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CONTRAPONTO: Discussões Científicas e Pedagógicas em Ciências, Matemática e Educação

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O ensino de ciências e o combate às fake news: o que dizem as pesquisas da área

Science teaching and fight against fake news: what research in the area say

Maksueny Goveia Moreira


Luciane Jatobá Palmieri

Resumo: Notícias falsas criadas com o objetivo de manipular a população é uma prática antiga, mas
que tem ganhado forças com o avanço das mídias digitais em que o conhecimento científico se
tornou um dos principais alvos de ataques. É a partir desse contexto que o presente estudo tem
como objetivo identificar quais são as defesas feitas sobre a importância do ensino de Ciências no
combate às ações anticientíficas. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, do tipo bibliográfica, onde os
dados foram constituídos a partir dos Anais do ENEQ (2006-2020), Atas do ENPEC (1997-2021) e
periódicos da área de Ensino de Ciências, todos disponíveis online. Como principais resultados,
apontamos que os trabalhos sobre a temática vêm crescendo nos últimos três anos (2019-2021),
porém de uma maneira bastante incipiente nos eventos da área de Ensino de Ciências. Outro ponto
de destaque é a necessidade do combate aos movimentos negacionistas, a partir de um ensino de
Ciências crítico que promova a aproximação com o saber científico.
Palavras-chave: Educação Científica. Movimentos Negacionistas. Pós-verdade. Pesquisa
bibliográfica.

Abstract: Fake news created with the aim of manipulating the population is an old practice, but it
has gained strength with the advancement of digital media and scientific knowledge has become
one of the main targets of attacks. It is from this context that the present study aims to identify
which are the defenses made about the importance of science teaching in the fight against anti-
scientific actions. This is qualitative research, of the bibliographic type, where the data were
constituted from the Annals of ENEQ (2006-2020), Proceedings of ENPEC (1997-2021) and
journals in the area of Science Teaching, all available online. As main results, we point out that the
works on the subject have been growing in the last three years (2019-2021), but in a very incipient
way in the events in the area of Science Teaching. Another important point is the need to combat
the negationist movements, based on a critical teaching of Science and that promotes the
approximation with scientific knowledge.
Keywords: Scientific Education; Negationist Movements; Post-truth; Bibliographic research.

INTRODUÇÃO
Atualmente, vivemos em um cenário de cultura digital, em que o fácil acesso à internet vem
modificando o pensamento e a relação dos indivíduos. Segundo Santos e Sá (2020), o aparecimento
das tecnologias digitais (TDs) e o acesso à internet de modo facilitado acarretou aos indivíduos uma
conectividade virtual na qual se tem acesso à informação em qualquer ambiente, de um modo
rápido e prático. Essa facilidade de troca e envio de informações, a descomplicada maneira de

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possuir uma conexão com a internet em suas mãos, com um mundo circulando dentro de um
pequeno aparelho, trouxe uma limitação sobre a relação social num ambiente em conjunto, como
era vista em tempos atrás, mas ampliou um novo mundo de comunicação e avanços.
Lévy (1999, p. 32) destaca que “as tecnologias digitais surgiram, então, como a
infraestrutura do ciberespaço, novo espaço de comunicação, de sociabilidade, de organização e de
transação, mas também novo mercado da informação e do conhecimento”, assim dizendo, temos
uma nova era de informação, o novo meio de comunicação e interação social, um ambiente
contemporâneo de conhecimentos. Mesmo com todas as vantagens do meio digital tecnológico,
estamos usufruindo desses recursos tecnológicos e midiáticos de maneira correta? Estamos
emanando um pensamento crítico sobre essa realidade que nos cerca? Essas são perguntas
pertinentes que englobam toda uma problematização perante os acontecimentos econômicos,
culturais, políticos e sociais que vivenciamos no nosso país.
Com o surgimento de uma pandemia 1 sob uma doença drástica, além de notórios eventos
políticos, fluiu-se uma eclosão e aparição intensa de movimentos anticientíficos, uma grande
mobilidade em negação à Ciência, uma massa de desinformação e notícias falsas em detrimento do
conhecimento científico. Essa movimentação aplica-se em princípios individualistas, e convicções
opiniosas que modificam fatos, verdades e ideologias que tem como principal espaço de divulgação
os meios tecnológicos e mídias sociais (BARTELMEBS; VENTURI; SOUSA, 2021). Sabemos que
movimentos de manipulação em contingência aos debates políticos, sociais e científicos sempre
existiu, mas as plataformas de comunicação e divulgação atuais possibilitaram espalhar narrativas
manipuladoras com uma acessibilidade simples.
Logo, estamos saindo de uma era de informação para entrar em uma era de desinformação,
na qual as ferramentas criadas pela indústria da tecnologia desenvolveram um desequilíbrio na
relação e no funcionamento da sociedade, modificando o seu comportamento, o que você faz, como
você pensa e quem você é; portanto, tem formado-se uma geração de pessoas que crescem
incorporando circunstâncias em que o significado de cultura e o significado de comunicação estão
submetidos à manipulação. Os autores Oliveira, Martins e Toth (2020, p. 93) argumentam que a
desinformação “está associada a uma rede complexa que envolve conflitos de interesse e declínio da
credibilidade das instituições produtoras de conhecimento e de verdade – a mídia (no caso das fake

1 Refere-se aqui a pandemia de COVID-19 decretada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no dia 11 de março
de 2020.

