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Introdução

Orientações:

Chamamos de Primeiros Socorros, as medidas iniciais e imediatas aplicadas à vítima, fora do


ambiente hospitalar, executadas por qualquer pessoa, para garantir a vida da vítima e evitar
agravamento das lesões existentes.

O objetivo deste curso é esclarecer de forma sucinta os primeiros atendimentos a serem realizados
em situações de emergência, visando a manutenção da vida, até a chegada do socorro especializado.

Podemos destacar também que os primeiros socorros é toda intervenção imediata e provisória feita
por pessoas que não possuem conhecimento médico, feito ainda no local do fato às vítimas de
acidentes, mal súbitos ou enfermidades agudas e imprevistas até a chegada de recursos
especializados, ou remoção da vítima para um local mais seguro.

Noções básicas de anatomia

Orientações:

Objetivos principais desta lição:

- Ao final desta lição o futuro socorrista deverá possuir noções básicas da anatomia humana,
referências anatômicas mais importantes, bem como conceitos de morfologia, topografia e
posições anatômicas;

- Identificar as partes do corpo entre si, usando a terminologia topográfica;

- Definir os aspectos importantes do sistema tegumentar e suas funções;

- Descrever as características e as funções dos músculos voluntários e involuntários;

- Descrever as características e as funções do sistema esquelético;

- Citar os principais órgãos que formam o sistema respiratório e suas funções;

- Enumerar os componentes do sistema cardiovascular e suas funções;


- Descrever as estruturas e as funções do sistema geniturinário e digestório;

- Enumerar os componentes do sistema nervoso e suas funções.

Introdução: Iniciaremos o estudo com a definição de Anatomia, sendo esta a ciência que


descreve a forma externa do corpo do homem e da mulher, seu desenvolvimento, sua arquitetura
e sua estrutura, a situação e as relações dos órgãos, e que estuda o “valor morfológico” do todo e
de suas partes.
Abreviaturas usadas para os termos gerais de anatomia:

a.- artéria

aa. – artérias

fasc. - fascículo

gl. – glândula
lig. - ligamento

ligg. – ligamentos

m. - músculo

mm. – músculos

n. - nervo

nn. – nervos

r. - ramo

rr. – ramos

v. - veia

vv. – veias

Aparelho músculo-esquelético

Funções do esqueleto:

- Proteção: protege de lesões os órgãos vitais internos;

- Suporte: atua como arcabouço do corpo, dando sustentação aos tecidos moles e provendo
pontos de fixação para a maioria dos músculos do corpo;

- Movimento: músculos fixados ao esqueleto e ossos se relacionando por articulações móveis


determinam o tipo e a amplitude do movimento que o corpo é capaz de fazer;

- Depósito de minerais: cálcio, fósforo, potássio e outros são estocados nos ossos do esqueleto.
Estes minerais podem ser mobilizados e distribuídos pelo sistema vascular sanguíneo e
para outras regiões do corpo; e

- Hematopoese: a medula óssea vermelha de certos ossos produz células sanguíneas encontradas no
sistema circulatório.
Outras definições importantes

- Articulações: união de duas ou mais estruturas que podem ser ossos, cartilagens ou tecido
fibroso. Essa união pode ou não permitir movimento livre, de acordo com o tipo de tecido e as
características próprias das articulações; e

Músculos: estruturas que movem os segmentos do corpo por encurtamento e/ou alongamento


da distância que existe entre suas extremidades fixadas (contração/relaxamento). Constituem a
parte ativa do movimento.
Tipos de músculos:

Classificação funcional dos músculos esqueléticos

Posição anatômica

É a referência-padrão do corpo usada para descrever a localização de estruturas, (Gray’s, 2005).

O indivíduo pode estar em qualquer posição, mas o observador deverá sempre descrevê-lo
imaginando-o na “posição anatômica”, (Di Dio, 2000).

- Posição bípede (em pé ou em posição ereta ou ortostática);

- Face voltada para frente com o olhar dirigido horizontalmente;

- Membros superiores estendidos ao longo do corpo, com as palmas das mãos voltadas para
frente com os dedos justapostos;

- Membros inferiores unidos, com as pontas dos pés voltadas para frente; e
- A boca está fechada e a expressão facial é neutra (Gray’s, 2005).

Planos e eixos (fonte: Sobotta, 2006, 22ª edição)

Aparelho digestório

O aparelho digestório humano é formado por um longo tubo musculoso, ao qual estão
associados órgãos e glândulas que participam da digestão. Apresenta as seguintes regiões: boca,
faringe, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso e ânus.
O fígado, a vesícula biliar e o pâncreas com a bile e suco pancreático participam da digestão, sem
comporem o aparelho digestório.

Sistema digestório (fonte: Sobotta, 2006, 22ª edição)

Sistema respiratório

O sistema respiratório humano é constituído por um par de pulmões e por vários órgãos que
conduzem o ar para dentro e para fora das cavidades pulmonares. Esses órgãos são as fossas
nasais, a boca, a faringe, a laringe, a traqueia, os brônquios, os bronquíolos e os alvéolos, os três
últimos localizados nos pulmões.
Sistema respiratório (fonte: Sobotta, 2006, 22ª edição)

Sistema circulatório

O sistema cardiovascular ou circulatório é uma vasta rede de tubos de vários tipos e calibres, que
põe em comunicação todas as partes do corpo. Dentro desses tubos circula o sangue,
impulsionado pelas contrações rítmicas do coração.

Funções do sistema cardiovascular

O sistema circulatório permite que algumas atividades sejam executadas com grande eficiência:
transporte de gases para os tecidos do corpo por meio do sangue, transporte de nutrientes no
tubo digestório, transporte de resíduos metabólicos, transporte de hormônios, transporte de
calor etc.

A circulação sanguínea humana pode ser dividida em dois grandes circuitos: um leva sangue aos
pulmões, para oxigená-lo, e outro leva sangue oxigenado a todas as células do corpo. Por isso se
diz que nossa circulação é dupla.

É denominado circulação pulmonar ou pequena circulação o trajeto coração (ventrículo direito) –


pulmões – coração (átrio esquerdo).
A circulação sistêmica ou grande circulação corresponde ao trajeto coração (ventrículo esquerdo) –
sistemas corporais – coração (átrio direito).

Circulação pulmonar: ventrículo direito – artéria pulmonar – pulmões – veias pulmonares – átrio
esquerdo.

Circulação sistêmica: ventrículo esquerdo – artéria aorta – sistemas corporais – veias cavas – átrio direito.

Coração (fonte: Sobotta, 2006, 22ª edição)

 
Panorama das veias da circulação sistêmica (fonte: Sobotta, 2006, 22ª edição)

 
Panorama das artérias da circulação sistêmica (fonte: Sobotta, 2006, 22ª edição)

Sistema linfático

Sistema paralelo ao circulatório, constituído por vasta rede de vasos semelhantes às veias (vasos
linfáticos), que se distribuem por todo o corpo e recolhem o líquido tissular que não retornou aos
capilares sanguíneos, filtrando-o e reconduzindo-o à circulação sanguínea. É constituído pela linfa,
vasos e órgãos linfáticos. Os capilares linfáticos estão presentes em quase todos os tecidos do
corpo. Capilares mais finos vão se unindo em vasos linfáticos maiores, que terminam em dois
grandes dutos principais: o duto torácico (recebe a linfa procedente da parte inferior do corpo, do
lado esquerdo da cabeça, do braço esquerdo e de partes do tórax) e o duto linfático (recebe a linfa
procedente do lado direito da cabeça, do braço direito e de parte do tórax), que desembocam em
veias próximas ao coração.

- Linfa: líquido que circula pelos vasos linfáticos.

- Órgãos linfáticos: amígdalas (tonsilas), adenoides, baço, linfonodos (nódulos linfáticos) e timo
(tecido conjuntivo reticular linfoide rico em linfócitos).

- Amígdalas (tonsilas palatinas): produzem linfócitos.

- Timo: órgão linfático mais desenvolvido no período pré-natal, evolui desde o nascimento até a
puberdade. O baço também tem participação na resposta imune, reagindo a agentes infecciosos.
Inclusive, é considerado por alguns cientistas um grande nódulo linfático.
Panorama do sistema linfático (fonte: Sobotta, 2006, 22ª edição)

Sistema neuroendócrino

O sistema nervoso, juntamente com o sistema endócrino, capacitam o organismo a perceber as


variações do meio (interno e externo) a difundir as modificações que essas variações produzem e
a executar as respostas adequadas para que seja mantido o equilíbrio interno do corpo
(homeostase). São os sistemas envolvidos na coordenação e regulação das funções corporais.

A resposta emitida pelos neurônios assemelha-se a uma corrente elétrica transmitida ao longo de
um fio condutor: uma vez excitados pelos estímulos, os neurônios transmitem essa onda de
excitação – chamada de impulso nervoso – por toda sua extensão em grande velocidade e em
curto espaço de tempo. Esse fenômeno deve-se à propriedade de condutibilidade.
Panorama do sistema neuroendócrino (fonte: Sobotta, 2006, 22ª edição)

Sinais Vitais
Orientações:

Sinais vitais são aqueles que indicam a existência de vida. São reflexos ou indícios que permitem
concluir sobre o estado geral de uma pessoa. Os sinais sobre o funcionamento do corpo humano que
devem ser compreendidos e conhecidos são:

· Temperatura,

· Pulso,

· Respiração,

· Pressão arterial.

Os sinais vitais são sinais que podem ser facilmente percebidos, deduzindo-se assim, que na
ausência deles, existem alterações nas funções vitais do corpo.

A medição e avaliação da pressão arterial são excelentes fontes de indicação de vitalidade do


organismo humano.

Este assunto não será tratado neste curso, pois a sua verificação exigirá conhecimento e
instrumental especializado, o que dificulta a sua utilização ao nível de primeiros socorros.

Temperatura Corporal: A temperatura resulta do equilíbrio térmico mantido entre o ganho e a


perda de calor pelo organismo. A temperatura é um importante indicador da atividade metabólica, já
que o calor obtido nas reações metabólicas se propaga pelos tecidos e pelo sangue circulante.

A temperatura do corpo humano está sujeita a variações individuais e a flutuações devido a fatores
fisiológicos como: exercícios, digestão, temperatura ambiente e estado emocional. A avaliação
diária da temperatura de uma pessoa em perfeito estado de saúde nunca é maior que um grau
Celsius, sendo mais baixa pela manhã e um pouco elevada no final da tarde. Existe pequena
elevação de temperatura nas mulheres após a ovulação, no período menstrual e no primeiro
trimestre da gravidez.

Nosso corpo tem uma temperatura média normal que varia de 35,9 a 37,2ºC. A avaliação da
temperatura é uma das maneiras de identificar o estado de uma pessoa, pois em algumas
emergências a temperatura muda muito.
O sistema termorregulador trabalha estimulando a perda de calor em ambientes de calor excessivo e
acelerando os fenômenos metabólicos no frio para compensar a perda de calor. Graças a isto, o
homem é um ser homeotérmico que, ao contrário de outros animais, mantêm a temperatura do
corpo constante a despeito de fatores externos.

Variação de Temperatura do Corpo (°C)

Sub-normal:  34 .. 36°C

Normal:  36 .. 37°C

Estado febril: 37 .. 38°C

Febre: 38 .. 39°C

Febre alta (pirexia): 39 .. 40°C

Febre muito alta (hiperpirexia): 40 .. 41°C

Perda de Calor: O corpo humano perde calor através de vários processos que podem ser
classificados da seguinte maneira:

Eliminação - fezes, urina, saliva, respiração.

Evaporação - a evaporação pela pele (perda passiva) associada à eliminação permitirá a perda de
calor em elevadas temperaturas.

Condução - é a troca de calor entre o sangue e o ambiente. Quanto maior é a quantidade de sangue
que circula sob a pele maior é a troca de calor com o meio. O aumento da circulação explica o
avermelhamento da pele (hipermia) quando estamos com febre.

Verificação da Temperatura:

Oral ou bucal - Temperatura média normal varia de 36,2 a 37ºC. O termômetro deve ficar por cerca
de três minutos, sob a língua, com o paciente sentado, semi-sentado (reclinado) ou deitado.
Não se verifica a temperatura de vítimas inconscientes, crianças depois de ingerirem líquidos (frios
ou quentes) após a extração dentária ou inflamação na cavidade oral.

Axilar - Temperatura média varia de 36 a 36,8ºC. A via axilar é a mais sujeita a fatores externos. O
termômetro deve ser mantido sob a axila seca, por 3 a 5 minutos, com o acidentado sentada, semi-
sentada (reclinada) ou deitada.

Não se verifica temperatura em vítimas de queimaduras no tórax, processos inflamatórios na axila


ou fratura dos membros superiores.

Retal - Temperatura média varia de 36,4 a 37,ºC. O termômetro deverá ser lavado, seco e
lubrificado com vaselina e mantido dentro do reto por 3 minutos com o acidentado em decúbito
lateral, com a flexão de um membro inferior sobre o outro. Não se verifica a temperatura retal em
vítimas que tenham tido intervenção cirúrgica no reto, com abscesso retal ou perineorrafia.

A verificação da temperatura retal é a mais precisa, pois é a que menos sofre influência de fatores
externos.

Importante: O acidentado com febre, muito alta e prolongada, pode ter lesão cerebral irreversível. A
temperatura corporal abaixo do normal pode acontecer após depressão de função circulatória ou
choque.

A Febre:

A febre é a elevação da temperatura do corpo acima da média normal. Ela ocorre quando a
produção de calor do corpo excede a perda. Tumores, infecções, acidentes vasculares ou
traumatismos podem afetar diretamente o hipotálamo e com isso perturbar o mecanismo de
regulagem de calor do corpo. Portanto, a febre deve ser vista também como um sinal que o
organismo emite. Um sinal de defesa.

