perda de generalidade, que /(O) < ½ < /(1). Nesse caso, como / é contínua, segue do TVI a
existência de O< x < 1 tal que f(x) = ½-
8. Primeiro, suponha que /(O) = O. Com x = O, obtemos J(l) = f(0)/(2) + J(l) = O. Fazendo,
agora, x = 1, obtemos /(2) = /(1)/(3) + /(2) = O. Prosseguindo do mesmo modo, concluímos
que f(n) = O, para todo inteiro positivo n. Suponha, pois, que f(0) > O. Então, segue de
/(0)/(2) + /(1) = O que f(l) e /(2) devem ter sinais contrârios. Mas aí, o TVI garante que deve
haver um real a E (1, 2) tal que J(a) = O. Argumentando como no caso /(O) = O, conclua que
f(a + n) = O, para todo inteiro positivo n.
9. Faça x = 1000 e, em seguida, use o TVI para concluir que a imagem de f contêm o intervalo
[~, 999]. Use novamente o TVI para garantir a existência de xo E R tal que f(xo) = 500 e, por
fim, faça x = xo na relação do enunciado.
10. Use a relação satisfeita por / para obter uma contraclição ao TVI.
11. Para o item (a), o fato de f ser uma bijeção segue do exemplo 37; então, o teorema 61 garante que/
é crescente ou descrescente. Para o item (b), note primeiro que, por (a), temos f(0) = Oe /(1) = 1.
Em seguida, se existe x E (O,1) tal J(x) < x, então o fato de / ser crescente, juntamente com a
lúpótese do problema, garante que x = J(J(x)) < f(x), o que é uma contradição. Analogamente,
não podemos ter J(x) > x, de forma que f(x) = x é a única possibilidade. Por fim, para (c),
note primeiro que, por (a), temos J(0) = 1 e J{l) = O. Em seguida, fixe a E (O,1) e defina J
pondo /(a) = a e tal que suas restrições aos intervalos [O,a] e [a, 1] coincidam com funções afins.
É imediato checar que J(J(x)) = x, para todo x E (O,l].
12. Defina a função auxiliar g : IR ---+IR tal que g(x) = E;- 1 f(x + jr), com r > O a ser escolhido
posteriormente. Em seguida, se f(xo) < O < J(xl), aplique o lema de permanência do sinal para
/ para mostrar que r pode ser escolhido de forma tal que g(xo) < O < g(x 1). Por fim, aplique o
TVI.
13. Pelo exemplo 58, a funçfw g tem um ponto fixo xo. Se x 11 = g(x 11_ 1) para n ~ 1, mostre que a
502
sequência (xn)n~l é não decrescente e tal que J(xn) = Xn, para lodo n ~ 1. Se Xn 4 a, use o
teorema 44 para mostrar que J(a) = g(a) = a.
SEÇÃO 3.1
2. Suponha que fosse L > AI, e faça e= L-/ 1 > O. Tome 6 > O tal que x E J e O < lx - xol < ô
implique simultaneamente IJ(x) - LI < E e lg(x) - MI < e. Por fim, aplique a desigualdade
triangular para chegar a uma contradição.
3. Faça indução sobre n. O caso inicial n = 2 é exatamente o conteúdo dos itens (a) e (b) da
proposição 7.
4. Para limites laterais à direita, por exemplo, copie o enunciado e a prova da proposição 7, trocando.
quando conveniente, limx-+xopor limx-+xo+e O < lx - xol < 6 (resp. O < lx - xol < 61,62) por
xo < x < xo+6 (resp. xo+61, xo+62).
5. A implicação =} e a última parte seguem do fato de que tanto xo - 6 < x < xo quanto xo < x <
xo + ô implicam O < lx - xol < 6. Reciprocamente, se limx-+xo+ J(x) = limx-+xo- J(x) = L e
e > O é dado, tome 61, 62 > O tais que as condições xo - 61 < x < xo e xo < x < xo + 6 impliquem
lf(x)-LI < e; tomando ô= min{61,62} > O, conclua que O< lx-xol < 6 implica lf(x)-LI < E.
6. Suponha que lim f(x) = L > Oe lim g(x) = +oo (os demais casos são completamente análogos),
x-+xo x-+xo
e seja dado M > O. Pelo lema de permanência do sinal, existe 61 > O tal que x E J, O< lx-xol <
61 =} J(x) > ½;pela definição de limite infinito, existe 62 > O tal que x E J, O< lx - xol < 61 =}
g(x) > ~- Então, tome 6 = min{61,62} e conclua que, para x E J tal que O< lx - xol < 6,
temos f(x)g(x) > M. Para o que falta, comece observando que o resultado análogo para. limites
no infinito (em +oo, por exemplo) diz que, se lim J(x) = L > O e lim g(x) = +oo, então
x-++oo :t-++oo
lim f(x)g(x) = ±oo. Para sua demonstração, copie a demonstração do caso inicial acima,
:r-++oo
trocando, quando conveniente, O< lx - xol < 6 por x > A.
503
Em todos os itens você terá de utilizar o limite fundamental da Trigonometria após executar
9. Para a primeira parte adapte, ao presente caso, a demonstração da proposição 10. Para cal-
cular os limites pedidos, utilize o resultado da primeira parte, juntamente com o fato de que
lsen xi, 1cos xi $ 1, para todo x E IR.
10. Dado E:> O, tome ô> O tal que x E J e O< lx - xol < ô impliquem lf(x) - LI < e Em scgmda,
tome no E N tal que n > no ⇒ lan - xol < ô. Então, para n > no, ternos O < la,i - xol < ô
(uma vez que an =f.xo, para todo n ~ 1), de sorte que IJ(an) - LI < E: Para a segunda pmtc,
analise o comportamento de f ao longo das sequências (an)n~l e (bn)n~l, tais que a,i = 2,~1r e
bn = 2n1r~1r 72 , para todo n ~ l.
e
O= lim (J(x) - (ax + b)} = lim (J(x) - ax) - b.
x-++oo .r-++oo
O segundo caso (i.e., aquele de uma função J: (-oo, A) ➔ IR) é totalmente análogo ao primeuo,
e será deixado ao leitor.
Analogamente, y = -~x é assíntota oblíqua da função do item (b) quando x ➔ -oo. Para o
item (e), observe que limx-++oox sen ½ = 1. Por fim. em todos os itens, deixamos a análise da
existência de assíntotas horizontais e verticais a cargo do leitor.
504
13. E cr va uc i am n
✓ r= r= X+ Jx + ,Ji- X
✓l + ~1
X + +VX - V X' = - --;==~::.::.::.'=.'=..:---
✓X + ✓X + ,Ji + .fi ✓l + l:r
1
+ '7z' +l
Em guida faça x
J(2x)
J(x)
< f(nx) <
f(x)
IT f(2 1 +lx)
J(Vx)
J=l
15. p t do i m ( )
induç-o. Para o i m (b) para a primeira parte de (c),
2 ( om Bn no lugar de 2a), juntam nte com o fato d qu
an = 2nJ2 - bn. P r fim, p nd p d (c), calcul 81, cr va an = 201 · sen9 1f}") e ~j
pliqu limi tri nom tri o fundam n al .
.2
1. P r o i m ( ), ob rv qu g(:rJ=!~:ro) = e· /(:rJ=~~:ro). Para o item (b), v ja qu h{:rJ=~i:ro) -
/(:r)-/( o)
.r.-.ro
7. Comece escrevendo
f(bn) - f(an) _ J(bn) - J(xo) . bn - Xo + f(xo) - f(an) . xo - an
bn - an - bn - Xo bn - an Xo - an bn - an •
Então, use a desigualdade triangular para obter
f(bn) - f(an) _ LI $1 J(bn) - f(xo) _ LI . bn - Xo+
1 ~-~ ~-~ ~-~
+ 1/(xo) - J(an) -LI. xo - Gn
Xo - ªn bn - Gn
$1 J(bn) - J(xo) _ LI + 1f(xo) - J(an) _LI.
bn - Xo XO - an
8. Para o item (a), note que a reta tangente ao gráfico de / no ponto (an, f(an)) tem equação
y - f(an) = /'(an)(x - an); em seguida, faça y = O e calcule o valor correspondente de x. Para
o item (b), faça f(x) = x 2 - a e use o resultado do item (b) do problema 2.1 para concluir que
an+l = an - ( ª~:ª) = ½( an + O:) •
0
em seguida, faça x ➔ xo. Para (c), seja r a reta que passa por A e é perpendicular ao raio OA. A
proposição 60 ensina que o coeficiente angular de r é igual a - ,!i,onde m é o coeficiente angular
de ÕÃ. Mas, como m = /(zo),
xo
temos que o coeficiente angular de r é - ~,x.
/(zo)
Por outro lado,
segue imediatamente de (b) que - if:o) = f'(xo), conforme desejado.
.
10. Para a primeira parte, como o ponto (xo, yo) pertence ao grâfico de f, devemos ter y 0 = J(x 0 ).
Agora, como r tangencia o grâfico de/ em (xo, Yo), seu coeficiente angular deve ser igual a J'(xo);
por outro lado, como r também passa por (a, b), seu coeficiente angular deve ser igual a ~- xo-a
Para o que falta, se uma reta passa por (1, -1) e é tangente à parábola dada no ponto (x 0 , y 0 ),
segue da primeira parte e do problema 2.1 que
%2
Yo= ~
{ Yo - ( -1) = ~ (xo - 1)
506
Portanto, =}+ 1 = !f (xo - 1) e. daí, Xo = 1 ± v'5,Yo= 3
±/ 5.
11. Escolha um sistema cartesiano tal que F(O, ~) e d seja a reta y = -~. Como Q(x,y) E P se, e s6
se, FQ = dist(Q; d), um câlculo simples fornece y = ;; como equação da parábola em questão.
+--+
Agora, sendo P(xo, -~) e Q(x, ;;), conclua, a partir do problema anterior, que PQ é tangente a
P se, e só se,
~ (~x2)
= ~ - (-~)
dx 2p x - xo
ou. o que é o mesmo (cf. problema 2.1), x 2 - 2x 0 x - p 2 = O; sendo o e /3 as raízes dessa
equação de segundo grau, temos A(o, ;;) e B(/3, ~). Por outro lado, o coeficiente angular de
02
+--+ -(-P) 2 2 2.%
AF é m = 2P o-O 2 = ~ ~ 2po = ~.
2 2
2po • ~las • como o - 2xoo - p = O' segue quem= p
+--+ +--+ +--+
Analogamente, o coeficiente angular de BF também é igual a~, de forma que AF = BF ou, o
que é o mesmo, A, B e F são colineares.
SFÇÃO 33
1 Aplique as fórmulas de derivação de somas. produtos e quocientes, em conjunção com os resultados
dos exemplo desta seção e da cção anterior.
2. Para x E (O,+ ), defina h(x) = ifx, de sorte que, pelo exemplo 28, h é derivável em todo x > O,
com h'(x) = ¼x¼- 1 Como g(x) = (ho /){x) e/ é derivável em xo, a regra da cadeia garante que
9 é derivável em xo, com g'(xo) = h'(f(xo))f'(xo) = ¼/(xo)¼- 1J'(xo).
•I Se r = 1;:,com m, n E Z♦ , então /(x) = f/xm. Para x > O, seja g(x) = y'x, de sorte que g é
derivável (pelo exemplo 28). Como x ~ xm é derivável (para x =/=O se m < O) e f(x) = g(xm),
a regra da cadeia garante a derivabilidade de /, com /' (x) = g' (xm) • mxm- l. Então, novamente
pelo exemplo 28, temos
! '( ) = n-1 • (
X X
m)l/n-1
• mx m-1 = m
- • m(1-1)+m-l
n
n
X = T • X
~-1
n = TX
r-1
.
5. Para a primeira parte, derive ambos os membros de (3.22} e, em seguida, divida ambos os membros
do resultado por J(x). Para a segunda parte, derive ambos os membros da igualdade f(x) =
a(x - o 1 )(x - o 2 ) ... (x - an) e, em seguida, divida ambos os membros do resultado por f(x).
6. Escrevendo J(x) = 2+ 7(x-3)- 1 , obtemos, com o auxílio da regra da cadeia, J'(x) = -7(:r-3)- 2,
, JC )(x) = 168(x-3)-
4
com n raízes quadradas. Para n ~ 2, temos fn(x) 2 = x + fn-i(x). Portanto, segue da regra da
cadeia que 2fn(O)J~(O) = 1 + /~_ 1 (O) ou, ainda, 2J~(O) = 1 + f~-l (O), uma vez que fn(O) = 1.
Agora, corno Jf(O) = ½,pode-se utilizar a recorrência acima nove vezes para obter Jf0 (0) = ~g~~
Alternativamente, observando que J~(O) -1 = ½(!~_1 (0) -1), obtemos J~(O) - 1 = 2 n~I (/f (O) -
1) = - 2~, de forma que /~(O) = 1 - 2~.
8 • F~ra
~
indução sobre k. Para o passo de indução, derive x ~ P.1.(:r)
(l+x2)k utilizando a fórmula de
derivação de um quociente, juntamente com a regra da cadeia.
9. Para o item (a), derivando em relação a x com o auxílio da regra da cadeia, obtemo· 4.r3 +.iy3~ =
O; em seguida, faça x = xo e y = Yo para obter J'(x 0 ) = ~(xo)
,..,.
