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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS - UNISINOS

UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO


CURSO DE ADMINISTRAÇÃO – HABILITAÇÃO EM COMÉRCIO EXTERIOR

CRISTIANE MAGNUS ORIGEM VICENTE

SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO NA CONSTRUÇÃO CIVIL DO


LITORAL NORTE DO RS

SÃO LEOPOLDO
2013
CRISTIANE MAGNUS ORIGEM VICENTE

SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO NA CONSTRUÇÃO CIVIL DO


LITORAL NORTE DO RS

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado como requisito parcial para
a obtenção do título de Bacharel em
Administração com ênfase em Comércio
Exterior, pelo Curso de Administração
da Universidade do Vale do Rio dos
Sinos - UNISINOS

Orientadora: Profª. Ms. Helena B. Toschi de Cortez

SÃO LEOPOLDO
2013
A Deus.
AGRADECIMENTOS

Ao concluir este trabalho, desejo agradecer...

... ao meu Deus, por nunca ter me deixado desistir dos meus objetivos,
pela força incomensurável que tem depositado em mim...

... ao meu pai, Elemar Teixeira Origem, que, mesmo não estando presente
fisicamente, esteve presente espiritualmente, em todos os momentos da minha
jornada de trabalho...

... à minha orientadora, Helena Toschi, pela condução prestada neste


estudo, através do seu pleno conhecimento sobre o tema...

... e ao meu marido, Joel Vicente, por ter estado sempre ao meu lado, com
sua paciência, me incentivando.
“O trabalho nunca será satisfatório quando se sabe que acidentes podem
ocorrer e nada se é feito para preveni-los”. (ZOCCHIO, 2002, p. 18).
RESUMO

Acidentes de trabalho, na construção civil, têm ocorrido por falta de ações


e de medidas efetivas para a promoção da Saúde e da Segurança do
Trabalhador (SST). O presente trabalho visa conhecer o funcionamento da
fiscalização em SST, na construção civil, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul,
especificamente, nos municípios de Tramandaí e Capão da Canoa. Pretende,
ainda, investigar as condições da segurança do trabalhador nas construções e
almeja demonstrar a estrutura da fiscalização, por parte do Ministério do
Trabalho e Emprego, para as ações nessas regiões. Também, quer reconhecer
como as empresas da construção civil conduzem as ações em SST, no Litoral. A
pesquisa qualitativa empregou o método de análise de conteúdo, na perspectiva
de Bardin (1995); foram feitas entrevistas, com roteiro semiestruturado, além de
observações. Os resultados obtidos confirmaram os suspeitados pela autora,
visto que se evidenciaram: a desestruturação, quanto à fiscalização da
Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) de Porto Alegre/RS;
a ausência da correspondência do aparato dos órgãos competentes para região
mencionada; e, por fim, a carência de condições seguras nos locais laborais.
Portanto, é perceptível a inexistência de atos preventivos, a ciência da seriedade
dos fatos ocorridos, por conta da irresponsabilidade de empregadores, de
empregados e de Auditores Fiscais do Trabalho (AFT) e a insuficiência de
informações minimizadoras de riscos que provêm de instrutores, de educadores
e de capacitores. Concluiu-se, neste trabalho, que é possível a redução dos
acidentes de trabalho com a atuação permanente e multidisciplinar de todos os
elos, que são responsáveis por disseminar a cultura em SST.

Palavras-Chave: Ações Prevencionistas. Construção Civil. Fiscalização. Saúde.


Segurança do Trabalho.
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Classificação da construção civil...........................................................16


Quadro 2 - Normas e leis em SST aplicáveis à construção civil...........................19
Quadro 3 - Entrevista com os operários da construção civil..................................33
Quadro 4 - Entrevista com proprietários de empresas da construção civil...........35
Quadro 5 - Entrevista com o chefe da fiscalização da SRTE/RS..........................39
LISTA DE SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


AFT Auditores Fiscais do Trabalho
CC Construção Civil
CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
CLT Consolidação das Leis do Trabalho
CREA Conselho Regional de Engenharia e Agronomia
DSST Divisão de Saúde e Segurança do Trabalho
EPC Equipamento de Proteção Coletiva
EPI Equipamento de Proteção Individual
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICMS Imposto Sobre Circulação de Mercadorias
INSS Instituto Nacional de Seguridade Social
LN Litoral Norte
LTCAT Laudo Técnico das Condições Ambientais do Trabalho
MPAS Ministério da Previdência Social
MTE Ministério do Trabalho e Emprego
NBR Normas Brasileiras de Regulação
NR Normas Regulamentadoras
OHSAS Occupational Health and Safety Assessment Services
OIT Organização Internacional do Trabalho
PCMAT Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na indústria da
Construção
PCMSO Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional
PDCA Plan – Do – Check - Act
PNSST Política nacional de Saúde do Trabalhador e Trabalhadora
PPCI Programa de Prevenção de Combate à Incêndio
PPRA Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
PPRA Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
RIT Regulamento da Inspeção do Trabalho
SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas empresas

SESMT Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina


do Trabalho
SGSST Sistema de Gestão em Saúde e Segurança do Trabalho
SINAIT Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho
SIPAT Semana Interna de prevenção de Acidentes do Trabalho
SIT Secretaria da Inspeção do Trabalho
SRTE Superintendência Regional do Trabalho e Emprego
SST Saúde e Segurança do Trabalho
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................10
1.1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA.............................................................................12
1.2 OBJETIVOS.........................................................................................................12
1.2.1 Objetivo Geral.................................................................................................12
1.2.2 Objetivos Específicos....................................................................................12
1.3 JUSTIFICATIVA...................................................................................................13
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.............................................................................14
2.1 HISTÓRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL................................................................14
2.2 GESTÃO DA SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO EM
CONSTRUTORAS.....................................................................................................18
2.3 FISCALIZAÇÃO E A CONSTRUÇÃO CIVIL......................................................23
2.4 FISCALIZAÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL DO LITORAL NORTE DO RIO
GRANDE DO SUL......................................................................................................25
3 MÉTODOS E PROCEDIMENTOS.........................................................................29
3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA......................................................................29
3.2 DEFINIÇÃO DA UNIDADE DE ANÁLISE..........................................................29
3.3 TÉCNICA DE COLETA DE DADOS...................................................................30
3.4 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE DADOS...............................................................30
3.5 LIMITAÇÕES DO MÉTODO...............................................................................31
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS..............................................................33
4.1 COLETA DE DADOS...........................................................................................33
4.2 ANÁLISE DOS DADOS.......................................................................................40
4.2.1 Funcionamento da Fiscalização nas Obras da Construção Civil do
Litoral Norte..............................................................................................................41
4.2.2 Condições de Trabalho nas Obras da Construção Civil do Litoral
Norte...........................................................................................................................44
4.2.3 O Que é feito pelas Empresas para Garantir a Saúde e a Segurança no
Trabalho.....................................................................................................................46
5 CONCLUSÃO.........................................................................................................51
REFERÊNCIAS..........................................................................................................53
11

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem por finalidade abordar os aspectos legais da


segurança e da saúde do trabalho, no que se refere, especificamente, à
construção civil no Litoral Norte (LN), nos municípios de Tramanda/RS e de
Capão da Canoa/RS.
As ações para prevenir acidentes de trabalho são condicionadas ao
interesse financeiro dos empresários, ficando relegadas, por vezes, a um
segundo plano. Os riscos existentes nos ambientes de trabalho, que necessitam
ser eliminados, neutralizados ou minimizados, continuavam existindo, há
algumas décadas atrás, porque, antes de tudo, o processo de produção
capitalista não podia parar e o Estado mostrava-se omisso, nesse ponto.
Entretanto, o Poder Público vem mudando consideravelmente suas
concepções, no que concerne ao tema em questão. A Constituição Federal de
1988, em seu art. 7º, XXII, dá proteção ao trabalhador, assegurando-lhe o direito
social de saúde e segurança, no exercício de suas atividades. (BRASIL, 1988).
Com efeito, a execução da atividade laboral deve ocorrer em condições seguras,
de responsabilidade dos empregadores, sendo realizada a inspeção por
profissionais da Saúde e Segurança do Trabalho, conforme a Consolidação das
Leis do Trabalho (Decreto-Lei nº 5.452) prevê, desde idos da década de 1940 do
século passado (arts. 154 e seguintes). (BRASIL, 1943).
Para Massera (2005), a gestão em saúde e segurança do trabalho não
pode ser alcançada apenas com programas, mas, com mudanças contínuas de
comportamento. Portanto, a ausência de treinamento do empregado ou a
situação de desvio de função; a ausência de vigilância, na execução da tarefa,
de forma segura; a ausência de fornecimento e de obrigatoriedade do uso do
Equipamento de Proteção Individual (EPI) e a ausência de preocupação
ambiental e de equipamento de proteção coletiva (EPC) são causas evidentes
para acidentes constantes.
O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) obriga os empresários a um
gerenciamento da saúde e da segurança de seus subordinados, por meio das
Normas Regulamentadoras, especialmente, o PCMAT (NR 18). Para tanto, há
necessidade de identificar as atividades, reconhecer os riscos e propor medidas
12

eficazes para minimizar problemas associados e evitar acidentes. (BRASIL,


2013).
O Ministério Público do Trabalho, outro órgão fiscalizatório, por sua vez,
tem a função de tutelar os direitos dos trabalhadores, buscando o tratamento
adequado para os atuais e futuros empregados. Por serem obrigações do
empregador, cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e saúde dos
empregados, conclui-se que as empresas não podem violar, impunemente, a
legislação trabalhista, gerando, com essa conduta, manifesto risco à saúde e à
integridade física dos seus trabalhadores.
Ao observar a situação em que se encontra a segurança do trabalhador na
construção civil, percebe-se o crescente número de obras, em detrimento da
fiscalização do cumprimento da legislação protetiva da saúde e segurança do
trabalhador, uma estrutura acanhada para essa demanda. Tal evidência,
entretanto, há de ser confirmada através de uma pesquisa exploratória do
problema em questão - proposta do estudo que se pretende desenvolver.
Conforme os últimos dados divulgados pelo MPAS/INSS, de 2010, dos
701.496 acidentes de trabalho ocorridos no Brasil, 22,4% (156.853) estão na
região Sul - a segunda maior região com números de acidentes ocorridos, depois
da região Sudeste, com 54% (378.564). O Rio Grande do Sul está em 3º lugar no
ranking (242.271) e, em segundo, aparece Minas Gerais, com 11% (74.763). No
setor da indústria na Construção Civil, são 7,8% (54.664) de acidentes no Brasil,
ficando em segundo lugar no ranking geral, com 44% (307.620) de ocorrências;
após, verifica-se o setor de serviços, com 47,3% (331.895), líder em números de
registros. (ANUÁRIO ESTATÍSTICO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL, 2010).
Portanto, a falta de treinamento do empregado ou a situação de desvio de
função; a ausência de vigilância, na execução da tarefa, de forma segura; a
ausência de equipamento de proteção coletiva (EPC); a precariedade no
fornecimento e na obrigatoriedade do uso do equipamento de proteção individual
(EPI); e a ausência de preocupação ambiental, provavelmente, são causas para
acidentes frequentes.
No desenvolvimento teórico, serão apresentados temas, como: saúde e
segurança para o trabalhador na construção civil, prevenção de acidentes, dados
sobre a fiscalização da SRTE. Buscou-se abranger a responsabilidade com SST,
13

na opinião do trabalhador, do empresário da construção civil - CC no LN e do


fiscal.

