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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO


LEANDRO BLANCO DOS SANTOS

ACIDENTES E DOENÇAS DO TRABALHO NAS ATIVIDADES


DE ATENDIMENTO HOSPITALAR

SÃO PAULO
2013
1

LEANDRO BLANCO DOS SANTOS

ACIDENTES E DOENÇAS DO TRABALHO NAS ATIVIDADES


DE ATENDIMENTO HOSPITALAR

Monografia apresentada à Escola


Politécnica da Universidade de São
Paulo para a obtenção do título de
Especialista em Engenharia de
Segurança do Trabalho.

SÃO PAULO
2013
2

FICHA CATALOGRÁFICA

Santos, Leandro Blanco dos


Acidentes e doenças do trabalho nas atividades de atendi-
mento hospitalar / L.B. dos Santos. -- São Paulo, 2013.
p.

Monografia (Especialização em Engenharia de Segurança


do Trabalho) - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
Programa de Educação Continuada em Engenharia.

1. Acidentes de trabalho (Estatística e dados numéricos)


2. Doenças ocupacionais (Estatística e dados numéricos) 3. Hos-
pitais I.Universidade de São Paulo. Escola Politécnica. Progra-
ma de Educação Continuada em Engenharia II. t.
3

DEDICATÓRIA

Dedico este estudo em primeiro lugar a minha mãe, para a qual espero
ainda dedicar muitas das minhas conquistas e vitórias, e a minha noiva, a qual
desejo que esteja ao meu lado me apoiando em todas as conquistas da minha
vida.
4

AGRADECIMENTOS

Agradeço à Deus por me acompanhar em cada momento da minha vida


e aos meus pais por minha formação.
5

Se buscas a segurança antes da felicidade, a segunda


será o preço que terás que pagar pela primeira.
Richard Bach
6

RESUMO

Os acidentes nas atividades de atendimento hospitalar são os com maior


número de registros (CAT) dentre os acidentes registrados no Brasil e os
gastos com acidentes do trabalho atingem valores da ordem de dezena de
bilhões de reais, portanto devem-se conhecer os dados referentes aos
acidentes para poder reduzir a quantidade de ocorrências e consecutivamente
os custos gerados pelos mesmos. Esta pesquisa tem como objetivo identificar
as características dos acidentes e acidentados e estimar custo médio do
acidente, através de análise documental e estudo de caso. Os dados obtidos
caracterizam os acidentes e a população estatisticamente que mais é vítima
dos mesmos. Através do estudo da instituição percebe-se que a empresa
monitora as informações sobre acidentes, mas precisa melhorar este
monitoramento, pois a comparação dos dados é realizada apenas com os
dados anteriores da própria instituição, impossibilitando a comparação com
outras empresas do mesmo setor de atividade econômica ou até mesmo com
os números nacionais.

Palavras-chave: Segurança; Custos do acidente; Acidente do trabalho;


Atividades de atendimento hospitalar.
7

ABSTRACT

Accidents on care activities within hospitals are the most reported among
all the work-related accidents registered in Brazil. The total amount of money
invested to treat injured professionals reaches 10 million reais. This paper
contributes to bring light to data about this kind of accidents in order to reduce
their occurrence and their associated costs. The research identifies the
characteristics of those accidents and of people involved in them. Moreover, it
estimates the median cost of an accident, through documental analysis and
case study as well. Through the analysis of obtained data about the
organization, it is possible to realize that, although the organization monitors
information about the accidents, it is need to improve this process involving the
comparison with other organizations within the same industry and other data
available in the country level.

Keywords: Safety; Cost of Accident; Accident at Work; Accidents on Care


Activities within Hospital.
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LISTA DE SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas


AEPS – Anuário Estatístico da Previdência Social
BS – British Standard
CAT – Comunicação de Acidente do Trabalho
CID – Classificação Internacional de Doenças
CLT – Consolidação das Leis do Trabalho
CNAE – Classificação Nacional de Atividades Econômicas
INSS – Instituto Nacional do Seguro Social
NR – Norma Regulamentadora
NRR – Normas Regulamentadoras Rurais
NTEP – NexoTécnico Epidemiológico Previdenciário
OHSAS – Occupational Health and Safety
OIT – Organização Internacional do Trabalho
PAT – Programade Alimentação do Trabalhador
PNSST – PolíticaNacional de Segurança e Saúde no Trabalho
SMS: ILO – Safety Management System: International Labour Organization
SUB – Sistema Único de Benefícios
9

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Pirâmide de gravidade de Heinrich – 1:29:300.................................32

Figura 2 – Pirâmidede gravidade de Bird – 1:10:30:600..................................32

Figura 3 – Pirâmide de gravidade de Skiba – Quase Acidentes.......................33

Figura 4 – Esboço do lay out da Instituição de Atendimento Hospitalar


estudada............................................................................................................79
10

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Porcentagemde acidentes típicos por região, nos últimos 9 anos.43


Gráfico 2 – Porcentagem de acidentes devidos à doença do trabalho por
região, nos últimos 9 anos.................................................................................44
Gráfico 3 – Porcentagemde acidentes de trajeto por região, nos últimos 9
anos...................................................................................................................45
Gráfico 4 – Acidentes do trabalho de acordo com o SAE..................................47
Gráfico 5 – Acidentes do trabalho de acordo com o SAE, exceto Serviços e
Indústria.............................................................................................................48
Gráfico 6 - Acidentes do trabalho de acordo com o tipo do acidente e o sexo do
acidentado.........................................................................................................50
Gráfico 7– Acidentes do trabalho de acordo com o sexo do acidentado
(excluídos os dados referentes aos acidentes típicos, ocorridos com pessoas
do sexo masculino)............................................................................................51
Gráfico 8 – Acidentes típicos em função da faixa etária do acidentado............52
Gráfico 9 – Porcentagem de acidentes típicos de acordo com o sexo em função
da quantidade de contribuintes..........................................................................53
Gráfico 10 – Acidentes devidos à doença do trabalho em função da faixa etária
do acidentado....................................................................................................54
Gráfico 11 – Porcentagem de acidentesdevidos à doença do trabalho de
acordo com o sexo em função da quantidade de contribuintes.........................55
Gráfico 12 – Acidentesde trajeto de acordo com a faixa etária do acidentado.56
Gráfico 13 – Porcentagem de acidentes de trajeto de acordo com o sexo em
função da quantidade de contribuintes..............................................................56
Gráfico 14 – Acidentes do trabalho, sem CAT registrada, em função da faixa
etária do acidentado..........................................................................................57
Gráfico 15 – Acidentes do trabalho, sem CAT registrada, de acordo com o sexo
e em função da quantidade de contribuintes.....................................................58
Gráfico 16 – Partes do corpo atingidas com maior incidência em acidentes
típicos.................................................................................................................60
Gráfico 17 – Onze partes do corpo atingidas com maior incidência em
acidentes típicos................................................................................................60
Gráfico 18 – Oito partes do corpo atingidas em acidentes típicos.....................61
11

Gráfico 19 – Partes do corpo atingidas com maior incidência em acidentes


devidos à doença do trabalho............................................................................63
Gráfico 20 – Onze partes do corpo atingidas com maior incidência em
acidentes devidos à doença do trabalho...........................................................64
Gráfico 21 – Partes do corpo atingidas com maior incidência em acidentes de
trajeto.................................................................................................................66
Gráfico 22 – Dez partes do corpo atingidas com maior incidência em acidentes
de trajeto............................................................................................................66
Gráfico 23 – Consequências como os acidentes do trabalho foram
liquidados...........................................................................................................72
Gráfico 24 – Porcentagens das consequências como os acidentes do trabalho
foram liquidados.................................................................................................73
Gráfico 25 –Óbitospara cada 1000 acidentes do trabalho...............................74
Gráfico 26 –Óbitos em relação à quantidade de contribuintes.........................74
Gráfico 27 – Distribuição das despesas do INSS referentes aos acidentes do
trabalho..............................................................................................................75
Gráfico 28 –Relaçãodos acidentes típicos em função da quantidade de pessoas
expostas..............................................................................................81
Gráfico 29 – Relação dos acidentes de trajeto em função da quantidade de
pessoas expostas..............................................................................................82
Gráfico 30 – Relação dos acidentes típicos em função da quantidade de
pessoas expostas..............................................................................................83
Gráfico 31 – Relação dos acidentes de trajeto em função da quantidade de
pessoas expostas..............................................................................................84
Gráfico 32 – Partes do corpo atingidas nos acidentes de típicos ocorridos na
instituição...........................................................................................................84
Gráfico 33 – Partes do corpo atingidas nos acidentes de trajeto ocorridos na
instituição...........................................................................................................85
12

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Nomenclaturas utilizadas para caracterizar os acidentes do


trabalho..............................................................................................................22

Tabela 2 – Acidentes típicos, divididos por região.............................................42


Tabela 3 – Acidentes devidos à doença do trabalho, divididos por região........43

Tabela 4 – Acidentes de trajeto, divididos por região........................................44


Tabela 5 – Acidentes de acordo com o Setor de Atividade Econômica (SAE)..47

Tabela 6 – Acidentes do trabalho de acordo com o tipo e o sexo do


acidentado.........................................................................................................49

Tabela 7 – Acidentes típicos de acordo com o sexo do acidentado..................51

Tabela 8 – Acidentes devidos à doença do trabalho de acordo com o sexo do


acidentado.........................................................................................................53

Tabela 9 – Acidentes de trajeto de acordo com o sexo do acidentado.............55

Tabela 10 – Acidentes do trabalho, sem CAT registrada, de acordo com o sexo


do acidentado....................................................................................................57

Tabela 11 –Partes do corpo atingidas com maior incidência nos acidentes


típicos.................................................................................................................59

Tabela 12 – Partes do corpo atingidas com maior incidência nos acidentes


devidos à doença do trabalho............................................................................62

Tabela 13 – Partes do corpo atingidas com maior incidência nos acidentes de


trajeto.................................................................................................................65

Tabela 14 – CIDs mais incidentes de acordo com todos os registros de


acidentes do trabalho.........................................................................................67

Tabela 15 – CIDs mais incidentes em acidentes típicos...................................68

Tabela 16 – CIDs mais incidentes em acidentes devidos à doenças do


trabalho..............................................................................................................69

Tabela 17 – CIDs mais incidentes em acidentes de trajeto...............................70


Tabela 18 – Consequências como os acidentes do trabalho foram liquidados no
período...............................................................................................................71
13

Tabela 19 – Dados sobre as despesas do INSS relacionadas à Acidentes do


Trabalho.............................................................................................................76
14

SUMÁRIO
LISTAS DE SIGLAS

LISTAS DE FIGURAS

LISTA DE GRÁFICOS

LISTA DE TABELAS

1. INTRODUÇÃO.............................................................................................16

1.1 JUSTIFICATIVA...........................................................................................17

1.2 OBJETIVOS.................................................................................................17

1.2.1 OBJETIVO GERAL...................................................................................17

1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.....................................................................17

1.3 METOLOGIA................................................................................................18

2. REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................19

2.1 DEFINIÇÕES DOS TERMOS ACIDENTE, INCIDENTE E QUASE


ACIDENTE.........................................................................................................19

2.2 HISTÓRICO DA SEGURANÇA DO TRABALHO (PREVENÇÃO DE


ACIDENTES).....................................................................................................23

2.3 LEGISLAÇÃO BRASILEIRA SOBRE DIREITO DO TRABALHADOR E


SEGURANÇA DO TRABALHO.........................................................................25

2.4 CUSTOS DO ACIDENTE DO TRABALHO..................................................30

2.5 ACIDENTES DO TRABALHO NAS ATIVIDADES DE ATENDIMENTO


HOSPITALAR....................................................................................................37

3.MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA.....................................................39

4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS............................42

4.1 DADOS OFICIAIS DO INSS........................................................................42

4.1.1 ACIDENTES DO TRABALHO POR REGIÃO DEMOGRÁFICA...............42

4.1.2 ACIDENTES DO TRABALHO POR SETOR DE ATIVIDADE


ECONÔMICA.....................................................................................................46
15

4.1.3 ACIDENTES DO TRABALHO DE ACORDO COM O SEXO E FAIXA


ETÁRIA DO ACIDENTADO...............................................................................49

4.1.4 ACIDENTES DO TRABALHO DE ACORDO COM A PARTE DO CORPO


ATINGIDA..........................................................................................................58

4.1.5 ACIDENTES DO TRABALHO DE ACORDO COM A CID........................67

4.1.6 ACIDENTES DO TRABALHO DE ACORDO COM A CONSEQUÊNCIA


COMO FORAM LIQUIDADOS...........................................................................71

4.1.7 CUSTOS DOS ACIDENTES DO TRABALHO OCORRIDOS NO


PERÍODO DE 2003 À 2011...............................................................................75

4.2 DADOS DA INSTITUIÇÃO ESTUDADA......................................................77

4.3 COMPARATIVO DOS RESULTADOS E APRESENTAÇÃO DOS DADOS


DA INSTITUIÇÃO ESTUDADA..........................................................................81

5. CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................86

REFEÊNCIAS....................................................................................................88

APÊNDICES......................................................................................................90
16

1. INTRODUÇÃO
Um assunto muito importante, sensível e complexo nas empresas é a
segurança dos seus colaboradores no ambiente de trabalho. Tal importância se
dá pelo fato de envolver a integridade física das pessoas, sendo estas o
variável e principal fator nos processos, portanto cabe às empresas buscar por
meio de ações de conscientização o meio correto de seus colaboradores
realizarem suas atividades de forma segura.
Essa preocupação tem alcançado resultados positivos nos locais de
trabalho e em toda a estrutura, na medida em que mostra a importância pela
busca constante de melhorias e ações no sentido de evitar acidentes de
trabalho.
De acordo com Leigh et al. (1997) apud Shalini (2009), a maioria da
população mundial (58%) gasta um terço de sua vida adulta no trabalho e seu
trabalho sustenta as bases material e econômica da sociedade.
Aproximadamente cem milhões de acidentes do trabalho(100.000 mortes)
ocorrem no mundo a cada ano. Tais acidentes estão associados a elevados
custos econômicos e sociais.
Custos econômicos não são suportados apenas pelos feridos, mas
também pelas empresas envolvidas e pelo governo. Tais custos podem ser
considerados como custos diretos (assistência médica, indenizações, etc.),
bem como os custos indiretos(tempo perdido pelo acidentado e pelos demais
trabalhadores, decréscimos no volume e na qualidade da produção pela queda
do moral dos companheiros do acidentado, etc.).
A atividade de atendimento hospitalar, segundo Bakke e Araújo (2010),
apresentou, no período de 1999 e 2007, uma tendência de crescimento no
número de acidentes do trabalho, totalizando 217.165 registros. A Norma
Regulamentadora NR-4, cujo texto trata dos serviços especializados em
engenharia de segurança e em medicina do trabalho, classifica as atividades
de atendimento hospitalar com grau de risco 3 e são consideradas insalubres,
pois expõe tanto os pacientes quanto os profissionais a variados riscos. Trata-
se de um ambiente onde há concentração de pessoas portadoras diferentes
doenças infectocontagiosas, em que se realizam procedimentos que
apresentam riscos de acidentes e doenças aos trabalhadores de saúde e
17

utilizam formas de tratamentos que incluem desde equipamentos de alta


tecnologia a técnicas rudimentares de assistência, com a aplicação de agentes
físicos e químicos com fins terapêuticos.

1.1. JUSTIFICATIVA
A escolha por prestadoras de serviços de atendimento hospitalar para a
realização desta pesquisa se deu pelos motivos expostos anteriormente e pelo
fato deste setor ter sido identificado durante análise dos dados como a
Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) com maior número
de acidentes nos últimos nove anos.

1.2. OBJETIVOS
Os objetivos desta pesquisa estão divididos entre objetivo geral e
objetivos específicos e são apresentados a seguir.

1.2.1. OBJETIVO GERAL


Esta pesquisa tem por objetivo identificar os acidentes e doenças do
trabalho mais comuns nas atividades de atendimento hospitalar e estimar o
custo médio destes acidentes, de forma a contribuir com o aumento do volume
de informações disponíveis a respeito de acidentes do trabalho no Brasil.

1.2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS


Para atender ao objetivo geral, os seguintes objetivos específicos foram
definidos:
a. Identificar, através dos dados dos Anuários Estatísticos da
Previdência Social, publicados de 2005 a 2011, as características dos
acidentados e dos acidentes do trabalho;
b. Estimar o custo total médio do acidente do trabalho, com base nos
valores das despesas do INSS relacionadas a benefícios decorrentes de
acidentes do trabalho;
c. Realizar estudo de caso, com uma instituição prestadora de serviços
de atendimento hospitalar, para identificar as características dos
acidentados e dos acidentes do trabalho;
18

d. Comparar os dados publicados pelo Ministério da Previdência Social


com os dados do estudo de caso.

1.3. METODOLOGIA
Ametodologia utilizada nesta pesquisa foi a realização de um
levantamento bibliográfico das informações existentes sobre o assunto e uma
pesquisa de campo em um hospital localizado no município de Guarulhos.
Realizaram-se análises qualitativas e quantitativas baseadas nos dados
oficiais do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e após ordenamento
destes dados foram comparados com os dados obtidos do hospital estudado.
A metodologia será detalhada num capítulo específico.
19

2. REFERENCIAL TEÓRICO
Neste item da pesquisa é feita uma revisão bibliográfica onde são
abordados os seguintes assuntos: definição dos termos acidente, incidente e
quase acidente, histórico da segurança do trabalho (prevenção de acidentes),
legislação brasileira sobre direito do trabalhador e segurança do trabalho, custo
do acidente do trabalho e acidentes do trabalho nas atividades de atendimento
hospitalar.

