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CAPÍTULO 6

E-PRINTS: MopELO DA COMUNICAÇÃO


CIENTÍFICA EM TRANSIÇÃO
Simone da Rocha WEITZEL
Doutoranda em Ciências da Comunicação,
Universidade de São Paulo
Professora da Escola de Biblioteconomia da
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

1 INICIANDO

As profundas transformações que a mídia eletrônica trouxe


para o final do século XX ainda estão em curso neste século, sem
que pesquisadores e intelectuais consigam definir o estado atual
das coisas. O mundo contemporâneo parece romper antigas cul-
turas, crenças e o modus operandis do século passado, cujas impli-
cações interferem diretamente no cotidiano dos indivíduos.
No âmbito da comunicação científica, as grandes inova-
ções trazidas pela introdução das tecnologias da informação e
da comunicação (TIC) têm revolucionado o modo como os pes-
quisadores se comunicam entre si e entre seus pares, sobretudo,
quando da publicação dos resultados de suas pesquisas, ativida-
de vital para o processo de comunicação e do avanço científico
etecnológico.
E, decerto, a veiculação de textos científicos na Internet
constitui a primeira evidência das mutações advindas das inova-
ções tecnológicas, caracterizada pela evolução das publicações
I61
Eprinis: modelo da comunicação científica em transição

tran- modelos de negócios próprios, entre os quais se destacam os


rise e repositórios institucionais ou temáticos, as bibliotecas digitais, a
ara as edição de revistas científicas, os repositórios de electronic-prints
omu- (e-prints) e sistemas de gerenciamento de eventos.
Híficas Em função deste novo contexto, amplo debate tem sido
mais empreendido pela comunidade científica, sobretudo, no que
yanço concerne à legitimidade das mídias eletrônicas e dos seus produ-
recur- tos como veículo para a comunicação científica sem restrições
ético, de uso. E, neste sentido, o grande desafio da OAI está na sua
ndo a conformação com os pilares que fundamentam a comunicação
o ele- científica clássica. Isto é,a produção científica deve apresentar
dados referepela
ndados
comunidade científ
de forma
ica, que
ptrole
forma perma-
esteja visível e acessível ao público interedessado,
e fazer uso da refe-
nente, para que ele possa identificar, acessar
s edi- rida produção.
anto, Em outras palavras, não obstante as transmutações pre-
ICEsSSO sentes na produção, disseminação e utilização da produção cien-
tífica, o processo sociocultural que apóia a comunicação cientí-
Aber- fica continua imutável. Os três pilares que lhe garantem susten-
sado- tação — acessibilidade, confiabilidade e publicidade — continuam
ão do presentes nos novos modelos.
ncia a Neste contexto, o presente capítulo analisa alguns aspec-
ão. À tos destas novas dinâmicas que caracterizam a comunicação cien-
ntais, tífica eletrônica, com ênfase para os repositórios de e-prints, como
js pa- contraposição ao modelo da comunicação científica orientado
fa eo para as revistas científicas. Para pontuar a transição dos dois
dife- modelos, opta-se pela descrição histórica da institucionalização
do modelo clássico de comunicação científica protagonizado
pelas revistas científicas e dos repositórios de e-prints, um dos
ração
3 modelos de negócios pioneiros da OAI. Apresenta-se, ainda, a
rendo Arena Científica, repositório de e-prints especializado na área

163
Preparação de revistas científicas - teoria e prática

de comunicação, no âmbito dos países lusófonos, em especial | é


do Brasil, promovendo a inserção da área no movimento mun- i
dial de acesso livre à produção científica. I
i

2 O MODELO CLÁSSICO DA COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA i

A comunidade científica desempenha diversas atividades e

Po
funções, dentre as quais merece destaque a função comunicati-
va. Sua importância reside na possibilidade de transformar. os
resultados das atividades ccientíficas locais em fenômenos com-
partilhados. Isto é, graças à comunicação da ciência, é possível À
compartilhar conhecimentos com a sociedade como um todo, 1
proporcionando a inserção ccultural, ssocial, política e econômica é
dos conhecimentos recém-gerados. ]
À este respeito, Le Coadic (2004) ressalta como função princi- 4
pal da comunicação a possibilidade de assegurar o intercâmbio de
informações acerca das pesquisas em andamento, mediante a interação
entre os investigadores de temáticas similares. É a mesma linha de
pensamento de Meadows (1999, p.vii), para quem a comunicação é
parte integrante do processo de pesquisa científica, uma vez que a
“[...] comunicação situa-se no próprio coração da ciência.”
O contato entre os pesquisadores via comunicação cientí-
fica é o fundamento do sistema de comunicação científica, que,
como visto, no capítulo anterior comporta categorizações dis-
tintas a depender dos teóricos proponentes, mas, de modo geral,
integra a comunicação formal (processo escrito) e a comunicação
informal (processo oral), cujos elementos, (como também descri-
tos por Célia R. S. Barbalho no capítulo 5), diferem quanto à
audiência, ao formato, ao suporte e à função. Logo, a comunicação
científica compreende elementos distintos (exemplo: eventos