1.1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

Aparentemente, acidentes têm ocorrido devido ao não atendimento das


normas que regulamentam a Segurança do Trabalho, tanto por empregadores,
quanto por empregados. A precariedade da fiscalização dos órgãos
governamentais responsáveis pela vigilância à saúde e à segurança do
trabalhador colaboram para o não cumprimento dos dispositivos legais e a
implementação de medidas preventivas contra o adoecimento e os acidentes no
trabalho.
Saber se esse quadro é real - e se atinge a segurança e a saúde dos
trabalhadores da construção civil, no Litoral Norte do RS - constituem o problema
de pesquisa. Portanto, apesar do incremento de obras no Litoral do Rio Grande
do Sul, há a correspondência do aparato da fiscalização dos órgãos competentes
para instruírem empregadores e empregados, na questão que se refere à Saúde
e Segurança no Trabalho?

1.2 OBJETIVOS

A seguir, são apresentados os objetivos - geral e específicos - do presente


estudo.

1.2.1 Objetivo Geral

Conhecer o funcionamento da fiscalização em Saúde e Segurança no


Trabalho da Construção Civil, no Litoral Norte do RS, especificamente nos
municípios de Tramandaí e Capão da Canoa.

1.2.2 Objetivos Específicos

a) evidenciar as condições na segurança do trabalhador, nas


construções do Litoral Norte do Rio Grande do Sul;
14

b) demonstrar a estrutura da fiscalização, por parte do MTE, para as


ações na região;
c) reconhecer como as empresas da construção civil conduzem as
ações em Saúde e Segurança no Trabalho, no Litoral.

1.3 JUSTIFICATIVA

O tema foi escolhido por configurar um assunto de suma importância para


os trabalhadores e os proprietários de empresas. O interesse se deve ao fato de
que se observa um crescimento desordenado e frenético das Indústrias da
Construção Civil, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul.
Acredita-se que existem formas de evitar os acontecimentos indesejáveis,
através das atitudes dos empregadores e dos empregados. Zocchio (2002, p. 17)
explica que:

A segurança do trabalho é um conjunto de medidas indispensáveis para a


execução de qualquer trabalho, tendo como principal finalidade evitar a
criação de condições inseguras e corrigi-las quando existentes nos locais ou
meios de trabalho, bem como preparar as pessoas para a prática da
prevenção de acidentes. Portanto, é dever de todos prevenir acidentes de
trabalho, uma vez que todos estão sujeitos a correr riscos.

A Segurança no Trabalho dignifica o homem e a sua produção,


conservando sua integridade física. A satisfação em trabalhar com segurança faz
com que a produtividade aumente e gere maior confiabilidade.
Acidente de Trabalho, Fiscalização do Trabalho e Segurança do Trabalho
são assuntos que envolvem todo Comércio Exterior, pois, se trata de uma
questão que interessa a todos trabalhadores, tanto pessoa jurídica ou pessoa
física. O assunto principal deste trabalho reside na falta de fiscalização, em que
estão incluídas as normas formuladas pela OIT, para a gestão da SST, no
sentido de criar situações de trabalho saudáveis e seguras.
15

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo se divide em etapas, a fim de entender a importância da


fiscalização do trabalho, nas construtoras do Litoral do Rio Grande do Sul.
Busca, ainda, reconhecer o cumprimento das normas que regulamentam a
prevenção de acidentes do trabalho. Primeiramente, se aborda a história da
construção civil, como princípio básico da necessidade do homem em construir e
como é classificada a construção civil, suas categorias e subcategorias.
Na segunda etapa, trata da Gestão da Saúde e Segurança do Trabalho e
o conjunto de normas legais, editadas com o propósito de definir medidas
práticas que resultem em melhorias para o empregado e o empregador. E, por
último, estuda a fiscalização do trabalho, como meio de contribuir para que
acidentes de trabalho na construção civil, sejam evitados.

2.1 HISTÓRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL

A necessidade de procurar abrigo levou o homem à escavação de pedras


e ao domínio de técnicas de como trabalhá-las. Aos homens primitivos, da Pré-
História e da Idade da Pedra, é atribuída essa habilidade.
Meirelles (1996) enfatiza que, depois da escavação da rocha, o homem
abateu a árvore e fez a choupana; lascou a pedra e construiu a casa;
argamassou a areia e ergueu o palácio; forjou o ferro e levantou o arranha-céu.
Oliveira et al. (2009) explicam que, na Antiguidade Clássica, a arquitetura
e o urbanismo praticados pelos gregos e romanos destacava-se bastante dos
egípcios e babilônios, na medida em que a vida cívica passava a ganhar
importância. De acordo com cada cultura, havia edificações para cultos e rituais,
como os templos; para comércio, como os mercados; ou espaços públicos, para
reuniões ou assembleias.
A construção hierarquizava sua mão de obra. Dividiu-se, comparando-se
às modalidades arquitetônicas militares, em planejadores, fiscalizadores e
executantes. Os escravos de guerra e a plebe eram quem se responsabilizava
pela mão de obra e o trabalho pesado; portanto, eram os executantes. Os
arquitetos e engenheiros planejavam e fiscalizavam as obras. (OLIVEIRA et al.,
2009).
16

A principal construção da época eram as catedrais, edificadas pela


população, num esforço comum construtivo. O conhecimento em construção
ficava com os mestres-obreiros, os quais realizam as obras, ou seja, eram
responsáveis pela construção em específico, também ajudando no planejamento.
(OLIVEIRA et al., 2009).
As construtoras de ofício utilizavam produção artesanal e constituíam-se
de aprendizes, oficiais jornaleiros (artesãos) e mestres. A partir do século XII,
surgiram as Corporações de Ofício, em cidades com população superior a dez
mil habitantes. Nessas corporações, as pessoas exerciam os mesmos ofícios,
sendo aceitas, inicialmente, para a função de aprendizes (que não tinham
salários) pelos mestres, os quais possuíam todas as ferramentas e matérias-
primas; além disso, seus salários eram regulamentados. (OLIVEIRA et al., 2009).
No fim da Idade Medieval, acontece a redescoberta de nova arquitetura, a
partir da antiga arquitetura romana. As técnicas construtivas sofreram avanços e
novos traçados surgiram.
A construção de grandes projetos arquitetônicos e cidades fez com que
surgissem os primeiros problemas de segurança. É, então, que surge a
necessidade de regulamentação técnica da construção, através de normas
legais. (OLIVEIRA et al., 2009).
As especialidades técnicas começaram no século XX, com a divisão em
departamentos, como os compostos de desenhistas, daqueles que operavam
máquinas, pedreiros, carpinteiros, etc., em que o arquiteto só ficava como
responsável pelo projeto. (OLIVEIRA et al., 2009).
Atualmente, conforme o item 7.02 da Lista de Serviços anexa à Lei
Complementar nº 116/2003, “Construção Civil é a execução, por administração,
empreitada ou subempreitada, de obras de construção civil, hidráulica ou elétrica
e de outras obras semelhantes”, o que inclui perfuração de poços, soldagem,
drenagem e irrigação, terraplanagem, escavação, pavimentação, concretagem,
montagem e instalação de peças, produtos e equipamentos. (BRASIL, 2003).
A construção civil, no Brasil, foi se desenvolvendo nos anos de 1940 e
1950, quando o país possuía a tecnologia da armação do concreto. Nos anos
cinquenta, começa a surgir a hierarquização dos funcionários, com consequente
divisão de tarefas. Em 1970, começou a era de grandes investimentos, através
de financiamentos que reduziam a deficiência de habitações populares,
17

proporcionando maiores produções técnicas, com grandes canteiros de obras


para obtenção da produção em escala. Os financiamentos começaram a diminuir
na década de 1980, quando as empresas ficaram responsáveis pelos seus
próprios empreendimentos, desde a projeção das obras até sua comercialização,
buscando a satisfação de seus clientes. (OLIVEIRA et al., 2009).
Para que fosse possível a diminuição dos preços, era necessária a
redução dos custos. Para isso, seria preciso diminuir o desperdício nas
construções, reduzir drasticamente as perdas, aumentar a produção, sobretudo,
empreender e inovar, através de técnicas diferenciadas e materiais menos
onerosos. Eis que surge, então, a terceirização, visando à redução nos gastos,
visualizando, também, uma ausência de vínculo entre empregado e empregador.
(OLIVEIRA et al., 2009).
Na década de 1990, inicia a ideia de qualidade, de capacitação maior dos
funcionários e de investimento motivacional, dentro das empresas.
A partir de 2007, a criação do Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC) permitiu um desenvolvimento no setor da construção civil. Em 2010, a
NBR 8950 (Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, 1985) cria uma
classificação da indústria da construção civil, dividindo-a em categorias e em
subcategorias, conforme o Quadro 1, que segue.

Quadro 1 - Classificação da construção civil

CATEGORIAS SUBCATEGORIAS
- Habitacionais;
- Comerciais e/ou administrativas;
- Industriais;
Obras de Edificação - Culturais e esportivas;
- Estações e terminais;
- Assistência, médico-social;
- Outras obras de edificações.
- Rodovias e infraestrutura rodoviária;
- Ferrovias e infraestrutura ferroviária;
Obras Viárias - Hidrovias e infraestrutura portuária;
- Pistas e infraestrutura aeroportuária;
- Outras obras viárias.
Obras Hidráulicas - Barragens;
- Sistema de saneamento;
- Sistema de irrigação;
18

- Sistema de drenagem;
- Outras obras hidráulicas.
- Implantação de indústria de transformação;
- Sistemas de exploração e transporte de recursos
naturais;
Obras de Sistemas Industriais - Sistemas de geração e transmissão de energia;
- Sistemas de comunicações;
- Outras obras de sistemas industriais;
- Sistemas de comunicações.
- Logradouros urbanos;
- Infraestrutura urbana;
Obras de Urbanização
- Paisagismo e ambientação urbana;
- Outras obras de urbanização.
- Terraplenos;
- Minas, poços e galerias;
Obras Diversas
- Contenções;
- Outras Obras.

