Só preciso de um tempo de solidão. Tenho me encontrado num
turbilhão de acontecimentos que abate, mesmo em seus míseros detalhes, o meu espirito. Um amálgama torrencial de coisas ruins criadas pelo ser humano tem perturbado minha mente e despertado questões antigas que não dei muita relevância. É claro que a jornada por algo que seja comprovadamente importante me levaria aos lugares mais frustrantes do mundo. Eu, como mente lúcida, tenho aceitado isso de bom grado, mas nem tudo no ser humano é lúcidez. O que faz um ser inteligente, o ser humano, que em momentos é um poço de sabedoria, que percebe muito bem que não há motivo em deixar o sofrimento interromper suas atividades, se tornar um ser vegetativo em outros? A resposta dessa questão, e até mesmo a própria pergunta, mostra que quem faz pouco caso do sofrimento das pessoas que, em teoria, materialmente e socialmente tem tudo para sairem do sofrimento, são cegas. Os problemas externos apenas servem para despertar forças internas. Então a primeira batalha nunca é contra as adversidades externas, e sim contra uma força interna que em minha situação parece ser um outro homem dentro de minha cabeça. Depois de conseguir perceber isso aos 18 anos, entendi o que leva os homens ao suícidio, ao assassinato, à loucura, ao isolamento, ao choro, ao desejo de paz que o faz ser agressivo com as outras pessoas. É claro, não faz sentido recorrer à esses atos, mas mesmo assim o ser humano, inteligente, acaba fazendo essas coisas. Esse homem misterioso brota dos pensamentos que tenho sobre certas coisas e me faz proferir palavras enquanto tento dormir. Palavras de ódio e desejos de paz. Ele sempre tenta dominar minha carne, meu sangue e substituir minha alma para manifestar seus atos horrendos. Para sempre resistirei