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news) e a ciência”, isto é, vai além da divulgação de notícias falsas, tem a intenção de manobrar o
pensamento da população de forma gradativa, leve e imperceptível, em que até mesmo há a
possibilidade de obter vantagens lucrativas e econômicas por meio disso.
Todo esse leque de problematização recorrente a debates públicos sobre os temas como
“notícias falsas” ou no inglês “fake news”, “pós-verdade”, “negacionismo” acarretou grandes
discussões no meio acadêmico. Temos como necessidade, apurar como esse avanço em negação da
Ciência está chegando às escolas e nas universidades. Qual a importância de um artigo científico?
Onde as pessoas estão recorrendo para averiguar a veracidade das notícias? Qual papel do professor
e da professora e da escola na alfabetização científica? São muitas as perguntas que precisam ser
feitas e respondidas. Tem-se estruturado um mundo onde ninguém está acreditando em nada, tudo e
todos estão propagando mentiras, uma cacofonia de teorias da conspiração. Portanto, entende-se
que:

As publicações científicas objetivam divulgar a pesquisa para a comunidade, de forma que


permita que outros possam utilizá-la e avaliá-la sob outras visões. As revistas, eletrônicas
ou impressas, ainda são consideradas como o modo mais rápido e economicamente viável,
para os pesquisadores fazerem circular e tornar visíveis os resultados do seu trabalho. Pois,
é por meio de uma publicação científica que a sociedade toma conhecimento dos resultados
de um trabalho de pesquisa e o que este representa para a coletividade. (BROFMAN, 2018,
p. 419).

A divulgação científica é uma base para averiguação da verdade, pois é estruturada a partir
da atividade humana, provisória, política e não neutra, em que se propicia uma argumentação mais
ampla sobre o meio social, favorece as pessoas acesso às informações qualificadas e possibilita um
maior desenvolvimento do pensamento crítico. Sob essa perspectiva, faz-se importante e necessário
a divulgação científica, destacando-a como instrumento entre as relações de Ciência, Tecnologia e
Sociedade (CTS).
Muitos são os debates e análises que fazem referência a esses termos em trabalhos
acadêmicos nas mais diversas áreas do conhecimento. Então, indaga-se ao questionamento no
âmbito do Ensino de Ciências 2 o modo como se retrata esses debates e essas análises. O presente
estudo é fruto de uma pesquisa de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) e tem como objetivo

2 Destacamos que o foco inicial do trabalho de revisão bibliográfica era na área de Ensino de Química. Após realizar a
busca por trabalhos no principal evento, o ENEQ (Encontro Nacional de Ensino de Química), e só encontrar um
trabalho, ampliamos a revisão para o Ensino de Ciências (Biologia, Física e Química).

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identificar, perante a uma revisão bibliográfica qualitativa, quais são as defesas feitas sobre a
importância do ensino de Ciências no combate às ações anticientíficas.

2. APORTE TEÓRICO
Para iniciar a discussão do papel do ensino de Ciências no combate à transgressão do
descaso à natureza científica, é preciso entender a aparição desses termos, e a inter-relação de cada
um. De acordo com Junior (2019) o autor Matthew d'Ancona em seu livro a “Pós-verdade: a nova
guerra contra os fatos em tempos de fake news”, a pós-verdade e as fake news não são sinônimos,
pois a existência de notícias falsas de modo histórico, não valida como um privilégio da
contemporaneidade. A definição de pós-verdade é consagrada e trazida, segundo Azevedo e Borba
(2020, p. 1553),

[...] pelo Dicionário Oxford em 2016 conforme a qual o termo pós-verdade está
“relacionado ou denota circunstâncias nas quais fatos objetivos são menos decisivos na
formação da opinião pública do que aqueles que apelam para as emoções ou crenças
subjetivas”.

Ou seja, a Universidade de Oxford elege por meio do Oxford Dictionaries 3 o adjetivo pós-
verdade como a palavra do ano, ou seja, o termo que mais repercutiu não apenas em debates e
discussões, mas que impactou diferentes esferas sociais no mundo (BRITO; MASSONI;
GUIMARÃES, 2020).
Além dessa interpretação da palavra, Fávero e Bombassaro (2020) concernem o conceito de
pós-verdade referindo-se como um multifacetado e interdisciplinar espaço de junção de elementos
da comunicação, política, psicologia, filosofia e educação. Segundo os autores, “dito de outra
forma, trata-se de uma alteração da percepção e do comportamento das pessoas no sentido da
primazia da verdade como princípio estruturante da sociedade e das decisões de interesse público e
privado” (FÁVERO; BOMBASSARO, 2020, p. 2). De modo circunstancial, estamos a vivenciar
um misto do que é invenção e do que verdadeiro, já que a pós-verdade conforme Siebert e Pereira
(2020) ganha fortalecimento com a mídias sociais, pois os meios tradicionais nos quais circulam as
informações não impossibilitam mais o monopólio da “verdade”. Os autores destacam também que
na internet e nas redes sociais, há milhares de formadores de opinião, ocorrendo assim uma
fragmentação sobre o controle de circulação da informação, especialmente as notícias, gerando

3 Disponível em: https://languages.oup.com/ . Acesso em: 16 ago. 2022.

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debates e uma maior reprodução e difusão de novas versões dos acontecimentos. Adentrando nessa
esfera, “[...] as Fake News não são um fenômeno moderno [...], se apresentam como uma releitura
do antigo fenômeno social da “mentira”, remodelado, a fim de se amoldar as mudanças
sociotecnológicas do século XXI” (GUIMARÃES; SILVA, 2019, p. 102). Vemos, então, que não é
um fenômeno novo, pois em tempos passados a mentira das notícias aconteciam por manuscritos ou
oralmente, e hoje de modo virtual, o compartilhamento das informações sobre uma notícia é
direcionada para milhares de pessoas, tornando assim uma “verdade”. As fake news é uma
divulgação errônea das informações de notícias sobre variados assuntos, e é um terreno fértil para a
pós-verdade, pois a princípio situa uma relação de informações falsas, com apelo emocional e
crenças pessoais, que pressupõem informações verdadeiras para assim mudar a opinião do público
(CUNHA; CHANG, 2021). Mesmo com a correlação das fake news e a pós-verdade, os autores
Paula, Silva e Blanco (2018, p. 96) descrevem que:

Mesmo diante de muitas similitudes podemos afirmar que as fake news se diferenciam da
pós-verdade em um elemento primordial: a fake news não possui a necessidade de
apresentar fatos verídicos em uma notícia, enquanto a pós-verdade busca apelar para
aspectos emocionais de uma narrativa realista. As fake news podem apresentar uma
narrativa unilateral para fomentar as opiniões “fatos” e pontos de vista apresentados no
texto. Com um simples rumor de uma fonte teoricamente “confiável” é possível desmerecer
uma empresa e em casos extremos derrubar um governo, ou comover uma nação inteira
com inverdades.