Fonte: ABNT (2010).

O ramo da construção civil possui características próprias. Assim sendo,


requer normas de Segurança do Trabalho e a aquisição de atitudes sadias, por
parte do trabalhador da construção civil. Os trabalhadores da construção civil,
em 2003, segundo a pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), eram pessoas sem nenhuma instrução ou com baixo grau de
escolaridade, que não tinham sequer completado o ensino fundamental, ou seja,
não completaram oito anos de estudo. (IBGE, 2012).
Nos dias de hoje, a taxa de alfabetização está aumentando cada vez mais,
já que a exigência de experiência e de profissionais na área na construção civil
tem contribuído para que os trabalhadores invistam na sua qualificação para o
trabalho. A pesquisa mostra, ainda, que a maioria dos trabalhadores tinha idade
entre 25 a 49 anos, uma porcentagem de 64,3%; e, quanto à carteira assinada,
em 2011, apresentava-se um percentual de 40,2%, o que reflete um crescimento
nos últimos nove anos; em 2003 era de 25,5%. (IBGE, 2012).
A Alínea ‘b’, item 1.6, da NR-1, define o trabalhador como o recurso
humano que sofre o maior impacto das condições e dos ambientes de trabalho.
Por isso, espera-se que as Construtoras da Construção Civil adquiram
compromisso, na preservação da saúde de seus trabalhadores, tornando-se
necessário pensar na Gestão em SST, assegurando ao trabalhador condições de
19

trabalho seguras, saudáveis e produtivas, garantindo-lhe a melhor qualidade de


vida possível, no trabalho. (BRASIL, 1978).

2.2 GESTÃO DA SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO EM CONSTRUTORAS

A segurança do trabalho tem várias definições. Para Chiavenato (1999, p.


381),

Segurança do Trabalho é o conjunto de medidas técnicas, educacionais,


médicas e psicológicas, empregadas para prevenir acidentes, quer
eliminando as condições inseguras do ambiente, quer instruindo ou
convencendo as pessoas da implantação de práticas preventivas.

Na linha de prevenção de acidentes, Diniz (2005) define Segurança do


Trabalho como a ciência que, através de metodologias e de técnicas
apropriadas, estuda as possíveis causas de acidentes do trabalho, objetivando a
prevenção de sua ocorrência. Seu papel é assessorar o empregador, buscando a
preservação da integridade física e mental dos trabalhadores e a continuidade do
processo produtivo.
A definição de segurança do trabalho pode ser expressa de formas
diferentes pelos autores, porém, tem o mesmo propósito: pode ser entendida
como um conjunto de técnicas para a prevenção de acidentes, ou melhor, como
a ciência que estuda as causas dos acidentes, de modo que, com a
identificação, é possível a prevenção delas.
O conjunto de normas e leis que norteiam a construção civil são
mecanismos que procuram implementar ações que visem garantir a integralidade
da saúde do trabalhador, observando a definição de princípios, de estratégias e
de diretrizes.
As normas e leis possuem especificações técnicas ou critérios precisos,
elaborados de maneira técnica e legal, dotada de preceitos que regem o
funcionamento da Segurança do Trabalho, no âmbito da construção civil; são
criadas a partir de um conjunto de experiência e conhecimento, desenvolvido
desde uma prática geral, englobando trabalhadores, sociedade, empresas e
governo, conforme se pode ver no Quadro 2.
20

Quadro 2 - Normas e leis em SST aplicáveis à construção civil

LEI/NORMA REQUISITOS
- Prevenção de acidentes: EPI;
- Depósito, armazenamento e manuseio de combustíveis e
inflamáveis;
- Trabalho em escavações, túneis, galerias, minas e pedreiras;
- Proteção contra incêndio em geral e medidas preventivas
adequadas;
CLT - Proteção contra insolação, calor, frio, umidade e ventos;
- Proteção do trabalhador exposto a substâncias químicas nocivas,
radiações ionizantes e não ionizantes, ruídos, vibrações e
trepidações ou pressões anormais ao ambiente de trabalho;
- Higiene nos locais de trabalho, com discriminação das exigências;
- Emprego das cores nos locais de trabalho, inclusive, nas
sinalizações de perigo.
- Promover a saúde;
- Proteger a Integridade do Trabalhador, no local de trabalho;
- Atividade de prevenção, com equipe multidisciplinar;
- Engenheiro de Segurança do Trabalho;
NR 4 - SESMT
- Médico do Trabalho;
- Enfermeiro do Trabalho;
- Auxiliar de Enfermagem do Trabalho;
- Técnico de Segurança do Trabalho.
- Colaborar no desenvolvimento e na implementação do PCMSO e
PPRA e de outros programas, relacionados à segurança e à saúde
no trabalho;
NR 5 - CIPA
- Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho (SIPAT),
- Identificar e elaborar o Mapa de Risco;
- Requisitar à empresa as cópias das CAT emitidas.
- Estabelecer a obrigatoriedade de elaboração e implementação, por
parte de todos os empregadores e instituições que admitam
trabalhadores como empregados do Programa de Controle Médico
de Saúde Ocupacional - PCMSO, com o objetivo de promoção e de
NR 7- PCMSO preservação da saúde do conjunto dos seus trabalhadores;
- Estabelecer os parâmetros mínimos e diretrizes gerais a serem
observados, na execução do PCMSO, podendo os mesmos ser
ampliados, mediante negociação coletiva de trabalho.
- Planejamento anual com estabelecimento de metas, prioridades e
cronograma;
NR 9 - PPRA - Estratégia e metodologia de ação;
- Forma do registro, manutenção e divulgação dos dados;
- Periodicidade e forma de avaliação do desenvolvimento do PPRA.
- Elaboração e implementação do Programa de Condições e Meio
Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção (PCMAT);
- Estabelecer diretrizes administrativas, de planejamento e de
NR 18 -PCMAT organização, que objetivam a implementação de medidas de
controle e de sistemas preventivos de segurança nos processos,
nas condições e no meio ambiente de trabalho na Indústria da
Construção.

Fonte: Brasil (1943; 1978).


21

Ao Ministério do Trabalho, fica a incumbência de estabelecer normas que


ofereçam um embasamento técnico, visando à preservação da saúde e da vida
dos trabalhadores e à regulamentação referente aos diferentes ambientes
laborais. Para Waldhelm Neto (2012), o Programa de Condições e Meio
Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção (PCMAT):

[...] estabelece procedimentos de ordem administrativa, de planejamento e


de organização, que objetivam a implantação de medidas de controle e
sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio
ambiente de trabalho na Indústria da Construção.

Logo, o PCMAT é um procedimento indispensável para a elaboração de


medidas preventivas contra acidentes na construção civil, pois, se é possível
antecipar os riscos através da identificação, reconhecê-los e avaliá-los, também,
existe a possibilidade de controlá-los, reduzindo-os.
Conforme dispõe o art. 19, da Lei nº 8.213/91 (BRASIL, 1991):

Acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da


empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados, provocando lesão
corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou
redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.

Esse conceito da Previdência Social está baseado na lesão que causa o


afastamento do trabalhador, não sendo considerados os acidentes sem
afastamento e nem com perda material. Ou seja, o acidente de trabalho se dá
pela incapacidade de trabalhar, afastando o indivíduo de suas atividades,
temporária ou permanentemente.
Noutra linha, Zocchio (2001) afirma que acidente de trabalho pode ser
definido como ocorrências anormais e indesejáveis, no exercício do trabalho, que
possam interromper a atividade, interferir negativamente, também, em outras
atividades, agredindo os trabalhadores com pequenas lesões, ou até grandes
mutilações e, às vezes, com a morte, podendo causar diversos e consideráveis
prejuízos às empresas e contribuindo para o desequilíbrio socioeconômico da
nação.
Diferentemente da Previdência Social, considera-se o acidente como o
resultado de uma sequência de falhas, que começa com as influências
organizacionais, passa pelos aspectos da supervisão, por precondições de
22

ações inseguras - as chamadas falhas latentes - e, pelas próprias ações


inseguras, as denominadas falhas ativas. (REASON,1990).
A campanha para prevenção de acidentes do trabalho é uma das formas
para conscientização do risco que trabalhadores sofrem com seu trabalho, o que
serve, também, como alerta para todos os envolvidos. Na construção civil, estas
campanhas são para incentivar a prática de uma produção segura e fazer com
que as organizações envolvam-se em um projeto, para a criação de uma gestão
de segurança com vistas à proteção aos trabalhadores.
A CIPA tem a incumbência, dentre outras, de promover a Semana Interna
de Prevenção de Acidentes do Trabalho (SIPAT), anualmente, em conjunto com
o Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho
(SESMT) estimulando os funcionários à prática de ações preventivas relativas à
própria saúde e integridade física. (BRASIL, 2011).
A campanha para a preservação da vida mobiliza as pessoas pela SST e é
uma das formas de melhoria e de combate às más condições de trabalho a que
estão expostos os trabalhadores – requisitos, muitas vezes, desprezados pelas
empresas do setor.
O Tribunal Superior do Trabalho consagrou um acordo de cooperação
entre o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, o Ministério da Saúde, o
Ministério do Trabalho e Emprego, o Ministério da Previdência Social e a
Advocacia-Geral da União, tendo como objetivo a conjugação de esforços entre
os participantes, visando à implementação de programas e de ações nacionais,
voltadas à prevenção de acidentes de trabalho e ao fortalecimento da Política
Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho. (DALAZEN et al., 2011).
A Portaria nº 1823, de 23 de agosto de 2012, do Ministério da Saúde, que
institui a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (PNSST),
foi criada para regulamentar a qualidade salutar no ambiente do trabalho, que
deve ser disponibilizada a todos os trabalhadores e trabalhadoras, trazendo as
diretrizes e as estratégias a serem observadas nas três esferas do Sistema
Único de Saúde, que se referem à saúde do trabalhador, numa tentativa de
fortalecer todos os níveis de gestão, através desses princípios. (BRASIL,
[2012?]).
O fortalecimento da Vigilância em Saúde do Trabalhador, a garantia da
integralidade da atenção à saúde deste e a integração entre os componentes da
23