164
=prints: modelo da comunicação científica em transição

em especial científicos, relatórios técnicos, preprints ou pré-publicações, ar-


mento mun- tigos de revistas científicas, livros, etc.) aos quais os pesquisado-
res recorrem para originar, desenvolver, veicular e / ou transfor-
mar as informações. (GARVEY, GOTTFREDSON, 1976).
Neste processo, o pesquisador exerce, ao mesmo tempo,
ENTÍFICA incorporadas às suas práticas científicas, o papel de produtor,
disseminador e usuário de informação científica. Este é, pois,
atividades e um traço característico do sistema de comunicação científica.
comunicati- Seus atores, os pesquisadores, exercem funções tão dinamica-
sformar OS mente entrelaçadas, que é impossível conceber um aspecto de
2cnos com- um comportamento sem o outro. Quem busca dados
. é possível informacionais para a sua pesquisa, constrói e comunica infor-
> um todo, mações, simultaneamente. Neste ciclo, o pesquisador fomenta
econômica avanços em sua área de atuação, com base na utilização de pu-
blicações produzidas por ele mesmo ou por outros. É assim que
ação princi- obtém reconhecimento e prestígio, assegurando a prioridade de
rcâmbio de descoberta. Para Garvey e Gottfredson (1976), tudo isto signifi-
=a interação ca que o ciclo não termina na comunicação da pesquisa. Ele
ma linha de continua até promover novos usos na literatura e alcançar o seu
nunicação é objetivo social — seja a consolidação de métodos e teorias, seja a
B vez que a garantia de prioridade da descoberta ou reconhecimento.
ç
a.

ção cientí- 2.1 Origens e consolidação do modelo clássico

zações dis- De acordo com Figueiredo (1979), sempre existiu um sis-


nodo geral, tema de transferência da informação, mesmo no período clássi-
imunicação co e medieval. Mas, Meadows (1999) acredita que, como as
»ém descri- descobertas científicas mais significativas datam do século XVII,
R quanto à só a partir de então, a expansão do conhecimento se torna alvo
municação de destaque. Isto permite inferir que a estrutura da comunica-
o: eventos ção científica remonta à história da ciência.

165
Preparação de revistas científicas - teoria e prática

O autor supracitado, ao traçar um panorama da informa- incorpor


ção técnico-científica do século XX, observa que, desde a Pri- recompe
meira Guerra Mundial, mesmo com a interrupção das ativida- Sor
des científicas, a ciência se expande e se diversifica. As grandes da relevã
contribuições dos governos e da indústria para a pesquisa, asso- cação es
ciadas ao uso de inovações que incrementam a comunicação, comport
como o rádio entre outras, constitui tendência que chega ao de revisa
ápice na Segunda Guerra. O incremento considerável do núme- buição d
ro de pesquisadores e investimentos em pesquisa e desenvolvi- o reconh
mento (P&D) no período desencadeia alta produção de publi- fortemen
cações técnico-científicas, culminando com a denominada ex- nos trés
plosão bibliográfica. Da
E o fenômeno da explosão bibliográfica marca um mo- . incremez
mento crucial do sistema de comunicação científica, mormente explosão
| na fase pós-guerra, quando, diante da diversidade de canais de | tão, um
EO
comunicação einformação
e da. alta produção científica, bus- bém, rek
cam-se alternativas para aumentar a sua eficiência, em
| em especial. Graças a
quanto » ao controle, à à disseminação, velocidade e confiabilidade o que re!
do que está sendo veiculado. ciência7
Nesse mesmo período, o sistema de comunicação científi-
ca passa por um ajuste. Merton (1969) percebe que a estrutura 2.2 À em
do conhecimento científicoéÊ insuficiente | para sustentar O siste- |
ma, conforme prescrito. nos princípios de Bacon. Tal como ocorre Na
na sociedade em geral,, valores morais devem permeara ativida- atravessa
dede científica, a a fim de assegurar paz
a e convivência, evitando, citam-se
talvez, que a ciência se torne instrumento de destruição e guer- das revis
ra. O valor epistêmico de um trabalho científico só é assegurado Em
se as suas prescrições técnicas são moralmente saudáveis à socie- um fato |
dade. Com o ajuste mertoniano, o sistema se fortalece, pois a for- sas: a ex
o oo

ma adotada para validar a observância das normas pelos pesquisa- dade de.
dores é a mesma para validar o valor epistêmico das investigações, dades cie

