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ACADEMIA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS EDUCAÇÃO – ABRASCE


CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM ENFERMAGEM DO
TRABALHO

SIMONE BETTIOL PIATI


SIRLEI DE SOUZA PADILHA

ÍNDICE DE AFASTAMENTO POR ACIDENTE DE TRABALHO NUMA


EMPRESA CARBONÍFERA DA CIDADE DE FORQUILHINHA – SC NO
PERÍODO DE 2008 A 2009

TUBARÃO-SC, 2010
2

SIMONE BETTIOL PIAT


SIRLEI DE SOUZA PADILHA

ÍNDICE DE AFASTAMENTO POR ACIDENTE DE TRABALHO NUMA


EMPRESA CARBONÍFERA DA CIDADE DE FORQUILHINHA – SC NO
PERÍODO DE 2008 A 2009

Trabalho de Conclusão do Curso de Pós-


Graduação Lato Sensu em enfermagem do
Trabalho apresentado como requisito parcial
para á obtenção do grau de Especialista em
Enfermagem do Trabalho Academia Brasileira
de Ciências da Educação - ABRASCE.

Orientadora: Prof. Msc. Vânia Salmon


3

TUBARÃO-SC, 2010

Este trabalho é dedicado aos nossos pais,


que são um exemplo de vida,
4

perseverança e honestidade.

Agradecemos a Deus, por ter nos


acompanhado em mais este desafio.
À nossa família, em especial aos nossos
pais, pelo amor com que fomos criados,
pelo incentivo e confiança que
depositaram em nós.
Aos professores pela dedicação e
colaboração em prol da nossa
aprendizagem.
Aos nossos colegas, por terem nos
acolhido nos momentos mais difíceis e
5

incertos.

O homem é um sistema aberto e


modificável a qualquer fonte de
estimulação e em qualquer idade de sua
vida.
6

(Feurstein)
RESUMO

A pesquisa foi realizada em uma empresa no ramo carbonífero na cidade


Forquilhinha – SC, esta é uma empresa que atua há 28 anos no mercado carvoeiro,
onde produz 2.760.000 tROM/ano de carvão, pois seu depósito, situa-se a uma
profundidade média de 170m. Com isso, esta monografia tem como objetivo
identificar a prevalência e motivos de acidentes de trabalho e o índice de
afastamento por acidente na área de mineração que ocorrem em uma empresa
carbonífera do município de Forquilhinha – SC no período de 2008 a 2009. A
pesquisa trata-se de uma pesquisa bibliográfica fundamentando dados como um
breve histórico do carvão, o processo de extração de carvão, a saúde do trabalhador
no Brasil, a segurança e saúde no trabalho, os acidentes de trabalho, os
trabalhadores da área mineradora e os ricos ocupacionais, a legislação visando à
segurança do trabalhador na exploração do carvão, as normas regulamentadoras, o
PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos) e a NR-22 (Normas
Regulamentadoras) como também uma pesquisa descritiva e quantitativa por meio
de anotações registradas no diário de campo e analisou-se os cadastros das CATs
na empresa e estudo, a partir de visitas a empresa. Os resultados ficaram limitados,
pois não havia muitos dados destes anos. Após a coleta de dados estatísticos e a
análise é possível constatar que em 2009 após a implantação de programas de
medidas de seguranças para a diminuição dos acidentes pela equipe de segurança
do trabalho, com os dados obtidos foi possível perceber que com o auxílio destes
programas a carbonífera atingiu bons resultados, sendo que no ano de 2009, os
acidentes que mais ocorreram foram acidentes de trajeto e acidentes ocupacionais.
Houve uma diminuição nos acidentes de perfuro-cortante, nas quedas e traumas,
nos materiais biológicos, nas agressões físicas, nos produtos químicos, entre outros
que causam gravíssimos problemas aos trabalhadores mineiros.

Palavras-chave: Acidentes de trabalho. Área de mineração. Medidas de segurança.


7

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Acidentes de trabalho em 2008 na empresa...............................................


74
Tabela 2: Acidentes de trabalho em 2009 na empresa................................................
75
Tabela 3: Regiões afetadas em 2008.........................................................................
80
Tabela 4: Regiões afetadas em 2009.......................................................................81
Tabela 5: Causa/objeto causador em 2008............................................................. 83
Tabela 6: Causa/objeto causador em 2009..............................................................84
8

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Acidentes de trabalho em 2008 na empresa...........................................74


Gráfico 2: Acidentes de trabalho em 2009 na empresa............................................
76
Gráfico 3: Regiões afetadas em 2008........................................................................
81
Gráfico 4: Regiões afetadas em 2009.......................................................................
82
Gráfico 5: Causa/objeto causador em 2008..............................................................
83
Gráfico 6: Causa/objeto causador em 2009.............................................................84
9

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Método “Strip Mining” – Mina a Céu Aberto.................................................


21
Figura 2: Foto Mina Subterrânea...............................................................................23
Figura 3: Carregadeira para operação em minas subterrâneas “Bobcat”. Mina
semimecanizada...................................................................................................... 26
Figura 4: Mapa......................................................................................................... 70
10

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABPA - Associação Brasileira para Prevenção de Acidentes


AMB - Associação Médica Brasileira
ANAMT - Associação Nacional de Medicina do Trabalho
ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária
AT - Acidentes de Trabalho
CA - Certificados de Aprovação
CAT - Comunicação de Acidentes de Trabalho
CID - Classificação Internacional de Doenças
CIPA - Comissões Internas de Prevenção de Acidentes
CIPAMIN - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes na Mineração
CLT - Consolidação das Leis do Trabalho
CM - Código de Mineração
CREA - Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia
CRST/ES - Centro de Referência em Saúde do Trabalhador do Espírito Santo
DNPM - Departamento Nacional de Produção Mineral
DRT - Delegacia Regional do Trabalho
EPC - Equipamentos de Proteção Coletiva
EPI - Equipamento de Proteção Individual
EPI - Equipamentos de Proteção Individual
FTC - Ferrovia Teresa Cristina
FUNESO - Fundação do Ensino Superior de Olinda
IBRAM - Instituto Brasileiro de Mineração
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social
LER - Lesões por Esforço Repetitivo
LER/DORT - Lesões Por Esforços Repetitivos /Distúrbios Osteomusculares
Relacionados Ao Trabalho
LTCAT - Laudo Técnico de Condições Ambientais de Trabalho
MTE - Ministério do Trabalho e Emprego
NRM - Normas Reguladoras de Mineração
NRs - Normas Regulamentadoras
NTEP - Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário
11

OIT - Organização Internacional do Trabalho


OMS - Organização Mundial da Saúde
PAE - Plano de Aproveitamento Econômico
PAE - Plano de Atendimento de Emergência
PCIAM - Plano de Controle de Impacto Ambiental na Mineração
PCMSO - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional
PGR - Programa de Gerenciamento de Riscos
PL - Plano de Lavra
PPRA - Mapa de Riscos e Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
PRODEMA - Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio
Ambiente
QVT - Qualidade de Vida no Trabalho
RAL - Relatório Anual de Lavra
RENAST - Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador
REPAT - Rede de Prevenção de Acidente do Trabalho
SAT - Seguro de Acidente de Trabalho
SATC - Sociedade Autônoma dos Trabalhadores do Carvão
SESMT - Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do
Trabalho
SGQA - Sistema de Gerenciamento de Qualidade Ambiental
SIECESC - Sindicato da Indústria da Extração de Carvão do Estado de Santa
Catarina
SUS - Sistema Único de Saúde
12

SUMÁRIO

1 INTRODUCÃO.........................................................................................................
14
1.1 Objetivos................................................................................................................
17
1.1.1 Objetivo geral......................................................................................................
17
1.1.2 Objetivos específicos..........................................................................................
17

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...............................................................................
18
2.1 Breve Histórico do Carvão....................................................................................
18
2.2 O Processo de Extração de Carvão......................................................................
20
2.2.1 A extração do carvão a céu aberto....................................................................
20
2.2.2 A extração de carvão em subsolo......................................................................
21
2.3 O Ambiente das Minas.........................................................................................24
2.4 Saúde do Trabalhador no Brasil............................................................................
27
2.5 Segurança e Saúde no Trabalho..........................................................................
29
2.6 Acidentes de Trabalho..........................................................................................
30
2.7 Trabalhadores da Área Mineradora e os Ricos Ocupacionais...........................36
2.8 Legislação Visando à Segurança do Trabalhador na Exploração do Carvão....38
2.9 Normas Regulamentadoras..................................................................................
39
2.9.1 O PGR e a NR-22..............................................................................................
51
2.9.2 A dicotomia entre a legislação avançada que rege a segurança do
trabalhador e seu efetivo cumprimento.................................................................. 59
2.9.3 O PGR como proposta de construção de cidadania...........................................
60

3 METODOLOGIA.....................................................................................................65
3.1 Tipo de Pesquisa...................................................................................................
65
3.2 Local de Estudo...................................................................................................66
3.3 Sujeito em Estudo................................................................................................66
3.4 Coletas dos Dados...............................................................................................67
3.5 Análise dos Dados...............................................................................................67

4 A EMPRESA EM ESTUDO......................................................................................
68
13

5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS........................................................


73

6 CONCLUSÃO...........................................................................................................
86

REFERÊNCIAS...........................................................................................................
89

BIBLIOGRAFIAS COMPLEMENTARES..................................................................92

ANEXO - FORMULÁRIO DA CAT........................................................................... 94


14

1 INTRODUCÃO

No Brasil, a área de Saúde do Trabalhador tem a representação da


trajetória que lhe deu origem. É uma área da Saúde que prevê o estudo, a
precaução, a assistência e a vigilância aos agravos à saúde relacionados ao
trabalho.
Segundo Leontiev (1999), precisa-se entender a produção humana no
contexto da rede do Universo, respeitando as circunstâncias das suas ações e as
anteriores que as geraram. Implicações essas relacionadas à organização da
sociedade, da cultura e da educação, diante da necessidade de preservar e educar
a população, para a cidadania plena, o que inclui a preocupação com a saúde e
segurança do indivíduo e do planeta.
Os funcionários na atualidade ganham cada vez mais valor na empresa,
pois existe uma grande relação entre motivação dos funcionários e os resultados da
empresa, além de se realçar uma economia com possíveis custos com acidentes e
com a saúde do funcionário.
Segundo Brasil (2008, p. 497), acidente de trabalho considera-se:

[...] a doença profissional e a doença do trabalho. Equiparam-se também ao


acidente do trabalho: o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha
sido a causa única, haja contribuído diretamente para a ocorrência da lesão;
certos acidentes sofridos pelo segurado no local e no horário de trabalho; a
doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício
de sua atividade; e o acidente sofrido a serviço da empresa ou no trajeto
entre a residência e o local de trabalho do segurado e vice-versa.

A preocupação com a saúde e a segurança do trabalhador no setor de


extração mineral tem crescido em função da conscientização de empregadores e
empregados, os mesmo vêm buscando respeitar as novas legislações executando
mudanças comportamentais, uma vez que vem aumentando nos últimos anos o
número de acidentes e doenças ocupacionais.
Quando se fala em Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) isso envolve
tanto a motivação do funcionário bem como o favorecimento da saúde mental e
física do trabalhador evitando desta forma acidente no trabalho.
Dados do Ministério do Trabalho indicam elevada frequência dos
acidentes de trabalho no Brasil. Sabe-se que acidente de trabalho é aquele que
15

ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal


ou perturbação funcional que cause morte, a perda ou redução da capacidade para
o trabalho, permanente ou temporária lei 8.213/91.
O trabalho é um dos elementos que mais interferem nas condições e
qualidade de vida do homem e, portanto, na sua saúde. Dessa forma é fundamental
ser dotado de condições higiênicas básicas, regras de segurança capazes de
preservar a integridade física e a saúde dos empregados, com a antecipação, o
reconhecimento, a avaliação e o domínio dos riscos concretos ou potenciais
existentes (MAIA, 2000).
Talvez o número de acidentes possa ser maior, pois nem todos os
acidentes que ocorrem se tornam conhecidos, existe uma grande reclamação de
que muitas Comunicação de Acidentes de Trabalho (CAT) não chegam a
previdência social ou ainda nem ocorre registro do acidente dentro da empresa.
Muitos fatores estão envolvidos no acidente, dentre eles, Chiavenato
(1999, p. 391) destaca alguns:

[...] a satisfação com o trabalho executado; as possibilidades de futuro na


organização; o reconhecimento pelos resultados alcançados; o salário
recebido; os benefícios auferidos; o relacionamento humano dentro do
grupo e da organização; o ambiente psicológico e físico do trabalho; a
liberdade e responsabilidade de decidir e as possibilidades de participar.

Esta pesquisa tem seu foco dirigido para o índice de acidentes ocorridos
em uma mineradora com base nas informações obtidas pela CAT.
No contexto do trabalho em mineradora, área em que uma das
pesquisadoras esteve cubrindo as férias do atual enfermeiro da empresa surge por
parte das pesquisadoras interesse em buscar mais dados em relação aos acidentes
que ocorrem na empresa.
A temática central desta investigação se concentra em querer identificar
quais os acidentes de trabalho são mais frequentes dentro da empresa. A opção por
este tema de pesquisa adveio do interesse e preocupação com os riscos
ocupacionais que os trabalhadores estão expostos onde esses trabalhadores estão
envolvidos no seu dia a dia, no seu ambiente de trabalho.
Diante das questões acima apresentadas, foi proposta a realização de um
estudo que está inserido na linha de pesquisa da avaliação e qualidade dos
serviços, destacando-se os meios, as condições e as relações de trabalho.
16

Este trabalho se caracteriza como um estudo observacional descritivo


com análise no CAT e discussão de dados sob o paradigma quantitativo, onde a
população alvo da pesquisa foi de trabalhadores que sofreram acidente de trabalho
nos anos de 2008 e 2009 em uma mineradora do sul de Santa Catarina.
Entende-se por acidentes de trabalho os eventos bem configurados no
tempo e no espaço, cujos resultados, imediato na quase soma dos casos, permitem
estabelecer o nexo causal com o trabalho (MENDES, 2007).
O primeiro capítulo foi dado aos aspectos introdutórios da temática “Índice
de afastamento por acidente de trabalho numa empresa carbonífera da cidade de
Forquilhinha – SC no período de 2008 a 2009”, que abrangeu a problemática e os
objetivos gerais e específicos.
O segundo capítulo remete ao estudo detalhado do referencial bibliográfico,
essencialmente no que concerne a um breve histórico do carvão, o processo de
extração de carvão, a saúde do trabalhador no Brasil, a segurança e saúde no
trabalho, os acidentes de trabalho, os trabalhadores da área mineradora e os ricos
ocupacionais, a legislação visando à segurança do trabalhador na exploração do
carvão, as normas regulamentadoras, o PGR (Programa de Gerenciamento de
Riscos) e a NR-22 (Normas Regulamentadoras).
O terceiro capítulo foi dado à descrição da metodologia aplicada neste
trabalho, com ênfase à natureza e tipo de pesquisa, à população pesquisada, aos
instrumentos e os procedimentos de coleta de dados.
O quarto capítulo traz um breve histórico da empresa estudada, onde
para efeitos legais não foram abordados o nome da mesma.
O quinto capítulo descreve os resultados da pesquisa, que ficou limitado a
dados totais e não como gostaríamos de apresentar.
Da conclusão consta um registro reflexivo sobre a incidência dos
acidentes de trabalho e todo o processo, resultando, daí, diversas visões, como se
esta práxis houvesse sido observada através de um caleidoscópio, com a ânsia de
pensar uma relação entre equilíbrio ambiental, justiça social e desenvolvimento
industrial e comercial.
Esta reflexão não tem a pretensão de ser conclusiva. Ao contrário,
espera-se, que possa contribuir para ampliar o debate acerca do tema exposto e dos
índices de acidentes levantados.
17

1.1 Objetivos

1.1.1 Objetivo geral

Identificar a prevalência e motivos de acidentes de trabalho e o índice de


afastamento por acidente na área de mineração que ocorrem em uma empresa
carbonífera do município de Forquilhinha – SC no período de 2008 a 2009.

1.1.2 Objetivos específicos

- Identificar quais são os causadores dos acidentes de trabalho;


- Averiguar em quais situações de trabalho e setores os acidentes são
mais frequentes;
- Realizar leitura analítica das CAT;
- Contribuir para que a empresa adote medidas preventivas em relação
aos acidentes.
18

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Breve Histórico do Carvão

O fogo sempre exerceu fascínio sobre o homem. Nos primórdios era


considerada dádiva dos deuses. Provavelmente, nessa época, os homens
conheceram e utilizaram o carvão vegetal oriundo de florestas queimadas por raios.
Depois, foi precisando de uma maior quantidade de calor para moldar
suas ferramentas e utensílios. Belolli et al (2002, p. 17) diz que:

[...] já no período neolítico, uma nova descoberta: minerais negros


colocados para proteger as fogueiras eram reduzidos a metal quando em
contato com a lenha carbonizada. [...] seguiram-se as idades do obre do
bronze e do ferro, o homem foi utilizando o calor do carvão mineral para
tornar moldáveis as matérias-primas de suas ferramentas.

A Bíblia, livro sagrado dos cristãos, em seu Primeiro Livro de Moisés


(Capítulo IV, versículo 22) refere-se indiretamente ao carvão mineral, quando relata
a história de um homem que sabia forjar instrumentos de cobre e ferro, de nome
Tubal-Caim.
O verdadeiro avanço na utilização do carvão mineral, segundo Belolli et al
(2002) se deu com a invenção das máquinas a vapor, por Newcomen, em 1711,
reforçando-se, em 1765, com a criação da máquina a vapor de dupla face, de James
Watt e Matthew Bouton e, no início do século XIX ganhando impulso com as
caldeiras a vapor alimentadas com carvão mineral, dos barcos e trens.
Até meados do século XIX, o carvão mineral era retirado somente na
Europa (principalmente na Inglaterra). O Brasil, ainda essencialmente agrícola,
desconhecia seus benefícios.
De acordo com Belolli (2002), as informações mais correntes dão conta
que, no Brasil, mais precisamente em Santa Catarina, o carvão mineral foi
descoberto por tropeiros que faziam à rota Lages/Laguna, no final do século XVIII,
na região, hoje Barro Branco, cercanias da área garimpeira onde opera a Mineração
Forquilha Ltda.
O desenvolvimento do país, no final do século XIX e a industrialização na
primeira metade do século XX, principalmente pela instalação da Usina Estatal de
19

Volta Redonda, somadas à necessidade de produção carbonífera para abastecer os


navios e a indústria bélica, nas Primeira e Segunda Guerra Mundial, deram ênfase à
produção de carvão na região sul catarinense.
Essa corrida desenvolvimentista na mineração, acompanhando a história
do mundo ocidental, foi centrada nas leis de comércio de um capitalismo nascente
nos países pobres esquecendo de privilegiar o trabalhador que vinha, em levas, das
mais diversas regiões, para trabalhar ‘nas minas’. A conseqüência foi à ocupação
desordenada da região carbonífera e o alto índice de acidentes de trabalho nas
minas.
O médico Boa Nova Junior que atendia a população de mineiros na
década de 1940 afirma: a evidência do desequilíbrio estrutural na administração
pública:

[...] em fins de 1944, contristador era o aspecto [...] no tocante às suas


condições higiênicas e sanitárias, à mortalidade infantil e dos trabalhadores
[...] sem rede de abastecimento de água, sem esgoto, sem serviço de coleta
de lixo, [...] uma iluminação elétrica precaríssima (BOA NOVA apud
BELOLLI et al., 2002, p. 268).