Vigilância em Saúde do mesmo, são os principais objetivos dessa política,


procurando conferir atribuições e padronizações aos responsáveis pela saúde e
pelas ações de promoção em saúde laboral. (BRASIL, [2012?]).
Outro aspecto importante, que quer minimizar os impactos do ambiente de
trabalho à saúde do trabalhador, é a fiscalização ou a inspeção do trabalho. A
fiscalização do trabalho tem como objetivo final a prevenção e a manutenção
adequada dos direitos trabalhistas dos empregados, cuja fundamentação legal
se examina na Constituição Federal de 1988 (art. 21, XXIV), onde está
consignado que compete à União organizar, manter e executar a inspeção do
trabalho. Também, é atribuída às autoridades competentes do Ministério do
Trabalho, ou àquelas que exerçam funções delegadas, “[...] a fiscalização do fiel
cumprimento das normas de proteção ao trabalho.” (BRASIL, 1988).
Cabe ao Auditor Fiscal do Trabalho (AFT) fazer cumprir a legislação em
SST na iniciativa privada. Toda essa regulamentação pretende garantir o
trabalho saudável e seguro.
Também, na linha da gestão do risco e promoção da SST há certificações,
como a Occupational Health and Safety - OHSAS. A Occupational Health and
Safety Assessment Services – OHSAS 18001 é um serviço de avaliação para um
sistema de gestão de SST, utilizado para ajudar as organizações a minimizar os
riscos de SST, através de uma ação de melhoria contínua, onde é avaliada e
certificada. (OHSAS, 2013).
O sistema de gestão prevê que o primeiro passo para sua implementação
seja o cumprimento dos dispositivos legais, vigentes na localidade onde está
implantado o empreendimento. A partir do cumprimento desse requisito,
estabelece os próximos passos, para implementar as melhorias necessárias ao
processo.
O sistema de gestão utiliza o PDCA como ferramenta de planejamento.
Pode-se definir o Plan-Do-Check-Act – PDCA como um ciclo de quatro estágios,
que envolve o planejar, o executar, o checar o que foi feito e o agir (ou tornar
regra). (GOVERNMENT OF SOUTH AUSTRALIA; [2012?]).
O planejamento é um mecanismo que serve para identificar o problema,
analisar e definir as metas a serem atingidas; em segundo plano, está a
execução, que significa ir em frente, com a implementação do plano; em terceiro,
conferir se o que está sendo feito está funcionando e, se não estiver, é preciso
24

voltar para o estágio de planejamento e refazer novos planos, a fim de resolver o


problema. Caso o que foi implantado esteja resultando conforme o esperado,
compete à última fase do ciclo agir para implantar mudanças, em uma escala
maior e integrar tais ações, em outras áreas de uma organização.
(GOVERNMENT OF SOUTH AUSTRALIA; [2012?]).
Moura (1997, p. 90) exemplifica o PDCA, como uma “[...] ferramenta da
qualidade que orienta a sequência de atividades para se gerenciar uma tarefa,
processo, empresa, etc.”
Segundo Campos (1996, p. 265), “[...] o PDCA é um método de
gerenciamento de processos ou de sistemas. É o caminho para se atingirem as
metas atribuídas aos produtos dos sistemas empresariais.”
PDCA é uma ferramenta importante da gestão da SST, idealizado
tecnicamente para ser algo capaz de trazer melhoria à empresa. Se devidamente
implantado e implementado, torna essa gestão eficaz, educativa e operacional.

2.3 FISCALIZAÇÃO E A CONSTRUÇÃO CIVIL

De acordo com Mannrich (1991), a origem da Inspeção do Trabalho pode


ser confundida com a própria origem do Direito do Trabalho, ao buscar o mesmo
objetivo, qual seja, o cumprimento das normas iniciais, uma vez que surgiu
quando o Estado passou a fiscalizar a aplicação das primeiras leis protetoras
dos trabalhadores.
A fiscalização é um recurso para a garantia de práticas seguras, a
vigilância e a promoção da vida do trabalhador e a manutenção do ambiente de
trabalho, adequado às rotinas laborais.
A criação da Inspeção do Trabalho, em conformidade com Moreira (2003),
ocorreu oficialmente na Inglaterra, em 1833, mediante a edição de lei, a primeira
realmente eficiente, no campo da SST, depois que a Revolução Industrial
transformou os processos de produção, com concentração de mão de obra,
piorando as condições do trabalho assalariado.
Em 1919, foi criada a Organização Internacional do Trabalho (OIT), com o
objetivo de promover, em escala mundial, os direitos no trabalho e a criação de
condições equânimes de competitividade na indústria. (OIT, 2010).
25

Segundo o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (SINAIT,


2012), o Brasil marca 120 anos de Inspeção do Trabalho. A Consolidação das
Leis do Trabalho (CLT) entrou em vigor, por meio do Decreto nº 5.452, de 1º de
maio de 1943, que reuniu os direitos do trabalhador em um só documento,
detalhado e abrangente. (BRASIL, 1943).
Com as exigências estabelecidas pela CLT, foram criados os cargos de
Inspetores do Trabalho, compostos de Engenheiros de Segurança e Médicos do
Trabalho. Com a Constituição Federal de 1988, se estabelece como competência
exclusiva da União, a “[...] organização, manutenção e execução da Inspeção do
Trabalho.” (SINAIT, 2012).
A Fiscalização nos ambientes de trabalho deve ser feita por Auditores
Fiscais do Trabalho, profissionais concursados, especialistas nas áreas de
Direito do Trabalho, Medicina do Trabalho e Engenharia de Segurança. (SINAIT,
2012).
A Auditoria Fiscal do Trabalho tem a missão de atuar, de forma preventiva
e, muitas vezes, rigorosa, impondo sanções aos empregadores que não
cumprem a legislação concernente à segurança e à saúde dos trabalhadores nas
empresas. A correção de irregularidades, acompanhada da devida orientação,
visam apontar e corrigir as irregularidades que são encontradas nos mais
diversos ambientes laborais e em máquinas e equipamentos a que estão
expostos os trabalhadores.
A normalização e a regulamentação do Programa de Prevenção de Riscos
Ambientais (PPRA), Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional
(PCMSO), Programa de condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da
Construção (PCMAT), Programa de Prevenção de Combate à Incêndio (PPCI),
Laudo Técnico das Condições Ambientais do Trabalho (LTCAT), programas que
servem para identificação, reconhecimento, avaliação e controle dos riscos a que
estão expostos trabalhadores, nos ambientes laborais, e que devem ser
atualizados regularmente, por pessoas habilitadas, funcionando como elementos
de apoio à gestão da segurança e da saúde dos trabalhadores, dentro das
empresas. (ABDALLA, [2012?]).
O objetivo da fiscalização é o de supervisionar o ambiente dos canteiros
de obra, para manter a devida regulamentação e para o desenvolvimento de
práticas de processos que reduzam e/ou eliminem fatores de risco. Para isso, os
26

agentes da fiscalização têm a responsabilidade de informar os órgãos


competentes sobre as condições de trabalho encontradas.
De acordo com a NR 28, o agente do trabalho deverá:

[...] propor de imediato à autoridade regional competente a interdição do


estabelecimento, setor de serviço, máquina ou equipamento, ou o embargo
parcial ou total da obra quando constatar situação de grave e iminente risco
à saúde ou integridade física do trabalhador, adotando medidas para a
correção das situações de risco. (BRASIL, 2012).

A atuação e a fiscalização dos Auditores Fiscais do Trabalho (AFT) visam


à orientação sobre disposições legais, atos normativos, acordos e convenções
concernentes à proteção dos trabalhadores, nos mais diversos ambientes
laborais, de acordo com as diretrizes e as normativas emanadas da autoridade
nacional, competente na matéria de fiscalizar e de inspecionar o trabalho. A
orientação, a prevenção e o saneamento de infrações à legislação trabalhista,
além do cumprimento das leis de proteção ao trabalho, são tópicos típicos a
serem observados pelos órgãos governamentais fiscalizadores, na figura dos
seus AFT.
O AFT tem como missão verificar as irregularidades que estejam
ocorrendo no ambiente de trabalho. É atributo dos órgãos regionais a adoção de
medidas que apresentem um caráter educativo e preventivo, como forma de
minimizar, reduzir ou eliminar riscos que possam ameaçar a vida dos
trabalhadores.
Os altos custos, as sequelas e as mazelas deixadas pelos acidentes e
pelas doenças adquiridas pelos trabalhadores da indústria da construção civil,
têm feito com que o empresariado repense conceitos e atitudes voltadas para a
prevenção de tais sinistros, transformando, dessa forma, a realidade dos
canteiros de obras.

2.4 FISCALIZAÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL DO LITORAL NORTE DO RIO


GRANDE DO SUL

O MTE é o órgão responsável pela fiscalização e pela aplicação das leis


trabalhistas, tendo como dever a aplicação das sanções aos descumpridores de
referidos preceitos normativos, assim como zelar pela SST. Nascimento (2007)
27

comenta que o órgão teve várias alterações em sua estrutura organizacional,


desde a sua criação: começou chamando-se de Ministério, Indústria e Comércio
(1930); depois foi Ministério do Trabalho e Previdência Social (1990); em 1992,
passou a se denominar Ministério do Trabalho e da Administração; atualmente, a
nomenclatura de tal órgão fiscalizatório é Ministério do Trabalho e Emprego.
O exercício das funções institucionais do MTE, relacionadas à inspeção do
trabalho, são atribuições dos ocupantes do cargo de Auditor Fiscal do Trabalho,
subordinados tecnicamente à Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) e,
administrativamente, às Superintendências Regionais do Trabalho e Emprego
(SRTE) de cada Estado. As SRTE são órgãos não centralizados do MTE,
responsáveis pela fiscalização da legislação trabalhista, junto às empresas.
(MACIEL, 2010).
Conforme Maciel (2010), fica possível definir a finalidade da Inspeção do
Trabalho, cotejando os quatro diplomas legais encontrados no ordenamento
jurídico sobre o tema, sendo eles: a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),
especialmente, em seu art. 626; a Convenção nº 81 da OIT, ratificada pelo
Brasil; o Regulamento da Inspeção do Trabalho (RIT), promulgado,
originariamente, pelo Decreto nº 55.841, de 15 de março de 1965 e, atualmente,
em vigor, através do Decreto n. 4.552, de 27 de dezembro de 2002 e pela Lei
n.10.593, de 6 de dezembro de 2002, que dispõe sobre a carreira da Auditoria
Fiscal do Trabalho.
O art. 626 da CLT incumbe às autoridades competentes do Ministério do
Trabalho, Indústria e Comércio, ou àquelas que exerçam funções delegadas, a
fiscalização do fiel cumprimento das normas de proteção ao trabalho. (BRASIL,
1943).
A Convenção nº 81 da OIT determinou a finalidade da Inspeção do
Trabalho (MACIEL, 2010):

a) velar pelo cumprimento de todos os dispositivos legais relacionados ao


trabalho e à proteção dos trabalhadores;
b) assessorar empregados e empregadores sobre o cumprimento da
legislação trabalhista;
c) levar ao conhecimento das autoridades os abusos praticados, em relação
às situações não previstas em lei.
28