Devemos lembrar que pessoas imunodeprimidas podem ter infecções graves e não apresentarem
febre.

A vítima de febre apresenta a seguinte sintomatologia:

· Inapetência (perda de apetite)

· Mal estar
· Pulso rápido

· Sudorese

· Temperatura acima de 40 graus Celsius

· Respiração rápida

· Hiperemia da pele

· Calafrios

· Cefaléia (dor de cabeça)

Primeiros Socorros para Febre: Aplicar compressas úmidas na testa, cabeça, pescoço, axilas e
virilhas (que são as áreas por onde passam os grandes vasos sanguíneos).

Quando o acidentado for um adulto, submetê-la a um banho frio ou cobri-la com coberta fria.
Podem ser usadas compressas frias aplicadas sobre grandes estruturas vasculares superficiais
quando a temperatura corporal está muito elevada.

O tratamento básico da febre deve ser dirigido para as suas causas, mas em primeiros socorros isto
não é possível, pois o leigo deverá preocupar-se em atender os sintomas de febre e suas
complicações. Drogas antipiréticas como aspirina, dipirona e acetaminofen são muito eficientes na
redução da febre que ocorre devido a afecções no centro termorregulador do hipotálamo, porém só
devem ser usadas após o diagnóstico.

Devemos salientar que os primeiros socorros em casos febris só devem ser feitos em temperaturas
muito altas (acima de 400C), por dois motivos já vistos:

a febre é defesa orgânica (é o organismo se defendendo de alguma causa) e

o tratamento da febre deve ser de suas causas.

Pulso: O pulso é a onda de distensão de uma artéria transmitida pela pressão que o coração exerce
sobre o sangue. Esta onda é perceptível pela palpação de uma artéria e se repete com regularidade,
segundo as batidas do coração.
Existe uma relação direta entre a temperatura do corpo e a freqüência do pulso. Em geral, exceto em
algumas febres, para cada grau de aumento de temperatura existe um aumento no número de
pulsações por minuto (cerca de 10 pulsações).

O pulso pode ser apresentado variando de acordo com sua freqüência, regularidade, tensão e
volume.

a) Regularidade (alteração de ritmo): Pulso rítmico: normal  /  Pulso arrítmico: anormal

b) Tensão

c) Freqüência - Existe uma variação média de acordo com a idade como pode ser visto no a seguir:

60-70 bpm = Homens adultos

70-80 bpm = Mulheres adultas

80-90 bpm = Crianças acima de 7 anos

80-120 bpm = Crianças de 1 a 7 anos

110-130 bpm = Crianças abaixo de um ano

130-160 bpm = Recém-nascidos

d) Volume - Pulso cheio: normal  /  Pulso filiforme (fraco): anormal

A alteração na freqüência do pulso denuncia alteração na quantidade de fluxo sanguíneo. As causas


fisiológicas que aumentam os batimentos do pulso são: digestão, exercícios físicos, banho frio,
estado de excitação emocional e qualquer estado de reatividade do organismo.

No desmaio / síncope as pulsações diminuem. Através do pulso ou das pulsações do sangue dentro
do corpo, é possível avaliar se a circulação e o funcionamento do coração estão normais ou não.
Pode-se sentir o pulso com facilidade:

· Procurar acomodar o braço do acidentado em posição relaxada.

· Usar o dedo indicador, médio e anular sobre a artéria escolhida para sentir o pulso, fazendo uma
leve pressão sobre qualquer um dos pontos onde se pode verificar mais facilmente o pulso de uma
pessoa.

· Não usar o polegar para não correr o risco de sentir suas próprias pulsações.
· Contar no relógio as pulsações num período de 60 segundos. Neste período deve-se procurar
observar a regularidade, a tensão, o volume e a freqüência do pulso.

Existem no corpo vários locais onde se podem sentir os pulsos da corrente sanguínea.

Importante não fazer pressão forte sobre a artéria, pois isto pode impedir que se percebam os
batimentos.

O pulso radial pode ser sentido na parte da frente do punho. Usar as pontas de 2 a 3 dedos
levemente sobre o pulso da pessoa do lado correspondente ao polegar, conforme a figura abaixo.

Pulso radial e carotídeo: O pulso carotídeo é o pulso sentido na artéria carótida que se localiza de
cada lado do pescoço. Posicionam-se os dedos sem pressionar muito para não comprimir a artéria e
impedir a percepção do pulso.

Do ponto de vista prático, a artéria radial e carótida são mais fáceis para a localização do pulso, mas
há outros pontos que não devem ser descartados. Conforme a figura a seguir:
Respiração

A respiração é uma das funções essenciais à vida. É através dela que o corpo promove
permanentemente o suprimento de oxigênio necessário ao organismo, vital para a manutenção da
vida.

A respiração é comandada pelo Sistema Nervoso Central. Seu funcionamento processa-se de


maneira involuntária e automática. É a respiração que permite a ventilação e a oxigenação do
organismo e isto só ocorre através das vias aéreas desimpedidas.

A observação e identificação do estado da respiração de um acidentado de qualquer tipo de afecção


é conduta básica no atendimento de primeiros socorros. Muitas doenças, problemas clínicos e
acidentes de maior ou menor proporção alteram parcialmente ou completamente o processo
respiratório. Fatores diversos como secreções, vômito, corpo estranho, edema e até mesmo a própria
língua podem ocasionar a obstrução das vias aéreas. A obstrução produz asfixia que, se prolongada,
resulta em parada cardío-respiratória.

O processo respiratório manifesta-se fisicamente através dos movimentos ritmados de inspiração e


expiração. Na inspiração existe a contração dos músculos que participam do processo respiratório, e
na expiração estes músculos relaxam-se espontaneamente. Quimicamente existe uma troca de gazes
entre os meios externos e internos do corpo. O organismo recebe oxigênio atmosférico e elimina
dióxido de carbono. Esta troca é a hematose, que é a transformação, no pulmão, do sangue venoso
em sangue arterial.

Deve-se saber identificar se a pessoa está respirando e como está respirando. A respiração pode ser
basicamente classificada por tipo e freqüência. O Quadro III apresenta a classificação da respiração
quanto ao tipo.

A freqüência da respiração é contada pela quantidade de vezes que uma pessoa realiza os
movimentos combinados de inspiração e expiração em um minuto. Para se verificar a freqüência da
respiração, conta-se o número de vezes que uma pessoa realiza os movimentos respiratórios: 01
inspiração + 01 expiração = 01 movimento respiratório.

A contagem pode ser feita observando-se a elevação do tórax se o acidentado for mulher ou do
abdome se for homem ou criança. Pode ser feita ainda contando-se as saídas de ar quente pelas
narinas.

A freqüência média por minuto dos movimentos respiratórios varia com a idade se levarmos em
consideração uma pessoa em estado normal de saúde. Por exemplo: um adulto possui um valor
médio respiratório de 14 - 20 respirações por minuto (no homem), 16 - 22 respirações por minuto
(na mulher), enquanto uma criança nos primeiros meses de vida 40 - 50 respirações por minuto.

Tipos de Respiração:

Eupnéia: Respiração que se processa por movimentos regulares, sem dificuldades, na freqüência
média

Apnéia: É a ausência dos movimentos respiratórios. Equivale a parada respiratória.

Dispnéia: Dificuldade na execução dos movimentos respiratórios.

Bradipnéia: Diminuição na freqüência média dos movimentos respiratórios.

Taquipnéia: Aceleração dos movimentos respiratórios.

Ortopnéia: O acidentado só respira sentado

Hiperpnéia ou Hiperventilação: É quando ocorre o aumento da freqüência e da profundidade dos


movimentos respiratórios.
 

Fatores fisiopatológicos podem alterar a necessidade de oxigênio ou a concentração de gás


carbônico no sangue. Isto contribui para a diminuição ou o aumento da freqüência dos movimentos
respiratórios. A nível fisiológico os exercícios físicos, as emoções fortes e banhos frios tendem a
aumentar a freqüência respiratória. Em contra partida o banho quente e o sono a diminuem.

Algumas doenças cardíacas e nervosas e o coma diabético aumentam a freqüência respiratória.


Como exemplo de fatores patológicos que diminuem a freqüência respiratória podemos citar o uso
de drogas depressoras.

Os procedimentos a serem observados e os primeiros socorros em casos de parada respiratória serão


estudados a frente.

Pressão Arterial: A pressão arterial é a pressão do sangue, que depende da força de contração do
coração, do grau de distensibilidade do sistema arterial, da quantidade de sangue e sua viscosidade.

Embora não seja recomendável a instrução a leigos da medição da pressão arterial com o aparelho,
para não induzir a diagnósticos não autorizados após a leitura, julgamos necessário descrever de
maneira sucinta as características da pressão arterial e a sua verificação.

No adulto normal a pressão arterial varia da seguinte forma:

· Pressão arterial máxima ou sistólica - de 100 a 140 mm Hg (milímetros de mercúrio).

· Pressão arterial mínima ou diastólica - de 60 a 90 mm Hg.

A pressão varia com a idade, por exemplo: uma pessoa com a idade entre 17 a 40 anos apresenta a
pressão de 140 x 90, já entre 41 a 60 anos apresenta pressão, de 150 x 90 mm de Hg.

A pessoa com pressão arterial alta sofre de hipertensão e apresenta, dentro de certos critérios de
medição, pressão arterial mínima acima de 95 mm Hg e pressão arterial máxima acima de 160 mm
Hg. A pressão muito baixa (hipotensão) é aquela em que a pressão máxima chega a baixar até a 80
mm Hg.

Na relação a seguir apresentamos exemplos de condições que alteram a pressão arterial:

 
Diminui a pressão:

- Menstruação

- Gestação

- Sono / Repouso

- Hipotireoidismo

- Hemorragia grave

- Anemia grave

Aumenta a pressão:

- Digestão

- Excitação emocional

- Convulsões

- Hipertireoidismo

- Arteriosclerose

É importante perguntar à vítima sua pressão arterial normal e passar essa informação ao profissional
que for prestar o socorro especializado.

Uma pessoa com hipertensão deverá ser mantida com a cabeça elevada; deve ser acalmada; reduzir
a ingestão de líquidos e sal e ficar sob observação permanente até a chegada do médico. No caso do
hipotenso, deve-se promover a ingestão de líquidos com pitadas de sal, deitá-lo e chamar um
médico

Como é feita a medição da pressão arterial

Posição da pessoa: Sentada, semi-sentada (reclinada) ou deitada (esta é a melhor posição):


Material: Esfigmomanômetro e estetoscópio

Técnica:

a) Tranqüilizar a pessoa informando-a sobre a medição de pressão.

b) Braço apoiado ao mesmo nível do coração para facilitar a localização da artéria braquial.

c) Colocar o manguito ao redor do braço, a cerca de 4 dedos da dobra do cotovelo. Prender o


manguito.

d) Fechar a saída de ar e insuflar até que o ponteiro atinja a marca de 200 mm Hg. Pode ser
necessário ir mais alto.

e) Posicionar o na artéria umeral, abaixo do manguito e ouvir se há batimentos.

f) Abrir a saída de ar lentamente e ouvir os batimentos regulares

g) Anotar a pressão indicada pelo ponteiro que será a Pressão Arterial Máxima.

h) A pressão do manguito vai baixando e o som dos batimentos muda de nítido desaparecendo.
Neste ponto deve-se anotar a Pressão Arterial Mínima. Às vezes o ponto de Pressão Mínima
coincide com o desaparecimento do som dos batimentos.

Sinais de Apoio

Orientações:

Além dos sinais vitais do funcionamento do corpo humano, existem outros que devem ser
observados para obtenção de mais informações sobre o estado de saúde de uma pessoa. São os
sinais de apoio; sinais que o corpo emite em função do estado de funcionamento dos órgãos vitais.

Os sinais de apoio podem ser alterados em casos de hemorragia, parada cardíaca ou uma forte
batida na cabeça, por exemplo. Os sinais de apoio tornam-se cada vez mais evidentes com o
agravamento do estado do acidentado. Os principais sinais de apoio são:

· Dilatação e reatividade das pupilas


· Cor e umidade da pele

· Estado de consciência

· Motilidade e sensibilidade do corpo

Dilatação e Reatividade das Pupilas: A pupila é uma abertura no centro da íris, é a parte colorida
do olho e sua função principal é controlar a entrada de luz no olho para a formação das imagens que
vemos. A pupila exposta à luz se contrai. Quando há pouca ou quase nenhuma luz a pupila se dilata,
fica aberta. Quando a pupila está totalmente dilatada, é sinal de que o cérebro não está recebendo
oxigênio, exceto no uso de colírios midriáticos ou certos envenenamentos.

A dilatação e reatividade das pupilas são um sinal de apoio importante.

Muitas alterações do organismo provocam reações nas pupilas. Certas condições de "stress", tensão,
medo e estados de pré-choque também provocam consideráveis alterações nas pupilas.

Devemos observar as pupilas de uma pessoa contra a luz de uma fonte lateral, de preferência com o
ambiente escurecido. Se não for possível deve-se olhar as pupilas contra a luz ambiente ou com
ajuda de uma pequena lanterna.

Alterações que provocam dilatação ou concentração das pupilas:

- Stress

- Iminência de estado de choque

- Parada cardíaca

- Intoxicação

- Abuso de drogas

- Colírios midriáticos ou mióticos

- Traumatismo crâneo-encefálico
Cor e Umidade da Pele: A cor e a umidade da pele são também sinais de apoio muito útil no
reconhecimento do estado geral de um acidentado. Uma pessoa pode apresentar a pele pálida,
cianosada ou hiperemiada (avermelhada e quente).

A cor e a umidade da pele devem ser observadas na face e nas extremidades dos membros, onde as
alterações se manifestam primeiro. A pele pode também ficar úmida e pegajosa. Pode-se observar
estas alterações melhor no antebraço e na barriga.