168
E-prints: modelo da comunicação científica em transição

2 informa- incorporando ao sistema de comunicação científica o sistema de


esde a Pri- recompensa. (FROHMAN, 2000). AE
as ativida- Soma-se, portanto, à eponímia, o maior reconhecimento
às grandes da relevância do trabalho científico (valor epistêmico), a publi-
usa, asso- cação em si como valoração dos que adotam as normas
punicação, comportamentais de Merton (valor moral). E assim, o sistema
chega ao de revisão de pares ganha conotação de controle social para atri-
“do núme- buição desse reconhecimento como recompensa. A peer review,
esenvolvi- o reconhecimento dos pesquisadores e a citação passama apoiar
» de publi- fortemente a estrutura da comunicação científica, fundamentada
nada ex- nos três pilares da comunicação científica, antes mencionados.
Decerto, esta nova perspectiva contribui ainda mais para o
2 um mo- incremento da produção científica, perpetuando o fenômeno da
mormente explosão informacional. Arrevista científica se torna, desde en-
canais de tão, um dos principais canais da comunicação formal e, tam-
fica, bus- bém, relevante indicador da atividade social dos pesquisadores.

|
m especial Graças aos artigos científicos ali contidos, a ciência se constrói,
abilidade o que reforça | Packer (2001), para quem a ã ciência que existe é a
ciência publicada.
eai mer

jocientífi-
1estrutura 2.2 A crise do modelo clássico
car O siste-
mo ocorre . No entanto, o modelo clássico de comunicação científica
a ativida- atravessa uma crise séria, atribuída a fatores diversos. Entre eles,
| evitando, citam-se três: alto custo das assinaturas dos periódicos; papel
ao e guer- das revistas científicas; avanço das TIC.
ssegurado Em relação ao valor das assinaturas, destaca-se, de início,
IS à socie- um fato histórico relacionado com as revistas científicas impres-
poisa for- sas: a explosão bibliográfica, a internacionalização e a necessi-
s pesquisa- dade de alcançar um público em expansão faz com que as socie-
estigações, dades científicas busquem, parcerias com editores comerciais, para

169
Preparação de revistas científicas - teoria é prática

financiar, editar e distribuir o conhecimento veiculado em suas


publicações. Ao longo desse processo, as editoras comerciais crise
passam a deter o direito exclusivo da exploração da distribuição avans
dos melhores títulos científicos, a tal ponto que, na percepção omo
de Guédon (2004b), a sua participação no sistema de comunica- form
ção €
ção científica causa graves distorções na função das revistas cien-
desez
tíficas, transformando-as em marca comercial.
xima
Para Le Coadic (1996) esta estrutura resulta da incorpora-
so qu
ção do esquema econômico tradicional (produção x distribuição
x consumo), ao processo de comunicação científica, integrando,
car 4
inexoravelmente, a ciência ao sistema de produção. Como decor--
inde
rência, vivencia-se um dilema intelectual e financeiro: os valores
forS
das assinaturas são superiores à inflação, mesmo com a redução
te m
dos custos de publicação e distribuição; os pesquisadores | preci-
rêna
sam das revistas científicas representativas de seus respectivos cam-
recel
pos de atuação para dar continuidade aos seus ttrabalhos de inves-
Le €
tigação; as bibliotecas, , que atendem aos pesquisadores, sofrem
com as pressões daííadvindas. Em contraposição, os editores co-
seu «
merciais atribuem a alta dos preçosà manutenção do dispendioso
form
sistema de avaliação dos pares, embora, paradoxalmente, seja ele
ter €
constituído pelos próprioss pesquisadores. |
Porém, esse ciclo vicioso começa a se romper ao final dos
anos 90, quando parte da comunidade científica resolve “pa-
gar” os custos decorrentes de um processo comunicativo pró-
prio à atividade científica. Ao rever o processo histórico do
modelo clássico, percebe-se os filósofos naturais como os que
fomentam toda a infra-estrutura para o estabelecimento do sis-
tema de comunicação científica, somando-se a eles as contribui-
ções dos pesquisadores do século XX. E, inevitavelmente, o res-
gate do processo histórico pela comunidade científica acarreta
uma batalha com os editores de revistas científicas.