Portanto, o objetivo principal da pós-verdade é ocasionar uma desorientação no leitor no


processo de formulação de conhecimento e na formação de opinião. Tendo assim, as fake news um
relacionamento intrínseco com a pós-verdade (PAULA; SILVA; BLANCO, 2018). Desta maneira,
enfoca-se que as “[...] fake news estabelecem uma relação com a pós-verdade quando há
negligência em relação às informações verdadeiras. No entanto, não é possível generalizar, uma vez
que tal fenômeno nem sempre está ligado diretamente às fake news” (TOBIAS; CORRÊA, 2019, p.
571).
Em detrimento de um mundo dominado majoritariamente na pós-verdade e
consequentemente ampliando as fake news, tem-se impulsionado o negacionismo e uma ininterrupta
acomodação da desinformação. Segundo Silva e Darui:

[...] o negacionismo é um sistema de crenças que, sistematicamente, nega o conhecimento


objetivo, a crítica pertinente, as evidências empíricas, o argumento lógico, as premissas de
um debate público racional, e tem uma rede organizada de desinformação. O termo

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“negacionismo” teve sua primeira aparição oficial na França em meados de 1948 quando
surgiu um fenômeno de negação do holocausto da 2ª Guerra Mundial, infelizmente o
negacionismo não começou nem acabou nos anos 40, podemos dizer que esse fenômeno
acorre desde os primórdios da humanidade e repercute até hoje em nossa sociedade.
Atualmente estamos vivendo um grande retrocesso nesse sentido onde preceitos básicos e
já sedimentados pela ciência no mundo começam a ser questionados. (SILVA; DARUI,
2021, p. 3).

As controvérsias e negações ao longo da história operaram como resistência na produção do


conhecimento científico circulado socialmente, causando rejeições e obstáculos. O avanço do
negacionismo destaca-se aos novos modelos de sociabilidade espalhados pelas redes sociais, no
qual há um favorecimento de discursos acusatórios, sem haver meios para respostas. Assim,
acarreta consequências de imediato, por vias das teorias conspiratórias que vão se multiplicando de
modo veloz, limitando o debate e lançando resultados de pesquisas sem legitimidade, de forma
provisória e carente dos métodos e conclusões (CASSIANI; SELLES; OSTERMANN, 2022). Os
negacionistas produzem individualmente dúvidas e frustrações e se unem aos outros por
identificação e pertencem a um grupo, gerando um processo de produção retórica conservadorista,
levantando dúvidas com intuito de espalhar falsas controvérsias e narrativas ao atacar consensos
científicos com conspirações, visando interesses políticos-ideológicos (VILELA; SELLES, 2020).
Tem-se, portanto, ainda segundo Vilela e Selles (2020, p. 1731) “[...] que o negacionismo científico
é um processo mais sofisticado de produção de desinformação, que se estrutura em narrativas
conspiracionistas e é travestido de Ciência”.
Cabe assim, destacar a desinformação:

Na literatura científica brasileira, bem como na grande imprensa, predomina amplamente a


associação do termo desinformação com o estado de ignorância ou de ausência de
informação. É o caso da definição dada pelo dicionário Michaelis como sendo o “estado de
uma pessoa ou grupo de pessoas não informadas ou mal informadas a respeito de
determinada coisa”. Neste olhar, o sujeito encontra-se em determinada situação de
precariedade informacional devido a sua própria ignorância sobre determinado tema.
Desinformação significaria ausência de cultura ou de competência informacional,
impossibilitando que o usuário localize por si mesmo a informação que necessita, não
chegando, portanto, as suas próprias conclusões. (PINHEIRO; BRITO, 2014, p. 2).

Para entender o conceito de desinformação faz-se necessário compreender várias


problemáticas e implicações em questões das disputas acerca das informações científicas, pois
quando os próprios meios políticos acarretam a circulação da desinformação e entrelaçam com as
fontes de instituições científicas, tornando para o cidadão diferenciar o saber do que é verdade ou
mentira (OLIVEIRA, 2020). Compreendemos, pois, que a desinformação detém de características

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mediante as informações falsas em parte espalhadas de maneira a ocorrer confusão e influenciar ao


erro. Mesmo que a desinformação seja atualmente no campo da política, ela atinge diversos
campos, em princípio o campo científico (SOUSA; ROSA, 2020).
Ao todo se observa, portanto, a aparição destes termos ou palavras no âmbito social e
científico trazendo desafios no combate contra a Ciência e no conhecimento da verdade.
Enxergamos a diferenciação, no significado ou conceito de cada palavra, mas ao mesmo momento
que compreendemos a inter-relação de cada um e como estão atrelados, sistematizamos para a
consequência e dificuldades no que remete ao declínio da consciência da veracidade. Tomada
assim, a imersão desses movimentos da pós-verdade, do negacionismo e a produção das fake news e
as desinformações, abrem contextos associados aos questionamentos sobre o papel da educação
científica, como o ensino de Ciências está lidando com essa realidade, e quais estão sendo as
contribuições para o enfrentamento anticientíficos (BARTELMEBS; VENTURI; SOUSA, 2021).