= -~llo = -!, uma vez que .co = 1
e Yo = 2. Para os itens (b) e (c), argumente de forma análoga.
10. Suponha que a reta y = ax + b tangencia as parábolas do enunciado nos ponto de abscissas o r
/3, respectivamente. Então, o-2 =ao+ b e 2 + (/3- 3)2 = a/3 + b, no passo que a= f;.x 2 L=o = 2o
e a = -iz,x2 j (2 + (/3 - 3)2) = 2(/3 - 3)
x=/3
Portnnto 1 o = /3 - 3 e b = a2 - 2o • o = -o 2,
b = 2 + (/3 - 3)2 - 2(/3 - 3) • /3 = -{3 2 + 11, de forma que o 2 = /32 - 11 Resolvendo o sistema
formado pelas duas equações em o e /3 assim obtidos, chegamos a o = ½e f3 = 13 A partir daí, °
calculamos facilmente a = } e b = -!,
de forma que a tangente comum às parábolas é a reta
_ 2X l
Y - 3 - g·
11. Para o item (b), resolva.o sistema formado pelas equações ~ + ~ = 1 e~ - fi = 1, conclumdo
que o mesmo tem soluções graças ao resultado do item (a). Para (c), analisemos o caso em
que P(xo, Yo), com xo, Yo > O (os demais casos podem ser tratados de modo anâlogo). Mostre
(utilizando a regra da cadeia, derivação implícita ou diretamente o resultado do problema 3.2)
que os coeficientes angulares das tangentes a E e 1{ em P são dados, respectivamente, por -~a . ~
yo
b'2
e ã!'1• ~. Conclua, então, que basta mostrarmos que õ'T"ã11•
t,2br2
7a= 1. Por fim, use o resultado
x2
de
(b) para mostrar que essa igualdade realmente é verdadeira.
12. Para o item (b), tome g igual à soma das funções x ~ J(x - xk), onde f ê como em (a).
14. Inicialmente, observe que a1 + 2a2 + · · · + nan = J'(O). Em seguida, utilize o fato de que
1/(x)I $ lsenxl, juntamente com J(O) = Oe o limite trigonométrico fundamental, para provar que
1/'(0)I $ 1.
508
15. Sendo p > O o período de J, mostre que J(k)(p) = J(k)(O), para todo inteiro k 2: O. Conclua que,
para O $ k S n- 1, tais equações fornecem um sistema linear de equações nas incógnitas ccJe(jp),
1 $ J S n, cuja única solução é cos(jp) = 1, para todo 1 S j S n.
16. Inicialmente, verifique que, para x E (a, b), a discussão que precede o lema 35 nos permite escrever,
J(x) J'(a) + ~
g(x) = g'(a) + =~l'
COm
•
llffix-+a ~
x-a e
liffix-+a ~
:r-a = o·
SEÇÃO 3.4
1. Como J' = g' se, e só se, (J - g )' = O, basta mostrarmos que, se J' = O, então f é constante.
Suponha, pois, que J' = O em I, e fixe a < bem I. Como J é derivável em I, temos que J é
contínua em (a, b] e derivável em (a, b). Portanto, pelo TVM de Lagrange, existe e E (a, b) tal que
f(bt~(a) = J'(c). Mas, como J'(c) = O, temos J(b) = J(a), e f é constante em J.
2. Se g(x) = J"(xo)(x - xo), use o resultado do problema anterior para concluir que J' - g é
constante e, daí, que J'(x) = J'(xo) + J"(xo)(x - xo), para todo x E J. Em seguida, se h(x) =
J'(xo)(x - xo) + /"ro> (x - xo)2 , use novamente o resultado do problema anterior para mostrar
que J - h é constante e, daí, que J(x) = J(xo) + h(x) = f(xo) + J'(xo)(x - x 0 ) + f"~xo) (x - x 0 ) 2 ,
para todo x E J.
3. Use a desigualdade do enunciado para concluir que fé derivável, com f'(x) = O para todo x E R.
Em seguida, aplique o resultado do problema anterior.
5. Use o TVI para concluir que f(x) = x 2 - xsenx - cosx tem pelo menos duas raízes reais, uma
no intervalo (-i,0) e outra no intervalo (O,~). Em seguida observe que a derivada de f tem
somente um zero, e aplique o teorema de Rôlle para concluir que a equação J(x) = O não pode
ter uma terceira raiz real.
509
10 Para o item (a), use o TVM de Lagrange duas vezes para obter J(x)-(x-a)f'(x) = - J"(ç)(x-a)2.
para algum ç E (a, x); agora, use a continuidade de J", juntamente com o fato de que J"(a) # O,
para garantir a existência de e E (a, b) tal que J" # O em [a,e). Para o item (b), denote
-(x-a)/'(x) e use a regra d e L'H~
g (x ) = J(x ~x-a)/(x) • l d uas vezes para obt er limz➔a g (x ) = - 2/"(a)
op1ta l'(a) •
11. Aplique a versão usual da regra de l'Hôpital às funções F, G: (O,¾) ➔ IR,dadas por F(x) = !(¾)
e G(x) = g(½)-
12. Aplique n vezes a versão da regra de l'Hôpital dada pelo problema anterior.
= x-++oo
lim J(x) + lim (xf'(x)).
x➔+oo
Logo, limx-++oo(xf'(x)) = O.
14. Use o TVM de Lagrange, em conjunção com o resulta.do do problema 4.11, pâgina 111.
15. Tome, em I \ {xo}, uma sequência {xn)n~l, com Xn ➔ xo. Se Xn > xo {resp. Xn < xo), então,
aplicando o TVM de Lagrange ao intervalo [xo, xn) (r~p [xn, xo]), conclua pela existência de
_ Yn E (xo, Xn) (resp. Yn E (xn, xo)) tal que
(B.l)
Mas, como Yn ➔ xo e Yn # xo, temos por hipótese que f'(Yn) ➔ L. Portanto, segue de (B.l) que
/(xn)- /(:ro) ➔ L. O raciocínio acima mostrou que
Zn-%0
Mostre, argumentando por contradição, que isso é suficiente para garantir que limx-+xo/(z)-/(:ro)
x-xo
existe e é igual a L.
16. Supondo que uma tal / exista, comece escrevendo a relação do enunciado como f(z+~ f(x) <
• 1n,;f>.A partir daí, conclua que J'(x) :5:-1, para todo x > O. Em seguida, use o TV1I de
Lagrange para mostrar que f(x + 1) :5:f(x) - 1, para todo x > O. Por fim, use essa última
desigualdade para mostrar que / deveria assumir valores negativos, o que não é o caso.
510
17. Comece usando o TV1I de Lagrange para mostrar que existe O< ó< 1 tal que 1/(x)I< lxl, para
lxl < ô. Então, obsen·e que 1/'(x) ~ lxl. para lxl <ó.e use novamente o TVM de Lagrange para
mostrar que 1/(x)I ~ lx12 , para lx < ó Itere esse argumento, mostrando que (com o mesmo 6)
1/(x) ~ lxln, para lxl < ô e todo n E N. A partir daí, conclua que J(x) = O, para lxl < ô. Em
seguida. estenda o argumento acima, mostrando que, se f(xo) = O, então existe ô > O tal que
/(x) = O. para lx - xol < ô. Por fim. use o resultado do problema 5.5, página ll9, para concluir
que /(x) = O, para todo x E IR.
SEÇÃO 3.5
1. Considere a função quadrática /(x) = ax 2 + bx -4- e, tal que a > O (o caso a < O é totalmente
análogo). Como /'(x) = 2ax + b e a > O. temos J'(x) < O se, e só se, x < -; 0 e J'(x) > O se, e
só se. x > -fa. Logo.fé decre.-;cente para (-00,-; 0 ) e crescente em (-fo,+oo), de sorte que
.r = - ,! é o único ponto de miiúmo de /, com J (- 2~) = - t.
2. Em todos o itens, aplique o te::;teda primeira derivada. em conjunção com o estudo da primeira
variação. Para o item (a), por exemplo, veja que, para x > O, temos J'(x) = 2 }x~; 3
2~~ 6 ) 2 .
Po1Lanto. x = 73 é o único ponto critico de /. com / crescente em [O, 73]
e decrescente em
[73, + ). Logo, x = 7:i é o único ponto de mâ..ximode f, com / (
73)
= 32 ¼. Agora, observe
3
que /(O) -= O e j('l·) > O pnro .r. > O dt• formn que :r = O é o único ponto de mínimo para/. Os
clc1rnrn,1ten.:;podem :;c1 trntndo~ de modo nnúlogo.
3. lnicinlmente, ob::-crv' que f niio tem ponto:, de máximo ou mínimo global, uma vez que (cf.
exemplo 16) limz-+- /( r) - - e lim.z:-++ f(x) = +co Agora, temos J'(x) = 3x 2 + 2ax + b,
com 6. - 1(a2 - 3b) Se 6. < O, então J'('i:) > O para todo x E IR, de forma que / é crescente em
todn n rct,1. e~= O. então J'(x) =O~ x = -J, e J'(x) > O para x =/-~;portanto, nesse caso
-1 é o úmco ponto crítico de J, mas J ainda é crescente em toda a reta. Por fim, se~ > O, então
J' tem exatamente duru; raízes reais, X1 < x2; ademais, para x < x 1 ou x > x 2 temos J'(x) > O,
enquanto J'(.--c)< O para x1 < x < x2, portanto, f é crescente em (-00 1 x 1], decrescente em
[.r1, .r.2Ie no,·a.mente crescente em [x2, +oo), de forma que x1 e x2 são, respectivamente, pontos
de má."11110 e mim mo local para /.
5 Verifique que APQ ~ DQR, e conclua a partir daí que, se AQ = x, então DR = x(2 - x).
Então. calcule PQ = Jx 2 + l e QR = (2 - x)Jx 2 + 1, de forma que PQR tem área igual a
511
½PQ • QR = ½(2- x)(x + 1). Por fim, estude a primeira variação da função f : (O,2] ➔ IR, tal
2
6. Se A(a:, J(a:)) e A'(x, então, graças a (A.36), a: é o ponto de mínimo da função d: (a, b) ➔ IR
J(x)),
dada. por d(x) = (x - xo)2 + (J(x) - yo)2 . Pelo teste da primeira derivada, temos O= d'(a:) =
2(0: - xo) + 2(/(a:) - Yo)f'(a:), de modo que ou a: = xo e J'(a:) = O (uma vez que P ~ GJ ), ou
a::/: xo e J'(a:) ( 1 ~2~;'º)
= -1. Use, agora, o resultado da proposição 60.
+--+
7. Segue do problema. anterior que AB é perpendicular às tangentes traçadas ao gráfico de f em A
e ao gráfico de g em B; então, tais tangentes são paralelas.
2
8. Se A(a,a
2
) e B(b, 1-(b-3) então AB = (a-b)2+(a 2 -l+(b-3)2) 2 . A condição f'(a) = g'(b)
2
),
2
dá-nos b = 3 - a, de modo que AB = 4a 4 - 12a + 10; portanto, temos que minimizar a. função
h(x) = 4x4 - 12x + 10. O teste da primeira derivada garante que a= ~ é o único ponto de
mínimo de h, e um cálculo fácil garante que, nesse caso, AB =j 10 - 9 ~-
10. Se 8 = BÂD = ADC, ê imediato que O< O< i· Também, AD= a+ 2bcos0 e, sendo h a. altura
de ABCD, temos h = bsen0. Portanto, A(ABCD) =½(AD+ BC)h =(a+ bcos8)bsen8, e
basta. maximizar a. função/ : (O,i) ➔ R, dada por J(8) = (a+ bcosO)senO. Para tanto, use
a relação fundamental da. Trigonometria, juntamente com o item (a) do corolário 72, para obter
f' (8) = 2bcos2 8 + a cos 8 - b e f" (O) = -2b sen (28) - ab sen O. Agora., note que f" (8) < O para
todo 8 E (O,~), e verifique que 8 = arccos (a+Ja52!.@+a) é o único ponto crítico de f. Por fim,
a.plique a versão do corolário 56 a funções estritamente côncavas.
- - OP 2 sen sen{J -2
11. Nas notações do exemplo 57, temos PX • PY = senBseo(:+P+B)· Como OP sena:sen/3 é cons-
tante, concluímos que P X • PY ê mínimo se, e só se, f (8) = sen 8 sen (a:+ /3+ 8) é máximo, onde
/ : (O,,r - a: - /3) ➔ R. Como f ê derivável, o teste da primeira derivada garante que, se existir
um ponto de máximo para f, ele será crítico. Mas, como
/'(8) = cos 8sen (a:+ /3 + 8) + sen0 cos(a: + /3 +O)= sen (a:+ /3 + 28),
temoe que (J é crítico se, e só se, a:+ /3+ 28 = 1rou, o que é o mesmo, se, e só se, 8 = 1r- a: - /3- 8,
quer dizer,se, e só se, OXY é isósceles de base XY. Resta verificar que, sendo OXY isósceles de
bMe XY (ou, o que é o mesmo, sendo 8 = ½(1r- a: - /3) (que é o único ponto crítico de!), temos
..iroeote que/ atinge seu valor máximo. Para tanto, basta notar que, se O< 8 < ½(1r- o - /3),
_..O< a+fJ+28 < 1r, de sorte que !'(8) = sen (o+/3+28) > O;se ½(1r-0:-/3) < 8 < 1r-a-/3,
hl•le 211< G + fJ + 2IJ< 2,r, de sorte que J' (8) = sen (a: + /3 + 28) < O. Logo, a proposição 53
512
garante que fé crescente em (O, ½(rr- o - /3))e decrescente em (½(1r- o - /3),1r - o - /3), de
sorte que 0 = ½(1r - a - /3)é o único ponto de máximo global de /.