Para situar o cenário da fiscalização no Litoral Norte, buscaram-se


informações no próprio município, uma vez que não há dados disponíveis na
literatura, nem no portal do MTE. As fontes de informação foram o Sindicato dos
Trabalhadores da Construção Civil do Litoral Norte e a Superintendência
Regional do Trabalho e Emprego (SRTE), em Porto Alegre/RS.
Percebe-se a precariedade da fiscalização no Litoral, ao se verificar que
não existe uma fiscalização fixa para assegurar suporte às empresas e aos
trabalhadores. O chefe da Segurança e Saúde do Trabalho admite que o
funcionamento, nessa região, é ineficiente, por não ter um posto de atendimento
com lotação de um auditor fiscal específico e permanente.
As informações repassadas pelo SRTE do Rio Grande do Sul são de que
não há um número correto de acidentes de trabalho, devido à existência de mais
de 50% de trabalhadores informais. O MTE estima que o número de acidentes
do trabalho registrados, no Brasil, pode ser o dobro do que consta nos índices
oficiais.
Como um importante ascendente polo de obras e de construções em
andamento, o Litoral Norte está praticamente desassistido pela fiscalização do
MTE, ficando claro que a fiscalização de obras dá-se somente quando houver
denúncias graves e consideradas consistentes, inexistindo uma fiscalização
preventiva.
Na visão do Auditor Fiscal do Trabalho, Sr. Marco Antônio, chefe da
Saúde e Segurança do Trabalho do MTE/RS, mais de 80% das empresas do
Litoral Norte possuem irregularidades, sendo a cidade considerada menos
irregular a de Capão da Canoa 1, por ser a mais frequentada pelos fiscais, no
veraneio.
Zocchio (2001) explica a importância do risco que a empresa corre, ao
descumprir as NRs, das penalidades a que está sujeita e quanto custará à
empresa se for autuada e tiver de pagar multas, pelo descumprimento das
normas de segurança e de saúde no trabalho.
Assim como as normas, os mecanismos de punição dos infratores também
deveriam ser repensados, já que, historicamente, a atribuição de multas e a

1
Informação coletada na entrevista com o chefe da Saúde e Segurança do Trabalho do MTE,
realizada em Porto Alegre, no dia 18 de outubro de 2012.
29

proposição de ações trabalhistas individuais eram tidas como mecanismos


ineficazes para coibir os abusos praticados pelos empregadores. (OLIVEIRA,
1994; DAL ROSSO, 1996 apud SCOPINHO, 2003, p. 163).
Segundo Gomes (1999), para funcionar com eficácia, a inspeção deve
estar aliada a um movimento sindical forte e independente e a uma Justiça do
Trabalho ágil e atuante.
30

3 MÉTODOS E PROCEDIMENTOS

Neste capítulo, apresenta-se o método da pesquisa que foi utilizado para


responder aos objetivos propostos. Foram realizadas entrevistas em
profundidade, pesquisas em diferentes fontes documentais e observação
participante da autora, com o intuito de aprofundar os conhecimentos sobre o
tema abordado, possibilitando o alcance dos objetivos.

3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA

Trata-se de uma pesquisa exploratória, de natureza qualitativa, que visa


entender melhor o funcionamento da fiscalização dos órgãos competentes no
Litoral do RS, por meio de entrevistas com roteiro semiestruturado com
trabalhadores, empregadores da CC, bem como AFT.
A pesquisa exploratória tem “[...] como objetivo proporcionar maior
familiaridade com o problema”. (GIL, 1991, p. 45). Realiza um estudo, com a
finalidade de alcançar uma melhor compreensão sobre o problema, buscando a
construção de hipóteses ou ideias. É utilizada para a explicação, através de
descoberta, daquilo que não estava sendo aceito, apesar de evidente.
Esta pesquisa envolve levantamento bibliográfico e entrevista, sendo de
natureza qualitativa. “A análise qualitativa apresenta características particulares,
sendo válida na elaboração das deduções específicas sobre um acontecimento
ou uma variável de inferência precisa - e não em inferências gerais”. (BARDIN,
1995, p. 115).

3.2 DEFINIÇÃO DA UNIDADE DE ANÁLISE

A pesquisa se aplicou junto às construções nos municípios de Tramandaí


e Capão da Canoa, localizados no Litoral Norte do Estado do Rio Grande do Sul.
Os sujeitos da pesquisa são trabalhadores e proprietários de empresas de
construção civil, da região Norte do Litoral do RS e AFT.
As unidades de análise são suas falas obtidas por meio das entrevistas,
com roteiro semiestruturado.
31

3.3 TÉCNICA DE COLETA DE DADOS

A coleta de dados ocorreu no período entre março e abril de 2013. A


pesquisadora percorreu alguns empreendimentos e convidou trabalhadores e
empresários da CC para responder a entrevista, que foi gravada e,
posteriormente, transcrita, literalmente. O AFT foi contatado pela pesquisadora,
em dois momentos. Sentiu-se à vontade para responder à entrevista somente no
segundo encontro, em Porto Alegre/RS. Sua entrevista foi gravada e transcrita,
literalmente.
Outros dados foram coletados a partir da observação participante da
autora, em obras do LN, onde reside.

3.4 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE DADOS

Como técnica de análise de dados, empregou-se a análise de conteúdo,


que serve para descrever e interpretar o conteúdo de toda classe de documentos
e textos, através dos dados coletados. Segundo Roesch (2010), permite-se
entender os pensamentos dos entrevistados quanto ao que acontece, às suas
experiências e às suas percepções básicas. A observação participante, também,
propicia ao pesquisador analisar, com profundidade e detalhe, os respectivos
eventos, descrevendo o que aconteceu e a forma como ocorreu.
A análise de conteúdo pode ser utilizada para descrever a diversidade das
comunicações, para comparar as alegações dos envolvidos na entrevista, para
identificar as intenções e descobrir as atitudes e as formas como reagem à
entrevista.
Bardin (1994 apud MARTINS; LINTZ, 2012, p. 47) cita a Análise de
Conteúdo como:

[...] um conjunto de instrumentos metodológicos, cada vez mais sutis em


constante aperfeiçoamento que se aplicam a discursos (conteúdos e
continentes) extremamente diversificados. O fator comum destas técnicas
múltiplas e multiplicadas – desde o cálculo de frequências que fornece
dados cifrados, até a extração de estruturas traduzíveis em modelos – é
uma hermenêutica controlada, baseada na dedução: a inferência. Enquanto
esforços de interpretação, a análise de conteúdo oscila entre dois polos do
rigor da objetividade e da fecundidade da subjetividade.
32

Por definição, tem-se um conjunto de instrumentos metodológicos


baseados na dedução: a inferência, que é a interpretação confiável de dados e
informações. Ademais, Bardin (1995, p. 42) refere que a análise de conteúdo
pode ser definida como um conjunto de técnicas de análise das comunicações,
com a pretensão de obter, “[...] por procedimentos, sistemáticos e objetivos de
descrição do conteúdo das mensagens que permitam a inferência de
conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas)
destas mensagens”.
Os procedimentos de análise qualitativa, para Bardin (1995), implicam três
etapas diferentes, a saber:

a) a pré-análise, que correspondente a um período de intuições, com a


finalidade de tornar operacionais e sistematizar as ideias iniciais, de
maneira a conduzir a um esquema preciso de desenvolvimento das
operações sucessivas, em um plano de análise;
b) exploração do material, que consiste, essencialmente, em operações de
codificação, desconto ou enumeração, em função de regras
previamente formuladas;
c) e, por fim, o tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação,
tendo em sua disposição, resultados significativos e fiéis, podendo,
então, propor inferências e adiantar interpretações, a propósito dos
objetivos.

No capítulo quatro, a análise de conteúdo explicita o processo de


descrição e de compreensão do material coletado nas entrevistas e na
observação da pesquisadora.

3.5 LIMITAÇÕES DO MÉTODO

O método qualitativo não permite generalizações, já que a amostra não é


estatística. Segundo Kunes (1991 apud CRESWELL, 2007, p. 147), “[...] os
resultados dos estudos qualitativos podem estar sujeitos a outras
interpretações”.
33

Por se tratar de um estudo de natureza qualitativa, as inferências são


pertinentes aos sujeitos participantes desta pesquisa. Com isso, não se constrói
um panorama da SST, na CC do Litoral Norte do RS. Possivelmente, outras
demandas não abrangidas pelos dados coletados devem existir e poderão ser
alvo de outros estudos sobre o assunto.
34

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

O capítulo a seguir destina-se a explicar os dados obtidos nas entrevistas,


a fim de possibilitar a análise, através das inferências, conforme o método
proposto para este estudo: a análise de conteúdo, segundo Bardin (1995).

4.1 COLETA DE DADOS

Os dados foram obtidos através de entrevistas, entre quatro proprietários


de empresas da Construção Civil, sendo dois de Capão da Canoa/RS e dois de
Tramandaí/RS; quatro operários, dois em Capão da Canoa/RS e dois em
Tramandaí/RS e o chefe da fiscalização.
Antes das entrevistas, foi explicado aos respondentes o objetivo da coleta
de dados e, também, da necessidade de gravação, para posterior transcrição
literal. Durante as entrevistas, todos aceitaram responder o rol de perguntas
abertas. Surgiram questões emergentes que, neste trabalho, são consideradas
as falas que o participante emite, considerando estar contribuindo para clarificar
o tema sobre o qual está respondendo.
O Quadro 3, a seguir, mostra a síntese da entrevista, codificando a
unidade de fala de cada operário entrevistado.

Quadro 3 - Entrevista com os operários da construção civil

ENTREVISTA OPERÁRIOS

- Não sei;

- Nunca vi fiscal;

- Não sei quem são os fiscais;

Como funciona a fiscalização na - Veio uma pessoa da prefeitura dizendo


obra? para pagar taxa e colocar placa do
CREA;

- Tem empresa contratada pela firma que


passa aqui, todo o dia, e vê se está tudo
certo (fala acerca do uso do EPI).
35

- Depois que a fiscalização começou a


vir, eles (os proprietários das empresas)
começaram a fazer (dar EPI, manter
refeitório);

- Eu levo roupa velha de casa e comprei


botina grossa de obra;
Como são as condições de trabalho
- Tem todos os equipamentos, toda a
na obra?
documentação, tanto é que eles
embargaram (a obra) e não foi por isso;

- Aqui, tem tudo (uniforme, EPI,


refeitório).