2.1. DEFINIÇÕES DOS TERMOS ACIDENTE, INCIDENTEE QUASE


ACIDENTE
De acordo com Lapa e Goes (2011), não há uniformidade no uso e
aplicação dos termos acidente, incidente e quase acidente. Estes autores citam
algumas definições encontradas em normas, conforme segue:
• BS 8800 – Evento não planejado do qual resulta morte, enfermidade,
lesão, dano ou outras perdas.
• OHSAS 18001:2007 – Evento relacionado ao trabalho no qual uma
lesão, dano à saúde ou fatalidade ocorreu, independentemente da
severidade da consequência.
• ABNT (NBR 14280/2001) – ocorrência imprevista e indesejável,
instantânea ou não, relacionada com o exercício do trabalho que
provoca lesão pessoal ou decorrência de risco próximo ou remoto dessa
lesão.
Decreto nº 2172 de 05 de março de 1997 – CLT (Definição Legal) – É
aquele que ocorrer pelo exercício do trabalho, a serviço da empresa,
provocando lesão corporal, perturbação funcional ou doença que cause a
morte ou a perda ou a redução permanente ou temporária da capacidade para
o trabalho.
O Anuário Estatístico da Previdência Social (2011) define acidente do
trabalho como sendoaquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da
empresaou pelo exercício do trabalho dos segurados especiais, provocando
lesão corporal ou perturbação funcional, permanente ou temporária, que cause
a morte, a perda ou a redução da capacidade para o trabalho.
20

Consideram-se acidente do trabalho a doença profissional e a doença do


trabalho. Equiparam-se também ao acidente do trabalho: o acidente ligado ao
trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído
diretamente para a ocorrência da lesão; certos acidentes sofridos pelo
segurado no local e no horário de trabalho; a doença proveniente de
contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade; e o
acidente sofrido a serviço da empresa ou no trajeto entre a residência e o local
de trabalho do segurado e vice-versa.
Conforme Lapa e Goes (2011), podem-se encontrar publicadas diversas
definições para o termo incidente, conforme segue:
• BS 88000:1996 – Evento não planejado que tem o potencial de
resultar em um acidente.
• OHSAS 18001:2007 –Evento relacionado ao trabalho no qual uma
lesão ou doença (independentemente da gravidade) ou fatalidade
ocorreu ou poderia ter ocorrido. Um incidente sem morte, enfermidade,
lesão, dano ou outras perdas é também denominado como um “quase
acidente”. Portanto, o termo incidente também inclui o quase acidente.
• SMS: ILO 2001 – Ocorrência insegura decorrente ou no curso do
trabalho que não resulta em lesão corporal.
O Ministério da Previdência Social, no Anuário Estatístico da Previdência
Social (2011) utiliza as seguintes definições para os principais conceitos
referentes a acidentes do trabalho:
• Acidentes com CAT Registrada – corresponde ao número de
acidentes cuja Comunicação de Acidentes do Trabalho – CAT foi
cadastrada no INSS. Não sãocontabilizados o reinício de tratamento ou
afastamento por agravamento de lesão de acidente do trabalho ou
doença do trabalho, já comunicados anteriormente ao INSS;
• Acidentes sem CAT Registrada – corresponde ao número de
acidentes cuja Comunicação de Acidentes do Trabalho – CAT não foi
cadastrada no INSS. O acidente é identificado por meio de um dos
possíveis nexos: Nexo Técnico Profissional/Trabalho, Nexo Técnico
Epidemiológico Previdenciário – NTEP ou Nexo Técnico por Doença
21

Equiparada a Acidente do Trabalho. Esta identificação é feita pela nova


forma de concessão de benefícios acidentários;
• Acidentes Típicos – são os acidentes decorrentes da característica da
atividade profissional desempenhada pelo acidentado;
• Acidentes de Trajeto – são os acidentes ocorridos no trajeto entre a
residência e o local de trabalho do segurado e vice-versa;
• Acidentes Devidos à Doença do Trabalho – são os acidentes
ocasionados por qualquer tipo de doença profissional peculiar a
determinado ramo de atividade constante na tabela da Previdência
Social;
• Acidentes Liquidados – corresponde ao número de acidentes cujos
processos foram encerrados administrativamente pelo INSS, depois de
completado o tratamento e indenizadas as sequelas;
• Assistência Médica – corresponde aos segurados que receberam
apenas atendimentos médicos para sua recuperação para o exercício da
atividade laborativa;
• Incapacidade Temporária – compreende os segurados que ficaram
temporariamente incapacitados para o exercício de sua atividade
laborativa em função de acidente ou doenças do trabalho. Durante os
primeiros 15 dias consecutivos ao do afastamento da atividade, caberá à
empresa pagar ao segurado empregado o seu salário integral. Após este
período, o segurado deverá ser encaminhado à perícia médica da
Previdência Social para requerimento do auxílio-doença acidentário –
espécie 91. No caso de trabalhador avulso e segurado especial, o
auxílio-doença acidentário é pago a partir da data do acidente.
Normalmente, as empresas adotam nomenclaturas específicas para
caracterizar os eventos indesejáveis no trabalho de acordo com a magnitude
da consequência ou mesmo da natureza do fato, comumente podemos
classificar tais eventos conforme apresentado na Tabela 1 – Nomenclaturas
utilizadas para caracterizar os acidentes do trabalho.
22

Tabela 1 – Nomenclaturas utilizadas para caracterizar os acidentes do trabalho.

Acidentes com Perda de Tempo (ACPT) Acidentes sem Perda de Tempo (ASPT)
É qualquer tratamento singular em
lesões que, normalmente, não
Morte resultante de uma
requerem cuidados médicos
lesão do trabalho,
Primeiros complementares. Tais tratamentos e
Fatalidade independente do tempo Socorros
(OS) observações são considerados
decorrido entre a lesão e a
Primeiro Socorros, mesmo que
morte.
providos por médicos ou profissionais
registrados.

São lesões do trabalho que não


resultam em dias perdidos nem
É a perda total da
Incapacidade trabalho restrito, mas que requerem
capacidade de trabalho, em Tratamento
Total tratamento, por solicitação de um
Médico
Permanente caráter permanente, (TM) médico, ou que possam ser
(ITP)
exclusive a morte.
considerados como sendo alçada
médica.

Lesão do trabalho que resulte em


É a redução parcial da Restrição atribuir ao empregado, quando seu
Incapacidade
capacidade de trabalho, ao retorno ao trabalho, serviço ou
Permanente
Trabalhador
Parcial (IPP) sem caráter permanente. atividade que não abranja todas as
(RT)
tarefas incluídas em sua ocupação.

É a perda total da
capacidade de trabalho de É a ocorrência que implica em risco
que resulte um ou mais iminente ou probabilidade próxima de
Incapacidade dias perdidos, excetuados acidente pessoal, não sendo causado
Quase
Permanente
a morte, a incapacidade Acidente por questão de tempo ou espaço. É
Total (ITT)
permanente total e a uma ocorrência com potencial para
incapacidade permanente resultar em lesão.
parcial.
Fonte: Adaptado de Lapa e Goes, 2011.
Nota-se que as definições utilizadas para caracterizar os acidentes do
trabalho, no caso dos acidentes com perda de tempo (ACPT) estão
relacionadas às consequências dos acidentese com os acidentados, enquanto
que as definições de acidentes sem perda de tempo (ASPT) pode-se dizer que
estão mais relacionadas à forma como o acidente foi liquidado, ou no caso do
quase acidente que não ocorreu, mas poderia ter ocorrido.
23

Nesta pesquisa serão considerados os termos utilizados pelo Ministério da


Previdência Social, responsável por elaborar os Anuários Estatísticos da
Previdência Social, principal base de dados da pesquisa.

2.2. HISTÓRICO DA SEGURANÇA DO TRABALHO (PREVENÇÃO DE


ACIDENTES)
Desde o início de sua história a humanidade tem sua integridade física
ameaçada e sua capacidade produtiva diminuída pelos acidentes causados
durante a realização de importantes atividades como caça, pesca e guerra.
Num segundo período da história, quando os homens mais habilidosos
transformaram-se em artesões e passaram a sofrer doenças causadas pelo
ambiente onde trabalhavam (minas) e pelos materiais que manipulavam
(metais).
As primeiras referências escritas relacionadas com doenças do trabalho,
encontram-se no papiro egípcio Seller II, que data de 2360 a.C., em que consta
o seguinte texto:
“Eu jamais vi ferreiros em embaixadas e fundidores em missões. O que
eu vejo sempre é o operário em seu trabalho; ele se consome nas
goelas de seus fornos. O pedreiro exposto a todos os ventos, enquanto
a doença o espreita, constrói sem agasalho, seus dois braços se gastam
no trabalho; seus alimentos vivem misturados com os detritos, ele se
come a si mesmo, porque só tem como pão os seus dedos. O barbeiro
cansa os seus braços para encher o ventre. O tecelão vive encolhido,
joelho ao estômago, ele não respira. As lavadeiras sobre as bordas do
rio são vizinhas do crocodilo. O tintureiro fede a morrinha do peixe; seus
olhos são abatidos de fadiga, suas mãos não param e suas vestes vivem
em desalinho”.
Em 460 a.C., Hipócrates, considerado o pai da medicina, também tratou
dos acidentes e doenças do trabalho em seus estudos.
Plínio (23 – 79 d.C.) descreve impressionado o aspecto dos
trabalhadores expostos ao chumbo, ao mercúrio e às poeiras, após visitar
alguns locais de trabalho, destacando o fato de alguns utilizarem à frente do
rosto, à guisa de máscaras, panos ou membranas (de bexiga de carneiro) para
atenuar a inalação de poeiras.
24

George Bauer, mais conhecido como GeorgiusAgricola, publicou em


1556 seu livro De Re Metallica, cujo último capítulo trata dos acidentes e
doenças do trabalho mais comuns entre os mineiros. Onze anos mais tarde
Paracelso publicou o livro Dos Ofícios e das Doenças da Montanha, onde
relaciona métodos de trabalho ou substâncias manuseadas com doenças.
A primeira edição do livro De MorbisArtificumDiatriba, escrita pelo
médico BernadinoRamazzini (Pai da Medicina do Trabalho), foi publicada em
1700. Neste livro Ramazzini descreve doenças que ocorrem em trabalhadores
de mais de cinquenta ocupações.
Na época da Revolução Industrial havia uma preocupação
fundamentada apenas na reparação de danos à saúde e à integridade física
dos trabalhadores, não se pensava em nenhuma ação, atitude ou medida de
prevenção. Esse novo paradigma começou a ficar caracterizado por volta de
1926,através dos estudos de um norte americano conhecido por Heinrich.
Pode-seobservar com bastante nitidez o alto custo que representava para a
seguradora na qualeletrabalhava, reparar os danos decorrentes de acidentes e
doenças do trabalho. A partirdessas observações, foram desenvolvidas uma
série de ideias para que esse problemapudesse ser gerenciado dentro das
empresas, privilegiando a prevenção acima de tudo.Por esta razão, diz-se que
Heinrich é considerado o precursor ou o “pai” do prevencionismo.
Frank Bird Jr. propôs em 1966um novo enfoque para as questões de
segurança e saúde, a partir da ideia de que a empresa deveria se preocupar
não somente com os danos aos trabalhadores, mas também com os danos
àsinstalações, aos equipamentos e aos seusbens em geral. Ele chamou seu
enfoque de LossControl, com o objetivo de dar uma abrangência maior a tais
questões.
Quatro anos depois (1970), ampliando um pouco a extensão do enfoque
de Bird, o canadense John Fletcher deu outra designação a essas ideias,
acrescentando apalavra “total” ao enfoque do norte americano, ou seja,Total
LossControl, incrementando o escopo proposto por Bird no sentido de englobar
também as questões de proteção ambiental, de segurança patrimonial e de
segurança do produto.
Dentro deste contexto de meio ambiente, segurança e saúde no
trabalho, é importante ressaltar que um dos maiores desafios que a indústria
25

como um todo tem atualmente é manter sua competitividade, assegurando um


meio ambiente saudável eseguro, e condições de trabalho que não ameacem a
vida dos funcionários nem sua integridade física. Para
permaneceremcompetitivas em um mercado acirrado e cada vez mais
exigente, as empresas deverão, portanto, desenvolver processos novos e
melhores, bem como implementar sistemas de gestãovoltados principalmente
para a prevenção da poluição e de acidentes, buscando a melhoria contínua e
atendendo, no mínimo, a legislação vigente.

2.3. LEGISLAÇÃO BRASILEIRA SOBRE DIREITO DO TRABALHADOR E


SEGURANÇA DO TRABALHO
A segurança, como sinônimo de prevenção de acidente, evoluiu de uma
forma crescente, englobando um número cada vez maior defatores e
atividades, desde as primeiras ações de reparação de danos até um conceito
mais amplo onde se buscou a prevenção de todas as situações geradoras de
efeitos indesejados para o trabalho. Surgiram e evoluíram em diversos países
ações tendentes a prevenir danos às pessoas, decorrentes de atividades
laborais (LAGO, 2006).
A segurança dos locais de trabalho constituiu a primeira preocupação
social que impulsionou a criação da legislação laboral. Deve-se destacar a
atuação da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que desde a sua
constituição em 1919, tem atribuído um papel prioritário aos temas de higiene e
segurança.
Comparado com a Europa, no Brasil a legislação de segurança é mais
recente.A partir de 1891 começaram a surgir algumas leis e a preocupação
com as relações trabalhistas. O Decreto 1313/1891 determinava a fiscalização
em locais com um número elevado de menores. Já em 1904, a legislação
versava sobre salários; em 1907 sobre sindicatos urbanos e, em 1925,
começou-se a abordar a questão das fériaslegislação que diz respeito aos
diretos dos trabalhadores teve início com a criação do Código
Comercial,através da Lei nº 556, de 25 de junho de 1850, que estabeleceu os
direitos e deveres das empresas e suas relações (LINHA DO TEMPO, 2012).
Com a abolição da escravatura, em 13 de maio de 1888, o Direito do
Trabalho deu os primeiros passos, pois o trabalho livre ganhou importância e
26

começou a ser regulamentado.A Lei n° 217, de 29 de novembro de 1892, foi a


primeira a tratar da aposentadoria por invalidez.
Em 1894 o Deputado Medeiros e Albuquerque apresentou o projeto de
lei para criar o seguro de acidente do trabalho. Anos mais tarde, projetos que
abordavam o mesmo tema foram propostos pelos Deputados Gracho Cardoso
e Latino Arantes (1908), Adolfo Gordo (1915) e Prudente de Moraes Filho.
Em 1912, durante o quarto Congresso Operário Brasileiro, fundou-se a
Confederação Brasileira do Trabalho (CBT), cuja função foi estruturar um
programa de reivindicações operárias, como jornada de oito horas, semana de
seis dias, fixação de salário mínimo e indenização para acidentes de trabalho.
Em 16 de outubro de 1918, por meio do Decreto n° 3550, criou-se o
Departamento Nacional do Trabalho, assinado pelo Presidente da República
Wenceslau Braz P. Gomes, a principal atribuição do órgão foi regulamentar a
organização do trabalho no Brasil.
Em 15 de janeiro de 1919, criou-se a primeira lei brasileira para tratar de
acidentes de trabalho,a lei nº 3724 tornou obrigatório o seguro contra acidentes
do trabalho em algumas atividades.
O Decreto n° 4682, de 24 de janeiro de 1923, conhecido como Lei Elói
Chaves, determinou a criação da Caixa de Aposentadoria e Pensões para
empregados de empresas ferroviárias brasileiras, este decreto é considerado o
ponto de partida para implantação da Previdência Social no Brasil. Em 30 de
abril do mesmo ano, o Decreto n° 16037 criou o Conselho Nacional do
Trabalho para lidar com questões relativas à Previdência Social.
A Lei n° 5109, de 20 de dezembro de 1926, estendeu o Regime da Lei
Elói Chaves aos funcionários portuários e marítimos. Em 1928, a Lei n° 5485
passou a abranger os trabalhadores dos serviços telegráficos e
radiotelegráficos.
Em 26 de novembro de 1930, através do Decreto n° 19433, foi criado o
Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, cujas principais atribuições eram
orientar e supervisionar a Previdência Social, como órgão de recursos das
decisões das Caixas de Aposentadorias e Pensões.
Em 1934 foi promulgada a Constituição Brasileira, que por sua vez
instituiu a Justiça do Trabalho, no mesmo ano, em 10 de julho, foi promulgado
27

o Decreto nº 24637, que estabeleceu novos moldes para as obrigações


resultantes de acidentes do trabalho.
Em 1943 passou a vigorar a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a
qual foi sancionada pelo Presidente Getúlio Vargas. Desde então, a CLT
regulamenta as relações individuais e coletivas do trabalho e unifica as leis
laborais do Brasil.
Em 10 de novembro de 1944, o Decreto nº 7036, revisou a lei que
tratava os acidentes do trabalho, tendo sido uma das principais alterações, o
reconhecimento da companheira como beneficiária da indenização no caso de
acidente do trabalho.
Em 1949 criou-se a Lei nº 605, garantindo ao trabalhador o repouso
semanal remunerado e o pagamento de salário nos dias de feriados civis e
religiosos.
Em 1962, entrou em vigor a Lei nº 4090,que instituiu a gratificação de
Natal, conhecida popularmente como 13º salário. Desde então, no mês de
dezembro de cada ano, o empregador é obrigado a pagar a todos os seus
funcionários um salário extra.
O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), criado para proteger
o trabalhador demitido sem justa causa, foi instituído em 1966, pela Lei nº
5107, lei esta que foi revogada posteriormente em 11 de maio de 1990, quando
o FGTS passou a ser regido pela Lei nº 8.036.
Em 28 de fevereiro de 1967, criou-se o Decreto Lei nº 293 que dispunha
sobre os acidentes do trabalho e teve seu texto revogado em 14 de setembro
do mesmo ano, pela Lei nº 5316, a qual integrou ao texto o seguro de
acidentes do trabalho na previdência social e o Decreto-Lei nº 61784, de 28 de
novembro de 1967, aprovou o novo Regulamento do Seguro de Acidente do
Trabalho.Mais tarde em 19 de outubro de 1976, a Lei nº 6367 passou a dispor
sobre o seguro de acidentes do trabalho a cargo do INPS, revogando a Lei nº
5316 e o Decreto-Lei nº 79037, de 24 de dezembro de 1976, revogou o
Decreto-Lei nº 61784, dando novo texto ao Regulamento do Seguro de
Acidente do Trabalho.
Em 1972 começou a vigorar a Lei nº 5859, que estipula os direitos e
deveres do empregado doméstico e em 19 de dezembro de 1974, por meio da
28

Lei nº 6195, o trabalhador rural passou a ter cobertura contra acidentes do


trabalho.
Em 14 de abril de 1976 foi implantado o Programa de Alimentação do
Trabalhador (PAT) através da Lei nº 6.321. A nova legislação trouxe melhorias
nas condições nutricionais dos trabalhadores, com repercussões positivas para
a qualidade de vida, redução de acidentes de trabalho e aumento da
produtividade. O PAT prioriza o atendimento aos trabalhadores de baixa renda
(que recebam até cinco salários mínimos mensais).
A Lei nº 6514, de 22 de dezembro de 1977, alterou o Capítulo V do
Titulo II da Consolidação das Leis do Trabalho, relativo à segurança e medicina
do trabalho, tendo sido esta, segundo Campanhole e Campanhole (2004) a
última profunda alteração na legislação relativa à segurança, higiene e
medicina do trabalho.
A Portaria nº 3214, de 08 de junho de 1978, em que o Ministro de
Estado do Trabalho, no uso de suas atribuições legais, considerando o
disposto no art. 200, da consolidação das Leis do Trabalho, com redação dada
pelaLei n.º 6.514, de 22 de dezembro de 1977, aprovou as Normas
Regulamentadoras - NR - do Capítulo V, Título II, da Consolidação das Leis do
Trabalho, relativas à Segurança e Medicina do Trabalho.
Por determinação da Lei nº 7.418, de 16 de dezembro de 1985, passa a
ser obrigatório o pagamento das despesas de deslocamento residência-
trabalho e vice-versa pelas empresas aos seus funcionários.
Em 1988 foi aprovada a Constituição da República Federativa do Brasil,
que estabelece regras trabalhistas, como a criação do seguro-desemprego,
jornada máxima de trabalho de 44horas por semana, ampliação da licença-
maternidade para quatro meses, garantia do direito de greve, além de outros
direitos coletivos e individuais.
A Portaria nº 3067, de 12 de abril de 1988, aprovou as Normas
Regulamentadoras Rurais – NRR do art. 13 da Lei n.º 5.889, de 05 de junho de
1973, relativas à Segurança e Higiene do Trabalho Rural, tais normas foram
revogadas pela Portaria nº 86, de 03 de março de 2005, que aprovou a Norma
Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária,
Silvicultura,Exploração Florestal e Aquicultura (NR-31). Esta Norma
29

Regulamentadora teve seu texto revisado, em 14 de dezembro de 2011, pela


Portaria nº 2546.
Em 28 de junho de 1989 foi sancionada a Lei nº 7.783, que assegura ao
trabalhador o direito de greve e as normas para exercê-lo.
A Lei nº 7.998, de 11 de janeiro de 1990 assegura ao trabalhador
demitido sem justa causa o seguro-desemprego, benefício que concede
assistência financeira temporária ao desempregado. Os servidores públicos
civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais, têm seus
direitos relativos à acidentes do trabalho amparados pela Lei nº 8112, de 11 de
dezembro de 1990.
O Decreto nº 158, de 02 de julho de 1991, promulga a Convenção nº
160, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), sobre estatísticas do
trabalho.
A Lei nº 8213, de 24 de julho de 1991, dispõe sobre os planos de
benefícios da Previdência Social, tendo a mesma, mediante contribuição,
assegurar aos seus beneficiários meios indispensáveis de manutenção, por
motivo de incapacidade, desemprego involuntário, idade avançada, tempo de
serviço, encargos familiares e prisão ou morte daqueles de quem dependiam
economicamente.
O Decreto nº 356, de 07 de dezembro de 1991, aprovou o Regulamento
da Organização e do Custeio da Seguridade Social, tendo sido revogado
algumas vezes até sua versão atual, aprovada pelo Decreto nº 3048, de 06 de
maio de 1999.
A Lei nº 9719, de 27 de novembro de 1998, dispõe sobre as normas e
condições gerais de proteção ao trabalho portuário, por meio dela, foram
instituídas multas pela inobservância de seus preceitos. Em 15 de dezembro do
mesmo ano, foi promulgada a Ementa Constitucional nº 20, que modificou o
sistema de previdência social.
Em 15 de janeiro de 2002, o Decreto nº 4085, promulgou a Convenção
nº 174 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Recomendação
nº 181 sobre a Prevenção de Acidentes Industriais Maiores.
Em 11 de novembro de 2005, o Ministério do Trabalho publicou através
da Portaria nº 485 a NR nº 32, que tem por finalidade estabelecer as diretrizes
básicas para a implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde
30

dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como daqueles que exercem
atividades de promoção e assistência à saúde em geral.
Em 13 de maio de 2008, a Portaria nº 152, institui a Comissão Tripartite
de Saúde e Segurança no Trabalho, com o objetivo de avaliar e propor
medidas para implementação, da Convenção nº 187, da Organização
Internacional do Trabalho (OIT), que trata da Estrutura de Promoção da
Segurança e Saúde no Trabalho.
Em 07 de novembro de 2011, promulgou o Decreto nº7602, que dispõe
sobre a Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho (PNSST), o qual
tem por objetivos a promoção dasaúde e a melhoria da qualidade de vida do
trabalhador e a prevenção de acidentes e de danos à saúdeadvindos,
relacionados ao trabalho ou que ocorram no curso dele, por meio da eliminação
ou redução dos riscos nos ambientes de trabalho.