12. Fixe um sistema cartesiano de coordenadas tal que A(O,a) e B(l, b), e seja P(x, O), com x E R.
Conclua, com o auxílio da proposição 55, que é suficiente mostrar que a função f: R-+ R, dada
por f(x) = (x 2 +a 2 )((x-l) 2 +b 2 ), tem um único ponto de mínimo global quando l :=;J2(a 2 + b2).
Calcule /(x) = x 4 - 2ix 3 + (a 2 + b2 + l 2 )x 2 - 2a2 lx + a 2 (b2 + l 2 ), J'(x) = 4x 3 - 6lx 2 + 2(a 2 + b2+
l 2 )x - 2a 2 l e f"(x) = 12x2 - l2lx + 2(a 2 + b2 + l 2 ). Em seguida, mostre que f' tem uma raiz no
intervalo (O,l) e examine sob que condições temos J"(x) ~ O, para todo x E IR.
13. Conclua que é suficiente mostrar que a função f(x) = (.r+;r+l, x > o,atinge seu valor mínimo
em x = n. Para tanto, estude a primeira variação de /.
15 Use a desigualdade entre as médias para dois números reais (cf. (A.5)) para concluir que a
f
expressão acima é maior ou igual que f(x + y), onde f(t) = t + + ffepara t > O. Em seguida,
estude a primeira variação da função /.
4
16. Fazendo o - sen e /3 = sen f,
mo.·tre que basta analisar a igualdade /(o) - f(/3), onde
f(x) = (l-~:) 312 . para x E (O,1). E:stude, então, a primeira variação de f.
17. Escreva f(x) - J'(x)- J"(x) + f 111(x) = (f(x)- J'(x)) - :fxU'(x) - J"(x)). Em seguida, aplique
repelidas vezes o seguinte fato: se g é uma função polinomial de grau positivo e k e IR é tal que
g(x) + kg'(x) ~ O para todo x E lR, então g(x) ~ O para todo x E IR. Para provar tal fato, comece
utilizando o resultado do exemplo 16 para mostrar que g tem grau par e coeficiente líder positivo.
Em :seguida, tome (pelo problema 4.10, página 111) xo E IR tal que g atinge seu valor mínimo em
.r.0 e aplique aplique o teste da primeira derivada (cf. proposição 50).
Su;',\O 3 G
1. Para a <bem I e O < t < 1, segue do fato de g ser estritamente convexa que g((l - t)a + tb) <
(1- t)g(a) + tg(b). Agora, como/ é crescente, temos (J o g)((l -t)a + tb) = J(g((l -t)a + tb)) <
/((1 - t)g(a) + tg(b)). Por fim, use o fato de que/ também é estritamente convexa para mostrar
que o mesmo sucede com f o g.
2. Inicialmente, observe que, como f é uma bijeção contínua, o teorema 61 garante que / é crescente
ou decrescente. Suponha que fé crescente (o caso em que fé decrescente é totalmente anâlogo).
Para a< bem I e O< t < 1, temos f((l-t)a+tb) < (1-t)f(a)+tf(b). Faça a= f(a) e /3= f(b),
de sorte que a= J- 1 (a) e b = 1- 1 (/3). Aplicando 1- 1 em ambos os lados da desigualdade acima
e invocando o resultado do problema 4.8, página 47, mostre que (1 - t)J- 1 (o) + t/- 1 (/3) <
/- 1 ((1 - t)o + t/3). A partir daí, conclua que J- é estritamente côncava.
1
513
3. Use diretamente as definições de função estritamente convexa ou côncava, nos moldes das sugestões
dadas aos dois problemas anteriores.
4. Escreva /(.e)= (✓l)+l = -Jf=x+~ e mostre que cada uma das funções t H -,/t, e t H ~t'
1-x vl-x V[
5. Como J"(x) = 6x + 2a, temos J" > O em (-J, +oo) e f" < O em (-oo, -J). Portanto, J é
estritamente convexa em ( -J, +oo) e estritamente côncava em ( -00 1 -J), de sorte que x = -~
é seu único ponto de inflexão.
6. Calculando derivadas, obtemos, com o auxílio da regra da cadeia, f" (x) = (2 - )sen ½- ~ cos ¾. tz
Agora, se n E N e Xn = ..1..,
n,r
então ..1..
Xn
= mr I de modo que J"(xn) = -2mr cos(mr) = ( - 1r+ 1 2mr.
Portanto, J"(xk)f"(xk+1) < O, e o TVI garante a existência de Yn E (xn+l, Xn) tal que f''(Yn) = O
(observe que não precisamos invocar o teorema de Darboux 58, uma vez que f" é contínua em
(O,72)), Verifique que Yn é um ponto de inflexão de/.
7. Veja que g também é duas vezes derivável, com g"(x) = 2/'(x) +xf"(x) ~ O. Em seguida, aplique
o item (a) do teorema 64.
8. Suponha que f é convexa. Fixados x, y E J, mostremos primeiramente que /((1 - t)x + ty)) $
(1 - t)J(x) + tf(y) (*), para todo racional diâdico t E (O,1] (cf. problema 1.3, página 74); para
tanto, façamos indução sobre k ~ 1. Para k = 1, já temos a validade de (*) para t = O, ½ e 1.
Para t = ¾,aplicando a convexidade de / duas vezes, obtemos
J(x)~f(y) + f(y) 1 3
< 2 = 4f (X) + 4f (y),
conforme desejado. Por fim, para t = ¼basta trocar x por y no argumento acima. Suponha,
agora, que (*) seja válida para um certo k E N, todos x, y E / e todo O $ n $ 2k inteiro. Se
t= 2
r+
1 , com O $ m $ 2k+l inteiro, distingamos dois subcasos: (i) m é par, digamos m = 2n:
então t =~'e a validade de(*) segue da hipótese de indução. (ii) m é ímpar, digamos m = 2n+l:
então
m 1 (m-1 m+l) 1 (n n+l)
t= 2k+l = 2 2k+l + 2k+l = 2 2k +~ .
Pondo s = ffe eu= "it1 , temos s, u E [O,lJ e t = ½(s + u). Portanto, segue da convexidade de /
514
e da hipótese de indução que
para t E [O,l]. Por outro lado, mostramos acima que g(t) 2'.:O, para todo t E [O,1} que é um
racional diádico, de sorte que a densidade dos mesmos em [O,1} garante, mediante o problema 5.4,
página 119, que g(t) 2'.:O para lodo t E [O,1}, conforme desejado.
9. Suponha que fé estritamente convexa e fixe a <bem I e O< t < 1. Se e= (1 - t)a + tb, então
a <e< b, de modo que podemos escolher a E (a, e) e f3 E (e, b) tais que e= º'!-
8 . Ademais, sendo
a = (1 - s)a + sb e f3 = (1 - u)a + ub, com s, u E (O,1), mostre que e= ª!p ::::}t = siu. Agora,
use a condição do enunciado, juntamente com a definição de convexidade estrita e o resultado do
problema anterior, para mostrar que J((l - t)a + tb) < /(a);/(/3) ~ (1 - t)J(a) + tf(b).
10. Use as hipóteses sobre f para mostrar que, para x e y positivos e distintos, tem-se :r/(:rJ!:/(y) 2'.:
2
J ( :r;!~ ) 2'.:f (:r!y), com as duas igualdades não ocorrendo simultaneamente. A partir daí,
deduza que g(x);g(y) > g c=!Y)e aplique o resultado do problema anterior.
11. Para o item (a), use a desigualdade do item (b) do problema 2, página 416, para mostrar que
J(ª'tb) $ J(a);J(b) para todos a, b > O, com igualdade se, e só se, a = b. Para o item (b), use
indução sobre n, juntamente com o caráter crescente de /, para mostrar que (ª!bt $ ªn~b"
para todos a, b > O, com igualdade se, e só se, a = b. Quanto a (c), use Trigonometria para
mostrar que, em (O,1r), temos sena + sen b $ 2 sen ( ªt), com igualdade se, e só se, a = b.
Para o item (d), argumente de maneira análoga a (c), utilizando Trigonometria para mostrar que
2 tg ( ªIb) $ tg a + tg b para todos a, b E (O,~), com igualdade se, e só se, a = b.
12. Se x = x 0, nada há a fazer. Senão, aplicando o TVM de Lagrange duas vezes, concluilnos peln
existência de e entre xo e x tal que J(x) - f(xo) = f'(c)(.c - J'o), e d entre e e :ro, tnl que
515
f'(c) - J'(xo) = J"(d)(c - xo). Portanto,
13. Inicialmente, note que a função / : (O,+oo) -+ lR, dada por J(x) = xk, ê estritamente convexa.
Em seguida, aplique a desigualdade de Jensen (3.31).
14. Para o item (b), observe inicialmente que, pelo item (a), podemos supor que O pcrlcnce ao
interior de A1A2 ... An. Sendo a-1 = A,ÔA,+-1 para 1 ~ i ~ n (com An+l = A1), isso garante que
O< O.i < 1r para todo i. Agora, use (3 31), nos moldes do exemplo 72.
15. Sendo a-1 = A,ÔA 1 +1 para 1 ~ i $ n (com An+I = A 1), temo~ O < 0 1 < rr. l\Iostre, agora, que o
perímetro de A1A2 ... An é igual a r E~ 1 tg T; em seguida, note que a função tg: (O, ; ) -+ lR é
estritamente convexa, e aplique (3 31)
16. A lei dos senos fornece a+ b +e= 2R(sen  + sen Ê, sen ê) Agora, aplique a desigualdade de
Jensen (3.31) à função sen: (O,rr) -+ R.
17. Para a primeira desigualdade, aplique (3.31), juntamente com o resultado do problema 6.4, página
189. Para a segunda desigualdade, aplique (3.31) novamente, dessa vez utilizando o fato de que
a função raiz quadrada é estritamente côncava em (O,+oo).
SEÇÃO 3.7
1. Como senx = cos(; - x), temos cscx = sec(; - x). Use, agora o resultado do exemplo 73, em
conjunção com o problema 5.10, página 59.
2. Delineemos sugestões a alguns dos itens de (a) a (h), deixando a análise dos demais itens a cargo
do leitor. Para o item (b), calcule f'(x) = 1- :,re J"(x) = -:rpara concluir que/ é decrescente no
intervalo ( -1, 1), crescente em cada um dos intervalos ( -oo, -1) e (1, ;-oo), estritamente convexa
em (O,+oo) e estritamente côncava em (-oo, O). Também, o resultado do problema 1.11, página
2
137, garante que y = x ê a única assíntota oblíqua de f. Para o item (f), calcule f'(x) = (;,1-_:; ) 2
2
e f"(x) = {~~~ 0 ~) para concluir que x = ±l são os únicos pontos críticos de /, enquanto x = O
e x = ±vÍJ são os únicos pontos de inflexão de f Também, f'(x) > O se, e só se, lxl < 1, de
forma que/ é crescente no intervalo (-1, 1) e decrescente em cada um dos intervalos (-oo, -1)
516
e {l, + ); logo, x = -1 é ponto de mínimo local e x = l é ponto de máximo local. Mas, como
/(-1) = -½, ½
/(1) = e limlxl-++oo/(x) = O, segue que :r = -1 é o único ponto de mínimo
global para /, enquanto x = 1 é o único ponlo de máximo global para /. Agora, no ponto de
inflexão x = O, a tangente ao gráfico de / forma um ângulo trigonométrico de 1 com o eixo
das abscissas, enquanto nos pontos de inflexão x = ±\/'3 esse ângulo é de arctg (-1). Veja
também que /"(x) > O se, e só se, x E (-\/'3,0) U (v'3,+oo); logo,/ é estritamente convexa
em cada um desses intervalos. Também, J"(x) < O se, e só se, x E (-oo, -v'3) U (O,\1'3); logo,
J é estritamente côncava em cada um desses intervalos. Por fim, o eixo das abscissas é a (mica
1
assíntota horizontal ao gráfico de/. Para O item (h), calcule /'(x) = - (~I~=H:2
e f"(x) = 2[)..:irl)
para concluir que / é decrescente em todo seu domínio, estritamente convexa em cada um dos
intervalos (-1, O) e {1, +oo), e estritamente côncava em cada um dos intervalos (-oo, -1) e (O,1).
Também, x = O é o único ponto de inflexão de f e, nele, a tangente ao gráfico faz um ângulo
trigonométrico de - ¾com o eixo das abscissas. Por fim, o eixo das abscissas é a única assíntota
horizontal, com limx-++oof(x) = limx-+-oof(x) = O; as retas x = -1 e x = 1 são as únicas
assíntotas verticais, com liffix-+(-l)- /(x) = -oo, Wllx-+(-l)+ J(x) = +oo, limx-+1- J(x) = -oo e
limx-+1+ f(x) = +oo.
