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DESTERRO AFRICANO

Autor: Amarildo Dias Coutinho

Ah! Que saudade de minha terra,


Terra de meus ancestrais.
Da vida livre que levava,
Há algum tempo atrás.

Fui separado de meus entes covardemente,


Me sequestraram sem nenhuma motivação.
Desarraigaram-me sem deixar minha semente,
Juntamente com vários de meus irmãos.

No fundo de um navio fui jogado,


Acorrentado feito um animal feroz.
Com a alma e corpo dilacerados,
Violentados ao extremo pelo meu algoz.

A fome e sede me consumiam,


Torturantes cenas de terror.
Dos maus tratos que estes seres me infringiam,
São bestas humanas, não sentem amor.

Ah! Minha terra! Que saudade!


Aqui nesta terra onde estou.
Tiram-me até a ancestralidade,
Negam-me o direito de ser quem sou.
Covardes ferozes, não sei bem o que são,
Se seres humanos ou bestas-feras.
Perdido estou, mas, tenho a ilusão,
De um dia voltar a minha linda terra.

Vou esvanecendo com tantos castigos,


Se morrer me encontro com meus ancestrais.
Verei novamente família e amigos
Que morreram nas mãos daqueles animais.

Aos deuses eu clamo, por piedade;


Aos homens imploro, por igualdade;
Será? Ouvir-me-ão, por fraternidade;
E assim desfaleço, sem piedade.

Esta é a saga pela qual passei,


Tem muitas histórias que eu não contei,
Que fique as narrativas que aqui deixei,
História da estória de um povo rei.

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