170
E-prints: modelo da comunicação científica em transição

n suas No que diz respeito ao segundo fator desencadeador da


crise do modelo clássico, o papel das revistas científicas para o
juição avanço da ciênciae tecnologia (C&T), na verdade, mostra que
epção o motor propulsor da comunicação científica se reduz à mera
po formalidade. E a ênfase à promoção de visibilidade para obten-
s cien- ção de maior fator de impacto, ao invés de publicar visando ao
desenvolvimento científico e tecnológico. Neste sentido, a má-
rpora- xima tão propagada “publique ou pereça” expressa o ciclo vicio-
so que marca o sistema, especialmente após a década de 60.
O princípio enfatiza a “obrigação” de o pesquisador publi-
car em revistas científicas “de marca”, preferencialmente
indexadas por índices de citação norte-americanos do Institute
for Scientific Information (IS). É o recurso único que lhe permi-
te integrar o ranking de produtividade, que figura como refe-
rência mundial. Assim, a quantidade de citações que cada artigo
recebe passa a ser a sua melhor recompensa. Sobre este tópico,
Le Coadic (2004) acredita que esta é a causa de uma aguda
desregulação, porquanto a edição do artigo científico perde o
seu objetivo de consagração das idéias apresentadas, para se trans-
formar em imperativo para o autor-pesquisador obter ou man-
ter empregos, salários e favores.
al dos Há, de fato, parcela significativa da comunidade cientí-
fica que deseja resgatar o valor epistêmico das publicações
) pró- científicas na visão clássica (ou moderna, dos filósofos natu-
co do rais) para fomentar o desenvolvimento da C&T. Para isto, é
ne
=

s que preciso que a produção científica seja mais democrática, fun-


o sis- damentada em processos de avaliação mais transparentes, sem
ribui- atrasos na edição, sem comprometer a agenda das pesquisas,
o res- e principalmente, que seja de acesso livre para todos, sobre-
arreta tudo, para os pesquisadores que dependem da literatura para
fazer ciência.

171
CAPÍTULO 7
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA DE
RevisTAS CIENTÍFICAS COM SUPORTE
DO ProTocoLO OAI
Miguel Ángel Márdero ARELLANO
Doutorando em Ciência da Informação,
Universidade de Brasília
Consultor e pesquisador do Instituto Brasileiro de
Informação em Ciência e Tecnologia
Sueli Mara Soares Pinto FERREIRA
Doutora em Ciências da Comunicação,
sub-área Ciência da Informação
Coordenadora da Rede de Informação em
Ciências da Comunicação dos Países de Língua Portuguesa
Sônia Elisa CAREGNATO
Professora Doutora em Ciência da Informação
Professora da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul

A comunicação eletrônica veio definitivamente libertar o


texto e a informação de uma ideologia envelhecida e au-
toritária dos gestores da recuperação da informação, de-
fensores de uma pretensa qualidade ameaçada, os fatais
intermediários e porta-vozes que vêem seus poderes ame-
açados cada vez mais pela facilidade da convivência direta
entre os geradores e consumidores da informação.
(BARRETO, 1998, paginação irregular).

195
Editoração eletrônica de revistas científicas com suporte do protocolo OAI

| meio são pagos para processar o material e disseminá-los gratuita-


ágina mente. Por fim, no modelo de valor agregado, as instituições
lado, cobram acesso a sistemas que adicionaram valor à informação
idade por meio da produção de sumários, comentários, links, índices
1 con- ou metadados. Tais perspectivas de análise das revistas são váli-
pn for- das e importantes, porém, parecem utilizar várias dimensões para
encio- a derivação de sua tipologia, o que as tornam categorias não
excludentes.
nicas
] eno
* uma 3 CLASSIFICAÇÃO DAS REVISTAS QUANTO ÀS
Teito- FORMAS DE ACESSO
resso.
mais Diante do exposto, apresentam-se as revistas eletrônicas a
Fíficas partir do agrupamento com base numa única dimensão — formas
e dão de acesso — o que projeta a seguinte categorização:
s Pro-
e revistas eletrônicas de acesso restrito;
Dlogia e revistas eletrônicas de acesso aberto.
juatro
amem Revistas eletrônicas de acesso restrito
É seja
node- Às revistas eletrônicas de acesso restrito ainda prevalecem
node- como o modelo predominante de publicação científica. Na maior
inatu- parte das vezes, são aqueles títulos que são simples versões online
ntece de revistas impressas consagradas, embora incluam as que se
nores, apresentam tanto no modelo impresso como eletrônico (descri-
ididas tas como híbridas por Kling, Spector e McKim, 2002) e também
queles como exclusivamente no formato eletrônico.
lo au- Essas publicações periódicas tendem a manter característi-
itores cas de avaliação tradicionais, ou seja, possuem corpo editorial e