3. Inicialmente, note que, como J'(xo) = g'(xo), a reta r tangencia o gráfico de g (logo, r) em A.
+-+ +-+
Portanto, OA.lr. Para o ilem (a), se f'(xo) = O, então r é horizontal e, daí, OA é vertical. Se
+-+
J'(x 0 ) i- O, então a proposição 60 garante que o coeficiente angular de OA é - /'(~o). Para o item
(c), segue de (x - af + (g(x) - /3)2 = R 2 e da regra da cadeia que 2(x - a)+ 2(g(x) - {3)g'(x) = O
e, daí, 2 + 2g'(x) 2 + 2(g(x) - {3)g"(x) = O. Em seguida, faça x = xo na primeira igualdade, e use
o resultado da segunda parte do item (a), para obter a primeira igualdade do item (c); depois,
faça x = xo na segunda igualdade, e use o fato de que g(xo) = f(xo) e g'(xo) = f'(xo) para obter
a segunda igualdade do item (c). Para o item (e), observe que R 2 = (xo - a) 2 + (f (xo) - {3)2 e
substitua os valores de a- e /3 calculados em {d). Por fim, quanto à segunda parte de (f), observe
+-+
que a condição J'(xo) = g'(xo) garante quer .l AO.
4. Para o item (a), note que f é uma função para. Para o item (b), derive f para obter f'(x) =
sen ½- ¼cos ½-Para (c), observe que sen = O implica cos i- Oe, daí, tgy = Agora,
y-ycos y y y.
dos > O tais que tg = é uma sequência (Yn)n~l, satisfazendo as condições elencadas. Para
y y y
de forma que J'(x) < O para x E (x2k, 2~1r); em seguida, use um argumento análogo para mostnu·
1
que J'(x) > O para x E ( 2k7r+!. ,x2k), de forma que X2k ê ponto de máximo local para/. Então,
2
raciocine de forma análoga para concluir que x 2 k-l é ponto de mínimo local para/. Pt,rn o item
(f), note inicialmente que, como f'(xn) = sen ..L Xn
- ..L
.Cn
cos ..L
.Jn
~ O, temos lf (l·11)I= l:.t,.sen +I
;;i,,
=
1 = 1 cos Ynl; em seguida, aplique a última parte do item (e). Porn (f), conchm inicialmente
1 cos -.L
517
1
\ , 1,1, 1 I\ S1 c;1-:...,l<>I..., \<>..., flH<>l111 \f\-.;
que f'(x) > O para x > x 1 ; em seguida, aplique o limite trigonométrico fundamental para obter
limx-++oof(x) = limy-+O+se;u = 1. Para o item (g), calcule J"(x) = -~ sen ½-Em seguida, para
x > O, note que f"(x) > O (resp. f"(x) < O) se, e só se, sen ½< O (resp. sen ½> O, e resolva tais
inequações. Por fim, para (h), apoie-se nos resultados dos itens anteriores, notando também que
lf(x)I ~ lxl, com 1/(x)I = lxl se, e só se, x = mr~l!, para n E Z. Numa vizinhança suficientemente
2
pequena de x = O, você deve obter um esboço similar ao da Figura B.4. Em seguida, observe
y
0.24
0.20
0.16
0.12
y = xsen {1/x)
-0.2 0.2
-0.12
-0.16
-0.20
-0.24
(cf. Figura B.5) que, para lxl > ¾,o gráfico não exibe o comportamento altamente oscilatório da
Figura B.4.
SEÇÃO 3.8
1. Use (3.36) para obter ti = ¼(v(ti) -vo) (i = 1, 2). Em seguida, escreva (3.35) para t = t1 e t = t2 ,
subtraia os resultados, substitua ti= ¼(v(t,) - vo) (i = 1, 2) e desenvolva.
2. Evidentemente, devemos ter 0 < o < ~. Adote um sistema cartesiano de coordenadas como no
exemplo 77, de forma que os pontos da colina sejam descritos pela equação y = (tg0)x. Segue
de (3.39) que, após o lançamento, o projétil atinge novamente a colina no ponto P(a, b), cujas
 518
- - - - - - - - - - - - - -,- - - -t.8 ------r------ , ------
1 1 1
1 1 1
1 1 1
1 1 1
1 1 1
1 1 1 1 1 1
,- - - - - - -,- - - - - - -1- - - - - -,- - - - - - -i- - - - - - -,
1 1 1 1 1 1
1 1 1 1 1 1
1 1 1 1 1 1
1 1 1 1 1 1
1 1 1 1 1 1
1 1 1 1 1 1
J
3
1
~2
1
~l i "1
1 1 1
1 1 1
1 1 1 1 1 1
1- - - - - - -'-
1 1
- - - - - -1- -
1
--G.5 - - - - - -1- - - - - - -1- - - - - - -1
1 1 1
1 1 1 1 1 1
1 1 1 1 1 1
1 1 1 1 1
coordenadas formam a solução diferente de (O,O) do sistema de equações y = (tg a)x- 2vo/ 062 0 x 2 ,
y = ( tg O)x. Por fim, calcule a = ~ cos2 a( tg o - tg 0) e veja que OP = cC:8 , de sorte que basta
maximizar a função f: [0,rr/2]--► IRdada por /(a)= cos a(tga-2
tgO). Então, utilize o teste
da primeira derivada para concluir que o valor procurado de a ê i + !.
3. Derive (3.41) para calcular v(t) e, em seguida, utilize a relação fundamental da Trigonometria.
A
1
1
ª' 1
1
r
A' , B'
'b
1
B
Figura B.6: a lei de Snell-Descartes.
519
ponto A, incidir no ponto B após tocar a superfície de separação em P. Verifique também que
o tg a + b tg /3 = A' B' (*), qualquer que seja a posição de P sobre r, com P =I=A', B'. Agora.
note que /3 é uma função derivável de a, com /3(0- 1 ) = 0-2, e conclua que vi :osa + 112c~P =
J(a), para alguma função derivável f. Então, invoque o princípio de Fermat para deduzir que
J'(o- 1) = O i.e. que - asen 2°1 - bsenoa
' ' v1 cos 2
01
. f3'(o-
1 ) = O. Por fim, derive{*) em O'= 0-1 para obter
112cos 02
asec 2 0-1 + b{sec2 o-2 )/3'(o-1) = O, e deduza a lei de Snell-Descartes.
SEÇÃO 4.1
1. Adapte a demonstração de que S(f; Q) $ S(f; P) para mostrar o que se pede. Você precisará
utilizar o fato de que inf[x,-i,x') /, inf[x',x,)J 2::inf[x,_1 ,z,J/.
2. Se Pê uma partição do intervalo [a, b), mostre que s(f; P) = S(f; P) = c(b - a).
3. Releia a prova do teorema 5 para checar que limk-++oo(S(f;Pk)-s(f; Pk)) = O. Em seguida, use o
fato de que fé integrável, juntamente com as desigualdades s(f; P1.J$ J;f(x)dx $ S(f; Pk), para
mostrar que os limites limk-++ooS(f; Pk) e limk-++oos(J; Pk)) existem e são iguais a J;J(x)d:,:
4. Se Pk = { a = xo < x1 < · · · < Xk = b} é wna partição é equiespaçada, temos A(!; k) = s(J; P1.)
í
e A(!; k) = S(f; Pk), de forma que, por (6), temos s(J; Pk) < ~:; (1 - r+l < S(f; Pk)- Agora,
faça k ➔ +oo.
5. Para o item (a), faça u = x 2 , v = y2 e desenvolva as expressões assim obtidas. Para o item
(b), faça u = x 1 e v = X;-1 em (a) e some membro a membro as desigualdades assim obtidas,
observando que x 1 - x 1 -1 = b,t. Por fim, para o item (c), faça k ➔ +oo nas desigualdades do
item (b) e use o resultado do problema 1.3.
6. Para 1 $ k $ n, escreva ~
vn • "4-+
y,;:+n
= ¾· Jr:{
1
!+l . Em seguida, se f(x) = ~ e Pn =
vx+l
n
{O,¼,¾, ... , n~l, l}, veja que an = s(J; Pn)- Por fim, use o resultado do problema 1.3 para
concluir o que se pede.
7. Para 1 -< k -< n, escreva n • n2~k2 = ¾• l+ lkn )2. Em seguida, se f(x) = I7.=7 1
+:r e Pn -
{O,¾,¾, ... , n~l, l}, veja que an = s(J; Pn)- Por fim, use o resultado do problema 1.3.
8. Para a primeira parte, use a desigualdade do enunciado para mostrar que o critério de Cauchy
é satisfeito. Para a segunda parte, conclua, também a partir da desigualdade do enunciado,
que limk-Hoo s(J; Pk) e limk-++ooS(f; Pk) existem e são iguais. Em seguida, use o fato de que
s(/; Pk) $ J;f(x}dx $ S(J; Pk) para terminar a demonstração.
9. Para o item (a), adapte (4.6) ao presente caso, observando que, se At/1 = f(x ) em; = J(x'J), então
1
M1 - m; = J(xí) - f(x'J) $ clxí - x'JI $ c(x; - X;-1) = c(b;a>. Para o item (b), mostre primeiro
que E(/; Pk; {) e J:J(x)dx pertencem ambos ao intervalo de extremos s(J; Pk) e S(J; Pk).
520
10. Para o item (a), observe que 2sen (a+ 1h)sen ~ = cos(a + (j - l)h) - cos(a + jh), some de j = O
a J = k e transforme o resultado em produto. Para o item (b), o exemplo 37 mostra que a função
seno é lipschitziana, com constante de Lipschitz e= l. Seja Pk ={a= xo < xi < · · · < x1c =b}
uma partição equiespaçada de [a,b] e faça (nas notações do problema anterior) ç1c 1 = x 1 , para
1 :5j $ k. Sendo h = ~ = x 1 - x 1 _ 1 para 1 :5 j $ k, observe que
= 2 lim - !12
- • sen (b+a
h-+O[ sen ~
--
2
- -h) sen (b-a
2
--
2
+- h)]
2
b+a)
= 2sen ( ~ sen (b-a)
- - = cosa - cosb.
2
11. Inicialmente. observe que, pela densidade dos irracionais na reta, temos s(J; P) = O, para toda
partição P. Agora, dado E > O. fixe no E N tal que no > ¾-Em seguida, se A= {x E [O,1]; x =
';:, com m, n E N e n < no}, mostre que A é finito e use este fato para garantir a existência de
uma partição Po do intervalo [O,l], tal que a soma dos comprimentos dos intervalos de P0 que
contêm algum elemento de A ê menor que ½·Por fim, mostre que S{/; Po) < E.
SEÇÃO 1.2
1. Seja J(x) = xsen(1rx). Se Pn = {O= xo < xi < · · · < Xn = 1} é uma partição equiespaçada,
mostre que an = 1r E(!; Pn;fJ, onde ç é o pontilhamento de P tal que ç1 = x 1, para 1 $ j $ n.
Aplique, agora, o teorema de Riemann.
3. Suponha, inicialmente, que fé crescente, e seja Q ={O= Yo < Y1 < · · · < Yl = L} urna partição
do intervalo [O,L]. Para 1 $ j < k, seja A 1 a imagem inversa de [y1_1, y1); seja também Ak "
imagem inversa de [Yk-1,Yk]- Sendo x 1 = 1- 1(y1), para 1 $ j $ k, mostre que A;= [x1-1,:r 1),
para 1 $ j < k, e Ak = [xk-1,xk]- Em seguida, se P ={a= xo < xi < · · · < x1.;= b}, mostre
que Íia,b) ÍQ = s(J; P). Agora, considere o caso em que/ é não decrescente, e ob erve que o caso
em que f ê não crescente é totalmente análogo.
521
4 Olhe para nmbas as integrais como áreas das regiões sob os gráficos dele 1- 1 , e relembre que o
gráfico de 1- 1 é simétrico ao grâ.fico de / com respeito à reta y = x do plano cartesiano. Então,
reflita a região sob o gráfico de 1- 1 em torno dessa reta e mostre que a união da região refletida
com aquela sob o gráfico de f contém um retângulo de lados a e b.
5 Comece mostrando que, dado t E [O,1], o fato de que f é não decrescente garante que A(R1) é
maior ou igual que a â.rea do retângulo de base [t, 1] e altura l(t), i.e., que
1 1
l(x)dx ~ (1 - t)J(t) ~ J(t) - t.
Então, fixes E [O,1] e faça t = g(s) na desigualdade acima para obter J(g(s))- g(s) ~ 101 f(x)dx.
Por fim, use o fato de que s E [O,1] foi escolhido arbitrariamente para concluir que
1 1
(f (g(s)) - g(s))ds ~ 1 1
f(x)dx.
SEÇÃO 4.3
1. Modifique a função do item (a) do problema 3.12, página 160, tomando, por exemplo, f(x) =
(x - a) 4l 3 sen -x-a'
1
- se x E (a' b]•
2. Fazendo xo = a e Xk+i = b, a proposição 20 garante que 1:f(x)dx = I:J=1 l~1_ 1 J(x)dx. Agora,
observe que, nessa última expressão, a soma das parcelas tais que f > Oem (x3 _ 1 , x3 ) corresponde
a A(Rj), ao passo que a soma das parcelas tais que f < O em (xj-l, x 1 ) corresponde a -A(R"j)
3. A hipótese do problema garante que fi(x) - g1(x) = h(x) - g2(x), para todo x E [a,b].
4. Utilize o resultado da proposição 18, juntamente com os resultados do problema 1.2, página 221,
e do lema 16.