3. PERCURSO METODOLÓGICO
Esta é uma pesquisa de caráter qualitativo, da qual a apuração dos dados se deu por meio de
uma pesquisa bibliográfica, que detém de uma elaboração a partir de material já publicado
(PRODANOV; FREITAS, 2013). As bases utilizadas para o levantamento foram os Anais online
das edições do Encontro Nacional de Ensino Química (ENEQ), um evento bienal e de grande
importância desde 1982, organizado pela comunidade de educadores químicos do Brasil e
viabilizado pela Sociedade Brasileira de Ensino de Química (SBenQ) a partir do ano de 2018; as
Atas online do Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências (ENPEC), também
realizado a cada dois anos e organizado pela Associação Brasileira de Pesquisa em Educação em
Ciências (ABRAPEC); e, as revistas da área de Ensino de Ciências com Qualis A1 e A2
(WebQualis 2013-2016), que consiste em uma metodologia de avaliação, um conjunto de definições
e formas de classificar a validação dos componentes estruturado na produção acadêmica, na
qualidade dos periódicos e dos livros (LEITE; CODATO, 2013).
A construção do corpus da análise dos Anais do ENEQ sucedeu de forma online4,
analisando oito edições, de 2006 até a última, em 2020. O recorte temporal é justificado devido ao
fato do ano de 2006 ter sido a primeira edição com a modalidade de trabalhos completos, os quais

4 Os Anais estão disponíveis em: http://www.sbq.org.br/ensino/_eneq?


fbclid=IwAR3sKyllkeRucQkuyEzTAqrfKEJQJI5_Ho9alDglctr5I0AHadRftOnjwqA . Acesso em: 16 ago. 2022.

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foram nosso foco por apresentarem relatos de pesquisa com um maior embasamento nas teorias e
metodologias. A busca e seleção dos trabalhos nas Atas do ENPEC foram realizadas de forma
online em 13 edições do evento (1997-2021). O levantamento nas revistas da área de Ensino de
Ciências5 também ocorreu de forma online, nos sites de cada periódico, utilizando a ferramenta do
buscador.
Para a identificação e seleção dos trabalhos, foram determinados os seguintes descritores:
“fake news”, “pós-verdade”, “desinformação” e “negacionismo”. A procura sucedeu-se levando
em conta quaisquer temáticas, tanto nos sites de cada revista como em cada edição do evento.
Destacamos aqui, alguns critérios adotados para a constituição e escolha dos documentos, sendo
selecionado aqueles que tinham descritores presentes no título e nas palavras-chaves dos trabalhos.
Para análise dos trabalhos selecionados utilizamos a base teórica e metodológica de Análise
de Conteúdo, onde Bardin (2016) destaca três polos cronológicos da organização do material: i) a
pré- análise - constituindo de uma leitura conhecendo o texto, explorando as impressões e
orientações, partindo para a escolha dos documentos procedendo a estruturação de um corpus; ii) a
exploração do material - uma validação mediante os dados encontrados para a composição do
corpus; e, iii) o tratamento dos resultados - interpretação, reflexão e estabelecimento de relações
com o referencial teórico do campo do Ensino de Ciências.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com o levantamento e seleção finalizados, apresentamos a seguir os dados quantitativos dos
documentos escolhidos perante os descritores, contidos nos Anais das edições do ENEQ. Referente
ao recorte temporal definido, 2006 a 2020, foi encontrado e selecionado apenas um (1) trabalho no
XX ENEQ - 2020. O Quadro 1 contém as informações do trabalho, apontando a autoria, o título e
as palavras-chave.
Quadro 1 - Informações do trabalho selecionado nos Anais do ENEQ.
Autoria Título Palavras - chave

Lilian Moreira Pereira Da desinformação à informação: Fake news, ensino de


dos Santos; fake news no ensino de química. química, tecnologias
Lucas Vivas de Sá. digitais.
Fonte: Elaboradas pelas Autoras (2022).

5 A relação das revistas encontra-se como Apêndice.

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Pautado nos descritores usados para a pesquisa, é perceptível a pequena quantidade de


trabalhos publicados em eventos que têm grande importância e relevância particularmente no
Ensino de Química no que refere à negligência socialmente da Ciência, como vemos no Quadro 1.
Há inúmeras razões que justificam a elaboração de pesquisas na Educação Química, tendo a
necessidade de introduzir um melhoramento no processo de ensino-aprendizagem, e sobretudo a
Química influencia em várias aplicações da vida em sociedade (FRAZER, 1982), remetendo assim
uma visão sobre a importância de se discutir a pesquisa no ensino de Química na esfera atual.
Vemos então, desde o primeiro momento, a baixa discussão sobre essa temática no âmbito
do Ensino de Química, sendo que a problemática da desvalorização da Ciência está bem presente
nos últimos tempos em nossa sociedade e como essa realidade errônea vem se intensificando cada
dia mais, com o surgimento de uma doença em alerta pandêmico (CUNHA; CHANG, 2021).
Das treze edições analisadas do ENPEC (1997-2020), encontramos um total de seis (6)
trabalhos, publicados nas Atas do XIII ENPEC - 2021. No Quadro 2 abaixo, discriminamos as
informações dos trabalhos, apontando a autoria, o título e as palavras-chave.

Quadro 2 - Informações dos trabalhos selecionados nas Atas do ENPEC.


Autoria Título Palavras-chave

Jorge Goulart de Candido; Educação em Ciências: Pós-verdade; fake news;


Rochele de Quadros vacinar contra a pós-verdade. educação em ciências.
Loguercio.

Débora Schmitt Kavalek; Linguagem, desinformação Filosofia da química;


Ariele Maria Santos dos Reis; científica e fake news: Linguagem; ensino de
Laís Juhini Callegario. contribuições da história e química; fake news.
filosofia da química ao ensino
básico.