201
teoria e prática
Preparação de revistas científicas —

icadas em fascículos.
revisão por pares, além de serem publ
intermédio de assina-
O acesso a seu conteúdo é pago, tanto por
a várias opções de
turas individuais como de licenças de acesso
pacotes, por meio de distribuidores e editores especializados.
exemplo típico de
O ScienceDirect, da Elsevier, constitui
de negociação, dando
serviço de informação oferecido por esse tipo
de um mil e 800 perió-
opções de licenças que podem incluir mais
do, que dentre outros
dicos, acrescentando-se, a título de aden
ão estão O ProQuest
grandes provedores de serviços de informaç
raldinsight.com) eo
(www.proquest.com), O Emerald (www.eme
área de comunicação,
Ovid (www.ovid.com). Especificamente na
estão Communication
entre as revistas disponibilizadas desta forma
s, em nome da
Theory, editada pela Oxford University Pres
€ Journal of Commu-
International Communication Association,
nication Inquiry, da Sage Publications.
icar somente as
No caso do ScienceDirect, deixou de publ
oferecer acesso tam-
revistas da Elsevier no meio eletrônico para
me descrito em
bém a publicações de outros editores. Confor
, o ScienceDirect evo-
seu site, desde o seu lançamento, em 1997
exclusivos da Elsevier,
tuiu de uma base de dados contendo títulos
o um dos maiores
disponíveis na web, para se consolidar com
ratura científica, técni-
provedores do mundo, em termos de lite
ca e médica.
es agregam va-
Sem dúvida, com esta medida, os provedor
realização de bus-
lor às revistas, oferecendo a possibilidade de
gral, criando links
cas em grandes bases de dados de texto inte
umento e / ou a
que conduzem a outros pontos do mesmo doc
antigos e cumprin-
recursos externos, digitalizando os volumes
o por Mabe (2001).
do a tarefa de arquivamento, como detalhad
é que, frequen-
O problema com as licenças em pacotes
pelo acesso à revistas
temente, as bibliotecas acabam pagando
202
Editoração eletrônica de revistas científicas com suporte do protocolo OAI

fascículos. que não selecionaram e que não serão sequer consultadas. No


o de assina- Brasil, poucas são as bibliotecas que, individualmente, fazem estes
opções de contratos, já que a Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal
salizados. de Nível Superior (CAPES) negocia o acesso diretamente com
arames dare mem acre crper cm

o típico de os provedores de serviço de informação em favor das institui-


ação, dando ções de pesquisa e ensino, por meio do Portal CAPES, que segue
= 800 perió- critérios específicos, conforme descrito no capítulo cinco Perió-
mtre outros dico científico: parâmetros para avaliação de qualidade, da auto-
o ProQuest ria de Célia Regina Simonetti Barbalho.
hr.com) e O Quanto aos artigos das revistas eletrônicas, muitas vezes,
ymunicação, mantêm características similares às dos impressos, com tama-
smunication nho limitado, pouca interatividade e reduzida utilização de re-
n nome da cursos multimídia. Em outras palavras, por serem publicações
of Commu- eletrônicas com versões impressas, conservam os mesmo limites
do suporte papel. No entanto, podem oferecer links ativos tanto
somente as para outras partes do próprio texto, como para outros artigos
acesso tam- da mesma base de dados. A maioria permite a visualização e
descrito em impressão nos formatos de arquivo PDF e HTML. Os provedo-
Direct evo- res podem oferecer, ainda, sistemas de alerta com o envio por e-
da Elsevier, mails do sumário de títulos selecionados.
los maiores Um recente relatório sobre publicação científica, sob o títu-
fica, técni- lo Science and technology tenth report e de responsabilidade do
The United Kingdom Parliament (2004), indica que, mesmo com
ieregam va- muitos argumentos demonstrando a facilidade da publicação no
cão de bus- meio eletrônico, os preços das revistas convertidas do papel para
ando links o formato digital não têm preços mais baixos. Além disto, o docu-
nro e/oua mento revela que há descontentamento com as vendas de licenças
e cumprin- naquele país, por compreenderem grupos de revistas não negoci-
abe (2001). áveis, oferecidas por um preço único e prazos fixos.
ie, frequen- Outro elemento de crítica a esse modelo é a transferência
o a revistas do copyright, feita gratuitamente dos autores para editores.

203
Preparação de revistas científicas — teoria e prática
Mesmo rotineira, sobretudo no caso da editoração em grandes de
editoras, muitos autores tendem
e
a ignorar Os Eefeitos aadessa trans-
coa niree aaa
ferência, talvez porque na cultura dos i impressos não existissem pai
tantas oportunidades de reprodução aliadasà tradição de não
remuneração desse tipo de trabalho. Com o avanço das
tecnologias de informação e de comunicação, os produtores lim
passam, agora, a reivindicar o direito de ter os seus artigos re-. co.
produzidos em sites pessoais ou institucionais ou, ainda, depositá-
o
ot

los em repositórios de e-prints.


