Você está na página 1de 9

Universidade Federal do Cariri

Instituto Interdisciplinar de Sociedade, Cultura e Artes

Amanda Nobre Dias

A Educação No Debate Político Eleitoral Do Segundo Turno Presidencial Em


2022: Uma Análise do Debate da Band no Twitter

Juazeiro do Norte
2022

1
SUMÁRIO

1. Justificativa 2

2. Objetivo geral e específicos 4


2.1 Objetivo geral 4
2.2 Objetivos específicos 4

3. Referencial Teórico 4

4. Metodologia 6

5. Cronograma de atividades 7

Referencial Bibliográfico 7

2
1. Justificativa

A educação é um dos pilares mais importantes no projeto de um país. Esta


poderia ser uma das principais pautas no debate dos candidatos à presidência do
Brasil em qualquer época, sobretudo em 2022, após dois anos de pandemia em que
as escolas e universidades públicas estiveram funcionando de forma remota de
maneira totalmente despreparadas. Entretanto, o assunto não está no centro das
discussões e dos debates dos presidenciáveis no segundo turno das eleições.
Neste trabalho, busco entender a presença (ou ausência) da educação no discurso
político dos candidatos Lula e Bolsonaro durante o segundo turno das eleições
2022. Por um lado, o candidato que repete diversas vezes que foi o que mais criou
universidades e escolas técnicas no país e do outro o candidato que foi responsável
pelos maiores cortes no dinheiro para as universidades, tendo cinco ministros da
educação em quatro anos de governo.
O recorte está no debate da Band, transmitido em 16 de outubro de 2022
pelo youtube. O debate foi promovido pelo grupo de empresas de comunicação:
Grupo Bandeirantes, Uol, TV Cultura e Folha de São Paulo. Neste debate,
ocorreram momentos em que foram citados na discussão pautas que remetem a
educação, à exemplo disso, respondendo a pergunta do jornalista Tayara Ribeiro
da Folha de São Paulo “durante a pandemia alunos de escolas públicas enfrentaram
uma média de 189 dias sem escola, além disso, essa falta de escola causou um
prejuízo do aprendizado e também aumentou a desigualdade entre crianças negras
e brancas, ricas e pobres, o que de concreto, caso os senhores sejam eleitos, vocês
farão para recuperar essa defasagem educacional?”. Ao responder a questão, o
candidato Bolsonaro ressalta a existência de um aplicativo: “o nosso ministro da
educação tem um aplicativo que chama-se Graphogame, ou seja, num telefone
celular, se baixa o programa e a garotada fica ali, aperta a letra A, aparece o som de
A. As sílabas, C e A CA, no passado, no tempo do Lula a garotada levava três anos
para se alfabetizar, hoje elas se alfabetizam em seis meses, o seu Paulo Freire,
Lula, não deu certo!”. Essas e outras questões sobre educação pautaram o debate e
também repercutiram no twitter.

Compreender como os políticos utilizam do seu espaço na televisão para


direcionar o eleitor a outras mídias, no caso o twitter fazendo a repercussão de suas

3
falas. À exemplo disso, o candidato Jair Bolsonaro incentiva os eleitores a “darem
um google” e pesquisarem sobre desmatamento, ou ainda, a própria cobertura do
debate fazendo um levantamento dos assuntos mais pesquisados durante o debate.
Conforme Andreas Hepp (2014, p.46), “a mídia tem certa especificidade, que exerce
uma influência na cultura e na sociedade: o termo também sugere um processo de
mudança”. Dessa maneira, compreende-se que o fato de um candidato ir à uma
emissora de TV falar sobre Paulo Freire, por exemplo, e isso automaticamente ir
parar nos trend topics do twitter em forma de meme, de propaganda pró ou contra
ou resgatar falas e discursos antigos, significa o quanto as mídias estão conectadas
e se auto influenciam mutuamente.
Para Sodré (2006, p. 20-21), a midiatização é um tipo particular de interação,
uma tecnomediação, é um dispositivo emergente no momento em que o processo
da comunicação é técnica e mercadologicamente redefinido pela informação.
Sendo assim, este não é um estudo da mera repercussão do tema, mas sim de
como esse tema interage midiaticamente entre a sociedade presente na rede social
twitter.

2. Objetivo geral e específicos

2.1 Objetivo geral


Compreender a midiatização da política e as consequências para o debate da
educação, a partir da análise dos debates presidenciais no segundo turno.

2.2 Objetivos específicos


● Analisar, por meio de dados quantitativos, quantas e quais hashtags sobre
educação aparecem nos trend topics durante os debates presidenciais do
segundo turno em que os dois candidatos estão presentes;
● Observar como a cobertura da mídia considera o twitter um “ator” no
processo crescente de midiatização da política;
● Analisar como a política, como instituição, está sendo modificada pela
presença do twitter.

4
3. Referencial Teórico

Nos últimos anos a educação no Brasil vem se fragilizando tanto no âmbito


de investimento, quanto pela troca de ministros ou mesmo pelo sucateamento.
Desde a educação básica até o ensino superior.