Alterações orgânicas que provocam modificações na cor e umidade da pele:

Cianose (pele azulada) = Exposição ao frio, parada cardio-respiratória, estado de choque, morte.

Palidez = Hemorragia, parada cardio-respiratória, exposição ao frio, extrema tensão emocional,


estado de choque

Hiperemia (pele vermelha e quente) = Febre, exposição a ambientes quentes, ingestão de bebidas


alcoólicas, queimaduras de primeiro grau, traumatismo.

Pele fria e viscosa ou úmida e pegajosa = Estado de choque.

Pele amarela = Icterícia, hipercarotenemia.

Estado de Consciência: Este é outro sinal de apoio importante. A consciência plena é o estado em
que uma pessoa mantém o nível de lucidez que lhe permite perceber normalmente o ambiente que a
cerca, com todos os sentidos saudáveis respondendo aos estímulos sensoriais.
Quando se encontra um acidentado capaz de informar com clareza sobre o seu estado físico, pode-
se dizer que esta pessoa está perfeitamente consciente. Há, no entanto, situações em que uma pessoa
pode apresentar sinais de apreensão excessiva, olhar assustado, face contraída e medo.

Esta pessoa certamente não estará em seu pleno estado de consciência.

Uma pessoa pode estar inconsciente por desmaio, estado de choque, estado de coma, convulsão,
parada cardíaca, parada respiratória, alcoolismo, intoxicação por drogas e uma série de outras
circunstâncias de saúde e lesão.

Na síncope e no desmaio há uma súbita e breve perda de consciência e diminuição do tônus


muscular. Já o estado de coma é caracterizado por  uma perda de consciência mais prolongada e
profunda, podendo o acidentado deixar de apresentar gradativamente reação aos estímulos
dolorosos e perda dos reflexos.

Motilidade e Sensibilidade do Corpo: Qualquer pessoa consciente que apresente dificuldade ou


incapacidade de sentir ou movimentar determinadas partes do corpo, está obviamente fora de seu
estado normal de saúde. A capacidade de mover e sentir partes do corpo são um sinal que pode nos
dar muitas informações.

Quando há incapacidade de uma pessoa consciente realizar certos movimentos, pode-se suspeitar de
uma paralisia da área que deveria ser movimentada. A incapacidade de mover o membro superior
depois de um acidente pode indicar lesão do nervo do membro. A incapacidade de movimento nos
membros inferiores pode indicar uma lesão da medula espinhal.

O desvio da comissura labial (canto da boca) pode estar a indicar lesão cerebral ou de nervo
periférico (facial). Pede-se à vítima que sorria, sua boca sorrirá torta, só de um lado.

Um teste rápido e eficiente é pedir à vítima de acidente traumático que movimente os dedos de cada
mão, a mão e os membros superiores, os dedos de cada pé, o pé e os membros inferiores.

Quando um acidentado perde o movimento voluntário de alguma parte do corpo, geralmente ela
também perde a sensibilidade no local.

Muitas vezes, porém, o movimento existe, mas o acidentado reclama de dormência e formigamento
nas extremidades. É muito importante o reconhecimento destas duas situações, como um indício de
que há lesão na medula espinhal. É importante, também, nestes casos tomar muito cuidado com o
manuseio e transporte do acidentado para evitar o agravamento da lesão. Convém ainda lembrar que
o acidentado de histeria, alcoolismo agudo ou intoxicação por drogas, mesmo que sofra acidente
traumático, pode não sentir dor por várias horas.
A verificação rápida e precisa dos sinais vitais e dos sinais de apoio é uma chave importante para o
desempenho de primeiros socorros. O reconhecimento destes sinais dá suporte, rapidez e agilidade
no atendimento e salvamento de vidas.

Asfixia: pode ser definida como sendo parada respiratória, com o coração ainda funcionando.

É causado por certos tipos de traumatismos como aqueles que atingem a cabeça, a boca, o pescoço,
o tórax; por fumaça no decurso de um incêndio; por afogamento; em soterramentos, dentre outros
acidentes, ocasionando dificuldade respiratória, levando à parada respiratória.

Nesse caso, a identificação da dificuldade respiratória pela respiração arquejante nas vitimas
inconscientes, pela falta de ar de que se queixam os conscientes, ou ainda, pela cianose acentuada
do rosto, dos lábios e das extremidades (dedos), servirá de guia para o socorro à vítima.

Se as funções respiratórias não forem restabelecidas dentro de 3 a 4 minutos as atividades cerebrais


cessarão totalmente, ocasionando a morte. O oxigênio é vital para o cérebro.

Principais Causas da Asfixia

A. Bloqueio da passagem de ar: Pode acontecer nos casos de afogamento, secreções e espasmos da
laringe, estrangulamento, soterramento e bloqueio do ar causado por ossos, alimentos ou qualquer
corpo estranho na garganta.

B. Insuficiência de oxigênio no ar: Pode ocorrer em altitudes onde o oxigênio é insuficiente, em


compartimentos não ventilados, nos incêndios em compartimentos fechados e por contaminação do
ar por gases tóxicos (principalmente emanações de motores, fumaça densa).

C. Impossibilidade do sangue em transportar oxigênio.

D. Paralisia do centro respiratório no cérebro: Pode ser causada por choque elétrico, venenos,
doenças, (AVC), ferimentos na cabeça ou no aparelho respiratório, por ingestão de grande
quantidade de álcool, ou de substâncias anestésicas, psicotrópicos e tranqüilizantes.
E. Compressão do corpo: Pode ser causado por forte pressão externa (por exemplo, traumatismo
torácico), nos músculos respiratórios.

OBS: O sinal mais importante dessa situação é a dilatação das pupilas.

Primeiros Socorros:

· A primeira conduta é favorecer a passagem do ar através da boca e das narinas

· Afastar a causa.

· Verificar se o acidentado está consciente

· Desapertar as roupas do acidentado, principalmente em volta do pescoço, peito e cintura.

· Retirar qualquer objeto da boca ou da garganta do acidentado, para abrir e manter desobstruída a
passagem de ar.

· Para assegurar que o acidentado inconsciente continue respirando, coloque-a na posição lateral de
segurança.

· Iniciar a respiração de socorro (conforme relatado a frente), tão logo tenha sido o acidentado
colocado na posição correta. Lembrar que cada segundo é importante para a vida do acidentado.

· Repetir a respiração de socorro tantas vezes quanto necessário, até que o acidentado de entrada em
local onde possa receber assistência adequada.

· Manter o acidentado aquecido, para prevenir o choque.

· Não dar líquidos enquanto o acidentado estiver inconsciente.

· Não deixar o acidentado sentar ou levantar. O acidentado deve permanecer deitado, mesmo depois
de ter recuperado a respiração.

· Não dar bebidas alcoólicas ao acidentado. Dar chá ou café para beber, logo que volte a si.

· Continuar observando cuidadosamente o acidentado, para evitar que a respiração cesse


novamente.

· Não deslocar o acidentado até que sua respiração volte ao normal.


· Remover o acidentado, somente deitado, mas só em caso de extrema necessidade.

· Solicitar socorro especializado mesmo que o acidentado esteja recuperado.

Sinais de Apoio

Orientações:

Além dos sinais vitais do funcionamento do corpo humano, existem outros que devem ser
observados para obtenção de mais informações sobre o estado de saúde de uma pessoa. São os
sinais de apoio; sinais que o corpo emite em função do estado de funcionamento dos órgãos
vitais.

Os sinais de apoio podem ser alterados em casos de hemorragia, parada cardíaca ou uma forte
batida na cabeça, por exemplo. Os sinais de apoio tornam-se cada vez mais evidentes com o
agravamento do estado do acidentado. Os principais sinais de apoio são:

· Dilatação e reatividade das pupilas

· Cor e umidade da pele

· Estado de consciência

· Motilidade e sensibilidade do corpo

Dilatação e Reatividade das Pupilas: A pupila é uma abertura no centro da íris, é a parte
colorida do olho e sua função principal é controlar a entrada de luz no olho para a formação das
imagens que vemos. A pupila exposta à luz se contrai. Quando há pouca ou quase nenhuma luz a
pupila se dilata, fica aberta. Quando a pupila está totalmente dilatada, é sinal de que o cérebro
não está recebendo oxigênio, exceto no uso de colírios midriáticos ou certos envenenamentos.

A dilatação e reatividade das pupilas são um sinal de apoio importante.

Muitas alterações do organismo provocam reações nas pupilas. Certas condições de "stress",
tensão, medo e estados de pré-choque também provocam consideráveis alterações nas pupilas.
Devemos observar as pupilas de uma pessoa contra a luz de uma fonte lateral, de preferência
com o ambiente escurecido. Se não for possível deve-se olhar as pupilas contra a luz ambiente ou
com ajuda de uma pequena lanterna.

Alterações que provocam dilatação ou concentração das pupilas:

- Stress

- Iminência de estado de choque

- Parada cardíaca

- Intoxicação

- Abuso de drogas

- Colírios midriáticos ou mióticos

- Traumatismo crâneo-encefálico

Cor e Umidade da Pele: A cor e a umidade da pele são também sinais de apoio muito útil no
reconhecimento do estado geral de um acidentado. Uma pessoa pode apresentar a pele pálida,
cianosada ou hiperemiada (avermelhada e quente).

A cor e a umidade da pele devem ser observadas na face e nas extremidades dos membros, onde
as alterações se manifestam primeiro. A pele pode também ficar úmida e pegajosa. Pode-se
observar estas alterações melhor no antebraço e na barriga.

 
Alterações orgânicas que provocam modificações na cor e umidade da pele:

Cianose (pele azulada) = Exposição ao frio, parada cardio-respiratória, estado de choque, morte.

Palidez = Hemorragia, parada cardio-respiratória, exposição ao frio, extrema tensão emocional,


estado de choque

Hiperemia (pele vermelha e quente) = Febre, exposição a ambientes quentes, ingestão de bebidas


alcoólicas, queimaduras de primeiro grau, traumatismo.

Pele fria e viscosa ou úmida e pegajosa = Estado de choque.

Pele amarela = Icterícia, hipercarotenemia.

Estado de Consciência: Este é outro sinal de apoio importante. A consciência plena é o estado em
que uma pessoa mantém o nível de lucidez que lhe permite perceber normalmente o ambiente
que a cerca, com todos os sentidos saudáveis respondendo aos estímulos sensoriais.

Quando se encontra um acidentado capaz de informar com clareza sobre o seu estado físico,
pode-se dizer que esta pessoa está perfeitamente consciente. Há, no entanto, situações em que
uma pessoa pode apresentar sinais de apreensão excessiva, olhar assustado, face contraída e
medo.

Esta pessoa certamente não estará em seu pleno estado de consciência.

Uma pessoa pode estar inconsciente por desmaio, estado de choque, estado de coma, convulsão,
parada cardíaca, parada respiratória, alcoolismo, intoxicação por drogas e uma série de outras
circunstâncias de saúde e lesão.

Na síncope e no desmaio há uma súbita e breve perda de consciência e diminuição do tônus


muscular. Já o estado de coma é caracterizado por  uma perda de consciência mais prolongada e
profunda, podendo o acidentado deixar de apresentar gradativamente reação aos estímulos
dolorosos e perda dos reflexos.

Motilidade e Sensibilidade do Corpo: Qualquer pessoa consciente que apresente dificuldade ou


incapacidade de sentir ou movimentar determinadas partes do corpo, está obviamente fora de
seu estado normal de saúde. A capacidade de mover e sentir partes do corpo são um sinal que
pode nos dar muitas informações.
Quando há incapacidade de uma pessoa consciente realizar certos movimentos, pode-se
suspeitar de uma paralisia da área que deveria ser movimentada. A incapacidade de mover o
membro superior depois de um acidente pode indicar lesão do nervo do membro. A incapacidade
de movimento nos membros inferiores pode indicar uma lesão da medula espinhal.

O desvio da comissura labial (canto da boca) pode estar a indicar lesão cerebral ou de nervo
periférico (facial). Pede-se à vítima que sorria, sua boca sorrirá torta, só de um lado.

Um teste rápido e eficiente é pedir à vítima de acidente traumático que movimente os dedos de
cada mão, a mão e os membros superiores, os dedos de cada pé, o pé e os membros inferiores.

Quando um acidentado perde o movimento voluntário de alguma parte do corpo, geralmente ela
também perde a sensibilidade no local.

Muitas vezes, porém, o movimento existe, mas o acidentado reclama de dormência e


formigamento nas extremidades. É muito importante o reconhecimento destas duas situações,
como um indício de que há lesão na medula espinhal. É importante, também, nestes casos tomar
muito cuidado com o manuseio e transporte do acidentado para evitar o agravamento da lesão.
Convém ainda lembrar que o acidentado de histeria, alcoolismo agudo ou intoxicação por drogas,
mesmo que sofra acidente traumático, pode não sentir dor por várias horas.

A verificação rápida e precisa dos sinais vitais e dos sinais de apoio é uma chave importante para
o desempenho de primeiros socorros. O reconhecimento destes sinais dá suporte, rapidez e
agilidade no atendimento e salvamento de vidas.

Asfixia: pode ser definida como sendo parada respiratória, com o coração ainda funcionando.

É causado por certos tipos de traumatismos como aqueles que atingem a cabeça, a boca, o
pescoço, o tórax; por fumaça no decurso de um incêndio; por afogamento; em soterramentos,
dentre outros acidentes, ocasionando dificuldade respiratória, levando à parada respiratória.

Nesse caso, a identificação da dificuldade respiratória pela respiração arquejante nas vitimas
inconscientes, pela falta de ar de que se queixam os conscientes, ou ainda, pela cianose
acentuada do rosto, dos lábios e das extremidades (dedos), servirá de guia para o socorro à
vítima.

Se as funções respiratórias não forem restabelecidas dentro de 3 a 4 minutos as atividades


cerebrais cessarão totalmente, ocasionando a morte. O oxigênio é vital para o cérebro.

