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O objeto central deste trabalho é a escravidão em Santos/SP durante a primeira

metade do século XIX, recorte que se justifica ao considerar que os principais estudos
sobre a cidade durante o século se condensam em sua segunda metade, relacionados ao
boom do café paulista, ao desenvolvimento urbano e à modernização do porto, ao
movimento operário e à escravidão no contexto da modernização do espaço público e de
importantes transições sociais e políticas. Ao tratar da relação entre a escravidão e a
atividade portuária propomos que, mesmo sem uma estrutura portuária moderna como a
que se desenvolveria na cidade, é possível falar em uma atividade de embarque e
desembarque de pessoas e mercadorias em um contexto portuário que condicionava as
formas de trabalho, de abastecimento e de viver.

Este trabalho propõe um olhar sobre dois aspectos da escravidão santista no


período. O primeiro diz respeito à composição da população escravizada, investigando
possíveis caminhos analíticos e interpretativos a partir de informações sobre sexo,
idade, cor, locais de moradia, nascimento e morte, saúde e alimentação. O segundo
atenta para a escravidão e sua relação com a atividade portuária, objetivando apreender,
a partir das fontes, indícios das formas de viver, trabalhar, resistir e existir dos
escravizados que, no contexto da escravidão urbana, ganhavam a vida em ocupações
ligadas à atividade portuária. Buscamos, portanto, contribuir para a elaboração de uma
história da escravidão em Santos, abarcando um período do século XIX relativamente
pouco abordado pela historiografia, que consideramos ter relevância no sentido de
aventar se Santos poderia ser inserida na categoria cidade negra, assim como aferir o
próprio uso do termo e sua aplicação para o caso santista.

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