Você está na página 1de 4

Receptor de muito baixa freqüência

Prof. Luiz Ferraz Netto


leobarretos@uol.com.br

Função eletrônica
Investigar sinais que se propagam por ondas eletromagnéticas com freqüências na faixa de
5 a 15 kHz; estudo da propagação de ondas desses comprimentos de ondas; captação de
sinais provenientes de distúrbios atmosféricos distantes; confronto entre sons e ondas
eletromagnéticas com freqüência em torno de 10 000 Hz.
Por que podemos modular ondas eletromagnéticas e não sons audíveis de mesma
freqüência?

Material
AQ — Antena de quadro conforme esquema. 

Ela consome cerca de 3,70 m de sarrafo de (4x3) cm, uma base de (40x40x3) cm,
4 carretéis de plástico de 10 cm de largura (grátis em lojas de armarinho), cerca de
650 m de fio de cobre esmaltado número 24 ou 26, um conector Sindall com 2
seções, 3 m de cabo coaxial fino, um plugue miniatura macho, prego (parafuso),
cola, verniz etc.

TR1 e TR2 — Transistores BC548 ou equivalente NPN, silício, alto ou médio ganho.
C1 e C4 — Capacitores de .022 F, cerâmico ou poliéster.
C2 — Capacitor eletrolítico de 10 F x 12 V (cuidado com a polaridade).
C3 — Capacitor eletrolítico de 4,7 F x 12 V.
R1 — Resistor de 1  x ¼ W
R2 — Resistor de 10 k x ¼ W
R3 — Resistor de 470 k x ¼ W
R4 — Resistor de 6,8 k x ¼ W
CH — Chave interruptora simples
F   — fone de cristal (alta impedância) ou fone dinâmico de 2  k .

Circuito esquemático

 
Montagem

  Trata-se de um circuito sintonizado (L-C) para uma faixa de freqüências bem baixas
(podendo até captar o sinal de 60 Hz da própria instalação elétrica residencial), numa
montagem em série, de etapas detetora e amplificadoras de áudio-freqüência.

A etapa sintonizada é constituída por uma bobina de quadro (que funciona também como
antena), altamente direcional. Dois transistores de silício, NPN de uso geral, médio ou alto
ganho, incumbem-se da detecção e amplificação. A saída de áudio é em alta impedância,
daí recomendarmos como transdutor de saída um fone de cristal (“egoísta”). Uma etapa
casadora de impedância para uso de alto-falante pode ser pensada (esse palavreado todo
significa: coloque um transformador de primário 5k e secundário 8 ohms no lugar de F do
esquema elétrico do aparelho --- um transformador de saída de áudio para rádio valvulados
antigos).

Os terminais do enrolamento cerrado (espiras juntas) dessa bobina vão a um conector


Sindall (ilustração abaixo), duas seções, fixo no mastro de madeira; daí sai um cabo coaxial
fino dotado de plugue miniatura, para o receptor.

A montagem, por não ser crítica, dada a freqüência de trabalho, pode ser feita em ponte de
terminais ou numa barra de conectores Sindall (ilustração abaixo). A fonte de alimentação
pode ser para 6 V ou 7,5V ou 9 VCC, permitindo várias opções para associações em série
de pilhas ou mesmo uma bateria (quadradinha) de 9 V. Use conectores universais (macho
e fêmea) para ligar a antena e o fone no receptor.

Detalhes
Aplicações
Conecte a antena, o fone de cristal e ligue a chave interruptora. Se isso for feito dentro de
sua casa (o que me parece uma hipótese bastante razoável), pode tratar de colocar pelo
menos a antena do lado de fora, pois a alta sensibilidade do receptor vai permitir captar um
ronco devido ao campo eletromagnético alternado (60 Hz) da fiação elétrica de sua casa.

Movendo a antena pode-se atenuar esse ronco (mas não todo), devido sua alta
direcionalidade. Se você tiver por perto um gerador Tesla, Ruhmkorff ou Van de Graaff
faiscando vai começar a se impressionar com a sensibilidade do aparelho aos sinais
desses raios em miniatura. Até os sons serão distintos.

Daqui para frente tudo é pesquisa, anotações, dados, leituras (um osciloscópio vem bem a
calhar) etc. Algumas observações (incompletas) podem lhe interessar:

  a) estalos e explosões podem ser captados ao nascer e ao pôr-do-Sol (oriente a antena);

  b) a aproximação de uma tempestade (a mais de 100 km) pode ser detectada pelas
descargas elétricas atmosféricas que se produzem;

  c) explosões solares (variações nas manchas solares) podem ser captadas;

  d) explosões nucleares (programadas, para que se saiba o horário) também não escapam
desse pequeno receptor.

  Sempre é bom lembrar que quanto mais alta e em área desimpedida for colocada a
antena, melhor será a recepção de determinados sinais. Assim, um primeiro lugar para
testes é colocá-la sobre o telhado, munida de artifício adequado para girá-la.

NOTA: Não fique tentado a diminuir as dimensões da antena ou reduzir a espessura do fio;
pelas suas características, a antena desse receptor de Muito Baixa Freqüência não pode
ser reduzida em suas dimensões, número de espiras ou diâmetro do fio, sem grandes
alterações no desempenho do circuito. O tamanho 'avantajado' dessa antena deve-se às
baixíssimas freqüências a serem captadas pelo aparelho (como salientamos acima, para
uma boa captação de ondas de rádio, quanto menor a freqüência, maior deve ser a
antena). Um fio muito fino aumentaria excessivamente a impedância do quadro/antena,
alterando completamente suas características e sua sintonia, portanto, isso não é
recomendável.
Para efeito de pesquisa, será interessante acoplar a saída desse receptor a um gravador
para fazer levantamentos estatísticos dos horários de maior captação e para arquivo das
intensidades e tipos de sinais. Você deve ter uma prova do que faz!  É um bom trabalho de
pesquisa, boa sorte!

Variante
O melhor rendimento do aparelho é obtido mesmo via 'fone de cristal', todavia, muitos
preferem a escuta via alto falante. Isso é possível e uma solução para essa variante é o
esquema apresentado abaixo:

O transformador, para funcionamento razoável, deverá ser do tipo usado em saídas de


áudio 'valvuladas' (válvulas do tipo 6AQ5, 6V6 etc.), pois seu primário tem impedância
acima dos 5 000 ohms (secundário para 8 ohms, casando com o alto falante). Os
transformadores miniaturas (usados em saídas para transistorizados) apresentam
impedância muito baixa no seu primário, gerando rendimento sonoro muito baixo, além de
aquecimento do transistor BC548.

A alimentação para esse circuito pode ser proveniente de uma fonte linear (a
transformador) ligada à rede, desde que apresente excelente filtragem! Devido às
características de captação de baixas freqüências desse receptor, fonte de qualidade
'sofrível' poderão ter seu zumbido inerente grandemente ampliado pelo circuito, ou seja,
você poderá escutar a 'fonte' --- e traduzir como sendo um alienígena transmitindo na faixa
dos 120 Hz! :-)

E assim, por favor, não invente e não interprete alguns sinais estranhos como coisas
místicas do além (em outras palavras, não entre nessa de 'ufologia'). Essas coisas do além
não são científicas e, como tal, sem propósito para a Ciência. A ciência trabalha com fatos
reproduzíveis e testáveis (critério de falseabilidade) por todos; não há a palavra da
autoridade e não obedece ao senso comum.

Você também pode gostar