2.4. CUSTOS DO ACIDENTE DO TRABALHO


Para tratar o assunto custo do acidente do trabalho faz-se necessário
apresentar alguns questionamentos, como:
• Quanto representa para uma empresa, em termos monetários, o
acidente, a doença profissional ou o sinistro de qualquer natureza
ocorrido com um de seus funcionários?
• Será que as empresas têm a real noção de que as perdas monetárias
causadas por estes vão além do custo de substituição do trabalhador e
do custo previdenciário?
• O que forma e qual a relação custo-benefício da implantação de um
sistema de gerenciamento de riscos de caráter preventivo?
Para responder devidamente a essas perguntas, há a necessidade de
compreendermos a real extensão do dano causado por um evento indesejado
(BARBOSA FILLHO, 2011).
Os primeiros estudos sobre os aspectos econômicos da segurança do
trabalho datam do final da década de 1920. H. W. Heinrich definiu os custos
dos acidentes como formados por custos diretos (Cd), também designados
como custos segurados (assistência médica, indenizações e encargos
acessórios de gestão) e indiretos (Ci) ou não segurados.
31

Estes últimos representariam o tempo perdido pelo acidentado e pelos


demais trabalhadores, bem como os recursos demandados para a adequada
investigação do sinistro, o tempo despendido na seleção e formação de um
substituto, decréscimos no volume e na qualidade da produção pela queda do
moral dos companheiros do acidentado que resultariam perdas comerciais,
atingindo, inclusive, a imagem da empresa.
Dessa forma, para Heinrich, os custos totais relacionados ao evento
poderiam ser expressos como:
Ct = Cd + Ci (1)
onde:
Cd corresponde aos custos diretos
Ci corresponde aos custos indiretos
Em seus estudos, buscou estabelecer uma relação entre Cd e Ci,
estabelecendo uma relação linear (Cd = α.Ci), onde o valor definido entre estes
foi de 1:4. Ou seja, que os custos diretos representam apenas a quinta parte
dos custos totais (ou perdas monetárias) causados por um acidente. Pode-se,
então, dizer que, para esse modelo, a maior parte dos custos de um acidente
era representada por variáveis de difícil mensuração e, por conseguinte,
quantificação.
Entre os anos 1945 e 1970, Roland P. Blake realizou diversos estudos
em empresas e encontrou proporções que variavam desde 1:1 a 1:8, o que
dava sustentação ao valor médio sugerido por seu antecessor.
Em continuidade, Heinrich expandiu o conceito de acidente, trazendo
para a análise o levantamento dos acidentes sem lesão. Dessa forma, deu
início a uma forma bastante peculiar de apresentação dos danos causados por
acidentes em uma organização. A expressão na forma de pirâmides de
gravidade representa a relação entre as lesões incapacitantes, de menos
gravidade ou não incapacitantes, e os acidentes sem lesão, em quantidades.
Em suas investigações encontrou a relação 1:29:300, em que, para cada lesão
incapacitante, ocorriam 29 não incapacitantes e 300 sem lesão, conforme
demonstrado na Figura 1 - Pirâmide de gravidade de Heinrich - 1:29:300.
32

Figura 1 – Pirâmidede gravidade de Heinrich - 1:29:300.

1 Lesão incapacitante

29 Lesões não incapacitantes

300 Acidentes sem lesão

Fonte: Barbosa Filho (2011).

Partindo desses estudos, na década de 1960, Frank Bird Jr. formulou


sua teoria de controle de perdas e, após exaustiva pesquisa, encontrou a
relação 1:100:500. Incluiu em sua análise, caracterizando como acidentes sem
lesão pessoal, aqueles em que ocorressem danos puramente à propriedade.
Ao final dessa mesma década, um novo estudo patrocinado pelaInsurance
Company of North America refinou o trabalho de Bird, alcançando uma relação
mais precisa, na qual desdobrando a pirâmide resultou a relação 1:10:30:600,
conforme a Figura 2 - Pirâmide de gravidade de Bird - 1:10:30:600, a seguir.

Figura 2 – Pirâmide de gravidade de Bird - 1:10:30:600.

1 Acidente com lesão grave

10 Acidente com lesão leve

30 Acidente com dano à propriedade

600 Acidente sem lesão ou danos previsíveis

Fonte: Barbosa Filho (2011).

Em 1962, no Journalofthe American SocietyofSafetyEngineers, Morris B.


Wallach expôs sua teoria sobre contabilização do custo do sinistro laboral,
tomando como base cinco fatores intervenientes na produção: mão-de-obra,
maquinaria, instalações, material e tempo.
Mais tarde, partindo desse mesmoprincípio, Diego Andreoni formulou
como custo de acidentes os gastos ou perdas que resultam, como:
Ct = Cfp + Cfs + Cvp + Cl + Cm + Ce (2)
onde:
Ctcorresponde àcusto total do acidente;
33

Cfp corresponde àcusto fixo de prevenção;


CFs corresponde àcusto fixo de seguros sociais;
Cvp corresponde àcusto variável da prevenção;
Cvs corresponde àcusto variável dos seguros;
Cl corresponde àcusto associado às lesões;
Cm corresponde àcusto por perdas materiais, de maquinaria ou de
equipamentos;
Ce corresponde à custos eventuais ou excepcionais.
J. Fletcher prosseguiu o trabalho de Bird, em 1970, propôs programas
de controle total de perdas, com o objetivo de minimizar todas as
oportunidades que pudessem interferir ou comprometer o funcionamento do
sistema homem-máquina-ambiente. Em 1979, Skiba, com base em um estudo
realizado na Alemanha, propôs uma nova hierarquia que incluía um novo
elemento – os “Quase Acidentes”(ainda que em estimativa), de onde surgiu
uma nova relação entre as frequências de ocorrência dos efeitos mais graves e
dos demais efeitos decorrentes de um acidente, conforme apresentado na
Figura 3 – Pirâmide de gravidade de Skiba – Quase Acidentes, a seguir:

Figura 3 – Pirâmidede gravidade de Skiba – Quase Acidentes.

Acidente mortal

Acidente com 3 ou mais dias de afastamento

Acidente com até 3 dias de afastamento

Acidente sem afastamento

Acidente só com primeiros socorros

Quase acidentes

Fonte: Barbosa Filho (2011).

Os modelos em questão servem para atestar a importância dos


pequenos acidentes ou de menor gravidade – muitas vezes negligenciados –
para a formação do custo global do sistema de prevenção, representando parte
tão importante em sua composição quanto os de menor gravidade.
34

Em meados dos anos 1970, a partir de estudos desenvolvidos por


WillieHammer, a serviço da Força Aérea e do Programa Aeroespacial Norte-
americano, desenvolveu-se em Engenharia de Segurança de Sistemas,
trazendo em seu bojo a ideia da necessidade da visão sistêmica aplicada a um
complexo de partes ou componentes, a exemplo de naves e aeronaves. Esse
conceito foi bem aceito pelos especialistas da área e sua utilização vem sendo
difundida desde então.
Para gerenciar o sistema de custos dos acidentes e estabelecer uma
relação custo-benefício, devemos responder à seguinte questão: Que
elementos compõem cada uma das parcelas ou classes dos custos
relacionados aos acidentessejam estes com vítimas ou apenas com danos
materiais?
As perdas, em sentido econômico, decorrentes do sinistro, podem ser
agrupadas em:
a) Perdas por danos a pessoas:
• por indenizações a trabalhadores e a terceiros;
• pelo transporte (terrestre e aéreo, se for o caso) e cuidados
médicos, inclusive hospitalares, cirúrgicos, internação, devidos ao(s)
acidentados;
b) Perdas relativas a aspectos legais:
• honorários advocatícios, de gestores e de peritos em causas
trabalhistas;
• encargos empregatícios: horas-extras, adicional de férias,
aposentadorias e demais despesas reflexas;
• encargos e sanções referentes a infrações relativas à saúde e
segurança do trabalho;
• seguros públicos e privados;
• perdas previstas em demais contratos, etc.;
c) Perdas em equipamentos:
• resultantes de danos causados à maquinaria, ferramentas,
gabaritos de produção e instalações (relativos, por exemplo, ao
reparo, substituição e perda de valor de revenda ou residual);
d) Perdas materiais:
35

• danos ocorridos com as matérias-primas, em processamento,


produtos acabados ou semiacabados;
• perdas de fluidos (óleo, água, vapor, etc.) ou outros produtos de
uso indireto na produção;
• por danos à edificação ou a componentes de sua estrutura;
e) Perdas produtivas:
• No aspecto técnico:
- perda de uniformidade e o aumento da possibilidade de erros na
produção;
- redução no rendimento produtivo;
- atrasos na produção e na entrega de produtos;
• No aspecto humano:
- baixa no moral, na condição física e psíquica dos trabalhadores;
- possíveis dificuldades quando da reinserção laboral do
acidentado – necessidade de reabilitação ou de mudança de
função – assegurada por lei ao trabalhador;
- perdas familiares decorrentes dos cuidados com o acidentado
(por exemplo, alguém ter que deixar de trabalhar por certo
período de tempo, com a respectiva perda dos rendimentos
daquele familiar) e/ou a redução do rendimento familiar em termos
econômicos (quando comparados os rendimento do indivíduo
ativo face ao seguro-acidente ou aposentadoria), que atinge,
dessa forma, a própria empresa e outras empresas, vez que
decresce o poder aquisitivo em sentido amplo;
f) Pelo(s) envolvido(s) no acidente:
• parada de produção e a demanda de um período de afastamento
– ainda que mínimo – para a retomada do ritmo normal da condição
de trabalho.
g) Por parte dos companheiros de trabalho:
• para socorro direto e indireto ao(s) envolvido(s);
• para informarem-se do ocorrido;
• por razões emocionais e de outras naturezas;
h) Por parte dos superiores hierárquicos:
36

• para socorro direto e indireto ao(s) envolvido(s);


• para reestabelecer a normalidade e a ordem, bem como para a
elaboração de relatos sobre o ocorrido;
• para selecionar e treinar o(s) substituo(s), quando necessário;
• para investigar o acidente e elaborar estratégias que visem evitar
a reincidência de evento;
• para atender o(s) acidentado(s) e seus familiares;
• para atender procedimentos legais e assessorar as decisões da
empresa referentes a estes;
• pela redução da atenção ao desenvolvimento regular das
atividades desempenhadas pelos demais trabalhadores.
i) Perdas de mercado:
• responsabilidade civil por fato do produto e outras atribuições da
empresa em relação ao Código de Defesa do Consumidor;
• indenizações e penalidades pelo não cumprimento de acordos
estabelecidos;
• devoluções e reclamações dos clientes, quando não houver a
perda da aceitação do produto por estes ou a busca por outros
fabricantes e/ou fornecedores.
A estas se acrescentam as perdas de imagem sofridas pela empresa, de
difícil mensuração e que, certamente, requerem um grande esforço e
investimentos para a reversão. Por tudo isso, não resta dúvida em afirmar que
é fundamental estabelecer todas as diretrizes de uma política de saúde e
segurança integral que vise zero perda, introduzindo as ações necessárias ao
seu atendimento nas atividades rotineiras da organização, de modo a
assegurar a sua plena execução, limitando, assim, as oportunidades de
acidentes a casos aleatórios, ou seja, a aqueles não previsíveis sob qualquer
aspecto. Desta feita, em não havendo como determiná-los ou antecipá-lo, não
haverá o planejamento prévio da organização no intuito de evita-los, por mais
remotas que sejam as chances de sua ocorrência.
Por fim, cabe chamar a atenção para a ordem de grandeza econômica
que os acidentes do trabalho representam em uma sociedade, calcula-se que o
custo médio de todos os tipos de acidentes de trabalho nos países
37

desenvolvidos corresponda a 4% do PIB anual (DWYER, 2006 apud


BARBOSA FILHO, 2011).
No Brasil, o INSS é responsável pelo recolhimentodas contribuições e
custeio das despesas com o pagamentodos benefícios do Sistema Único de
Benefício(SUB), portanto os dados que serão utilizados para a estimativa dos
custos dos acidentes do trabalho terão como base as informações
disponibilizadas por este órgão.

2.5. ACIDENTES DO TRABALHO NAS ATIVIDADES DE ATENDIMENTO


HOSPITALAR
Segundo Canedo (2009), historicamente, os profissionais de saúde não
eram considerados como categoria profissional de alto risco para acidentes de
trabalho, entretanto isto foi modificado a partir da década de 80, com a
ocorrência da AIDS, através da constatação de agravos àqueles que exerciam
atividades em laboratório, com a manipulação de micro-organismos.
O trabalho no setor saúde é executado em locais onde existe constante
exposição a fatores de risco de diversas ordens, que prejudicam aqueles que
ali exercem suas atividades laborais. Entre os muitos agravos que acometem a
saúde dos profissionais deste setor, destacamos os acidentes de trabalho, que
sobrevêm de maneira abrupta ou insidiosa no corpo dos trabalhadores, em
decorrência do desgaste sofrido e provocado pela exposição às cargas de
trabalho existentes nos processos de trabalho dos serviços de saúde (SÊCCO,
2006).
Definir o profissional de saúde é algo complexo,porém se faz necessário
para
quesecalculemtaxasdeexposiçãoqueenvolvamcategoriasprofissionaisespecífica
s. O trabalhadordaáreadesaúde é qualquer pessoa cujas atividades envolvam o
contato direto com pacientes, com
sangueououtrosfluidoscorpóreos,dentrodeumestabelecimentodesaúde. Assim,
todasaspessoasquetrabalhamemcentrocirúrgico
sãoconsideradasprofissionaisda saúde,inclusiveàquelasqueatuamnalimpeza.
Omaisimportantenadefiniçãodo profissional de saúde é sua formação e sua
capacitação adquiridas com vistas a atuar no setor (LIMA, 2001).
38

Segundo Hökerberget al. (2006), as condições de trabalho de qualquer


categoria profissional podem estar sobrisco, porém os trabalhadores da saúde
apresentam características específicas através do relacionamento coma vida,a
doençaea morte,porserpartedeum
sistemaqueasseguraacontinuidadedaproduçãoequedeterminaaquebrada
continuidadenotrabalhorealizadoindividualmente (trabalhoemturnos).Todos
estes fatores e as jornadas rotativas provocam além de distúrbios do sono,
distúrbios nervosos, digestivose desorganização familiar e social, podendo
resultar em diversosagravosà saúde, conforme seguem alguns exemplos:
- Agravos que produzem ruptura abrupta do equilíbrio entre as
condições, o ambiente e a saúde do trabalhador: são os acidentes de
trabalho e as intoxicações agudas de origem profissional.
-
Agravosdecarátercrônico:adoençaprofissionaltípica,definidacomoàquela
inerente ou peculiar a determinado ramo de atividade.
-Doençasrelacionadasaotrabalho:agravosoutrosque,emadiçãoàsdoenças
profissionaislegalmentedesconhecidas,ocorremem
trabalhadoresquandooambiente ou as condições contribuem
significativamente para a ocorrência de doenças de variados graus de
magnitude.
- Grupos de problemas atribuídos à organização do trabalho:
envelhecimento precoce, síndrome de fadiga patológica, distúrbios do
sono e da sexualidade e o estresse crônico.
- Relacionados aos agentes que causam riscos à saúde dos
trabalhadores e que costumam estar presentes nos locais de trabalho:
agentes químicos (substâncias químicas), físicos (calor/frio), biológicos
(hepatites/HIV/tuberculose), ergonômicos (LER/DORT) e riscos de
acidentes.
39

3. MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA


A pesquisa buscou contribuir para o aumento do volume de informações
disponíveis a respeito de acidentes do trabalho no Brasil, em especial no setor
de atendimento hospitalar, tendo utilizado como base para análise dados de
um hospital particular localizado no município de Guarulhos.
Num primeiro momento, realizou-se uma revisão bibliográfica acerca dos
tópicos associados ao tema e aos objetivos da pesquisa, como acidentes do
trabalho, custos de acidentes do trabalho e práticas de avaliação de riscos. A
base de pesquisa para este levantamento foi composta por livros, dissertações,
artigos publicados em congressos e periódicos nacionais e internacionais; em
geral, as palavras-chave utilizadas foram acidentes do trabalho no atendimento
hospitalar, costsofocupationalacidents, healthandsafetycosts, riskassessment,
custos de acidentes do trabalho, custos com saúde e segurança, avaliação de
riscos, entre outras relacionadas a estas questões.
Em seguida, uma pesquisa qualitativa e quantitativa foi conduzida,com
dados oficiais sobre acidentes do trabalho no Brasil no período de 2003 a 2011
publicados pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) nos Anuários
Estatísticos da Previdência Social (AEPS), dados os estes, extraídos dos
seguintes capítulos:
- Acidentes do trabalho: utilizado para identificar as características dos
acidentados e dos acidentes do trabalho, tais como abrangência,
discriminação por setor industrial,faixa etária, sexo, parte do corpo
atingida, a CID e consequência como foram liquidados;
- Contribuintes empregados da previdência social: utilizado para estimar
a quantidade média de segurados contratados sob o regime da CLT,
constituídos principalmente pelo empregado, aquele que presta serviço
de natureza urbana ou rural a empresa, em caráter não eventual, sob
sua subordinação e mediante remuneração;
- Contabilidade: utilizado para obter as despesas referentes à acidentes
do trabalho.
40