 
 

Principais Causas da Asfixia

A. Bloqueio da passagem de ar: Pode acontecer nos casos de afogamento, secreções e espasmos
da laringe, estrangulamento, soterramento e bloqueio do ar causado por ossos, alimentos ou
qualquer corpo estranho na garganta.

B. Insuficiência de oxigênio no ar: Pode ocorrer em altitudes onde o oxigênio é insuficiente, em


compartimentos não ventilados, nos incêndios em compartimentos fechados e por contaminação
do ar por gases tóxicos (principalmente emanações de motores, fumaça densa).

C. Impossibilidade do sangue em transportar oxigênio.

D. Paralisia do centro respiratório no cérebro: Pode ser causada por choque elétrico, venenos,
doenças, (AVC), ferimentos na cabeça ou no aparelho respiratório, por ingestão de grande
quantidade de álcool, ou de substâncias anestésicas, psicotrópicos e tranqüilizantes.

E. Compressão do corpo: Pode ser causado por forte pressão externa (por exemplo, traumatismo
torácico), nos músculos respiratórios.

OBS: O sinal mais importante dessa situação é a dilatação das pupilas.

Primeiros Socorros:

· A primeira conduta é favorecer a passagem do ar através da boca e das narinas

· Afastar a causa.

· Verificar se o acidentado está consciente

· Desapertar as roupas do acidentado, principalmente em volta do pescoço, peito e cintura.

· Retirar qualquer objeto da boca ou da garganta do acidentado, para abrir e manter desobstruída
a passagem de ar.

· Para assegurar que o acidentado inconsciente continue respirando, coloque-a na posição lateral
de segurança.
· Iniciar a respiração de socorro (conforme relatado a frente), tão logo tenha sido o acidentado
colocado na posição correta. Lembrar que cada segundo é importante para a vida do acidentado.

· Repetir a respiração de socorro tantas vezes quanto necessário, até que o acidentado de entrada
em local onde possa receber assistência adequada.

· Manter o acidentado aquecido, para prevenir o choque.

· Não dar líquidos enquanto o acidentado estiver inconsciente.

· Não deixar o acidentado sentar ou levantar. O acidentado deve permanecer deitado, mesmo
depois de ter recuperado a respiração.

· Não dar bebidas alcoólicas ao acidentado. Dar chá ou café para beber, logo que volte a si.

· Continuar observando cuidadosamente o acidentado, para evitar que a respiração cesse


novamente.

· Não deslocar o acidentado até que sua respiração volte ao normal.

· Remover o acidentado, somente deitado, mas só em caso de extrema necessidade.

· Solicitar socorro especializado mesmo que o acidentado esteja recuperado.

Primeiros Socorros da Vítima em PCR

Orientações:

Parada Respiratória no adulto:

É a supressão súbita dos movimentos respiratórios, podendo ser acompanhada ou não de parada
cardíaca.

Diagnóstico: é definido através dos seguintes sinais e sintomas:

• Ausência de movimentos respiratórios;

• Cianose (cor azul dos lábios, unhas, não obrigatório);

• Dilatação das pupilas (não obrigatória);


• Inconsciência.

Nos casos em que apresentem parada respiratória após trauma (acidente) não devemos nos esquecer
da possibilidade de fratura de coluna cervical. Como no local do acidente não dispomos de métodos
diagnósticos, devemos considerar todos os pacientes como portadores de lesão de coluna até que se
prove o contrário no hospital.

Quando a vítima não responde, o socorrista deve verificar se ela está respirando. Esta avaliação
requer o posicionamento adequado da vítima, com as vias aéreas abertas.

Posição da vítima para iniciar o atendimento:

Para que a RCP seja eficiente, a vítima deve ser posicionada adequadamente, sendo que esta deverá
estar deitada em superfície plana e rígida. É imperativo que a vítima inconsciente seja posicionada,
o mais breve possível. Se a vítima estiver de bruços (em decúbito ventral), o socorrista deve girar o
corpo como um todo, de maneira que a cabeça, ombros e torso se movem simultaneamente, sem se
torcer. Deve-se tomar muito cuidado se houver suspeita de lesão no pescoço ou nas costas.

Para vítimas que estejam deitadas, pode ser utilizada a seguinte seqüência:

• Ajoelhe-se ao lado da vítima, a uma distância aproximadamente igual à largura do corpo, na altura
da sua linha do ombro, pois assim haverá espaço suficiente para girar o corpo da vítima com o
pescoço devidamente apoiado.

• Mova o braço da vítima aproximando-o de você de modo a ele ficar acima da cabeça da vítima.
• Se necessário, estique as pernas da vítima, para que estejam retas ou levemente flexionadas no
joelho.

• Coloque sua mão atrás da cabeça e do pescoço da vítima, como apoio.

• Com a outra mão, segure a vítima por baixo do braço, abraçando o ombro e o torso.

• Gire a vítima para seu lado, puxando-a de maneira firme e equilibrada no ombro e ao mesmo
tempo controle a cabeça e o pescoço, que devem estar no mesmo plano das costas, movendo o
corpo sempre como um todo.

Caso a vítima não esteja respirando, deve ficar em posição supina, com os braços ao longo do
corpo. Desta forma, estará na posição adequada para o próximo passo na RCP.

Desobstrução das vias aéreas

Uma das condutas mais importantes para o sucesso na ressuscitação é a rápida desobstrução das
vias aéreas. A vítima não responsiva, em geral, apresenta perda do tônus muscular, com
conseqüente obstrução da faringe pela queda da base da língua e tecidos moles da faringe. A língua
é, em geral, a causa mais comum de obstrução das vias aéreas em vítimas inconscientes. A língua ou
a epiglote pode criar a obstrução quando a pressão negativa produzida pelo esforço inspiratório
fecha a entrada da traquéia. Como a língua está presa ao maxilar inferior, o movimento do maxilar
para frente levanta a língua da parte posterior da faringe e abre as vias aéreas.

O socorrista deve se valer da manobra de inclinar a cabeça e elevar o queixo para desobstruir as
aéreas. Se um corpo estranho ou vômito for visível na boca, deve ser removido. Não se deve levar
muito tempo neste procedimento. Os líquidos e semilíquidos devem ser extraídos pelo dedo
indicador em posição de gancho.

a) Manobra de inclinação da cabeça e elevação do queixo (atualmente mais usada). Para se realizar
esta manobra você deve:
• Colocar uma das mãos na testa da vítima e pressioná-la firmemente para trás, a fim de que a
cabeça se incline.

• Colocar os dedos da outra mão sob a parte óssea do queixo.

• Elevar o queixo para cima e sustentar a mandíbula, ajudando a inclinar a cabeça para trás.

Posição de recuperação:

Se a vítima estiver sem resposta, não houver evidência de trauma e estiver claramente respirando de
maneira adequada, o socorrista deve colocá-la na “posição de recuperação”:

• Girar a vítima para o lado de forma que cabeça, ombros e costas sejam girados simultaneamente,
sem torção.

• Se a pessoa socorrida tiver sido vítima de trauma ou houver suspeita de trauma, ela não deve ser
movida.

Na posição de recuperação, as vias aéreas muito provavelmente manter-se-ão desobstruídas, e uma


obstrução não reconhecida (pela queda da base da língua para trás) é menos provável.

É fundamental que a vítima em posição de recuperação esteja sob observação direta e contínua até
que se torne responsiva ou até que o pessoal treinado chegue para assumir o tratamento da vítima. A
posição de recuperação, também, pode ser utilizada para vítimas ressuscitadas com sucesso.
Respiração de resgate

Levando em consideração o ensino e a orientação, iremos apresentar a baixo a técnica de respiração


Boca a Boca:

Boca a boca: A respiração boca-a-boca foi considerada uma maneira rápida e eficiente de se suprir
oxigênio à vítima. O socorrista deve inflar os pulmões da vítima de maneira adequada em cada
ventilação.

• Mantenha as vias aéreas desobstruídas, usando a técnica da inclinação da cabeça e elevação do


queixo.

• Levemente, pince o nariz usando o polegar e o dedo indicador (da mão que está na testa), para que
o ar não escape pelo nariz da vítima.
Respire normalmente e coloque seus lábios na boca da vítima, vedando-a e criando um selo à prova
de vazamento de ar.

• Em seguida, insufle duas vezes, sendo que cada respiração seja de 1 segundo.
 

Respiração de resgate boca-a-boca.

Deve-se garantir um tempo adequado para as duas insuflações (1 segundo para cada uma) para que
haja boa expansão torácica e menor possibilidade de distensão gástrica (a medida de tempo “por
insuflação” é usada, aqui, como o tempo inspiratório da vítima). O socorrista deve inspirar, após
cada ventilação, e cada ventilação deve ter volume suficiente para expandir o tórax. A respiração de
resgate deve ser realizada a um ritmo de 8 a 10 insuflações por minuto. Um volume de ar muito
grande e um fluxo inspiratório muito rápido podem causar pressões na faringe que excedam a
pressão de abertura do esôfago, permitindo que o ar entre no estômago e cause distensão gástrica. A
indicação de ventilação adequada é dada quando:

• Observamos o tórax subindo e descendo.

• Ouvimos e sentimos o fluxo de ar durante a expiração.

Primeiros Socorros Com Choque Elétrico

Orientações:

São abalos musculares causados pela passagem de corrente elétrica pelo corpo humano.

As alterações provocadas no organismo humano pela corrente elétrica dependem principalmente


de sua intensidade, isto é, da amperagem.

A patologia das alterações provocadas pode ser esquematizada em três tipos de fenômenos:
eletroquímico, térmico e fisiopatológico. Esses efeitos variam, porém, conforme a sua freqüência,
a intensidade medida em amperes, a tensão medida em volts, a duração da sua passagem pelo
corpo, o seu percurso através do mesmo e das condições em que se encontrava a vítima.

Como a maior parte da resistência elétrica se encontra no ponto em que a pele entra em contato
com o condutor, as queimaduras elétricas geralmente afetam a pele e os tecidos subjacentes. A
necrose progressiva e a formação de escaras geralmente são maiores do que a lesão inicial
poderia sugerir.

Se a corrente for intensa, determinará a morte pela paralisia do centro nervoso central (bulbo)
que regem os movimentos respiratórios e cardíacos.

Em outros casos, a morte se dá por fibrilação cardíaca (ventricular).


Em condições habituais correntes de 100 a 150 Volts já são perigosas e acima de 500 Volts são
mortais.

A intensidade da corrente é o fator mais importante a ser considerado nos acidentes com
eletricidade. Corrente com 25 mA determinam espasmos musculares, podendo levar à morte se
atuar por alguns minutos, por paralisia da musculatura respiratória. Entre 25 mA e 75 mA, além
do espasmo muscular, dá-se a parada do coração em diástole (fase de relaxamento) ventricular.
Se o tempo de contato for curto, o coração poderá sobreviver a fibrilação ventricular.

Cada segundo de contato com a eletricidade diminui a possibilidade de sobrevivência da vítima.

Vale lembrar que os acidentes com eletricidade também oferecem perigo à pessoa que vai
socorrer a vítima.

Causas Principais: Nos ambientes de trabalho encontramos este acidente quando há:

- Falta de segurança nas instalações e equipamentos, como: fios descascados ou desencapados,


falta de aterramento elétrico, parte elétrica de um motor que por defeito está em contato com sua
carcaça, etc.

- Imprudência

- Indisciplina

- Ignorância

- Acidentes, etc.

OBS:

Em corrente alternada: tetanização com tempo de exposição

Em corrente contínua: contração muscular brusca com projeção da vítima, podendo ocorrer
traumatismo grave.

 
Principais efeitos em choque elétrico:

- Mal estar geral

- Sensação de angústia

- Náusea

- Cãibras musculares de extremidades

- Parestesias (dormência, formigamento)

- Ardência ou insensibilidade da pele

- Escotomas cintilantes (visão de pontos luminosos)

- Cefaléia

- Vertigem

- Arritmias (ritmo irregular) cardíacas (alteração do ritmo cardíaco)

- Falta de ar (dispnéia).

Principais Complicações:

- Parada cardíaca

- Parada respiratória

- Queimaduras graves

- Traumatismo (de crânio, ruptura de órgãos internos, etc.)

- Óbito.

Veja a porcentagem de corrente que afeta o coração durante a passagem da descarga elétrica:
Cabeça / Pé: 9,7%

Braço / Pé: 7,9%

Braço / Braço: 2,9%

Cabeça / Braço: 1,8%

Pé / Pé: 0%

OBS: A passagem de corrente elétrica pela cabeça (bulboraquiano) pode acarretar parada cardio-
respiratória, dependendo da intensidade da descarga.

Primeiros Socorros: Antes de socorrer a vítima, cortar a corrente elétrica, desligando a chave geral
de força, retirando os fusíveis da instalação ou puxando o fio da tomada (desde que esteja
encapado).

Caso o item anterior não for possível, tentar afastar a vítima da fonte de energia utilizando luvas
de borracha grossa ou materiais isolantes, e que estejam secos (cabo de vassoura de madeira,
tapete de borracha, jornal dobrado, pano grosso dobrado seco, corda, etc.), afastando a vítima do
fio ou aparelho elétrico.

OBS: Como ja mencionado anteriormente acidentes com eletricidade também oferece perigo à
pessoa que irá socorrer a vítima. Tenha certeza do que está fazendo, caso a vítima estiver em
contato com eletricidade e você encostar na mesma sem a proteção correta você também
receberá a descarga elétrica. Veja a ilustração a seguir com um exemplo afastando a vítima da
corrente energizada:
Mais algumas dicas de segurança quanto ao manejo com a vítima:

- Não tocar na vítima até que ela esteja separada da corrente elétrica ou que esta seja
interrompida.

- Se o choque for leve seguir os itens em que falamos na seção anterior "Estado de Choque".

