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Filtração Prismática

Inflamam, com os olhos vendados, nos sangues das próprias obras.


Outros, apenas faíscam, se afogam no sangue e retomam o fôlego
apenas para repetir o processo. De um grande órgão esférico jorrando
quantidades exorbitantes de sangue no céu, rodeado de pilares
monumentais de mármore cinza ligados por placas no topo, milhares de
pessoas se alimentam, de boca aberta para o céu, as escondidas dos
próprios olhos.
Uma escuridão nebulosa se manifesta nos limites do sanguinolento
templo. A névoa escura começa a se mexer, se concentrando cada vez
mais no centro do perímetro. Um homem qualquer posicionado no
centro do recinto, mascarado com um papelão quadrangular com dois
furos permitindo sua visão e vestido de terno e gravata recita uma frase
do livro em mãos:
Qualquer – Os mestres atuais das próprias obras tão pouco se
importam com a estirpe do amálgama das manifestações das próprias
vontades!!!
Sua voz ecoa junto de uma pressão vendaval gélida de ar. As chamas
se apequenam, mas as pessoas ainda se alimentam do sangue. Todo o
conteúdo nebuloso da escuridão se concentra no homem, o
pressurizando, e feixes de luz enegrecida começam a correr do seu
peito, atravessando a multidão de pessoas.
Qualquer – Eles relevam apenas os efeitos engrandecedores, produtos
da dinastia da alma que sequestra assuntos mundanos e elevados
apenas para a expansão do próprio império!!! Até mesmo o breve
reconhecimento falado dos mestres, de tal vaziedade travestida de
poder, é apenas uma ferramenta para fabricar uma falsa ignorância que
conforta o coração!!!
O corpo do homem começa a rachar em luzes cinzas, dando espaço
para mais feixes escuros.
Qualquer – Pois saibam que do coração que sofre algumas vezes, mas
que é facilmente enganado para o conforto, vocês podem se esquivar!!!
Mas dos efeitos tenebrosos que atingem a alma, estes são
implacáveis!!! Pois a alma é sempre lúcida!!! E pelas mãos dela, quem
esconde ao coração, sofrerá na escuridão etérea que se liga ao essencial
dos seres falsificadores da própria obra!!!
O corpo do homem se desfaz na explosão de luz negra que se origina
em seu interior e que se expande indefinidamente. Um monstro de
sombra gigante no céu infinitamente escuro, feito de uma sombra que
desafia a compreensão humana ao se destacar na escuridão infinita que
toma conta do ambiente por ser mais escuro que ela, repentinamente
aparece. Um garoto completamente branco, que se destaca tanto
quanto o monstro, sem olhos, se assusta ao ver a silhueta do monstro
na negritude proporcionada pela falta da visão. Um choro monstruoso
ecoa e o garoto, paralisado, cai pelo tremor das lamurias da sombra
suprema.

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