- De seis em seis meses, a gente faz um


check up (exame periódico);

- O dono da obra pergunta se tu sabe


(sic) rebocá (sic), aí, tu responde (sic)
que não sabe e ele manda tu tenta (sic).
Ele vê se tu não é (sic) retardado para ti

O que a empresa faz para garantir ficar na sacada; tendo um olho, está

a SST na obra? bom;

- A gente tem exames médicos de seis


em seis meses, para todos os
funcionários e apresenta para a empresa
(tomadora de mão de obra);

- Tem tudo, máscara, cinto, os que ficam


direto, têm tudo.

- Frequência da fiscalização na obra


(bimestral, quadrimestral);

- Nunca eles assinaram a carteira;

- Período do verão tem mais fiscalização;


EMERGENTES
- Embargo da obra – desconhecimento
36

do motivo, mão de obra parada,


dificuldade no “desembargo”;

- O terceiro é fiscalizado pela tomadora


de mão de obra.

Fonte: Elaborado pela autora.

No primeiro momento das entrevistas com os operários, observou-se certa


apreensão e receio em responder as perguntas, certamente, devido ao medo de
sofrerem retaliação, por parte dos empregadores. Até mesmo nas perguntas
mais simples, percebia-se a hesitação nas respostas, que eram pensadas antes
de serem respondidas de uma maneira que não causasse desagrado à categoria
patronal.
No Quadro 4, subsequente, são expostos os resultados das entrevistas
com os proprietários.

Quadro 4 - Entrevista com proprietários de empresas da construção civil

ENTREVISTA PROPRIETÁRIOS

- É feita por pessoas habilitadas;

- Eles estão cobrando as carteiras


assinadas, os EPIs;

- Cada fiscal tem um parecer, uma


norma, eles não têm um padrão;

- Chega um fiscal e quer diferente, tu tem


(sic) que adequar logo essa diferença,
outro não reclama daquilo que foi feito,
mas, pede outras coisas;

- Eles realmente fiscalizam a parte onde


tem alimentação, se estão usando o
material adequado, se realmente estão
com a carteira assinada;

- Antes, eles estavam mais acessíveis,


37

estavam vindo e pedindo a correção da


obra e, pelo que sei, eles estavam vindo
e multando;

- Têm certas coisas que eles estão


Como funciona a fiscalização na
pedindo só por pedir, muita coisa ali que
obra?
não tem cabimento; no ano passado, me
pediram jaleco, eu nunca vi se sou
obrigado - ou não - a dar uniforme para
funcionário, trabalho com outras firmas
em que isso é uma opção;

- Tem várias fiscalizações: o CREA, o


Ministério do Trabalho e a Prefeitura;

- Cada vez, vem um diferente e cada um


pede uma coisa: um pede para colocar
tela; outro, pede para tirar tela, aí, aquele
que pediu para colocar a tela, volta e
pede para colocar outra vez;

- Eu tenho acompanhado, até porque


quero sempre aprimorar cada vez mais,
para que normas sejam cumpridas.

- A gente procura manter tudo na melhor


condição possível;

Alguma coisa acaba se passando, mas,


a gente procura ter tudo, como o MTE
Como são as condições de trabalho
passa fiscalizando, tem que ter;
na obra?
- Os equipamentos estão disponíveis,
mas, eles não usam;

- Os funcionários recebem
individualmente seus equipamentos de
segurança e são instruídos. Hoje,
funcionários de betoneira, conforme o
38

funcionário, tem que ter um curso;


funcionário que opera o guincho, tem que
ter um curso. Esse curso é dado pelo
meu engenheiro de SST e eles vêm fazer
periodicamente, mensalmente, uma
inspeção na obra, porque se você muda
de funcionário, deve refazer esse curso
para outro funcionário;

- É feita a manutenção dos equipamentos


deles, a substituição de botina, luva; isso
é feito periodicamente;

- Todo o andamento da obra vai sendo


colocado, são inseridas as normas de
segurança vigentes àquela etapa;

- Por exemplo: fazer um trabalho de


fachada, então, a gente tem que pegar
(sic) todos os equipamentos pertinentes
e, quando vai iniciar essa operação,
temos que preparar para iniciar o serviço
conforme a NR18; agora esta sendo
colocada, também, a NR 35, que diz que
acima de 2 m de altura, você tem que ter
todo um treinamento, todo um preparo,
tem que ter esse curso; nós, da
associação, estamos realizando este
curso.

- A gente procura evitar o risco ao


máximo possível;
- A empresa é cuidar, fornecer um
ambiente seguro para eles, dar
condições para eles trabalharem;
39

- Quando o funcionário entra na


empresa, é feito um atestado de saúde e
O que a empresa faz para garantir depois, a gente vem acompanhando
a Saúde e Segurança no Trabalho? pelos periódicos, a cada um ano, porque
é a função de cada funcionário; funções
que trabalham com a madeira, por
exemplo, precisam de proteção auricular,
porque tu está (sic) ali, cortando a
madeira, usando a serra, então, nós
temos todas essas (...).
- Durante a execução daquele prédio,
eles (fiscais) estiveram três vezes;
- Eu sei de obras aqui, que estão há mais
de 30 dias fechadas;
- A minha obra chegaram a parar, mas
EMERGENTE não total, parcial;
- Falta do SEBRAE, eu não sei com
quem fazer uma orientação, fazer mais
cursos, palestras para esse pessoal;
- Está faltando direto mão de obra
especializada.

Fonte: Elaborado pela autora.

A primeira impressão da pesquisadora, ao contatar com os proprietários,


foi receio e retração, frente às perguntas da pesquisa. Trata-se de um assunto
para o qual ainda há pouco investimento e conhecimento, por parte do
empresariado, existindo uma cultura de que a fiscalização é meramente punitiva,
geradora de multas, de embargos e de interdições.
Aos poucos, o clima de hostilidade foi dando lugar a um espaço em que os
empresários perceberam a possibilidade de se manifestarem acerca da
fiscalização, explanando suas opiniões pessoais.
Por fim, foi entrevistado o responsável pela fiscalização da
Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) de Porto Alegre/RS,
conforme se visualiza no Quadro 5.
40

Quadro 5 - Entrevista com o chefe da fiscalização da SRTE/RS

ENTREVISTA FISCALIZAÇÃO
- Funciona como qualquer outra
fiscalização de obra;
- Há um programa de fiscalização e uma
equipe, estamos concluindo a Operação
Verão;
- Quando termina o verão, a gente
analisa as obras, fiscaliza, faz as
autuações, interdições e embargos que
tem que (sic) fazer;
- Há fiscalizações pontuais, para verificar
irregularidades;
- Não é uma fiscalização permanente,
Como funciona a fiscalização de contínua, o ano inteiro;
obras da Construção Civil, no - Não tem uma gerência, com equipes de
Litoral Norte do RS? fiscais no LN; toda a fiscalização parte de
Porto Alegre. Há um ou dois auditores
que passam o ano todo indo para o LN;
- Equipes mais consistentes são
montadas com cinco, dez auditores;
- O MTE entra em ação quando percebe
ou quando é informado de que as
condições de trabalho na obra não estão
de acordo (...) com as Normas
Regulamentadoras;
- Os profissionais de SST também estão
aprendendo e, quanto mais o MTE atua,
mais os profissionais atendem, porque é
também na exigência que você
aperfeiçoa seu trabalho.
- Todas as empresas algum problema
têm, é por isso que, na linguagem
41

EMERGENTE empresarial, se fala que as empresas


têm que fazer um processo de melhoria
contínua.

Fonte: Elaborado pela autora.

O quadro 5 apresenta o discurso do fiscal sobre sua realidade de trabalho,


no Litoral Norte. Percebe-se a lisura e a sinceridade do entrevistado, embasado
na sua vasta experiência profissional. Faz-se pertinente observar que problemas
que assolam a fiscalização não foram escondidos, ficando claro que a
fiscalização existente é mínima.

4.2 ANÁLISE DOS DADOS

Nesta etapa, são conhecidas as informações adquiridas pela pesquisa,


isto é, são analisadas todas as respostas dos entrevistados e a observação do
entrevistador, contudo, serão mostradas diferenças de opiniões que consistiram
em respostas, muitas vezes, induzidas e desprovidas de verdade. Os
respondentes foram identificados na pesquisa como OT 1 e OT2 para os operários
de Tramandaí; OC 1 e OC 2, para os operários de Capão da Canoa; PT 1 e PT 2 para
os proprietários de Tramandaí; PC 1 e PC 2 para os proprietários de Capão da
Canoa e F para o auditor fiscal do trabalho da SRTE.
A discussão dos dados foi norteada pela sua categorização, isto é, as
perguntas abertas da entrevista semiestruturada e as questões emergentes. O
discurso dos sujeitos é interpretado, na tentativa de dar, a cada questão um
olhar múltiplo, proporcionado pela triangulação entre operários-proprietários-
fiscal.

4.2.1 Funcionamento da Fiscalização nas Obras da Construção Civil do Litoral


Norte

Nesta fase da análise, foram consideradas as respostas que refletiam a


opinião pessoal de cada entrevistado. Os operários, talvez, não tenham
expressado livremente a sua opinião, pois, os mestres de obras estavam por
perto, com uma atitude coercitiva.
42

Através da fala dos operários, a seguir, percebe-se que mencionam a


fiscalização, confundindo-a com a de outros órgãos e, até mesmo, por parte de
seu empregador.

“Veio uma pessoa da prefeitura dizendo para pagar taxa e colocar


placa do CREA”. (OT 2).
“Tem empresa contratada pela firma que passa aqui todo o dia e vê se
está tudo certo (fala acerca do uso do EPI)”. (OC 1).

Os operários diziam que tinha fiscalização, contudo, parecia que não


queriam falar a verdade, com medo de perderem o emprego; percebeu-se que
nem mesmo eles sabiam que a fiscalização pode ser em SST, assim como de
outra natureza. Pelo conhecimento de alguns, a única fiscalização que
entendiam era da Prefeitura ou do CREA; já na colocação de outros, a
fiscalização não aparecia e, ao mesmo tempo, não sabiam quem eram.

“Nunca vi fiscal, não sei quem são os fiscais”. (OT 2).