- Em caso de parada cardío-respiratória iniciar imediatamente as manobras de ressuscitação.

- Insistir nas manobras de ressuscitação, mesmo que a vítima não esteja se recuperando, até a
chegada do atendimento especializado.

- Depois de obtida a ressuscitação cardío-respiratória, deve ser feito um exame geral da vítima
para localizar possíveis queimaduras, fraturas ou lesões que possam ter ocorrido no caso de
queda durante o acidente.

- Deve-se atender primeiro a hemorragias, fraturas e queimaduras, nesta ordem, segundo os


capítulos específicos.

PCR - Parada Respiratória no adulto

É a supressão súbita dos movimentos respiratórios, podendo ser acompanhada ou não de parada
cardíaca.
 

Diagnóstico: é definido através dos seguintes sinais e sintomas:

• Ausência de movimentos respiratórios;

• Cianose (cor azul dos lábios, unhas, não obrigatório);

• Dilatação das pupilas (não obrigatória);

• Inconsciência.

Nos casos em que apresentem parada respiratória após trauma (acidente) não devemos nos
esquecer da possibilidade de fratura de coluna cervical. Como no local do acidente não dispomos
de métodos diagnósticos, devemos considerar todos os pacientes como portadores de lesão de
coluna até que se prove o contrário no hospital.

Quando a vítima não responde, o socorrista deve verificar se ela está respirando. Esta avaliação
requer o posicionamento adequado da vítima, com as vias aéreas abertas.

Posição da vítima para iniciar o atendimento:

Para que a RCP seja eficiente, a vítima deve ser posicionada adequadamente, sendo que esta
deverá estar deitada em superfície plana e rígida. É imperativo que a vítima inconsciente seja
posicionada, o mais breve possível. Se a vítima estiver de bruços (em decúbito ventral), o
socorrista deve girar o corpo como um todo, de maneira que a cabeça, ombros e torso se movem
simultaneamente, sem se torcer. Deve-se tomar muito cuidado se houver suspeita de lesão no
pescoço ou nas costas.

Para vítimas que estejam deitadas, pode ser utilizada a seguinte seqüência:
• Ajoelhe-se ao lado da vítima, a uma distância aproximadamente igual à largura do corpo, na
altura da sua linha do ombro, pois assim haverá espaço suficiente para girar o corpo da vítima
com o pescoço devidamente apoiado.

• Mova o braço da vítima aproximando-o de você de modo a ele ficar acima da cabeça da vítima.

• Se necessário, estique as pernas da vítima, para que estejam retas ou levemente flexionadas no
joelho.

• Coloque sua mão atrás da cabeça e do pescoço da vítima, como apoio.

• Com a outra mão, segure a vítima por baixo do braço, abraçando o ombro e o torso.

• Gire a vítima para seu lado, puxando-a de maneira firme e equilibrada no ombro e ao mesmo
tempo controle a cabeça e o pescoço, que devem estar no mesmo plano das costas, movendo o
corpo sempre como um todo.

Caso a vítima não esteja respirando, deve ficar em posição supina, com os braços ao longo do
corpo. Desta forma, estará na posição adequada para o próximo passo na RCP.

Desobstrução das vias aéreas


Uma das condutas mais importantes para o sucesso na ressuscitação é a rápida desobstrução das
vias aéreas. A vítima não responsiva, em geral, apresenta perda do tônus muscular, com
conseqüente obstrução da faringe pela queda da base da língua e tecidos moles da faringe. A
língua é, em geral, a causa mais comum de obstrução das vias aéreas em vítimas inconscientes. A
língua ou a epiglote pode criar a obstrução quando a pressão negativa produzida pelo esforço
inspiratório fecha a entrada da traquéia. Como a língua está presa ao maxilar inferior, o
movimento do maxilar para frente levanta a língua da parte posterior da faringe e abre as vias
aéreas.

O socorrista deve se valer da manobra de inclinar a cabeça e elevar o queixo para desobstruir as
aéreas. Se um corpo estranho ou vômito for visível na boca, deve ser removido. Não se deve levar
muito tempo neste procedimento. Os líquidos e semilíquidos devem ser extraídos pelo dedo
indicador em posição de gancho.

a) Manobra de inclinação da cabeça e elevação do queixo (atualmente mais usada). Para se


realizar esta manobra você deve:

• Colocar uma das mãos na testa da vítima e pressioná-la firmemente para trás, a fim de que a
cabeça se incline.

• Colocar os dedos da outra mão sob a parte óssea do queixo.

• Elevar o queixo para cima e sustentar a mandíbula, ajudando a inclinar a cabeça para trás.

Posição de recuperação:

Se a vítima estiver sem resposta, não houver evidência de trauma e estiver claramente respirando
de maneira adequada, o socorrista deve colocá-la na “posição de recuperação”:
• Girar a vítima para o lado de forma que cabeça, ombros e costas sejam girados
simultaneamente, sem torção.

• Se a pessoa socorrida tiver sido vítima de trauma ou houver suspeita de trauma, ela não deve
ser movida.

Na posição de recuperação, as vias aéreas muito provavelmente manter-se-ão desobstruídas, e


uma obstrução não reconhecida (pela queda da base da língua para trás) é menos provável.

É fundamental que a vítima em posição de recuperação esteja sob observação direta e contínua
até que se torne responsiva ou até que o pessoal treinado chegue para assumir o tratamento da
vítima. A posição de recuperação, também, pode ser utilizada para vítimas ressuscitadas com
sucesso.

Respiração de resgate

Levando em consideração o ensino e a orientação, iremos apresentar a baixo a técnica de


respiração Boca a Boca:

Boca a boca: A respiração boca-a-boca foi considerada uma maneira rápida e eficiente de se
suprir oxigênio à vítima. O socorrista deve inflar os pulmões da vítima de maneira adequada em
cada ventilação.

• Mantenha as vias aéreas desobstruídas, usando a técnica da inclinação da cabeça e elevação do


queixo.

• Levemente, pince o nariz usando o polegar e o dedo indicador (da mão que está na testa), para
que o ar não escape pelo nariz da vítima.
Respire normalmente e coloque seus lábios na boca da vítima, vedando-a e criando um selo à
prova de vazamento de ar.

• Em seguida, insufle duas vezes, sendo que cada respiração seja de 1 segundo.
 

Respiração de resgate boca-a-boca.

Deve-se garantir um tempo adequado para as duas insuflações (1 segundo para cada uma) para
que haja boa expansão torácica e menor possibilidade de distensão gástrica (a medida de tempo
“por insuflação” é usada, aqui, como o tempo inspiratório da vítima). O socorrista deve inspirar,
após cada ventilação, e cada ventilação deve ter volume suficiente para expandir o tórax. A
respiração de resgate deve ser realizada a um ritmo de 8 a 10 insuflações por minuto. Um volume
de ar muito grande e um fluxo inspiratório muito rápido podem causar pressões na faringe que
excedam a pressão de abertura do esôfago, permitindo que o ar entre no estômago e cause
distensão gástrica. A indicação de ventilação adequada é dada quando:

• Observamos o tórax subindo e descendo.

• Ouvimos e sentimos o fluxo de ar durante a expiração.

Funções Vitais

Orientações:

A atividade de primeiros socorros pressupõe o conhecimento dos sinais que o corpo emite e
servem como informação para a determinação do seu estado físico.

Alguns detalhes importantes sobre as funções vitais, os sinais vitais e sinais de apoio do corpo
humano precisam ser compreendidos.
 

As Funções Vitais: Algumas funções são vitais para que o ser humano permaneça vivo. São vitais
as funções exercidas pelo cérebro e pelo coração. Mas para exercerem suas funções, estes órgãos
executam trabalhos físicos e químicos, transformando a própria vida em uma macro-
representação das atividades da menor unidade funcional do corpo: a célula.

Cada tecido é constituído por células, e é da vida delas que depende a vida dos seres vivos. As
células tiram nutrientes para sua vida diretamente do meio onde se encontram, devolvendo para
este mesmo ambiente os produtos finais de sua atividade metabólica. A captação e liberação
destas substâncias são reguladas pela membrana plasmática, cuja permeabilidade seletiva e
mecanismo de transporte ativo permitem à célula trocar com o meio somente o que deve ser
trocado. Muitos processos dependem de um adequado diferencial de concentração entre o
interior e exterior da célula.

Para permitir igualdade nas concentrações dos componentes do líquido intersticial, os tecidos do
organismo são percorridos por uma densa rede de vasos microscópicos, que são chamados de
capilares.

O sangue que chega aos capilares traz nutrientes e oxigênio que são passados continuamente
para os tecidos. O sangue arterial é rico em nutrientes. O sangue venoso é mais pobre e
transporta gás carbônico e catabólitos.

O sangue não se deteriora graças à atividade de órgãos vitais como os pulmões, rins e aparelho
digestivo, que permanentemente recondicionam o sangue arterial. Os rins participam do
mecanismo de regulação do equilíbrio hidroeletrolítico e ácido-básico e na eliminação de
substâncias tóxicas.

O aparelho digestivo incrementa o teor sanguíneo de substratos orgânicos, íons e outros agentes
metabólicos, como as vitaminas, por exemplo.

O fígado age como órgão sintetizador e como modificador da composição do sangue,


participando nos mecanismos da excreção de substâncias tóxicas.

Os pulmões e a porção condutora do aparelho respiratório têm como função principal fornecer
oxigênio e remover dióxido de carbono resultante da reação de combustão nas células. O pulmão
não é apenas um órgão respiratório. Ele desempenha uma função importante no equilíbrio
térmico e no equilíbrio ácido-básico. Os movimentos ventilatórios são controlados pelo Sistema
Nervoso Central e estão parcialmente sob nossa vontade. A respiração, no entanto, é um
mecanismo involuntário e automático.
As funções vitais do corpo humano são controladas pelo Sistema Nervoso Central, que é
estruturado por células muito especializadas, organizadas em alto grau de complexidade
estrutural e funcional. Estas células são muito sensíveis à falta de oxigênio, cuja ausência provoca
alterações funcionais. Conforme será advertido outras vezes neste curso, chamamos a atenção
para que se perceba que:

O prolongamento da hipóxia (falta de ar) cerebral determina a morte do Sistema Nervoso Central
e com isto a falência generalizada de todos os mecanismos da vida, em um tempo de
aproximadamente três minutos.

Para poder determinar em nível de primeiro socorro, como leigo, o funcionamento satisfatório
dos controles centrais dos mecanismos da vida, é necessário compreender os sinais indicadores
chamados de sinais vitais.

Parada Cardíaca

Orientações:

A parada cardíaca é reconhecida pela ausência de pulso nas grandes artérias da vítima
inconsciente.

O coração pára de bombear o sangue para o organismo que, desta forma, deixa de transportar
oxigênio para os tecidos. Existem tecidos que resistem vivos, até algumas horas, à falta de
oxigênio. No enquanto, o cérebro, centro essencial do organismo, começa a deteriorar-se após
três minutos de falta de oxigênio. Desta forma o diagnóstico e a recuperação cardíaca devem ser
feitos de imediato. Caso haja demora na recuperação cardíaca, o cérebro pode sofrer lesões
graves e irreversíveis.

Diagnóstico:

• Ausência de pulso (radial, femoral e carotídeo);

• Pele fria, azulada ou pálida;

• Parada respiratória (freqüente, mas não obrigatória);

• Inconsciência;

• Dilatação das pupilas (freqüente, mas não obrigatória);

• Na dúvida, proceda como se fosse.


A parada cardíaca é reconhecida pela ausência de pulso nas grandes artérias das vítimas
inconsciente e sem respiração. No entanto, se a vítima estiver ventilando adequadamente, muito
provavelmente a circulação também será adequada, e a parada cardíaca é pouco provável.

Para um atendimento eficiente e eficaz, foi desenvolvido um protocolo seqüencial de


atendimento, sendo utilizada uma sequência de letras representando as etapas do socorro.
Estamos falando da sequência C-A-B, da diretriz 2010 da American Heart Association, onde:

C – Compressão rápida e profunda

A – Liberação das Vias Aéreas

B – Respiração

Técnicas de Compressão Torácica .

A técnica da compressão torácica consiste de uma série de aplicações rítmicas de pressão sobre a
parte inferior do esterno; estas compressões produzem circulação, como resultado de um
aumento generalizado da pressão intratorácica ou da compressão direta no coração. O sangue
circula para os pulmões, onde receberá oxigênio suficiente para a manutenção da vida.

O paciente deve estar deitado, em posição horizontal durante as compressões torácicas, afim de
facilitar o fluxo sangüíneo para o cérebro, que fica reduzido quando a cabeça esta em um nível
mais elevado que do tórax.

Caso a vítima esteja sobre uma cama, deve-se colocar uma tábua sob o tórax em contato direto
com as costas, isto proporcionará uma superfície rígida, facilitando assim a compressão do tórax.

As compressões torácicas devem, quando possível, serem acompanhadas da respiração de


resgate realizada adequadamente, proporcionando um aporte de oxigênio.

Posição correta da mão.


1) Com uma das mãos, localizar o processo Xifóide na margem inferior da caixa
torácica do paciente

2) Marcar dois dedos acima do processo Xifóide (cerca de 3 cm), e colocar a região hipotênar de
uma das mãos (o calcanhar da mão) sobre o esterno, a seguir colocar a outra mão sobre a
primeira.
3) Os dedos devem estar entrelaçados, preferencialmente mantidos afastados da caixa torácica.

Uma compressão eficiente pode ser conseguida tomando-se os seguintes cuidados:

• Os cotovelos assim como o braço devem estar estendidos formando um ângulo reto (90 graus)
com a parede do tórax da vítima.

• O socorrista deve se colocar rente ao corpo da vítima, posicionando a mão e mantendo os


braços esticados.

• O peso do tronco do socorrista irá criar a pressão necessária para realizar as compressões.