Tais informações, segundo descrito nos Anuários Estatísticos da


Previdência Social (AEPS), foram extraídas do Sistema Único de Benefícios
(SUB) e do Sistema de Comunicação de Acidente do Trabalho – CAT,
desenvolvido pela DATAPREV para processar e armazenar as informações da
CAT que são cadastradas nas Agências da Previdência Social ou pela internet.
Os dados referentes às despesas do INSS, publicados nos AEPS, foram
extraídos do Balancete Analítico de Receitas e Despesas, elaborado pela
Coordenação-Geral de Orçamento, Finanças e Contabilidade do INSS.
Devido à revisão na estrutura da CNAEem 2007, resultando na versão
2.0, para trabalhar com os dados dos anos de 2003, 2004 e 2005, foram
necessárias correções nos valores com base nas informações do Apêndice A -
Tabela de conversão de CNAE para SAE. Uma das principais mudanças foi o
fato da Construção ter deixado de ser uma subclassificação da Indústria na
CNAE 95 e passado a ser uma classificação na CNAE 2.0.
Durante a tabulação dos dados dos AEPS obteve-se como principais
resultados direcionadores desta pesquisa a informação de que o maior número
de registros de acidentes do trabalho está relacionado ao SAE referente aos
Serviços e a CNAE com maior número nos últimos nove anos é a CNAE 86.10,
que diz respeito às atividades de atendimento hospitalar, justificando assim a
escolha pela instituição estudada.
Para atingir os objetivos desta pesquisa exploratória, foi realizado o
levantamento de dados da instituição estudada, por meio de umaavaliação
documental, com uma abordagem qualitativa e quantitativa dos registros de
acidentes. Tais documentos foram disponibilizadospor um funcionário da
equipe responsável pelos Serviços Especializados em Engenharia e em
Medicina do Trabalho (SESMT) do hospital, funcionário este, responsável pela
notificação dos acidentes do trabalho ocorridos com todos os funcionários da
instituição. Este funcionário ressaltou durante a análise da documentação que
a instituição não possui um sistema de gerenciamento de riscos ou de
acidentes de trabalho, por isso ele está iniciando o processo de levantamento
de dados para criação de indicadores, possuindo registros apenas dos anos de
2010, 2011 e 2012.
Uma pesquisa de caráter exploratório tem como objetivo tornar um
fenômeno mais familiarizado e compreendido, como o caso deste estudo, que
41

buscou identificar informações importantes referentes aos acidentes do


trabalho numa instituição de atendimento hospitalar(MIGUEL, 2010).
Durante análise, foram verificados itens como sexo, faixa etária e parte
do corpo atingida do acidentado,local do acidente, tipo de acidente, agente da
lesão e consequência como os acidentes foram liquidados. Os códigos das
CIDs não foram disponibilizados pelo funcionário.
Os registros analisados foram aqueles queenvolviam apenas os
profissionais com atividades ligadas à saúde dos pacientes, exceto os médicos,
pois estes, segundo o funcionário entrevistado não registram acidentes em
CAT, ou seja, seus acidentes são subnotificados. Outros funcionários que não
foram considerados são os dos setores administrativos do hospital (recepção,
callcenter, refeitório, financeiro, etc.).
Outros valores que foram tabulados são os que dizem respeito às
despesas do INSS, estes valores foram utilizados para estimar os custos
indiretos e os custos totais dos acidentes no Brasil. A partir dos valores dos
custos totais dos acidentes foram calculados com base nas quantidades de
registros de acidentes os custos individuais médios dos acidentes do trabalho
em cada ano do período estudado.
Como existem dados disponíveis nos AEPS que não são monitorados
pelo SESMT da instituição estudada e vice-versa, foram comparados apenas
os dados que dizem respeito aos acidentes típicos e de trajeto em função da
quantidade de pessoas expostas, acidentes típicos e de trajeto, de acordo com
a faixa etária, em função da quantidade de pessoas expostas. Também foram
apresentadas informações sobre as partes do corpo atingidas nos acidentes
registrados na instituição estudada.
42

4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS


Os resultados sobre os dados publicados pelo INSS são apresentados
no item 4.1 desta pesquisa, neste item são apresentados os dados sobre
acidentes do trabalho, ocorridos de acordo com a região demográfica e o tipo
de acidente, o setor de da atividade econômica, a faixa etária e o sexo do
acidentado, a parte do corpo atingida, a CID, a consequência como o acidente
foi liquidado e os custos destes acidentes, levantamento realizado com base
nas despesas do INSS referentes aos pagamentos de benefícios provenientes
de acidentes do trabalho. Da mesma forma, no item 4.2 desta pesquisa, são
apresentados os dados da instituição estudada, comparando sempre que
possível com os dados oficiais por meio de porcentagem da população exposta
em relação aos registros de acidentes.

4.1. DADOS OFICIAIS DO INSS


Neste item do trabalho os dados levantados foram divididos em subitens de
acordo com asinformaçõesdisponibilizadas pelo INSS no que diz respeito aos
acidentes do trabalho, como região demográfica, Setor de Atividade Econômica
(SAE), sexo e faixa etária do acidentado, parte do corpo atingida, a CID e
consequência como o acidente foi liquidado. Adicionalmente, foram levantadas
as despesas,do INSS, relacionadas aos acidentes do trabalho.

4.1.1. ACIDENTES DO TRABALHO POR REGIÃO DEMOGRÁFICA


NaTabela 2 são apresentados os dados referentes aos acidentes
típicos,divididos por região demográfica, ou seja, decorrentes da característica
da atividade profissional desempenhada pelo acidentado.
Tabela 2 – Acidentes típicos, divididos por região.
Total nos
Ano Ano Ano Ano Ano Ano Ano Ano Ano
Região últimos
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
9 anos
Norte 11.370 15.063 15.879 16.068 17.575 17.733 17.426 17.026 18.375 146.515
Nordeste 28.178 34.620 38.278 41.185 43.295 45.784 46.649 44.677 44.205 366.871
43

Sudeste 184.023 211.378 225.736 231.996 238.080 253.877 242.006 239.047 244.681 2.070.824
Sul 81.436 90.283 93.815 91.964 89.286 93.557 89.150 88.977 87.020 805.488
Centro-Oeste 20.570 23.827 24.905 26.213 28.800 30.974 29.267 27.568 28.886 241.010
Total 325.577 375.171 398.613 407.426 417.036 441.925 424.498 417.295 423.167 3.630.708

Nota-se que a região com maior quantidade de acidentes do trabalho é a


região Sudeste com 2.070.824 acidentes (57,0%), seguida da região Sul com
805.488 acidentes (22,2%) dos registros dos últimos nove anos. Os acidentes
do trabalho típicos registrados nestas duas regiões representam
aproximadamente 79,2% do total registrado no período.
Para ilustrar a concentração de acidentes típicos registrados por região
construiu-se o Gráfico 1, apresentado a seguir.

Gráfico 1 – Porcentagemde acidentes típicos por região, nos últimos 9 anos.

Porcentagem de Acidentes Típicos nos últimos 9 anos por Região


6,6% 4,0%
10,1%

22,2% Norte
Nordeste
Sudeste
Sul
Centro-Oeste

57,0%
.

NaTabela 3 são apresentados os dados referentes aos acidentes


devidos à doença do trabalho, divididos por região demográfica, ou seja,
ocasionados por qualquer tipo de doença profissional peculiar a determinado
ramo de atividade constante na tabela da Previdência Social.

Tabela 3 – Acidentes devidos à doença do trabalho, divididos por região.


Total nos
Ano Ano Ano Ano Ano Ano Ano Ano Ano
Região últimos
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
9 anos
Norte 936 1.018 1.224 1.649 1.506 1.378 1.039 1.141 708 10.599
Nordeste 3.498 4.555 4.799 4.768 3.747 2.715 2.773 2.488 2.369 31.712
Sudeste 14.093 17.684 19.248 16.957 12.239 11.406 11.045 9.508 8.838 121.018
Sul 4.208 5.411 6.170 5.261 3.791 3.831 3.640 3.039 2.339 37.690
Centro-Oeste 1.123 1.526 1.655 1.535 1.091 1.026 1.073 1.001 829 10.859
44

Total 23.858 30.194 33.096 30.170 22.374 20.356 19.570 17.177 15.083 211.878

Nota-se que a região com maior quantidade de acidentes devidos à


doença do trabalho é a região Sudeste com 121.018 acidentes (57,1%),
seguida da região Sul com 37.690 acidentes (17,8%) registrados nos últimos
nove anos. Os acidentes devidos à doença do trabalho registrados nestas duas
regiões representam aproximadamente 74,9% do total ocorrido no período
estudado.
Para ilustrar a concentração de acidentes devidos à doença do trabalho
por região construiu-se o Gráfico 2, apresentado a seguir.

Gráfico 2 – Porcentagemde acidentes devidos à doença do trabalho por região, nos últimos 9
anos.

Porcentagem de Acidentes devidos à Doença do Trabalho por Região


5,1% 5,0%
15,0%
17,8%

Norte
Nordeste
Sudeste
Sul
Centro-Oeste

57,1%

Coincidentemente, tanto no caso dos acidentes típicos como os devidos


à doença do trabalho, ocorridos na região sudeste, ambos representam mais
da metade das ocorrências, ou seja, a quantidade destes registros é superior à
soma dos acidentes nas demais regiões.
NaTabela 4 são apresentados os dados referentes aos acidentes de
trajeto,divididos por região demográfica, ou seja, ocorridos no trajeto entre a
residência e o local de trabalho do segurado e vice-versa.

Tabela 4 – Acidentes de trajeto,divididos por região.


Total nos
Ano Ano Ano Ano Ano Ano Ano Ano Ano
Região últimos
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
9 anos
Norte 1.620 2.007 2.329 2.781 2.882 3.117 3.078 3.443 3.760 25.017
45

Nordeste 4.901 5.924 6.881 7.783 7.723 8.699 9.519 10.602 11.405 73.437
Sudeste 29.403 35.188 39.833 43.485 47.019 52.884 52.720 55.428 58.429 414.389
Sul 10.018 12.543 13.717 15.049 15.459 17.318 17.619 18.230 18.775 138.728
Centro-Oeste 3.700 4.673 5.211 5.538 5.922 6.724 7.244 7.618 7.861 54.491
Total 49.642 60.335 67.971 74.636 79.005 88.742 90.180 95.321 100.230 706.062

Nota-se que a região com maior quantidade de acidentes de trajeto é a


região Sudeste com 414.389 acidentes (58,7%), seguida da região Sul com
138.728 acidentes (19,6%) nos últimos nove anos. Os acidentes de trajeto
registrados nestas duas regiões representam aproximadamente 78,3% do total
de ocorrências do período.
Para ilustrar a concentração dosacidentes de trajeto por região
construiu-se o Gráfico 3, apresentado a seguir.

Gráfico 3 – Porcentagemde acidentes de trajeto por região, nos últimos 9 anos.

Porcentagem de Acidentes de Trajeto por Região nos últimos 9 anos


7,7% 3,5%
10,4%

19,6% Norte
Nordeste
Sudeste
Sul
Centro-Oeste

58,7%

Nos três casos (típico, doença do trabalho e trajeto) percebe-se que as


regiões com maior número de ocorrências são as regiões Sudeste e Sul. Com
relação aos registros devidos à doença do trabalho, nas regiões Sul (17,8%) e
Nordeste (15,0%) as quantidades destes acidentes do trabalho foram próximas,
e nas regiões Centro-Oeste e Norte, apesar de menor quantidade, os números
também foram muito próximos, sendo 5,1% e 5,0% respectivamente.
Outra informação interessante refere-se à constância dos números nas
regiões no que diz respeito aos tipos de acidentes registrados, representando a
região Sudeste nos três casos (típico, doença do trabalho e trajeto)
aproximadamente 57%, a região Norte aproximadamente 4% e a região
Centro-oeste aproximadamente 6,5%.
46

Já as regiões Sul e Nordeste têm números que destoam das demais,


sendo que na região Nordeste os registros de acidentes típicos e de trajeto
representam aproximadamente 10% enquanto que os registros devidos à
doença do trabalho correspondem à 15%. Na região Sul, os registros
relacionados à doenças do trabalho representam 17,8%, trajeto representam
19,6% e os típicos, estes correspondem à 22,2%, distanciando-se da
proximidade dos 18,5%.

4.1.2. ACIDENTES DO TRABALHO POR SETOR DE ATIVIDADE


ECONÔMICA (SAE)
Neste item da pesquisa os acidentes foram divididos de acordo com os
setores de atividade econômica, que são classificados conforme o tipo de
atividade predominante realizada pela organização, sendo compostos por cinco
principais grupos que são:
• Agropecuária;
• Indústria;
• Construção;
• Serviços de Utilidade Pública (Água, Gás e Eletricidade);
• Serviços.
Estes cinco setores são compostos por divisões da Classificação
Nacional de Atividade Econômica (CNAE), podendo em alguns casos, como o
da Indústria ser divididos em diversas subdivisões, porém sempre de acordo
com a CNAE. O setor Indústria é dividido entre indústria extrativa e indústria de
transformação, a divisão transformação é dividida em diversos outros setores,
como por exemplo: produtos alimentícios e bebidas, produtos têxteis e artigo
de vestiário, fabricação de papel e celulose, produtos químicos, metalurgia,
artigos de borracha e material plástico, fabricação de equipamentos
eletrônicos, etc.
NaTabela 5 são apresentados os dados referentes aos acidentes do
trabalho divididos por Setor de Atividade Econômica (SAE) registrados entre os
anos de 2003 e 2011, período estudado. Nesta tabela existe uma linha cujo
campo SAE contém a informação “Ignorado”, correspondendo aos acidentes
que tiveram na CAT o campo SAE sem preenchimento.
47

Tabela 5 – Acidentes do trabalho por Setor de Atividade Econômica (SAE).


Setor de
Total nos
Atividade Ano Ano Ano Ano Ano Ano Ano Ano Ano
últimos
Econômica 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
9 anos
(SAE)
Agropecuária 34.589 37.834 35.825 31.036 28.893 29.710 29.434 28.675 26.305 282.301
Construção 4.451 4.963 5.220 29.054 37.394 52.830 55.670 55.920 59.808 305.310
Indústria 133.880 165.131 180.888 196.646 244.826 277.724 247.890 238.427 236.561 1.921.973
Serviços 210.158 239.279 256.585 229.540 294.259 337.876 340.681 334.372 341.000 2.583.750
Serviços de
Utilidade 9.923 11.414 11.233 13.507 15.499 17.250 17.611 16.567 16.762 129.766
Pública
Ignorado 6.076 7.079 9.929 12.449 38.652 40.590 42.079 35.513 30.728 223.095
Total 399.077 465.700 499.680 512.232 659.523 755.980 733.365 709.474 711.164 5.446.195

Nota-se que o SAE com maior quantidade de ocorrências é o setor de


serviços 2.583.750 ocorrências (47,4%), seguido do setor da indústria com
1.921.973 ocorrências (35,3%) dos acidentes registrados nos últimos nove
anos. Os acidentes registrados nestes dois setores correspondem à
aproximadamente 82,7% do total registrado no período em estudo.
Para ilustrar evolução dos acidentes do trabalho ocorridos de acordo
com o SAE ao longo do período estudado, construiu-se o Gráfico4, no qual
percebe-se o predomínio das ocorrências nos setores de serviços e indústria,
sendo que nos últimos cinco anos os registros na indústria mantiveram-se
acima de 200.000 ocorrências e no setor de serviços próximo de 340.000
ocorrências nos últimos quatro anos.
Gráfico 4 – Acidentesdo trabalho de acordo com o SAE.
48

Qtde. Acidentes do Trabalho de acordo com o SAE


400.000
350.000
300.000
250.000
200.000
150.000
100.000
50.000
0
Ano Ano Ano Ano Ano Ano Ano Ano Ano
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Agropecuária Construção Indústria Serviços Serviços de Utilidade Pública

Deste gráfico podem-se extrair diversas informações interessantes,


como o aumento, ocorrido a partir do ano de 2006, nos setores de Serviços,
Indústria e Construção, tal aumento pode ser consequência da revisão
realizada na Classificação Nacional de Atividade Econômica (CNAE), tendo
migrado da versão 95 para a versão 2.0. Um exemplo de mudança ocorrida foi
a unificação das CNAE 52.12-4 e 52.11-6, que classificavam empresas cuja
atividade principal era o comércio varejista de mercadorias em geral, com
predominância de produtos alimentícios com área de venda entre 300 e 5000
metros quadrados e superior à 5000 metros quadrados, respectivamente.
Tendo estes sido revisados para a CNAE 47.11-3, que classifica empresas cuja
atividade principal é o comércio varejista de mercadorias em geral, com
predominância de produtos alimentícios - hipermercados e supermercados.
Outra mudança foi a atividade denominada Construção que na versão 95 era
uma subclassificação do SAE Indústria e a partir da versão 2.0 adquiriu o nível
de classificação, ou seja, passou a ser um SAE.
Para facilitar a visualização dos dados mais próximos ao eixo horizontal
do Gráfico 4, foram eliminadas as curvas referentes aos setores de Serviços e
Indústria, resultando no Gráfico 5, conforme segue.

Gráfico 5 – Acidentesdo trabalho de acordo com o SAE, exceto Serviços e Indústria.


49

Acidentes do Trabalho de acordo com o SAE, exceto Serviços e Indústria


60.000
50.000
40.000
30.000
20.000
10.000
0
Ano Ano Ano Ano Ano Ano Ano Ano Ano
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Construção Serviços de Utilidade Pública Agropecuária
(Água, Gás e Eletricidade)

O aumento do número de acidentes registradas na Construção pode ser


consequência da revisão da CNAE de 95 para 2.0, conforme já citado neste
item da pesquisa, porém não se encontraram informações na literatura
existente que pudessem servir de base para sustentar esta informação. Este
crescimento também pode estar relacionado ao aumento da demanda por
novos imóveis, ocasionando um aumento significativo na quantidade de
pessoas trabalhando em empresas com atividades relacionadas à Construção
e consecutivamente expostas aos riscos destas atividades.Outra informação
que se extrai dos gráficos 4 e 5 está relacionada às linhas de tendência das
curvas, em todos os setores as linhas apresentam-se em posição ascendente,
ou seja, o número de acidentes tende à aumentar, enquanto que no setor
Agropecuária a linha está em posição descendente, podendo ser resultado da
diminuição do número de funcionários realizando atividades manuais que
atualmente podem ser realizadas por máquinas devido ao avanço da
automação, desenvolvido para o setor.

4.1.3. ACIDENTES DO TRABALHO DE ACORDO COM O SEXO E FAIXA


ETÁRIA DO ACIDENTADO
Neste item da pesquisa os acidentes do trabalho foram divididos ao
longo do período estudado em função do sexo e da faixa etária do acidentado.
A Tabela 6 apresenta os dados referentes aos acidentes do trabalho
ocorridos de acordo com o tipo de acidente e o sexo do acidentado, nesta
tabela, constam também informações referentes aos registros de acidentes do
50

trabalho em que o campo Sexo não foi preenchido, estando estes números
representados pelas linhas com o campo “Ignorado”.

Tabela 6 – Acidentes do trabalho de acordo com o tipo do acidente e o sexo do acidentado.