Essas respostas foram dadas por operários que estavam temporariamente


desempregados e, por isso, não temeram a verdade dos fatos.
Para os proprietários das empresas ou (empreiteiras), a fiscalização
sempre aparecia, visitando as obras mais vezes do que esperavam. É notório
que, para os proprietários, a fiscalização era um impedimento para o andamento
da obra, pois, sempre havia algum tipo de irregularidade. Porém, se a
intensidade das visitas fosse a mencionada por eles, não haveria a recorrência
de irregularidades. Nas palavras dos proprietários, a fiscalização exigia demais.

“Eles estão cobrando as carteiras assinadas, os EPIs”. (PT2).

“Chega um fiscal e quer diferente, tu tem (sic) que adequar logo essa
diferença, outro não reclama daquilo que foi feito, mas, pede outras
coisas; eles realmente fiscalizam a parte onde tem alimentação, se
estão usando o material adequado, se realmente estão com a carteira
assinada”. (PT2).

“Têm certas coisas que eles estão pedindo só por pedir, muita coisa ali
que não tem cabimento; no ano passado, me pediram jaleco, eu nunca
vi se sou obrigado - ou não - a dar uniforme para funcionário, trabalho
com outras firmas em que isso é uma opção”. (PT2).
43

É visto que, para as empresas, o melhor seria que a fiscalização nunca


aparecesse, pois, desse modo, não precisariam gastar para deixar as obras em
ordem, conforme as normas regulamentadoras. Contudo, é dito, ainda, pelos
proprietários, que cada fiscal exige uma coisa, cada um tem uma norma e que
um contraria o outro.

“Cada fiscal tem um parecer, uma norma, eles não têm um padrão;
Cada vez, vem um diferente e cada um pede uma coisa: um pede para
colocar tela; outro, pede para tirar tela, aí, aquele que pediu para
colocar a tela, volta e pede para colocar outra vez”. (PT2).

Talvez, a afirmação sobre condutas contraditórias reflita a dificuldade do


empresário em conhecer e aplicar os preceitos da SST. Ao mesmo tempo, não
fica claro se o próprio fiscal deve submeter seus pareceres à apreciação de outro
auditor, um gerente de fiscalização, por exemplo.

“Não tem uma gerência, com equipes de fiscais no LN, toda a


fiscalização parte de Porto Alegre. Tem um ou dois auditores que
passam o ano todo indo para o LN”. (F).

Na verdade, falta uma estrutura de base e pode-se dizer que a lotação de


profissionais qualificados, especificamente no Litoral Norte, o contingente de
pessoal de apoio, a estrutura física, seriam apenas o princípio de uma ação mais
efetiva dos órgãos governamentais responsáveis pela fiscalização. Afinal, ações
fiscalizatórias sem uma regularidade, com o mero intuito punitivo e mutuário,
criam um ambiente propício a uma cultura da atemorização e do mascaramento
das reais condições de trabalho.
O que se torna perceptível é que o SRTE/RS, com sua estrutura de
base localizada na cidade de Porto Alegre, a mais de cem quilômetros do Litoral,
tem encontrado enormes dificuldades para mobilizar material humano e
condições para a execução das tarefas fiscalizatórias com uma permanência
abrangente, assim é dito pelo chefe da fiscalização.

“Não é uma fiscalização permanente, contínua, o ano inteiro”. (F).

Nesta análise, podem-se perceber divergências, no que concerne à


obtenção de respostas dos operários, à contínua presença da fiscalização por
44

parte dos proprietários e à desestruturação da fiscalização. Operários que


desconhecem a fiscalização e que temem, ao falar das irregularidades da
empresa por colocar seu emprego em risco, proprietários que reclamam das
exigências da fiscalização, isso porque não têm um suporte frequente da
fiscalização, exigências que são cobradas esporadicamente, são mínimas
condições a serem refletidas, para executar uma obra.
No pensamento dos empresários, a fiscalização não deveria aparecer,
pois, assim, não teriam interdições, autuações e prejuízos para colocar as obras
em ordem. Para a fiscalização, é reconhecida a carência de atendimentos
realizados no Litoral Norte, o que revela uma insuficiência de profissionais para
uma lotação estável no LN, o qual contradiz os proprietários, pela constante
presença dos fiscais.
Durante as entrevistas, houve questões emergentes, como a frequência
em que a fiscalização visitava as obras. Isso era feito bimestral,
quadrimestralmente, conforme é narrado por um dos operários.

“Período do verão tem mais fiscalização”. (OT 1).

Os embargos e as interdições, segundo a fiscalização, ficam até as


empresas serem finalmente liberadas, carecendo que sejam sanados os
problemas técnicos evidenciados.

4.2.2 Condições de Trabalho nas Obras da Construção Civil do Litoral


Norte

Esta categoria é caracterizada pela observância de uma realidade que


contradiz o que alguns operários falam: eles afirmam que têm todas as
condições para se trabalhar.

“Tem todos equipamentos, toda a documentação, tanto é que eles


embargaram (a obra) e não foi por isso”. (OC 2).

“Aqui tem tudo (uniforme, EPI, refeitório)”. (OC 1).

Ao observar-se, in loco, as condições de trabalho dos operários, percebeu-


se que o que foi dito não era o que realmente eles queriam dizer, entretanto, o
45

medo de perder o emprego ou de sofrer represálias, provavelmente, os levou a


se pronunciarem desta forma.

“Depois que a fiscalização começou a vir, eles (os proprietários das


empresas) começaram a fazer (dar EPI, manter refeitório)”. (OT 1).

Nas palavras de outro entrevistado, ficou confirmado que as melhorias


apareceram depois que a fiscalização as cobrou.
As condições encontradas nas obras são primitivas. Em outro
pronunciamento, o operário revela a falta de uniformes e de EPIs.

“Eu levo roupa velha de casa e comprei botina grossa de obra”. (OT 2).

Os proprietários afirmam que existem as condições necessárias e


adequadas para se trabalhar, apesar de a obra ser interditada pelos fiscais.

“Os funcionários recebem individualmente seus equipamentos de


segurança e são instruídos. Hoje, funcionários de betoneira, conforme
o funcionário, tem que ter um curso; funcionário que opera o guincho,
tem que ter um curso. Esse curso é dado pelo meu engenheiro de SST
e eles vêm fazer periodicamente, mensalmente, uma inspeção na
obra, porque se você muda de funcionário, deve refazer esse curso
para outro funcionário”. (PT 2).

As interdições, segundo os proprietários, eram feitas todas as vezes que


havia o comparecimento de um fiscal. Eles comentavam que a fiscalização exigia
excessivamente e não retornava para liberação.

“A gente procura manter tudo na melhor condição possível, alguma


coisa acaba se passando, mas, a gente procura ter tudo, como o MTE
passa fiscalizando, tem que ter”. (PC 1).

Já a fiscalização alega que as melhorias exigidas para os desembargos e


as desinterdições não são alcançadas, uma vez que os proprietários não as
implementam adequadamente, o que justificaria certa demora, em sua liberação
e recomeço. Quanto aos operários, quando questionados, dizem desconhecer o
motivo das interdições e embargos.
Se essas condições fossem colocadas realmente pelas empresas, não
haveria o porquê de a fiscalização interditar, autuar as obras quando as
46

visitasse. Pode ser pela intermitência da fiscalização que o empregador não


compreenda a importância da segurança no trabalho e a sua obrigação em
cumprir e fazer cumprir as normas sobre o tema. O proprietário entende que
deve fornecer os equipamentos de segurança.

“Os equipamentos estão disponíveis, mas, eles não usam”. (PT 1).

Os equipamentos devem ser fornecidos e os trabalhadores, treinados,


sendo necessário o estabelecimento de políticas de segurança para a ampliação
da visão do trabalhador da construção e a posterior conscientização e
valorização do uso correto dos EPIs. É preciso dissipar, também, a cultura de
que os empresários não devem investir em segurança e quebrar a resistência do
operário, quanto ao uso dos EPIs.
A educação para a prevenção dá-se, também, através da seleção correta
do EPI, do treinamento sobre a importância de sua utilização, sua conservação e
sua manutenção, além da fiscalização orientativa.
Para o representante da SRTE, existe um padrão que deve ser seguido,
independentemente do local. Usa como exemplo, para o empreendedor do litoral,
as condições de trabalho requeridas e existentes na capital. Porém, esse fiscal
afirma que dificilmente são encontradas no Litoral, apesar de serem o requisito
mínimo para a prática de um trabalho seguro.

“O MTE entra em ação quando percebe - ou quando é informado - que


as condições de trabalho na obra não estão de acordo [...] com as
Normas Regulamentadoras”. (F).

Constata-se a disparidade para com o discurso dos sujeitos. Os


proprietários afirmam que há todo um mecanismo de segurança para garantir as
condições de trabalho. Diante das autuações, embargos e interdições que
sofrem, a afirmação das boas condições do meio ambiente de trabalho na
construção civil, além do depoimento de trabalhadores e do fiscal,
provavelmente, não configuram a realidade de todos os empreendimentos.
47

4.2.3 O Que é feito pelas Empresas para Garantir a Saúde e a Segurança no


Trabalho

Na presente questão, é exposta, em discussão, toda a análise


argumentada pelos empresários, operários e chefe da fiscalização, com o intuito
de expor as opiniões sobre o tema.
O que a empresa faz para garantir a Saúde e a Segurança do Trabalho
está relacionado com os tipos de precaução que são feitos, para minimizar os
riscos existentes nos canteiros de obras, as condições que fornecem para um
trabalho seguro e o quê o Ministério do Trabalho e Emprego realiza, para que
cumpram com suas obrigações.
Os operários comentam que há uma revisão médica feita periodicamente,
semestralmente, o que não significa que a empresa possa garantir a Saúde e a
Segurança no Trabalho, só com esses exames.

“De seis em seis meses, a gente faz um check up (exame periódico)”.


(OT1).

“A gente tem exames médicos de seis em seis meses, para todos os


funcionários e apresentamos para a empresa (tomadora de mão de
obra)”. (OC 2).

O que se sabe é que esses operários são de Capão da Canoa/RS, onde


há maior frequência da fiscalização, no período do verão. Já os operários de
Tramandaí/RS articulam de outra forma.

“O dono da obra pergunta se tu sabe (sic) rebocá (sic), aí, tu responde


(sic) que não sabe e ele manda tu tenta (sic). Ele vê se tu não é (sic)
retardado para ti ficar na sacada; tendo um olho, está bom”. (OT 2).