De acordo com dados colhidos no Sindicato dos Mineiros de Criciúma,


nos relatórios anuais 1940/50/60 e 70 (SINDIMINEIROS, 2005), a precária situação
de trabalho dos mineiros da região sul catarinense perdurou até meados de 1980,
acirrando-se no período da Segunda Guerra Mundial, devido ao excesso de trabalho
e ao completo descaso com a pouca legislação trabalhista existente – lembrando
que, a essa época, as minerações eram subterrâneas.
A China registra ainda um número expressivo de acidentes nas minas de
carvão, fábricas de explosivos e transporte aquático (fluvial e marítimo). No Brasil
somente nas minas de carvão foram, aproximadamente, 2.584 acidentes, entre as
décadas de 70 e 90. De janeiro a outubro de 2002, 99 acidentes causaram a morte
de mais de dez pessoas cada. O número de mortos chegou a 1.831. Ocorreram seis
acidentes com mais de 30 mortes cada um (GRESS, 1999).
O trabalhador na mineração subterrânea de carvão desenvolve suas
atividades dividindo os espaços existentes no subsolo com a circulação de
equipamentos complexos e de grande porte, em um ambiente pouco iluminado, na
presença de ruídos, gases e outros agentes físicos e químicos. Os riscos de
acidentes são muitos e um dos que mais preocupa é a estabilidade do teto das
20

aberturas das vias subterrâneas (GRESS, 1999).


Segundo a Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina
do Trabalho em 1981 na região de Criciúma, localizada no Estado de Santa
Catarina, a introdução da mecanização na mineração subterrânea de carvão
aumentou os riscos de acidentes. Nas minas que utilizam processos manuais de
extração 10% dos trabalhadores haviam se acidentado no período de um ano,
enquanto nas minas com extração mecanizada o índice chegou a 21,5%. A
necessidade de maior espaço para acomodar os equipamentos aumentou o número
de acidentes, nos quais ocorrem principalmente a queda do teto ou das paredes
laterais das galerias. Além do risco de acidente, aumentaram também o nível de
pressão sonora, a taxa de liberação de gás metano e a concentração de poeira de
carvão no ar, sendo esses fatores causadores de surdez, explosões e
pneumoconioses, respectivamente (ABPA, 1998).

2.2 O Processo de Extração de Carvão

2.2.1 A extração do carvão a céu aberto

A mineração a céu aberto é utilizada quando a camada localiza-se


próxima da superfície, geralmente a menos de 30 metros de profundidade. Nesta
forma de extração máquinas de grande porte rasgam o solo até alcançar o veio de
carvão, havendo remoção de toda a cobertura rochosa e solo a ele sobreposto. A
camada de carvão exposta é finalmente desagregada por perfuração e explosão.
Apesar de responsável por grande devastação do meio ambiente esta
forma de mineração gera menos poeiras respiráveis do que a mineração de subsolo.
21

8-Recomposiç
Recomposição da 9-Revegetaç
Revegetação
Método de lavra camada fé
fértil

7-Recomposiç
Recomposição da argila

6-Preenchimento do
esté
estéril

5-Remoç
Remoção do miné
minério

4-Remoç
Remoção do esté
estéril

3-Remoç
Remoção da argila

2-Remoç
Remoção da camada fé
fértil

1-Remoç
Remoção da vegetaç
vegetação

Figura 1: Método “Strip Mining” – Mina a Céu Aberto


Fonte: Arquivo das pesquisadoras

2.2.2 A extração de carvão em subsolo

Conforme a forma de ser atingida a camada de carvão das minas de


subsolo podem ser classificadas em minas de encosta, em plano inclinado ou poço
vertical.
Nas minas de encosta a camada de carvão encontra-se acessível pela
escavação praticamente horizontal da galeria, a partir de elevação topográfica. Nas
minas de plano inclinado à camada de carvão está em pequena profundidade, sendo
alcançado pela perfuração de galeria com pequena inclinação.
Para que seja atingida a camada de carvão profunda é necessária à
escavação de poço vertical. A partir deste a mineração faz-se no sentido horizontal.
A extração de carvão pode ser feita de maneira manual, semimecanizada
ou mecanizada.
No processo manual a camada de carvão é perfurada por meio de
ponteiras e picaretas, e fragmentada com uso de explosivos. Este material é
separado manualmente e transportado em vagonetes.
22

No processo semimecanizado a camada de carvão passa a ser perfurada


com perfuratrizes a ar comprimido. A desagregação das rochas é obtida por
explosão, o resultado sendo transportado por esteiras apropriadas.
Na forma mecanizada, cada vez mais comum, os processos principais
são executados por máquinas potentes. Num primeiro momento esta forma de
mineração cursou com aumento da geração de poeiras respiráveis. Com a adoção
de métodos mais efetivos de ventilação e principalmente pelo uso da água em toda
a cadeia extrativa, as concentrações de poeira em suspensão dentro das minas
foram bastante reduzidos.
O método de mineração atualmente utilizado denomina-se “câmaras e
pilares”, com etapas definidas e grupos de trabalhadores atuando consecutivamente.
As galerias têm aproximadamente 6 metros de largura e altura compatível
com a camada viável de carvão, mantendo-se entre elas pilares de
aproximadamente 14 metros de diâmetro. Estes pilares sustentam todas as
camadas geológicas que ficam acima do filão de carvão.
Inicialmente as galerias devem ter seus tetos fixados para que sejam
evitados desmoronamentos. Grandes máquinas perfuratrizes ou mineiros com
perfuratrizes a ar comprimido fazem furos verticais por onde são introduzidos
parafusos apropriados, fixados na sua extremidade inferior a pranchas de madeira
ou metal que dão sustentação ao teto.
Buscando segurança estes parafusos são fixados em camadas de rochas
com maior consistência, geralmente arenitos, rochas sedimentares ricas em sílica.
Neste estágio são geradas poeiras com altas concentrações deste mineral, e os
trabalhadores envolvidos nesta função, mais sujeitos ao desenvolvimento de
pneumoconiose.
Atualmente a perfuração do teto processa-se com a injeção de água pela
própria sonda perfuratriz.
Na época da extração não mecanizada o escoramento do teto era feito
através de pilares de madeira, e, sem a furação do teto rico em sílica, havia menor
exposição dos mineiros. Escorado o teto, inicia-se o corte da camada na frente da
galeria. Após o corte e exposição da nova frente de trabalho são abertos orifícios
horizontais onde são alojados os explosivos. Após a detonação da linha de frente,
veículos especiais retiram o material desagregado, mistura de carvão e outras
rochas sedimentares, como arenitos e siltitos, levando-os para correias
23

transportadoras, por onde atingem a superfície.


Em minas altamente mecanizadas despende-se aproximadamente 2
horas entre o início da perfuração do teto e a colocação do material extraído nas
correias transportadoras.
As feições geológicas das jazidas definem o traçados dos vários eixos,
todos ligados ao principal. Os mineiros trabalhadores seguem a rota dos eixos e as
galerias vão se alongando, num percurso de até 3 (três) ou 4 (quatro) Km 2
(VOLPATO, 1984) (Figura 2).

Figura 2: Foto Mina Subterrânea


Fonte: Arquivo dos pesquisadores

Várias galerias podem estar sendo mineradas concomitantemente.


O carvão extraído das minas a céu aberto e subsolo, sofrem seu primeiro
pré-beneficiamento nos lavadores das próprias carboníferas.
Este processo é elaborado para retirar as impurezas, com um
24

aproveitamento de 30% do material retirado (carvão pré-lavado), os 70% restantes


são classificados como rejeitos piritosos. Estes rejeitos classificados como finos ou
moinha, são recuperadas e enviadas as coquerias para a fabricação de coque.

2.3 O Ambiente das Minas

A indústria do carvão não se assemelha às demais empresas. Difere-se


delas já na forma de construção das unidades produtoras.
As minas de carvão estendem-se enterradas a uma profundidade entre 50
a 200 metros; na superfície ficam os vestiários, algumas oficinas e escritórios. Essa
indústria tem menos instalações e mais equipamentos móveis que, com seus
operadores avançam pelas galerias que abrem o subsolo retirando o produto do
meio da rocha, que é o carvão de pedra (BARAN, 1995).
Na Região Carbonífera, o sistema de mineração é de “câmaras e pilares”,
e há três tipos de minas: manual, semimecanizada e mecanizada. O processo de
trabalho das minas, o acesso às galerias se faz através de poço, por elevadores ou
do plano inclinado (BARAN, 1995).
O conjunto de câmaras e pilares formam os painéis onde estão as várias
frentes de trabalho. Os trabalhadores chegam às frentes a pé, fazendo um percurso
de 1 a 4 Km, sendo que na maioria das mineradoras há meios de locomoção para o
transporte dos mineiros. Os turnos são de seis horas com intervalos periódicos de
quinze minutos para descanso e alimentação (VOLPATO, 1984).
Quanto à operação realizada nas minas manuais, segundo Alves (1996),
a seqüência é a seguinte:
1 – Escoramento do teto: realizado com prumos de madeiras (pés-direitos
e travessões), pelo madeireiro e/ou trilheiro que também realiza o avanço dos trilhos.
2 – Furação de frente: realizada pelo furador, com marteletes
pneumáticos, são executados de 8 a 15 furos a cada frente.
3 – Detonação ou desmonte: os detonadores carregam os furos com
explosivos, processando-se a detonação em seqüência. É realizada uma detonação
em cada frente de trabalho por dia, em geral, no terceiro turno, quando os
trabalhadores já se retiraram das frentes.
4 – Limpeza das frentes ou paleação: realizada no primeiro turno depois
25

de baixada a poeira do desmonte, pelos mineiros “puxadores” ou “paleadores” que,


estão em dupla e munidos com o carvão desmontado. Cada paleador tem uma cota
mínima estipulada pela empresa, em geral de 10 a 13 vagonetas com cerca de 500
Kg de capacidade cada, recebendo um adicional por vagoneta excedente. Como as
galerias são baixas, esse trabalho é feito em posição encurvada. Após encher cada
vagoneta, o mineiro empurra a mesma pelos trilhos, numa distância de 50 a 100
metros até a galeria-mestra, engatando-a no cabo sem-fim, de onde será tracionada
até o virador na superfície. No cruzamento de duas galerias, existe uma chapa
metálica, o chapão, sob o qual é colocada a vagoneta, permitindo a mudanças de
direção da mesma. As galerias estreitas e baixas propiciam os acidentes por
compressão durante essa manobra.
Nas minas mecanizadas, ainda segundo Volpato (1984), a seqüência de
operação é a descrita a seguir:
1 – Corte: o operador da máquina cortadeira inicia o processo de extração
realizando um corte de 2 a 3 metros de profundidade por 5 metros de largura na
base da camada de carvão. A cortadeira é uma máquina com avançamento
mecânico de cerca de 3 metros de comprimento, onde se insere uma lança tipo
“moto serra”.
2 – Furação de frente: realizada pela perfuratriz mecânica operada por um
trabalhador.
3 – Detonação: realizada pelo “blaster” com espoletas, estopins e
explosivos de forma seqüencial.
4 – Carregamento e transporte: após o desmonte, a máquina “Loader”
recolhe o carvão com braços mecânicos e sistema de esteiras, e coloca no
“Shuttlecar”, que o transporta até o alimentador da correia, ocorrendo aí à trituração
primária do carvão: do alimentador, o carvão passa para a correia que transporta até
a superfície; nestas etapas trabalham os operadores de máquinas e seus ajudantes,
além dos serventes de subsolo.
5 – Escoramento do teto: realizado pelo furador de teto e seu ajudante,
com auxílio de marteletes pneumáticos; após perfurar o teto, colocam parafusos de
ferro com blocos de madeira. É a operação de maior risco para o trabalhador, uma
vez que a camada do teto é a que tem maior concentração de sílica em sua
composição; também de maior risco de caimento de pedras do teto e
desabamentos. As perfuratrizes com avanços mecânicos diminuem o risco de
26

desabamentos, porem são pouco utilizadas. Esse ciclo de operações é realizado em


meia hora, sendo repetido de 12 a 16 vezes por turno, em cada frente de trabalho.
Volpato (1984) acrescenta que o ciclo de operações nas minas
semimecanizadas é semelhante ao das minas mecanizadas, com exceção ao corte
da camada inferior do carvão que não é realizado nas primeiras, a perfuração de
frente que é realizada com martelete pneumático e a etapa de carregamento e
transporte que é realizada por uma máquina, o bobcat. Os bobcats (figura 03) são
pequenas máquinas carregadeiras, com motor elétrico ligado, que se locomovem em
repetidas operações de vaivém, carregando e transportando o carvão das frentes
até as calhas transportadoras nas galerias laterais.

Figura 3: Carregadeira para operação em minas subterrâneas


“Bobcat”. Mina semimecanizada
Fonte: Arquivo dos pesquisadores

Das calhas, o carvão é transportado por esteiras até a correia-


transportadora, localizada na galeria principal e daí para a superfície.
No carregamento e transporte trabalham o operador de bobcats e o
cabista. O operador de bobcat está exposto ao calor excessivo e trepidação do
motor elétrico, gases e poeira, além de permanecer por seis horas em posição
antiergonômica, principalmente os membros inferiores. O cabista controla o cabo do
bobcats à meia distância entre a frente e a galeria lateral, estando exposto a poeiras,
gases de detonação, caimento de pedras, choque elétrico e monotonia da atividade.
Nas calhas e correias trabalham os serventes, os marreteiros e os comandos de
27

correia, expostos a poeiras, deslocamento de pedras da correia e choque elétrico.


Todos os trabalhadores estão expostos ao ruído (VOLPATO, 1984).
Baran (1995) coloca que os Equipamentos de Proteção Individual (EPI)
utilizados são: botas, capacetes, abafadores e máscaras nos três tipos de mina;
quanto à proteção coletiva é feita através do sistema de ventilação com exaustores e
umidificação das etapas que causam emissão de poeiras (furação de frente e de
teto, carregamento e transporte).
O controle da produtividade e do ritmo de trabalho é exercido pelos
encarregados, chefe de seção e chefes de turnos.
Em resumo, as diferenças fundamentais entre os três tipos de processo
de trabalho são: a duração do ciclo de operações e o volume de carvão desmontado
por turno, desaparecimento da figura do mineiro que realizava todo o processo de
lavra substituído por operadores de máquinas e trabalhadores em funções de
manutenção e serventes de subsolo; a concentração de atividades em conjuntos
mecanizados com a operação simultânea de cada etapa em frentes de trabalho mais
próximas uma das outras, caracterizando um processo tipo linha de montagem que
expõe todos os trabalhadores, independentemente de sua função, aos riscos
ambientais.
Essas diferenças caracterizam a divisão do trabalho, a especialização e a
desqualificação dos trabalhadores, a divisão das tarefas com a perda do domínio do
processo e do ritmo do trabalho, forma de organização, essa determinada pela
exigência do aumento da produtividade e introdução de novas tecnologias, a
mecanização neste caso.

2.4 Saúde do Trabalhador no Brasil

No Brasil o campo da saúde do trabalhador surge nos anos 80, onde o


compromisso era de mudança para a saúde da população com também as
mudanças políticas estruturais, que trouxeram consequências expressivas na
maioria como o setor saúde é organizado e disponibilizado a população,
especialmente aos que necessitam de maneira mais efetiva de sua atenção.
(SECCO, 2006).
28

Entende-se por saúde do trabalhador, para fins desta lei, um conjunto de


atividades que se destina, através das ações de vigilância epidemiológica e
vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores,
assim como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores
submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho.
(BRASIL, 2006, p. 13).

Sua origem foi marcada por movimentos sociais onde surge a Reforma Sanitária que
propõe uma nova visão em saúde pública incluindo a saúde do trabalhador.
Estudar o homem trazia preocupação como também estudar seu trabalho, suas
capacidades e necessidades, além das ferramentas, dos equipamentos e o meio ambiente que deram
origem as leis que regem o trabalho.
No decorrer desta Reforma os seres humanos não sofreram tantas modificações,
enquanto as máquinas, os equipamentos e as rotinas de trabalho que estão em transformação
contínua com a troca do trabalho manual pelas máquinas e computadores.
Segundo ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária):

[...] são obrigadas a manter os Serviços Especializados em Engenharia de


Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) e as Comissões Internas de
Prevenção de Acidentes (CIPA) as empresas privadas e públicas (incluindo
os hospitais) que possuem empregados regidos pela Consolidação das
Leis do Trabalho (CLT). São responsabilidades inerentes à CIPA e SESMT:
a. zelar pela saúde e integridade física do trabalhador; b. revisar todos os
acidentes envolvendo visitantes, pacientes e funcionários, bem como
manter relatórios e estatísticas de todos os danos; c. investigar e analisar
acidentes, recomendando medidas preventivas e corretivas para evitá-los;
apoiar a área gerencial 13 como consultor na área de segurança do
trabalho e atividades afins; e. coordenar e treinar a equipe de Brigada
Contra Incêndio, bem como a população envolvida em situações de
incêndio (BRASIL, 2007, p. 01).

Segundo a Constituição Federal de 1988, em seus artigos 6° e 7°


descreve que: são direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o laser, a
segurança, a previdência, a proteção á maternidade e a infância, a assistência aos
desamparados na forma desta constituição, são direitos dos trabalhadores urbanos
e rurais além de outros que visem a melhoria de sua condição social (BRASIL,
2006).