Acidente Sexo 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Total
Masculino 262.983 303.798 320.577 325.144 330.799 347.987 327.183 319.147 318.641 2.856.259
Típico Feminino 62.564 71.335 78.035 82.280 86.230 93.938 97.310 98.146 104.519 774.357
Ignorado 30 38 1 2 7 0 5 2 7 92
Masculino 11.976 15.074 17.172 16.308 12.565 11.444 11.411 9.892 9.197 115.039
Doença do
Feminino 11.867 15.111 15.924 13.862 9.808 8.911 8.159 7.285 5.886 96.813
Trabalho
Ignorado 15 9 0 0 1 1 0 0 0 26
Masculino 33.890 41.285 46.409 50.123 52.701 58.890 58.859 61.907 64.040 468.104
Trajeto Feminino 15.745 19.043 21.562 24.513 26.304 29.851 31.321 33.414 36.190 237.943
Ignorado 7 7 0 0 0 1 0 0 0 15
Masculino 0 0 0 0 87.529 131.611 130.473 117.440 112.085 579.138
Sem CAT
Feminino 0 0 0 0 53.579 73.346 68.644 62.241 60.599 318.409
Registrada
Ignorado 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Nota-se que em todas as situações de registro dos acidentes do trabalho


as pessoas do sexo masculino são as que mais sofrem estes acidentes. A
quantidade de acidentes típicos ocorridos com pessoas do sexo masculino é de
aproximadamente 370% a quantidade de acidentes ocorridos com pessoas do
sexo feminino.
No que diz respeito aos acidentes devidos à doença do trabalho
ocorridos com pessoas do sexo masculino, a quantidade é de
aproximadamente 120% a quantidade de acidentes ocorridos com pessoas do
sexo feminino.
A quantidade de acidentes de trajeto ocorridos com pessoas do sexo
masculino é de aproximadamente 190% a quantidade de acidentes ocorridos
com pessoas do sexo feminino.
Estes dados demonstram que as atividades exercidas pelos homens
causam mais acidentes típicos que as atividades exercidas pelas mulheres,
aproximadamente 370% a mais, enquanto que os números referentes às
doenças do trabalho em ambos os casos quase se equiparam, conforme pode
ser visto nos Gráficos 6 e 7.

Gráfico 6 – Acidentesdo trabalho de acordo com o tipo do acidente e o sexo do acidentado.


51

Acidentes do trabalho de acordo com o tipo do acidente e o sexo do acidentado


350.000

300.000

250.000

200.000

150.000

100.000

50.000

0
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Típico - Masculino Típico - Feminino Típico - Ignorado Trajeto - Masculino

Trajeto - Feminino Trajeto - Ignorado DT - Masculino DT - Feminino

DT - Ignorado Sem CAT - Masculino Sem CAT - Feminino


DT = Doença do Trabalho.

Para melhor visualização das ocorrências na base do Gráfico 9,os dados


referentes aos acidentes típicos entre as pessoas do sexo masculino foram
eliminados, criando-se desta forma o Gráfico 7.

Gráfico 7 – Acidentes do trabalho de acordo com o sexo do acidentado (excluídos os dados


referentes aos acidentes típicos, ocorridos com pessoas do sexo masculino).

Acidentes do trabalho em função do motivo e do sexo do acidentado, exceto típico e masculino


140.000

120.000

100.000

80.000

60.000

40.000

20.000

0
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Típico - Feminino Típico - Ignorado Trajeto - Masculino Trajeto - Feminino
Trajeto - Ignorado DT - Masculino DT - Feminino DT - Ignorado
Sem CAT - Masculino Sem CAT - Feminino
DT = Doença do Trabalho.
52

Nota-se que a partir do ano de 2007 foram incluídos os dados sobre


acidentes do trabalho sem registros de CAT, números estes que entre os anos
de 2007 e 2008 tiveram um crescimento significativo em relação aos demais
dados e de 2008 em diante têm ocorrido sensível queda.
A Tabela 7 apresenta os dados referentes aos acidentes típicos de
acordo com o sexo do acidentado.

Tabela 7 – Acidentes típicos de acordo com o sexo do acidentado.

Sexo 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Total
Masculino 262.983 303.798 320.577 325.144 330.799 347.987 327.183 319.147 318.641 2.856.259
Feminino 62.564 71.335 78.035 82.280 86.230 93.938 97.310 98.146 104.519 774.357
Ignorado 30 38 1 2 7 0 5 2 7 92

Entre os anos de 2003 e 2008, os registros de acidentes típicos


envolvendo pessoas do sexo masculino aumentaram e a partir de 2008
iniciaram um processo de diminuição. Já no caso dos acidentes envolvendo
pessoas do sexo feminino, este número foi crescente ao longo de todo o
período pesquisado, tal fato pode significar que as atividades realizadas por
pessoas do sexo masculino estão se tornando menos perigosas, ou que os
riscos destas atividades estão sendo mais conhecidos e estes funcionários
treinados em programas de prevenção de acidentes.Uma outra vertente destes
dados seria o caso das pessoas do sexo feminino estarem cada vez mais
realizando atividades que num passado eram realizadas exclusivamente por
pessoas do sexo masculino.
Para se entender melhor a situação descrita no parágrafo acima,
construiu-se o Gráfico 8 com dados referentes ao sexo e a faixa etária dos
acidentados.
Gráfico 8 – Acidentestípicos em função da faixa etária do acidentado.
53

Acidentes Típicos de acordo com o sexo e a faixa etária do acidentado


600.000

500.000

400.000

300.000

200.000

100.000

0
Até 19 20 a 24 25 a 29 30 a 34 35 a 39 40 a 44 45 a 49 50 a 54 55 a 59 60 a 64 65 a 69 70 anos Ignorada
anos anos anos anos anos anos anos anos anos anos anos ou mais

Masculino Feminino

Conforme apresentado na Tabela 7, nota-se que a quantidade de


acidentes com pessoas do sexo masculino é muito maior que com pessoas do
sexo feminino. Agora, a partir deste gráfico pode-se verificar que as pessoas do
sexo masculino que mais sofrem acidentes durante a realização de suas
tarefas cotidianas estão entre 25 e 29 anos, seguidas das pessoas entre 20 e
24 anos.
O mesmo ocorre para as pessoas do sexo feminino vítimas de acidentes
típicos, sendo a faixa etária entre 25 e 29 anos de idade a que mais sofre
acidentes do trabalho, porém a segunda faixa etária que mais sofre acidentes
durante a realização de suas tarefas, dentre as pessoas do sexo feminino está
30 e 34 anos, ou seja, pessoas numa faixa etária mais alta sofrendo mais
acidentes que as pessoas mais jovens.
Para poder acompanhar a tendência dos acidentes típicos em função do
sexo dos acidentados, construiu-se o Gráfico 9, que apresenta os dados dos
acidentes típicos do trabalho de acordo com o sexo do acidentado em função
da quantidade de contribuintes do sexo avaliado.
Gráfico 9 – Porcentagemde acidentes típicos de acordo com o sexo em função da quantidade
de contribuintes.
54

Acidentes típicos de acordo com o sexo em função da quantidade de contribuintes


1,75%
1,50% 1,46% 1,45%
1,50% 1,35% 1,38%
1,32%
1,22%
1,25% 1,12%
1,06%
1,00%

0,75%

0,50% 0,62% 0,62%


0,57% 0,60% 0,59% 0,57% 0,57% 0,53% 0,53%
0,25%

0,00%
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Masculino Feminino

Incluíram-se neste gráfico as linhas de tendência em função dos pontos


obtidos nos últimos nove anos e a partir destas linhas pode-se concluir que no
caso dos acidentes envolvendo pessoas do sexo masculino, os mesmos
tendem à diminuir, enquanto que no caso dos acidentes envolvendo pessoas
do sexo feminino estes praticamente têm se mantido constantes ao longo dos
anos.
A Tabela 8 apresenta os dados referentes aos acidentes devidos à
doença do trabalho de acordo com o sexo do acidentado.

Tabela 8 – Acidentes devidos à doença de acordo com o sexo do acidentado.

Sexo 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Total
Masculino 11.976 15.074 17.172 16.308 12.565 11.444 11.411 9.892 9.197 115.039
Feminino 11.867 15.111 15.924 13.862 9.808 8.911 8.159 7.285 5.886 96.813
Ignorado 15 9 0 0 1 1 0 0 0 26

A partir do ano de 2006 os registros de acidentes devidos à doença do


trabalho envolvendo pessoas do sexo masculino ou feminino têm diminuído o
que pode demonstrar que ações de prevenção estão sendo tomadas.
Construiu-se o Gráfico 10 com os dados referentes ao sexo e a faixa
etária dos acidentados, para se entender melhor os acidentes devidos à
doença do trabalho.
Gráfico 10 - Acidentes devidos à doença do trabalho em função da faixa etária do acidentado.
55

Acidentes de Trabalho devidos à Doença do Trabalho de acordo com o sexo e


a faixa etária do acidentado
25.000

20.000

15.000

10.000

5.000

0
Até 19 20 a 24 25 a 29 30 a 34 35 a 39 40 a 44 45 a 49 50 a 54 55 a 59 60 a 64 65 a 69 70 anos Ignorada
anos anos anos anos anos anos anos anos anos anos anos ou mais

Masculino Feminino

Através do Gráfico 10, se percebe que o maior número de registros de


acidentes do trabalho devidos à doença do trabalho está distribuído seguindo
um padrão que tende a aumentar até a metade do gráfico e diminuir desta
metade em diante, podendo-se inferir que estes acidentes estão relacionados
ao tempo em que as pessoas trabalharam expostas à um risco e que as
pessoas estão começando a ter problemas de saúde relacionados aos trabalho
cada vez mais novas, como no caso das pessoas do sexo feminino que têm a
partir dos 25 anos de idade um número já bastante elevado de ocorrências. A
maior quantidade de ocorrências registradas está relacionada às pessoas do
sexo masculino na faixa etária de 40 a 44 anos, representando
aproximadamente 9,5% do total de acidentes do trabalho devidos à doença.
Para poder acompanhar a tendência dos acidentes devidos à doenças
do trabalho em função do sexo dos acidentados, construiu-se o Gráfico 11, que
apresenta os dados dos acidentes devidos à doença do trabalho de acordo
com o sexo do acidentado em função da quantidade de contribuintes do sexo
avaliado.

Gráfico 11 – Porcentagem de acidentesdevidos à doença do trabalho de acordo com o sexo


em função da quantidade de contribuintes.
56

Acidentes devidos à Doença do Trabalho de acordo com o sexo em função da quantidade de contribuintes
0,14% 0,13%
0,12%
0,12% 0,11%
0,10%
0,10%

0,08% 0,07%
0,07% 0,08% 0,05%
0,06% 0,07% 0,05%
0,06% 0,04%
0,04% 0,05% 0,03%
0,04% 0,04%
0,02% 0,03% 0,03%

0,00%
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Masculino Feminino

Nota-se que apesar do maior número de registros estar relacionado às


pessoas do sexo masculino, de acordo com o gráfico acima, as pessoas do
sexo feminino sofrem mais acidentes devidos à doença do trabalho, estando os
registros, praticamente durante todos os anos, acima dos números
relacionados à pessoas do sexo masculino. Apesar desta informação, pode-se
dizer que de acordocom as linhas de tendências o número de ac0identes
devidos à doença do trabalho envolvendo pessoas do sexo feminino diminuiu
de forma mais significativa que no caso das pessoas do sexo masculino,
partindo do ano de 2003 de 0,11% para 0,03% da população exposta no ano
de 2011.
A Tabela 9 apresenta os dados referentes aos acidentes de trajeto de
acordo com o sexo do acidentado.

Tabela 9 – Acidentesde trajeto de acordo com o sexo do acidentado.

Sexo 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Total
Masculino 33.890 41.285 46.409 50.123 52.701 58.890 58.859 61.907 64.040 468.104
Feminino 15.745 19.043 21.562 24.513 26.304 29.851 31.321 33.414 36.190 237.943
Ignorado 7 7 0 0 0 1 0 0 0 15

Nota-se em ambos os casos um aumento da quantidade de registros de


acidentes de trajeto, tal fato pode ser interpretado como consequência do
aumento das vendas de veículos automotores e consequentemente maior
número de pessoas sem preparo para enfrentar o trânsito nas grandes
metrópoles.
57

Construiu-se o Gráfico 12 com os dados referentes ao sexo e a faixa


etária dos acidentados, para se entender melhor os acidentes de trajeto.

Gráfico 12 – Acidentesde trajeto de acordo com a faixa etária do acidentado.

Acidentes de Trajeto de acordo com o sexo e a faixa etária do acidentado


120.000

100.000

80.000

60.000

40.000

20.000

0
Até 19 20 a 24 25 a 29 30 a 34 35 a 39 40 a 44 45 a 49 50 a 54 55 a 59 60 a 64 65 a 69 70 anos Ignorada
anos anos anos anos anos anos anos anos anos anos anos ou mais
Masculino Feminino

Através do Gráfico 12, se percebe que o maior número de registros de


acidentes de trajeto concentra-se na população do sexo masculino cuja faixa
etária está entre 20 e 29 anos, representando aproximadamente 28,5% do total
de acidentes registrados. Contudo, para se verificar se as pessoas do sexo
masculino sofrem mais acidentes que as pessoas do sexo feminino,
confeccionou-se o Gráfico 13, que representa a relação entre a quantidade de
registros de acidentes de trajeto de acordo com a quantidade de contribuintes
pessoas física, ou seja, população segurada exposta à riscos.
Gráfico 13 –Porcentagem de acidentes de trajeto de acordo com o sexo em função da
quantidade de contribuintes.

Acidentes de Trajeto de acordo com o sexo em função da quantidade de contribuintes


0,25%
0,22% 0,22% 0,22% 0,22% 0,22% 0,21%
0,21%
0,20%
0,20%
0,17%

0,18% 0,18% 0,18% 0,18% 0,18% 0,18%


0,15% 0,16% 0,17%
0,14%

0,10%
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Masculino Feminino

Nota-se neste gráfico que a porcentagem de acidentes envolvendo


pessoas do sexo masculino em função da quantidade de contribuintes deste
58

mesmo sexo, é maior que a porcentagem de acidentes envolvendo pessoas do


sexo feminino em função da quantidade de contribuintes.
Ao se analisar as linhas de tendência, pode-se ver que a inclinação de
ambas é praticamente a mesma, podendo-se inferir que ambas possuem
tendências de aumento, devido à inclinação das retas.
A Tabela 10 apresenta os dados referentes aos acidentes do trabalho
sem CAT registrada de acordo com o sexo do acidentado.

Tabela 10 – Acidentes do trabalho, sem CAT registrada, de acordo com o sexo do acidentado.

Sexo 2007 2008 2009 2010 2011 Total


Masculino 87.529 131.611 130.473 117.440 112.085 579.138
Feminino 53.579 73.346 68.644 62.241 60.599 318.409

Observa-se que os dados foram apresentados a partir do ano de 2007,


diferentemente dos demais que iniciaram a partir de 2003, tal fato se deu
porque até o ano de 2006 os acidentes, que não tinham a CAT registrada junto
ao INSS, não eram identificados por meio de um dos possíveis nexos. Esta
identificação, conforme citado no item desta pesquisa que trata a revisão
bibliográfica, passou a ser realizada a partir da nova forma de concessão de
benefícios acidentários.
Para apresentar estes dados, o Gráfico 14 foi elaborado de acordo com
o número de acidentes do trabalho sem CAT registrada junto ao INSS, em
função da faixa etária e sexo do acidentado.
Gráfico 14 – Acidentesdo trabalho,sem CAT registrada, em função da faixa etária do
acidentado.

Acidentes do Trabalho Sem CAT Registrada


90.000

75.000

60.000

45.000

30.000

15.000

0
Até 19 20 a 24 25 a 29 30 a 34 35 a 39 40 a 44 45 a 49 50 a 54 55 a 59 60 a 64 65 a 69 70 anos Ignorada
anos anos anos anos anos anos anos anos anos anos anos ou mais
Masculino Feminino

Com base no Gráfico 14, podemos observar que os acidentes do


trabalho sem CAT registrada estão distribuídos por todas as divisões das faixas
59

etárias, tanto para pessoas do sexo masculino, quanto para pessoas do sexo
feminino. Podendo-se também dizer que os homens são a população com
maior número de vítimas de acidentes do trabalho sem CAT
registrada.Entretanto, para se verificar se as pessoas do sexo masculino
sofrem realmente mais acidentes do que as pessoas do sexo feminino, o
Gráfico 15 foi preparado utilizando os dados dos registros de acidentes sem
CAT registrada, de acordo com o sexo e a quantidade de contribuintes pessoas
física, ou seja, população segurada exposta à riscos.
Gráfico 15 – Acidentesdo trabalho,sem CAT registrada, de acordo com o sexo e em função da
quantidade de contribuintes.

Acidentes do trabalho, sem CAT registrada, de acordo com o sexo


e em função da quantidade de contribuintes
0,55%
0,50%
0,49%
0,50%

0,45% 0,41%
0,45% 0,37%
0,40% 0,36%
0,40%
0,35%
0,37%
0,30% 0,34%
0,31%
0,25%

0,20%
2007 2008 2009 2010 2011
Masculino Feminino

Nota-se que no primeiro ano os números em função da porcentagem de


pessoas expostas, foram praticamente os mesmos no ano inicial, contudo com
o passar dos anos apesar do aumento ocorrido no ano de 2008, nos demais
estes registros têm sofrido sensível queda, sendo esta bem semelhante para
ambos os sexos.

4.1.4. ACIDENTES DO TRABALHO DE ACORDO COM A PARTE DO


CORPO ATINGIDA
Neste item da pesquisa serão abordadas as partes do corpo atingidas
com maior incidência nos acidentes do trabalho. Tal abordagem será dividida
de acordo com os tipos de acidente do trabalho, sendo eles: típico, doença do
trabalho e trajeto.
60

Para apresentar os dados referentes às partes do corpo atingidas com


maior incidência nos acidentes típicos a Tabela 11 foi construída com os dados
das onze principais partes e as demais foram agrupadas na linha cujo item foi
denominado como “Outros”.
Tabela 11– Partes do corpo atingidas com maior incidência nos acidentes típicos.
PARTE DO
CORPO 2.003 2.004 2.005 2.006 2.007 2.008 2.009 2.010 2.011 TOTAL
ATINGIDA
Dedo 89.428 107.301 116.431 118.997 126.524 135.595 129.041 129.066 129.086 1.081.469
Mão 35.149 37.313 37.973 37.208 37.547 39.073 36.999 36.523 36.998 334.783
Pé 25.687 28.244 28.969 30.048 30.163 32.087 31.438 31.288 32.347 270.271
Dorso 18.280 21.363 21.866 21.115 19.250 18.563 17.088 15.957 14.986 168.468
Joelho 14.800 17.190 18.214 19.043 19.155 20.404 19.838 18.602 18.789 166.035
Olho 12.850 15.680 16.878 17.111 18.970 19.729 18.025 16.928 16.411 152.582
Antebraço 13.182 15.547 16.002 15.750 16.009 17.084 15.947 15.434 15.147 140.102
Braço 11.893 13.079 13.522 13.765 13.247 13.710 13.618 13.199 13.011 119.044
Perna 12.492 12.273 12.116 12.524 12.088 12.692 12.674 12.322 12.690 111.871
Articulação
8.565 10.333 10.830 11.426 11.929 13.033 12.883 12.781 13.360 105.140
do Tornozelo
Perna 8.094 10.135 11.165 11.852 11.858 12.353 12.172 12.010 12.249 101.888
Outros 75.157 86.713 94.647 98.587 100.296 107.602 104.775 103.185 108.093 879.055

Nota-se que as partes do corpo com maior incidência em acidentes


típicos são a região das mãos (mão + dedo), provavelmente lesionadas durante
o manuseio de máquinas e equipamentos, seguidas do pé, cuja maior
possibilidade de acidentes está relacionada à queda de objetos, e em quarto
lugar o dorso, cujas lesões podem estar relacionadas a carregamento de peso
ou postura inadequada durante a realização das atividades.
O Gráfico 16 foi construído a partir dos valores referentes às partes do
corpo atingidas com maior incidência em função do total de acidentes típicos
registrados no período de 2003 a 2011. Neste gráfico pode-se notar que o dedo
é a parte do corpo atingida em aproximadamente 30,0% dos acidentes, ou
seja, é a parte do corpo onde se deve focar maiores esforços para prevenir
lesões.