Kênio Erithon Cavalcante A ciência das vacinas: Conhecimento científico;


Lima; Danillo Sipriano do credibilidade, mídia e as fake imunizantes; formação
Nascimento. news. continuada; qualidade de
vida; mídia digital.

Lorrana Nara N. Nóbrega; Construção de um objeto Objeto virtual de


Meire L. de Castro; Cláudio virtual de aprendizagem aprendizagem; altas
R. M. Benite. sobre fake news na ciência habilidades ou superdotação
para o enriquecimento (ah/sd); estratégia ativa de
curricular de alunas aprendizagem.
superdotadas.

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Rafaela F. dos Santos; Educação em Ciências e Educação em ciências; fake


Rosilaine de F. Wardenski; Fake News: uma revisão news; revisão narrativa.
Henrique Tavares; Laís narrativa.
Gonçalves Berrueza; Taís R.
Giannella.

Ana Lis C. S. B. Teixeira; O tempo da ciência e o Divulgação científica;


Luigi P. Cunha; Gabriela B. tempo das fake news: um materiais educativos;
de Almeida; Américo A. estudo de produção e produção e recepção de
Pastor Junior; Paula A. recepção de mídias de mídias; ensino de ciências;
Abreu; Teo B. de Abreu. divulgação científica em mídias e educação.
tempos de pós-verdade.
Fonte: Elaboradas pelas Autoras (2022).

Na sequência, conduzimos a pesquisa bibliográfica, em quatorze revistas da área de Ensino


de Ciências, Qualis A1 e A2, totalizando a seleção de 23 artigos: Ciência & Educação (3); Acta
Scientiae6 (1); Revista de Educação, Ciências e Matemática (1); Amazônia - Revista de Educação
em Ciências e Matemática (1); Recima (1); Caderno Brasileiro de Ensino de Física (14);
Investigação em Ensino de Ciências (2).
Cabe mencionar que o número expressivo de artigos selecionados no Caderno Brasileiro de
Física é referente a uma edição temática intitulada “Ciências e Educação Científica em tempos de
pós-verdade”, do ano de 2020. Abaixo, no Quadro 3, descrevemos detalhadamente as principais
informações dos artigos selecionados ao indicar o nome do periódico, os autores, os títulos e as
palavras-chave.
Quadro 3 - Informação dos artigos selecionados nos periódicos.

Nomes dos Autoria/Título/Ano de publicação Palavras-chave


periódicos

MILARÉ, T.; RICHETTI, G. P.; SILVA, L. A. R. Ensino de química;


Solução Mineral Milagrosa: um Tema para o Alfabetização científica; MMS;
Ensino de Química na Perspectiva da Fake news;
Alfabetização Científica e Tecnológica. 2020. Pseudociência.
Ciência &
Educação GOMES, S. F.; PENNA, J. C. B. O.; ARRAIO, Fake news; Mídias sociais;
A. Fake News Científicas: Percepção, Persuasão Divulgação científica; Educação
e Letramento. 2020. científica.

CASSIANI, S.; SELLES, S. L. E.; Trata-se de um texto do Editorial

6 Levando em consideração os descritores de busca, encontramos nesse periódico dois artigos, sendo um descartado por
ser da área da Educação Matemática.

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OSTERMANN, F. Negacionismo científico e da Revista.


crítica à Ciência: interrogações decoloniais.
2022.

Acta Scientiae SANTOS, R. P; LEDUR, J. R. Nova evidência Fake News; Natureza da


(ULBRA) do efeito das literacias na redução da Ciência; Ensino de Ciências;
desinformação e das fake news. 2021. Desinformação.

Revista de CERIGATTO, M. P.; NUNES, A. K. F. O ensino Fake news. cultura digital.


Educação, de ciência e cultura digital: proposta para o competências digitais.
Ciências e combate às fake news no novo ensino médio. letramento midiático. letramento
Matemática 2020. informacional.

Amazônia - CUNHA, M. B.; CHANG, V. R. J. Fake Fake News, pseudociência,


Revista de Science: uma análise de vídeos divulgados sobre letramento informacional e
educação em a pandemia. 2021. midiático, vídeos,
Ciências e pandemia.
Matemáticas

Rencima CUNHA, M. B. A Química “mal dita” em Fake Mídia-Educação. Fake News.


Science. 2021. Problemas.

AZEVEDO, M.; BORBA, R. C. N. Educação Currículo; Fake News;


em Ciências em tempos de pós-verdade: Aprendizagem Narrativa.
pensando sentidos e discutindo
intencionalidades.2020.

BRITO, A. A.; MASSONI, N. T.; GUIMARÃES,


R. R. Subjetividades da comunicação Educação Científica; Divulgação
científica: a educação e a divulgação científicas Científica; Pós- verdade;
no Brasil têm sido estremecidas em tempos de Cosmopolítica; Epistemologia.
pós-verdade?. 2020.

CHRISPINO, A.; ALBUQUERQUE, M. B.;


MELO, T. B. Crença Forte, ciência fraca? Ciência e Crença; CTS;
Contribuições sobre a relação Ciência e crença Dissonância Cognitiva; Pós-
para a educação científica e tecnológica em verdade.
tempos de pós-verdade. 2020.

Estilo de Pensamento Científico;


SAITO, M. T. A noção de verdade e a Circulação do Conhecimento;
circulação do conhecimento científico em Popularização da Ciência;
Fleck: elementos para uma reflexão sobre a era Educação Científica;
Caderno da pós-verdade. 2020. Relativismo; Democracia.
Brasileiro de

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Ensino de Pós-verdade; Educação


Física BARCELLOS, M. Ciência não autoritária em Científica Bancária;
tempos de pós-verdade. 2020. Desmonumentalização.