Dentro das conquistas dos trabalhadores através da constituição federal de


88, está a redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de
saúde, higiene e segurança, ao adicional de remuneração para as
atividades penosas, insalubres ou perigosas, o reconhecimento das
convenções e acordos coletivos de trabalho, o Seguro de Acidente de
Trabalho (SAT), a cargo do empregado, o controle social na condução das
políticas públicas (BRASIL, 2006, p. 7).
29

No ano de 1990, a Lei Federal 8080/90 (Lei Orgânica), no seu artigo 6º,
parágrafo 3º, regulamentou os dispositivos constitucionais sobre Saúde do
Trabalhador como um conjunto de atividades que se destina, através das ações de
vigilância sanitária e vigilância epidemiológica, à promoção e proteção da saúde dos
trabalhadores, e ainda à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores
submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho (BRASIL,
2007).
Essa legislação surge em decorrência do crescente número de
trabalhadores e, buscando oportunizar a realização de ações voltadas para a
promoção e a proteção à saúde dos mesmos. Contribuíram, também, para a
elaboração deste ato legislativo o elevado número de acidentes de trabalho que
estava e, ainda está ocorrendo no Brasil (BRASIL, 2007).
De acordo com os dados do Ministério do Trabalho e Emprego – MTE e
da Previdência Social mostram que no Brasil os números de acidentes de trabalho
estão relacionados com aqueles trabalhadores que possuem emprego formal e,
suas piores consequências que são a morte e a invalidez permanente, estão
diminuindo nos últimos anos (CAMPOS, 2003).
Para Secco (2006), todo o contexto da Saúde do Trabalhador no Brasil, é
necessário considerar que enquanto política pública, ainda está em plena
estruturação, devendo abrir mais espaços de atuação sinérgica, coletiva, de grupos
organizados, sindicatos, trabalhadores, gestores dos serviços, profissionais de
saúde, usuários dos serviços para a construção de atendimento digno e humanizado
a todos os cidadãos, em todas as áreas de atendimento.

2.5 Segurança e Saúde no Trabalho

Segurança do trabalho é o conjunto de medidas que são adotadas


visando minimizar os acidentes de trabalho, doenças ocupacionais, bem como
proteger a integridade e a capacidade de trabalho do empregado, já a saúde do
trabalhador é um campo que esta em construção na Saúde Pública.
Para Silva (2000, p. 45), “a saúde do trabalhador é como campo de
pesquisa, relaciona saúde/doença ao processo produtivo e se situa dentro da saúde
coletiva”.
30

O objetivo da saúde do trabalhador é a promoção e a proteção da saúde


do empregado, por meio do desenvolvimento de ações de vigilância dos riscos
presentes nos ambientes e condições de trabalho, dos agravos à saúde do
trabalhador e a organização e prestação da assistência aos trabalhadores,
compreendendo procedimentos de diagnóstico, tratamento e reabilitação de forma
integrada, no SUS (Sistema Único de Saúde) (BRASIL, 2001).
A vida em sociedade exige regras de comportamento fundamentais para sua
sobrevivência. Assim, as regras do Direito são necessárias para assegurar a convivência e a paz
social. No mundo do trabalho, os acidentes e doenças, além de provocarem elevados custos, agridem
a integridade física e mental do homem e conduzem à desarmonia social.
As regras de Direito para essa pesquisa é em especial as NRs, onde estas são de
observância obrigatória pelas empresas privadas e públicas que possuem funcionários regidos pela
CLT.

2.6 Acidentes de Trabalho

O ser humano é fruto do meio em que vive onde pode motivá-lo ou não no seu dia a dia.
Os locais de trabalho, pela própria natureza da atividade desenvolvida e pelas características de
organização, relações interpessoais, manipulação ou exposição a agentes físicos, químicos, biológicos,
situações de deficiência ergonômica ou riscos de acidentes, podem comprometer a do trabalhador em
curto, médio e longo prazo, provocando lesões imediatas, doenças ou a morte, além de prejuízos para
a empresa.
Segundo Chiavenato (1999, p. 161), “a motivação se refere ao comportamento que é
causado por necessidades dentro do indivíduo e que é encaminhado em direção aos
objetivos que possam satisfazer essas necessidades”.
É importante salientar que a presença de produtos ou agentes nocivos nos locais de
trabalho não quer dizer que, obrigatoriamente, existe perigo para a saúde. Isso vai depender da
combinação com diversos fatores, como a concentração e a forma do contaminante no ambiente de
trabalho, o nível de toxicidade e o tempo de exposição da pessoa.
Não se podem exigir resultados de uma equipe se esta não tiver um
mínimo de comodidade e de condições para realizar suas necessidades básicas.
Mas se acredita que quanto melhor e mais bem atendidas estas necessidades tanto
melhor será o desempenho de uma equipe.
31

A experiência mostra que um bom ambiente de trabalho contribui, sobremaneira, para


aumentar a produtividade, porque permite e facilita o planejamento da produção, melhora a
comunicação interna e as relações de trabalho, aumenta a confiança e a auto-estima, alicerça o
comprometimento de todos e a colaboração.
“Acidente de trabalho é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a
serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho do segurado, podendo causar
desde um simples afastamento até a perda ou redução da capacidade laborativa ou
até mesmo a morte do segurado” (GIOMO et al., 2009, p. 24).
O art. 19 da Lei de Benefícios da Previdência Social (8.213/91) conceitua
acidente do trabalho como sendo aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a
serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso
VII, do art. 11 da lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause
a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o
trabalho.
O acidente de trabalho para Ribeiro (2008, p. 37) “é considerado um
acontecimento inesperado que ocorre durante exercícios do trabalho e que provoca
lesão corporal e ou perturbação funcional, resultando em perda ou redução da
capacidade para o trabalho, ou ainda resultando em morte”.
Analisando os acidentes e doenças decorrentes do trabalho é perceptivo
que apresentam fatores negativos para a empresa, para o trabalhador acidentado e
para a sociedade.
As estatísticas da Previdência Social, que registram os acidentes e doenças decorrentes
do trabalho, revelam uma enorme quantidade de pessoas prematuramente mortas ou incapacitadas
para o trabalho.

O benefício acidentário é devido ao segurado acidentado, ou ao(s) seu(s)


dependente(s), quando o acidente ocorre no exercício do trabalho a serviço
da empresa, equiparando-se a este a doença profissional ou do trabalho ou,
ainda,quando sofrido no percurso entre a residência e o local de trabalho,
provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a
redução da capacidade para o trabalho (BRASIL, 2008, p. 14).

Conforme a mesma Lei citada anteriormente em especial no art. 21, cita exatamente o
que a Lei diz sobre o acidente de trabalho. Lei 8.213/91 - art. 21 Equiparam-se também ao
acidente do trabalho, para efeitos desta Lei:
I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa
única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou
32

perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção
médica para a sua recuperação;
II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em
consequência de:
a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou
companheiro de trabalho;
b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa
relacionada ao trabalho;
c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de
companheiro de trabalho;
d) ato de pessoa privada do uso da razão;
e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou
decorrentes de força maior;
III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no
exercício de sua atividade;
IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de
trabalho:
a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade
da empresa;
b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe
evitar prejuízo ou proporcionar proveito;
c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando
financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão-de-obra,
independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de
propriedade do segurado;
d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para
aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do
segurado.
§ 1º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da
satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este,
o empregado é considerado no exercício do trabalho.
§ 2º Não é considerada agravação ou complicação de acidente do
trabalho a lesão que, resultante de acidente de outra origem, se associe ou se
superponha às consequências do anterior.
33

É importante ressaltar que, apesar de todos os cálculos, o valor da vida humana não pode
ser matematizado, sendo o mais importante no estudo o conjunto de benefícios que a empresa
consegue com a adoção de boas práticas de Saúde e Segurança no Trabalho, pois, além de prevenir
acidentes e doenças, está vacinada contra os imprevistos acidentários, reduz os custos, otimiza
conceito e imagem junto à clientela e potencializa a sua competitividade.
Robazzi (2006, p. 290), comenta que “em muitas ocorrências, os
trabalhadores assumem ou falam os riscos do trabalho pela obediência às suas
chefias, tendo consciência que a não realização das tarefas que lhes são impostas
pode-lhes significar a perda do emprego”.
“Os riscos presentes no ambiente de trabalho variam de acordo com o
serviço desenvolvido” (RIBEIRO, 2008, p. 35). Já para Brasil os riscos são uma das
condições ou conjunto de ocasião que pode causar um efeito adverso, podendo ser
a morte, lesões, doenças ou danos à saúde, à propriedade ou ao meio ambiente
(BRASIL, 2001).

Esses riscos vão desde aqueles decorrentes do contato com os pacientes e


ambientes, a exemplo dos clássicos riscos biológicos, até aqueles menos
identificados como relacionados ao trabalho, a exemplo do sofrimento
psíquico, passando por fatores físicos (ruído, calor, radiações ionizantes),
químicos (gases, medicamentos, produtos de limpeza e desinfecção etc.) e
fatores relacionados às cargas de trabalho e demandas ergonômicas
(esforço físico, posturas, organização do trabalho, trabalho em turnos etc.)
(BRASIL, 2001, p. 2).

Acidentando-se e/ou adoecendo, os trabalhadores inseridos nesse


universo do mundo do trabalho precarizado, muitas vezes não são atendidos pelo
seu empregador tendo que resolver os seus agravos à saúde de modo particular,
buscando o auxílio dos serviços de atendimento publico à saúde, que podem não
estar adequadamente preparados para atendê-los ou, ainda, não conseguem,
identificá-los como vítimas do trabalho, e, portanto, não encontram nexo entre o
problema de saúde apresentado pelo trabalhador e a atividade laborativa que ele
realiza (ROBAZZI, 2006).

Os agentes de riscos ocupacionais podem ser dos tipos físico, químico,


biológico, psicológico, constatando-se também a presença de situações
anti-ergonômicas, entre outras, que em conjunto com o modo pelo qual o
trabalho é organizado, proporcionam aos trabalhadores um processo laboral
arriscado, inseguro e insalubre (ROBAZZI, 2006, p. 290).

Os fatores de risco para a saúde e segurança dos trabalhadores são


34

capazes de causar danos à saúde e á integridade física do trabalhador em função


de sua natureza, intensidade, tempo e exposição que estão presentes ou
relacionados ao trabalho, podem compreender conforme a seguir:
Brasil (2001, p.28-29):

Físicos: ruído, vibração, radiação ionizante e não-ionizante, temperaturas


extremas (frio e calor), pressão atmosférica anormal, entre outros;
Químicos: agentes e substâncias químicas, sob a forma líquida, gasosa ou
de partículas e poeiras minerais e vegetais, comuns nos processos de
trabalho;
Biológicos: vírus, bactérias, parasitas, geralmente associados ao trabalho
em hospitais, laboratórios e na agricultura e pecuária;
Ergonômicos e psicossociais: decorrem da organização e gestão do
trabalho, como, por exemplo: da utilização de equipamentos, máquinas e
mobiliário inadequados, levando a posturas e posições incorretas; locais
adaptados com más condições de iluminação, ventilação e de conforto para
os trabalhadores; trabalho em turnos e noturno; monotonia ou ritmo de
trabalho excessivo, exigências de produtividade, relações de trabalho
autoritárias, falhas no treinamento e supervisão dos trabalhadores, entre
outros;
Mecânico e de acidentes: ligados à proteção das máquinas, arranjo físico,
ordem e limpeza do ambiente de trabalho, sinalização, rotulagem de
produtos e outros que podem levar a acidentes do trabalho.

Para distinguir as condições de risco é indispensável investigar as


probabilidades de geração e dispersão de agentes ou fatores nocivos associados
aos diferentes processos de trabalho, às operações, às máquinas e a outros
equipamentos, bem como às diferentes matérias-primas, aos produtos químicos
utilizados, aos eventuais subprodutos e aos resíduos (BRASIL, 2001).
As relações entre as condições de trabalho e a saúde dos trabalhadores
são há bastante tempo, reconhecidas, nascendo, daí, a necessidade de trabalhos
que permeiem a promoção de controles dos ambientes de trabalho, identificando-os
como condicionantes de problemas de saúde (MULATINHO, 2001).
Pela Portaria nº. 25, de 29 de dezembro:
É instituído o Mapa de Riscos e Programa de Prevenção de Riscos
Ambientais – PPRA – considerando a necessidade de melhor orientar a
adoção de medidas de controle de Riscos Ambientais nos locais de
trabalho. Também no mesmo ano, considerando a necessidade de atualizar
as medidas preventivas de medicina do trabalho (MULATINHO, 2001, p.
28).

Todo acidente de trabalho que atinge o trabalhador possuidor de carteira


de trabalho assinada ou qualquer outro tipo de vinculo com regime geral da
Previdência Social deve, necessariamente, ser notificado ao INSS (Instituto Nacional
do Seguro Social), por meio da CAT, instrumento legal para sua devida
35

documentação do mesmo (SECCO, 2006).


Acidentes com CAT Registrada: correspondem ao número de acidentes
cuja CAT foi cadastrada no INSS. Não são contabilizados o reinício de tratamento ou
afastamento por agravamento de lesão de acidente do trabalho ou doença do
trabalho, já comunicados anteriormente ao INSS.
Acidentes Sem CAT Registrada: corresponde ao número de acidentes
cuja CAT não foi cadastrada no INSS. O acidente é identificado por meio de um dos
possíveis nexos: Nexo Técnico Profissional/Trabalho, Nexo Técnico Epidemiológico
Previdenciário (NTEP) ou Nexo Técnico por Doença Equiparada a Acidente do
Trabalho. Esta identificação é feita pela nova forma de concessão de benefícios
acidentários (BRASIL, 2008).

A CAT fornece informações referentes à identificação do acidentado,


ocupação, informação sobre a empresa empregadora, tipo de atividade
econômica, horário de ocorrência do acidente, agente causador da lesão,
além de breve descrição de como se deu o evento (SECCO, 2006, p. 8).

Segundo Brasil (2008, p. 498), os acidentes de trabalhos estão


classificados conforme o Ministério da Previdência Social:

Acidentes Típicos: são os acidentes decorrentes da característica da


atividade profissional desempenhada pelo acidentado.
Acidentes de Trajeto: são os acidentes ocorridos no trajeto entre a
residência e o local de trabalho do segurado e vice-versa.
Acidentes Devidos à Doença do Trabalho: são os acidentes ocasionados
por qualquer tipo de doença profissional peculiar a determinado ramo de
atividade constante na tabela da Previdência Social.
Acidentes Liquidados: corresponde ao número de acidentes cujos
processos foram encerrados administrativamente pelo INSS, depois de
completado o tratamento e indenizadas às sequelas.
Assistência Médica: corresponde aos segurados que receberam apenas
atendimentos médicos para sua recuperação para o exercício da atividade
laborativa.
Incapacidade Temporária: compreende os segurados que ficaram
temporariamente incapacitados para o exercício de sua atividade laborativa.
Durante os primeiros 15 dias consecutivos ao do afastamento da atividade,
caberá à empresa pagar ao segurado empregado o seu salário integral.
Após este período, o segurado deverá ser encaminhado à perícia médica da
Previdência Social para requerimento do auxílio-doença acidentário.
Incapacidade Permanente: refere-se aos segurados que ficaram
permanentemente incapacitados para o exercício laboral. A incapacidade
permanente pode ser de dois tipos: parcial e total. Parcial o fato do
acidentado em exercício laboral, após o devido tratamento psicofísico-
social, apresentar sequela definitiva que implique em redução da
capacidade. O total ocorre quando o acidentado em exercício laboral
apresentar incapacidade permanente e total para o exercício de qualquer
atividade laborativa. Estas informações são captadas a partir da concessão
do benefício aposentadoria por invalidez por acidente do trabalho.
Óbitos: corresponde a quantidade de segurados que faleceram em função
36

do acidente do trabalho.

As CAT disponibilizam também um espaço para o atestado do médico,


sobre a unidade que prestou assistência, descreve a lesão, sua natureza,
diagnóstico provável com o código da Classificação Internacional de Doenças (CID),
e se faz necessário o afastamento da atividade laboral (SECCO, 2006).

Conhecer os vários aspectos e causas dos acidentes do trabalho e do


absenteísmo sob diferentes perspectivas permite explorar o problema de
forma integrada na tentativa de planejar e adotar corretas e efetivas
medidas preventivas que favoreçam o trabalhador e seu labor (GIOMO et
al., 2009, p.25).

Neste contexto, os Acidentes de Trabalho (AT) ocupam destaque, uma


vez que se apresentam como a concretização dos agravos à sua saúde em
decorrência da atividade produtiva, recebendo interferências de variáveis inerentes à
própria pessoa, do ponto de vista físico ou psíquico, bem como do contexto social,
econômico, político e da própria existência (MAURO et al., 2004).

2.7 Trabalhadores da Área Mineradora e os Ricos Ocupacionais

A avaliação das condições de trabalho, na mineração, é um fator de


extrema importância para a higiene e segurança dos trabalhadores. Atualmente, as
NRs do MTE impõem limites cada vez mais rígidos de controle, sendo necessária a
adequação das empresas a essas novas condições. Esse trabalho tem por
finalidade abordar os principais parâmetros de controle no ambiente de mina: vazão
volumétrica, temperatura, umidade, gases e poeira. O controle das condições do
ambiente de trabalho proporciona melhores condições de higiene e segurança aos
trabalhadores, contribuindo, de forma significativa, na produtividade e,
consequentemente, nos custos operacionais da lavra.
Os trabalhadores em minas encontram-se entre aqueles que pagaram e
continuarão a pagar um alto preço por medidas de segurança, saúde e higiene
ocupacionais inadequadas e insuficientes. Embora seja verdade que houve um
progresso notável na área de segurança e saúde ocupacionais, ainda há muito a ser
feito.
A natureza exata dos riscos da mineração depende das características da
37

mina - céu aberto ou subterrânea - e se é uma mina de grande ou pequeno


tamanho. Entretanto, os riscos aos trabalhadores de minas podem ser generalizados
conforme descrito abaixo:
- Riscos ambientais: dificuldades subterrâneas devido à escuridão,
calor, umidade, falta de espaço, radiação, exposição a gases (como metano), e
pressão atmosférica.
- Riscos específicos do trabalho: explosivos, trabalho físico, ruído,
vibração, poeira.
- Envenenamento devido a: vapores de explosivos, motores a diesel,
resinas, esteiras transportadoras de PVC, colas e líquidos não inflamáveis baseados
em bifenilos policlorados, fosfato e ésteres glicólicos.
- Riscos biológicos: em minas com pontaletes para poços de madeira
ou onde animais de tração são usados. Em alguns casos, os locais de trabalho
podem ser infestados por animais.
Embora acidentes físicos causados por explosivos e falhas no elevador
sejam sérios, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a
Organização Mundial da Saúde (OMS), a poeira é o maior problema que afeta a
saúde dos trabalhadores de minas atualmente. Essas questões podem ser
imediatamente abordadas de maneira econômica e oportuna para que se produza
facilmente resultados dentro do prazo de um ano. A ênfase nacional e regional na
educação e programas de treinamento para instrutores produzirão o melhor
resultado.
As doenças profissionais e os acidentes de trabalho constituem um
grande problema de saúde, principalmente na área de mineração.
Embora não seja possível erradicar todos os perigos possíveis, é possível
controlar as causas da maioria dos riscos por meio de uma combinação de: adoção
e implementação de regulamentações; uso de inspetores de segurança e comitês de
segurança e saúde ocupacionais nos locais de trabalho; educação e treinamento e
outras soluções em âmbito regional, nacional e local para mitigar os problemas.