• O esterno deve ser deprimido, aproximadamente, entre 3,8 a 5,1 cm para um adulto de tamanho
normal.
• A pressão no tórax deve ser liberada, para que o mesmo retome a posição normal após cada
compressão. Estas compressões devem atingir um ritmo de bombeamento de 100 batimentos por
minutos.

• Não tirar as mãos do peito nem mudar de posição, pois a posição das mãos pode ser
desperdiçada.

As compressões irregulares, os movimentos bruscos, o posicionamento incorreto da mão e a


inclinação sobre o tórax podem reduzir a eficácia da ressuscitação e, muito provavelmente, causar
lesões

Estado de Choque

Orientações:

O choque é um complexo grupo de síndromes cardiovasculares agudas que não possui, uma
definição única que compreenda todas as suas diversas causas e origens. Didaticamente, o estado
de choque se dá quando há mal funcionamento entre o coração, vasos sangüíneos (artérias ou
veias) e o sangue, instalando-se um desequilíbrio no organismo.
O choque é uma grave emergência médica. O correto atendimento exige ação rápida e imediata.
Vários fatores predispõem ao choque. Com a finalidade de facilitar a análise dos mecanismos,
considera-se especialmente para estudo o choque hipovolêmico, por ter a vantagem de
apresentar uma seqüência bem definida. Há vários tipos de choque:

Choque Hipovolêmico: É o choque que ocorre devido à redução do volume intravascular por
causa da perda de sangue, de plasma ou de água perdida em diarréia e vômito.

Choque Cardiogênico: Ocorre na incapacidade de o coração bombear um volume de sangue


suficiente para atender às necessidades metabólicas dos tecidos.

Choque Septicêmico: Pode ocorrer devido a uma infecção sistêmica.

Choque Anafilático: É uma reação de hipersensibilidade sistêmica, que ocorre quando um


indivíduo é exposto a uma substância à qual é extremamente alérgico.

Choque Neurogênico: É o choque que decorre da redução do tônus vasomotor normal por
distúrbio da função nervosa. Este choque pode ser causado, por exemplo, por transecção da
medula espinhal ou pelo uso de medicamentos, como bloqueadores ganglionares ou depressores
do sistema nervoso central.

Existem, quanto à natureza, vários tipos de choque. No entanto, no atendimento do doente, no


local do acidente, os primeiros procedimentos são idênticos. Lembrar que nos acidentes a causa
mais comum de choque é a perda de sangue, que pode ser interna ou externa, e que o
tratamento definitivo só pode ser realizado por médicos e no hospital. Como sabemos, o sangue
leva até às células os nutrientes e o oxigênio para manutenção da sua vida, através de pequenos
vasos sangüíneos. Quando, por qualquer motivo, isto deixa de acontecer, as células começam a
entrar em sofrimento e, se esta condição não for revertida à normalidade com urgência, as células
acabam morrendo. O sistema nervoso é o que menos resiste a esta situação. Desta forma, o
organismo lança mão de mecanismo de proteção para preservar a vitalidade das células nervosas.
Entretanto, estes mecanismos de defesa se esgotam rapidamente. Por isso, esta condição deverá
ser corrigida de imediato para preservação da vida. Doenças neurológicas, cardiológicas e
infecciosas e perda de sangue podem levar o paciente ao estado de choque. O passo inicial no
tratamento do estado de choque é reconhecer a sua presença. O diagnóstico inicial é baseado na
avaliação clínica da presença de perfuração, inadequada:

• Pulso arterial acelerado;

• Freqüência respiratória aumentada;


• Pele fria e úmida;

• Perfusão periférica deficitária (compressão da polpa digital);

• Palidez da pele;

• Agitação ou depressão do nível de consciência;

• Sede.

Após feito o diagnóstico do choque, devemos colocar a vítima deitada, sempre lembrando a
possibilidade de outras lesões associadas, principalmente trauma de coluna. Em seguida,
devemos elevar as pernas (se não houver fraturas), afrouxar as roupas e cobri-las. Se não
contarmos com apoio de ambulância para o transporte, devemos imobilizá-la sobre uma tábua e
conduzi-la rapidamente a um hospital. Não devemos nos esquecer de que uma porcentagem
muito significativa dos pacientes traumatizados, que estão em choque hemorrágico, terá que ser
operados com urgência para o efetivo tratamento do choque.

No caso de a vítima estar inconsciente, ou se estiver consciente, mas sangrando pela boca ou
nariz, deitá-la na posição lateral de segurança (PLS), para evitar asfixia, conforme demonstrado na
figura a seguir:

RESPIRAÇÃO: Verificar quase que simultaneamente se a vítima respira. Deve-se estar preparado
para iniciar a respiração boca a boca, caso a vítima pare de respirar.
 

PULSO: Enquanto as providências já indicadas são executadas, observar o pulso da vítima.No


choque o pulso da vítima apresenta-se rápido e fraco (taquisfigmia).

CONFORTO: Dependendo do estado geral e da existência ou não de fratura, a vítima deverá ser
deitada da melhor maneira possível. Isso significa observar se ela não está sentindo frio e
perdendo calor. Se for preciso, a vítima deve ser agasalhada com cobertor ou algo semelhante,
como uma lona ou casacos.

TRANQUILIZAR A VÍTIMA: Se o socorro médico estiver demorando, tranqüilizar a vítima,


mantendo-a calma sem demonstrar apreensão quanto ao seu estado. Permanecer em vigilância
junto à vítima para dar-lhe segurança e para monitorar alterações em seu estado físico e de
consciência.

Em todos os casos de reconhecimento dos sinais e sintomas de estado de choque, providenciar


imediatamente assistência especializada. A vítima vai necessitar de tratamento complexo que só pode ser
feito por profissionais e recursos especiais para intervir nestes casos.

Choque Elétrico

Orientações:

São abalos musculares causados pela passagem de corrente elétrica pelo corpo humano.

As alterações provocadas no organismo humano pela corrente elétrica dependem principalmente


de sua intensidade, isto é, da amperagem.

A patologia das alterações provocadas pode ser esquematizada em três tipos de fenômenos:
eletroquímico, térmico e fisiopatológico. Esses efeitos variam, porém, conforme a sua freqüência,
a intensidade medida em amperes, a tensão medida em volts, a duração da sua passagem pelo
corpo, o seu percurso através do mesmo e das condições em que se encontrava a vítima.

Como a maior parte da resistência elétrica se encontra no ponto em que a pele entra em contato
com o condutor, as queimaduras elétricas geralmente afetam a pele e os tecidos subjacentes. A
necrose progressiva e a formação de escaras geralmente são maiores do que a lesão inicial
poderia sugerir.

Se a corrente for intensa, determinará a morte pela paralisia do centro nervoso central (bulbo)
que regem os movimentos respiratórios e cardíacos.

Em outros casos, a morte se dá por fibrilação cardíaca (ventricular).

Em condições habituais correntes de 100 a 150 Volts já são perigosas e acima de 500 Volts são
mortais.

A intensidade da corrente é o fator mais importante a ser considerado nos acidentes com
eletricidade. Corrente com 25 mA determinam espasmos musculares, podendo levar à morte se
atuar por alguns minutos, por paralisia da musculatura respiratória. Entre 25 mA e 75 mA, além
do espasmo muscular, dá-se a parada do coração em diástole (fase de relaxamento) ventricular.
Se o tempo de contato for curto, o coração poderá sobreviver a fibrilação ventricular.

Cada segundo de contato com a eletricidade diminui a possibilidade de sobrevivência da vítima.

Vale lembrar que os acidentes com eletricidade também oferecem perigo à pessoa que vai
socorrer a vítima.

Causas Principais: Nos ambientes de trabalho encontramos este acidente quando há:

- Falta de segurança nas instalações e equipamentos, como: fios descascados ou desencapados,


falta de aterramento elétrico, parte elétrica de um motor que por defeito está em contato com sua
carcaça, etc.

- Imprudência

- Indisciplina

- Ignorância

- Acidentes, etc.

OBS:
Em corrente alternada: tetanização com tempo de exposição

Em corrente contínua: contração muscular brusca com projeção da vítima, podendo ocorrer
traumatismo grave.

Principais efeitos em choque elétrico:

- Mal estar geral

- Sensação de angústia

- Náusea

- Cãibras musculares de extremidades

- Parestesias (dormência, formigamento)

- Ardência ou insensibilidade da pele

- Escotomas cintilantes (visão de pontos luminosos)

- Cefaléia

- Vertigem

- Arritmias (ritmo irregular) cardíacas (alteração do ritmo cardíaco)

- Falta de ar (dispnéia).

Principais Complicações:

- Parada cardíaca

- Parada respiratória

- Queimaduras graves

- Traumatismo (de crânio, ruptura de órgãos internos, etc.)


- Óbito.

Veja a porcentagem de corrente que afeta o coração durante a passagem da descarga elétrica:

Cabeça / Pé: 9,7%

Braço / Pé: 7,9%

Braço / Braço: 2,9%

Cabeça / Braço: 1,8%

Pé / Pé: 0%

OBS: A passagem de corrente elétrica pela cabeça (bulboraquiano) pode acarretar parada cardio-
respiratória, dependendo da intensidade da descarga.

Primeiros Socorros: Antes de socorrer a vítima, cortar a corrente elétrica, desligando a chave geral
de força, retirando os fusíveis da instalação ou puxando o fio da tomada (desde que esteja
encapado).

Caso o item anterior não for possível, tentar afastar a vítima da fonte de energia utilizando luvas
de borracha grossa ou materiais isolantes, e que estejam secos (cabo de vassoura de madeira,
tapete de borracha, jornal dobrado, pano grosso dobrado seco, corda, etc.), afastando a vítima do
fio ou aparelho elétrico.

OBS: Como ja mencionado anteriormente acidentes com eletricidade também oferece perigo à
pessoa que irá socorrer a vítima. Tenha certeza do que está fazendo, caso a vítima estiver em
contato com eletricidade e você encostar na mesma sem a proteção correta você também
receberá a descarga elétrica. Veja a ilustração a seguir com um exemplo afastando a vítima da
corrente energizada:
Mais algumas dicas de segurança quanto ao manejo com a vítima:

- Não tocar na vítima até que ela esteja separada da corrente elétrica ou que esta seja
interrompida.

- Se o choque for leve seguir os itens em que falamos na seção anterior "Estado de Choque".

- Em caso de parada cardío-respiratória iniciar imediatamente as manobras de ressuscitação.

- Insistir nas manobras de ressuscitação, mesmo que a vítima não esteja se recuperando, até a
chegada do atendimento especializado.

- Depois de obtida a ressuscitação cardío-respiratória, deve ser feito um exame geral da vítima
para localizar possíveis queimaduras, fraturas ou lesões que possam ter ocorrido no caso de
queda durante o acidente.

- Deve-se atender primeiro a hemorragias, fraturas e queimaduras, nesta ordem, segundo os


capítulos específicos.

Hemorragias: Tipos, Diagnóstico e Atendimento

Orientações:

A hemorragia é definida como uma perda aguda de sangue circulante. Normalmente o volume de
sangue corresponde a 7% do peso corporal do adulto. Por exemplo, um homem de 70 Kg tem
aproximadamente 5 litros de sangue. Na criança o volume é 8 a 9% do peso corporal. É
classificada de duas formas: Interna e Externa. Na hemorragia interna o sangue perdido não é
visível e pode ser devido a lesões traumáticas de vísceras internas ou grandes vasos.

Hemorragias Arteriais: É aquela hemorragia em que o sangue sai em jato pulsátil e se apresenta
com coloração vermelho vivo.

Hemorragias Venosas: É aquela hemorragia em que o sangue é mais escuro e sai continuamente
e lentamente, escorrendo pela ferida.

Hemorragia Externa: É aquela na qual o sangue é eliminado para o exterior do organismo, como
acontece em qualquer ferimento externo, ou quando se processa nos órgãos internos que se
comunicam com o exterior, como o tubo digestivo, ou os pulmões ou as vias urinárias.

Hemorragia Interna: É aquela na qual o sangue extravasa em uma cavidade pré-formada do


organismo, como o peritoneu, pleura, pericárdio, meninges, cavidade craniana e câmara do olho.

Conseqüências das Hemorragias:

- Hemorragias graves não tratadas ocasionam o desenvolvimento do estado de choque e morte.

- Hemorragias lentas e crônicas (por exemplo, através de uma úlcera) causam anemia (ou seja,
quantidade baixa de glóbulos vermelhos).

Quadro Clínico:

Varia com a quantidade perdida de sangue, velocidade do sangramento, estado prévio de saúde e
idade do acidentado, veja a seguir as explicações:

- Quantidade de sangue perdido: Quanto maior a quantidade perdida, mais graves serão as
hemorragias. Geralmente a perda de sangue não pode ser medida, mas pode ser estimada
através da avaliação do acidentado (sinais de choque compensado ou descompensado).
Velocidade: Quanto mais rápida as hemorragias, menos eficientes são os mecanismos
compensatórios do organismo. Um indivíduo pode suportar uma perda de um litro de sangue,
que ocorre em período de horas, mas não tolera esta mesma perda se ela ocorrer em minutos.
Não pode ser medida, mas pode ser estimada através de dados clínicos do acidentado.

A hemorragia arterial é menos freqüente, mas é mais grave e precisa de atendimento imediato
para sua contenção e controle.

A hemorragia venosa é a que ocorre com maior freqüência, mas é de controle mais fácil, pois o
sangue sai com menor pressão e mais lentamente.

As hemorragias podem se constituir em condições extremamente graves. Muitas hemorragias


pequenas podem ser contidas e controladas por compressão direta na própria ferida, e curativo
compressivo. Uma hemorragia grande não controlada, especialmente se for uma hemorragia
arterial, pode levar o acidentado à morte em menos de 5 minutos, devido à redução do volume
intravascular e hipoxia cerebral (anemia aguda).