Gráfico 16 – Partes do corpo atingidas com maior incidência em acidentes típicos.


61

Partes do corpo atingidas com maior incidência em acidentes típicos


1.200.000 29,8 %
1.000.000 24,2 %
800.000

600.000

400.000 9,2 %
7,4 %
4,6 % 4,6 % 4,2 % 3,9 %
200.000 3,3 % 3,1 % 2,9 % 2,8 %

0
Dedo Mão Pé Dorso Joelho Olho Antebraço Braço Perna Articulação Perna Outros
do
Tornozelo

Através do Gráfico 16, podemos calcular que os acidentes que atingiram


dedos ou mãos contabilizam 39,0% do total de registros de acidentes típicos,
podendo significar que algumas tarefas manuais exercidas pelos funcionários
das empresas ainda devem ser melhoradas para reduzir estes números, pois
de acordo com o grau da lesão, as pessoas podem se tornar inválidas para
determinadas atividades.
Para melhor ilustrar a evolução das onze partes do corpo mais atingidas
nos acidentes de trabalho, durante os anos estudados na pesquisa, construiu-
se o Gráfico 17.
Gráfico 17 – Onze partes do corpo atingidas com maior incidência em acidentes típicos.

Onze partes do corpo atingidas com maior incidência em acidentes típicos


160.000 Dedo

140.000 Mão


120.000
Dorso

100.000 Joelho

Olho
80.000
Antebraço
60.000 Braço

40.000 Perna

Articulação do Tornozelo
20.000
Perna

0 Outros
2.003 2.004 2.005 2.006 2.007 2.008 2.009 2.010 2.011

Devido aos dados que representam os acidentes que atingiram o dedo,


mão e todas as demais partes que foram agrupadas com o nome “Outros”
serem muito superiores aos demais, a visualização dos dados na base do
62

gráfico ficou prejudicada, portanto para melhor análise dos mesmos criou-se o
Gráfico 18, a seguir, no qual pode-se ter uma melhor ideia de como evoluíram
as curvas de acordo com a parte do corpo atingida.
Gráfico 18 –Oito partes do corpo atingidas em acidentes típicos.

Oito partes do corpo atingidas com grande frequência durante o período pesquisado
23.000

21.000 Dorso

Joelho
19.000
Olho

17.000 Antebraço

Braço
15.000
Perna

13.000 Articulação do
Tornozelo
Perna
11.000
Linear (Dorso)

9.000 Linear (Articulação


do Tornozelo)
Linear (Perna)
7.000
2.003 2.004 2.005 2.006 2.007 2.008 2.009 2.010 2.011

Conforme pode ser visto no Gráfico 18 os acidentes típicos envolvendo


as articulações do tornozelo e pernas têm aumentado nos últimos anos, por
outro lado, os acidentes típicos cuja parte do corpo atingida foi o dorso
diminuíram consideravelmente, partindo de 21.866 registros no ano de 2005
para 14.986 registros no ano de 2011. As demais partes do corpo atingidas nos
acidentes típicos também sofreram variações ao longo do período estudado,
contudo estas variações foram menores.
Para apresentar os dados referentes às partes do corpo atingidas com
maior incidência nos acidentes devidos à doença do trabalho a Tabela 12 foi
construída com os dados das onze principais partes e as demais foram
agrupadas na linha cujo item foi denominado como “Outros”.
63

Tabela 12 – Partes do corpo atingidas com maior incidência nos acidentes devidos à doença
do trabalho.
PARTE DO
CORPO 2.003 2.004 2.005 2.006 2.007 2.008 2.009 2.010 2.011 TOTAL
ATINGIDA
Ombro 2.927 4.045 4.774 4.868 3.792 3.935 3.720 3.238 2.681 33.980
Dorso
(Inclusive
Músculos
Dorsais, 2.309 3.567 4.177 3.947 2.932 2.665 2.456 2.198 2.007 26.258
Coluna e
Medula
Espinhal)
Ouvido
(Externo,
Médio,
3.918 3.437 3.937 3.259 2.468 1.762 1.987 1.420 1.108 23.296
Interno,
Audição e
Equilíbrio)
Membros
Superiores,
1.851 2.551 3.031 2.884 2.188 1.925 1.812 1.558 1.475 19.275
Não
Informado
Braço (Entre o
Punho e o 2.973 3.505 3.477 2.706 1.747 1.410 1.322 1.088 860 19.088
Ombro)
Punho 1.835 2.692 2.474 2.225 1.682 1.530 1.351 1.128 938 15.855
Antebraço
(Entre o
1.591 1.974 1.837 1.523 977 770 642 578 414 10.306
Punho e o
Cotovelo)
Membros
Superiores,
1.542 1.799 1.626 1.355 967 804 785 762 652 10.292
Partes
Múltiplas
Mão (Exceto
Punho ou 871 1.013 949 771 552 530 429 488 345 5.948
Dedos)
Sistema
236 382 699 518 503 574 603 630 603 4.748
Nervoso
Cotovelo 448 620 684 659 471 490 479 413 370 4.634
Outros 3.357 4.609 5.431 5.455 4.095 3.961 3.984 3.676 3.630 38.198

Nota-se que as partes do corpo com maior incidência em acidentes


devidos à doença do trabalho envolvem o ombro e o dorso provavelmente
lesionados durante o manuseio de cargas excessivas ou posições de trabalho
que exigem uma postura inadequada, em seguida apresenta-se o ouvido, que
na maioria dos casos sofre lesões devido à exposição à ruídos presentes no
ambiente de trabalho. Estas três partes do corpo citadas no parágrafo acima,
64

representam 39,4% do total de registros de acidentes devidos à doença do


trabalho.
O Gráfico 19 foi construído a partir dos valores referentes às partes do
corpo atingidas com maior incidência em função do total de acidentes devidos
à doença do trabalho registrados no período de 2003 a 2011.

Gráfico 19 – Partes do corpo atingidas com maior incidência em acidentes devidos à doença do
trabalho.

Partes do corpo atingidas com maior incidência em acidentes


devidos à doenças do trabalho
45.000

40.000 24,2 %

35.000
29,8 %

30.000
9,2 %
25.000 7,4 %
4,6 % 4,6 %
20.000
4,2 %
15.000
3,9 % 3,3 %
10.000
3,1 %
2,9 % 2,8 %
5.000

0
Ombro Dorso Ouvido Membros Braço (Entre Punho Antebraço Membros Mão Sistema Cotovelo Outros
(Inclusive (Externo, Superiores, o Punho e o (Entre o Superiores, (Exceto Nervoso
Músculos Médio, Não Ombro) Punho e o Partes Punho ou
Dorsais, Interno, Informado Cotovelo) Múltiplas Dedos)
Coluna e Audição e
Medula Equilíbrio)
Espinhal)

Neste gráfico pode-se notar que o ombro é a parte do corpo atingida em


29,8% dos acidentes, ou seja, é a parte do corpo onde se deve focar maiores
esforços para prevenir lesões, deve-se observar as atividades realizadas pelas
pessoas com uma visão ergonômica, buscando desta forma a adequação do
ambiente ao homem.
Para melhor ilustrar a evolução das onze partes do corpo mais atingidas
nos acidentes de trabalho devidos à doença do trabalho durante os anos
estudados na pesquisa construiu-se o Gráfico 20, conforme segue.
65

Gráfico 20 – Onze partes do corpo atingidas com maior incidência em acidentes devidos à
doença do trabalho.

Onze partes do corpo atingidas com maior incidência em acidentes


devidos à doença do trabalho
6.000

5.000

4.000

3.000

2.000

1.000

0
2.003 2.004 2.005 2.006 2.007 2.008 2.009 2.010 2.011

Ombro Dorso (Inclusive Músculos Dorsais, Coluna e Medula Espinhal)

Ouvido (Externo, Médio, Interno, Audição e Equilíbrio) Membros Superiores, Não Informado

Braço (Entre o Punho e o Ombro) Punho

Antebraço (Entre o Punho e o Cotovelo) Membros Superiores, Partes Múltiplas

Mão (Exceto Punho ou Dedos) Sistema Nervoso

Cotovelo

Conforme pode ser visto no Gráfico 20, grande parte dos acidentes
devidos à doença do trabalho baixaram seus registros nos últimos anos, o que
pode ser resultados de uma melhoria no ambiente de trabalho e nas atividades
realizadas pelas pessoas nestes ambientes. Contudo os acidentes envolvendo
o sistema nervoso, apesar de representarem menores quantidades de registros
se comparados aos demais, estes acidentes tiveram um aumento de
aproximadamente 255% ao longo do período estudado.
Para apresentar os dados referentes às partes do corpo atingidas com
maior incidência nos acidentes de trajeto a Tabela 13 foi construída com os
dados das onze principais partes e as demais foram agrupadas na linha cujo
item foi denominado como “Outros”.
66

Tabela 13– Partes do corpo atingidas com maior incidência nos acidentes de trajeto.
PARTE DO
CORPO 2.003 2.004 2.005 2.006 2.007 2.008 2.009 2.010 2.011 TOTAL
ATINGIDA
Partes
3.729 5.348 6.808 7.797 8.853 10.070 9.936 11.015 11.638 75.194
Múltiplas
Pé (Exceto
4.617 5.170 5.856 6.515 6.657 7.486 7.796 8.076 8.594 60.767
Artelhos)
Joelho 3.968 5.020 5.598 6.255 6.637 7.668 7.834 8.077 8.675 59.732
Perna (do
Tornozelo,
Exclusive, ao 3.869 3.930 4.293 4.754 4.940 5.436 5.876 6.296 6.487 45.881
Joelho,
Exclusive)
Articulação do
3.197 3.872 4.236 4.720 4.947 5.686 5.653 5.741 5.932 43.984
Tornozelo
Perna (Entre o
Tornozelo e a 2.380 3.207 3.800 4.122 4.207 5.118 5.038 5.567 5.849 39.288
Pélvis)
Ombro 2.321 2.967 3.415 3.773 4.034 4.513 4.528 4.890 5.347 35.788
Dedo 2.243 2.969 3.443 3.677 4.079 4.472 4.651 4.838 5.094 35.466
Braço (Entre o
Punho e o 2.761 3.108 3.391 3.671 3.871 4.294 4.455 4.550 4.742 34.843
Ombro)
Antebraço
(Entre o Punho 2.320 2.788 2.995 3.155 3.255 3.528 3.637 3.749 3.776 29.203
e o Cotovelo)
Mão (Exceto
Punho ou 2.081 2.465 2.594 2.793 2.785 3.212 3.248 3.415 3.502 26.095
Dedos)
Outros 16.156 19.491 21.542 23.404 24.740 27.259 27.528 29.107 30.594 219.821

Nota-se que nos acidentes de trajeto a maior incidência de registrosestá


relacionada aos acidentes que lesionaram as pernas (do tornozelo, exclusive,
ao Joelho, exclusive e entre o tornozelo e a pélvis), partes múltiplas do corpo,
pé e joelho, em outras palavras, as partes do corpo da cintura para baixo são
as mais lesionadas nos acidentes de trajeto. Contudo, percebe-se que
praticamente todas as partes do corpo estão sujeitas a lesão nos acidentes de
trajeto, pois o corpo todo está exposto e apenas para o caso das pessoas que
utilizam motocicletas podemos dizer que utilizam equipamentos de proteção
durante o deslocamento no trajeto de casa para o trabalho e vice-versa.
O Gráfico 21 foi construído a partir dos valores referentes às partes do
corpo atingidas com maior incidência em função do total de acidentes de trajeto
registrados no período de 2003 a 2011.
67

Neste gráfico pode-se notar que em 12,1% dos acidentes as pernas foram a
parte lesionada, em seguida tem-se com 10,6% o registro de mais de uma
parte do corpo é lesionada (partes múltiplas), seguidasde 8,6% e 8,5%
atingindo o pé e o joelho, respectivamente.
Gráfico 21 – Partes do corpo atingidas com maior incidência em acidentes de trajeto.

Partes do corpo atingidas com maior incidência em acidentes de trajeto


90.000 12,1 %
80.000 10,6 %
70.000
8,6 % 8,5 %
60.000
50.000 6,2 %
40.000 5,1 % 5,0 % 4,9 %
4,1 %
30.000 3,7 %

20.000
10.000
0
Perna Partes Pé Joelho Articulação do Ombro Dedo Braço Antebraço Mão
Múltiplas Tornozelo

Através do Gráfico 21, podemos calcular que os acidentes que atingiram


as pernas, partes múltiplas, pés e joelhos contabilizam 39,8% do total de
registros de acidentes de trajetos.
Para melhor ilustrar a evolução das onze partes do corpo mais atingidas
nos acidentes de trabalho, durante os anos estudados na pesquisa, construiu-
se o Gráfico 22.
Gráfico 22 – Dez partes do corpo atingidas com maior incidência em acidentes de trajeto.

Dez partes do corpo atingidas com maior incidência nos acidentes de trajeto
14.000

12.000

10.000

8.000

6.000

4.000

2.000

0
2.003 2.004 2.005 2.006 2.007 2.008 2.009 2.010 2.011
Perna Partes Múltiplas Pé Joelho
Articulação do Tornozelo Ombro Dedo Braço
Antebraço Mão
68

Conforme pode ser visto no Gráfico 22os registros de todas as partes do


corpo atingidas nos acidentes de trajeto aumentaram ao longo do período
estudado, podendo estes números estarem relacionados ao aumento da frota
de veículos nas ruas, devido a atual facilidade em se adquirir um veículo
(motocicleta ou carro).

4.1.5. ACIDENTES DO TRABALHO DE ACORDO COM A CID


Este tópico foi incluído na pesquisa para verificar quais as lesões
decorrentes dos acidentes do trabalho possuem maior incidência no período da
pesquisa, esta tarefa foi realizada com base nos códigos da Classificação
Internacional de Doenças (CID).
Para tanto se elaborou a Tabela 14 que apresenta o total de registros de
acordo com o CID, a porcentagem de cada item em relação ao total e
porcentagem acumulada, esta última para demonstrar a representatividade dos
quinze códigos da CID com maior incidência de registros em função do total.

Tabela 14– CIDsmais incidentes de acordo com todos os registros de acidentes do trabalho.
Total no período de % em relação
15 CÓDIGOS DA CID MAIS INCIDENTES % Acumulada
2003 a 2011 ao total
S61 - Ferimento do punho e da mão 582.557 11,5% 11,5%
S62 - Fratura ao nível do punho e da mão 339.949 6,7% 18,3%
M54 - Dorsalgia 284.373 5,6% 23,9%
S60 - Traumatismo superficial do punho e da mão 251.177 5,0% 28,9%
S93 - Luxação, entorse e distensão das articulações e
183.778 3,6% 32,5%
ligamentos ao nível do tornozelo e pé
S82 - Fratura da perna, incluindo tornozelo 150.995 3,0% 35,5%
S92 - Fratura do pé (exceto do tornozelo) 141.464 2,8% 38,3%
M65 - Sinovite e tenossinovite 130.791 2,6% 40,9%
M75 - Lesões do ombro 125.014 2,5% 43,4%
S80 - Traumatismo superficial da perna 123.705 2,5% 45,8%
S52 - Fratura do antebraço 111.916 2,2% 48,1%
S90 - Traumatismo superficial do tornozelo e do pé 109.956 2,2% 50,2%
S01 - Ferimento da cabeça 93.820 1,9% 52,1%
S83 - Luxação, entorse e distensão das articulações e
84.037 1,7% 53,8%
dos ligamentos do joelho
S81 - Ferimento da perna 78.771 1,6% 55,3%
Outros 2.251.603 44,6% 99,9%
Ignorado 3.212 0,1% 100,0%
Total 5.047.118 100,0%
69

Pode-se observar que no período estudado, dentre os 15 códigos da


CID com maior incidência nos acidentes de trabalho foram ferimento do punho
e da mão (S61) com 11,5% do total, fratura ao nível do punho ou da mão
(S62)com 6,7% do total, dorsalgia (M54) com 5,6% do total e traumatismo
superficial do punho e da mão (S60) com 5,0% do total. Estes quatro códigos
representam 28,9% de todos os registros no período e os quinze códigos
citados na Tabela 14 equivalem à55,3% dos registros no período e os outros,
não especificados na tabela correspondem à 44,6%.
Com o intuito de entender melhor as lesões causadas por cada tipo de
acidente do trabalho foram elaboradas as tabelas 15,16 e 17, que representam
os códigos da CID mais incidentes nos registros de acidentes típicos, devidos à
doença do trabalho e de trajeto, respectivamente.
Tabela 15– CIDsmais incidentes em acidentes típicos.
Total no período de % em relação
15 CÓDIGOS DA CID MAIS INCIDENTES % Acumulada
2003 a 2011 ao total
S61 - Ferimento do punho e da mão 551.009 16,7% 16,7%
S62 - Fratura ao nível do punho e da mão 248.806 7,5% 24,2%
S60 - Traumatismo superficial do punho e da mão 224.262 6,8% 31,0%
S93 - Luxação, entorse e distensão das articulações e
122.408 3,7% 34,7%
ligamentos ao nível do tornozelo e pé
M54 - Dorsalgia 97.611 3,0% 37,6%
S90 - Traumatismo superficial do tornozelo e do pé 88.674 2,7% 40,3%
S92 - Fratura do pé (exceto do tornozelo) 86.428 2,6% 42,9%
S80 - Traumatismo superficial da perna 84.260 2,5% 45,5%
S01 - Ferimento da cabeça 83.153 2,5% 48,0%
S82 - Fratura da perna, incluindo tornozelo 61.214 1,9% 49,9%
S81 - Ferimento da perna 60.226 1,8% 51,7%
S52 - Fratura do antebraço 56.782 1,7% 53,4%
S91 - Ferimentos do tornozelo e do pé 56.025 1,7% 55,1%
S83 - Luxação, entorse e distensão das articulações e
53.462 1,6% 56,7%
dos ligamentos do joelho
S68 - Amputação traumática ao nível do punho e da
50.783 1,5% 58,2%
mão
Outros 1.378.498 41,7% 100,0%
Ignorado 1.530 0,0% 100,0%
Total 3.305.131 100,0%

Nota-se que no período estudado, dentre os 15 códigos da CID com


maior incidência nos acidentes típicosforam:
- Ferimento do punho e da mão (S61) com 16,7% do total;
- Fratura ao nível do punho ou da mão (S62) com 7,5% do total;
70

- Traumatismo superficial do punho e da mão (S60) com 6,8% do total.