2.8 Legislação Visando à Segurança do Trabalhador na Exploração do Carvão

O trabalhador, em seu trabalho, sempre está sujeito a fatores de risco –


38

afetando a saúde física, mental, ambiental. O MTE, vem se preocupando em


catalogar esses fatores de risco para aprimorar leis (CLT) e normas específicas a
cada tipo de atividade (NR’s), com o fim de melhorar a qualidade de vida do
trabalhador e do ambiente.
Sabe-se que a empresa tem por dever cumprir e fazer cumprir as técnicas
e práticas relacionadas à segurança do trabalho, sempre visando o bem estar dos
trabalhadores e do ambiente de trabalho. Desta forma, segundo a CLT:

Art. 157 cabe as empresas cumprir e fazer cumprir as normas de segurança


e medicina do trabalho, bem como instruir os empregados através de
ordens de serviço, quanto as preocupações a tomar no sentido de evitar
acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais (CLT 33)

Como a mineração de carvão é considerada uma atividade perigosa em


vista as demais áreas de trabalho, segundo as condições riscos apresentadas nos
locais de trabalho, a CLT dá resguardo para tais condições, ou seja; Art. 189 da CLT
dispõe que serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por
sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a
agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da
natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos.
Com relação aos empregados estes devem colaborar com empresa na
aplicação dos dispositivos da CLT bem como das NR’s, no âmbito geral delas.
Para cada atividade específica o MTE dispõe da NR que estabelece os
termos de segurança no trabalho. No caso da mineração de carvão tem-se as NR’s
21 e 22, mineração a céu aberto e mineração subterrânea respectivamente. A
importância destas normas se dá pelo fato de existir uma padronização destas
atividades visando à segurança do trabalho, distribuindo responsabilidades para
empregadores e empregados.
2.9 Normas Regulamentadoras

“A portaria n°. 3.214 de 08 de julho de 1978 aprovou 28 NRs, e depois,


novas normas foram acrescidas pelo MTE, e atualmente existem 33, NRs e mais 5
NRs do trabalho rural” (RIBEIRO, 2008, p. 79). O Ministério do Trabalho, através das
NRs, visa eliminar ou controlar tais riscos ocupacionais.
Através de algumas NRs, foram selecionadas algumas de relevância para
o trabalhador de saúde:
39

A NR-1, Disposições gerais, descreve as NRs, relativas à segurança e


medicina do trabalho, são de observância obrigatória pelas empresas privadas e
públicas e pelos órgãos públicos da administração direta e indireta, bem como pelos
órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, que possuam empregados regidos pela
CLT.
A NR-4, SESMT, onde esta NR obriga as empresas a manterem um
serviço especializado em medicina e segurança no local de trabalho e manter sua
integridade física. Porém o dimensionamento do serviço está vinculado ao grau de
risco da atividade principal da empresas e o número de trabalhadores, e também
estabelece os profissionais que devem compor tal serviço tais como: técnico em
segurança do trabalho, engenheiro de segurança do trabalho, auxiliar de
enfermagem, enfermeiro do trabalho e medico do trabalho (RIBEIRO, 2008).
A NR-5, CIPA tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças
decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho
com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador. Onde uma da
suas atribuições é identificar os riscos do processo de trabalho, e elaborar o mapa
de riscos, conforme portaria do ministério do trabalho n°. 25 de 29 de dezembro de
1994.
A NR-6, EPI sendo todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado
pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a
segurança e a saúde no trabalho como, por exemplo, (luvas, máscaras). Estabelece
a obrigatoriedade dos EPIs terem certificados de aprovação (CA) do Ministério do
Trabalho, onde a empresa deverá fornecer gratuitamente o EPI aos seus
funcionários.
A NR-7, Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional -
PCMSO que estabelece a obrigatoriedade de elaboração e implementação, por
parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como
empregados, do PCMSO, com o objetivo de promoção e preservação da saúde do
conjunto dos seus trabalhadores. Onde o mesmo deverá ter caráter de prevenção,
rastreamento e diagnóstico precoce dos agravos à saúde relacionados ao trabalho,
inclusive de natureza subclínica, além da constatação da existência de casos de
doenças profissionais ou danos irreversíveis à saúde dos trabalhadores.
“Esta NR-7, prevê a realização de exames médicos admissional,
periódico, demissional, no retorno após afastamento por 30 dias ou mais, e na
40

mudança de função do empregado” (RIBEIRO, 2008, p. 86).


A NR-9, PPRA, estabelece a obrigatoriedade da elaboração e
implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam
trabalhadores como empregados, do PPRA, visando à preservação da saúde e da
integridade dos trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento, avaliação e
consequente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham
a existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio
ambiente e dos recursos naturais.
“Esta NR-9 estabelece a obrigatoriedade do PPRA em todas as
empresas, independente de seu grau de risco e do número de funcionários
existentes” (RIBEIRO, 2008, p. 87).
A NR-15, Atividade e Operações Insalubres definem o que são
atividades insalubres e determina o pagamento de adicional de insalubridade
quando o trabalho é realizado em tais condições. São consideradas insalubres as
atividades realizadas acima dos limites de tolerância previstos nos anexos desta NR-
15, o anexo 1 (ruído contínuo ou intermitente), 2 (ruído de impacto), 3 (exposição ao
calor), 5 (radiações ionizantes), 11 (agentes químicos com insalubridade
caracterizada por limite de tolerância e inspeção no local de trabalho), e 12 (poeiras
minerais); também são insalubres as atividades mencionadas nos anexos 6
(trabalho sob condições hiperbáricas), 13 (agentes químicos), e 14 (agentes
biológicos). São insalubres as atividades comprovadas por laudo de inspeção no
local de trabalho que constam nos anexos 7 (radiações não ionizantes), 8
(vibrações), 9 (frio) e 10 (umidade) (RIBEIRO, 2008).
A NR-17, Ergonomia estuda os métodos para adaptação e estabelece
parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características
psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto,
segurança e desempenho eficiente. As condições de trabalho incluem aspectos
relacionados ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos
equipamentos e às condições ambientais do posto de trabalho e à própria
organização do trabalho.
Normas Reguladoras de Mineração – NRM, conforme ministério de
minas e Energia.
1.1 Objetivo
1.1.1 NRM têm por objetivo disciplinar o aproveitamento racional das
41

jazidas, considerando-se as condições técnicas e tecnológicas de operação, de


segurança e de proteção ao meio ambiente, de forma a tornar o planejamento e o
desenvolvimento da atividade minerária compatíveis com a busca permanente da
produtividade, da preservação ambiental, da segurança e saúde dos trabalhadores.
1.2 Disposições Gerais
1.2.1 Para efeito das NRM, entende-se por indústria de produção mineral
aquela que abrange a pesquisa mineral, lavra, beneficiamento de minérios,
distribuição e comercialização de bens minerais.
1.2.1.1 Para efeito das NRM, o termo pesquisa mineral abrange a
execução dos trabalhos necessários à definição da jazida, sua avaliação e a
determinação da exequibilidade do seu aproveitamento econômico compreendendo,
entre outros, os seguintes trabalhos de campo e laboratório:
a) levantamentos geológicos em escala conveniente;
b) estudos dos afloramentos e suas correlações;
c) levantamentos geofísicos e geoquímicos;
d) aberturas e escavações visitáveis e execução de sondagens no corpo
mineral;
e) amostragens sistemáticas;
f) análises físicas e químicas das amostras e dos testemunhos de
sondagens;
g) ensaios geometalúrgicos e de beneficiamento dos minérios ou das
substâncias minerais úteis;
h) acompanhamento de lavra.
1.2.1.2 Para efeito das NRM, entende-se por jazida toda massa
individualizada de substância mineral ou fóssil, aflorante ou existente no interior da
terra, e que tenha valor econômico.
1.2.1.3 Para efeito das NRM, entende-se por mina a jazida em lavra,
ainda que temporariamente suspensa.
1.2.1.4 Para efeito das NRM, o termo mina abrange:
a) áreas de superfície e/ou subterrânea nas quais se desenvolvem as
operações mencionadas no item 1.2.1.5 b) toda máquina, equipamento, acessório,
instalação, obras civis utilizados nas atividades a que se refere o item 1.2.1.5.
1.2.1.5 Para efeito das NRM, entende-se por lavra o conjunto de
operações coordenadas objetivando o aproveitamento industrial da jazida até o
42

beneficiamento das mesmas, inclusive.


1.2.1.6 Para efeito das NRM, entende-se por lavra ambiciosa aquela
conduzida sem observância do plano aprovado ou efetuada de modo a impossibilitar
o ulterior aproveitamento econômico da jazida.
1.2.1.7 Para efeito das NRM, entende-se por beneficiamento de minérios
o tratamento visando preparar granulometricamente, concentrar ou purificar
minérios, por métodos físicos ou químicos sem alteração da constituição química
dos minerais.
1.2.1.8 Para efeito das NRM, entende-se por sistema de disposição a
forma e o procedimento no qual é depositado solo, estéril, rejeitos ou produtos, de
maneira controlada, tendo em vista os aspectos de segurança e estabilidade com o
mínimo de impacto ao meio ambiente.
1.2.1.9 Para efeito das NRM, entende-se por responsável pela mina o
profissional legalmente habilitado para a execução dos trabalhos previstos no
empreendimento mineiro, formalmente indicado pelo empreendedor.
1.2.1.9.1 Para efeito das NRM, entende-se por responsável pelo
beneficiamento de minérios o profissional legalmente habilitado para a execução dos
trabalhos previstos no empreendimento mineiro, formalmente indicado pelo
empreendedor.
1.2.1.10 Para efeito das NRM, entende-se por empreendedor, todo:
a) detentor de registro de licença;
b) detentor de permissão de lavra garimpeira;
c) detentor de alvará de pesquisa;
d) detentor de concessão de lavra;
e) detentor de manifesto de mina;
f) detentor de registro de extração;
g) aquele que distribui bens minerais;
h) aquele que comercializa bens minerais;
i) aquele que beneficia bens minerais.
1.2.1.11 Toda atividade minerária no país deve ser desenvolvida em
cumprimento ao disposto no CM e legislação correlativa.
1.2.1.12 As NRM regulam o CM e diplomas legais e seu cumprimento é
obrigatório para o exercício de atividades minerárias, cabendo ao DNPM a
fiscalização de suas aplicações através de profissionais legalmente habilitados.
43

1.2.1.13 O DNPM, a seu critério, pode revisar as NRM bem como


complementá-las com instruções técnicas, manuais, diretrizes, recomendações
práticas ou outros meios de aplicação compatíveis.
1.2.1.14 O empreendedor que admita trabalhadores como empregados
deve organizar e manter em regular funcionamento, em cada estabelecimento, uma
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes na Mineração – CIPAMIN, na forma
prevista na Norma Regulamentadora n°. 22 – NR-22, do MTE.
1.2.1.15 Uma vez efetivada a instalação da CIPAMIN, esta deve ser
comunicada ao DNPM.
1.2.1.16 O DNPM pode, a seu critério, ter acesso aos registros e
relatórios da CIPAMIN, bem como realizar reuniões e inspeções acompanhado de
representantes da mesma.
1.2.1.17 As condições de conforto e higiene nos locais de trabalho são
aquelas estabelecidas na NR-22/MTE, item 22.37, subitens 22.37.1 a 22.37.5 ou
legislação posterior.
1.2.1.18 Devem ser mantidos organizados e atualizados as estatísticas e
relatórios, laudos e perícias de acidentes de trabalho, doenças profissionais e
incidentes perigosos assegurando acesso à essa documentação ao DNPM.
1.2.1.19 Em caso de acidentes relevantes ou que acarretem impactos ao
meio ambiente ou riscos que interfiram no processo produtivo ou ao trabalhador, é
obrigatório:
a) comunicação imediata ao DNPM;
b) apresentação da descrição do acidente, suas causas e as medidas
mitigadoras;
c) a critério do DNPM apresentar relatórios periódicos que contemplem o
monitoramento da situação de risco constatada.
1.2.1.20 Os acidentes, incidentes perigosos e doenças profissionais
devem ser analisados segundo metodologia que permita identificar as causas
principais e contribuintes que levaram à ocorrência do evento, indicando as medidas
de controle para prevenção de novas ocorrências.
1.2.1.20.1 Para efeito das NRM, entende-se por incidente perigoso
qualquer ocorrência imprevista que modifique a rotina dos trabalhos, que implique na
alteração das condições normais de operação e que potencialmente poderia levar a
perdas econômicas de monta, lesões graves ou morte de pessoas.
44

1.2.1.21 Em caso de ocorrência de acidente fatal é obrigatória a adoção


das seguintes medidas:
a) comunicar o acidente, de imediato, à autoridade policial competente, à
Delegacia Regional do Trabalho – DRT e ao DNPM;
b) isolar o local diretamente relacionado ao acidente, mantendo suas
características até sua liberação pela autoridade policial competente.
1.2.1.22 Os casos omissos e as dúvidas suscitadas decorrentes da
aplicação das NRM serão dirimidos pelo DNPM.
1.2.1.23 A aplicação das NRM não exclui a observância de disposições
pertinentes estabelecidas em legislações específicas expedidas pelos demais
órgãos que regulamentem a espécie.
1.3 Aplicação
1.3.1 As NRM aplicam-se a todas as atividades de pesquisa mineral,
lavra, lavra garimpeira, beneficiamento de minérios, distribuição e comercialização
de bens minerais, na forma do CM e legislação correlativa.
1.4 Das Responsabilidades e Direitos
1.4.1 Das Responsabilidades do Empreendedor
1.4.1.1 Cabe ao empreendedor e ao responsável pela mina a obrigação
de zelar pelo estrito cumprimento das NRM, prestando as informações que se
fizerem necessárias aos órgãos fiscalizadores.
1.4.1.2 O empreendedor ou o responsável pela mina deve
obrigatoriamente indicar aos órgãos fiscalizadores os responsáveis pelos setores
técnicos das áreas de pesquisa mineral, produção, beneficiamento de minérios,
segurança, mecânica, elétrica, topografia, ventilação, meio ambiente, dentre outros.
1.4.1.3 O empreendedor deve informar aos responsáveis pelas empresas
contratadas a obrigatoriedade do cumprimento das NRM.
1.4.1.3.1 Em todas as situações, cabe à empresa contratada observar
complementarmente as demais NRs conforme a Portaria nº. 3214/78/MTE, quando
aplicável.
1.4.1.4 Toda mina e demais atividades referidas no item 1.3 devem estar
sob supervisão técnica de profissional legalmente habilitado, nos termos da
legislação vigente.
1.4.1.4.1 O empreendedor deve realizar estudos e trabalhos, quando
exigidos pelo DNPM, a serem desenvolvidos por profissional legalmente habilitado e
45

especializado ou por entidade capacitada, consideradas suas especificidades.