Melhor do que o FUNDEB, na ótica de Guedes, é distribuir os recursos por


meio de vouchers, pois tal medida: a) irá lastrear, como outrora o FIES, as
corporações educacionais que estão ingressando na educação básica,
muitas delas associadas aos círculos familiares e econômicos do ministro;
b) contemplará as confissões religiosas fundamentalistas que, com os
cheques, poderão criar suas próprias escolas fundamentalistas; c)
esvaziará os sindicatos da educação, as escolas assim financiadas terão
professores precarizados e sem sindicalização e d) contemplará os adeptos
de Steve Bannon e seus propagadores locais, pois, a difusão de escolas
fundamentalistas assegurará um público cativo (superior a 45 milhões de
estudantes) para a “pós-verdade”, os fatos alternativos e a concepção de
que a ciência é uma ficção verbal – servindo para difundir noções como o
terraplanismo, o negacionismo de mudanças climáticas, o nazismo como
uma ideologia da esquerda – e, genericamente, para combater a vida
secularizada e laica, por meio da ofensiva contra o dito marxismo cultural.
E, sem dúvida, para criar disposições ideológicas compatíveis com o
trabalho degradado, flexível, “uberizado”, intermitente, terceirizado, nos
termos das contra reformas trabalhista e da previdência: o conceito de
cidadão é apagado da vida social em favor da noção de
consumidor.(SARDINHA & LEHER, 2021)

Em quatro anos de governo, tivemos cinco ministros: Ricardo Vélez (janeiro a


abril de 2019), Abraham Weintraub (abril de 2019 a junho de 2020), Carlos Decotelli
(nem chegou a assumir), Milton Ribeiro (julho de 2020 a março de 2022) e Victor
Godoy (de março até o presente momento). Além disso, só para citar alguns dados,
em 2019, há um corte de 13 mil cargos em Universidades Federais, ao mesmo
tempo em que o ministro Abraham Weintraub declara que estudantes da
Universidade Federal só servem pra fazer Balbúrdia. Em julho de 2022, o ministro
Milton Ribeiro chega a ser preso por envolvimento em esquemas de corrupção e
desvio de recursos do FNDE - Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação.
Esses e outros episódios marcaram fortemente o cenário da educação durante o
governo Bolsonaro, todos eles repercutiram nas redes sociais, em especial, no
twitter.
A cobertura midiática desses eventos foi e é fundamental para tomarmos
ciência dos acontecimentos e a interação via redes sociais nesses eventos pelas é
algo quase que natural nos dias de hoje.
Podemos entender esse fenômeno recente da digitalização como uma onda
de midiatização, que é ao mesmo tempo relacionada à transformação de

5
grande alcance das mídias anteriormente não digitais – a televisão
transforma-se em televisão para internet, o cinema vira cinema digital e
assim por diante. (HEPP, 2014, p. 59)
Pensando nisso, compreende-se que a mídia é um espaço independente e e
intervêm na atividade de outras instituições, tais como família, política, religião
organizada (HJAVARD, 2012). Mídia e política são duas esferas que se cruzam
constantemente, uma vez que nos dias de hoje não bastam ter estratégias para os
meios de comunicação de massa (televisão ou rádio), é preciso engajar através das
redes sociais para cativar as atenções do público.

No entendimento do(a) articulista, não se pode negar a influência da mídia


no modo de fazer a política na atualidade, embora persistam certas práticas
tradicionais, como negociações, barganhas e alianças. Assim, a noção de
“visibilidade” também é compreendida como imprescindível na esfera
política moderna, sobretudo diante da competição de imagens públicas.
(MATTOS, BARROS & OLIVEIRA, p. 236, 2018)
Através de memes, posts, vídeos polêmicos ou qualquer outro conteúdo
produzido ganha visibilidade muito rápido com a facilidade e rapidez propiciada
pelas redes sociais. No twitter, por exemplo, basta um clique para repostar e
compartilhar conteúdos replicando ideias de político A ou B. Em tempos de eleições,
as redes tornam-se um espaço ainda mais polarizado e criador de bolhas com todos
tendo o direito de publicar o que quiserem e quando quiserem.
Assim, a sociedade em rede constitui comunicação socializante para lá do
sistema de mass media que caracterizava a sociedade industrial. Mas não
representa o mundo de liberdade entoada pelos profetas da ideologia
libertária da Internet. Ela é constituída simultaneamente por um sistema
oligopolista de negócios multimédia, que controlam um cada vez mais
inclusivo hipertexto, e pela explosão de redes horizontais de comunicação
local/global. (CASTELLS, 2005, p. 24)