5. Para o item (a), para j E Z+, seja 1, : [j,j + 1] ➔ IR a restrição da função parte fracionâ.ria ao
intervalo [j,j + 1]. Se P = {O= xo < X1 < •· · < Xk = 1} é uma partição do intervalo [O,1] e
y3 = x 3 + n para O~ j ~ k (de forma que Q = {n = Yo < Y1 < · · · < Yk = n + 1} é uma partição
de (n, n + 1)), mostre que s(/o; P) = s(/n; Q) e S(Jo;P) = S(Jn; Q). Para o item (b), utilize o
resultado da proposição 18 juntamente com os resultados do problema 1.4, página 221, e do lema
16.
6. Inicialmente, use a linearidade da integral para mostrar que é suficiente considerar o caso em
que / = O. Nesse caso, se existe xo E (a, b] tal que g(xo) > O, use o lema 48 para mostrar que
1:g(x )dx > O.
7. Use a linearidade da integral para obter - 1;ll(x)ldx ~ 1:f(x)dx ~ 1;11(x)ldx. Em seguida,
conclua o que se pede a partir daí.
522
SH,'.\O 1. 1
8 Adapte, a esse caso mais geral, a análise do caso em que J = g em [a, b), feita no texto.
9. Para a primeira parte, use o resultado do problema 1.4, página 221, juntamente com a proposição
20. Para a segunda parte, use o resultado da proposição 12.
11. Se A1 > O ê tal que 1/(x)I ~ Pvlpara todo x E [a, b], então
13. Considere primeiro o caso em que f ê positiva, e interprete ( f(a)if(b)) (b - a) e 1:J(x)dx como
áreas. Para o caso geral, observe que trocar f por / + e equivale a somar e a ambos os membros
da desigualdade do enunciado.
SEÇÃO 4 4
1. Para o item (a), use que cos2 t = ½(1+ cos(2t)); para (b), use que cos t = 1- 2 sen2 ½;para o item
(c), integre por partes; para o item (d), use a substituição x = t- l, juntamente com o fato de que
7t = c 112 = -9t( w;);para (e), use a substituição X= sen t; para O item (f), use a substituição
X= ../i.
2. Para o item (a), integre por partes; para (b), integre por partes duas vezes; para (c), faça a
substituição y = 1 + x 3 ; para (d), use integração por partes, juntamente com o resultado do item
(c); para (e), faça a substituição x = sen t e, em seguida, integre por partes; por fim, para (f),
opere a substituição x = t 2 e, em seguida, integre por partes.
3. Para a primeira integral, sem# n, escreva sen(mx) sen(nx) = ½(cos(m - n)x - cos(m + n).r); se
m = n, use que sen 2nx = ½(1- cos(2nx)). Para a segunda integral, argumente de modo análogo.
523
4. Em ambos os casos, utilize (4.25). Adicionalmente, para o item (a), observe que x H jx 312 é
uma primitiva de x H vx
em [O,+oo); para o item (b), note que x H tgx é uma primitiva de
2
.i; H sec x, em(-;,;).
5. Em ambos os casos, escreva J\ J(x)dx = f~a J(x)dx + J; J(x)dx e, para a primeira integral, use
a substituição x = -t.
6. Para a primeira integral, observe que a função seno é ímpar e aplique o resultado do problema
anterior. Para a segunda, argumente de modo análogo.
8. Comece tomando uma primitiva F para/ e calculando a integral com o auxílio do TFC.
9. Se F(x) = J;+P f(t)dt, use o resultado do problema anterior para mostrar que F' é identicamente
nula.
10. Faça f(x) = mx + n, calcule J;(mxn)dx com o auxílio do TFC e, em seguida, verifique que o
resultado coincide com as fórmulas para a área de um triângulo retângulo (se / se anular em
x = a ou x = b) ou para a área de um trapézio retângulo (se / for positiva em [a, b]).
11. A(r) = 2A(R1) = 2J!:nf(x)dx = 2f~R JR 2 - x 2dx. Para calcular a última integral, use a
substituição trigonométrica x = R cos t, com O $ t $ 1T.
12. Se 0(0, O) é o centro da elipse e AA' é seu eixo maior, com A(-a, O) e A'(a, O), então a equação
da elipse é~+~= 1. Se f: (-a,a) ➔ IRé a função dada por /(x) = bJ1 - ~, mostre que a
área da elipse é dada por 2 f~a f(x)dx. Em seguida, use a substituição trigonométrica x = a cos t,
com O $ t $ 1T, para calculá-la.
13. Sendo F uma integral indefinida de / e a < x < y < b, use a interpretação de J(t) dt como JI
área e a monotonicidade de/ para comparar as diferenças F(y) - F (:z:1y) e F (:z:1y) - F(x).
14.. Note primeiro que /(a) = a e J(b) = b. Portanto, aplicando sucessivamente as fórmulas de
integração por substituição e por partes, obtemos
b ,:r=b 1b
= xf'(x) dx = xf(x) _ - f(x) dx
1a :r-a a
= b2 - a2 -1b f(x)dx.
524
15. Suponha que g é crescente (o caso em que g ê decrescente é análogo). Sejam /,1 < 12 < ••• < t,c
os pontos do intervalo [g(c), g(d)] nos quais f ê descontínua, e e :5 si < s2 < • •• < Bk :5 d tais
que g(s 1 ) = t1 , para 1 :5 J ~ k. Se / 1 : [t1 , t 1+1J ➔ IR é tal que !1 = f em (x1 ,x 1 +1), / 1 (xF) =
limx--+x,+f(x) e J1 (x 1+i) = limx-+x,+i- f(x), então / 1 é contínua. Use o lema 16, juntamente
com o teorema 35, para concluir que J/ ,1 +1 J(t)dt = fa",+]
1
f(g(s))g'(s)ds, para 1 :5 j < k, e,
analogamente, J;(c) f(t)dt = J;1f(g(s))g'(s)ds e f,:<d)J(t)dt = J! f(g(s))g'(s)ds. Por fim, some
tais igualdades para obter o resultado desejado.
1ran
1
o
1 J(x) sen (1rx)dx < n! 11 f(x) sen (1rx)dx <
o
11
o
sen (7rx)dx = -2
1T"
< 1.
SEÇÃO 4.5
1 Para o item (a), observe (cf. Figura 4.9) que, após r rolar para a direita por t radianos a partir
de O, o ponto de tangência entre r e r serâ o ponto T(t, O) e o centro de r será o ponto A(t, 1).
Por outro lado, o ângulo LTOP, medido no sentido horário, será igual a t radianos. Como
BÂP = ~ - t (no sentido anti-horário), é imediato que
3 3
x(t)=t+cos( ;-t) =t-sent, y(t)=l+sen ( ;-t) =1-cost.
525
Para o cálculo da última integral, veja o item (b) do problema 4.1, página 259.
4. Aplique o resultado do problema anterior às funções /, g : [-R, R] ➔ IR, dadas por f(x) -
d + JR x e g( x) = d - J R
2
-
2
x2. 2
5. Dada uma partição P = {a = x 0 < x 1 < • • • < Xk = b} de [a, b], seja n 1 o retângulo de base
[Xj-1,xj] e altura /(ç1 ), com ç1 E (x1 _ 1 ,x 1 ), de sorte que podemos aproximar seu baricentro
pelo ponto G;(çj, ½f(ç1)). Sendo p a densidade superficial de massa de n (a qual, de acordo
com a discussão que precede o enunciado, supomos constante) e m 1 e m as massas de n 1 e
'R, respectivamente, temos m 1 = pf(ç 1 )(xi - x 1 _ 1) em = p J; f(x)dx. Segue de (4.40) que
r:;=lm;(ç;-xc, ½J({;)-yc) = (O,O)ou, ainda, r:;=m ç -r:;=m xa = Oe½ r:J=l m f(f,
1 1 1 1 1 1 1 )-
L;=lm yc = O. Nessas igualdades, substitua as expressões para mj, me use quem= r:;=m
3 1 1;
em seguida, faça IPI➔ O para concluir, com o auxílio do teorema de Riemann 7, o que se pede.
6. Inicialmente, recorde (cf. (A.35)) que o ponto de interseção das medianas de ABC ê (ªjb, ~).
Em seguida, mostre que J; f(x)dx = ª2h, f 0ª xf(x)dx = ª2h (ª1h) e ½f 0ª f(x) 2 dx = ª2h • ~-
7. Adapte, ao presente caso, a sugestão dada àquele problema. Você deve chegar às fórmulas
2
J; x(f (x) - g(x))dx ½J;U(x) - g(x)2)dx
xa - e YG = b
- J;U(x) - g(x))dx fa (J(x) - g(x))dx
2
rb ½I:U(x) -g(x) 2 )dx
8. Use que A = Ja (f(x) - g(x))dx, d= YG = J:(J(x)-g(x))dx e (de acordo com o problema 5.3)
2
V= 1r J;U(x) - g(x)2)dx.
10. Pelo teorema de Pappus, o volume do toro em questão ê 21r• 1r R 2 • d = 21r2 Rd.
11. Como na sugestão ao problema 5.5, dados [c,d] e (a,b) e uma partição p ={e= xo < x 1 <
... < Xk = d} de [e, d], seja 91 a porção do gráfico situada entre os pontos de abscissas x 1 _ 1 e Xj,
de sorte que podemos aproximar seu baricentro pelo ponto (ç /(ç com ç E (x x ). Use
1
1
,
1
)),
1 1
_
1
,
14. Aplicando a versão do teorema de Pappus dada pelo problema anterior, juntamente com O resul-
tado do exemplo 49, concluímos que 41rR2 = 21r• 1r Rd.
526
S1-:c;.\<
> 1.(i
=
15. Considere as funções J, g: [-R, R] , IR, tais que J(x) =d+ J R 2 - .r2 t• g(.r) d - J f(J. - x 2,
para x E [-R, R]. Em seguida, aplicando o resultado do problema 5.13, conclua. q,w a área. do
toro é 21r • 21r R • d.
SEÇÃO 4.6
1. Como y = log<=>x = aY, temos log0 x • log a = y log a = log aY = log e, daí, log0 x = I@:~;
0 x .e
por outro lado, o teorema 27 fornece log~ x = 1Jy) = alil~ga = xl~ga. Agora, o item (a) segue
da primeira parte de (4.50), uma vez que log e = 1. O item (b) segue da segunda parte de
(4.50), posto que log0 é crescente <=>log~ x > O para todo x > O <=>:tl~a > O, para todo
1
x > O<=>Ioga> O, para todo x > O<=>a> 1. Quanto a (c) e (d), temos loga(xy) = ,6~2;') =
Ioga =
logx+logy oga + ~
j°sx logO= loga x + loga y e loga e= /ogc
oga = Jog
0
s 6• /ogb
oga = logb e· loga b. Por fim ' (e)
segue imediatamente de (d).
2. Suponha que log 10 2 é racional e chegue a uma contradição ao teorema fundamental da aritmética.
3. Tomando logaritmos naturais, conclua que basta comparar os números ¼ e 1°!,r. Para tanto,
estude a primeira variação da função f : (O,+oo) ➔ IR dada por J(x) = l~x, mostrando que
x = e é seu único ponto de rnâximo global.
1
4. Tomando logaritmos naturais, mostre que basta analisar as soluções a,b E N da equação º!ª =
10
:b. Para tanto, proceda como na sugestão dada ao problema anterior.
6. Se f(x) = xlog(l +
- comece mostrando que é crescente. Em seguida, escreva
x), f f(x) -
7 Utilize o resultado dos problemas 4.8, página 259, e 4.1, página 166, para mostrar que a função
J: (O,+oo) ➔ IR, dada por J(x) = fi/x i~~~dt,é constante. Em seguida, observe que f(l) = O.
8. Basta observar que, como log é crescente e x!u ~ y'xy para todos x, y > O, temos log ( x!y) >
log y'xy = 1ºS x!log U, ocorrendo a igualdade se, e só se, x = y.
10. Aplique a desigualdade de Jensen (3.30) à expressão log ( 0; + b;), observando que, se t = },
então t E (O,1) e 1 - t = ¼·
11. Use a convexidade estrita da função J(x) = x log x, x > O, juntamente com a desigunklt\de de
Jensen (3.30).
527
13. Como f"(x) = ex+ 6ax, queremos encontrar os a < O tais que ex+ 6ax tenha uma única rajz
real. Raciocinando geometricamente, conclua que basta encontrar os a < O para os quais a reta
y = -6ax tangencia o grãfico de x i--+ ex. Por fim, use o resultado do problema 2.10, pâgina
149 (com (a, b) = (O,O)) para concluir que, sendo (x 0 , exº) o ponto de tangência, devemos ter
exo = -6axo e -6a = f;ex 1 = exo.
x=xo
16. Estude a primeira variação de / para concluir que x = a~b é seu único ponto crítico. Em seguida,
use o teorema de Weierstrass 53, capítulo 2, para concluir que tal ponto é de máximo global.
18. Certamente, x = 2 e x = 4 são raízes. Para mostrar que há exatamente três raízes reais, comece
esboçando os grãficos das funções x H x 2 e x i--+ 2x; em segmda, use o TVI para mostrar que
.., existe xo E (-2, O) tal que x~ = 2xo. Por fim, para mostrar que x 0 é irracional, argumente por
contradição.