1.4.1.5 O empreendedor deve elaborar e executar planos de lavra e
procedimentos, que propiciem a segurança operacional, a proteção dos
trabalhadores e a preservação ambiental, elaborados por profissional legalmente
habilitado.
1.4.1.6 Todo empreendimento mineiro deve ter um sistema que permita
saber os nomes de todas as pessoas que se encontram no ambiente de trabalho,
assim como suas prováveis localizações.
1.4.1.6.1 Todo visitante deve ser obrigatoriamente informado dos riscos
inerentes ao ambiente de trabalho, das medidas de prevenção de segurança e
saúde e dos procedimentos em caso de acidentes.
1.4.1.6.2 Cabe ao empreendedor fornecer os equipamentos de segurança
aos visitantes.
1.4.1.7 Compete ainda ao empreendedor, ou por delegação, ao
responsável pela mina:
a) interromper todo e qualquer tipo de atividade que exponha os
trabalhadores a condições de risco grave e iminente para sua saúde e segurança;
b) garantir a interrupção das tarefas, quando proposta pelos
trabalhadores, em função da existência de risco grave e iminente, desde que
confirmado o fato pelo superior hierárquico, que diligenciará as medidas cabíveis e
c) fornecer às empresas contratadas as informações sobre os riscos potenciais nas
áreas em que desenvolverão suas atividades.
1.4.1.8 O empreendedor ou responsável pela mina coordenará a
implementação das medidas relativas à segurança e saúde dos trabalhadores das
empresas contratadas e proverá os meios e condições para que estas atuem em
conformidade com as NRM.
1.4.1.9 Em locais de trabalho com risco à saúde do trabalhador, a
empresa deve possuir um sistema de monitoramento do ambiente e controle dos
parâmetros que afetam a sua saúde, implementando o PCMSO, conforme
estabelecido na NR-07/MTE.
1.4.1.10 Cabe ao empreendedor elaborar e implementar o PGR,
contemplando os aspectos das NRM, incluindo, no mínimo, os relacionados a:
a) riscos físicos, químicos e biológicos;
b) atmosferas explosivas;
46

c) deficiências de oxigênio;
d) ventilação;
e) proteção respiratória, de acordo com a Instrução Normativa n° 1, de
11/04/94, da Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho;
f) investigação e análise de acidentes do trabalho;
g) ergonomia e organização do trabalho;
h) riscos decorrentes do trabalho em altura, em profundidade e em
espaços confinados;
i) riscos decorrentes da utilização de energia elétrica, máquinas,
equipamentos, veículos e trabalhos manuais;
j) equipamentos de proteção individual de uso obrigatório, observando-se
no mínimo o constante na NR n°. 6, de que trata a Portaria n° 3.214, de 8 de junho
de 1978, do MTE;
l) estabilidade do maciço;
m) plano de emergência;
n) outros resultantes de modificações e introduções de novas tecnologias.
1.4.1.11. O PGR deve incluir as seguintes etapas:
a) antecipação e identificação de fatores de risco, levando-se em conta,
inclusive, as informações do Mapa de Risco elaborado pela CIPAMIN, quando
houver;
b) avaliação dos fatores de risco e da exposição dos trabalhadores;
c) estabelecimento de prioridades, metas e cronograma;
d) acompanhamento das medidas de controle implementadas;
e) monitorização da exposição aos fatores de riscos;
f) registro e manutenção dos dados por, no mínimo, vinte anos e
g) avaliação periódica do programa.
1.4.1.12 O PGR, suas alterações e complementações devem ser
apresentados e discutidos nas reuniões da CIPAMIN, para acompanhamento das
medidas de controle.
1.4.1.13 O PGR deve considerar os níveis de ação acima dos quais
devem ser adotadas medidas preventivas, de forma a minimizar a probabilidade de
ultrapassagem dos limites de exposição ocupacional, implementando-se princípios
para o monitoramento periódico da exposição, informação aos trabalhadores e o
controle médico, considerando as seguintes definições:
47

a) limites de exposição ocupacional são os valores de limites de tolerância


previstos na NR n°. 15 de que trata a Portaria n° 3.214, de 8 de junho de 1978, do
MTE, ou, na ausência destes, valores que venham a ser estabelecidos em
negociação coletiva, desde que mais rigorosos que aqueles;
b) níveis de ação para agentes químicos são os valores de concentração
ambiental correspondentes à metade dos limites de exposição, conforme definidos
na alínea "a" anterior;
c) níveis de ação para ruído são os valores correspondentes a dose de
zero vírgula cinco (dose superior a cinquenta por cento), conforme critério
estabelecido na NR n°. 15, de que trata a Portaria n°. 3.214, de 8 de junho de 1978,
do MTE, Anexo I, item 6.
1.4.2 Das Responsabilidades do Trabalhador
1.4.2.1 Cumpre ao Trabalhador:
a) zelar pela sua segurança e saúde ou de terceiros que possam ser
afetados por suas ações ou omissões no trabalho, colaborando com o
empreendedor, para o cumprimento das disposições legais e regulamentares,
inclusive das normas internas de segurança e saúde;
b) comunicar, imediatamente, ao seu superior hierárquico as situações
que considerar representar risco para sua segurança e saúde ou de terceiros.
1.4.3 Dos Direitos do Trabalhador
1.4.3.1 São direitos do Trabalhador:
a) interromper suas tarefas sempre que constatar evidências que
representem riscos graves e iminentes para sua segurança e saúde ou de terceiros,
comunicando imediatamente o fato a seu superior hierárquico que diligenciará as
medidas cabíveis;
b) ser informado sobre os riscos existentes no local de trabalho, que
possam afetar sua segurança e saúde.
1.5 Mecanismos e Instrumentos de Informação e Controle
1.5.1 As NRM constituem uma base para a elaboração e análise dos
seguintes documentos, de apresentação obrigatória ao DNPM:
a) Plano de Pesquisa;
b) Requerimento de Guia de Utilização;
c) Requerimento de Registro de Extração;
d) Requerimento de Grupamento Mineiro;
48

e) Relatório Final de Pesquisa;


f) Plano de Aproveitamento Econômico – PAE;
g) Plano de Lavra – PL;
h) Relatório Anual de Lavra – RAL;
i) Plano de Fechamento, Suspensão e Retomada das Operações
Mineiras;
j) Plano de Controle de Impacto Ambiental na Mineração – PCIAM;
l) Projeto Especial;
m) Cumprimento de exigência.
1.5.1.1 Os documentos acima caracterizados devem ser elaborados por
técnico legalmente habilitado, no que couber.
1.5.2 Cabe ao DNPM estabelecer as instruções relativas à elaboração
dos documentos referidos no item anterior.
1.5.3 É condição necessária para o início dos trabalhos de
desenvolvimento de uma mina a apresentação do PL, ressalvada a legislação
específica do registro de licença e da permissão de lavra garimpeira.
1.5.3.1 O PL deve ser apresentado quando do requerimento do registro
de licença, nos termos da Portaria Nº. 266/2008, que trata do regime de
licenciamento, do requerimento da concessão de lavra como parte integrante do
PAE ou quando exigido pelo DNPM e do requerimento do registro de extração nos
termos do § 2º do art. 4º do Decreto nº 3.358, de 2 de fevereiro de 2000.
1.5.3.2 Para efeito das NRM, entende-se por PL o projeto técnico
constituído pelas operações coordenadas de lavra objetivando o aproveitamento
racional do bem mineral.
1.5.3.2.1 Suprimido.
1.5.3.3 Deve ser apresentado ao DNPM o correspondente PL, para cada
nova mina aberta, no perímetro da concessão, independentemente do PAE
aprovado.
1.5.4 Não é permitida a modificação no PAE e no PL sem prévia
aprovação do DNPM.
1.5.4.1 O Projeto Especial é aquele que introduz modificações e que
consiste no planejamento de todas as necessidades suplementares e modificações
do PL, PCIAM, Plano de Resgate e Salvamento, notadamente referente às
mudanças de métodos, processos ou escala de produção.
49

1.5.5 Deve ser incluído como parte do PL o Plano de Emergência previsto


no PGR.
1.5.5.1 O Plano de Resgate e Salvamento é parte obrigatória do PL,
devendo ser atualizado anualmente e mantido disponível na mina para o Agente
Fiscalizador do DNPM.
1.5.6 O PCIAM é parte obrigatória do PL.
1.5.6.1 No PCIAM deve figurar todas as medidas mitigadoras e de
controle dos impactos ambientais decorrentes da atividade minerária, especialmente
as de monitoramento e de reabilitação da área minerada e impactada.
1.5.6.2 A critério do DNPM podem ser exigidas modificações no PCIAM.
1.5.7 O Plano de Fechamento de Mina é parte obrigatória do PAE.
1.5.8 A critério do DNPM pode ser exigida a apresentação do PLA,
relativo às atividades a serem realizadas no ano seguinte, com apresentação ao
DNPM até o dia 1º (primeiro) de dezembro.
1.5.9 Os ruídos, vibrações e ultralançamentos decorrentes dos trabalhos
de mineração não podem ultrapassar os limites estabelecidos pelas normas
vigentes.
1.5.9.1 A critério do DNPM podem ser exigidos relatórios de controle e
monitoramento de ruídos, vibrações e ultralançamentos.
1.5.10 Os efeitos de subsidência e movimentação de terrenos decorrentes
da atividade minerária devem ser previstos no PL e devidamente controlados e
monitorados e seus registros mantidos disponíveis para fiscalização.
1.5.11 Em caso de identificação de cavernas durante o desenvolvimento
das atividades minerárias, o processo de extração no local deve ser interditado
temporariamente, comunicado ao DNPM que emitirá parecer conclusivo.
1.5.12 Em caso de ocorrência de fósseis ou materiais de interesse
arqueológico o empreendedor deve interditar a área e comunicar ao DNPM que
emitirá parecer conclusivo.
1.5.13 Os dados de monitoramento devem ser registrados, atualizados e
estar disponíveis para a fiscalização.
1.5.14 O empreendedor deve comunicar ao DNPM as providências
adotadas.
1.5.15 A critério do DNPM pode ser exigido a apresentação de relatórios
periódicos com a finalidade de avaliar o comportamento do aquífero.
50

1.5.15.1 Em função da análise dos relatórios o DNPM pode exigir a


implementação de medidas que solucionem os problemas constatados.
1.6 Fiscalização
1.6.1 Os empreendedores que exerçam atividades de pesquisa mineral,
lavra e beneficiamento de minérios, distribuição ou comercialização de bens
minerais, são obrigados a facilitar ao Agente Fiscalizador do DNPM a inspeção de
instalações, equipamentos, trabalhos e demais áreas, e ainda fornecer-lhes
informações sobre:
a) a produção e características qualitativas dos produtos;
b) condições técnicas e econômicas da execução dos serviços ou da
exploração das atividades mencionadas no caput deste artigo;
c) mercado e preços médios de venda;
d) quantidade e condições técnicas e econômicas do consumo de
produtos minerais;
e) relatórios e registros sobre segurança, saúde ocupacional e controle
ambiental.
1.6.1.1 O responsável por quaisquer das atividades constantes do item
1.6.1 deve destacar profissional qualificado para acompanhar o Agente Fiscalizador
do DNPM durante a fiscalização.
1.6.1.2 O Agente Fiscalizador do DNPM terá acesso aos livros e demais
registros e documentos do empreendimento.
1.6.1.3 Aos processos resultantes da ação fiscalizadora é facultado,
anexar quaisquer documentos, quer de pormenorização de fatos circunstanciais,
quer comprobatórios, podendo o Agente Fiscalizador, no exercício das funções de
inspeção da atividade minerária, usar de todos os meios legais à comprovação da
infração.
1.6.2 Constatada a situação de lavra ambiciosa, o Agente Fiscalizador
deve determinar a paralisação imediata das atividades, interditando os locais de
trabalho, em parte ou em todo o empreendimento, até a eliminação do fato.
1.6.3 Constatada a situação de grave e iminente risco, o Agente
Fiscalizador do DNPM determinará a paralisação imediata das atividades,
interditando os locais de trabalho, em parte ou em todo o empreendimento, até a
eliminação dos motivos que levaram a esse procedimento.
1.6.4 A paralisação das atividades e a interdição, em parte ou em todo o
51

empreendimento, só devem ser suspensas por autorização escrita do Agente


Fiscalizador do DNPM, após efetivamente constatada a eliminação dos riscos que
levaram a esse procedimento.
1.6.5 Em caso de risco que não exija paralisação imediata, o Agente
Fiscalizador do DNPM definirá prazos e providências adequadas, junto com o
responsável pela mina ou pelo setor, para o restabelecimento das condições de
operação, segurança, higiene e de controle ambiental.
1.6.6 As infrações às NRM e instruções complementares, terão as
penalidades aplicadas conforme o disposto no CM e legislação correlativa.
1.6.7 Cabe ao DNPM elaborar as instruções relativas ao cumprimento das
NRM.

2.9.1 O PGR e a NR-22

Para as atividades de trabalhos de mineração e correlatas, a


regulamentação da segurança e prevenção se dá a partir da NR-22 do MTE,
corroborada pela Portaria nº. 63, de 02 de dezembro de 2003 - MTE, que orienta
para a elaboração do PGR. O PGR disciplina os preceitos a serem observados na
organização e no ambiente de trabalho da mineração, de forma a tornar compatível
o planejamento e o desenvolvimento da atividade com a busca permanente da
segurança e saúde dos trabalhadores.
O PGR de que trata a NR-22, se aplica exclusivamente às minerações
subterrâneas e a céu aberto, garimpos, beneficiamentos minerais e pesquisa
mineral, cabendo ao permissionário da lavra garimpeira e ao responsável pela mina,
zelar pelo seu estrito cumprimento, estando sujeito à fiscalização do MTE, do MME e
dos órgãos fiscalizadores judiciais, quando se fizer necessário.
Rege o Artigo 22.3.7 (MTE, NR-22, 1999), corroborando a Lei 6.514, de
22 de dezembro de 1977 que cabe à empresa ou Permissionário de Lavra
Garimpeira elaborar e implementar o PGR, contemplando os aspectos desta norma,
incluindo, no mínimo, os relacionados à: riscos físicos, químicos e biológicos;
atmosferas explosivas; deficiências de oxigênio; ventilação; proteção respiratória;
investigação e análise de acidentes do trabalho; ergonomia e organização do
trabalho, além de obrigar empregado e empregador a notificar o INSS, sobre
qualquer acidente que envolva pessoas, no trabalho.
52

A informação deve ser encaminhada ao INSS em formulário denominado


CAT, obrigatoriamente, mesmo no caso em que não haja afastamento do trabalho
(NR-22, 1999).
Quando estabelece a elaboração do PGR, a NR-22 (1999) determina seu
embasamento na LTCAT – Laudo Técnico de Condições Ambientais de Trabalho. A
LTCAT de uma empresa mineradora tem por meta a análise quantitativa/qualitativa
dos riscos físicos, químicos e biológicos existentes no ambiente de trabalho da
empresa e que possam causar danos à saúde do trabalhador e é regulamentada
pela Lei Federal n. 6.514, de 22 de dezembro de 1997.
Ainda segundo a NR-22 (1999), o PGR deverá incluir as seguintes
etapas: antecipação e identificação de fatores de risco, avaliação dos fatores de
risco e da exposição dos trabalhadores; estabelecimento de prioridades, metas e
cronograma; acompanhamento das medidas de controle implementadas;
monitorização da exposição aos fatores de riscos; registro e manutenção dos dados
por, no mínimo, vinte anos e avaliação periódica do programa. No cumprimento do
item ‘identificação’, prevê, entre outras metas, a exposição ao público alvo, de um
Mapa de Riscos demonstrando os locais onde eles ocorrem e, obrigatoriamente, a
sinalização com placas e símbolos específicos, desses locais.
No trato com os trabalhadores a NR-22 (1999), em seu Artigo 22.4.1, diz
que cumpre aos trabalhadores zelarem pela sua segurança e saúde ou de terceiros
que possam ser afetados por suas ações ou omissões no trabalho, colaborando com
a empresa ou Permissionário de Lavra Garimpeira para o cumprimento das
disposições legais e regulamentares, inclusive das normas internas de segurança e
saúde e que devem comunicar ao superior hierárquico às situações que considerem
de risco para sua segurança e saúde ou de terceiros.
Diz, ainda, em seu Artigo 22.5.1 (NR-22, 1999), que os trabalhadores
deverão ser informados sobre os riscos existentes no local de trabalho que possam
afetar sua segurança e saúde ou afetar negativamente o ambiente.
Para os trabalhadores, a NR-22 (1999) estabelece, ainda, o direito de
interromperem suas tarefas sempre que constatarem evidências que representem
riscos graves e iminentes para sua segurança e saúde ou de terceiros, serem
informados sobre os riscos existentes no local de trabalho que possam afetar sua
segurança e saúde e terem acesso ao PGR elaborado na empresa e aprovado pelo
MTE.
53

A NR-22, esta NR tem por objetivo disciplinar os preceitos a serem


observados na organização e no ambiente de trabalho, de forma a tornar compatível
o planejamento e o desenvolvimento da atividade mineira com a busca permanente
da segurança e saúde dos trabalhadores.

22.1 Generalidades
22.1.1 Cabe ao empreendedor assegurar-se de que os empregados
admitidos encontram-se aptos a realizar as suas funções.
22.1.2 Os trabalhadores em mineração devem ser treinados conforme a
legislação vigentes sendo os treinamentos realizados por pessoal habilitado.
22.1.2.1 O plano de treinamento desde que solicitado deve ser
apresentado ao Departamento Nacional de Produção Mineral - DNPM.
22.1.3 Cabe ainda ao empreendedor fazer cumprir as determinações
contidas no Código de Mineração – CM, na CLT e em todos os outros dispositivos
legais vigentes relativas à proteção ao trabalhador na atividade minerária.
22.1.4 Em caso de acidente deve ser providenciado o imediato
atendimento ao acidentado de acordo com a legislação vigente.
22.1.5 Devem ser adotadas medidas de higiene e melhoria das condições
operacionais para promover o controle ambiental do local de trabalho de acordo com
as normas vigentes.
22.1.6 Quando estas medidas de controle no ambiente de trabalho forem
tecnicamente inviáveis ou insuficientes para eliminar os riscos deve ser fornecido
EPI aos trabalhadores expostos conforme legislação vigente.
22.1.7 Compete ao responsável pela mina a indicação do nível de
qualificação do pessoal para contratação inclusive o pessoal de supervisão,
responsabilizando-se pelo estabelecimento dos padrões de segurança em cada local
da mina.
22.1.8 Cabe ao empreendedor manter no seu quadro de trabalhadores
qualificados para a supervisão e a execução dos trabalhos de forma a promover a
permanente melhoria das condições de segurança do empreendimento e da saúde
dos trabalhadores.
22.2 Organização de Locais de Trabalho
22.2.1 O empreendedor deve adotar as medidas necessárias para que:
a) os locais de trabalho sejam concebidos, construídos, equipados,
54

utilizados e mantidos limpos e organizados de forma que os trabalhadores possam


desempenhar as funções que lhes forem confiadas, eliminando ou reduzindo ao
mínimo, praticável e factível, os riscos para sua segurança e saúde e
b) os postos de trabalho sejam projetados e instalados segundo princípios
ergonômicos.
22.2.2 As áreas de mineração com atividades operacionais devem possuir
entradas identificadas com o nome do empreendedor, acessos e estradas
sinalizadas.
22.2.2.1 Deve ser afixada placa na entrada do empreendimento mineiro
na qual conste no mínimo:
a) nome do empreendedor;
b) nome da mina;
c) nome do responsável técnico, título e número do registro no CREA
(Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia);
d) número do processo do DNPM;
e) natureza e número do título autorizativo.
22.2.3 Nas atividades abaixo relacionadas devem ser designadas equipes
com, no mínimo, 2 (dois) trabalhadores:
a) no subsolo nas atividades de:
I- abatimento manual de choco e blocos instáveis;
II- contenção de maciço desarticulado;
III- perfuração manual;
IV- retomada de atividades em fundo-de-saco com extensão acima de 10
m (dez metros);
V- carregamento de explosivos, detonação e retirada de fogos falhados.
b) a céu aberto nas atividades de carregamento de explosivos, detonação
e retirada de fogos falhados.
22.2.4 Deve ser estabelecida norma interna de segurança para
supervisão e controle dos demais locais de atividades onde se pode trabalhar
desacompanhado.

22.3 Superfícies de Trabalho


22.3.1 Os postos de trabalho devem ser dotados de plataformas móveis
sempre que a altura das frentes de trabalho for superior a 2 m (dois metros) ou a
55

conformação do piso não possibilite a segurança necessária.