Assim, como resultado da pressão do movimento de aces- E
so aberto a publicações, tem crescido o número de editores que
4 73

permitem o auto- -arquivamento de postprints (cópias de artigos


trace
depois de aceitos e publicados em veículos formais de publica-
a

ção científica), embora, teoricamente, quando ocorre a transfe-


rência do copyright, o autor só pode reproduzir o seu próprio
ça

artigo, mesmo para fins não comerciais, com autorização do


editor. Mas, a bem da verdade, muitos editores ainda não acei-
Ma

tem publicar o já arquivado como preprint (THE UNITED


KINGDOM PARLIAMENT, 2004).
As tecnologias envolvidas para a produção dos títulos são,
es

em sua maioria, de iniciativas proprietárias e, portanto, não dis-


poníveis à comunidade. E mais, a publicação em periódicos pa-
gos (profit publishers) continua limitando a divulgação do co-
nhecimento a um número restrito de especialistas com condi-
EEN

ções de assumir os custos de acesso.


Revistas eletrônicas de acesso aberto
Falar de revista eletrônica de acesso aberto não significa
necessariamente falar de revista gratuita. Ao contrário, o movi-
ça
OBESOS

mento do Acesso Aberto (Open Access), defensor do princípio


mm

204
CAPÍTULO 5
PerróbiCO CIENTÍFICO: PARÂMETROS
PARA AVALIAÇÃO DE (QUALIDADE
Célia Regina Simonetti BARBALHO
Doutora em Comunicação e Semiótica
Professora da Universidade Federal do Amazonas

1 INICIANDO

Em vista da necessidade de se relacionar com o seu grupo


social, o homem se comunica por meio da linguagem por ele pro-
duzida, apropriando-se do mundo que o cerca e interando-se com
o contexto. A linguagem, por seu caráter simbólico, permite a
codificação dos objetos em signos e símbolos que o ser humano
interpreta para criar, recriar e criticar, desenvolvendo a sua capa-
cidade de reflexão, constituída pela sua consciência racional.
Ao comunicar-se, o homem compartilha modos de vida e
comportamentos manifestados por um conjunto de regras
adotadas graças a convenções previamente definidas, reunindo
expressão e conceito, capazes de mediar e expressar o seu pen-
samento. Neste contexto, fazer circular os conhecimentos oriun-
dos das descobertas científicas, torna-se para ele um elemento
tão essencial quanto a sua própria concepção de ciência, levan-
do-o a criar mecanismos capazes de promover a disseminação e
o uso de informações desta natureza.
123
Preparação de revistas científicas - teoria e prática

As novas tecnologias da informação e da comunicação as-. que pc


sumem, cada vez mais, um papel ativo na chamada sociedade do cam-sé
conhecimento por favorecerem a rápida acessibilidade a uma de, al
gama de saberes, proporcionando, por meio da interco- parâm
pentiidade, a Seria ia de informação, De a

praticidade, rapidez e comodidade de acesso, Sendo E em vista 2 COI


« soa guardada, armaze-
que a linguagem digital permite quecla
º

finsto É alterando os ; modos de disseminar « o ER es de int


O uso da Rede das redes — a Internet —, como meio de comuz
comunicação, transmissão de dados e instrumento de trabalho das de
constitui realidade cada vez mais integrada ao cotidiano da socie- onde€
dade, fazendo emergir novos serviços que primam pela facilida-
de de uso e maior interação com o usuário. Conjugando a ne- quant
cessidade de disseminar o conhecimento científico e as novas legitim
tecnologias da informação, o periódico científico em formato aceita]
eletrônico impõe-se como uma oferta de informação ágil que À este
demanda por efetiva qualidade para favorecer o seu uso e a sua pela a
leitura.
Assim, este capítulo discute o periódico científico e, sobre-
tudo, esclarece aos editores científicos e autores que, para serem
reconhecidos, possuírem penetração nacional e internacional e
divulgarem melhor as suas idéias, devem se preocupar em publi-
car um conjunto de trabalhos que possam ser indexados inter-
nacionalmente. Isto lhes facilita o recebimento de suportes mais
significativos das agências de fomento e, acima de tudo, lhes via dm
permite atender as expectativas de leitores, aliás, cada vez mais munic
exigentes, por sua própria natureza. prime
Isto significa que se pretende, aqui, evidenciar os mecanis- zadas
mos que envolvem o processo de avaliação, preocupação máxima debate

124
qualidade
Periódico científico: parâmetros para avaliação de

desta-
que permeia o espaço da editoração científica. Portanto,
de qualida-
cam-se as vantagens de se observar e seguir critérios
zam esses
de, além de identificar os organismos que utili
parâmetros e reiterar as suas finalidades.