19. Pela continuidade da função log, basta mostrar que limx-++oox log (1 + i) = a ou, ainda (fazendo
y = ¾), que limy-+O+log(IY+ay)= a. Para tanto, use a regra de l'Hôpital.
22. Para a segunda parte do item (a), use a regra da cadeia, juntamente com o fato de que fxex =
ex. Para o item (b), use que cosh" x = coshx > O, coshx = e"'+ 2
e-"' ~ ✓ez. e-x = 1 e
limz-++oocoshx = +oo. Para o item (c), mostre que senh'x = coshx > O e senh"x = senhx,
com senhx > O se, e só se, x > O. No item (d), você deve obter algo similar à Figura B.7.
Para o item (e), se k(xo) denota a curvatura em questão e /(x) = cosb x, conclua, a partir do
problema 7.3, página 198, que k(xo) = (1+s~C::2;;,)J/2 = co::>~-xo.
Por fim, para o item (f), pondo
/(x) = coshx, temos ~!x;;-
J'(x) 2 = coshx, de forma que, por (4.34), o comprimento desejado é
Jtºcosh x dx = senh J.'lr=O = senh xo.
 528
Su:.\o 1.,
coshx
~
~
\
\
''
''
X
r1 {eo:,ht
A = lo (tanh t)x dx + li {(tanh t)x - J x2 - l)dx
1
= -senh t • cosh t - -11t (cosh{2s) - 1) ds t
= -.
2 2 o 2
2 J. Escreva x>-log x = - 1~\Y , onde y =½.Em seguida, adapte a prova do teorema 57 ao presente
caso para concluir que limy-++oo~
y = O.
25. hucíalmente, observe que /(1) = log(3e/8) > O, uma vez que {4.44)) 3e > 8. Agora, escreva
f(x) = log (r;~{
2
) - log (1+ ½r+ 1 para = O, e conclua que é
concluir que limx-t+oo/(x)
suficiente mostrar que J'(x) < O para x ~ 1. Para o que falta, calcule J'(x) = :z:+
1
172
+ log (x~i),
f"(x) = zl~:z:- z2+;+ 1; 4 e conclua que /' é crescente, com limx➔+oo f'(x) = O.
SEÇÃO -1.7
1. Para o item (a), proceda como no exemplo 61; para {b), observe que o integrando é da forma 7C:));
O mesmo em relação a (c), se notarmos inicialmente que 1!:z:2 =½ c~,l' + l~.r); para {d), integre
529
por partes duas vezes; para (e), escreva 1 )e"'= e-=~:
1 e observe que essa última expressão é, a
menos de sinal, da forma ~gl;
por fim, para os itens (f), (g) e (h), use a técnica de decomposição
em frações parciais, nos moldes do exemplo 66.
J
2. Para n E Z+, seja an = 01 xne-x dx, de sorte que a0 = 1 - e- 1 . Integre por partes para obter
ak = -e- 1 + kak-l, para k E lR. Em seguida, utilize essa recorrência, juntamente com o valor de
ao, para calcular sucessivamente a 1 = 1 - 2e- 1 , a 2 = 2 - 5e- 1 , a3 = 6 - l6e- 1 , a4 = 25 - 65e- 1
e as = 120 - 326e- 1 .
3. Para a segunda parte do item (a), use (4.52). Para o item (b), use o resultado de (a), juntamente
com o TFC. Por fim, para o item (c), temos J sec3 t dt = J sec t(l + tg 2 t)dt = J sec t dt + J( tg t •
sect)tgtdt = -loglsect- tgtl+ J sec't· tgtdt = -loglsect- tgtl+sect• tgt- Jsect· tg'tdt
4. Vimos, no exemplo 44, que f = J;1"ctan{ 2b) sec3 t dt, onde f o comprimento em questão. Pa.rn
calculá-lo, aplique a fórmula do item (c), observando que, se a- = arctg (2b), então tg a = 2b e,
daí, seca-= J1 + tg 2 a- = ✓1 + 4b2 .
5. O item (a) segue imediatamente de (4.33). Para o item (b), use o fato de que a 2 = b2 + c2 1
b2:r2
juntamente com a relação fundamental da Trigonometria., para escrever 1 + 02 (a'Lx2) = 1 +
2 2
b 2 cos t
a sen2t
=
2 2 2
a sen t+b cos t
a2sen2t
2
= 2 2 2
b ~c sen t
a sen2t
= (-b-)
ascn t
2
(1+ (c)2 sen2t) •
l)
7. Para a terceira igualdade, use integração por decomposição em frações parciais. Para a última
parte, observe que
1 - tg ½ cos ½- sen ½ t
( cos 2 - sen 2t )2 1 - sent
1 + tg ½ = cos ½+ sen ½ cos2 -2t - sen2-2t = cos t = sec t - tg t.
8. Para a primeira parte, comece operando a substituição x = a cos t; em seguida, opere as substi-
tuições utilizadas no problema 7.6. Para a segunda, observe que, nesse caso, temos R(x, y) = ~
e a = 2, de forma que, após o emprego das substituições de variáveis sugeridos, obtemos o inte-
grando
2 4s
R (2(1 - s ) 4s ) 4 _ ~ 4 2s
1 + s2 ' 1 + s 2 (1 + s 2) 2 - 2{1-s 2 )) 3 • (1 + s 2)2 = (1 - s2)3 •
( l+s 2
530
SEÇÃO 4.8
l. Para o item (a), use o resultado do item (b) do problema 7.3, página 298 Para (b), aplique o
critério de comparação para integrais impróprias, juntamente com o fato de que le- 1senti ~ e-t,
para todo t E lR. Para o item (c), observe que l~t ➔ O quando t ➔ O+ e aplique o critério
de comparação para t ➔ 1-. Por fim, o item (d) segue do fato de que a função arctg é uma
primitiva de l~t 2 .
4. Por definição, temos r(½) = J0+00 e-tt- 112 dt. Então, opere a mudança de variável s = t 112 e
aplique o resultado do problema 8.2.
5. É suficiente mostrar que a integral imprópria em questão converge absolutamente. Para tanto.
comece utilizando o resultado do problema 6.24, página 288, para concluir que existe A > O tal
que d j log ti $ A, para O < t $ 1. A partir dai, observe que
1
1
e-te:-l l log ti dt = 1
1
e-ttJ-l. d l logtl dt < A 11
e-tt½- 1 dt.
6. Para o item (a), integre sobre I a desigualdade de Young (cf. problema 6.10, página 2 6),
obtida a partir de a = J(t) e b = g(t). Para o item (b}, comece observando que podemos
supor que Jt
f(t)P dt > O e J!
g(t)q dt > O. Em seguida, faça /i = / /A e g 1 = g/ B, onde
1 1
A= (J!
f(t)Pdt)1 P e B = (Jt
g(t)qdt)1 q; por fim, mostre que fi(t)Pdt = Jt
g 1 (t)qdt = 1 Jf
e aplique o resultado do item (a).
i,
7. Para o item (a), comece observando que, ses = então 1 - s = ¼; em seguida, tome logaritmo:s
em ambos os membros de (4.74}, utilizando o fato de que log ê crescente. Para o item (b), nplique
531
1
a de-igualdade de Holdcr a /(t) = e-tfpt r; e g(t) = e-tfqt9. Por fim, para o item (c), conclua
A partir dos itens (a) e (b) e da proposição 63 que log r é contínua; em seguida, observe que
f = elogr_
SEÇÃO 4.9
2. Para o item (a) adapte, ao presente caso, a demonstração do lema 78. Para (b), adapte a
demonstração do teorema 79. Por fim, para (c), adapte, ao presente caso, a demonstração do
corolário 80.
3. Para o item (b), segue da segunda lei de Newton que F = ma = mv' Para o itens (c) e (d).
repasse a discussão que levou a (4.80). Por fim, para o item (e), faça t ➔ +oo na fórmula do item
(d).
4. Para os itens (b) e (c), revise a definição de fator integrante, assim como os cálculo que lcvanlln
a (4.79).
5. Para o item (c), substitua y = l 1v1 + l2v2 em (4.87). observando que, pelo lema 79, u1 e u2
satisfazem a equação y" + ay' + by = O. Para (d), observe que o sistema do enunciado é linear,
nas incógnitas l~ e l2. Resolva-o com o atLxílioda regra de Crnmer para sistemas lmeares e, cm
seguida, aplique o TFC para obter li e l2 a partir de t; de l2. Por fim, para a primeira parte
do item (e), desenvolva o determinante, derive a expre~ão assim obtida e, em seguida, utilize as
relações v~'+ av: + bv, = O para simplificar a expressão assim obtida.
6. Comece resolvendo a equação y" + 4y = O. Em seguida, aplique os resultados dos itens (b) a (e)
do problema anterior.
SEÇÃO 5.1
1. Inicialmente, mostre (por indução, por exemplo) que I::~:~ªkª 11c+1 = :;~!.para todo inteiro n > 1.
Em seguida, faça n ➔ +oo, observando que an = a1 + (n - l)r.
2. Faça Sn = "'"
L..,k=l or
2k-l e, em segw'da, most re que
Agora, use os resultados do exemplo 12 e do problema 24, página 85, para concluir que sn ➔
....!L. + ~ quando n ➔ +oo
a- 1 \a-,r 1
532
1
3 • Pvse que ªn+J 1 1
= ª" - an+l para todo n E N.
4. Inicialmente, note que Jk + Jk 2- 1 < /2f, de forma que Ek2:l Jk+~ > Ek2:l v1'k' Agora,
como 7n2: ¼para n 2: 1, use o teste da comparação para mostrar que a série dada diverge.
5. Mostre inicialmente que n 3 - lO00n2 > (n - 500)3 para todo ri suficientemente grande; em seguida,
use o teste da comparação, juntamente com a convergência da série Ek>SOO (k _r),o)3 72 •
1
6. Seja r > O a razão da PA. Para o item (a), temos 0 " = ai+(!-i)r > 2(n.:l)r se k > 7 + 1. Para o
•item (b) , temos _1
ª 2" -- ai+( 21"-l)r < (2"-l)r
l 1
$ 2n-lr· A p1"
1que, agora, o leste da comparaçao.
-
7. Observando que ak $ 9 para todo k 2: 1, use o teste da comparação para mostrar que a série
Ek2:l ~ converge. Agora, denotando por x o valor de sua soma, observe que, para n 2: no,
temos x - E~=l ~ = Ek2:no+l fã\ $ Í:k2:no+l ~ = 10~0•
8. Para a primeira parte, suponha que, para algum x E (O,1), tenhamos x = O,a1a2a3 ... =
O,b1 b2b3.. . , com an -:/=O para infinitos valores de n e bn f:. O para infinitos valores de n. En-
tão, rc;< Í:k2:l ~ = Ek2:l $!8r fli t
+ Í:k2: 2 ~ = b 11 , de forma que a1 $ b1. Analogamente,
1
mostre que a1 2: b1, de sorte que a 1 = b1. Em seguida, argumente de modo similar para esta-
belecer, por indução sobre n, que an = bn, para todo n 2: 1. Quanto à segunda parte, defina
f(x) = (y, z), com y = O,a1a3a5 ... e z = O,a2a4a6 ... se x = O,a1a2a3 .. .. Em seguida, use a
discussão do problema anterior para garantir que f está bem definida e que é uma sobrejeção.
10. Use o teste da comparação, juntamente com o fato de que Janan+l < ½(an + an+i) para todo
n EN.
a+
2
mostre que Fn 2: an, para todo n 2: 3, onde a-= min{ .e,'2,víJ,1+2../s}. Por fim, note que o> 1 e
aplique o teste da comparação.
15. Para o item (a) (a prova do item (b) ê anãloga), seja q = ~ E (O,1) e tome no E N tnl que
v'an < q para n > no ou, o que é o mesmo, an < q11 para n > no. A partir dtú, adnpte n
argumentação do final da prova do teste da razão.
533
-
\ l 'I \ 11ft 1 1\ St < ;1-:---1 <)) ..__\( '"' l 'J{( 1111.F\I \"-
16. Parn o item (b), pela definição de série convergente é suficiente mostrar que a sequência (xn)n~I,
dada para n ~ l por Xn = a 1b1 + a 2 b2 + ... + anbn, é convergente. Como sabemos, isso é o
m~mo que mostrar que ela é uma sequência de Cauchy. Assim, sejam me n números natural,
com m > n, e tome A,/ > O tal que !skl < A,J para todo k ~ l. Segue da identidade de Abel e da
desigualdade triangular que
m-1
lxm - Xnl = 1 L S1(bibi+1)+ Smbm - Snbnl
i=n
m-1
~ L lsil(bibi+1) + lsmlbm+ lsnlbn
i=n
17. Nas notações do problema anterior, troque ak por (-ll e bk por ªk·
18. Para o item (a), adapte, ao presente caso, a demonstração do teste da integral.
19. Para o item (a), argumente geometricamente para mostrar que, se 2l1r- ~ < n < n+ 1 < 2l7r+ i,
i
então 2l7r+ < n + 2 < 2l71'+ 5;, e se 2l71'+ s; < n < n + 1 < 2l71'+ 1;, então 2l71'+ 1; < n + 2 <
2l1r+ ll1r Para o item (b) 1 conclua a partir de (a) que jsennj + jsen(n+l)I + jsen(n+ 2 1 > 1 Em
6 • n n+l n+2 - 2(n+2) •
seguida, use a divergência da série harmônica para concluir o que se pede. Por fim, para o item
' Jk,r
I I
(c) para cada k E N mostre que r(k+l)7r sen t dt > rCk+l)r.-f sen t dt > ____lfl_
t -
. 2" Em seguida
Jk11"+{
I I t - ~ 6 • 1
conclua o que se pede a partir da divergência da série harmônica. (Por que não ê possível utilizar
o teste da integral?)