A hemorragia nem sempre é visível, podendo estar oculta pela roupa ou posição do acidentado,
por exemplo, uso de roupas grossas, onde a absorção do sangue é completa ou hemorragias
causadas por ferimentos nas costas quando o acidentado estiver deitada de costas. O sangue
pode ser absorvido pelo solo ou tapetes, lavado pela chuva, dificultando a avaliação do socorrista.
Por este motivo o acidentado deve ser examinado completamente para averiguar se há sinais de
hemorragias.

Os locais mais freqüentes de hemorragias internas são tórax e abdome. Observar presença de
lesões perfurantes, de equimoses, ou contusões na pele sobre estruturas vitais. Os órgãos
abdominais que mais freqüentemente produzem sangramentos graves são o fígado, localizado no
quadrante superior direito, e o baço, no quadrante superior esquerdo.

Algumas fraturas, especialmente as de bacia e fêmur podem produzir hemorragias internas


graves e estado de choque. Observar extremidades com deformidades e dolorosas e estabilidade
pélvica. A distensão abdominal com dor após traumatismo deve sugerir hemorragia interna.

Algumas hemorragias internas podem se exteriorizar, por vezes hemorragias do tórax produzem
hemoptise. O sangramento do esôfago, estômago e duodeno podem se exteriorizar através da
hematêmese (vômito com sangue), ou dependendo do volume, através também de melena
(evacuação de sangue). Neste caso as condutas do socorrista visarão somente o suporte da vida,
principalmente de via aérea e respiração, até o hospital, pois pouco há o que se fazer.

A hemorragia recebe nomes conforme o lugar onde se manifesta ou o aspecto onde se apresenta.
Tem basicamente duas causas, espontânea ou traumática. No caso da espontânea, geralmente é
o sinal de alarme de uma doença grave. A hemorragia causada por traumatismo é a mais comum
nos ambientes de trabalho, e dependendo da sua intensidade e localização, o mais indicado é
levar o acidentado a um hospital, porém em certos casos pode-se ajudar o acidentado, tomando
atitudes específicas, como veremos a seguir.

Em casos particulares, um método que pode vir a ser temporariamente eficaz é o método do
ponto de pressão.

A técnica do ponto de pressão consiste em comprimir a artéria lesada contra o osso mais


próximo, para diminuir a afluência de sangue na região do ferimento.

Em hemorragia de ferimento ao nível da região temporal e parietal, deve-se comprimir a artéria


temporal contra o osso com os dedos indicadores, médios e anular. No caso de hemorragia no
membro superior, o ponto de pressão está na artéria braquial, localizada na face interna do terço
médio do braço.

No caso de ferimento com hemorragia no membro inferior, o ponto de pressão é encontrado na


parte interna no terço superior, próximo à região inguinal, que é por onde passa a artéria femoral.
Nesta região a artéria passa por trás dos músculos. Usar compressão muito forte para atingí-la e
diminuir a afluência de sangue.
Deve-se inclinar para frente, com o acidentado deitada e pressionar com força o punho contra a
região inguinal. É importante procurar manter o braço esticado para evitar cansaço excessivo e
estar preparado para insistir no ponto de pressão no caso de a hemorragia recomeçar.

Conter uma hemorragia com pressão direta usando um curativo simples, é o método mais
indicado. Se não for possível, deve-se usar curativo compressivo; se com a pressão direta e
elevação da parte atingida de modo que fique num nível superior ao do coração, ainda se não for
possível conter a hemorragia, pode-se optar pelo método do ponto de pressão.

Atenção: Não elevar o segmento ferido se isto produzir dor ou se houver suspeita de lesão
interna tal como fratura. Manter o acidentado agasalhado com cobertores ou roupas, evitando
contato com chão frio ou úmido. Não dar líquidos quando estiver inconsciente ou houver suspeita
de lesão no ventr/abdome.

A suspeitar desta forma de hemorragia ocorre quando existe: Acidente por desaceleração;
Ferimento por projétil de arma de fogo, faca ou estilete, principalmente no tórax e abdome.

Diagnóstico:

• Pulso rápido e fraco;

• Palidez da pele e mucosas;

• Sudorese intensa;

• Pele fria.

Sequência no atendimento:

• Deitar a vítima;

• Se não houver contra-indicação, elevar os membros inferiores;

• Verificar V.R.C.N. (vias aéreas, respiração, circulação, sistema nervoso);

• Transportar a vítima ao hospital.


 

Hemorragia externa:

A hemorragia externa, visível ao exame primário do paciente, deve ser prontamente controlada
pela pressão, direta sobre o local do sangramento em ferimentos superficiais. Nos ferimentos
profundos com hemorragia devemos tomar as seguintes medidas:

• Deitar a vítima;

• Cobrir o ferimento com gaze ou pano limpo;

• Pressionar o local com firmeza;

• Transportar a vítima para o hospital o mais rápido possível.

Observação: Caso um sangramento externo em extremidade não possa ser controlado por
pressão, a aplicação de um torniquete é a etapa lógica seguinte para o controle da hemorragia.
Observar técnica de colocação de torniquete e controle do mesmo.
 

Hemorragia nasal:

A hemorragia nasal ou epistaxe é causada pela ruptura dos vasos da mucosa nasal que pode ser
produzida por traumatismos, hipertensão arterial, etc... Nestes casos, devemos colocar a vítima
com a cabeça inclinada para trás, deixando-a nesta posição por 5 minutos e fazendo compressão
com os dedos nas narinas. Caso a hemorragia não cesse com estas manobras, o paciente deve ser
conduzido a um hospital.

Ferrimentos: Tipos e Medidas a Tomar em Cada Caso

Orientações:

Definição: Ferimento é uma agressão à integridade tecidual, produzindo solução de continuidade


entre o meio externo e o interno. O ferimento é sempre produzido por um agente lesivo que
alberga micróbios próprios e, desta forma, contamina a ferida, como também leva os micróbios
que vivem na pele para o interior da ferida. Esta contaminação, se não for adequadamente
tratada, pode levar a uma infecção localizada da ferida.

Conduta nos ferimentos superficiais: Os ferimentos podem ser superficiais ou profundos. Nos
ferimentos superficiais devemos tomar as seguintes medidas:

• Limpar o ferimento com água, se o transporte a um hospital for demorado;

• Proteger o ferimento com gaze ou pano limpo, fixando sem apertar demasiadamente;
• Fazer compressão local, o suficiente para fazer cessar a hemorragia;

• Não tocar no ferimento;

• Conduzir a vítima a um hospital, para receber tratamento definitivo.

Conduta nos ferimentos profundos:

• Não lavar a ferida, pois aumenta o risco de hemorragia;

• Colocar gaze ou pano limpo sobre o ferimento, fazendo compressão o suficiente para cessar a
hemorragia;

• Se o ferimento for nos membros, elevar o membro ferido;

• Caso não haja controle, pressionar os pontos arteriais;

• Caso não cesse, e a hemorragia for abundante nos braços ou pernas, aplicar torniquete
(somente como medida de exceção);

• Não remover objetos empalados;

• Transportar a vítima para um hospital.

Ferimentos profundos no tórax: Conforme vimos no capítulo de respiração, o ar é aspirado para


dentro dos pulmões graças à pressão negativa criada pelo diafragma e pela caixa torácica. Se um
ferimento coloca em comunicação permanente a parte interna (cavidade pleural) com a externa
(atmosfera) este mecanismo de aspiração é comprometido, passando o ar a penetrar pelo orifício
do ferimento. Desta forma, devemos então tomar as seguintes medidas:

• Controlar hemorragia;

• Pedir para a vítima expulsar todo o ar dos pulmões (expiração forçada);

• Colocar uma proteção (gaze, plástico, etc) sobre o ferimento no final da expiração, para evitar
penetração de ar no tórax;

• Fixar o material usado com esparadrapo ou fita de crepe, em três lados;


• Não usar cinta ou atadura que envolva todo o tórax, pois pode dificultar a respiração;

• Conduzir a vítima a um hospital.

Ferimentos profundos abdominais: Na cavidade abdominal, como já vimos no capítulo de


noções de anatomia, encontramos as alças intestinais, fígado, baço, pâncreas e outras vísceras
que, dependendo da extensão do ferimento, podem sair para fora do abdome. Quando isto
ocorre, devemos tomar as seguintes medidas:

• Cobrir as vísceras com compressas de gaze ou pano limpo;

• Não tentar recolocar as vísceras para dentro do abdome;

• Manter o curativo preso com atadura, não muito apertado, embebido em Soro Fisiológico;

• Conduzir a vítima a um hospital;

• MMII fletidos.

Ferimentos da cabeça: Os ferimentos da cabeça podem estar acompanhados de ferimentos


internos do crânio. O exame clínico inicial pode levar a enganos. Pequenos ferimentos externos
podem ser muito graves e extensas lacerações do couro cabeludo, com grande hemorragia,
podem não ter maior significado. Desta forma devemos tomar as seguintes condutas:

• Verificar a permeabilidade das vias aéreas, mantendo a coluna cervical alinhada;

• Colocar gaze sobre o ferimento e não apertar;

• Não retirar objetos encravados ou transfixantes, exceto, aqueles na bochecha que devem ser
retirados quando possível;

• Conduzir a vítima a um hospital.

É importante registrar se a vítima perdeu os sentidos no momento do acidente, ou não, e se ela se


encontra com nível de consciência normal ou comprometida (ver avaliação neurológica).
Também é necessário assinalar as circunstâncias em que se deu o acidente e a natureza do
agente causador do traumatismo.

Fraturas

Orientações:

Definição: Fratura é a ruptura total ou parcial da estrutura óssea. Pode ser classificada em


fechada ou exposta. Nas fraturas fechadas não há rompimento da pele e nas expostas sim. Isto é,
o osso fraturado fica com contato com o meio externo (a ruptura da pele muitas vezes é causada
pelo próprio fragmento ósseo). Com esta exposição ao meio ambiente o osso fica em contato com
bactérias, aumentando o risco de infecção. Como geralmente a fratura de extremidade não causa
risco imediato de vida, ela deve merecer atenção após a avaliação inicial e a correção dos
problemas mais graves.

As vítimas que apresentam trauma isolado de extremidade deverão receber a mesma atenção
inicial de um politraumatizado, isto é, avaliação inicial global e secundariamente o tratamento
específico da fratura.

Diagnóstico: Para uma avaliação adequada é importante comparar o membro onde se suspeita


haver fratura com o correspondente não comprometido.

A seguir procure a presença de:

• Deformações (angulações, encurtamento);

• Inchaço, contusões, hematomas;

• Espasmo da musculatura;

• Feridas;

• Palidez ou cianose da extremidade.

Verifique se há:
• Dor à manipulação delicada;

• Crepitação;

• Enchimento capilar lento;

• Comprometimento da sensibilidade;

• Redução da temperatura do membro fraturado.

Quando não encontramos perfuração da pele, a fratura é fechada, quando encontramos qualquer
ferida perto do local ela é considerada aberta ou exposta. Avalie a movimentação ativa: peça para
o paciente mover a extremidade; com cuidado mobilize o membro delicadamente; não mova
passivamente a extremidade que obviamente se encontra fraturada ou que o paciente se negue a
mover espontaneamente. Algumas fraturas de extremidade são consideradas de risco imediato
de vida por causa de complicações associadas.

Exemplos:

• Esmagamento com fratura e contaminação (terra, graxa, etc.);

• Fratura de fêmur bilateral;

• Fratura próxima ao joelho ou cotovelo resulta em trauma vascular associado;

• Amputação traumática do braço ou perna.

Após o diagnóstico firmado da fratura devemos tomar as seguintes providências:

Nas fraturas fechadas:

• Não alinhar o membro;

• Imobilizar com talas ou material rígido (a imobilização deve atingir uma articulação acima e outra
abaixo da lesão);

• Usar macas para a remoção.


 

Nas fraturas expostas:

• Não alinhar o membro;

• Curativo com gaze ou pano limpo no local do rompimento;

• Colocar a tala para imobilização (uma articulação acima e abaixo);

• Remover a vítima com maca.

Geralmente o sangramento diminui após a imobilização. Caso haja sangramento ativo devemos
proceder conforme capítulo de hemorragia. Nas fraturas com deformidade do joelho, cotovelo e
tornozelo, devemos proceder à imobilização sem tentar o alinhamento e transportar a vítima ao
hospital imediatamente.

Tipos de bandagens:
Tipos de fraturas:
 

Tipos de imobilizações de fraturas:


 

Fratura de crânio (Traumatismo Crânio Encefálico): Batidas na cabeça fazem suspeitar de uma
condição neurológica de urgência. Geralmente são acompanhadas de sangramento no cérebro
que, se não corrigido de imediato, pode causar a morte do paciente. Devemos, ao exame,
observar se há contusões ou hematomas na calota craniana, que fazem suspeitar de trauma de
cabeça. Podem ser sinais presentes nos traumatismos de crânio:

• Alteração no comportamento, coordenação e habilidades;

• Tontura persistente;

• Sonolência extrema no horário em que estaria acordado;

• Não conseguir acordar do sono;

• Irritação persistente;

• Perda de sentido horas após o trauma;

• Dor de cabeça intensa e/ou permanente;


• Vômitos repetitivos;

• Fluidos em narinas ou ouvidos;

• Pupilas de diferentes tamanhos;

• Palidez persistente;

• Parada respiratória.

Estes sinais de alerta duram de 24 a 48 horas após o TCE.

Havendo queda de local muito alto ou batidas muito intensas, levar a vítima imediatamente ao
Pronto Socorro.

Fratura de coluna: Todas as vítimas de traumas violentos, como já dissemos na avaliação inicial,


deverão ser considerados como portadores de fratura de coluna até se provar o contrário. Tal
afirmativa é particularmente importante para todos os doentes que estejam inconscientes. As
fraturas de coluna mal conduzidas podem produzir lesões graves e irreversíveis da medula com
comprometimento neurológico definitivo da região atingida. Todo o cuidado deverá ser tomado
nestes pacientes para não produzirmos lesões adicionais à vítima.