22.3.2 As plataformas móveis devem possuir piso antiderrapante de no
mínimo 1 m (um metro) de largura com rodapé de 20 cm (vinte centímetros) de
altura e guarda-corpo.
22.3.3 É proibido utilizar máquinas e equipamentos como plataforma de
trabalho quando esses não tenham sido projetados, construídos ou adaptados com
segurança para tal fim e autorizado seu funcionamento por profissional competente.
22.3.4 As passarelas suspensas e seus acessos devem possuir guarda-
corpo e rodapé com 20 cm (vinte centímetros) de altura, garantida sua estabilidade e
condições de uso.
22.3.5 Os pisos das passarelas devem ser antiderrapantes, resistentes e
mantidos em condições adequadas de segurança.
22.3.6 As passarelas de trabalho devem possuir largura mínima de 60 cm
(sessenta centímetros) quando se destinarem ao trânsito eventual e de 80 cm
(oitenta centímetros) nos demais casos.
22.3.6.1 As passarelas de trabalho construídas e em operação, que não
foram concebidas e construídas de acordo com o exigido neste item devem ter
procedimentos de trabalho adequados à segurança da operação.
22.3.7 Passarelas com inclinação superior a 15º (quinze graus) e altura
superior a 2 m (dois metros) devem possuir rodapé de 20 cm (vinte centímetros) e
guarda-corpo com tela até a uma altura de 40 cm (quarenta centímetros) acima do
rodapé em toda a sua extensão ou outro sistema que impeça a queda do
trabalhador.
22.3.8 Trabalhos em pilhas de estéril ou minério desmontado e em
desobstrução de galerias devem ser executados de acordo com normas de
segurança específicas elaboradas por técnico legalmente habilitado.
22.3.9 O trabalho em telhados ou coberturas somente pode ser executado
com o uso de cinto de segurança tipo "pára-quedista" afixado em cabo-guia ou outro
sistema adequado de proteção contra quedas.
22.3.10 Nos trabalhos realizados em superfícies inclinadas com risco de
quedas superior a 2 m (dois metros) é obrigatório o uso de cinto de segurança
adequadamente fixado.
22.3.11 As galerias e superfícies de trabalho devem ser adequadamente
drenadas.
56

22.4 Operações de Emergência


22.4.1 Todo empreendedor deve elaborar, implementar e manter
atualizado um plano de emergência que inclua no mínimo os seguintes requisitos:
a) identificação de seus riscos maiores;
b) normas de procedimentos para operações em caso de:
I- incêndios;
II- inundações;
III- explosões;
IV- desabamentos;
V- paralisação do fornecimento de energia para o sistema de ventilação;
VI- acidentes maiores;
VII- outras situações de emergência em função das características da
mina, dos produtos e dos insumos utilizados.
c) localização de equipamentos e materiais necessários para as
operações de emergência e prestação de primeiros socorros;
d) descrição da composição e os procedimentos de operação de brigadas
de emergência para atuar nas situações descritas nos incisos I a VII;
e) treinamento periódico das brigadas de emergência;
f) simulação periódica de situações de salvamento com a mobilização do
contingente da mina diretamente afetado pelo evento;
g) definição de áreas e instalações devidamente construídas e equipadas
para refúgio das pessoas e prestação de primeiros socorros;
h) definição de sistemas de comunicação e sinalizações de emergência
abrangendo o ambiente interno e externo;
i) a articulação da empresa com órgãos da defesa civil.
22.4.2 Compete ao supervisor conhecer e divulgar os procedimentos do
plano de emergência a todos os seus subordinados.
22.4.3 O empreendedor deve proporcionar treinamento semestral
específico à brigada de emergência com aulas teóricas e aplicações práticas.
22.4.4 Devem ser realizadas anualmente simulações do plano de
emergência com mobilização do contingente da mina diretamente afetado.
22.4.5 Nas minas de subsolo deve existir áreas de refúgio em caso de
emergência devidamente construídas e equipadas para abrigar o pessoal e
57

prestação de primeiros socorros.


22.4.6 A definição da localização das áreas de refúgio é competência do
responsável pela mina.

22.5 Informação, Qualificação e Treinamento


22.5.1 O empreendedor deve proporcionar aos trabalhadores
treinamento, qualificação, informações, instruções e reciclagem necessárias para
preservação da sua segurança e saúde levando-se em consideração o grau de risco
e natureza das operações.
22.5.2 O treinamento admissional para os trabalhadores que
desenvolvem atividades no setor de mineração ou daqueles transferidos da
superfície para o subsolo ou vice-versa deve abordar no mínimo os seguintes
tópicos:
a) treinamento introdutório geral com reconhecimento do ambiente de
trabalho;
b) treinamento específico na função;
c) orientação em serviço.
22.5.3 O treinamento introdutório geral deve ter duração mínima de 6 h
(seis horas) diárias, durante 5 (cinco) dias, para as atividades de subsolo e de 8 h
(oito horas) diárias, durante 3 (três) dias, para atividades em superfície, durante o
horário de trabalho e terá o seguinte currículo mínimo:
a) infra-estrutura da mina;
b) principais equipamentos e suas funções;
c) ciclo de operações da mina;
d) distribuição de energia;
e) suprimento de materiais;
f) transporte na mina;
g) regras de circulação de equipamentos e pessoas;
h) procedimentos de emergência;
i) primeiros socorros;
j) divulgação dos riscos existentes nos ambientes de trabalho constantes
no PGR e dos acidentes e doenças profissionais;
l) reconhecimento do ambiente do trabalho;
m) normas de segurança.
58

22.5.4 O treinamento específico na função deve consistir de estudos e


práticas relacionadas às atividades a serem desenvolvidas, seus riscos, sua
prevenção, procedimentos corretos e de execução e terá duração mínima de 40 h
(quarenta horas) para as atividades de superfície e 48 h (quarenta e oito horas) para
as atividades de subsolo, durante o horário de trabalho e no período contratual de
experiência ou antes da mudança de função.
22.5.5 O empreendedor deve proporcionar treinamento específico com
reciclagem periódica aos trabalhadores que executem as seguintes operações e
atividades:
a) abatimento de chocos e blocos instáveis;
b) tratamento de maciços;
c) manuseio de explosivos e acessórios;
d) perfuração manual;
e) carregamento e transporte de material;
f) transporte por arraste;
g) operações com guinchos e içamentos;
h) inspeções gerais da frente de trabalho;
i) manipulação e manuseio de produtos tóxicos ou perigosos;
j) princípios de ventilação;
l) outras atividades ou operações de risco especificadas no PGR.
22.5.6 A orientação em serviço deve consistir de período no qual o
trabalhador desenvolver suas atividades sob orientação de outro trabalhador
experiente ou sob supervisão direta com a duração mínima de 45 (quarenta e cinco)
dias.
22.5.7 Treinamentos periódicos e para situações específicas devem ser
ministrados sempre que necessário para a execução das atividades de forma
segura.
22.5.8 Para operação de máquinas, equipamentos ou processos
diferentes a que o operador estava habituado deve ser feito novo treinamento de
modo a qualificá-lo à utilização dos mesmos.
22.5.9 Deve ser obrigatória orientação que inclua as condições atuais das
vias de circulação das minas para os trabalhadores afastados do trabalho por mais
de 30 (trinta) dias consecutivos.
22.5.10 As instruções visando à informação, qualificação e treinamento
59

dos trabalhadores devem ser redigidas em linguagem compreensível e adotando


metodologias, técnicas e materiais que facilitem o aprendizado para preservação de
sua segurança e saúde.
22.5.11 Considerando as características da mina, dos métodos de lavra e
do beneficiamento outros treinamentos podem ser determinados pelo DNPM.
Precisa ficar evidente que a elaboração de um PGR deve obedecer aos
normativos da NR-22 (1999), em sua íntegra e que nenhuma mineradora poderá
operar sem que este esteja revisto e aprovado pelo MTE, inclusive no caso das
pequenas empresas mineradoras que terceirizam seus serviços às grandes
mineradoras do sul de Santa Catarina.

2.9.2 A dicotomia entre a legislação avançada que rege a segurança do


trabalhador e seu efetivo cumprimento

Zelar pela segurança e saúde dos trabalhadores e de terceiros que


possam ser afetados por ações ou omissões no trabalho, devem ser metas de
qualquer cidadão, seja ele proprietário ou empregado de uma empresa, – é uma
questão de cidadania. No entanto, nem sempre e, por diversos motivos –
desconhecimento, desinteresse, omissão, pretensa economia – isto acontece.
Gonzaga (2000), diz que as doenças e acidentes dos trabalhadores e a
necessidade de evitá-las já eram reconhecidas em meados do ano de 1600. Com o
advento dos modos de produção capitalistas, precisava-se de seres humanos
saudáveis e aptos para a produção de bens de consumo. Assim deram-se os
primeiros passos na direção de programas que promovessem a saúde e a
integridade física do trabalhador, no seu ambiente de trabalho.
No Brasil, segundo Dalarosa (1997), a criação de leis que cuidavam da
saúde do povo operário, iniciou-se por volta de 1937, com o período Getulista.
Na Constituição Federal do Brasil, de 1988, segundo Dias (2010), o
campo de atuação da prevenção da saúde dos trabalhadores ganhou uma
legislação moderna e abrangente que, reforçando dispositivos anteriores e criando
novos, privilegiou a prevenção de doenças ocupacionais, de acidentes de trabalho e
a promoção da qualidade de vida.
Atualmente, por exemplo, o PGR é obrigatório em todas as empresas e
seu dimensionamento vincula-se à graduação de risco da atividade principal, ao
60

número de funcionários e ao nível de lucratividade da empresa.


As ações de Segurança e Saúde do Trabalho estão, hoje, plenamente
articuladas e o PGR faz parte desse processo. Seu não cumprimento implica em
pesadas multas, mas isto não faz com que empresas e funcionários as cumpram
conscientemente. Segundo Zocchio (2001, p. 17):

Colaborando e contribuindo para um adequado cumprimento desses


normativos, existe uma vasta bibliografia como as Leis comentadas que se
originam do MTE, e que tem o intuito de conscientizar trabalhador e
empresa, de seus reais direitos e obrigações. Entre eles pensa-se existir
mérito especial nos manuais de orientação do MTE, que, numa visão
histórico-crítica, circulam nas empresas, a partir dos sindicatos operários, e
abordam o prevencionismo como condição de cidadania.

Pertinente, pois, é o texto que se segue, retirado de um desses


informativos:

Adotar medidas de controle dos riscos existentes ou que possam originar-se


no ambiente de trabalho. Adotar medidas de controle da saúde dos
trabalhadores. Elaborar Ordens de Serviço sobre Segurança e Saúde no
Trabalho para informar os trabalhadores sobre os riscos existentes ou que
possam originar-se no local de trabalho e sobre os meios disponíveis para
prevenir ou limitar tais riscos e para proteger-se dos mesmos. Treinar os
trabalhadores sobre os procedimentos que assegurem a eficiência dos
equipamentos de controle coletivo e dos EPIs e sobre as eventuais
limitações de proteção que oferecem. Determinar os procedimentos que
deverão ser adotados em caso de emergência. Cumprir e fazer cumprir as
disposições legais sobre Segurança e Medicina do Trabalho do Ministério
do Trabalho, são as normas básicas de segurança e saúde no trabalho
(METRA, 2010, p. 1).

2.9.3 O PGR como proposta de construção de cidadania

Um PGR em mineração reitera-se, é regido pela NR nº. 22, que trata da


segurança e saúde ocupacional na mineração. Todas as proposituras de um PGR
precisam ser apresentadas e aprovadas no Grupo Tripartite:
MTE/Mineradora/representante oficial dos trabalhadores, por ordem da Portaria do
MTE nº. 41 de 14 de outubro de 1997.
O campo de atuação de um PGR em mineradora de céu aberto é amplo,
extrapolando o âmbito tradicional da prática médica da segurança preventiva. De
modo esquemático, pode-se dizer que o seu exercício tem como campo preferencial
os espaços do trabalho de produção, mas estende-se até o campo do transporte e
da comercialização.
61

Segundo o próprio prefácio da norma que o regulamenta, a NR-22, um


PGR tem por objetivo disciplinar os preceitos a serem observados na organização e
no ambiente de trabalho, de forma a tornar compatível o planejamento e o
desenvolvimento da atividade mineira com a busca permanente da segurança e
saúde dos trabalhadores. Embora, neste estudo, a prioridade seja dada à mineração
a céu aberto, a NR-22 orienta, também, os programas de gerenciamento de riscos
de minerações subterrâneas, garimpos e espaços de beneficiamento ou pesquisa de
minerais.
A responsabilidade em sua efetivação deve ser da empresa e do
permissionário de lavra garimpeira. Na região sul de Santa Catarina, de acordo com
dados do Sindicato dos Mineiros de Criciúma (2005), as permissionárias de lavra
garimpeira costumam delegar essa tarefa, oficialmente, às suas empresas
terceirizadas, caso que acontece, também com a empresa dada a este estudo, na
qualidade de terceirizada.
A elaboração de um PGR exige, de acordo com a legislação da NR-22
(1999), que se atente a um roteiro explicitado em seu próprio texto:
 Antecipação e identificação de fatores de risco, levando-se em conta,
inclusive, a necessidade de elaboração de um mapa de riscos em conformidade com
a NR-5 nº. 5, de março 2003 – MTE.
 Avaliação dos fatores de risco e da exposição dos trabalhadores.
 Estabelecimento de prioridades, metas e cronograma de efetivação das
normas descritas no PGR.
 Acompanhamento das medidas de controle implementadas por
funcionários indicados pelos trabalhadores, sob a supervisão do engenheiro
responsável.
 Monitoramento da exposição do público envolvido, aos fatores de risco
detectados no espaço de trabalho.
 Registro e manutenção dos dados do PGR, inclusive do preenchimento
da CAT, por, no mínimo, vinte anos.
 Avaliação periódica do PGR, com o envolvimento de trabalhadores e
do engenheiro responsável.
 Atenção ao que determinam as NRs nº. 6 (do uso de EPI); nº. 10
(Instalação e serviços em eletricidade); nº. 15 (da exposição ocupacional); nº. 19 (do
uso de explosivos); nº. 21 (trabalho a céu aberto) nº. 23 (proteção contra incêndio);
62

nº. 24 (condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho); nº. 26 (da


sinalização de segurança).
 Observância dos dados constantes do LTCAT, normatizado pelo
Decreto 3.048, de 06 de maio de 1999, da Presidência da República.
Tanto o Mapa de Riscos quanto a LTCAT, segundo Saliba (1999), se
elaboradas com metodologias inovadoras e voltadas para a construção cidadã,
possibilitam, durante a sua elaboração, a troca e divulgação de informações entre os
trabalhadores, bem como estimulam sua participação na efetivação do PGR.
Nas fases que antecedem e nas que elaboram o PGR, faz-se necessário
o cumprimento de uma rotina que, se seguida passo a passo - com a participação de
todos os envolvidos, ouvindo suas sugestões, promovendo seminários,
questionando-os, partilhando responsabilidades, resultará em uma melhor qualidade
de vida e de trabalho, na empresa. Esses passos, segundo Bensoussan (1997),
podem ser sintetizados em:
 Promover seminários de estudo dos normativos que regem a
elaboração do PGR, orientando a temática para a conscientização;
 Reunir as informações necessárias para estabelecer o diagnóstico da
situação da segurança e saúde no trabalho na empresa;
 Possibilitar a troca e divulgação de informações entre os trabalhadores,
bem como estimular sua participação nas atividades de prevenção;
 Co-responsabilizar todos os envolvidos pela efetivação e cumprimento
dos normativos organizados com sua própria participação.
Ao Engenheiro Técnico em Segurança do Trabalho, segundo Bensoussan
(1997), caberá sempre a verificação do cumprimento dessas normas nos prazos e
esquemas legais.
Para que o responsável pela referida área, possa desincumbir-se de tais
obrigações a contento, faz-se necessária à competência na organização do
calendário de procedimentos externos e internos e na conscientização dos
funcionários quanto à participação democratizada, com funcionamento de comissões
internas de fiscalização.
Em espaços de trabalho onde os funcionários são sindicalizados e o
sindicato é competente, esta tarefa parece ser mais fácil.
Cabe, em última instância, ao engenheiro responsável, zelar pela
obtenção de sucesso na prevenção de acidentes de trabalho e pelo cumprimento
63

adequado da legislação vigente.


Verificam-se daí, a necessidade de serem agrupadas as suas principais
normas e especificidades em planilha única, explicativa e descritiva dos
procedimentos legais e passíveis de Responsabilização Civil e Fiscalização pelo
Ministério do Trabalho, evitando a perda dos prazos de revisão e facilitando a
inspeção pelos órgãos competentes.

As NR’s relativas à segurança e medicina do trabalho são de observância


obrigatória pelas empresas privadas e públicas e pelos órgãos públicos da
administração direta e indireta, bem como pelos órgãos dos Poderes
Legislativo e Judiciário, que possuam empregados regidos pela CLT -
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT, 2002, p. 21).

Para o desenvolvimento das práticas relacionadas ao PGR, é preciso,


acreditar que a aplicação dos conhecimentos de segurança e saúde no ambiente de
trabalho e a todos os componentes, inclusive máquinas, equipamentos e
trabalhadores é produzir qualidade de vida.
O sucesso do PGR, segundo Dalarosa e Nunes (2001), pode ser
entendido como relação entre a saúde e o trabalho, visando não somente a
prevenção das doenças e dos acidentes, mas a promoção da saúde e qualidade de
vida, através de ações articuladas, capazes de assegurar a saúde individual, nas
dimensões física e mental, e a inter-relação entre as pessoas e o ambiente social.
Para que o funcionamento do PGR atinja seus objetivos, a política
visando à saúde do trabalhador tem que ser bem definida e garantida pelo apoio da
administração e pela conscientização de cada elemento da empresa, em todos os
níveis hierárquicos. Ideal seria o engajamento dos trabalhadores em sindicatos
responsáveis, capazes de conscientizá-los e mobilizá-los em busca de seus direitos.
Compreendendo a necessidade da correta aplicação de um PGR como
forma de humanização nas relações sócio-trabalhistas e, como adequação
empresarial às normas do Ministério do Trabalho, pensa-se ser função do
Profissional de Engenharia, o envolvimento no processo, com práticas de assessoria
e participação ativa.
De acordo com o Presidente do Sindicato dos Mineiros, em debate
informal, “as dificuldades de interpretação da Legislação Oficial que rege a saúde e
segurança no trabalho têm sido dirimidas em Boletins do MTE e em informativos
publicados mensalmente pela ANAMT - Associação Nacional de Medicina do
64

Trabalho, através de seu Departamento Científico, com a participação da AMB -


Associação Médica Brasileira”. Esses boletins orientam, nesse processo, para a
construção do PGR participativo aqui referido.
Pode-se afirmar, de acordo com Dias (2010), que o embate entre
permanências e mudanças tem marcado a caminhada do governo brasileiro na
busca de uma melhor qualidade de vida e consciente busca da cidadania de seu
povo trabalhador. Já é, hoje, bastante significativo o número de trabalhadores
assistidos adequadamente, dentro das propostas que envolvam melhor qualidade de
trabalho e emprego.
Dispor de uma equipe que envolva funcionários em todos os níveis
hierárquicos da empresa, para a permanente discussão da segurança, obedecendo
a um plano pré-estabelecido e legislado.
65

3 METODOLOGIA

Metodologia refere-se a forma de como e onde será realizada a pesquisa.