Patriarcado; Intersubjetividade;
CORDEIRO, M. D. Reflexões da história do Subdeterminação; Valores
patriarcado para esses tempos de pós-verdade. Contextuais; Guerra de
2020. Narrativas.

MONTEIRO, M. M.; SILVA, M. G. L.


Reflexões sobre o conceito de Autonomia para Autonomia; Ensino de Ciências;
o Ensino de Ciências: elementos da filosofia de Cornelius Castoriadis;
Cornelius Castoriadis como fundamento para a Criticidade.
crítica da pós-verdade. 2020.

NETO, H. S. M.; MORADILLO, E. F. Uma Materialismo Histórico-


análise do materialismo histórico -dialético Dialético; Pós-verdade; Ensino
para o cenário da pós-verdade: contribuições de Ciências.
histórico-críticas para o ensino de Ciências. 2020.

PIVARO, G. F.; JUNIOR, G. G. O ataque Negacionismo Científico; Pós-


organizado à ciência como forma de Verdade; Coronavírus.
manipulação: do aquecimento global ao
coronavírus. 2020.
Verdades Afiliativas; Verdades
RANNIERY, T.; TELHA, R,; TERRA, N. Evocativas;
Educação Científica, (Pós)Verdade e Relacionalidade Ética.
(Cosmo)Políticas das Ciências. 2020.
Educação em Ciências; Pós-
ROSA, K.; BRITO, A. A.; PINHEIRO, B. C. S. verdade; Decolonialidade;
Pós-verdade para quem? Fatos produzidos por Racismo Científico.
uma ciência racista. 2020.
Pós-verdade; Objetividade;
SILVA, V. C.; VIDEIRA, A. A. P. Como as Estudos Científicos; Divulgação
ciências morrem? Os ataques ao conhecimento Científica; Cultura.
na era da pós-verdade. 2020.
Pós-verdade; Afetos; Rachel
SOUZA, A. T. F.; MARTINS, A. F. P. Pós- Carson; Primavera Silenciosa;
verdade e a potência dos afetos: um resgate da Ensino de Ciências.
vida e obra de Rachel Carson para um saber sobre
ciências. 2020.
Educação em Ciências;
Negacionismo Científico;
VILELA, M. L.; SELLES, S. E. É possível uma Crítica à Ciência; Currículo
Educação em Ciências crítica em tempos de Narrativo; Educação

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negacionismo científico?. 2020. Democrática.

MIGUEL, M. L.; SANTOS, L. J.; SOUZA, L. A.


Investigações M. Algumas percepções de estudantes do Pseudociência;
em Ensino de ensino médio sobre ciências, pseudociência e Anticientificismo; Negacionismo.
Ciências movimentos anticientíficos. 2022.

PIVARO, G. F.; JUNIOR, G. G. Qual ciência é Negacionismo científico;


negada nas redes sociais? reflexões de uma Bolsonarismo; Pós-verdade;
pesquisa etnográfica em uma comunidade Desinformação; Twitter.
virtual negacionista. 2022.
Fonte: Elaborado pelas Autoras (2022).
Por conseguinte, o corpus de análise é constituído por um (1) trabalho encontrado na XX
edição do ENEQ do ano de 2020; seis (6) trabalhos encontrados na XIII edição do ENPEC no ano
de 2021; e nas revistas da área de Ensino de Ciências, onde foram encontrados vinte e três (23)
artigos em sete (7) revistas distintas, totalizando trinta (30) materiais selecionados.
Com o estudo de Dalessandro, Castanha e Veronez Junior (2020) observamos que a
produção de artigos científicos acerca da temática fake news deu uma grande alavancagem. O
trabalho apresenta uma evolução de produção durante os últimos 14 anos (2005- 2018), e destaca
que a priori, até o ano de 2016, essa temática era pouco estudada, tendo um total de 30 artigos
publicados em 12 anos. Após o ano de 2016, os autores apontam nos seus dados uma massiva
intensificação na produção, nos anos de 2017 e 2018, dentro desses dois anos foram 295
publicações.
Tendo tal expansão numerosa, os autores buscaram explicações na literatura para tal feito, e
concluíram que o efeito das notícias falsas, ou fake news, assim aderida nas redes sociais ou mídias,
foi após as eleições de 2016 dos Estados Unidos da América (EUA). O apontamento se dá nas
mídias digitais, pois é por meio dela que se sucedeu o compartilhamento de falsas notícias nas
eleições presidenciais dos EUA, resultando em uma fragilidade e perda de confiança na grande
mídia, causando assim um cenário de dúvidas para toda a sociedade (DALESSANDRO;
CASTANHA; VERONEZ JUNIOR, 2020).
Ao pautar a problematização fundamentada a partir dos resultados dos dados obtidos, faz-se
a análise da discussão acerca do que os autores argumentam sobre a importância e os meios do
ensino de Ciências no combate às fake news, a desinformação, as ações negacionistas e as vias das
pós-verdade. Mediante a leitura dos trabalhos selecionados, é perceptível a amplitude de como esses