São sinais de suspeita de fratura de coluna:

• Dor regional;

• Incapacidade de movimentar-se;

• Sensação de formigamento dos membros;

• Perda da sensibilidade tátil nos braços e/ou nas pernas.

O transporte destes pacientes deverá ser feito sem mobilizar a coluna traumatizada (em plano
duro como: maca, folha de porta, prancha etc.) e em bloco. É por causa desta razão que nas
manobras de respiração não devemos estender a cabeça da vítima.
 

Fratura de costela: Os arcos costais fraturados podem produzir lesão interna no parênquima
pulmonar levando ao peneumotórax (ar dentro da caixa torácica mas fora dos pulmões)
comprometendo desta forma a dinâmica respiratória. O paciente que apresenta respiração difícil
e dores aos movimentos respiratórios é suspeito de ter fratura de costela. No local do acidente
nada ou muito pouco podemos fazer por estes pacientes. Devemos, então, levá-los ao hospital.

Fratura de bacia: As fraturas de bacia denotam gravidade do acidente. Neste tipo de fratura
existe um sangramento intenso importante e, também, nada podemos fazer no local do acidente
no sentido de interrompê-lo. O paciente que apresenta dor na bacia, dificuldade de mobilizar-se e
hematomas localizados é suspeito de fratura de bacia. O transporte do paciente deverá ser feito
com os mesmos cuidados dos pacientes com fraturas de coluna.
Obstrução Das Vias Aéreas Por Corpo Estranho

Orientações:

Em Adultos - Causas e Precauções: A obstrução das vias aéreas pode causar perda de
consciência e parada cardiorrespiratória; porém, com muito mais freqüência a perda de
consciência e a parada cardiorrespiratória são as causadoras da obstrução das vias aéreas.

O paciente inconsciente pode desenvolver obstrução das vias aéreas, quando a língua cai para
trás, na faringe, obstruindo a via aérea superior. Pode ocorrer regurgitação do conteúdo gástrico
para a faringe, durante uma parada cardiorrespiratória ou durante as tentativas de ressuscitação,
causando obstrução. O sangramento do crânio e os ferimentos faciais também podem obstruir as
vias aéreas, especialmente, se o paciente estivar inconsciente.

A obstrução das vias aéreas por corpo estranho deve ser considerada em qualquer vítima,
especialmente as mais jovens, que subitamente param de respirar, tornam-se cianóticas e
perdem a consciência, sem nenhuma razão aparente. Este tipo de obstrução ocorre, em geral,
durante as refeições. Em adultos, a carne é a principal causa de obstrução, muito embora uma
série de outros alimentos e corpos estranhos tenham sido causa de sufocação em crianças e
alguns adultos. Os fatores mais comuns associados ao sufocamento com alimentos incluem
pedaços de alimentos de tamanho grande e mal mastigado, níveis elevados de álcool no sangue e
dentaduras postiças. Nos restaurantes, esta emergência tem sido confundida com infarto do
miocárdio, dando origem ao termo “café coronário”.

Pode-se prevenir contra a obstrução das vias aéreas com as seguintes condutas:

• Cortar os alimentos em pedaços pequenos e mastigá-los bem, vagarosamente, especialmente se


a pessoa usa dentadura postiça.

• Evitar rir e conversar enquanto estiver mastigando e engolindo.

• Evitar a ingestão excessiva de álcool.

• Não deixar que as crianças andem, corram ou brinquem com alimentos na boca.

• Manter objetos estranhos (como bolinhas de gude, contas, percevejos) fora do alcance de bebês
e crianças.
• Não oferecer amendoins, creme de amendoim, pipocas, cachorros quentes e outros alimentos
que devam ser bem mastigados a crianças que ainda não desenvolveram a mastigação por
completo.

Reconhecimento da obstrução das vias aéreas por corpo estranho

Como o diagnóstico rápido da obstrução das vias aéreas é a chave para o sucesso no tratamento,
é importante distinguir esta emergência de uma sincope, um acidente vascular cerebral, um
infarto, epilepsia, overdose de drogas, ou qualquer outro quadro que cause súbita insuficiência
respiratória, mas que deve ser tratado de maneira diferente.

Corpos estranhos podem causar obstrução parcial ou total das vias aéreas. No caso de uma
obstrução parcial, a vítima pode ter uma “boa troca de ar” ou uma “troca de ar ruim”. No caso da
primeira, quando a troca de r é adequada, a vítima se mantém consciente e pode tossir com força,
muito embora apresente chiado entre as tossidas. Enquanto a troca de ar adequada se mantiver,
a vítima deve ser encorajada a continuar a tossir e a manter esforços respiratórios espontâneos.
Até este momento não se deve interferir nas tentativas da vítima em expelir o corpo estranho,
mas deve-se ficar ao seu lado e monitorar tais tentativas. Se persistir, deve-se ativar o sistema de
SME. Esc. “Dr. Gualter Nunes”

No início, pode ocorrer uma troca de ar inadequada ou uma troca adequada pode passar a
inadequada, indicada por uma tosse fraca e ineficaz, ruído agudo ao inspirar, dificuldade
aumentada em respirar e, possivelmente, cianose. A obstrução parcial com troca de ar
inadequada deve ser tratada como se fosse obstrução total.

Na obstrução total, a vítima não consegue falar, respirar ou tossir e pode segurar o pescoço com o
polegar e os dedos ( as pessoas em geral devem ser encorajadas a utilizar este sinal, que é o sinal
universal de sofrimento, quando sentirem que estão se sufocando). Deve-se perguntar à vítima se
está sufocada. Não haverá movimento de ar se for uma obstrução total. A saturação de oxigênio
no sangue cai rapidamente, porque a obstrução das vias aéreas impede a entrada de ar nos
pulmões, levando a perda de consciência. Se as providências não forem rápidas, a vítima morre
rapidamente.

Tratamento da obstrução das vias aéreas

A manobra de Heimlich (golpes abdominais subdiafragmáticos) é recomendada para o tratamento


de uma obstrução das vias aéreas por corpo estranho. Ao elevar o diafragma, esta manobra força
o ar dos pulmões a criar uma tosse artificial capaz de expelir o corpo estranho, que está
obstruindo as vias aéreas. Cada golpe individual deve ser administrado com o intuito de liberar a
obstrução. Poderá ser necessário repetir várias tentativas em cada seqüência para desobstruir as
vias aéreas.

Uma consideração importante na aplicação da manobra é o possível comprometimento de órgãos


internos, como uma ruptura ou laceração das vísceras abdominais ou torácicas. A fim de
minimizar esta possibilidade, as mãos do socorrista nunca devem ser colocadas no apêndice
xifóide, no esterno, ou na borda inferior do gradeado costal. Elas devem estar sempre abaixo
desta região, mas acima do umbigo na linha média.

Poderá ocorrer regurgitação, como conseqüência dos golpes abdominais. O treinamento e a


realização adequado do procedimento devem minimizar estes problemas.

A manobra de Heimlich com a vítima em pé:

O socorrista deve ficar em pé atrás da vítima, passar os braços pela cintura dela e proceder da
seguinte forma :

• Fazer um punho com uma das mãos.

• Colocar o lado do polegar deste punho contra o abdômen da vítima, na linha da cintura, um
pouco acima do umbigo e bem abaixo da ponta do apêndice xifóide.

• Segurar firmemente o punho com a outra mão e pressionar o abdômen da vítima com um golpe
rápido para cima.

• Repetir os golpes e continuar até que o objeto seja expelido das vias aéreas ou que o paciente
fique inconsciente.

• Cada golpe deve ser um movimento separado e distinto.


 

A manobra de Heimlich com a vítima deitada

• Coloque a vítima em decúbito dorsal com a face para cima.

• Ajoelhe-se ao redor das coxas da vítima e coloque a região hipotênar da palma de uma das
mãos contra o abdômen da vítima, na linha da cintura, um pouco acima do umbigo e bem abaixo
da ponta do apêndice xifóide.

• Coloque a outra mão em cima da primeira.

• Pressione o abdômen com um golpe rápido para cima.


Se estiver posicionando corretamente, sua posição natural será no centro do abdômen e,
portanto, muito provavelmente você não vai dirigir os golpes para a direita ou para a esquerda.
Um socorrista cujos braços não consigam dar a volta pela cintura da vítima inconsciente pode
utilizar esta técnica. O socorrista deve usar o peso do seu corpo para o procedimento.

A varredura com os dedos (Vítima Inconsciente): Esta manobra deve ser utilizada apenas para
a vítima inconsciente e nunca vítima de convulsão.

• Com a vítima em decúbito dorsal, abrir sua boca segurando a língua e a mandíbula entre o
polegar e os dedos, levantar a mandíbula (elevação da língua e da mandíbula). Este movimento
afasta a língua da parte posterior da garganta e também do corpo estranho que pode estar
alojado lá. Apenas este procedimento já pode aliviar parcialmente a obstrução.
• Coloque o dedo indicador da outra mão no lado interno da bochecha e até o fundo da garganta,
na base da língua.

• Faça um gancho com o indicador para desalojar o corpo estranho e remova-o para a boca, a fim
de que possa ser retirado.

Às vezes é necessário usar o dedo indicador para empurrar o corpo estranho contra o lado oposto
da garganta para desalojá-lo e removê-lo. Tenha cuidado para não fazer com que ele se
aprofunde, ainda mais, nas vias aéreas. Se o corpo estranho estiver ao alcance, pegue-o e retire-o.

Varredura digital administrada a uma vítima inconsciente de obstrução de vias aéreas por corpo
estranho.

Seqüência recomendada para a vítima que está ou se torna inconsciente


• Abra a boca da vítima inconsciente. Se você foi testemunha de uma vítima perdendo a
consciência e suspeitar que um corpo estranho esteja presente, faça o procedimento da
varredura digital.

• Se a vítima já estiver inconsciente quando o socorrista chegar, ou se não se suspeita de


obstrução das vias aéreas por corpo estranho, quando a perda de consciência foi presenciada,
deve-se realizar a respiração de resgate.

• Se não foi possível ventilar mesmo após tentativas de reposicionamento da cabeça, realiza a
manobra de Heimlich (até 5 vezes).

• Abrir a boca e realizar varredura digital.

• Tentar a ventilação.

• Se não foi possível ventilar, reposicionar a cabeça e tentar ventilar novamente.

• Repetir a seqüência da manobra de Heimlich, da varredura digital e tentar ventilar.

• Insistir em tais procedimentos, enquanto necessário.

• Se a vítima retomar a respiração, coloca-la na posição de recuperação e monitoriza-la


atentamente.

• Conseguir atendimento médico adequado.

Desmaio E Convulsão

Orientações:

Desmaio (Síncope): Consiste na perda transitória da consciência e da força muscular, fazendo


com que o paciente caia no chão. Pode ser causado por vários fatores como a fome, cansaço,
excesso de sol. Pode ser precipitado por nervosismo, angústia e emoções fortes, além de ser
intercorrência de muitas outras doenças. Diante de um indivíduo que sofreu o desmaio, devemos
proceder da seguinte maneira:

• Arejar o ambiente;

• Desapertar as roupas do paciente;


• Deixar o paciente deitado e se possível com as pernas elevadas ou sentado numa cadeira, com
os braços para baixo e as pernas separadas;

• Não permitir aglomeração no local para não prejudicar o paciente;

• Cheirar o hálito da pessoa (álcool pode significar embriaguez).

Epilepsia: É uma doença do sistema nervoso central que se caracteriza por causar crises de
convulsões (ataques) em sua forma mais grave. Existem 2 tipos básicos de epilepsia que são
denominados de pequeno mal e grande mal: O tipo pequeno mal se caracteriza por causar crises
de ausência (desligamento do meio ambiente) que podem ser breves (10 a 15 segundos) e
passarem despercebidos ou às vezes, mais duradouras. Muitas crianças na idade escolar
apresentam esse tipo de comportamento e são comumente taxadas de desatenciosas.

O tipo grande mal causa os ataques ou convulsões que se caracterizam por queda abrupta, perda
da consciência, contração de toda musculatura corporal, aumento da atividade glandular com
salivação abundante e vômitos. Pode ainda ocorrer o relaxamento dos esfíncteres com micção e
evacuação involuntários. Ao despertar, o doente não se recorda de nada do que aconteceu
durante a crise e sente-se muito cansado, indisposto e sonolento. A conduta do socorrista no
ataque epilético consiste principalmente em proteger o doente e evitar complicações. Deve-se
deixar o paciente com roupas leves e desapertadas (as contrações musculares aumentam a
temperatura corpórea) e virá-lo de lado para que não aspire as secreções ou o vômito para os
pulmões. Um cuidado especial deve ser dado à boca pois o doente pode ferir-se, mordendo a
língua ou as bochechas; para tanto, interpõe-se um calço (pedaço de pano por exemplo) entre os
dentes superiores e inferiores para impedir que eles se fechem. Esta manobra, entretanto, deve
ser cuidadosa pois o socorrista poderá ser mordido. Cessada a crise, o doente deverá receber
limpeza corporal, ingerir líquidos e repousar em ambiente silencioso. É preciso que os curiosos
sejam afastados do local, pois esta doença acarreta um grande senso de inferioridade e presença
de estranhos apenas contribui para a acentuação do problema psicológico.

Devemos orientar o paciente que volte a procurar o seu médico, pois haverá necessidade de
ajustar a dose da droga em uso. Os familiares e amigos do epiléptico devem contribuir para com o
seu tratamento, no sentido de ajudá-lo a levar a sua vida o mais próximo da normalidade, embora
sabendo que determinadas atividades não podem ser exercidas, como dirigir, pilotar ou mesmo
permanecer desacompanhado próximo ao mar, piscina, fogo, etc...

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