Para Minayo (2007, p. 14) “metodologia inclui concomitantemente o método que é a
teoria da abordagem, a experiência, capacidade e sensibilidade do pesquisador isso
sendo a sua criatividade e ainda as técnicas usadas, os instrumentos de
operacionalização do conhecimento”.

3.1 Tipo de Pesquisa

O estudo escolhido será exploratório-descritivo, sendo que haverá


abordagem quantitativa sendo que as fontes têm origem em livros e artigos
científicos.
A pesquisa exploratória para Leopardi (2001) é mencionada por alguns
autores como pesquisa quase cientifica ou não cientifica, é normalmente o passo
inicial no processo de pesquisa pela experiência e um auxilio que traz a formulação
de hipóteses significativas para posteriores pesquisas. A pesquisa exploratória não
requer elaboração de hipóteses a serem testadas no trabalho, restringindo-se a
definir objetivos e buscar mais informações sobre determinado assunto de estudo.
Tais estudos têm por objetivo familiarizar-se com o fenômeno ou obter uma nova
percepção dele e descobrir novas idéias. A pesquisa exploratória realiza descrições
precisas da situação e quer descobrir as relações existentes entre seus elementos
componentes. Esse tipo de pesquisa requer um planejamento bastante flexível para
possibilitar a consideração dos mais diversos aspectos de um problema ou de uma
situação. Recomenda-se a pesquisa exploratória quando há pouco conhecimento
sobre o problema a ser estudado.
A pesquisa descritiva para Leopardi (2001) é observa, registra, analisa e
correlaciona gatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los. Procura descobrir,
com a maior precisão possível, a frequência com que um fenômeno ocorre, sua
relação e conexão com outros, sua natureza e suas características. Busca conhecer
as diversas situações e relações que ocorrem na vida social, política, econômica e
demais aspectos do comportamento humano, tanto do indivíduo tomado
66

isoladamente como de grupos e comunidades mais complexas. A pesquisa


descritiva desenvolve-se, principalmente, nas ciências humanas e sociais,
abordando aqueles dados e problemas que merecem ser estudados, mas cujo
registro não consta de documentos. Os dados, por ocorrerem em seu habitat natural
precisam ser coletados e registrados ordenadamente para seu estudo propriamente
dito.
Na pesquisa quantitativa tem um número maior de entrevistados para
garantir maior precisão nos resultados, que serão projetados para a população
representada. As informações são colhidas por meio de um questionário estruturado
com perguntas claras e objetivas. Isto garante a uniformidade de entendimento dos
entrevistados. Leopardi (2001) destaca que a pesquisa quantitativa é um método de
pesquisa social que utiliza técnicas estatísticas. Normalmente implica a construção
de inquéritos por questionário. Normalmente são contactadas muitas pessoas. Os
profissionais de marketing normalmente usam a informação assim obtida para
desenhar estratégias e planos de marketing

3.2 Local de Estudo

A pesquisa deu-se em uma empresa, mineradora de carvão, sendo que


os dados foram coletados no setor de segurança do trabalho. Investigou-se as
notificações de acidentes de trabalho que incidem no período de 2008 a 2009.

3.3 Sujeito em Estudo

Os sujeitos do estudo foram os dados inseridos nas CATs registradas por


profissionais da área de saúde do trabalhador, na empresa em estudo referentes ao
período de 2008 a 2009, no município em estudo, onde não houve distinção entre os
sexos, idade e função.
Foram incluídos todas as CATs de acidentes de trabalho de profissionais
da área da saúde, registradas na empresa via banco de dados do setor de
segurança do trabalho onde encontram-se as notificação da empresa em estudo no
período de 2008 a 2009 e excluídos todas as CATs incompletas ou as que não
67

contenham informações referenciando acidentes.

3.4 Coletas dos Dados

Os dados foram coletados a partir da revisão dos dados cadastrais da


CATs minutadas na empresa em estudo.
Os dados da pesquisa foram coletados por meio de anotações registradas
no diário de campo e analisou-se os cadastros das CATs na empresa e estudo, a
partir de visitas a empresa.

3.5 Análise dos Dados

A finalidade desta fase foi apresentar, descrever, avaliar e explicar os


dados coletados junto às informações coletadas das CATs armazenadas na
empresa em estudo, onde foram identificadas quais as notificações de acidente de
trabalho que são mais acometidas e quais são os setores que ocorre mais os
acidentes nos trabalhadores na área de mineração do município em estudo no
período de 2008 a 2009.
68

4 A EMPRESA EM ESTUDO

A empresa em estudo está localizada no município de Forquilhinha (SC) e


está há 28 anos no mercado carvoeiro, onde produz 2.760.000 tROM/ano de carvão,
pois seu depósito, situa-se a uma profundidade média de 170m.
A história da Carbonífera, empresa de mineração nascida da fusão da
Carbonífera Caeté Ltda. com a Carbonífera Cocal Ltda., remonta aos idos de 1943.
Na condição de líder do setor de mineração do carvão, ela atende às
necessidades do setor energético nacional a partir de jazidas próprias, garantindo o
insumo básico para a geração termelétrica, gerando riquezas, economizando divisas
e contribuindo, de forma sustentável, para com o desenvolvimento do País.
O desempenho da Carbonífera tem sido alvo de sucessivas distinções
como empresa brasileira de destaque na mineração de carvão, tendo contribuído,
nos últimos três anos (2004 a 2006), com mais de R$ 10.000.000,00 para o tesouro
nacional sob a forma de impostos diretos e de obrigações sociais e trabalhistas.
Além de outras instituições, a Carbonífera é empresa filiada ao IBRAM –
Instituto Brasileiro de Mineração, entidade nacional representativa das empresas e
instituições que atuam na indústria da mineração, e ao SIECESC – Sindicato da
Indústria da Extração de Carvão do Estado de Santa Catarina, entidade voltada à
defesa dos interesses do setor de mineração e ao apoio institucional e tecnológico
na área jurídica, operacional, ambiental e de política setorial, a qual é também
mantenedora da SATC – Sociedade Autônoma dos Trabalhadores do Carvão,
instituição de ensino e pesquisa voltada à formação humana e profissional dos filhos
dos trabalhadores da indústria carbonífera e de outros ramos de atividade.
A empresa carbonífera apresenta seus produtos como: Carvão CE 4500,
utilizado para geração de energia termelétrica; Carvão CE 5200, utilizado por
indústrias de diversos segmentos. Carbotrat AP, destinado ao saneamento básico
no tratamento de água potável, água industrial e tratamento terciário de efluentes
industriais. Seu Grau de risco é 3, conforme as NRs: NR 4 (SESMT), e a norma que
rege a empresa é a NR-22 (Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração).
A Carbonífera atende às necessidades do setor energético nacional a
partir de jazida própria, ela garante o combustível necessário ao mercado de
69

geração termelétrica e contribui para com o desenvolvimento e para com a


economia da região e do País.
Simultaneamente ao seu desenvolvimento econômico, a Carbonífera
construiu uma história de sucesso em que a valorização de seus colaboradores
através da implementação de políticas sociais relevantes bem como a realização de
maciços investimentos na recuperação e na preservação ambiental garante mais
qualidade de vida para a região.
O carvão se classifica como Betuminoso Alto Volátil e está associado à
camada Barro Branco. Após vinte e cinco anos de plena atividade, este
empreendimento ainda possui reservas medidas para mais de dez anos de
operação.
Sua vida útil vem se prolongando graças ao programa de pesquisa
geológica do mineral e ao desenvolvimento de processos e produtos, política esta
que proporciona à unidade mineira a longevidade necessária aos negócios da
Carbonífera, cujas metas extrapolam a simples exploração comercial do carvão
mineral e garante, desta forma, o emprego racional dos seus recursos naturais e
humanos.
Reservas marginais em fase de pesquisa, desenvolvimento de novos
produtos e serviços, além de infra-estrutura qualificada, são fatores que garantem a
competitividade da empresa no mercado.
Quanto aos recursos humanos, a empresa carbonífera tem um total de
1.025 funcionários, apresenta todos os riscos ambientais, devido à extração do
carvão, que desenvolve outras atividades agrupadas como: laboratório químico,
tratamento de água, mecânica, centro odontológico, ambulatório, entre outras.
Dentro dos riscos químicos encontramos o laboratório químico,
tratamento de água e a própria extração de carvão.
Os ricos físicos se apresentam devido à empresa possuir uma estrutura
com grande quantidade de equipamentos diferenciados e os vários tipos de ruídos e
vibrações presentes nestes locais.
Os riscos biológicos estão presentes na área do ambulatorial, centro
odontológico e fisioterapia.
Já os riscos ergonômicos e de acidentes, estão presente em todos os
setores.
70

Os equipamentos de proteção individuais presentes na empresa são:


luvas, botas, óculos, capacetes, uniformes, protetor auricular e creme hidratante.
Para viabilizar a produção e garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores, a
empresa dispõe de todo o material de proteção individual e coletiva, legalmente
necessários, armazenados no citado galpão, como se pode ver, pela Figura 4,
apresentada:

Figura 4: Mapa
Fonte: Arquivos da empresa.

Os equipamentos de proteção coletiva (EPC) presentes na empresa são:


treinamentos, gerenciamento de riscos, sinalizações com boa visualização.
A manutenção é de acordo com as necessidades, e normas da empresa.
Os EPIs ficam na empresa e é realizada a manutenção pelos próprios trabalhadores.
Ao entrar na empresa os trabalhadores passam por treinamento por uma
semana sobre normas e rotinas da empresa com o Plano de Atendimento de
Emergência (PAE), Sistema de Gerenciamento de Qualidade Ambiental (SGQA).
71

Os poluentes presentes na empresa são: poeiras gazes, fumaças, água e


ruídos. As águas são tratadas para diminuir o pH, os gases são usados os filtros de
ar.
Os projetos ambientais da empresa vêm se desenvolvendo uma série de
projetos que contemplam antigos passivos ambientais cujas áreas demandaram a
caracterização física e biótica com vistas à implantação de projetos de
monitoramento e de recuperação ambiental.
A empresa vem mantendo seu programa de P&D para a área ambiental
para o qual conta com a cooperação de centros tecnológicos e de pesquisa
responsáveis pela introdução de novos conceitos e técnicas que agora passam a ser
aplicados na recuperação de seus passivos.
A empresa possui um sistema de coleta de lixo seletivo, em todos os
setores, esses lixos coletados têm um destino adequado para cada resíduo, onde o
mesmo é armazenado em um local destinado ao depósito destes materiais
recicláveis. Sendo que o material reciclável é comercializado e revertido em
melhorias ambientais.
Os vizinhos que tem poços artesianos recebem orientações e tratamento
de água, através dos técnicos de meio ambiente e engenheiros ambientais. Estes
vizinhos recebem também visitas semestrais da parte de engenharia e segurança da
empresa para realizar visitas técnicas. Também foi construído um paredão para
diminuir ruídos na britagem.
O produto é bruto (carvão) não precisa ser embalado devido que este
produto é vendido por tonelada. Estes produtos são levados de caminhão ao destino
de embarque, a FTC – Ferrovia Teresa Cristina, pelo qual é feito o transporte do
carvão.
Na empresa existe um ambulatório, onde o médico do trabalho presta
serviço aos trabalhadores por demanda livre, de segunda a sexta no período da
manhã. Neste ambulatório possui a enfermaria, com um enfermeiro, a sala do
atendimento médico, a sala de fisioterapia com fisioterapeuta presente no período
da manhã, onde os trabalhadores podem realizar seus tratamentos de fisioterapia no
local de trabalho.
São realizados também na empresa treinamentos e educação continuada
referentes às normas e rotinas da empresa, uso adequado de EPIs, PAE e assuntos
de atualidades e conforme necessidades.
72

A empresa possui o SESMT, onde é composta por um médico, um


enfermeiro, seis técnicos de segurança e dois engenheiros de segurança.
Na empresa possui a CIPA que formada por funcionários, e eleita através
de votação direta e indireta.
73

5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Neste capítulo são apresentados a exposição e análise dos dados


coletados durante a realização de pesquisa na empresa carbonífera estudada, que
atua com o trabalho de mineração de carvão, responsabilizando-se pela elaboração
e efetivação do PGR, nesses ambientes.
A empresa adota todos os instrumentos de segurança requeridos na
legislação. De acordo com Parkeer (1997) os grupos de trabalho costumam
funcionar com o intuito de aperfeiçoar a cooperação e melhorar o desempenho
organizacional, embora não tenham como objetivo o controle organizacional.
Inicialmente, as pesquisadoras confirmaram que há a adequação
legislativa dos documentos em relação à segurança do trabalhador na empresa, o
PGR é existente e foi elaborado pelo engenheiro-chefe da carbonífera.
Tais documentos cumprem com as normas legais, para efeito de
fiscalização. O PGR, por exemplo, descreve, com exata precisão, objetivos, campo
de ação, atinência de responsabilidades. Fala da antecipação de fatores de risco,
definindo-os e classificando-os nas diversas categorias determinadas pela NR-22,
que o rege. Exibe modelos de placas de sinalização e de mapas da região minerada
e adjacente, indicando os locais onde elas deveriam ser colocadas, como indicação
preventiva.
Os acidentes de trabalho são classificados em:
Acidentes Típicos: são todos os acidentes que ocorrem no
desenvolvimento do trabalho na própria empresa ou a serviço desta.
Acidentes de Trajeto: são os acidentes que ocorrem no trajeto entre a
residência e o trabalho ou vice-versa, observando se faz parte do itinerário normal
do acidentado.
Doenças Ocupacionais: são doenças causadas pelas condições do
ambiente de trabalho.
Doenças Profissionais: são doenças causadas pelo tipo de trabalho
desenvolvido.
Os dados colhidos na CAT, são apresentados na tabela e no gráfico 1,
onde mostra a estatística de acidentes na empresa carbonífera em 2008:
74

Meses do ano de 2008 Quantidade Total


de Acidentes
Janeiro 22
Fevereiro 15
Março 29
Abril 33
Maio 27
Junho 18
Julho 10
Agosto 20
Setembro 19
Outubro 37
Novembro 33
Dezembro 40
Total 12 meses 303
Tabela 1: Acidentes de trabalho em 2008 na empresa
Fonte: Dados da empresa, 2010.

45
37 40
40
35 33 33
29
30 27
25 22
20 19
20 18
15
15
10
10
5
0
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FE S N D

Gráfico 1: Acidentes de trabalho em 2008 na empresa


Fonte: Dados da empresa, 2010.
75

Conforme o gráfico 1, estes são dados de acidentes no ano de 2008,


onde os índices de acidentes na empresa carbonífera estavam muito altos,
principalmente no mês de dezembro no corrente ano.
No ano seguinte a diminuição já foi notada, como é possível observar na
tabela e gráfico 2, mas mesmo assim, é possível dizer que é apenas o início de um
trabalho que ainda levaria alguns anos para chegar aos resultados esperados pela
empresa e pela equipe de segurança do trabalho.
A tabela e o gráfico 2, mostra as estatísticas de acidentes na empresa
carbonífera em 2009:

Meses do ano de 2009 Quantidade Total


de Acidentes
Janeiro 10
Fevereiro 21
Março 13
Abril 17
Maio 14
Junho 29
Julho 09
Agosto 14
Setembro 07
Outubro 25
Novembro 19
Dezembro 17
Total 12 meses 195
Tabela 2: Acidentes de trabalho em 2009 na empresa
Fonte: Dados da empresa, 2010.
76

35
29
30
25
25
21
19
20 17 17
13 14 14
15
10 9
10 7
5

0
O O O IL IO HO HO TO RO RO RO RO
IR IR RÇ B R A N L S B B B B
E E A A M U JU O M TU E M EM
N R J E
JA VE M AG E T OU OV EZ
F E S N D

Gráfico 2: Acidentes de trabalho em 2009 na empresa


Fonte: Dados da empresa, 2010.