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assuntos são difundidos nos meios sociais, em pautas raciais, econômicas, políticas, de crenças e o
modo em que se reflete consequências para o contexto educacional. Assim, percebe-se a forma em
que esse contexto reage para reprimir esses assuntos, reforçando “[...] a Ciência como um tipo de
conhecimento, entre outros conhecimentos e modos de saber/fazer relevantes das culturas, e que
desse reconhecimento emerge a ação dialógica” (CASSIANI; SELLES; OSTERMANN, 2022, p.
9).
Com a análise de todos os trabalhos tanto do ENEQ, ENPEC, quanto das revistas do Ensino
de Ciências, ficou a mostra pautas para contestar e gerar o desenvolvimento do conhecimento
científico criticamente, do senso crítico do mundo e o fortalecer o processo de questionamento dos
indivíduos. Diante das temáticas aguçadas nos presentes artigos destacam-se, a Educação Científica
refletindo no âmbito formal e não formal; alfabetização midiática, científica e tecnológica;
Divulgação Científica; Letramento Informacional Midiático (LIM); Natureza da Ciência (NdC);
Literacias: Científicas, Midiáticas e Informacional. Essas são algumas das principais temáticas que
os autores argumentam para combater os efeitos que desmontam o ensino de Ciências, sendo válido
ressaltar que não são todas as temáticas que são mencionadas/discutidas nos trabalhos,
identificamos de uma ou duas pautas argumentadas em cada artigo. Em um dos trabalhos
selecionados, os autores Santos e Sá (2020) explicam a importância da Educação Científica com
fundamentação, a qual as pessoas desenvolvem uma visão crítica com o que leem e compram.
Segundo Cassiani e colaboradores, “[...] a educação científica formal e não formal assume
um papel predominante no tratamento de temáticas controversas, balizando suas ações em
questionamentos acerca do fundamento de assertivas negacionistas” (CASSIANI, SELLES;
OSTERMANN, 2022, p. 8). Veja-se, portanto, o adentramento da Educação Científica como parte
da formação do cidadão/aluno dentro e fora dos meios de ensino (DEMO, 2014). Em questão, ao
letramento, a alfabetização e literacias, são conceitos que estão intimamente relacionados, no
entanto não podem ser tomados como sinônimos, pois cada uma especificam para o que devem ser
considerados tanto no planejamento do meio escolar como na área pedagógica focalizada a
educação para leitura (GABRIEL, 2017).
Na perspectiva do ensino de Ciências sobre o letramento informacional e midiático (LIM),
dar-se-á um ensino mais contextualizado e em torno de novas demandas para uma leitura do mundo
de modo consciente, problematizando discursos tomados pela veracidade absoluta quando na
verdade esquematiza interesses, a articulação desses tipos de letramentos da potência aos cidadãos

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de uma visão mais crítica e autônoma do ambiente real (GOMES et al., 2020). Em virtude do
crescimento e impacto das mídias, das tecnologias de informação e comunicação (TIC) e do mundo
digital, o conceito de alfabetização evoluiu, sendo cada tipo importante para o desenvolvimento da
aprendizagem das pessoas (VALLADARES; LUCE; ESTABEL, 2022).
Nesse sentido, Milaré, Richetti e Silva salientam que:

[...] espera-se que uma pessoa alfabetizada científica e tecnologicamente seja capaz de
avaliar as informações com respaldo científico, e, no caso de se deparar com informações
de veracidade duvidosa, tenha meios de verificar autonomamente sua validade, construindo
os conhecimentos necessários para isso. A importância dessa habilidade reforça a
importância do ensino de ciências na perspectiva da Alfabetização Científica e
Tecnológica. (MILARÉ; RICHETTI; SILVA, 2020, p. 2).

Faz-se necessário a alfabetização seja ela, científica, midiática ou tecnológica para uma
interpretação crítica e não se apegar às inverdades. Ao focalizar para o contexto das literacias,
Ledur e Santos (2021, p. 325) destacam que,

[...] o contexto da sociedade da informação trouxe novos desafios ao processo educacional,


que não pode mais apenas limitar-se ao ensino de conteúdos curriculares estanques, mas
também atender a demanda pelo desenvolvimento de literacias que possibilitem aos
estudantes se tornarem cidadãos críticos e reflexivos tanto em relação a questões
sociocientíficas, cada vez mais presentes nos mais diferentes setores da atividade humana
como também frente à torrente de desinformação que permeia as mídias de comunicação.

É pertinente e fundamental que no processo de ensino-aprendizagem possa executar-se


diversas literacias que dão desenvolvimento consciente ao estudante, implicando na capacidade de
avaliar qualquer informação baseada em evidências e conclusões válidas. A literacia científica
abrange “a capacidade de leitura e compreensão de artigos sobre ciência, publicados na imprensa
popular, articulando-as em debates sociais acerca da validade das suas conclusões” (DeBoer, 2000,
p. 590).
A princípio, sobre a Natureza da Ciência (NdC), os trabalhos fazem a defesa da sua
compreensão ser fundamental para a formação tanto dos alunos como dos professores, integrando a
criticidade com o mundo e a realidade que vivem. É entendida como uma construção,
estabelecimento e organização do conhecimento científico, é abordado questões internas e externas,
entre teoria e observação, e por influências de elementos de modo sociais, religiosos, culturais e
políticos com aceitação ou rejeição por vias científicas (MOURA, 2014). Dentre todas essas
temáticas encontradas a partir da análise dos trabalhos selecionados, é avistada as finalidade de

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recursos que contribuem de forma direta e indiretamente para melhoria do pensamento científico, de
forma significativa conhecer e questionar o que é Ciência e como ela se constitui e se desenvolve,
no meio escolar ou fora dele estimulando o conhecimento elaborado e sistematizado de cada
indivíduo.
É possível relacionar, a partir daqui, o pensar sobre a divulgação científica como meio de
combater as inverdades que afetam o ensino de Ciências, pontuando ainda sobre o viés da
publicação e compartilhamento sobre elas.
Entende-se como divulgação científica uma publicação com comunicação e linguagem
especializada, abordando meios científicos comprovados, mas com um entendimento mais
simplificado, de fácil compreensão, contribuindo para uma interpretação de um público leigo. E
esse tipo de divulgação não está presente apenas em artigos científicos, mas em revistas, jornais e
programas de televisão e mais recentemente em redes sociais, variando assim os espaços e tendo
mais alcance (GOMES et al., 2020). Mesmo como um meio positivo de adentrar com o saber
científico para o público em geral, os autores Bartelmebs, Venturi e Sousa (2021, p. 71) discorrem
que:

A divulgação científica é precária no Brasil e, quando existe, ocorre de forma complexa,


utilizando uma linguagem que não é a mesma linguagem da sociedade. Como consequência
a sociedade não sabe o que a ciência faz, não compreende o que é ciência e nem os
resultados práticos do trabalho de institutos de pesquisas e universidades. Então, as pessoas
voltam-se contra estas instituições e contra a própria ciência, como os casos recorrentes no
contexto da pandemia.