Estes três códigos correspondem à 31,0% de todos os registros, deste
tipo de acidente, no período e os quinze códigos citados na Tabela
15equivalem à 58,2% do total de registros de acidentes típicos no período.
Estes dados demonstram que mesmo com todo o avanço ocorrido na área de
saúde e segurança do trabalho, muitos dos acidentes ainda ocorrem nos
membros superiores, principalmente punho e mão.
A Tabela 16, a seguir, apresenta os CIDs mais incidentes registrados em
consequência de acidentes devidos à doença do trabalho.
Tabela 16– CIDs mais incidentes em acidentes devidos à doença do trabalho.
Total no período de % em relação
15 CÓDIGOS DA CID MAIS INCIDENTES % Acumulada
2003 a 2011 ao total
M65 - Sinovite e tenossinovite 38.808 20,6% 20,6%
M75 - Lesões do ombro 31.777 16,9% 37,5%
M54 - Dorsalgia 14.429 7,7% 45,2%
G56 - Mononeuropatias dos membros superiores 11.451 6,1% 51,3%
M77 - Outras entesopatias 8.966 4,8% 56,1%
M51 - Outros transtornos de discos intervertebrais 8.580 4,6% 60,6%
H90 - Perda de audição por transtorno de condução
3.834 2,0% 62,7%
e/ou neuro-sensorial
F43 - Reações ao "stress" grave e transtornos de
2.541 1,4% 64,0%
adaptação
F32 - Episódios depressivos 1.204 0,6% 64,7%
M25 - Outros transtornos articulares não classificados
794 0,4% 65,1%
em outra parte
S62 - Fratura ao nível do punho e da mão 788 0,4% 65,5%
S83 - Luxação, entorse e distensão das articulações e
710 0,4% 65,9%
dos ligamentos do joelho
S61 - Ferimento do punho e da mão 670 0,4% 66,2%
S60 - Traumatismo superficial do punho e da mão 612 0,3% 66,6%
M79 - Outros transtornos dos tecidos moles, não
598 0,3% 66,9%
classificados em outra parte
Outros 62.152 33,1% 99,9%
Ignorado 106 0,1% 100,0%
Total 188.020 100,0%

Nota-se que no período estudado, dentre os 15 códigos da CID com


maior incidência nos acidentes de trabalhodevidos à doença do trabalho foram:
- Sinovite e tenossinovite(M65) com 20,6% do total;
- Lesões do ombro(M75) com 16,9% do total;
- Dorsalgia (M54) com 7,7% do total.
71

Estes três códigos representam 45,2% de todos os registros, deste tipo


de acidente, no período e os quinze códigos citados na Tabela 16 equivalem
à66,9% dos registros no período. A partir dos códigos CID, observados na
Tabela 16, podemos dizer que os principais acidentes do trabalho devidos à
doença estão relacionados com as CIDs que iniciam com a letra M, estas CIDs
são referentes às doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo.
Por fim, a Tabela 17 apresenta os dados dos códigos CID referente às
lesões provenientes de acidentes do trabalho de trajeto, onde podemos notar
que devido ao fato de se tratarem de acidentes nos quais as pessoas dentro ou
fora de veículos, estão em deslocamento para o trabalho e sofrem algum tipo
de colisão ou queda, ocorrendo assim, algum tipo de luxação, traumatismo ou
fratura, dentre as principais consequências do acidente.
Tabela 17 – CIDs mais incidentes em acidentes de trajeto.

50 CÓDIGOS DA CID MAIS INCIDENTES Total % % Acumulada


S82 - Fratura da perna, incluindo tornozelo 54.086 8,2% 8,2%
S93 - Luxação, entorse e distensão das articulações e
49.381 7,5% 15,8%
ligamentos ao nível do tornozelo e pé
S62 - Fratura ao nível do punho e da mão 40.731 6,2% 22,0%
S80 - Traumatismo superficial da perna 34.635 5,3% 27,2%
S42 - Fratura do ombro e do braço 31.904 4,9% 32,1%
S52 - Fratura do antebraço 30.839 4,7% 36,8%
S92 - Fratura do pé (exceto do tornozelo) 29.908 4,6% 41,4%
S60 - Traumatismo superficial do punho e da mão 20.786 3,2% 44,5%
S90 - Traumatismo superficial do tornozelo e do pé 17.941 2,7% 47,3%
S83 - Luxação, entorse e distensão das articulações e
14.801 2,3% 49,5%
dos ligamentos do joelho
S81 - Ferimento da perna 13.493 2,1% 51,6%
S40 - Traumatismo superficial do ombro e do braço 13.389 2,0% 53,6%
S72 - Fratura do fêmur 11.984 1,8% 55,4%
T14 - Traumatismo de região não especificada do 11.576 1,8% 57,2%
corpo
T00 - Traumatismos superficiais envolvendo múltiplas
11.283 1,7% 58,9%
regiões do corpo
Outros 269.435 41,0% 100,0%
Ignorado 248 0,0% 100,0%
Total 656.420 100,0%

Os dados referentes aos códigos da CID são importantes para identificar


fortes associações entre diversos tipos de lesões, doenças, transtornos de
saúde, distúrbios, disfunções ou a síndrome de evolução aguda, subaguda ou
crônica, de natureza clínica ou subclínica, inclusive morte, independentemente
do tempo de latência (formas que convencionou se denominar, no âmbito da
72

Previdência Social “agravo”) e diversas atividades desenvolvidas pelo


trabalhador.
Conforme apresentado, na revisão bibliográfica desta pesquisa,
atualmente os peritos do INSS utilizam informações associadas entre o agravo
da doença e atividade laboral realizada pelo acidentado para basear suas
decisões durante análises das condições do trabalhador (capacidade ou
incapacidade laborativa), portanto o estudo da CID é importante para a criação
de medidas preventivas.

4.1.6. ACIDENTES DO TRABALHO DE ACORDO COM A CONSEQUÊNCIA


COMO FORAM LIQUIDADOS
Os dados referentes aos acidentes do trabalho liquidados correspondem
aos casos cujos processos foram encerrados administrativamente pelo INSS,
depois de completado o tratamento e indenizadas as sequelas. Pode-se dizer
que a partir destes dados é possível deduzir a gravidade da lesão causada pelo
acidente do trabalho em função da consequência. Para apresentar estes
números, foram construídos a Tabela 18 e o Gráfico 23, a seguir.

Tabela 18 – Consequências como os acidentes do trabalho foram liquidados no período.


Incapacidade Total de
Quantidade de
Assistência Temporária Incapacidade Acidentes
Ano Contribuintes Óbito
Médica Menos de Mais de Permanente Liquidados
Pessoas Físicas
15 dias 15 dias por ano
2003 39.850.452 61.351 194.415 155.888 13.416 2.674 427.744
2004 42.084.323 70.412 248.848 168.908 12.913 2.839 503.920
2005 45.035.035 83.157 282.357 163.052 14.371 2.766 545.703
2006 46.676.737 87.483 309.681 149.944 9.203 2.798 559.109
2007 49.936.338 97.301 302.685 269.752 9.389 2.845 681.972
2008 53.964.928 105.249 317.702 335.609 13.096 2.817 774.473
2009 55.877.835 103.029 306.900 325.027 14.605 2.560 752.121
2010 60.197.924 97.698 303.193 309.827 15.942 2.753 729.413
2011 64.292.255 101.314 309.631 301.945 14.811 2.884 730.585
Total de Acidentes
806.994 2.575.412 2.179.952 117.746 24.936 5.705.040
Liquidados no Período

No período em questão, 5.705.040 acidentes do trabalho foram


liquidados, dentre estes acidentes, a incapacidade temporária representa a
consequência de 83,3% dos casos, sendo os afastamentos com menos de 15
dias 45,1% dos casos e os afastamentos com mais de 15 dias representam
73

38,2%. As demais consequências representam 16,7%, um número pequeno


em relação aos demais, porém entre as demais consequências estão a
incapacidade permanente e o óbito que referem-se aos segurados que ficaram
permanentemente incapacitados para o exercício laboral e aos segurados que
faleceram em função do acidente do trabalho, respectivamente.

Gráfico 23 - Consequências como os acidentes do trabalho foram liquidados no período.

Consequências como os acidentes do trabalho foram liquidados


350.000

300.000

250.000

200.000

150.000

100.000

50.000

0
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Assistência Médica Menos de 15 dias Mais de 15 dias Incapacidade Óbito
Permanente

As principais consequências dos acidentes do trabalho liquidados foram


as incapacidades temporárias com menos de 15 dias e com mais de 15 dias,
cujas participações correspondem à 45,1% e 38,2% respectivamente,
totalizando 83,4% do total de registros no período estudado na pesquisa.
Percebe-se que os acidentes cujas lesões resultaram em afastamento
com período inferior à 15 dias eram os de maior incidência no período de 2003
a 2007, tendo sido superados em número de ocorrências no período de 2008 a
2011 pelas lesões que resultaram em afastamento com período superior à 15
dias. Podemos concluir que se o período para recuperação da lesão aumentou,
a gravidade da lesão e do acidente que a antecedeu também aumentou.
Finalmente, não se pode deixar de fazer uma observação com relação
aos demais dados, pois apesar de menores também são preocupantes, pois no
caso das consequências dos acidentes do trabalho, cujos processos foram
encerrados com incapacidade permanente, tais pessoas na maioria dos casos
não voltam a exercer atividades econômicas e talvez até atividades mais
74

simples como andar, tomar banho, subir escadas, alimentar-se, etc. Estes
casos representam 2,1% do total de registros no período e o pior dos casos
que é o óbito do acidentado correspondem à 0,4% do total de acidentes
liquidados entre 2003 e 2011, estes número podem ser vistos no Gráfico 24, a
seguir.
Gráfico 24 – Porcentagens das consequências como os acidentes do trabalho foram
liquidados.

Total de Acidentes Liquidados (2003 - 2011)


2,1% 0,4%
14,1%
Assistência Médica

38,2% Menos de 15 dias

Mais de 15 dias

Incapacidade
Permanente
Óbito

45,1%

Nos casos que resultaram em incapacidade temporária com afastamento


inferior ou superior à 15 dias, além da gravidade do acidente e da
indisponibilidade temporária do colaborador no exercício de suas atividades, a
principal diferença entre estes dois casos para as organizações está
relacionada ao pagamento do salário do acidentado, sendo que no caso do
afastamento com período inferior à 15 dias, o salário é pago integralmente pela
organização e superior à 15 dias, o segurado deve ser encaminhado à perícia
médica para requerer o auxílio-doença acidentário (espécie 91).
Apesar dos dados de acidentes liquidados com o óbito dos acidentados
representarem menos de meio por cento do total, é necessário destacar este
número que ainda é bastante preocupante, pois estatisticamente podemos
inferir que a cada mil acidentes do trabalho ocorreram em média 4,8 óbitos.
Este número teve uma redução significativa entre o período de 2003 e 2009,
partindo de uma média de 6,7 óbitos/1000 acidentes para 3,5 óbitos/1000
75

acidentes, entretanto este número teve um sensível aumento nos últimos anos,
chegando em 2011 a uma média de 4,1 óbitos/1000 acidentes.
Gráfico 25 - Óbitos para cada 1000 acidentes do trabalho.

Óbitos para cada 1.000 acidentes do trabalho


8,0
6,7
7,0 6,1
6,0 5,5 5,5
4,8
5,0 4,3
3,9 4,1
3,7 3,5
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Média

O aumento da média do número de acidentes liquidados com o óbito dos


acidentados não pode ser interpretado como falta da atenção das organizações
para este fato, pois ao analisarmos estes números em relação à quantidade de
funcionários expostos (contribuintes pessoa física), podemos ver no Gráfico 26
que este número partiu de 0,67% no ano de 2003 para 0,45% no ano de 2011,
estando em declive por todo o período estudado na pesquisa, conforme a linha
de tendência dos dados.
Gráfico 26 - Óbitos em relação à quantidade de contribuintes.

Óbitos em relação à quantidade de contribuintes


com linha de tendência
0,75%
0,67% 0,67%

0,65% 0,61%
0,60%
0,57%
0,55% 0,52%

0,46% 0,46% 0,45%


0,45%

0,35%
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Nota-se que nos anos de 2009 e 2010 os valores foram idênticos


(0,46%) e em 2011 um pouco mais baixo (0,45%), tendo se estabilizado na
faixa entre 0,45% e 0,50%, número ainda alto que representa quase cinco
óbitos para cada mil acidentes do trabalho.
76

4.1.7. CUSTOS DOS ACIDENTES DO TRABALHO OCORRIDOS NO


PERÍODO DE 2003 À 2011
Ao se tratar das informações sobre acidentes do trabalho, além dos
números das ocorrências de acidentes é importante tratar dos custos destes
acidentes, com isto pode-se apresentar que os investimentos em prevenção
não devem ser encarados como despesas sem retorno para as empresas.
Os valores utilizados para a obtenção dos custos diretos, ligados aos
acidentes do trabalho no Brasil, foram extraídos dos AEPS publicados nos
últimos anos e correspondem às seguintes despesas do INSS:
- Aposentadoria especial;
- Aposentadoria por invalidez – acidente de trabalho;
- Auxílio-doença – acidente de trabalho;
- Auxílio – acidente de trabalho;
- Auxílio – suplementar – acidente de trabalho;
- Pensões acidentárias.
Para apresentar estes valores criaram-se o gráfico da Figura X, que
representa a distribuição das despesas do INSS referentes à acidentes do
trabalho em valores percentuais.

Gráfico 27– Distribuição das despesas do INSS referentes aos acidentes do trabalho.

Distribuição das Despesas do INSS referentes aos Acidentes do Trabalho

2%
10%
52% Aposentadoria Especial

Aposentadoria por Invalidez - Acidente de


13% Trabalho
Pensões Acidentárias

Auxílio-Doença - Acidente de Trabalho

10% Auxílio-Acidente de Trabalho

Auxílio-Suplementar - Acidente de Trabalho

13%

Com base nestas informações podemos estimar os custos indiretos


relacionados aos acidentes de trabalho e outros valores, conforme apresentado
na Tabela 19, a seguir:
77

Tabela 19 – Dados sobre as despesas do INSS relacionadas à Acidentes do Trabalho.

VALOR ANUAL DAS DESPESAS DO INSS RELACIONADAS A ACIDENTES DE TRABALHO (R$ Mil)

RUBRICAS 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 TOTAL

Aposentadoria Especial 4.892.584 5.379.468 5.710.124 5.998.660 5.681.891 6.387.571 6.858.291 7.239.421 7.873.494 56.021.504

Aposentadoria por Invalidez - Acidente de Trabalho 827.851 999.217 1.189.937 1.373.787 1.355.762 1.628.130 1.849.968 2.082.354 2.371.443 13.678.449

Pensões Acidentárias 820.846 779.829 998.966 1.081.525 1.054.610 1.214.083 1.327.884 1.392.507 1.513.935 10.184.185

Auxílio-Doença - Acidente de Trabalho 18.621 1.281.922 1.431.509 1.257.922 1.468.371 1.676.209 2.103.376 2.408.490 2.627.518 14.273.937

Auxílio-Acidente de Trabalho 11.727 956.407 1.068.737 1.191.143 1.182.210 1.455.069 1.467.534 1.674.907 1.817.623 10.825.358

Auxílio-Suplementar - Acidente de Trabalho 1.001.006 97.307 102.089 108.892 111.195 307.823 124.348 111.715 124.587 2.088.962

CUSTOS DIRETOS 7.572.635 9.494.150 10.501.362 11.011.929 10.854.040 12.668.885 13.731.401 14.909.394 16.328.600 107.072.396

CUSTOS INDIRETOS 30.290.541 37.976.599 42.005.449 44.047.716 43.416.159 50.675.540 54.925.603 59.637.574 65.314.402 428.289.584

TOTAL (CUSTOS DIRETOS + CUSTOS INDIRETOS) 37.863.177 47.470.749 52.506.811 55.059.645 54.270.199 63.344.425 68.657.004 74.546.968 81.643.002 535.361.980

QUANTIDADE TOTAL DE ACIDENTES 399.077 465.700 499.680 512.232 659.523 755.980 733.365 709.474 711.164 5.446.195

ESTIMATIVA DE CUSTO DIRETO MÉDIO POR ACIDENTE 18,98 20,39 21,02 21,50 16,46 16,76 18,72 21,01 22,96 19,66

ESTIMATIVA DE CUSTO TOTAL MÉDIO POR ACIDENTE 94,88 101,93 105,08 107,49 82,29 83,79 93,62 105,07 114,80 98,30
78

No site do MPS, consta o valor de gastos equivalente à R$ 14,2 bilhões


no ano de 2009, referente às despesas do INSS relacionadas com acidentes
do trabalho e de acordo com a Tabela 19 obteve-se R$ 13,7 bilhões, esta
diferença pode ser consequência do responsável pela informação do site do
MPS ter utilizado algum dado que não consta do Anuário ou que se trata de
despesa com acidentes do trabalho, mas que é parte integrante de outra
rubrica como, por exemplo, aquelas decorrentes de sentenças judiciárias. Tais
informações são de conhecimento exclusivo dos técnicos do MPS e não são
especificadas de forma geral nos AEPS, portanto os valores trabalhados na
pesquisa serão baseados nas informações disponibilizadas especificamente
sobre as despesas relacionadas aos acidentes do trabalho.
Somando os valores pagos nos nove anos estudados na pesquisa,
chegamos ao valor pago pelo INSS em despesas relacionadas aos acidentes
do trabalho equivalente R$ 107 bilhões, sendo estes os custos diretos dos
acidentes. Ao calcularmos o valor dos custos indiretos dos acidentes, conforme
apresentado no item desta pesquisa que trata do referencial teórico, chegamos
ao valor de aproximadamente R$ 428 bilhões e um valor total (custos diretos +
custos indiretos) equivalente à R$ 535 bilhões.
Com estes números podemos justificar a importância de se investir em
prevenção de acidentes através de melhores práticas e eliminação de riscos,
salvaguardando assim a plena saúde dos funcionários.

4.2. DADOS DA INSTITUIÇÃO ESTUDADA


Como citado anteriormente, no item que tratou os métodos e as técnicas
de pesquisa, a instituição estudada foi um hospital particular, fundado em
janeiro de 1994 no município de Guarulhos. Este hospital realiza atendimentos
eletivos, de urgência e de emergência, funcionando 24 horas por dia e 7 dias
por semana. Dentre os funcionários que atuam diretamente nas atividades de
atendimento hospitalar, estão os médicos, enfermeiros, farmacêuticos,
auxiliares e técnicos de enfermagem e hoteleiros, estes últimos realizam a
higienização e troca do enxoval dos leitos.
Os setores e as principais atividades desenvolvidas em cada setorestão
descritos a seguir:
79

• Unidade de Terapia Intensiva (UTI): os pacientessão transferidos para


UTI quando necessitam de cuidados constantes, são realizadas visitas
pelos médicos duas vezes ao dia e a enfermagem é 24 horas. Em alguns
hospitais é comum a prática do médico da UTI permanecer alocado no
setor;
• Centro cirúrgico: o centro cirúrgico é o setor do hospital onde se
realizam intervenções cirúrgicas e presta assistência à intercorrências
cirúrgicas;
• Pediatria: ala destinada às crianças que necessitam de cuidados
médicos especializados, em urgências e emergências e com suporte
necessário para o atendimento;
• Sala de observação: tem como finalidade o acompanhamento do
paciente durante o período que estiver realizando uso de medicação e ou
aguardando resultado dos exames diagnósticosou laboratoriais, mas
principalmente, estar em condições seguras de retornar ao seu domicílio,
caso não precise ficar internado;
• Sala de medicação: reservada para a preparação das medicações
prescritas pelos médicos assistentes;
• Farmácia: responsável pela organização dos medicamentos do
Hospital que serão encaminhados às alas e posteriormente administrados
nos pacientes;
• Centro de diagnósticos: onde são realizados e analisados exames
clínicos ou de imagem para fins de elucidação diagnóstica;
• Triagem: onde são dados os primeiros atendimentos (aferição da
pressão arterial, temperatura, perguntas a respeito do estado físico geral
do paciente) antes do encaminhamento ao consultório do médico;
• Consultórios do pronto socorro: local onde os pacientes são
examinados para determinação da conduta a ser adotada pelos médicos;
• Apartamentos e enfermarias (leitos): local onde os pacientes são
hospedados durante a permanência em regime hospitalar.
A Figura 4 apresenta um esboço dolay out, sem escala, da instituição
estudada.
80

Figura 4 – Esboço do lay out da Instituição de Atendimento Hospitalar estudada.