De acordo com as estatística do gráfico 2, apenas em 2009 pode-se dizer


que a segurança estava começando a dar resultados na empresa, não podemos
falar que está perfeita porque os números ainda dependem do homem, assim os
erros são mais freqüentes e vulneráveis. Mas em julho ainda o índice esteve alto.
De acordo com os números do gráfico 2, mostram que o trabalho de
prevenção está muito bom, mas a cada dia é necessário melhorar e intensificar
através de palestras, treinamentos, etc., a importância da prevenção de acidentes
para todos os funcionários da empresa.
Dentre os tipos de acidentes ocorridos na empresa carbonífera, é possível
dizer que são:
- Queda: é causado quando o trabalhador se encontra realizando
trabalhos em locais elevados que apresentam diferença de nível e risco de queda.
As principais áreas que possuem risco de queda são em: fachadas, escadas móveis
ou fixas, andaimes, áreas confinadas, beirais, plataforma, etc.
- Choque elétrico: é causado por uma corrente elétrica que passa através do
corpo humano. O pior choque é aquele que se origina quando uma corrente elétrica
entra pela mão da pessoa e sai pela outra. Nesse caso, atravessando o tórax, ela
tem grande chance de afetar o coração e a respiração. Se fizerem parte do circuito
77

elétrico o dedo polegar e o dedo indicador de uma mão, ou uma mão e um pé, o
risco é menor. O valor mínimo de corrente que uma pessoa pode perceber é 1 mA.
Com uma corrente de 10 mA, a pessoa perde o controle dos músculos, sendo difícil
abrir as mãos para se livrar do contato. O valor mortal está compreendido entre 10
mA e 3 A.
- Trauma em membros superiores: como sendo uma interrupção na
continuidade do osso, que pode ser um rompimento completo ou incompleto (fenda),
que pode ser fechada (não há comunicação entre a superfície externa do corpo e a
fratura) e aberta (há comunicação entre a fratura e a pele) e várias subdivisões que
são denominadas de acordo com a posição das partes fraturadas do osso. O trauma
em membros superiores são: mãos e dedos, antebraço, braço, clavícula e escápula.
- Trauma em membros inferiores: idem ao anterior. Os ossos do membro
inferior na maioria apóiam carga e, assim, a fratura pode causar uma perda de
mobilidade, pois o paciente fica incapaz de andar e pode precisar de muletas,
bengala ou de um andador. Os membros inferiores são: pé, calcanhar, tornozelo,
tíbia e fíbula, joelho, fêmur e proximal do fêmur.
- Trauma em abdome: acidentes que lesam os órgãos situados na
cavidade abdominal. De acordo com o agente agressor são classicamente divididos
em ferimentos abdominais quando apresentam solução de continuidade na parede e
contusões abdominais quando o traumatismo é fechado sem solução de
continuidade, podendo ou não apresentar lesão visceral associada intra ou
retroperitoneal. Os ferimentos são ditos penetrantes quando produzem perfuração
do peritônio parietal, penetrando na cavidade abdominal estando ou não associados
a lesões internas.
- Trauma em tórax: as lesões de tórax são divididas naquelas que
implicam em risco imediato à vida e que, portanto, devem ser pesquisadas no
exame primário e naquelas que implicam em risco potencial à vida e que, portanto,
são observadas durante o exame secundário. Do 1º grupo fazem parte: obstrução
das vias aéreas, pneumotórax hipertensivo, pneumotórax aberto, hemotórax maciço,
tórax instável e tamponamento cardíaco. Já, no 2º grupo, incluem-se: contusão
pulmonar, contusão miocárdica, ruptura aórtica, ruptura traumática do diafragma,
laceração traqueo-brônquica e laceração esofágica.
78

- Acidente de trajeto: são os acidentes que ocorrem no trajeto entre a


residência e o trabalho ou vice-versa.
- Doenças ocupacionais: são doenças causadas pelo tipo de trabalho ou
pelas condições do ambiente de trabalho. Existem inúmeras doenças ocupacionais
que irão se caracterizar de acordo com o risco, podendo causar vários problemas ao
organismo e até a morte. Dentre as doenças mais comuns estão: as lesões por
esforço repetitivo (LER), alergias respiratórias, estresses, depressão, fobias, etc.
- Animais peçonhentos: são causados por animais que produzem
substância tóxica e apresentam um aparelho especializado para inoculação desta
substância que é o veneno; possuem glândulas que se comunicam com dentes
ocos, ferrões ou aguilhões, por onde o veneno passa ativamente.
- Queimaduras: são lesões da pele, provocadas pelo calor, radiação,
produtos químicos ou certos animais e vegetais, que causam dores fortes e podem
levar a infecções. O fogo é o principal agente das queimaduras, embora as
produzidas pela eletricidade sejam de todas, as mais mutilantes, resultando com
frequência na perda funcional e mesmo anatômica de segmentos do corpo,
principalmente dos membros. As queimaduras de primeiro grau afetam a camada
externa da pele, causando dor, vermelhidão e inchaço. As queimaduras de segundo
grau afetam tanto a camada externa quanto a camada inferior da pele, causando
dor, vermelhidão, inchaço e formação de bolhas. As queimaduras de terceiro grau
atingem os tecidos mais profundos, tornando a pele marrom ou enegrecida, e até
entorpecida.
- Insolação: é o conjunto de sintomas que acomete uma pessoa exposta
demasiadamente ao Sol. A insolação acontece quando o organismo fica
incapacitado de controlar sua temperatura. Quando a pessoa tem insolação, sua
temperatura corporal aumenta rapidamente, o mecanismo de transpiração falha e o
corpo fica incapacitado de se resfriar. A temperatura corporal de uma pessoa com
insolação pode subir até 41 graus, ou mais, em 10 a 15 minutos. Insolação pode
causar morte ou incapacitação permanente se o tratamento de emergência não for
providenciado.
- Ferimento nos olhos: são corpos estranhos na superfície do olho, bem
como arranhões, queimaduras químicas e infecções.
O Conselho Nacional de Segurança do Trabalho classifica as causas de
acidentes com a visão da seguinte maneira: 80% Partículas arremessadas; 8%
79

Ferramentas de maquinário; 7% Respingo de líquidos; 2,5% Explosões; 2% Quedas;


e 0,5% Infecção.
- Lesão na coluna: a coluna cervical é o elo flexível entre a plataforma
sensorial do crânio (visão, audição, olfato) e o tronco. Entre as suas principais
funções são importantes o suporte e movimentação da cabeça bem como a
proteção das estruturas do sistema nervoso e vascular. Ela combina força e
equilíbrio, ferramentas fundamentais que permitem o seu funcionamento. O
equilíbrio entre a força muscular e sua flexibilidade são essências, e qualquer
disfunção desse mecanismo desencadeia a dor. Dentro do cotidiano realiza 600
movimentos por hora, ou seja, 1 a cada 6 segundos. A lesão é caracterizada por
uma alteração ou deformidade tecidual diferente do estado normal do tecido, que
pode atingir vários níveis de tecidos, assim como os mais variados tipos de células.
As lesões ocorrem em função de um desequilíbrio fisiológico ou mecânico, por
trauma direto ou indireto, por uso excessivo de um determinado gesto motor, ou até
por gestual motor realizado de forma incorreta.
- Fraturas: é uma lesão na qual ocorre a ruptura do tecido ósseo. Uma
fratura de estresse é uma ruptura (geralmente pequena) que se desenvolve devido à
ação de forças prolongadas ou repetidas contra o osso. Quando um osso não puder
suportar a pressão exercida sobre ele, ocorrerá uma ruptura ou fratura óssea.
- Intoxicações: consiste em uma série de efeitos sintomáticos produzidos
quando uma substância tóxica é ingerida ou entra em contacto com a pele, olhos ou
membranas mucosas.
- Pérfuro-cortante: os acidentes de trabalho ocasionados por este material
são freqüentes, devido ao número elevado de manipulação, principalmente de
lâminas, e representam prejuízos aos trabalhadores.
- Perda auditiva (devido ao barulho da detonação): é a mais freqüente
doença profissional reconhecida desde a Revolução Industrial, sendo provocada, na
maioria das vezes, pelos altos níveis de ruído.
- Pneumoconiose (poeira inalada): doença respiratória provocada pela
inalação do pó de carvão por períodos prolongados. A pneumoconiose dos mineiros
de carvão ocorre em duas formas: simples e complicada (fibrose grave massiva). A
inalação do pó de carvão provoca essa doença. A forma simples geralmente não é
incapacitante, ao contrário da forma complicada. O tabagismo não aumenta a
prevalência da doença, mas pode ter um efeito prejudicial cumulativo na função
80

pulmonar. O risco de desenvolver a doença está relacionado à duração e à extensão


da exposição ao pó de carvão. A maioria dos trabalhadores afetados tem acima de
50 anos de idade. A incidência é em 6 de cada 100.000 pessoas.
- Bonquite e pneumonite (devido a produtos químicos, gases, fumaças e
vapores) bronquite química aguda: é uma inflamação dos brônquios causada,
geralmente, por uma infecção. Pode ser causada por várias espécies de poeiras,
vapores de ácidos fortes, amoníaco, alguns solventes orgânicos, cloro, sulfureto de
hidrogênio, dióxido de enxofre e brometo, substâncias irritantes da poluição, como o
ozone e o peróxido de azoto, o tabaco e outros fumos.
Dentre os vários tipos de acidentes de trabalho destacados acima, foram
coletados dados de 2008, do total de 303 acidentes ocorridos neste ano, apresenta-
se a seguir as regiões do corpo em que foram acometidas, como é possível observar
na tabela e gráfico 3, os seguintes dados:

Regiões Afetadas Quantidade


Membros superiores 63
Membros inferiores 45
Cabeça e pescoço 39
Coluna e região lombo- 76
sacra
Tórax e abdome 43
Outras 67
Total 12 meses 303
Tabela 3: Regiões afetadas em 2008
Fonte: Dados da empresa, 2010.
81

80 76
63 67
70
60
45 43
50 39
40
30
20
10
0
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C

Gráfico 3: Regiões afetadas em 2008


Fonte: Dados da empresa, 2010

É possível observar no gráfico 3 que as regiões do corpo mais afetadas


pelos acidentes de trabalho são: a coluna e região lombo-sacra (76 casos) durante o
ano de 2008 e em segundo lugar ficam outras regiões com 67 casos.
A tabela e gráfico 4 apresentam os dados das regiões do corpo afetadas
no ano de 2009.

Regiões Afetadas Quantidade


Membros superiores 23
Membros inferiores 51
Cabeça e pescoço 22
Coluna e região lombo- 32
sacra
Tórax e abdome 27
Outras 40
Total 12 meses 195
Tabela 4: Regiões afetadas em 2009
Fonte: Dados da empresa, 2010.
82

60 51
50
40
40 32 27
30 23
22
20
10
0
s es o ra e s
re or oç c om ra
rio ri c -s
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su in e m e
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em em ab eg
T
M C r
M e
a
un
ol
C

Gráfico 4: Regiões afetadas em 2009


Fonte: Dados da empresa, 2010

É possível observar no gráfico acima, que apesar das estatísticas de


acidentes de trabalho serem menores em 2009, as regiões do corpo mais afetadas
são os membros inferiores com 51 casos e outras partes não relatadas com 40
casos.
Comparando os dois anos, percebe-se que de um ano para o outro houve
menos acidentes de trabalhos e as regiões afetadas são diferentes, sendo que em
2008 a região do corpo mais afetada foi a coluna e a região lombo-sacra e em 2009
a região são os membros inferiores.
Buscando informações nos laudos da CAT, as estatísticas trazem
também os dados referentes a causa/objeto causador no acidente de trabalho, que
pode ser observado na tabela e gráfico a seguir.
A tabela e gráfico 5 apresentam as estatísticas da causa/objeto causador
do acidente de trabalho no ano de 2008.
83

Causa/objeto Causador Quantidade


Perfuro-cortante 85
Quedas e traumas 94
Material biológico 13
Doenças ocupacionais 62
Acidente de trajeto 16
Agressão física 02
Produto químico 10
Outros 21
Total 12 meses 303
Tabela 5: Causa/objeto causador em 2008
Fonte: Dados da empresa, 2010.

100 94
90 85
80
70 62
60
50
40
30 21
20 13 16
10
10 2
0
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Gráfico 5: Causa/objeto causador em 2008
Fonte: Dados da empresa, 2010

O gráfico 5, apresenta o objeto causador do acidente de trabalho em


2008, sendo que 94 casos são causados por quedas e traumas e 85 casos são por
materiais perfuro-cortantes. Estes acidentes podem oferecer riscos à saúde física e
mental dos trabalhadores.
84

A tabela e gráfico 6 apresentam as estatísticas da causa/objeto causador


do acidente de trabalho no ano de 2009.

Causa/objeto Causador Quantidade


Perfuro-cortante 11
Quedas e traumas 10
Material biológico 22
Doenças ocupacionais 40
Acidente de trajeto 61
Agressão física 0
Produto químico 20
Outros 31
Total 12 meses 195
Tabela 6: Causa/objeto causador em 2009
Fonte: Dados da empresa, 2010.

70
61
60
50
40
40
31
30 22 20
20
11
10
10
0
0
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D

Gráfico 6: Causa/objeto causador em 2009


Fonte: Dados da empresa, 2010

O gráfico 6, apresenta o objeto causador do acidente de trabalho em


2009, sendo que 61 casos são causados por acidentes de trajeto e 40 casos são por
85

doenças ocupacionais. Nota-se que houve um grande avanço nos objetos


causadores de acidentes de trabalho na carbonífera estudada. É provável que os
encarregados na segurança dos trabalhadores estão conseguindo conscientizar os
trabalhadores, é preciso apenas dar mais atenção às doenças ocupacionais e
principalmente aos acidentes de trajeto, fato este, que o trabalhador deve ter
cuidado, pois a maioria deles a empresa manda um ônibus para buscar e levar até
seu destino.
O conceito definido pela lei 8.213, de 24 de julho de 1991, da Previdência
Social determina, em seu Capitulo II, Seção I, artigo 19 que "Acidente de trabalho é
o que ocorre no exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do
trabalho dos segurados referidos no inciso VII do artigo 11 desta lei, provocando
lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou perda ou ainda a
redução permanente ou temporária da capacidade para o trabalho".
Também se inclui nestes casos, a chamada doença profissional mencionada
como "a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a
determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério
do Trabalho e da Previdência Social". O inciso II desse mesmo artigo define doença
do trabalho como sendo aquela "adquirida ou desencadeada em função de
condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione
diretamente", como também os acidentes de Trajeto, acidente sofrido pelo
trabalhador, ainda que fora do local e horário de trabalho como em viagem a serviço
da empresa, independente do meio de locomoção utilizado no percurso da
residência para o local de trabalho ou vice-versa, nos períodos destinados a refeição
ou descanso ou por ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas,
dentre outros.
Tal definição é questionável por exigir que haja uma lesão para que se
caracterize o acidente de trabalho, do ponto de vista prevencionista, o mesmo
caracteriza-se por ser um acontecimento imprevisto que suspende ou interfere no
procedimento de uma tarefa ou atividade, podendo trazer como conseqüência: perda
de tempo, danos materiais, lesões físicas e doenças profissionais.

6 CONCLUSÃO
86

Com esta pesquisa procurou-se apresentar os índices de acidentes de


trabalho nos anos de 2008 e 2009 em uma carbonífera de Forquilhinha - SC. Esta
demonstrou que em 2009 após a implantação de programas de medidas de
seguranças para a diminuição dos acidentes pela equipe de segurança do trabalho,
com os dados obtidos foi possível perceber que com o auxílio destes programas a
carbonífera atingiu bons resultados, sendo que no ano de 2009, os acidentes que
mais ocorreram foram acidentes de trajeto e acidentes ocupacionais. Houve uma
diminuição nos acidentes de perfuro-cortante, nas quedas e traumas, nos materiais
biológicos, nas agressões físicas, nos produtos químicos, entre outros que causam
gravíssimos problemas aos trabalhadores mineiros.
Estes programas ainda requerem melhorias, mesmo com os resultados
atingidos, demonstrando que houve melhoras nos índices, é preciso conscientizar a
mentalidade e comprometimento dos funcionários com a segurança do trabalho.
Esta pesquisa obteve algumas limitações, pois como as pesquisadoras
tinham como objetivo identificar a prevalência e motivos de acidentes de trabalho e o
índice de afastamento por acidente na área de mineração que ocorrem em uma
empresa carbonífera do município de Forquilhinha – SC no período de 2008 a 2009,
não foi possível apresentar os dados com os motivos de acidentes e as regiões do
corpo atingidas em cada mês durante os dois anos. A intenção era apresentar os
índices referentes aos meses, mas a empresa possuía nos documentos da CAT
apenas os índices totais de cada mês e os índices totais das regiões e objetos
causadores.
Recomenda-se para a carbonífera a montagem de uma equipe de
segurança do trabalho e de mais um enfermeiro especialista em enfermagem do
trabalho para fiscalizar e monitorar os acontecimentos bem como para reconhecer e
corrigir as condições de risco e atos inseguros identificados e não relatados na
carbonífera.
Sabe-se também que, em virtude do que diz a Lei, deve-se em primeiro
lugar utilizar todo o conhecimento para eliminar os riscos de acidentes, fazendo uso
dos equipamentos de proteção coletiva, para somente depois lançar mão dos
Equipamentos de Proteção Individual.
Também fala-se com freqüência, de erro humano a respeito dos
acidentes e, com essa expressão, aludimos aos erros dos executantes. Em muitos
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casos, o erro humano é dos dirigentes econômicos e técnicos que constroem,


conversam e fazem funcionar sistemas muito complexos, ignorando as
características físicas e psíquicas das pessoas que empregam. Os dirigentes
confiam muito em um trabalho prescrito, formalizado em um regulamento, e a gestão
dos sistemas complexos só é considerada em termos de aplicações de regulamento
ou de desvios relativos a ele.
Os trabalhadores não dispõem quando precisam, sob uma forma
adequada, das informações claras é pertinente necessária às suas tomadas de
decisões. A importância das informações ocupacionais defensivas, sob uma forma
simples, sempre com a participação do próprio trabalhador, tanto na elaboração
destas informações, quanto na sua divulgação rotineira e cumprimento, é a base
para o bom trabalho que será executado de forma adequada, dentro das normas e
com segurança.
O estudo que ora se encerra contribuiu para dar início a uma reflexão
mais constante sobre a importância da elaboração efetiva de programas em uma
carbonífera.
A atenção com a segurança e preservação deve estar, decisivamente,
presente no cotidiano das pessoas, influenciando no seu modo de viver e de
trabalhar, condicionando a formação de uma visão de mundo.
O que se buscou, embora não se tenha esgotado o assunto, foi relacionar
os conceitos de segurança e saúde do mineiro com a busca de uma melhor
qualidade de vida, onde todos sejam ativos partícipes da rede do Universo.
Sob à luz do referencial teórico percebeu-se a longa caminhada dos
trabalhadores mineiros para alcançarem uma legislação mais digna e justa, uma
vida com menos riscos. Por que, então, não usufruir dela? A elaboração participativa
dos programas de segurança contribuem para a maior segurança do trabalhador e
do ambiente.
Todas essas questões têm conseqüências para além do espaço da
carbonífera que pretende ter um trabalhador mais feliz e consciente que poderá
melhorar sua qualidade de vida, de sua família e comunidade, além de divulgar a
nova prática na comunidade.
Segundo Kanaane (1994, p. 51), “o processo de participação dos
empregados proporciona benefícios como o aumento da eficácia e da produtividade,
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a valorização da auto-estima dos indivíduos e o direcionamento para a auto-


realização, entre outros”.
Verificou-se, por fim, que alguns passos, rigorosamente planejados,
poderiam contribuir para a efetivação interativa dos programas na carbonífera em
estudo, desde que envolvam ativamente a coletividade dos trabalhadores em todo o
processo. Pois a educação assume importância excepcional em aspectos muito
amplos, a educação da administração, alta supervisão e técnico, para que os
programas adequados possam ser postos em prática, e para que os aspectos
técnicos da segurança sejam devidamente levados em consideração nos processos
carboníferos, nos trabalhos em geral e, principalmente, nas inovações da mineração.
O serviço de segurança deve estabelecer a ordem de prioridade das matérias e
atribuir responsabilidades na execução do plano. Grande número de futuros
problemas podem ser prevenidos durante a execução dos trabalhos, desde que
sejam aplicados pelo menos os princípios fundamentais de segurança do trabalho,
refletindo também como fator econômico, pois muitos acidentes que viriam no futuro
a onerar o custo operacional, deixam de ocorrer.
89

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ANEXO - FORMULÁRIO DA CAT

Fonte: Previdência Social

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