20. Para o item (a), estude a primeira variação de f(x) = (1 - x)e 2x no intervalo [O,½]-Para o item
(b), use o teorema fundamental da aritmética (cf. último parágrafo da introdução à seção A.l).
O item (c) segue dos itens (a) e (b), juntamente com o fato de que 1 + .l. + ::\-+ ... = (1 - ..1.)-l.
Pk Pk Pk
Por fim, para o item (d), use a divergência da série harmônica.
SEÇÃO 5.2
1. Para o item (b), use o resultado do item (a), juntamente com o teorema 20, para obter e -
E~=l ir,= Ek~lO ~ 1i>rir
E 1 ~0 1~; = 10 ~0! < 2.;11 < 10-
1 6
• Para o item (c), segue de (b) que
e ~ E2=l tr,
com cinco casas decimais corretas.
2. Comece observando que a série Lk~O (-N" é absolutamente convergente. Em seguida, faça a =
E1t~o~ e use que e = Lk~O ;h,juntamente com o teorema 18, para concluir que ae = 1.
534
4. Use a fórmula de Stirling para obter
(
(k+l)n) ~-1- ✓k+l(k+lt(l+~)kn_
n J2rn k k
Agora, observe que k > an ⇒ k --+ +oo quando n --+ +oo.
5. Para o item (a). por um lado, temos J'(x) = --:z- x~I + ½ = --:z- x(x~l) < O, de sorte que
J é monótona decrescente; por outro, limx➔+oo J(x) = limx➔+oo {½- log (1 + ½))= - log 1 = O.
Para (b), dado x > 1 e utilizando o resultado do problema 6.5, página 286, juntamente com o
teorema 59. obtemos
+ {t log t - t) 1:::
6 Como O $ cos x $ 1 para x E [O,i], temos {cos x t+l $ (cos x r, para todo n 2::'.o. Portanto,
/ fc"12 (cosz)"+ 1d.:r
T = n
0,.72
fo (co x)"d.:r
$ 1, para todo n 2::'.O. Por outro lado, vimos no exemplo 34 que ln+l =
J 1 J /
....!LJ
n+l n-1,
para todo n -> 1. Portanto ,
1>
-
~
J,.
= ~ln 1
"±
n-l ln-2
1
= n
n 2 -l
2
• ..!!.:::.!.>
ln-2 -
n-•
In-'l'
de sorte que
n
Portanto, fazendo n = 2k --+ +oo, obtemos f1 = fõ 1 ou, ainda, f 0 f 1 = 1. Mas, como 11!• $ 1,
segue prontamente que fo, f1 $ 1. Logo, 1 = fof1 $ 1 • 1 = 1, o que nos dá lo = f 1 = 1. Por fim,
- • (/'lk-1)
como am bas as sequencias -r--
2 2
e (_fu..__)
12,,,,_, convergem para 1, cone 1mmos
• que a sequencia A •
( ~)n-1 n~l
converge para 1.
SEÇÃO 5.3
l. Use a versão (5.12) da fórmula de Taylor de J, centrada em xo, juntamente com o fato de que
J" 2::'.O (cf. item (a) do corolário 65).
2. Suponha que JCn)(xo) > O (o outro caso é anâlogo). Como JCn) é contínua e I ê aberto, podemos
tomar um intervalo aberto J C I, centrado em xo e tal que JCn)(x)> O, para todo x e J. Fixado
x E J \ {xo}, (5.11) garante a existência de e entre xo ex tal que f(x) = J(xo) + t<•;:fc)
(:t - :ro)".
Conclua que f(x) > f(xo)-
535
3. ~lostre que, se f(t) = Jl + k sen 2t para O $ t $ 1r, então f"(t) = kf~~k~;~)trr'lt). Em seguida,
observe (4.68), substitua a fórmula para / em ambos os membros da desigualdade do teorema 25,
observando que 1/"(t)I $ k(k + 1) para O $ t $ 1r.
6. Seja p(x) = amxm + ªm-ixm-l + • • • + a 1x + ao e suponha que am > O (o outro caso pode sei
tratado de modo análogo). Pelo exemplo 16, podemos tomar A> O tal que p(x) > O para x > A.
Então, para x > A, aplique (5.16), com n = m + l, para obter o resultado desejado.
7. Para o item (a), como /(/3), f'(/3) > O, temos claramente , < /3, agora, use o resultado do
problema 3.1 para concluir que /(,) ~ O, de modo que , ~ o. Para (b), use o resultado
de (a) para mostrar que (an)n~l é monótona decrescente e ª" E [o, a1J, para todo n ~ 1, de
forma que existe e E [o, a 1] tal que ª" -t e quando n -t +oo; em seguida, faça n -t +oo
na recorrência que define (an)n~l para concluir que e = a. Para (i), use (5.12) para obter
/(o) = J(an) + J'(an)(cx - an) + ½J"(<n)(o - an) 2, para algum {n E (o, an)- Para a igualdade
em (ii), utilize a recorrência satisfeita pela sequência (an)n~ 1 ; para a desigualdade, use que /' é
crescente. Por fim, para a primeira parte do item {ili), use o resultado de (ii); para a segunda
parte, faça indução sobre n, observando que O$ an - o$ d - e
SEÇÃO 5.4
L (1 +xx2)k -
k~l
1 n:x:
- 1+~2
~
X
- --=----
x 2 - X+ 1 •
536
~ ~ ~
Af
11 21 -1
a2J-1 •
= c21 _ 1)' para J 2: 1, temos que wk'2:,0 Ah = w;'2:,l /1121 -1 = wj'2:,l {2;-J)I
a2J-I
= scnh a < +oo.
Novamente, o M-teste garante a convergência uniforme no intervalo [-a, a]. Por fim, parn a sfaie
de Taylor do cosseno, argumente de modo análogo.
3. Para a não uniformidade da convergência, mostre que, para todo n E N, o valor máximo de fn é
e- 1 Para calcular J; f n(x) dx, integre por partes.
4. Para o item (a), observe que, para O < x < 1, temos que xn --2:.+
O. Para (b), integre por
0
1
partes para obter J fn(x) dx = -e- + n 1
f 1
0 fn-i(x)
dx para todo n E N; em seguida, escreva
J 1
0 fn(x) dx = an - bne- , J; fn-1(x) dx = ªn-1 -bn-1e-
1 1
e utilize o fato de que e- 1 é irracional.
Para o item (c). faça indução sobre n, a partir das recorrências do item (b). Por fim, para (d),
use o fato de que e= I:k'2:.0 -tf·
5. Comece utilizando o T\Tl\I de Lagrange para concluir que 1/k(x)I $ 1/k(x) - Ík(xol + lfk(xo)I $
Mklx - xol + lfk(xo)I $ !lfk(b - a)+ 1/k(xo)I- Em seguida, aplique o M-teste de Weierstrass, com
M{ = /1,h(b- a)+ lfk(xo)1 no lugar de /Ih.
6. Para a primeira parte dos ilens (a) e (b), use integração por partes. Para a segunda parte do item
(a), use a desigualdade triangular para integrais para obter lak(f)I, lbk(J)I $ 2~ J;1r lf (x)ldx, para
lodo k 2'. 1. Para a primeira parte do item (b), integre por partes novamente. Para a segunda
parle de (b), utilize de novo a desigualdade triangular para integrais, juntamente com o M-teste
de Weier trass Por fim, para o item (c), u e o corolário 39, juntamente com o resultado do
problema 4.3, página 259.
7. Se ak(J) e bk(f) são como no enunciado do problema anterior, calcule as integrais que definem
2
tais números para obter ao(/) = 2 ~ , a1,: = 4 <d)k e bk = O, para todo k E N. Em seguida, use
o teorema de convergência de Fourier para escrever J(x) = ªº~/) + Lk>l ak(J) cos(kx). Por fim,
use lal expansão em série para calcular /(1r) = 1r2 . -
8 Use a condição do enunciado para concluir que J:f(x)pn(x)dx = O, para todo n 2'.1. Em seguida,
use a convergência uniforme de (Pn)n'2:,l para/ para mostrar que J:f(x)2dx = O.
9. Para o item (a), para x E (O,21r), use o resultado do item (a) problema 1.10, página 222, para
obter
n sen ( (n-;l):i:) sen (n-;l)x
I::sen (kx) = x
k=l sen 2
A partir dai, conclua que II:~=Isen (kx)I $ se~! e aplique o critério de Abel. Para o item (b),
2
observe que, para O < ô < 1r e x E [ô,21r - ô], temos lsen ~ 1 2: sen ô.
SEÇÃO 5.5
1. Para os itens (a) e (b), use o resultado do corolário 43. Para o item (c), observe que o raio de
convergência da série é menor ou igual a 1, uma vez que ela não converge quando x = l. Em
537
• \ 1·1 \ 111, 1 1: St e ;1-:s r< >I·..., \< ,..., l 'H< >Hl.l·.\l.\s
~cgnidn, nolc que, para O < x < 1, temos Lk~O x 2 k < EJ~O xJ < +oo, de forma que Lk~o x 2 k
converge.
3. Aplique k - 1 vezes o teorema 46, a partir da igualdade l~:i: - Ln~O xn. Alternativamente,
expanda (1 - x)-k com o auxílio da série binomial.
4. Expanda (1 - x 2 )- 112 em série de potências com o auxílio da série binomial. Em seguida, use o
item (b) da proposição 45, juntamente com o resultado do problema 2.3, página 148.
5. Para o item (a), some a PG do segundo membro. Para o item (b), após integrar de O a 1 ambos
os membros da igualdade do item (a), observe que
1 (-1)11·x2n 1 11 x2n 11 1
...;...._---dx < -~dx 2 < x 2 ndx = --·
11o 1 + x 2 - 0 1+ x - 0 2n + 1'
em seguida, faça n ~ +oo.
SEÇÃO 5.6
538
SlºBSl·:c;.\o .-\.1.1
3. Faça indução sobre k ~ 2. sendo o caso inicial k = 2 dado pela proposição 62.
4. Derive termo a termo ambos os membros de (5.32) e, em seguida, faça x = 1. Observamos que o
teorema 46 garante a licitude de um tal procedimento.
5. Inicialmente, mostre por indução que an ~ n 2, para n ~ 2. Fazendo J(x) = Ek2:l a1cxke
observando que o raio de convergência da série Lk2: 2 k 2xk é igual a 1, conclua que/ está definida
no intervalo ( -1, 1). Em seguida, escreva
onde g(x) = Lk2:ixk = 1_::r,para lxl < 1. A partir daí, obtenha uma expressão fechada para
J(x), vâlida para lxl < 1, expanda tal expressão em série de potências e obtenha a expressão para
ak em função de k.
com g(x) = 1 _::r.Para o item (c), reduza a soma do segundo membro ao mesmo denominador
comum e, em :;eguida, compare, nos numeradores do primeiro e do segundo membros, os coefici-
entes constantes, de x e x 2 , obtendo um sistema linear de equações nas incógnitas A, B e C. Por
fim, para o item (d), use o resultado do problema 5.3, pâgina 379.
7. Adapte, ao presente caso, as sugestões dadas aos vários itens do problema anterior.
SUBSEÇÃO A.l.1
2. Seja x = O,a1 a2a3 ... e suponha que a sequência (a1, a2, a3, .. .) é periódica, como em (A.3),
digamos. Se y E N é o inteiro com representação decimal b1~ ... bp, conclua, a partir daí, que
1Ql+Px = y + 101x, de sorte que x = 101+!_ 10P, um número racional. Reciprocamente, seja :.r= %,
com a, b E N e O < a ~ b. Se Yk E N é o inteiro com representação decimal a 1a2 ... ak, u~e o
539
• \1 1 ,1111 1 1: St (;f.:'-,1()1 '-, \()'-, l>B<>BI.1:\I.\'-,
algoritmo da divisão para concluir que lOka = byk + rk, com O ~ rk < b. Em seguida, use o fato
de que só há um número finito de possibilidades para rk para concluir pela existência de naturais
l e P, tais que r1+p = ri. A partir daí, conclua que a sequência (a 1, a2, a3, ... ) é da forma (A.3),
com b1 = a1+1, b2 = a1+2 , ... , bp = a1+p·
3. Imite a prova da unicidade do inverso aditivo, trocando + por · e O por 1.
SUBSEÇÃO A.1.2
1. Para os itens (b) e (c), utilize (7') e (a); o item (g) decorre dos itens (b) e (c).
2. Para os itens (a) e (b), comece observando que an < bn se, e só se, (tr < 1; em seguida, aplique
( a:b r r
o resultado do corolário 2. Quanto a (c), comece observando que an + bn < (a+ b)n se, e só se,
+ ( a!b < 1; em seguida, aplique o resultado do corolârio 2.
6. Se n = 2k, com k E N, escreva x" = (x 2 )1-e, em seguida, aplique o item (g) da proposição 1. O
caso em que n é únpar pode ser tratado analogamente.
