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Avant-Propos
O infeliz Caeté, apesar de ter chegado a esta corte no mês de fevereiro logo
depois da revolta dos Rebeldes em Pernambuco, é somente agora que lhe permitiram
aparecer, e isto depois de o terem feito passar por mil torturas inquisitoriais! ... Graças à
benfazeja mão, que o fez renascer, qual Fênix, das cinzas a que o haviam ou queriam
reduzir!
Que de invadi-las
Não satisfeito,
Vinha nas matas
Ferir-me o peito!
E sobre nós
Tudo lançou!
De nossa terra
Nos despojou!
Tudo roubou-nos,
Esse tirano,
Que o povo diz-se
Livre e humano!
Filho se diz
De Deus Potente
De quem profana
A obra ingente!
Conosco cruel
Foi uma nação,
Lançou-lhe o Eterno
Sua maldição
Injustos! ingratos!
Vai ela bradando;
A seus descendentes
Seu mal exprobando.
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Amor de selvagem,
Amor venturoso,
Teu riso amoroso
É d’alma expressão.
E lá da borda do túmulo
A nação tua deplora,
Que em decadência jazendo
Se debate, geme e chora!...
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O povo Pernambucano
Tosta, discípulo de Nero!
Novo espetáculo esta Roma
Te pode oferecer mais fero.
Da decisiva vitória
que a glória
Neste solo firmar deve:
Aqui onde o bem fruir
De um porvir
Venturoso iremos breve.
E renegado curvou-se
À corte, que perseguiu
No tremendo vinte e quatro,
Quando a república seguiu!
De quarenta e nove o herói precla
Que jamais com outro há de se confundir
A morte a opróbio soube preferir;
Seus bravos irmãos deixar jamais quis.
A vingança abala
Todos os corações
Enquanto ali morrem,
Combatem guerreiros,
Aquém, além gemem
Os bons Brasileiros!
Os maus riem, folgam
Ao som dos gemidos,
Que da Pátria soltam
Os filhos queridos!
Da Liberdade um sorriso
De desprezo esmagador
Responde só aos uivos
Do Despotismo eversor…
Ele, que cruel se apraz
Perseguir os filhos seus,
Mil suplícios inventando
Sem lembrar-se que há um Deus.
Do Amazonas ao Prata
O povo lhe está bradando:
- Sacia-te monstro atroz,
Teu império está finando!
………………………......
E lá do Caeté
O triste pungir,
Com ele se foi
No céu confundir !
FIM