O que se percebe é que o proprietário faz uma avaliação empírica sobre a


saúde do operário e suas condições de desempenhar a tarefa. O depoimento
dos operários não enumera as ações em SST, promovidas por empregadores,
talvez, por que não sejam relevantes ou os sujeitos não conheçam os
mecanismos protetivos da SST na legislação ou até em boas práticas da
construção civil.
48

Ao entrevistar os operários de Tramandaí, se obtiveram outras


informações, relacionadas às iniciativas da empresa, no campo da SST.

“Nunca assinaram a carteira”. (OT 2).

“Tem tudo, máscara, cinto, os que ficam direto, têm tudo”. (OT 1).

Nessa resposta, pôde-se observar que o material de uso obrigatório só era


fornecido aos trabalhadores fixos, permanentes - e não para os temporários.
Além disso, nem todos os trabalhadores têm registro formal na Carteira de
Trabalho e Previdência Social (CTPS).
Os proprietários proferem que as empresas fornecem um ambiente seguro
para os operários, condições para eles trabalharem, da seguinte forma:

“A empresa é cuidar, fornecer um ambiente seguro para eles, dar


condições para trabalharem”. (PT 2).

É óbvio que os empresários nunca falariam alguma coisa que


comprometesse sua empresa. Esse pronunciamento representa mais uma
maneira de eles se defenderem das reais condições apresentadas na obra, o
que é sabido pelos operários e pela fiscalização.
A fiscalização relata que todas as empresas têm problemas, mas, que
necessitam enfrentá-los.

“Todas as empresas algum problema têm, é por isso que, na


linguagem empresarial, se fala que têm que fazer um processo de
melhoria contínua”. (F).

A melhoria contínua é resultado da aplicação do PDCA como uma


ferramenta de gestão, inclusive em SST. Quando implantado, fornece um
mecanismo de ação conjunta para gestores e trabalhadores, na busca dessa
melhoria contínua e do desempenho eficiente, na implantação das medidas de
prevenção e controle, indicadores da gestão de risco.
Uma forma de avaliar um Sistema de Gestão em Segurança e Saúde do
Trabalho (SGSST) é através do programa Occupational Health and Safety
Assessment Services (OHSAS) 18001, que certifica a empresa, por meio de um
processo contínuo de melhoria, em que os benefícios são a redução de riscos de
49

acidentes, a melhoria do desenvolvimento das atividades e da imagem da


empresa, no qual a empresa estipula suas metas e formula seus objetivos, em
termos de SST. Através deste programa, ela audita e certifica a empresa,
permitindo chegar a um nível satisfatório de todo o segmento empresarial.
Um SGSST seria importante para orientar os proprietários a deixar suas
obras em condições razoáveis de trabalho. Eles alegam que acompanham as
normas regulamentadoras, mas, afirmam que nunca está totalmente regular,
visto que sempre acaba faltando algo. Atribuem a falha ao fato de não terem um
acompanhamento contínuo da fiscalização e uma capacitação técnica.

“A gente procura evitar o risco o máximo possível”. (PT 1).

“Quando o funcionário entra na empresa, é feito um atestado de saúde


e, depois, a gente vem acompanhando pelos periódicos, aí tem os
periódicos, a cada um ano, que a gente vem acompanhando, porque é
a função de cada funcionário. As funções que trabalham com a
madeira, por exemplo, precisam de proteção auricular, porque tu está
(sic) ali cortando a madeira, usando a serra, então, nós temos todas
essas [...]”. (PC 2).

Em uma questão emergente, um empresário aborda a inexistência de


cursos, de palestras e de orientação para os trabalhadores. Ele diz desconhecer
os responsáveis por tais obrigações.

“Falta do SEBRAE, eu não sei com quem fazer uma orientação, fazer
mais cursos, palestras para esse pessoal”. (PT 2).

Mais respostas foram fornecidas, fora do que se foi perguntado, mas, que
serviram como parâmetro para a análise, ao se expor a frequência da
fiscalização do MTE.

“Durante a execução daquele prédio, eles (fiscais) estiveram três


vezes”. (PC2).

“Eu sei de obras aqui, que estão há mais de trinta dias fechadas”.
(PT2).

O chefe da fiscalização descreve que há uma equipe mínima, atuando no


LN, de um ou dois auditores o ano todo, o que não é suficiente, pelo número de
50

questões que existem no LN. O que se pode perceber é que as visitas são
aleatórias, isto é, não são visitadas todas as obras existentes no LN. Por não
terem uma equipe mais consistente, o MTE só entra em ação por algum tipo de
denúncia, como é contado nas palavras do chefe da fiscalização.

“Equipes mais consistentes são montadas com cinco, dez auditores. O


MTE entra em ação quando percebe, ou quando é informado de que
as condições de trabalho na obra não estão de acordo [...] com as
Normas Regulamentadoras”. (F).

Esta análise gerou a exposição da deficiência existente no setor público; a


fiscalização, por parte do MTE, é quase que inexistente, por não haver uma
estrutura adequada para suportar o crescimento da construção civil no Litoral
Norte e que, por isso não, é feito um trabalho constante o ano inteiro.
Como uma questão emergente, o chefe SST da Superintendência
Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) de Porto Alegre comenta que os
profissionais da SST também estão aprendendo com a atuação do MTE, visto
que é a partir da exigência ditada pela auditoria da fiscalização que eles se
aperfeiçoam, no seu trabalho.

“Os profissionais de SST também estão aprendendo e quanto mais o


MTE atua, mais os profissionais atendem, porque é também na
exigência que você aperfeiçoa seu trabalho”. (F).

É visto que o chefe da SST da SRTE só se refere aos profissionais da SST


e aos proprietários de empresas, porque são eles que devem garantir a SST dos
trabalhadores.
Vale salientar que, devido ao momento econômico favorável, há um
enorme crescimento da construção civil no Litoral Norte, porém, já não se
consegue mais acompanhar esse crescimento com qualidade, quer seja falando-
se em mão de obra, seja em se tratando de suporte técnico profissional para a
execução das obras.
Em contrapartida à fiscalização, seu aparato, sua frequência e sua
efetividade, não há nenhuma regulamentação externa. Ao usuário, ao
proprietário, ao trabalhador, cabem ações de pressão para o bom andamento
das ações fiscalizatórias. Todavia, a visão que se tem do AFT é somente sobre
seu caráter punitivo. A SRTE, em um modelo mais amplo do que a DRT, além de
51

alinhar-se à tendência da transparência do serviço público, poderia fazer valer


seu potencial educador e disseminador da cultura de segurança.
52

5 CONCLUSÃO

Este estudo tornou-se apropriado, pela suspeita de condições inseguras


nas construções civis do LN, já que não se tinha clareza acerca da atuação da
fiscalização, o que resumiu o principal objetivo para a realização da pesquisa.
Seu objetivo geral era conhecer o funcionamento da fiscalização em SST,
especificamente, nos municípios de Tramandaí e Capão da Canoa, no Estado do
Rio Grande do Sul. Para isso, a fiscalização foi estudada, por meio da entrevista
com AFT responsável, num encontro que se possibilitou pela persistência da
pesquisadora em ouvi-lo, considerando a relevância de sua opinião ao estudo.
O que se conseguiu evidenciar foi a desestruturação da fiscalização, pela
escassez de auditores para atender à região do LN, a inexistência do aparato de
ações prevencionistas e a precariedade de segurança nos canteiros de obras.
Após a identificação desses aspectos, vale salientar que o mais evidente foi a
ineficiência do aparato correspondente à fiscalização. A descoberta se deu pela
insistência do questionamento com AFT, em que foi confirmada a incapacidade
no atendimento regional, devido à expansão de obras que se apresenta no LN.
Outra meta era visualizar a estrutura da fiscalização, por parte do MTE.
Ela é planejada conforme a estrutura existente e de modo sazonal. Esse
panorama foi possível descortinar, por meio da condução da entrevista, com
perguntas que expuseram a realidade do Litoral.
Baseado nessas evidências, pode-se afirmar que o objetivo geral -
conhecer o funcionamento da fiscalização - e o específico - identificar a estrutura
para atender à região mencionada - foram atingidos. Foi possível retratar o atual
cenário, sob o ponto de vista da fiscalização.
Havia a necessidade de evidenciar as condições de segurança do
trabalhador da CC do local. Isto foi confirmado, através da fala dos
entrevistados, que forneceram informações relevantes ao fato mencionado.
Esses objetivos, elucidados, garantiram a identificação da carência de condições
seguras, nesta região.
Isso pode ser explicado pela insuficiência de emprego no período do
inverno, o que submete os operários a trabalharem por qualquer tipo de
condições exigidas pelos empregadores, ou seja, situações que comprometem a
SST. Com isso, torna-se imprescindível uma frequência mais contínua da
53

fiscalização para orientar, esclarecer sobre a importância do cumprimento às


normas regulamentadoras e da intensificação de melhorias, com as ações
prevencionistas.
Mais uma finalidade era reconhecer como as empresas da construção civil
conduzem as ações em SST, no Litoral. Na opinião dos empresários, há
condições seguras de trabalho, porque investem nas obras, desde EPI até
treinamento da mão de obra. É preciso destacar, ainda, a ausência da cultura em
SST. Empresários da CC deste estudo desconhecem - ou fingem desconhecer -
as normas que regem a SST.
A cultura em SST afeta toda uma organização, pois, ela é decisiva no
processo de melhorias para uma corporação, quando compreendida a sua
importância. A falta de treinamento, de orientação, de equipamentos adequados,
de palestras e de suporte técnico, isto é, investimentos que, pressupõe-se, não
estão sendo aderidos pelo empresariado.
Mediante a orientação para os operários - dever este da fiscalização e dos
empresários - sobre a importância do trabalho seguro, eles se conscientizarão e
mudarão seu comportamento educacional. É através de um conjunto de fatores
instrutivos e educadores, como também, de uma auditoria para acompanhar e
averiguar as condições de trabalho, que se fará a consolidação da cultura em
SST.
Perceberam-se divergências, no pronunciamento entre os sujeitos de
pesquisa, onde, se deduz, ainda há pouco investimento na área da segurança e
da proteção ao trabalhador, visto que os recursos acabam sendo destinados
para novos empreendimentos no LN.
Para estudos futuros, sugere-se acompanhar a evolução da CC da região.
A atual pesquisa ofereceu o diagnóstico de uma situação precária na CC do LN,
cuja expansão é muito acentuada. Os próximos pesquisadores poderão verificar
se ações, no sentido de SGSST, estão sendo implantadas, numa iniciativa de
modernização do ramo e de atendimento aos requisitos legais.
54

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aos agentes fiscalizadores da administração pública. [S. l., 2012?].
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55

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