SUBSEÇÃO A.1.3
1. Por contraposição 1 , mostre que, se b =/O, então r é racional.
2. Argumente por contraposição. Por exemplo, se ifr = %, com a, b E N, então r = (??= ~, com
ak,bk EN.
3. Por contradição, suponha que /2 = f, com a e b naturais primos entre si, de maneira que 2b2 = a 2 .
A partir dessa igualdade, mostre que a é par e, daí. que b é par, chegando a uma contradição.
1Uma proposição da forma A =>B (i.e., Se A, então B) pode ser provada de forma direta, por contraposição
ou por contradição. No primeiro caso, assumimos a veracidade da asserção A e deduzimos a veracidade da
asserçãoB diretamente; no segundo caso, assumimos que a asserção Bê falsa e deduzimos, diretamente, que a
asserçãoA também é falsa; por fim, no terceiro caso, assumimos que a asserção A é verdadeira e a asserção B é
falsa e deduzimos diretamente, a partir daí, uma contradição (i.e., deduzi.mos que uma asserção obviamente falsa
deveria ser verdadeira, o que é impossível de ocorrer). Para uma revisão mais ampla sobre Lógica e métodos de
demonstração, sugerimos ao leitor uma das excelentes referências [171ou [29j.
540
s1·ns1-:c;.\o .\.1.1
SUBSEÇÃO A. 1.4
L Primeiramente, note que ad = bc. Em seguida, mostre que o ponto associado às frações feâ
coincide com aquele associado à fração ~ = ~.
SUBSEÇÃO A.2.1
3 Para obter a desigualdade, basta somar membro a membro as desigualdades parciais x2!y2 ~ xy,
.r t: ~ xz e V ~z ~ yz ote agora que, se x = y = z, então a desigualdade do enunciado
2 2 2 2
claramente se torna uma igualdade. Reciprocamente, se ao menos uma das desigualdades acima
2 2
for ~trita (i.e., não for uma igualdade), digamos x ~V > xy, então uma generalização óbvia
do item (e) da proposição 1 garante que, após somarmos as mesmas membro a membro (com
2 2
a primeira delas trocada por :z: ~V > xy), obteremos x 2 + y 2 + z 2 > xy + xz + yz. Portanto,
a fim de que ocorra a igualdade na desigualdade do enunciado, devemos ter igualdade nas três
desigualdades acima, de maneira que x = y = z.
4. Para o item (a), segue do item (a) da proposição 8, com vx e Jy no lugar de x e y, respectivamente,
que
1 _ vx=r=~ _ vx=r=Jv _vx=r=Jv
VX± /y - (VX± /y){VX=f /y) - (Jx) 2 - (/y) 2 - X -y
541
Quanto a (b), aplicando o item (c) da proposição 8, com rx
e ?fy no lugar de x e y, respectiva-
mente, e observando que ( rx)2
= ~ e ( ,VX) = X (e analogamente para y), obtemos
3
1 ~+~+W ~+~+W
rx± w = ( rx± ?!YH
~+ .yxy+ W) - x- y
onde operamos uma série de cancelamentos na última passagem acima. Quanto a (b), observe
que a alternância de sinais faz sentido exatamente porque n é ímpar:
(Na última passagem, mais uma vez executamos uma série de cancelamentos.)
SUBSEÇÃO A.2.2
2. Para a primeira desigualdade, interprete lx- aicomo a distância de x a a na reta numerada. Para
as outras três desigualdades, adapte a sugestão dada à primeira.
3. Analise separadamente os casos (i) x, y ~ O, (ü) x ~ O > y, (iii) y ~ O > x e (iv) x, y < O,
mostrando que a igualdade verifica-se em todos eles.
542
t1 = -39 < O, não há raízes reais. Portanto, a equação dada não possui soluçõc::i.Quanto a (b), há
dois casos a considerar x 2 - 3x ~ O ou x 2 - 3x < O. No primeiro caso, que equivale a :r:(x - 3) ~ O,
temos lx2 - 3xl = x 2 - 3x. A equação dada reduz-se, então, a x 2 - 3x = .e - 1, cujas raízCRsiio
x = 2 ± v'3. Destas, somente x = 2 + v'3satisfaz a condição x(x - 3) ~ O, sendo, portanto, a
única raiz válida. O segundo caso equivale a x(x - 3) < O, e nele temos lx2 - 3xl = -(x 2 - 3x).
Assim, a equação dada reduz-se a -(x 2 - 3x) = x - 1, ou ainda x 2 - 2x - 1 = O, cujas raízes são
x = l ± ./2. Somente x = 1 + ./2 cumpre a condição x(x - 3) < O, sendo, então, a única raiz
válida nesse caso. Para (c), podemos reescrever a equação dada na forma 2
,-;~!I
= 6 - x, ou
ainda l3x - 21 = (6 - x)lx + li. Para nos livrar dos módulos, teremos de considerar quatro casos,
resultantes dos cruzamentos das possibilidades de sinal para 3x - 2 e x + 1:
• 3x - 2 ~ O e x + 1 < O: tais condições são o mesmo que x ~ ~ e x < -1, não havendo
número real que as satisfaça.
• 3x - 2 < O e x + 1 ~ O· aqui temos l3x - 21 = -(3x - 2) e lx + li = x + 1, de modo que
a equação dada se toma -(3.t - 2) = (6 - x)(x + l). Essa equação ê idêntica à do item
anterior, tendo portanto raízes x = 4 ± Js. ovamente nenhuma delas satisfaz as condições
dadas.
• 3x - 2 < O ex+ 1 < O: deixamos ao leitor a tarefa de terminar a análise desse caso.
Por fim, (d), (e) e (f} podem ser resolvidos com a utilização de argumentos anâlogos aos acima.
SLBSEÇ\O A 2.3
1. Para o item (a), observe que
y x y(l+x)-x(l+y) y-x
_1_+_y - -1
+-x = (1 + x)(l + y) - (1 + x}(l + y) ~ O.
543
"'UB~li:Ç\O À 2.4
x 3 + ax 2 + bx +e= (x - a-)(x2 + ux + v)
SLBSEÇÃO A.3.1
1 3
1. Basta observar que bk+l = 0- = ª01r+l = 3 + ..1..= 3 + bk.
k+l k ak
2. Para o item (a), temos a1 = a2 = a3 = 1 e ªk = ªk-1 + ªk-2 + ªk-3, para k 2::4. Para o item (b),
temos a1 = 1 e ak+l = 2ªk, para k 2::1.
n n
(q-1)8 = qS- S = LbkCk+l - LbkCk
k=l k=l
n-1
= L(bk - bk+1)ck+1 + (bnCn+1- b1c1)
k-1
n
= -1' LCk + (r - b1)c1 + (b1 + (n - l)r)c 1qn
k-1
= -rc, qn -
( q _ 1
1)+ (r - b1)c1 + (b1 + (n - l)r)c 1qn.
SIJBBEÇ.ÃO A.:i.2
1. Escreva ªk+J - 111,.= :JJ..·
- 1 e uHc 1:,ornusLclcscópicus.
544
2. Escreva ak+I - ak = Bk e use somas telescópicas.
3 Observe que (k_!I)k = k,: 1 - ¼e use somas telescópicas.
4. Veja que. para k > 1:temos ,b < (k_!l)k: use. em seguida, o resultado do problema anterior.
5. Adapte. ao presente caso, o argumento do problema 3, escrevendo (4k-d( 4 k+J) = ¼( 4k:. 1 - 4 k~3) •
g
"(
1-k
1)
2 =g n(
1-k l)n( g 1+k1) =g ~n(k l)"(k+l)
g ~ ·
7. Imc1almente, obsen·e que o termo· da -.equencia são todos positivos. Em seguida, defina a
sequencia (bdk>J
-
pondo b1,= -1..,
u1
e lllebtre que bk+l = bk + k, para todo k E N. Aplique, agora,
a fórmula para somas tele.-.cópicns.
SUBSl~ÇÃO .3.3
Segue da hipóte:se de indução (implícita!) que 1+2+ • -+k+ (k+ 1) = k(k;-1>+(k+ 1) = (k+l~k+2).
1
1 · 2 + 2 · 3 + • • • + (k - l)k + k(k + 1) =
3(k - l)k(k + 1) + k(k + 1)
1
=
3k(k + l)(k + 2) .
.J. Segue da hipótese de indução que
1
12 + 32 + ... + (2k - 1)2 + (2k + 1)2 = (2k - 1)2k(2k + 1) + (2k + 1)2
6
1
= 6(2k + 1)2(k + 1)(2k + 3).
545
5. Para o item (a), segue da hipótese de indução (novamente implícita!) que
6. Para n E Z, seja an = xn + x-n. Mostremos primeiro, por indução, que an E Z para todo n EN.
A hipótese do problema fornece a 1 E Z. Então, a2 = x 2 + --1,i = (x + ½)2 - 2 = ar - 2 E Z.
Suponha, agora, por hipótese de indução, que a 1 , a 2 , ... , ak E Z para um certo k 2::2. Então,
ak+l = xk+l + xk~I = (xk +:,e) (x + ½) - (xk-I + ~) = akai
o qual é inteiro por - ªk-1,
hipótese de indução. Portanto, pelo segundo princípio de indução, segue que On E Z para todo
n E N. Para concluir, basta ver que a 0 = 2 e, se n < O é inteiro, então an = ª-n, o qual já.
provamos ser wn inteiro. Assim, an E Z para todo n E Z.
7. Se Xk > .fã, então Xk+l - .fã = ½( Xk - 2.,fõ.+ :. ) = i.!A:(xk - va) 2 > o. Para a outra
desigualdade, comecemos observando que, se x 2::y > ,lã, então x + i 2::y + ~; de fato,
SUBSEÇÃO A.3.4
1. Façamos a prova por indução sobre k 2:: 1. O caso inicial k = 1 resume-se a verificar que
(:) = (:!D, sendo, portanto, imediato. Por hipótese de indução, suponha que, quando k = l 2::1,
a fórmula do enunciado é verdadeira para todo inteiro n 2::O. Então, para k = l + 1 e todo n 2::O
inteiro, temos
onde, na última igualdade, usamos a relação de Stifel. Portanto, segue por indução que a fórmuJa
do enunciado é verdadeira para todo k E N e todo n 2::O.
546
SUBSEÇ,\O A.-1.1 \ 1 1 , .1, 1.
. -l. 1
2. jam A' 11
o p ··d· perpendicular bai.xad d A - r tas y = Yo y = O. re p ctivam nt .
11
oord nad d A' no ·i ·t ma onginal ·ão. r ·pectivam nt , (x. Yo) (x, O). Em gmda
ob •rv qu . y > y0 > O. ntão AA 11 = A'+ 'A 11, d orte que y' = AA' = AA" - A' A"=
y - Yo- Por fim d mai • caso ( im como a igualdade x' = x - xo) pod m r anali ado d
forma s melhant .
2. Para qu'
li tinto , d v
s udo
B
-
jam
B
im ·trico
nr
••r o ponto m d10 d· AB.
em r lação a r, • n e· ário que
= {C}, tamb'm d v mo t r AC
omo a ab ci • a d C
+--+
= B.
Bl..r d forma qu b = d.
x0,
orno
gu qu :ro
B
= ªte.
;o
l. ma I o ibilid d u ilizar o m ·todo intéti o para obt rê • coord na la· d B lt rnativ, m nte
+--+
obs •rY qu • quação dar ta OA • y - *:i·, d ort qu a quação dar •t OB y = -fr. Em
'guida impondo qu OB - OA, obt mos :i· - ±b , daí, y =Fa Ic , omo B p 1t n
gundo quadrant única po 1bilidad • q11 :i· - -b, y - a.
5. omo :r0 ,y 0 =/=O.tal r ta não pas a p la orig m. Portanto, a obscn·aç;o 3 ( m J..-= -l) !.?,ll nt
qu pod mo· r v r ua quação na forma a:i· + by - 1 = O. gorn, impou 1 ·u siv m ntt 1u
(:ro, O) (O,y0 ) p rt nçam à r ta, obt mo· a = }0 b = )0 •
la.ro+ cl
d = .r.o- ( - ; )
1 =----
1°1
r • horiz ntal o ; r 111nnt o ·, ; nú logo m t ra que (A.3 ) continua v 1(1. d ira.
.1.4
plique a r laçã fun Iam ntal da Tri on m tria junt, m nt com d finiçõ d
tang nt d um ar o.
6. } •rv i11i ialuwute q11•, . <' OQ • obt icl, d O P p ,1, rota f o d II ulo tri 011om• ri 0 -O
•utão • coord1 11ad; d<' / 110 1 l 'IWI .r' y' uin icl 111 om , nada d Q no • na .r.Oy.
Ag<Jia, 11cJun o ,UI •ulu tligono111(•t1i o nlr o, mi 'i.·o po itivo dru l b m
P :.i·o y0 )(rc o n,,. 1•11 o), 011dl' ,. OP ,i Q = (.r(1 y~) = (r c o - O) r d
f, rm 4m :.i~1 - , <·o o c·o O ,. 1•11 o <'li O = .roco O y 11 < v:,= ,..
0 . 11 0 -
1 n
Yo< fJ o I fJ.)
St·BsEÇ1\0 A.-L-J \1·1 1,1, •.
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