4. Metodologia

O corpus de análise consiste em duas bases de dados em planilha eletrônica


com dados sobre as hashtags compartilhadas durante os debates presidenciais dos
dias 16/10/2022 e 28/10/2022. Os dados serão extraídos através do software de
código aberto e gratuito Gephi - ideal para visualização e exploração para todos os
tipos de gráficos e redes. Nesse softwares é possível identificar quais pessoas
postaram sobre o tema educação através de um filtro de hashtags específicas como
#paulofreire, #educação, #lula, #bolsonaro, #debatenaband. As métricas do gephi
possibilitam identificar as coordenadas da postagem, quais são possíveis Bots que
estão apenas replicando postagens. As principais métricas do gephi podem ser
divididas em a) proximidade: quem está mais próximo do nó principal; b)
centralidade/intermediação: mede qual a relevância do nó na rede, faz ligação entre

6
outros grupos; c) Grau indegree: quantidade de conexões de pessoas que estão
postando sobre aquele assunto; d) grau outdegree: quantidade de “reposts”.
A análise qualitativa também se dará através de capturas de tela da rede
social twitter. Através da análise dos trend topics, identificando quantos e quais
trend topics estão em alta durante a transmissão dos debates. Além disso, quais os
diferentes tipos de manifestações aquela hashtag proporciona se espontânea do
próprio candidato postando sobre ou se em forma de meme, de citação, de imagem,
de vídeo, entre tantas outras.

5. Cronograma de atividades

ATIVIDADE JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO

Revisão Bibliográfica x x

Objetivos x x

Análises dos dados x x

Redação do TCC x x x x

Revisão e Impressão do TCC x x

Defesa do TCC x

Referencial Bibliográfico

HEPP, Andreas. As configurações comunicativas de mundos midiatizados: pesquisa


da midiatização na era da “mediação de tudo”. MATRIZes, v. 8, n. 1, p. 45-64, 2014.

MORAES, Dênis (org.) In: MUNIZ, Sodré. Eticidade, campo comunicacional e


midiatização. Muniz Sodré

DEBATE NA BAND: PRESIDENCIAL 2022 - SEGUNDO TURNO. Acesso em: 16 de


outubro de 2022, às 20 horas. Disponível em: https://youtu.be/iYVk1CeIs60.

DEBATE PRESIDENCIAL NA GLOBO - SEGUNDO TURNO. Disponível em:


https://g1.globo.com/politica/eleicoes/2022/ao-vivo/debate-presidencial-para-segund
o-turno-acompanhe-em-tempo-real.ghtml

Sofware Gephi. Disponível em: https://gephi.org/

7
CALEGARI, Newton Juniano. São Paulo, 2013. Documento de Iniciação Científica -
Estudo utilizando big data, twitter e gephi. Disponível em:
https://pt.slideshare.net/newtoncalegari/documento-analise-de-dados-do-twitter-com-
gephi.

https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/771/o/Apresenta%C3%A7%C3%A3o_minicurso.
pdf

http://www.raquelrecuero.com/artigos/abciberfinal2014.pdf

RECUERO, Raquel. Métricas de centralidade e conversações em redes sociais


na internet: desvelando estratégias nos debates presidenciais de 2014. VIII
Simpósio Nacional da ABCiber COMUNICAÇÃO E CULTURA NA ERA DE
TECNOLOGIAS MIDIÁTICAS ONIPRESENTES E ONISCIENTES. Disponível em:
http://www.raquelrecuero.com/artigos/abciberfinal2014.pdf

https://aovivo.folha.uol.com.br/educacao/2019/05/30/5714-estudantes-fazem-nova-
manifestacao-contra-bloqueios-na-educacao.shtml#post390496?utm_source=twitter
&utm_medium=social&utm_campaign=twfolha

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/03/decreto-de-bolsonaro-corta-137-mil-
cargos-em-universidades-publicas.shtml

https://veja.abril.com.br/coluna/jose-casado/na-pandemia-cortes-de-79-na-saude-e-d
e-ate-85-na-educacao/

https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2022/10/04/carmen-aponta-possib
ilidade-real-de-crime-de-bolsonaro-com-pastores-no-mec.htm

https://twitter.com/waafilho/status/1128789431140462592?s=20&t=QwbAHuyw8lgeNcfk
TPS6Ew

HJARVARD, Stig. Midiatização: teorizando a mídia como agente de mudança social e


cultural. In: MATRIZes, v. 5, n. 2, 2012.

SANTANA, Paulo Henrique Basilio. Midiatização da política em tempos de redes


sociais digitais: a suposta campanha precoce de Jair Bolsonaro. Anais de Artigos
do Seminário Internacional de Pesquisas em Midiatização e Processos
Sociais, [S.l.], v. 1, n. 3, ago. 2019. ISSN 2675-4290. Disponível em:
<http://midiaticom.org/anais/index.php/seminario-midiatizacao-artigos/article/view/29
3>. Acesso em: 25 out. 2022.

8
MATTOS, Maria Ângela; BARROS, Ellen Joyce Marques; OLIVEIRA, Max Emiliano.
Metapesquisa em Comunicação: O interacional e seu capital teórico nos textos da
Compós. Editora Sulina, 2018.

SARDINHA, Rafaela; LEHER, Roberto. 'Auxílio Brasil' institui os 'vouchers'


escolares para destruir a educação básica pública. Sou_Ciência, novembro de
2021.

Você também pode gostar