É necessário refletir e se responsabilizar perante essa falhas enquanto alunos, futuros


professores e formadores de docentes. Assim, não podemos permitir, ainda que haja os obstáculos e
desafios da educação, que a reprodução do conhecimento, da divulgação científica perante as
verdades e fatos diminua em razão do senso comum, do movimento anticientífico ou de
negacionistas. Cabe às escolas e instituições de ensino compreender que o “[...] conhecimento de
base científica assume a máxima relevância definindo-se como tarefa precípua da escola assegurar o
seu domínio por parte do conjunto da população de cada país.” (SAVIANI, 2019, p. 44).

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante da atual conjuntura que vivemos, ressaltamos aqui a importância do trabalho
científico e do Ensino de Ciências, perante a era da pós-verdade, a massiva rede de notícias falsas,

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popularmente reconhecida como fake news, os movimentos negacionistas e a esfera da


desinformação. Sempre houve esses tipos de acontecimentos, mas não semelhante aos tempos
atuais, do mundo digital, tecnológico e midiático dos quais somos bombardeados pelas mais
diversas notícias e informações, sendo elas verdadeiras ou não, redigidas de interesses a cunho
pessoal, econômico e político.
Mediante o objetivo da pesquisa em identificar quais são as defesas feitas sobre a
importância do ensino de Ciências no combate às ações anticientíficas nos trabalhos acadêmicos
publicados e submetidos em eventos e revistas de grande importância na área, obtivemos uma
quantidade trabalhos em ascensão. Essa quantidade, ainda que de maneira tímida nos eventos, gera
o questionamento de o porquê não se debater cientificamente essas problemáticas que transcendem
no ambiente social para o escolar e retrocedendo o ensino-aprendizagem do estudante, mesmo tendo
uma compreensão de que a escrita da pesquisa é complexa e dificilmente aceita.
Seguindo os resultados nas revistas de Ensino de Ciências, observa-se quanto aos artigos
científicos publicados, como as pautas raciais, econômicas, políticas e de crenças são relacionadas
ao contexto educacional diante das mazelas que descansam com a Ciência.
Concluímos que os 30 trabalhos analisados fazem a defesa de um ensino de Ciências crítico
e comprometido com a promoção de uma alfabetização e letramento de cunho midiático, científico
e tecnológico, capaz de combater as ações anticientíficas.
Na concepção da análise de leitura dos materiais selecionados, vemos as temáticas que são
pertinentes e necessárias para o combate dessas inverdades nessas esferas em que se envolve o
ensino de Ciências, e encontramos temáticas que são e se fazem importantes para o
desenvolvimento do pensamento/conhecimento crítico e científico dos indivíduos. Destacamos a
importância do trabalho acadêmico, da pesquisa em luta e em defesa da educação, do ensino e da
Ciência para um saber reflexivo, questionador e crítico diante da verdade.

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Acesso em: 05 set. 20220.

VILELA, M. L.; SELLES, S. E. É possível uma Educação em Ciências crítica em tempos de


negacionismo científico? Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 37, n. 3, p. 1722-1747, 2020.

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Blumenau/SC, Vol. 4, N. 5, Janeiro/Junho 2023. ISSN 2763-5635
CONTRAPONTO: Discussões Científicas e Pedagógicas em Ciências, Matemática e Educação
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Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/fisica/article/view/74999 . Acesso em: 05 set.


2022.

VALLADARES DE OLIVEIRA SOARES, L.; FORTES LUCE, B.; BRASIL ESTABEL, L. A


alfabetização científica e a alfabetização midiática e informacional: ações educativas do
bibliotecário em tempos de pandemia. #Tear: Revista de Educação, Ciência e Tecnologia,
Canoas, v. 11, n. 1, p. 1-16, 2022. Disponível em:
https://periodicos.ifrs.edu.br/index.php/tear/article/view/5547 . Acesso em: 05 set. 2022.

APÊNDICE
Quadro com a relação dos periódicos selecionados para a revisão da literatura.

Qualis-
ISSN Título do Periódico Área:
Ensino

1983-2117 Ensaio: Pesquisa em Educação em Ciências A1

1980-850X Ciência & Educação A1

1806-9126 Revista Brasileira de Ensino de Física A1

2178-7727 Acta Scientiae (ULBRA) A2

1982-5153 Alexandria (UFSC) A2

2238-2380 Revista de Educação, Ciências e A2


Matemática

1806-5104 Revista Brasileira de Pesquisa em A2


Educação em Ciências

2317-5125 Amazônia - Revista de educação em A2


Ciências e Matemáticas

1982-873X Revista Brasileira de Ensino de Ciência e A2


Tecnologia

1984-7505 Areté (Manaus) A2

2179-426X Rencima A2

1982-4866 Dynamis (Furb. Online) A2

2175-7941 Caderno Brasileiro de Ensino de Física A2

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Blumenau/SC, Vol. 4, N. 5, Janeiro/Junho 2023. ISSN 2763-5635
CONTRAPONTO: Discussões Científicas e Pedagógicas em Ciências, Matemática e Educação
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1518-8795 Investigações em Ensino de Ciências A2


Fonte: Elaboradas pelas Autoras (2022).

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Blumenau/SC, Vol. 4, N. 5, Janeiro/Junho 2023. ISSN 2763-5635

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