U.T.I. Centro Cirúrgico

Farmácia

Estacionamento
Apartamentos e
Enfermarias
(Leitos)

Pediatria

Administração Sala de Sala de


Hospital Medicação Observação

Sala de
Espera
Centro de
Diagnósticos
(CD) Consultórios
Pronto Socorro
Triagem

Acesso ao CD e à Recepção da Acesso Recepção


Recepção Eletiva Internação Eletiva Ambulâncias Pronto Socorro
81

No ano de 2010, ocorreram acidentes típicos nos setores de centro


cirúrgico (1 perfuro sem afastamento), na pediatria (2 perfuro sem
afastamento), nos apartamentos e enfermarias (1 perfuro com afastamento e 1
perfuro sem afastamento), no centro de diagnósticos (1 queda com
afastamento), no pronto socorro (1 queda com afastamento) e das enfermeiras
que trabalham em todos os setores (2 perfuro e 1 queda, com afastamento).
Ocorreu também um acidente de trajeto, na colisão de veículo com um poste,
envolvendo uma funcionária da enfermagem. Totalizando em 2010 onze
acidentes do trabalho, sendo dez típicos e um de trajeto.
No ano de 2011, ocorreram acidentes típicos nos setores de centro
cirúrgico (1 queda sem afastamento), na pediatria (1 perfuro sem afastamento
e 1 com queda com afastamento), na farmácia (1 fratura com afastamento e 1
perfuro sem afastamento), nos apartamentos e enfermarias (1 perfuro com
afastamento e 2 perfuro sem afastamento), no centro de diagnósticos (1 queda
com afastamento e 1 perfuro sem afastamento), no pronto socorro (1 batida
contrária com afastamento), das enfermeiras que trabalham em todos os
setores (1 perfuro e 1 batida contrária, com afastamento, 1 perfuro e 1 colisão
de veículo, sem afastamento) e na higienização (1 perfuro com afastamento e 1
perfuro sem afastamento), vale ressaltar que os funcionários da higienização
exercem atividades em todos setores.
Neste ano também ocorreram dois acidentes de trajeto, sendo um com um
funcionário da enfermagemnuma colisão do veículo contra poste e outro
envolvendo um funcionário do pronto socorro numa queda de veículo.
Totalizando em 2011 dezenove acidentes do trabalho, sendo dezessete
acidentes típicos e dois de trajeto.
No ano de 2012, ocorreram acidentes típicos nos setores de centro
cirúrgico (1 queda sem afastamento), na pediatria (3 perfuro sem afastamento),
na farmácia (1 batida contrária sem afastamento), nos apartamentos e
enfermarias (2 perfuro com afastamento), no centro de diagnósticos (1 queda
com afastamento), no pronto socorro (1 fratura com afastamento), das
enfermeiras que trabalham em todos os setores (1 perfuro e 1 colisão de
veículo, sem afastamento) e na higienização (2 perfuro sem afastamento), vale
82

ressaltar que os funcionários da higienização exercem atividades em todos


setores.
Em 2012 também ocorreram três acidentes de trajeto, todos envolvendo
funcionários (1 masculino e 2 feminino) da enfermagem, sendo uma queda de
veículo com afastamento, uma colisão de veículo contra poste sem
afastamento e uma fratura com afastamento. Totalizando em 2012 dezesseis
acidentes do trabalho, sendo treze acidentes típicos e três de trajeto.

4.3. COMPARATIVO DOS RESULTADOS E APRESENTAÇÃO DOS DADOS


DA INSTITUIÇÃO ESTUDADA
Apesar dos dados compilados dos AEPS corresponderem ao período
entre os anos de 2003 e 2011, para comparação com a instituição estudada
foram utilizados apenas os três últimos anos, devido ao fato da instituição não
possuir dados anteriores à 2010, portanto em todas as comparações serão
apresentados os dados da instituição referentes aos anos de 2010, 2011 e
2012 e do INSS referentes aos anos de 2009, 2010 e 2011.
O Gráfico 28 apresenta os dados referentes aos acidentes típicos, para
a construção deste gráfico foram filtrados os dados,disponibilizados nos AEPS,
referentes à quantidade de acidentes típicos e contribuintes no setor de Saúde
e Serviços Sociais e comparados com os dados obtidos da instituição
estudada.

Gráfico 28– Relação dos acidentes típicos em função da quantidade de pessoas expostas.

Acidentes típicos em função da quantidade de trabalhadores


3,00% 2,83%

2,50%
2,18%
2,04% 2,00% 2,00% 2,06%
2,00%

1,50%

1,00%

0,50%

0,00%
2009 2010 2011 2.012
INSS - % Típicos Instituição Estudada - % Típicos
83

Percebe-se que os números no período estão próximos de 2,0%,


contudo no ano de 2011, os acidentes típicos representaram 2,83 % da
população exposta aos riscos da atividade, enquanto que a média nacional foi
equivalente à 2,0 %.
O Gráfico 29 apresenta os dados referentes aos acidentes de trajeto,
para a construção deste gráfico foram filtrados os dados, disponibilizados nos
AEPS, referentes à quantidade de acidentes de trajetos e contribuintes no setor
de Saúde e Serviços Sociais e comparados com os dados obtidos da
instituição estudada.
Gráfico 29 – Relação dos acidentes de trajeto em função da quantidade de pessoas expostas.

Acidentes de trajeto em função da quantidade de trabalhadores


0,50% 0,48%
0,44% 0,44% 0,44%

0,40%
0,33%

0,30%

0,20%
0,20%

0,10%

0,00%
2009 2010 2011 2.012

INSS - % Trajeto Instituição Estudada - % Trajeto

Nota-se que os dados do INSS são constantes, ou seja, no período de


2009 à 2011, 0,44% das pessoas que trabalham no setor de saúde e serviços
sociais sofreram acidentes de trajeto. No que diz respeito aos dados da
instituição estudada, nos anos de 2010 e 2011, ficaram abaixo da média
nacional, contudo em 2012 estes números atingiram 0,48% da população da
instituição, podendo ser maior, pois foram consideradas apenas as pessoas
que trabalham com atividades relacionadas à saúde e serviços sociais,
excluindo-se as pessoas dos setores administrativos.
O Gráfico 30, a seguir, apresenta os dados de acordo com a idade dos
acidentados, de acidentes típicos, em função da quantidade de trabalhadores.
84

Gráfico 30– Relação dos acidentes típicos em função da quantidade de pessoas expostas.

Acidentes Típicos em função da quantidade de pessoas expostas


0,90%
0,80%
0,70%
0,60%
0,50%
0,40%
0,30%
0,20%
0,10%
0,00%
Até 19 20 a 24 25 a 29 30 a 34 35 a 39 40 a 44 45 a 49 50 a 54 55 a 59 60 a 64
anos anos anos anos anos anos anos anos anos anos

INSS - % Masculino INSS - % Feminino Estudo de Caso - % Masculino Estudo de Caso - % Feminino

Pode-se notar na instituição que a quantidade de acidentes típicos


envolvendo pessoas do sexo masculino é muito superior aos demais números,
este fato pode ser consequência da pequena quantidade de pessoas do sexo
masculino trabalhando na instituição, o que resulta num percentual mais
elevado em função dos acidentes (no ano de 2010 foram 4 acidentes para 85
trabalhadores).
Outra informação relevante diz respeito à faixa etária que mais sofre
acidentes típicos, para ambos os sexos, é a de 25 a 29 anos, seguida da
população masculina de 30 a 34 anos e pela população feminina de 40 a 44
anos.
Em todas as faixas etárias os acidentes na instituição estão acima da
média nacional, porém não podemos concluir que na instituição estudada
ocorrem mais acidentes que em outras instituições de saúde e serviços sociais,
pois os dados de acidentes por faixa etária disponibilizados nos AEPS dizem
respeitos à todos os setores de atividade econômica, podendo-se com isso
diluir os números de acidentes das instituições de serviços de saúde e serviços
sociais entre os demais setores.
O Gráfico 31, a seguir, apresenta os dados de acordo com a idade dos
acidentados, de acidentes de trajeto, em função da quantidade de
trabalhadores.
85

Gráfico 31– Relação dos acidentes de trajeto em função da quantidade de pessoas expostas.

Acidentes de Trajeto em função da quantidade de pessoas expostas


0,30%

0,25%

0,20%

0,15%

0,10%

0,05%

0,00%
Até 19 20 a 24 25 a 29 30 a 34 35 a 39 40 a 44 45 a 49 50 a 54 55 a 59 60 a 64 65 a 69 70 anos
anos anos anos anos anos anos anos anos anos anos anos ou mais

INSS - % Masculino INSS - % Feminino Estudo de Caso - % Masculino Estudo de Caso - % Feminino

O Gráfico 32, a seguir, apresenta os dados das partes do corpo


atingidas nos acidentes típicos ocorridos na instituição estudada.

Gráfico 32– Partes do corpo atingidas nos acidentes de típicos ocorridos na instituição.

Partes do corpo atingidas com maior incidência nos acidentes típicos na Instituição
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Antebraço Articulação Cabeça Coxa Dedo Joelho Mão Ombro Perna Punho Quadris
do
Tornozelo
2010 2011 2012

Nota-se que os dedos são a parte mais atingidas nos acidentes típicos
ocorridos na instituição estudada, com 17 registros, estando na segunda
posição as mãos, com 10 registros e o punho no ano de 2011 com dois
registros, as demais partes citadas no gráfico representam 1 registro em cada
uma.
86

O Gráfico 33, a seguir, apresenta os dados das partes do corpo


atingidas nos acidentes de trajeto ocorridos na instituição estudada.

Gráfico 33– Partes do corpo atingidas nos acidentes de trajeto ocorridos na instituição.

Partes do corpo atingidas com maior incidência nops acidentes de trajeto da Instituição
1,5

0,5

0
Articulação do Braço Cabeça Dorso Perna Punho
Tornozelo
2010 2011 2012

Os acidentes de trajeto ocorridos na instituição estudada atingiram


diferentes partes do corpo, no ano de 2012 ocorreu a maior quantidade de
acidentes, sendo três registros em que as partes do corpo atingidas foram a
articulação do tornozelo, a cabeça e a perna.
87

5. CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS


Foram verificados os dados referentes aos acidentes do trabalho em
nível nacional, disponibilizados pelo INSS e comparados com os dados da
instituição estudada, cujas atividades estão relacionadas à saúde e serviços
sociais.
Conforme apresentado e discutido no item 4 desta pesquisa, vimos que
o MPS disponibiliza muitas informações sobre acidentes do trabalho, contudo
estas informações são pouco utilizadas pelas empresas, como no caso da
instituição estudada que, conforme o funcionário do SESMT tais informações
eras desconhecidas, portanto ele atualmente compila os dados e apresenta
indicadores apenas comparando a situação atual com a passada.
Na apresentação dos dados oficiais do INSS, pode-se contatar que a
maioria dos acidentes do trabalho no período estudado ocorreu na região
Sudeste, no setor de serviço, nas atividades de atendimento hospitalar. Em
todos os tipos de acidentes (típico, doença do trabalho e trajeto) as pessoas do
sexo masculino são as principais vítimas, principalmente, no caso dos
acidentes típicos, as pessoas com idade entre 25 e 29 anos, no caos das
doenças do trabalho, as pessoas com idade entre 40 e 44 anos e no caso dos
acidentes de trajeto, as pessoas com idade entre 20 a 29 anos.
A alta quantidade de acidentes típicos (perfuro),na instituição estudada,
atingindo os dedos chamou a atenção, confirmando os números do INSS, que
também apontam os dedos como a parte do corpo mais atingida nos acidentes
típicos. Devem-se verificar as atividades com o objetivo de torna-las mais
seguras aos funcionários, seja isto por meios demedidas técnicas e
administrativas, com o objetivo de reduzir e controlar a exposição a
níveisaceitáveis e que permitam maior proteção aos trabalhadores, podendo-se
inclusive substituir os meios utilizados atualmente por novas tecnologias mais
seguras aos pacientes e usuários dos equipamentos e dispositivos que podem
causar acidente perfuro.
Um ponto a ser considerado, que foi identificado através dos dados do
INSS, é o fato das onze principais partes do corpo atingidas, nos acidentes
típicos, englobarem praticamente todas as regiões do corpo, desde os pés até
os olhos, portanto podemos concluir que não existe parte do corpo totalmente
88

segura contra acidentes do trabalho, ou seja, há muito que se trabalhar em


matéria de prevenção de acidentes.
As CIDs mais incidentes nos acidentes típicos dizem respeito à
ferimentos e fraturas no punho e na mão, para as doenças do trabalho,sinovite,
tensonovite, lesões do ombro e dorsalgia, e por fim para os acidentes de trajeto
fraturas e luxações na região dos pés e pernas. A maioria dos acidentes de
trabalho é liquidada por incapacidades temporárias, sendo as principais com
afastamento inferior a 15 dias, dados semelhantes aos da instituição estudada.
Ainda de acordo com os dados do INSS, a cada mil acidentes do
trabalho ocorrem em média 4,8 óbitos, estes números têm diminuído ao longo
de todo o período estudado, de acordo com o aumento das pessoas
trabalhando. Na instituição estudada não há registros de óbitos.
No que diz respeito aos custos dos acidentes, os mesmos foram
estimados a partir dos dados no INSS, porém estes não puderam ser
comparados, pois a instituição estudada não mede estes valores. Contudo
chegou-se ao valor do custo total médio equivalente à R$ 98,3 mil por acidente
de trabalho, valor extremamente elevado, comprovando os estudos que
comparam os custos dos acidentes com um iceberg, onde vemos apenas a
parte para fora da água.
Sugeriu-se ao funcionário do SESMT que novos indicadores sejam
elaborados a partir dos dados das CATs da instituição estudada. O funcionário
do SESMT também foi orientado a desenvolver algum tipo de trabalho para
identificar dados sobre doenças do trabalho e custos dos acidentes do trabalho,
pois nos últimos três anos nenhum registro de acidente deste tipo foi notificado
e nenhum custo contabilizado.
89

REFERÊNCIAS

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Documentação - Trabalhos acadêmicos - Apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2011.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520: Informação e


Documentação - Citações em Documentos - Apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2002a.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: Informação e


Documentação - Referências - Elaboração. Rio de Janeiro: ABNT, 2002b.

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AEPS – Anuário Estatístico da Previdência Social 2007. Brasília: Ministério da Previdência


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Trabalho e Legislação Complementar. São Paulo: Atlas, 2004. 108. ed.

HÖKERBERG, Y.H.M.; SANTOS, M.A.B.; PASSOS, S.R.L.; ROZEMBERG, B.; COTIAS,


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Proposta para Sistema de Vigilância nos Hospitais da Fundação Santa Casa de
Misericórdia do Pará e do Hospital João de Barros Barreto. Rio de Janeiro: Escola Nacional
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91

APÊNDICE A – Tabela de conversão de CNAE para SAE.


SETOR DE ATIVIDADE ECONÔMICA CNAE 95 CNAE 2.0
AGRICULTURA 01, 02, 05 01, 02, 03
INDÚSTRIA
Extrativa Mineral 10, 11, 13, 14 5, 6, 7, 8, 9
Construção 45 41, 42, 43
Serviços Industriais de Utilidade Pública 40, 41, 90 35, 36, 37, 38, 39
TRANSFORMAÇÃO
Produtos Alimentares e Bebidas 15 10, 11
Produtos Têxteis 17 13, 14
Fabricação de Papel e Celulose 21 17
Refino de Petróleo e Produção de
23 19
Biocombustíveis
Produtos Químicos 24 20, 21
Artigos de Borracha e Plástico 25 22
Produtos de Minerais Não-Metálicos 26 23
Metalurgia Básica 27 24
Fabricação de Produtos de Metal 28 25
Fabricação de Máquinas e Equipamentos 29 28
Fabricação de Máquinas e Aparelhos Elétricos 31 27
Montagem de Veículos e Equipamentos de
34, 35 29, 30
Transporte
16, 18, 19, 20, 22, 30, 32, 12, 15, 16, 18, 26, 31, 32,
Outras Indústrias de Transformação
33, 36, 37 33
SERVIÇOS
Comércio de Veículos e Combustíveis 50 45
Comércio por Atacado 51 46
Comércio Varejista 52 47
Alojamento e Alimentação 55 55, 56
Transporte e Armazenagem 60, 61, 62, 63 49, 50,51, 52, 53, 79
Comunicações 64 58,59,60,61
Intermediários Financeiros 65, 66,67 64, 65, 66
Atividades Imobiliárias 70 68
Atividades de Informática e Conexas 72 62, 63, 95
69, 70, 71, 73, 74, 75, 78,
Serviços Prestados Principalmente à Empresas 74
80, 81, 82
Administração Pública, Defesa e Seguridade Social 75 84
Educação 80 85
Saúde e Serviços Sociais 85 86, 87, 88
Atividades Associativas, Culturais e Desportivas 91, 92 90, 91, 93, 94
Outros Serviços 71, 73, 93, 95, 99 72, 77, 92, 96, 97, 99

Fonte: Quadro IV.1 – Conversão de CNAE para SAE (AEPS, 2007).


92

APÊNDICE B – Quadrode conversão de CNAE para SAE 2.0.


SETOR DE ATIVIDADE ECONÔMICA CNAE 2.0
AGROPECUÁRIA 01, 02, 03
INDÚSTRIA
EXTRATIVA 5, 6, 7, 8, 9
TRANSFORMAÇÃO
Produtos Alimentícios e Bebidas 10, 11
Produtos Têxteis e Artigo de Vestuário 13, 14, 15
Fabricação de Papel e Celulose 17
Petróleo, Biocombustíveis e Coque 19
Produtos Químicos 20, 21
Artigos de Borracha e Material Plástico 22
Produtos de Minerais Não Metálicos 23
Metalurgia 24
Fabricação de Produtos de Metal 25
Fabricação de equipamentos eletrônicos e ópticos 26
Fabricação de Máquinas e Equipamentos 27, 28
Fabricação de Veículos e Equipamentos de Transporte 29, 30
Outras Indústrias de Transformação 12, 16, 18, 31, 32, 33
CONSTRUÇÃO 41, 42, 43
SERVIÇOS DE UTILIDADE PÚBLICA (Água, Gás e Eletricidade) 35, 36, 37, 38, 39
SERVIÇOS
Comércio e Reparação de Veículos Automotores 45, 46, 47
Transporte, Armazenagem e Correios 49, 50, 51, 52, 53
Alojamento e Alimentação 55, 56
Comunicações 58, 59, 60, 61
Serviços de Tecnologia da Informação 62, 63
Atividades Financeiras 64, 65, 66
Atividades Imobiliárias 68
Serviços Prestados Principalmente à Empresas 69, 70, 71, 72, 73, 74, 75, 77, 78, 79, 80,81,82
Administração Pública, Defesa e Seguridade Social 84
Educação 85
Saúde e Serviços Sociais 86, 87, 88
Arte, Cultura, Esporte e Recreação 90, 91, 92, 93
Outros Serviços 94, 95, 96, 97, 99

Fonte: Quadro IV.1 – Conversão de CNAE para SAE (AEPS, 2011).

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