2 COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA
oção
A comunicação científica é entendida como a prom
determinada
de intercâmbio de informações entre membros de
isas efetiva-
de comunidade, a qual divulga os resultados de pesqu
contexto
lho das de acordo com regras definidas e controladas pelo
comunicação
cie- onde está inserida. Para Meadows (1999, p. vii), a
ela tão vital
“[...] situa-se no próprio coração da ciência. É para
ne- toia pesquisa, pois a esta não caber reivi
a própr
quan ndicar com
não houve sido analisada e
legitimidade este nome enquanto
was
q

comunicada.”
jato aceita pelos pares. Isto exige, necessariamente, que seja
produzidos
que A este respeito, ao apontar os tipos de comunicação
pela ciência, Mueller (2000) afirma que variam em:
s;
formato — relatórios, artigos, livros, palestras e outro
re- suporte — papel, meio eletrônico, fita de vídeo etc.;
rem audiências — entre pares, para estudantes, para O públi-
co em geral, entre outros;
etc.
bli- função — informar, observar reações, registrar autoria
rer-
nais Por certo, o conhecimento científico pode ser comunicado
rendo à co-
lhes via diversas modalidades e diferentes suportes, recor
afirma que os
pais municação oral, escrita e digital. Meadows (1999)
utili-
primeiros modelos de comunicação desta natureza foram
oção de
nis- zadas desde a Antiguidade pelos gregos, tanto na prom
discutidos
debates nas academias quanto no registro de temas
125
Preparação de revistas científicas — teoria e prática

em manuscritos, copiados repetidas vezes. Apesar de existirem


categorizações distintas, pode-se dizer que são exemplos da co-
municação oral: aulas, palestras, seminários, conferências, apre-
sentações em congressos, mesas redondas, painéis € simpósios.
Por outro lado, as principais formas de comunicação científica
escrita são: relatórios, pôsteres apresentados em eventos cientí-
ficos, trabalhos acadêmicos, com destaque para as dissertações e
teses, e os artigos de periódicos.
Se
dica de
3 PERIÓDICOS CIENTÍFICOS dirigidas
de entre
O periódico científico desempenha papel fundamental no dar a pi
processo da comunicação científica por se constituir na princi- científic
pal via de veiculação de novos conhecimentos e possibilitar a conheci
sua difusão para determinado público. Com efeito, sob a influ- da infor
ência dos denominados colégios invisíveis, a disseminação de tor-aval
resultados de pesquisas e as discussões de temas científicos assu- tífico.”!
mem, por intermédio deles, um formato mais dinâmico. Afinal, cialmen
trata-se de um canal de divulgação que engloba diversas autorias, do perit
é publicado em intervalos determinados de tempo e apresenta, pois, o:
de forma condensada, os conhecimentos recém-gerados, dan- mento.
' do-lhes visibilidade no meio acadêmico e científico. ressalva
por um
3.1 Periódicos científicos: conceituação dias atu
o prind
Em se tratando da sua concepção, a literatura aponta uma paço p:
variedade de posicionamentos acerca dos periódicos científicos. mento«
Dentre eles, destaque para Souza (1992, p.81, apud OHIRA, a evolm
2000, p. 2), que os definem como P;
clentífi

126
Periódico científico: parâmetros para avaliação de qualidade

[...] publicações editadas em fascículos, com encadeamen-


to numérico e cronológico, aparecendo a intervalos regu-
lares ou irregulares, por um tempo indeterminado, tra-
zendo a colaboração de vários autores, sob a direção de
uma ou mais pessoas, mas geralmente de uma entidade
responsável, tratando de assuntos diversos, porém dentro
dos limites de um esquema mais ou menos definido.

Segundo o exposto, as características da publicação perió-


as
dica de caráter científico pouco ou nada diferem daquel
e
dirigidas à sociedade em geral, com caráter mais informativo
de entretenimento. Miranda (1996, p. 2), por sua vez, ao estu-
o
| no dar a participação do periódico no processo da comunicaçã
do
científica, o concebe como: “[...] veículo de comunicação
o
conhecimento [que] cumpre funções de registro oficial públic
edi-
da informação, mediante a reconstrução de um sistema de
cien-
tor-avaliador e de um arquivo público — fonte para o saber
ofi-
tífico.” Deste modo, destaca o direito do autor que registra,
cialmente, um conhecimento. Este passa a ser público por meio
a,
do periódico, com a ressalva de que o conhecimento é Destac
i-
pois, o direito do autor que registra, oficialmente, um conhec
a
mento. Este passa a ser público por meio do periódico, com
ressalva de que o conhecimento é sempre avaliado previamente
nos
por um sistema definido por quem o edita. E é evidente que,
dias atuais, as publicações periódicas científicas continuam como
que consi
vista aç
hajalg
oprincipal meio de divu ão em es-
stem ,
Ema lt
subme
paço para anunciar resu produção
ter aad os julga-
ao ,
bui
mento da comunidadee receber contrique çõe
possib s
ilitam
IRA, a evolução da ciência e tecnologia (C&T).
Para Meadows (1999), porém, a concepção do periódico
advém
científico resulta da própria evolução conceitual. O termo
127
Preparação de revistas científicas — teoria e prática

do inglês journal, que designa coletânea de artigos científicos de


diferentes autorias, reunidos em intervalos, impressos, encader-
nados e, então, distribuídos sob um título único. O autor chama
a atenção para o fato de expressões inglesas, como action e
proceedings (atas), newspaper (jornal) e magazine (revistas), te-
rem também sido usadas para nomear publicações periódicas.
As primeiras (action e proceedings) relacionam-se às atividades
de determinado grupo. A segunda (newspaper) refere-se a uma
série de artigos como a terceira (magazine), mas esta tem rela-
ção direta com a propagação de informações não científicas. O
termo periodical (periódico), por seu turno, refere-se a qualquer
publicação editada a intervalos predefinidos, contendo artigos
distintos de distintos autores.
Considerando o exposto até então, conceitua-se periódico
científico como canal de disseminação da ciência, publicado em
períodos de tempo predefinidos, reunindo artigos de diversas
autorias, e que apresentam rigor científico e metodológico.

3.2 Periódicos científicos: abrangência

Levando em conta a limitação geográfica das comunida-


des a que os periódicos científicos buscam atingir, Castro (2003)
propõe classificação, que destaca questões inerentes às áreas de
impacto que o conhecimento divulgado atinge, a partir do con-
teúdo veiculado e das expectativas do público-alvo. São três ca-
tegorias:
e internacionais — títulos que publicam resultados de pes-
quisas, de interesse da comunidade científica internacio-
nal. Exemplo: The Harvard International Journal of Press:
e nacionais — títulos que disseminam resultados de pesqui-
sas, de interesse nacional e regional. Exemplo: Revista

128
Periódico científico: parâmetros para avaliação de qualidade

Brasileira de Ciências da Comunicação, da Sociedade


Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunica-
ção (INTERCOM);
locais — títulos que divulgam resultados de pesquisas de
determinada instituição ou comunidade científica, com fre-
guência, com o intuito de assegurar a memória institucional.
Exemplo: Ícone, do Curso de Comunicação Social da Uni-
versidade Federal de Pernambuco (UFPE).

3.3 Periódicos científicos: funções

Para Campello e Campos (1993, apud OHIRA, 2000) e


Mueller (1999), as funções atribuídas aos periódicos científicos
são assim sintetizadas:
registrar publicamente o conhecimento, permitindo que
a informação flua tanto a partir do produtor quanto do
consumidor;
aprovar os novos conhecimentos produzidos pelos in-
tegrantes da comunidade científica do periódico,
viabilizando o intercâmbio de informações e fortalecen-
do a geração de saberes;
atuar como indicador da performance do pesquisador,
de modo a permitir o seu reconhecimento;
fomentar a integração entre autores, editores, referees,
a

assinantes, pesquisadores, enfim, entre todos os envol-


“vidos no processo de produção e disseminação do co-
nhecimento científico;
constituir-se em canal de comunicação que viabilize o
tm

projeto de desenvolvimento científico da área e do país /


onde se insere;

129
Preparação de revistas científicas — teoria e prática

disseminar o conhecimento científico, representando o


espaço para interlocução entre os diversos atores que
compõem a comunidade científica;
compor a memória científica nacional.

Aos fatores acima relacionados, Miranda (1996) acres-


centa que a publicação em periódico científico representa fa-
tor motivador para o pesquisador, ao legitimar o conhecimen-
to por ele produzido, permitindo, assim, a sua ascensão para
efeito de promoção, reconhecimento e conquista de poder em
seu meio.
Diante da variedade de funções, com destaque para a dis-
seminação do conhecimento científico, é importante lembrar que
questões inerentes à recuperação dos artigos são fundamentais para
o cumprimento da performance desejada, de tal forma que vários
instrumentos são sempre incrementados e aperfeiçoados para con-
solidar o acesso, como as publicações de resumos e de alerta.

3.4 Periódicos científicos: categorias

A variedade de periódicos científicos aponta para ums


categorização segundo critérios editoriais, sintetizada por
Gutiérrez e Martín (apud SEGAWA; CREMA; GAVA, 2003):
* periódicos de edição universitária — títulos publicados
sob a responsabilidade de instituições de ensino super=
or (IES), públicas ou privadas. Exemplo: Animus: Re-
vista Interamericana de Comunicação Midiática, da
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM);
periódicos comerciais — títulos editados por editoras pr
vadas. Exemplo: European Journal of Communicaiios
(Reino Unido), editado por Sage Publications;

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